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TRANSCRIÇÃO EM EUCARIOTOS E PROCESSAMENTO DO RNA 1 Universidade Federal do Rio Grande Instituto de Ciências Biológicas (ICB) Disciplina de Biologia Molecular 16203 Profª Dra. Natasha Rodrigues de Oliveira Dogma central da Biologia Molecular 2 TRANSCRIÇÃO EM EUCARIOTOS 3 Transcrição • É o processo pelo qual uma molécula de RNA é sintetizada a partir da informação contida na sequência de nucleotídeos de uma molécula de DNA de fita dupla 4 • Procarioto x Eucarioto 5 Procariotos - RNA é produzido e processado no citoplasma Eucariotos – pré-mRNA é produzido no núcleo, processado e o RNA maduro é enviado para o citoplasma Fonte: Google imagens Transcrição - características • Separação das fitas de DNA • 1 fita será o molde • Outra será a fita codificadora/RNA like/não molde • Bases no transcrito e no molde são complementares • Fita de RNA é igual a fita codificadora (T → U) • Mesma polaridade • A síntese do RNA é sempre no sentido 5′-3′ 6 O sentido da transcrição é sempre o mesmo em relação a qualquer gene e tem início a partir da extremidade 3′ do DNA molde . Fonte: Genética – Um enfoque conceitual. - 5ª ed. (PIERCE, 2016) Componentes da transcrição • Molde de DNA • Matérias-primas (trifosfato de ribonucleotídio) necessárias para construir uma molécula de RNA. • O aparato basal de transcrição, com as proteínas necessárias para catalisar a síntese de RNA (RNAP + proteínas acessórias) 7 Fonte: Genética – Um enfoque conceitual. - 5ª ed. (PIERCE, 2016) Tipos de RNAs em eucariotos • Estrutura determina sua função: • mRNA→ produção de proteínas • RNAs Funcionais: • tRNA • rRNA • snRNA • snoRNA • miRNA • siRNA • piRNA 8 Fonte: Genética – Um enfoque conceitual. - 5ª ed. (PIERCE, 2016) Tipos de RNAs em eucariotos 9 Fonte: Genética – Um enfoque conceitual. - 5ª ed. (PIERCE, 2016) RNA polimerase (RNAP) Eucariótica • Complexo proteico multimérico com várias subunidades • 3 tipos em todos os eucariotos: • RNAP I (rRNA), II (hnRNA→ mRNA) e III (tRNA) • Catalisam a síntese de todas as classes de RNA eucarioto • Em plantas: RNAP IV e RNAP V • metilação do DNA e estrutura da cromatina 10 Fonte: Biologia Molecular – Princípios e técnicas (Cox & Dougna, 2014) RNA polimerase (RNAP) Eucariótica 11 Fonte: Genética – Um enfoque conceitual. - 5ª ed. (PIERCE, 2016) RNAP eucariótica • Cada RNAP transcreve uma classe diferente de RNA e identifica um tipo diferente de promotor • Identificação do promotor → proteínas acessórias • Se ligam ao promotor e então recrutam uma RNAP (I, II ou III) 12 Fatores de transcrição gerais + RNAP → aparato basal de transcrição (iniciam níveis mínimos de transcrição) Ativadoras de transcrição + DNA → ↑ níveis de transcrição via montagem do aparato basal no sítio de início Relembrando - Regiões de um gene procariótico 13 Fonte: Genética – Um enfoque conceitual. - 5ª ed. (PIERCE, 2016) Regiões de um gene eucariótico Éxons: regiões codificadoras Íntrons: regiões não codificadoras (raros em procariotos) 14 Colinearidade Maioria dos genes eucarióticos não tem colinearidade - íntrons 15 Fonte: Genética – Um enfoque conceitual. - 5ª ed. (PIERCE, 2016) Regiões de um gene eucariótico • A não colinearidade dos genes eucarióticos foi descoberta pela hibridização do DNA e do mRNA 16 Fonte: Genética – Um enfoque conceitual. - 5ª ed. (PIERCE, 2016) Impacto da fala de colinearidade em eucariotos • Células eucarióticas têm muito mais DNA do que necessário para codificar as proteínas; • Nem todos os genes são contínuos; • Muitos genes eucarióticos têm éxons e íntrons; • O DNA é muito maior que o mRNA; • Remoção dos íntrons → Modificações pós-transcrionais. • Essencial para a síntese adequada das proteínas 17 Fonte: Fundamentos de Genética. -7ª ed. (SNUSTAD, 2017) Promotores eucarióticos - RNAPII 18 • Promotor de RNAPII • 2 regiões: Cerne + Regulador • Cerne - TATA box (−25 a −30 pb upstream) • Regulador (upstream do cerne) – várias sequências consenso ≠ • Ligação das proteínas ativadoras de transcrição no regulador OU • Sequências mais distantes Acentuadores (enhancers). Fonte: Genética – Um enfoque conceitual. - 5ª ed. (PIERCE, 2016) Acentuadores (enhancers) 19 DNA entre o acentuador e o promotor faz uma alça; As proteínas ativadoras de transcrição ligadas ao acentuador podem interagir com o maquinário basal de transcrição no cerne do promotor. Fonte: Biologia Molecular – Princípios e técnicas (Cox & Dougna, 2014) Promotores eucarióticos RNAP I e III • RNAP I e III - identificam promotores diferentes de RNAP II • rRNA e tRNA: promotores internos que estão downstream do sítio de início e são transcritos em RNA. 20 Fonte: Biologia Molecular – Princípios e técnicas (Cox & Dougna, 2014) Fases da transcrição • Iniciação: reconhecimento de sequência específica no DNA • Alongamento: incorporação dos ribonucleotídeos • Terminação: interrupção da síntese pelo reconhecimento de terminadores 21 Fonte: Fundamentos de Genética. -7ª ed. (SNUSTAD, 2017) Iniciação • Montagem do maquinário de transcrição no promotor: • RNAPII + FTs (+50 polipeptídios) • TFIIA, TFIIB, TFIID, TFIIE, TFIIF e TFIIH • Proteínas reguladoras se ligam ao DNA próximo do cerne promotor • Modificação da estrutura da cromatina • TFIID (9 polipeptídios) + TATA box: • TBP (desenrola o DNA parcialmente) Ligação de outros FTs • Posicionamento da RNAPII sobre o sítio de início da transcrição 22 complexo de pré-início Fonte: Genética – Um enfoque conceitual. - 5ª ed. (PIERCE, 2016) Iniciação RNAPII 23 Fonte: Genética – Um enfoque conceitual. - 5ª ed. (PIERCE, 2016) Iniciação 24 Fonte: Fundamentos de Genética. -7ª ed. (SNUSTAD, 2017) Iniciação RNAPII 25 Iniciação RNAPIII 26 Iniciação • DNA de fita simples + sítio ativo RNAPII → Complexo aberto (Bolha de transcrição) • Iniciação Abortiva (até 30 pb de RNA) • RNAPII deixa o promotor 27 Fonte: Genética – Um enfoque conceitual. - 5ª ed. (PIERCE, 2016) Importância dos FTs 28 Fonte: Biologia Molecular – Princípios e técnicas (Cox & Dougna, 2014) Alongamento/Extensão • FTs no promotor ficam livres para se ligarem a outra RNAPII • DNA na fenda da RNAPII mantido por “pinças” • A transcrição prossegue mantendo 8 nucleotídeos de RNA pareados com o DNA- duplex em ângulo reto). • Parede de aminoácidos • Adição dos novos nucleotídeos à extremidade 3′ da molécula de RNA crescente 29 Fonte: Genética – Um enfoque conceitual. - 5ª ed. (PIERCE, 2016) Alongamento/Extensão • Na medida em que a cadeia de hnRNA é alongada em sua extremidade 3′, a extremidade 5′ é adicionalmente liberada da RNAP • Ribonucleotídios são incorporados à cadeia de hnRNA em crescimento • Processo não é concomitante a tradução como em procariotos 30 Fonte: Fundamentos de Genética. -7ª ed. (SNUSTAD, 2017) Alongamento/Extensão • Distintos canais na RNAP permitem que o DNA entre como uma fita dupla e separe-se dentro da RNAP de modo que 8 pb se formem entre a fita-molde e o transcrito de RNA crescente (duplex DNA:RNA). • Dois outros canais fornecem a entrada para os rNTPs e a saída para o transcrito. 31 Fonte: Biologia Molecular – Princípios e técnicas (Cox & Dougna, 2014) Terminação • ≠ mecanismos de término para cada RNAP • RNAPI → fator de término semelhante a proteína Rho (mas liga-se a uma sequência DNA downstream do sítio de término) • RNAPIII → transcreve sequência terminadora (nucleotídeos uracila no RNA) • RNAPII → não ocorre em sequências específicas • continua a sintetizar RNA por centenas ou até milhares de nucleotídeos • Clivagem que produz a extremidade 3‘ do hnRNA ocorre 11 a 30 nt downstream de uma sequência consenso (AAUAAA) • Transcrição continua na extremidade 3′ da molécula presa a RNAPII • Gera 2 RNAs: • 1º hnRNA → mRNA → proteína • 2° hnRNA → com extremidade 5′ se arrastando para fora da RNAPII • Enzima Rat1 se prende à extremidade 5′do 2º hnRNA → “mastiga” o hnRNA 32 Terminação 33 Clivagem que produz a extremidade 3‘ do hnRNA ocorre 11 a 30 nt downstream de uma sequência consenso (AAUAAA) Fonte: Genética – Um enfoque conceitual. - 5ª ed. (PIERCE, 2016) Terminação 34 Fonte: Fundamentos de Genética. -7ª ed. (SNUSTAD, 2017) Processamento do tRNA • Transcritos como precursores maiores que são então clivados, aparados e modificados para produzir tRNAs maduros - aparo. • Adição de bases modificadas raras (ribotimina, pseudouridina, etc…) • Adição de CCA nas extremidades 3′ 35 Fonte: Genética – Um enfoque conceitual. - 5ª ed. (PIERCE, 2016) Transcrição em eucariotos Vídeo Transcrição em eucariotos 36 https://www.youtube.com/watch?v=SMtWv DbfHLo&ab_channel=DNALearningCenter https://www.youtube.com/watch?v=SMtWvDbfHLo&ab_channel=DNALearningCenter PROCESSAMENTO DO RNA 37 Processamento do pré-mRNA Transcrito primário Pré-RNA Precursores de RNA (hnRNA) Processamento RNAs funcionais (mRNA) 38 • Essencial para a síntese adequada das proteínas Modificações pós-transcricionais 39 Fonte: Genética – Um enfoque conceitual. - 5ª ed. (PIERCE, 2016) Adição do CAP 5′ no pré-mRNA • Nucleotídeo extra na extremidade 5′ do mRNA • Grupos metila (CH3) na base no nucleotídeo recém-adicionado e no grupo 2′-OH do açúcar de um ou mais nucleotídeos na extremidade 5′ • ↑ estabilidade do mRNA • proteção contra degradação • Associação com os ribossomos o que determina a sua tradução • Participação na remoção dos íntrons 40 Adição do CAP 5′ no pré-mRNA Os caps de 7-MG são reconhecidos por fatores proteicos que participam da iniciação da tradução; Ajudam a proteger as cadeias de hnRNA em crescimento contra a degradação por nucleases. 41 Fonte: Fundamentos de Genética - 7ª ed.(SNUSTAD, 2017) * procariotos Adição da cauda poli(A) Adição de 50 a 250 ou + nucleotídeos A na extremidade 3´ → cauda poli(A) Poliadenilação (poli-A polimerase) • Aumenta a estabilidade do mRNA (3' – 5' exonucleases) • Facilita a fixação do ribossomo ao mRNA • Participa na exportação do mRNA para o citoplasma • Reação requer sinais de poliadenilação upstream e downstream do sítio onde ocorre a clivagem: • Sequência consenso AAUAAA está 11 a 30 nucleotídeos upstream do sítio de clivagem • Sequência rica em nucleotídeos uracila está stá downstream do sítio de clivagem 42 Adição da cauda poli(A) 43 Fonte: Genética – Um enfoque conceitual. - 5ª ed. (PIERCE, 2016) Adição da cauda poli(A) 44 Fonte: Fundamentos de Genética - 7ª ed.(SNUSTAD, 2017) Íntrons • Quantidade/gene : 0 a 60 • Tamanho: <200 a + de 50.000 nucleotídeos • Geralmente são mais longos que os éxons • Maioria dos genes eucarióticos tem + íntrons que éxons 45 Fonte: Genética – Um enfoque conceitual. - 5ª ed. (PIERCE, 2016) Tipos de íntrons 46 Fonte: Genética – Um enfoque conceitual. - 5ª ed. (PIERCE, 2016) Splicing ou recomposição do RNA ● Remoção de íntrons por splicing ou recomposição do RNA (ocorre no núcleo) ● Splicing requer 3 sequências no íntron: Sítio de splicing 5′ Sítio de splicing 3′ Ponto de ramificação ➝ Adenina localizada 18 a 40 nt upstream do sítio de splicing 3′ 47 maioria dos íntrons nos pré-mRNAs começa com GU e termina com AG Fonte: Genética – Um enfoque conceitual. - 5ª ed. (PIERCE, 2016) Splicing ou recomposição do RNA • Ocorre no spliceossomo (300 proteínas) snRNAs + proteínas = pequenas partículas de ribonucleoproteínas nucleares (snRNPs) cada snRNP = 1 snRNA e múltiplas proteínas existem cinco snRNPs (U1, U2, U4, U5 e U6) 48 Processo de splicing O pré-mRNA é unido em 2 etapas diferentes: 1- Pré-mRNA é cortado no sítio de splicing 5′ extremidade 5′ do íntron se prende ao ponto de ramificação (lariat) 2- Corte no sítio de splicing 3′ e, simultaneamente, surge uma ligação covalente entre a extremidade do éxon 1 (unida) e a extremidade 5′ do éxon 2 O íntron é liberado como um lariat ➜ linearizado e degradado por enzimas nucleares mRNA maduro composto por éxons unidos é exportado para o citoplasma Tradução 49 Processo de splicing 50 Visão geral Fonte: Genética – Um enfoque conceitual. - 5ª ed. (PIERCE, 2016) Processo de splicing Participação das snRNPs 51 Fonte: Genética – Um enfoque conceitual. - 5ª ed. (PIERCE, 2016) Íntrons auto-splicing Alguns íntrons têm a capacidade de se remover de uma molécula de RNA, 2 tipos: ● Grupo I: rRNA - se dobram em uma estrutura secundária comum com 9 hastes em alça ● Grupo II: semelhante ao processo de spliceossomo nos genes nucleares - forma estrutura lariat 52 Fonte: Genética – Um enfoque conceitual. - 5ª ed. (PIERCE, 2016) Vias de processamento alternativas de splicing 53 1 pré-mRNA é processado de diferentes maneiras para produzir tipos alternativos de mRNA, resultando na produção de diferentes proteínas a partir da mesma sequência de DNA • Splicing alternativo • Sítios de clivagem 3’ múltiplos Fonte: Genética – Um enfoque conceitual. - 5ª ed. (PIERCE, 2016) Splicing alternativo Gene que codifica a calcitonina ➜ 6 éxons e 5 íntrons Células da glândula tireoide: Exóns 1+2+3+4 = hormônio calcitonina (regula níveis de cálcio) Células do cérebro: Exóns 1+2+3+5+6 = peptídio relacionado com o gene da calcitonina (CGPR) (dilatação dos vasos sanguíneos e pode atuar na transmissão da dor) *enxaqueca 54 Fonte: Genética – Um enfoque conceitual. - 5ª ed. (PIERCE, 2016) Vias de processamento alternativas de splicing Splicing alternativo • O mesmo pré-mRNA pode ser unido em mais de uma maneira para gerar múltiplos mRNAs que são traduzidos em diferentes sequências de aminoácidos e diferentes proteínas Sítios de clivagem 3’ múltiplos • Pode gerar múltiplos mRNAs de diferentes comprimentos. • O uso de um sítio de clivagem alternativo pode ou não produzir uma proteína diferente, dependendo se a posição do sítio estiver antes ou após o códon de término. 55 Modificações pós-transcricionais em eucariotos 56 Splicing • Vídeo Splicing em eucariotos 57 https://www.youtube.com/watch?v=aVgwr0QpYNE&ab_channel =DNALearningCenter https://www.youtube.com/watch?v=aVgwr0QpYNE&ab_channel=DNALearningCenter Exercitando O diagrama a seguir representa uma unidade de transcrição em uma molécula de DNA hipotética. -Com base nas informações fornecidas, este DNA é bacteriano ou eucariótico? -Se esta molécula de DNA for transcrita, qual fita será a fita molde e qual será a fita não molde? -Onde, aproximadamente, será o sítio de início da transcrição? 58 Eucariótico porque contém íntrons e sequência TATA box característica de eucariotos 3’-5’ fita molde; 5’-3’ fita codificadora Após o sítio do promotor Exercitando O diagrama a seguir representa uma das estruturas semelhantes à árvore de Natal, como na figura abaixo. Identifique as partes de a a i no diagrama. a-Molécula de DNA. b-Extremidades 5′ e 3′ da fita molde de DNA. c-Pelo menos uma molécula de RNA. d-As extremidades 5′ e 3′ de pelo menos uma molécula de RNA. e-Sentido do movimento do aparato de transcrição na molécula de DNA. f-Localização aproximada do promotor. g-Possível localização de um terminador. h-Sentidos upstream e downstream. i-Moléculas de RNA polimerase (use pontos para representar essas moléculas) 59 Exercitando O diagrama a seguir representa uma das estruturas semelhantes à árvore de Natal, como na figura abaixo. Identifique as partes de a a i no diagrama. a-Molécula de DNA. b-Extremidades 5′ e 3′ da fita molde de DNA. c-Pelo menos uma molécula de RNA. d-As extremidades 5′ e 3′ de pelo menos uma molécula de RNA. e-Sentido do movimento do aparato de transcrição na molécula de DNA. f-Localização aproximada do promotor. g-Possível localização de um terminador. h-Sentidos upstream e downstream. i-Moléculas de RNA polimerase (use pontos para representar essas moléculas) 60 a b-5´b-3´ d-5´ d-3´ c e→ f g h← h→ i→ Exercitando O queé um gene? 61 Segmento de DNA que codifica para a produção de uma proteína ou uma molécula de RNA estável. Exercitando O Splicing alternativo resulta em: a- Múltiplos genes de diferentes comprimentos. b- Múltiplos pré-mRNAs de diferentes comprimentos. c- Múltiplos mRNAs de diferentes comprimentos. d- mRNAs que codificam diferentes proteínas e- Todas as opções acima 62 Bibliografia 63