Buscar

Leonardo Antonio Botini

Prévia do material em texto

LEONARDO ANTONIO BOTINI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUPLEMENTAÇÃO DE ALTO CONSUMO PARA BOVINOS DE CORTE EM PASTEJO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cuiabá – MT 
2018 
 
 
LEONARDO ANTONIO BOTINI 
 
 
 
 
 
 
 
SUPLEMENTAÇÃO DE ALTO CONSUMO PARA BOVINOS DE CORTE EM PASTEJO 
 
 
 
 
 
Tese apresentada ao Programa de PósGraduação 
em Ciência Animal da Universidade Federal de 
Mato Grosso, para obtenção do título de Doutor 
em Ciência Animal. 
 
 
Área de Concentração: Nutrição de Ruminantes 
Orientador: Prof. Dr. Eduardo H. B. K. de 
Moraes 
Coorientador: Prof. Dra. Kamila A. K. de Moraes 
 Prof. Dr. André Soares de Oliveira 
 
 
 
 
 
 
 
Cuiabá – MT 
2018 
 
 
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL 
DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU 
ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE 
CITADA A FONTE. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FOLHA DE APROVAÇÃO 
 
Aluno: Leonardo Antonio Botini 
Título: Suplementação de alto consumo para bovinos de corte em pastejo 
 
 
Aprovado em 10/12/018. 
 
Banca Examinadora: 
 
_________________________________________________ 
Prof. Dr. Eduardo Henrique Bevitori Kling de Moraes 
(UFMT/SINOP) 
(Orientador) 
 
_________________________________________________ 
Prof. Dra. Kamila Andreatta Kling de Moraes 
(UFMT/SINOP) 
(Coorientadora) 
 
_________________________________________________ 
Prof. Dr. André Soares de Oliveira 
(UFMT/CUIABÁ) 
(Coorientador) 
 
_________________________________________________ 
Prof. Dr. Erick Darlisson Batista 
(UFMT/SINOP) 
(Membro interno) 
 
_________________________________________________ 
Prof. Dr. Marlos Oliveira Porto 
 (Membro Externo) 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
BOTINI, L.A. Suplementação de alto consumo para bovinos de corte em pastejo. 50F. 
Tese (Doutorado em Ciência Animal). Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, 
Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, 2018. 
 
Foram realizados dois experimentos visando avaliar os parâmetros nutricionais de bovinos em 
pastagem recebendo suplementos de alto consumo. O Experimento 1 objetivou avaliar a 
substituição do grão de milho moído (GMM) por milho grão inteiro (GMI) sobre parâmetros 
nutricionais de bovinos de corte em pastagem de capim Marandu no período de transição 
águas-seca. Para avaliação dos parâmetros ruminais foram utilizados cinco bovinos da raça 
nelore não-fistulados, com peso corporal (PC) inicial de 430,0±9,56 kg distribuídos em 
delineamento em quadrado latino 5 x 5. Avaliaram-se suplementos (19,77% PB) com 0, 25; 
50; 75 e 100% de GMI em substituição ao GMM e fornecidos 4,5 kg/animal diariamente. Não 
houve efeito sobre os consumos de matéria seca total (MST), matéria seca de pasto (MSP), 
bem como para os consumos de matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB), extrato etéreo 
(EE), fibra em detergente neutro corrigida para cinzas e proteína (FDNcp), carboidratos não 
fibrosos (CNF) e nutrientes digestíveis totais (NDT). As médias para as digestibilidades 
aparentes da matéria seca (MS), MO, PB, FDNcp e CNF não tiveram efeito quanto a 
substituição de GMM por GMI. O pH ruminal, a concentração de NH3 ruminal e N-sérico não 
foram influenciadas pelo nível de substituição. Não houve efeito sobre parâmetros 
relacionados ao consumo, excreção e retenção de nitrogênio, bem como na eficiência de 
utilização de nitrogênio. O GMI pode ser usado em substituição total ao GMM em 
suplementos de alto consumo para bovinos de corte em pastejo sem prejuízo ao consumo e 
digestibilidade dos nutrientes da dieta. No Experimento 2 o objetivo foi avaliar níveis de 
proteína bruta na dieta sobre parâmetros nutricionais de bovinos de corte em pastagem de 
capim Marandu no período seco. Foram utilizados cinco bovinos mestiços leiteiros, não-
fistulados, com peso corporal (PC) inicial de 466,8±18,4 kg distribuídos em delineamento em 
quadrado latino 5 x 5. Avaliaram-se suplementos com 10, 12,5, 15, 17,5 e 20% de PB 
fornecidos a 2% PC animal diariamente. Os consumos de MS, MSP, MO e FDNcp 
apresentaram efeito quadrático, observando-se maior consumo ao nível de 17,5% de PB no 
suplemento. As digestibilidades de MS, MO e FDNcp apresentaram efeito quadrático, 
observando-se maiores digestibilidades ao nível de 17,5% de PB. O pH ruminal não foi 
 
 
afetado e as concentrações de NH3 ruminal e N-Sérico aumentaram linearmente. O consumo 
de nitrogênio (CN), a excreção urinária de nitrogênio (EUN) e a excreção fecal de nitrogêmio 
(EFN) tiveram efeito linear positivo com o aumento dos níveis de PB. Suplementos de alto 
consumo (2% PC) ofertados para bovinos à pasto durante o período da seca deve conter 
17,5% de PB para que ocorra otimização na utilização de forragem. 
 
 
Palavras-chave: consumo, digestibilidade, suplementação de alto consumo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
BOTINI, L.A. High intake concentrate supplements for grazing cattle. 50 F. Thesis (Doctor´s 
Degree in Animal Science). Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Universidade 
Federal de Mato Grosso, Cuiabá, 2018. 
 
Two experiments were carried out to evaluate the nutritional parameters of grazing cattle 
receiving high intake supplements. In experiment 1 the objective was to evaluate the 
substitution of ground corn (GC) per whole corn grain (WCG) on nutritional parameters of 
beef cattle grazing Marandu grass during the rainy-dry transition period. To evaluate ruminal 
parameters, five dairy crossbreeds steers, non‑fistulated, were used, with average initial body 
weight (BW) of 430,0±9,56, allotted to a 5x5 Latin square. Were evaluated supplements 
(19,77% CP) with 0, 25; 50;, 75 and 100% of WCG in substitution of GC provided in the 
amount of4,5 kg/animal daily. There was no effect on the intakes of total dry matter (TDM), 
pasture dry matter (pDM), as well as for organic matter (OM), crude protein (CP), ethereal 
extract (EE), neutral detergent fiber corrected for ashes and protein (NDFap), non-fibrous 
carbohydrates (NFC) and total digestible nutrients (TDN). The apparent digestibilities means 
of dry matter (DM), OM, CP, NDFap and NFC had no effect as to the substitution of GC to 
WCG. The rumen pH, the ruminal NH3 concentration and the N-serum were not influenced 
by the substitution levels. There was no effect on parameters related to intake, excretion and 
retention of nitrogen, as well as in the efficiency of nitrogen utilization. WCG can be used in 
total substitution to GC in high concentrate supplements to grazing beef cattle without harm 
on intake and digestibilities of diet nutrients. In experiment 2 the objective was to evaluate 
crude protein levels on nutritional parameters of beef cattle grazing Marandu grass during dry 
season. To evaluate ruminal parameters, five non‑fistulated, dairy crossbreeds steers were 
used, with average initial body weight (BW) of 466,8±18,4 kg, allotted to a 5x5 Latin square. 
Were evaluated supplements with 10, 12,5 15, 17,5 and 20% of crude protein provided in the 
amount of 2% of BW. Intakes of TDM, pasture DM, OM and NDFap presented quadratic 
behavior, with higher consumption at the level of 17.5% of CP in the supplement. The 
apparent digestibility of DM, OM, and NDFap also showed quadratic behavior with higher 
digestibility being noticed at the level of 17.5% of CP in the supplement. Rumen pH was not 
influenced and the concentrations of ruminal NH3 and serum nitrogen had a linear increase. 
The nitrogen intake, urinary and feces nitrogen excretions, increased positively with higher 
 
 
CP levels. High intake supplements (2% of BW) offered to grazing cattle during dry season 
must contain 17,5% of CP to maximize forage utilization. 
 
Keywords: intake, digestibility, high concentrate supplementation.SUMÁRIO 
 
 
INTRODUÇÃO GERAL ......................................................................................................... 10 
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 13 
 
Capítulo 1 - Níveis de grão de milho inteiro em suplementos de alto consumo para bovinos 
em pastejo no período de transição águas-seca ........................................................................ 15 
 
RESUMO ................................................................................................................................. 15 
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 17 
MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................................... 18 
RESULTADOS ........................................................................................................................ 23 
DISCUSSÃO ............................................................................................................................ 26 
CONCLUSÃO .......................................................................................................................... 29 
Referências Bibliográficas ........................................................................................................ 30 
 
Capítulo 2 - Níveis de proteína bruta em suplementos de alto consumo para bovinos em 
pastejo durante a estação seca. ................................................................................................. 34 
 
RESUMO ................................................................................................................................. 34 
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 36 
MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................................... 37 
RESULTADOS ........................................................................................................................ 42 
DISCUSSÃO ............................................................................................................................ 44 
CONCLUSÃO .......................................................................................................................... 47 
Referências Bibliográficas ........................................................................................................ 48 
 
 
 
 
10 
 
INTRODUÇÃO GERAL 
 
 
O Brasil é um dos principais produtores de carne bovina no mundo. Em 2015 se 
destacou como o maior rebanho comercial bovino (209 milhões de cabeças), o segundo maior 
consumidor (38,6 kg/habitante/ano) e o segundo maior exportador (1,9 milhões toneladas 
equivalente carcaça) de carne bovina do mundo tendo abatido mais de 39 milhões de cabeças 
(GOMES et al., 2017). 
A produção de carne bovina no Brasil é predominantemente a pasto, com 
aproximadamente 90% dos bovinos criados em pastagens (ANUALPEC, 2013). Como a 
maior parte do território brasileiro está localizada na região tropical, as forrageiras utilizadas 
estão sujeitas à estacionalidade de produção, resultando em grande deficiência quantitativa e 
qualitativa de forragem no período de estiagem (OBEID et al., 2006). 
 Este é um dos grandes entraves da criação de bovinos a pasto no Brasil, pois à medida 
que ocorre o processo de maturação fisiológica das forragens de clima tropical, observam-se 
constantes mudanças na composição química destacando-se aumento da parede celular e 
lignificação (MINSON, 1990; VAN SOEST, 1994). Consequentemente, a forragem decresce 
rapidamente em digestibilidade, aumentando o tempo de retenção ruminal, acarretando 
redução no consumo voluntário de matéria seca e ocasionando comprometimento no 
desempenho animal (LAZZARINI et al., 2009). 
Assim, em sistemas de produção de bovinos exclusivamente baseados em pastagens, 
existe uma limitação na terminação exclusiva a pasto, uma vez que as limitações quali-
quantitativas da forragem limitam o desempenho animal. 
Segundo Silva-Marques et al. (2015), nesse cenário, alternativas como a utilização de 
confinamento ou fornecimento de suplementos concentrados de médio/alto consumo podem 
atender os requisitos nutricionais da microbiota ruminal e dos animais, desta forma 
favorecendo a terminação. 
O confinamento é uma alternativa que vem crescendo no Brasil. Esta medida permite 
desocupação de áreas de pastagens, possibilitando substituição por animais de reposição com 
baixa exigência para produção e possibilita depositar gordura nas carcaças dos animais na fase 
de terminação (RESENDE et al. 2014). 
No entanto, apesar de ser uma alternativa viável à terminação de bovinos, não é uma 
tecnologia acessível a todos os pecuaristas devido aos seus altos custos. Segundo Barbieri et 
al. (2016), o confinamento necessita de elevado volume de recursos financeiros para 
11 
 
investimentos na construção de toda a estrutura, na compra e na alimentação dos animais, 
sendo, portanto, necessário fazer uma avaliação detalhada de todo o investimento e verificar a 
viabilidade econômica do projeto. 
Por outro lado o fornecimento de suplementos concentrados constitui uma alternativa 
mais acessível à maioria dos produtores rurais por não necessitar de grandes investimentos, 
podendo ainda se beneficiar da elevada disponibilidade de grãos (milho, sorgo, soja, algodão) 
e seus coprodutos. 
Segundo Reis et al. (2011) a utilização de suplementos concentrados permite corrigir 
deficiências específicas de nutrientes na forragem para maximizar a atividade de digestão da 
fração fibrosa e, consequentemente utilizar mais eficientemente os carboidratos estruturais, 
além de complementar a dieta em situações de escassez de forragem. Nas situações onde o 
consumo é limitado pela baixa oferta de forragem, um suplemento pode substituir a forragem 
proveniente do pasto, constituindo às vezes o único alimento disponível. 
Conforme Coan et al. (2004) os programas de suplementação a pasto variam, de 
acordo com o consumo de suplemento, de níveis baixos a moderados (1 a 10g de 
suplemento/kg de peso corporal). 
Atualmente, devido a maior disponibilidade de grãos a preços mais acessíveis, a 
suplementação de alto consumo (10 a 20 g de suplemento/kg de peso corporal) vem ganhando 
espaço. Neste novo sistema de terminação o pasto não é mais o componente principal da dieta 
dos animais, sua função agora é de permitir uma quantidade mínima de fibra na dieta visando 
um ambiente ruminal saudável (RESENDE et al. 2014). 
Na ausência de pasto, o milho na forma triturada tem sido a principal fonte de energia 
utilizada. Este tipo de processamento serve para expor os grânulos de amido à digestão 
favorecendo o ataque microbiano e a ação das enzimas digestivas do animal (KOTARSKI et 
al. 1992). Desta forma, traz como benefícios o aumento da digestibilidade ruminal do amido, 
proporcionando mais energia disponível para o desenvolvimento da população microbiana, o 
que resulta em maior produção de ácidos graxos de cadeia curta - AGCC (PASSINI et al. 
2003). 
No entanto, segundo Gorocica-Buenfil & Loerch (2005) os resultados sobre os 
benefícios do processamento do milho são conflitantes, nem sempre havendo benefício 
adicional ao processar milho tendo apenas aumento do custo do processamento. Além de que, 
existem poucos trabalhos brasileiros avaliando as diferentes formas de processamento do 
milho em suplementos para bovinos em pastejo, principalmente quando os bovinos recebem 
suplementação de alto consumo. 
12 
 
O conhecimento das exigências nutricionais de bovinos em pastejo, notadamente em 
proteína, é imprescindível para a formulação de suplementos que aumentem o consumo de 
pasto, melhorando o aproveitamentodos nutrientes potencialmente disponíveis e fazendo com 
que a dieta total consumida atenda às necessidades dos animais, melhorando seu desempenho, 
sem dispêndio de nutrientes (Sales et al. 2010) 
Assim, apesar de ter sua importância considerada menor no sistema de suplementação 
de alto consumo, a maior digestibilidade do pasto poderia aumentar o consumo de matéria 
seca e refletir em maiores ganhos de peso. Desta forma, o conhecimento do nível adequado de 
proteína bruta nos suplementos de alto consumo poderia trazer benefícios a esta técnica. 
Desse modo foram realizados dois experimentos visando avaliar os parâmetros 
nutricionais de bovinos em pastagem recebendo suplementos de alto consumo. No primeiro 
experimento objetivou-se avaliar o efeito da substituição do milho moído por milho grão 
inteiro os parâmetros nutricionais de bovinos recebendo suplementos de alto consumo. No 
segundo experimento objetivou-se avaliar níveis de proteína bruta em suplementos de alto 
consumo sobre os parâmetros nutricionais de bovinos. 
 
Os Capítulos 1 e 2 apresentam-se de acordo com as normas para publicação na revista 
Tropical Animal Health and Production. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
REFERÊNCIAS 
 
 
ANUÁRIO DA PECUÁRIA BRASILEIRA (ANUALPEC). Anuário estatístico da pecuária 
de corte. São Paulo: FNP Consultoria & Comércio, 2013. 
 
BARBIERI, R. S.; CARVALHO, J.B.; SABBAG O. J. Análise de viabilidade econômica de 
um confinamento de bovinos de corte. INTERAÇÕES, Campo Grande, MS, v. 17, n. 3, p. 
357-369, jul./set. 2016. 
 
COAN, R.M; REIS, R.A.; FREITAS, D.; BALSALOBRE, M.A.A.; Suplementação de 
bovinos em pastagens. Piracicaba: Gráfica Santa Teresinha,2004. 84p. 
 
GOMES R.C., FEIJÓ G.L.D. & CHIARI L. 2017. Evolução e Qualidade da Pecuária 
Brasileira. Campo Grande: Embrapa: 2017 (Nota técnica). 
 
GOROCICA-BUENFIL, M, A.; LOERCH, S, C. Effect of cattle age, forage level, and corn 
processing on diet digestibility and feedlot. Journal of Animal Science, Champaing, v. 83, p. 
705-714, 2005. 
 
KOTARSKI, S.F.; WANISKA, R.D.; THURN, K.K. Starch hydrolysis by the ruminal 
microflora. Journal Nutrition, v.122, n.1, p.178-190, 1992. 
 
LAZZARINI, I.; DETMANN, E.; SAMPAIO, C.B. et al. Dinâmicas de trânsito e degradação 
da fibra em detergente neutro em bovinos alimentados com forragem tropical de baixa 
qualidade e compostos nitrogenados. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária, v.61, 
p.635-647, 2009. 
 
MINSON, D.J. Forage in ruminant nutrition. New Yorl: Academic, 1990. 
 
OBEID, J.A.; PEREIRA, O.G.; PEREIRA, D.H.; VALADARES FILHO, S.C.; CARVALHO, 
I.P.; MARTINS, J.M. Níveis de proteína bruta em dietas para bovinos de corte: consumo, 
14 
 
digestibilidade e desempenho produtivo. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v.35, n.6, 
p.2434-2442, 2006. 
 
PASSINI, R. et al. Parâmetros de fermentação ruminal em bovinos alimentados com grãos de 
milho ou sorgo de alta umidade ensilados. Revista Brasileira de Zootecnia, v.32, n.5, 
p.1266- 1274, 2003. 
 
REIS, R.A.; OLIVEIRA, A.A.; SIQUEIRA, G.R. et al. Semi-confinamento para produção 
intensiva de bovinos de corte. In: Simpósio Matogrossense de Bovinocultura de Corte, 1, 
Cuiabá, MT. Anais... p.195-222, 2011 
 
RESENDE, F. D.; MORETTI, M. H.; ALVES NETO, J. A.; LIMA, B. S.; SIQUEIRA, G. R. 
Nível de oferta de suplemento na terminação de bovinos a pasto. In: VI Congresso Latino-
Americano de Nutrição Animal- São Paulo, 2014. 
 
SALES, M. F. L.; PAULINO, M. F.; VALADARES FILHO, S. C.; CHIZZOTTI, M. L. 
BARROS, L. V.; PORTO, M. O. Exigências proteicas de bovinos de corte suplementados a 
pasto. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa , v. 39, n. 9, p. 2066-2072, Sept. 2010 . 
 
SILVA-MARQUES, R. P.; ZERVOUDAKIS, J. T.; HATAMOTO-ZERVOUDAKIS, L. K.; 
CABRAL, L. S.; ALEXANDRINO, E.; JOSÉ NETO, A.; SOARES, J. Q.; MELO, A. C. B. 
Suplementos múltiplos para novilhas de corte a pasto no período seco: características 
nutricionais. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 36, n. 1, p. 509- 524, jan./fev. 2015a. 
 
VAN SOEST, P.J. Nutritional ecology of the ruminant, 2 nded. Ithaca, NY: Cornell 
University, 1994. 476p. 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
Capítulo 1 - Níveis de grão de milho inteiro em suplementos de alto consumo para 
bovinos em pastejo no período de transição águas-seca 
 
 
RESUMO: O objetivo deste trabalho foi avaliar a substituição do milho moído (GMM) por 
milho grão inteiro (GMI) sobre parâmetros nutricionais de bovinos de corte em pastagem de 
capim Marandu no período de transição águas-seca. Para avaliação dos parâmetros ruminais 
foram utilizados cinco bovinos da raça nelore não-fistulados, com peso corporal (PC) inicial 
de 430,0±9,56 kg distribuídos em delineamento em quadrado latino 5 x 5. Avaliaram-se 
suplementos (19,77% PB) com 0, 25; 50; 75 e 100% de GMI em substituição ao GMM e 
fornecidos 4,5 kg/animal diariamente. Não houve efeito sobre os consumos de MST, MSP, 
bem como para os consumos de MO, PB, EE, FDNcp, CNF e NDT. As médias para as 
digestibilidades aparentes da MS, MO, PB, FDNcp e CNF não tiveram efeito quanto a 
substituição de GMM por GMI. O pH ruminal, a concentração de NH3 ruminal e N-sérico não 
foram influenciadas pelo nível de substituição. Não houve efeito sobre parâmetros 
relacionados ao consumo, excreção e retenção de nitrogênio, bem como na eficiência de 
utilização de nitrogênio. O GMI pode ser usado em substituição total ao GMM em 
suplementos de alto consumo para bovinos de corte em pastejo sem prejuízo ao consumo e 
digestibilidade dos nutrientes da dieta. 
 
Termos para indexação: Milho grão, suplementação alto consumo, processamento. 
 
 
 
 
 
 
16 
 
Chapter 1 - Whole corn grain levels in high-intake supplements for grazing cattle during 
the dry-water transition period 
 
Abstract: The objective of this work was to evaluate the substitution of ground corn (GC) per 
whole corn grain (WCG) on nutritional parameters of beef cattle grazing Marandu grass 
during the rainy-dry transition period. To evaluate ruminal parameters, five dairy crossbreeds 
steers, non‑fistulated, were used, with average initial body weight (BW) of 430,0±9,56 kg, 
allotted to a 5x5 Latin square. Were evaluated supplements (19,77% CP) with 0, 25; 50; 75 
and 100% of WCG in substitution of GC provided in the amount of 4,5 kg/animal daily. 
There was no effect on the intakes of TDM, pasture DM, as well as for OM, CP, EE, NDFap, 
NFC and TDN. The apparent digestibilities means of DM, OM, CP, NDFap and NFC had no 
effect as to the substitution of GC to WCG. The rumen pH, the ruminal NH3 concentration 
and the N-serum were not influenced by the substitution levels. There was no effect on 
parameters related to intake, excretion and retention of nitrogen, as well as in the efficiency of 
nitrogen utilization. WCG can be used in total substitution to GC in high concentrate 
supplements to grazing beef cattle without harm on intake and digestibilities of diet nutrients. 
 
Index terms: whole grain, high concentrate supplementation, processing. 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
INTRODUÇÃO 
 Diante dos altos custos apresentados no sistema de confinamento convencional, a 
suplementação de alto consumo a pasto tem-se apresentado como alternativa entre os 
produtores Brasileiros. 
Esse plano nutricional é utilizado em sistemas de semi-confinamento, pois permite 
produzir animais em regime de pastagens utilizando-se baixo custo de infraestrutura, 
permitindo ótimos índices de produção com menor custo (Lima, 2014). A principal vantagem 
seria a não necessidade de produção de volumoso suplementar e a logística operacional mais 
simples e mais barata (Moretti, 2015). 
Neste sistema, o milho na forma triturada tem sido a principal fonte de energia 
utilizada. Este tipo de processamento serve para expor os grânulos de amido à digestão, 
formando fissuras, quebrando, ou expandindo o amido,por meio da eliminação da película 
externa do grão, o pericarpo, que constitui uma barreira física que dificulta o ataque 
microbiano e a ação das enzimas digestivas do animal (Kotarski et al. 1992). Desta forma, 
traz como benefícios o aumento da digestibilidade ruminal do amido, proporcionando mais 
energia disponível para o desenvolvimento da população microbiana, o que resulta em maior 
produção de ácidos graxos de cadeia curta - AGCC (Passini et al. 2003). 
No entanto, segundo Gorocica-Buenfil & Loerch (2005) os resultados sobre os 
benefícios do processamento do milho são conflitantes, nem sempre havendo benefício 
adicional ao processar milho tendo apenas aumento do custo do processamento. 
Marques et al. (2016) trabalhando com milho floculado ou inteiro na dieta de 
tourinhos confinados observaram aumento na disponibilidade de energia ao fornecer milho 
floculado, mas sem alteração no ganho médio diário e características de carcaça quando 
comparado ao grão inteiro. 
18 
 
Porsch et al. (2018), avaliaram a substituição do farelo de soja por fontes de nitrogênio 
não proteico (ureia convencional ou protegida) em combinação com milho moído ou inteiro 
para novilhos e não observaram diferença no consumo e desempenho dos animais recebendo 
independente da fonte proteica, demonstrando que não seria necessário moer os grãos antes de 
fornecê-los a animais em terminação. 
O uso de dietas de alto grão (85% de milho inteiro e 15% do pellet) tem-se 
popularizado nos confinamentos brasileiros, por vários fatores, principalmente a alta produção 
nacional de grãos, a ausência de manipulação de forragens e custos relativos a sua produção, 
armazenamento e distribuição, menor mão-de-obra e custo da arroba ganha muitas vezes 
inferior aos de dietas com volumoso (Paulino et al. 2013). 
Apesar de ter se popularizado em confinamentos, existe uma escassez de informações 
sobre a utilização do milho grão inteiro em suplementos de alto consumo para bovinos de 
corte em pastejo principalmente sobre o nível em que pode ser utilizado em substituição ao 
milho moído. 
Objetivou-se avaliar o efeito da substituição do milho moído por milho grão inteiro em 
suplementos de alto consumo sobre os parâmetros nutricionais de bovinos em pastagem de 
Urochloa brizantha 'Marandu', no período de transição águas-seca. 
 
MATERIAL E MÉTODOS 
Área experimental 
O experimento foi conduzido na Estância Santa Luzia, no Município de Pontes e 
Lacerda, MT (15º 13' 34" S, 59º 20' 07" W, a 254 m de altitude média), entre março a maio de 
2016.A área experimental foi constituída de cinco piquetes (0,42ha) formados com capim 
marandu (Urochloa brizantha). 
 
19 
 
Animais, delineamento experimental e dietas 
Foram utilizados cinco animais machos não-castrados, mestiços leiteiros, com peso 
corporal (PC) inicial médio de 430,0±9,56 kg e idade média de 24 meses distribuídos em 
delineamento em quadrado latino 5 x 5. O experimento teve duração de 70 dias, divididos em 
cinco períodos experimentais, com 14 dias cada um, sendo os primeiros sete dias destinados à 
adaptação às dietas e às condições experimentais. 
Avaliaram-se suplementos concentrados isonitrogenados (Tabela 1 e 2) contendo 
diferentes níveis (0, 25, 50, 75 e 100%) de grão de milho inteiro (GMI) em substituição ao 
grão de milho moído (GMM). Os suplementos foram ofertados diariamente às 10h00 na 
quantidade de 4,5 kg/animal/dia. 
 
Tabela 1. Composição dos suplementos. 
Ingrediente 
Nível de substituição (%) 
0 25 50 75 100 
Mineral 80P
(1) 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 
Ureia 2,4 2,4 2,4 2,4 2,4 
Flor de Enxofre 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 
Farelo de Soja 11,98 11,98 11,98 11,98 11,98 
Milho moído 83,02 62,27 41,51 20,75 0 
Milho grão inteiro 0 20,75 41,51 62,27 83,02 
(1)
Cálcio (Ca) – g 130, Fósforo (P) – g 80, Magnésio (Mg) – g 20, Enxofre (S) – g 20, Sódio (Na) – g 
135, Cobre (Cu) – mg, 114, Manganês (Mn) – mg 1072, Zinco (Zn) – mg 4146, Iodo (I) – mg, 121, 
Cobalto (Co) – mg, 89, Selênio (Se) – mg, 21, P/sol.ac.citrico (minimo) – %, 90; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
Tabela 2.Composição química dos suplementos e do pasto. 
Item Suplementos Pasto 
Matéria seca (%) 87,26 30,00 
Matéria orgânica
(1) 91,48 92,46 
Proteína bruta
(1) 19,77 9,36 
Extrato etéreo
(1) 7,44 1,13 
Carboidratos não fibrosos
(1) 57,94 17,93 
FDNcp
(1) 11,45 64,03 
FDN indigestível
(1) 1,30 33,8 
(1)
% da Matéria seca. 
 
Procedimentos de amostragem de pasto e estimativas de consumo 
A cada 14 dias foram efetuadas amostragens do pasto por meio de dois métodos. Pelo 
primeiro método, amostras foram coletadas, para quantificação da massa de MS e de MS 
potencialmente digestível (MSpd). Determinou-se a massa de forragem através do método 
quadrado (quadrado de 50 x 50 cm, 0,25 m
2
 com quatro medições/piquete), com cortes da 
forragem a 10 centímetros do solo. A MSpd foi estimada segundo equação proposta por 
Paulino et al. (2008): 
 ( ) ( ) 
onde: 0,98 = coeficiente de digestibilidade verdadeiro do conteúdo celular; FDNcp é a fibra 
em detergente neutro corrigida para cinzas e proteína; FDN é a fibra insolúvel em detergente 
neutro; e FDNi é a FDN indigestível. As médias de massa de forragem observadas durante o 
experimento foram 7,9 e 5,1 t/ha, respectivamente, para MStotal e MSpd. 
Pelo segundo método, a amostragem do pasto consumido pelos animais foi realizada 
via simulação manual de pastejo, identificando o tipo de material que o animal ingeria, com o 
objetivo de coletar uma amostra semelhante ao ingerido. As coletas foram realizadas por um 
único amostrador com o objetivo de evitar variações em cada amostragem. 
21 
 
Para a estimativa do consumo de MS do pasto, a fibra em detergente neutro 
indigestível (FDNi) dos alimentos e do pasto foi utilizada como indicador interno, e 
o dióxido de titânio (TiO2), como indicador externo, para estimativa da excreção fecal. O 
TiO2 foi acondicionado em cartuchos de papel e introduzido diretamente via sonda esofágica 
em dose única diária, de 15 g por animal, às 11h, do terceiro ao décimo segundo dia 
experimental. 
Amostras de fezes foram coletadas entre o 8
o
 e 12
o
 dia do período experimental 
seguindo distribuição: 8
o
 dia (8h00), 10
o
 dia (12h00) e 12
o
 dia (16h00). As fezes foram 
coletadas diretamente no reto dos animais em quantidades de 200 g, sendo identificadas por 
animal e armazenadas em freezer a -20
o
C.Foi elaborada uma amostra composta de fezes com 
base no peso seco ao ar, por animal, dos três dias de coleta. 
O cálculo da excreção fecal foi feito com base na razão entre a quantidade do 
indicador fornecido e sua concentração nas fezes: 
 ( ) [(
 ( )
 ( )
)] 
A FDNi das amostras foi determinada após 288 horas de incubação ruminal (Valente 
et al., 2011). As amostras de pasto, concentrados e fezes foram analisadas quanto às 
concentrações de MS, MO, proteína bruta (PB) e extrato etéreo (EE), de acordo com Horwitz 
& Latimer Junior (2005). A FDN foi determinada pelos métodos descritos por Van Soest & 
Robertson (1985) e Mertens (2002). Os teores de carboidratos não-fibrosos foram calculados 
conforme Hall (2000). 
As estimativas do consumo voluntário de MS foram obtidas ao se utilizar, como 
indicador interno, a FDNi, por meio da seguinte equação: 
CMS = {[(EFxCIF) ‑ IS]/CIFO}+ CMSS, em que EF é a excreção fecal (kg por dia); 
CIF é a concentração do indicador nas fezes (kg kg‑1); IS é o indicador presente no 
22 
 
suplemento (kg por dia); CIFO é a concentração do indicador na forragem (kg kg‑1); e CMSS 
é o consumo de MS de suplemento (kg por dia). 
Para relacionar o consumo ao PC dos animais, utilizou-se como referência o peso 
médio, estimado pelos valores inicial e final de cada período. 
 
Amostragem de sangue, urina e líquido ruminal 
Amostras de sangue, urina e líquidoruminal foram coletadas no décimo terceiro dia, 
aproximadamente quatro horas após o fornecimento do suplemento. As amostras de sangue 
foram coletadas por punção da artéria caudal, tendo-se utilizado kits comerciais a vácuo, com 
gel acelerador da coagulação. Logo após as coletas, as amostras foram centrifugadas a 4.000 
rpm,durante 15 min, e o soro foi congelado. 
As amostras de urina (10 mL) foram coletadas na forma de spot em micção 
espontânea. Após a coleta, as amostras foram diluídas em 40 mL de H2SO4 (0,036) N e 
congeladas para posterior determinação dos teores de ureia, creatinina. 
O cálculo do volume urinário diário foi feito empregando-se a relação entre a excreção 
diária de creatinina (EC), proposta por Barbosa et al. (2006), e a sua concentração nas 
amostras spot: EC (mg kg‑1 de PV) = 27,11PC, em que PV é o peso vivo. Desta forma, a 
excreção urinária diária de compostos nitrogenados foi obtida pelo produto entre sua 
concentração nas amostras spot o valor estimado de volume urinário. 
As amostras de líquido ruminal foram coletadas para estimar o pH e a concentração de 
amônia. As análises de pH foram realizadas imediatamente após a coleta por peagâmetro 
digital. Para a determinação de amônia, foram separadas alíquotas de 50 mL, fixadas com 1,0 
mL de H2SO4 (1:1), que foram acondicionadas em recipientes de plástico, identificadas e 
congeladas a ‑20°C. 
 
23 
 
Análises estatísticas 
Os dados foram submetidos à análise de variância e regressão polinomial 
considerando os níveis de inclusão de GMI. Para todos os procedimentos estatísticos adotou-
se α = 0,10 como limite máximo tolerável para o erro tipo I. No caso em que ambos os 
modelos (linear e quadrático) serem significativos a escolha é pelo modelo que represente o 
polinômio de maior grau (quadrático). 
 
RESULTADOS 
Consumo 
Não houve efeito da substituição de GMM por GMI sobre os consumos de MST, 
MSP, bem como para os consumos de MO, PB, EE, FDNcp, CNF e nutrientes digestíveis 
totais (NDT) (Tabela 3). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
Tabela 3. Médias de quadrados mínimos para os consumos de matéria seca, total (MST) e de 
pasto (MSP), de matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra em 
detergente neutro corrigida para cinzas e proteína (FDNcp), carboidratos não fibrosos (CNF), 
nutrientes digestíveis totais (NDT) em função dos suplementos. 
Item 
Níveis de substituição (%) 
EPM
(1) 
Valor de P
(2) 
0 25 50 75 100 L Q C 
 Kg/dia 
MST 9,98 10,00 10,00 9,96 10,00 0,22 0,9398 0,9717 0,9643 
MSP 6,05 6,07 6,08 6,07 6,08 0,22 0,9375 0,9773 0,9687 
MO 9,27 9,25 9,26 9,25 9,26 0,20 0,9705 0,9459 0,9852 
PB 1,40 1,40 1,42 1,40 1,41 0,19 0,7471 0,8201 0,9785 
EE 0,40 0,41 0,42 0,40 0,41 0,26 0,9037 0,2731 0,5097 
FDNcp 4,09 4,04 3,87 4,06 4,02 0,15 0,8112 0,4847 0,8112 
CNF 3,55 3,57 3,70 3,55 3,60 0,19 0,7799 0,4260 0,7302 
NDT 6,80 6,79 6,80 6,81 6,80 0,25 0,9736 0,9911 0,9473 
 g/kg de PC 
MST 21,49 21,50 21,60 21,46 21,56 0,56 0,9528 0,9711 0,9222 
MSP 13,03 13,05 13,12 13,00 13,09 0,52 0,9601 0,9811 0,9193 
FDNcp 8,12 8,69 8,74 8,64 8,66 0,29 0,8447 0,9528 0,9479 
 (1)
Erro padrão da média. 
(2)
L, Q, e C: efeitos de ordem Linear, Quadrático e Cúbico relativos aos níveis 
de inclusão de GMI. 
 
Digestibilidade 
Os coeficientes de digestibilidade aparentes da MS, MO, PB, EE, FDNcp e CNF não 
foram influenciados pela substituição de GMM por GMI (Tabela 4). 
 
 
 
 
 
 
25 
 
Tabela 4. Médias de quadrados mínimos para as digestibilidades aparentes (%) de matéria 
seca (MS), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE) fibra em 
detergente neutro corrigida para cinzas e proteína (FDNcp), carboidratos não fibrosos e 
concentração dietética de nutrientes digestíveis totais (NDT) em função dos suplementos 
Item 
Níveis de substituição (%) 
EPM(1) 
Valor de P(2) 
0 25 50 75 100 L Q C 
MS 67,64 67,50 66,92 66,93 67,82 1,25 0,9584 0,5566 0,7293 
MO 69,11 69,34 69,23 68,15 69,23 1,26 0,9897 0,9891 0,8194 
PB 73,53 73,67 72,11 72,77 72,75 1,85 0,6688 0,7994 0,8403 
EE 55,96 56,45 56,68 56,61 56,66 2,90 0,8517 0,9097 0,9636 
FDNcp 60,39 60,46 60,78 60,64 60,47 3,32 0,9728 0,9373 0,9766 
CNF 81,73 80,52 81,03 81,07 81,21 2,89 0,9544 0,8227 0,8463 
 Concentração dietética (%) 
NDT 68,04 67,95 67,96 68,06 67,91 2,14 0,9766 0,9971 0,9242 
(1)
Erro padrão da média. 
(2)
L, Q, e C: efeitos de ordem Linear, Quadrático e Cúbico relativos aos níveis 
de inclusão de GMI. 
 
Parâmetros ruminais (pH e NH3) e balanço de nitrogênio 
O pH ruminal apresentou comportamento linear positivo (P<0,10) à medida que se 
aumentou a participação do GMI nos suplementos (Tabela 5). Ausência de efeitos (P < 0,10) 
foi observada sobre a concentração de NH3
 
ruminal. O consumo de N apresentou 
comportamento análogo ao consumo de PB. A substituição do GMM não afetou (P>0,10) as 
excreções de N via urina e fezes e a retenção de N. 
 
 
 
 
 
 
26 
 
Tabela 5. Médias de quadrados mínimos para pH ruminal, concentração de nitrogênio 
amoniacal ruminal (NH3) e de nitrogênio ureico no soro (NUS), consumo de nitrogênio (CN), 
excreção urinária de nitrogênio (EUN) excreção fecal de nitrogênio (EFN), nitrogênio retido 
(NRE) em função dos suplementos 
Item Níveis de substituição (%) 
EPM
(1) 
Valor de P 
 0 25 50 75 100 L Q C 
pH 6,30 6,32 6,53 6,68 6,86 1,29 0,0899 0,2986 0,1116 
NH3 18,82 19,00 18,62 19,62 19,02 1,39 0,8120 0,3545 0,2011 
NUS 16,78 12,68 14,44 14,16 14,39 1,30 0,3633 0,1346 0,1508 
Nitrogênio (g/dia) 
CN 224,25 223,94 227,02 224,31 225,64 3,71 0,7930 0,8586 0,9572 
EUN 132,75 132,36 134,83 133,89 134,1 5,12 0,7901 0,9168 09225 
EFN 56,41 56,20 56,28 55,98 55,70 3,00 0,8485 0,9672 0,9785 
NRE 35,09 35,38 35,91 34,44 35,66 2,93 0,9784 0,9915 0,7585 
(1)
Erro padrão da média. 
 
DISCUSSÃO 
Consumo 
Como as dietas apresentavam a mesma composição (Tabelas 1 e 2), as diferenças 
esperadas sobre consumo e digestibilidade de nutrientes estariam relacionadas ao tipo de 
processamento do milho. No entanto, ocorreu ausência de variação sobre o consumo de 
nutrientes entre os níveis de substituição de GMM por GMI possivelmente relacionada à 
quantidade de suplemento fornecida (4,5 kg na matéria natural). 
Segundo Marques et al. (2016), maiores consumos de MS são esperados em dietas 
com milho grão inteiro. Em dietas com altas proporções de milho processado, reduções no 
consumo de MS podem ocorrer pelo maior conteúdo energético da dieta ou por influência do 
processamento na digestibilidade da fibra dietética. Em adição, com o aumento da 
digestibilidade do milho e maior disponibilidade de carboidratos de rápida fermentação, os 
animais atenderiam sua necessidade energética mais cedo, reduzindo o consumo de matéria 
seca. 
27 
 
Mesmo em animais em pastejo, é possível a ocorrência de queda no consumo pela 
redução no pH ruminal e consequentes reduções na digestibilidade da fibra e consumo de 
matéria seca quando as dietas possuem altas quantidades de carboidratos altamente 
disponíveis (Moura et al. 2014). Valores de pH abaixo de 6,0 podem inibir as bactérias 
fermentadoras de celulose e diminuir o consumo de matéria seca (Valadares Filho & Pina, 
2006). Neste estudo, apesar dos valores de pH manterem-se acima deste limite, nota-se que o 
menor valor observado ocorreu no tratamento com apenas GMM (6,30) sugerindo que a 
quantidade de milho processado fornecido aos animais não tenha sido suficiente para causar 
redução no consumo por limitar a digestão de fibra em animais em pastejo. 
A utilização sincronizada entre proteína e carboidratos provenientes da dieta é 
necessária para ótimo crescimento microbiano, beneficiando a digestibilidade ruminal e a 
eficiência na utilização de energia e proteína (Herrera & Huber, 1989). 
A disponibilidade no acesso a carboidratos prontamente fermentáveis nas dietas GMM 
e GMI poderia exercer efeitono consumo e digestibilidade de nutrientes pela falta de 
sincronismo entre carboidratos e proteínas. 
No presente estudo não houve diferença no consumo e digestibilidade de nutrientes 
entre as formas de processamento. Tal efeito também foi observado por Porsch et al. (2018), 
quando avaliaram a substituição do farelo de soja por fontes de nitrogênio não proteico (ureia 
convencional ou protegida) em combinação com milho moído ou inteiro para novilhos 
charolês x nelore confinados. Os autores não observaram diferença no consumo de matéria 
seca ou no desempenho dos animais recebendo milho moído ou inteiro independente da fonte 
proteica, demonstrando que não seria necessário moer os grãos antes de fornecê-los a animais 
em terminação. 
 
 
28 
 
Digestibilidade 
Em revisão, Loerch & Gorocica-Buenfil (2006) relatam que a digestibilidade do GMI 
é influenciada principalmente pela idade dos animais e quantidade/origem da forragem além 
de outros fatores como fonte de proteína, pH ruminal e características do tipo de grão. 
Quando se utiliza GMI, a capacidade mastigatória se torna mais importante para a 
digestibilidade da MS por que a fermentação do amido só começa após o rompimento do grão 
de milho (Kotarski et al., 1992). 
Segundo Vargas Junior et al. (2008) ruminantes jovens possuem maior capacidade em 
mastigar os grãos de milho, promovendo rompimento natural do pericarpo, e exposição dos 
grânulos de amido e demais nutrientes favorecendo à fermentação microbiana e ação das 
enzimas digestivas. 
No presente experimento os animais tinham em média 24 meses, o que poderia causar 
impacto na digestibilidade do milho pelo menor efeito na mastigação. No entanto, nem 
sempre o efeito da idade ou forma de processamento é observado sobre a digestibilidade. 
Gorocica-Buenfil & Loerch (2005), avaliando os efeitos da idade (desmamados vs 
terminação) e o tipo de processamento (moído vs inteiro) não encontraram nenhum efeito 
destes fatores sobre a digestibilidade da dieta e nenhuma interação entre estes fatores. 
Vargas Junior et al. (2008) avaliando diferentes formas de milho (inteiro, tratado com 
uréia ou moído na forma de quirera) em bezerros desmamados não encontraram diferenças na 
digestibilidade das diferentes formas de fornecimento, concluindo que em bovinos jovens o 
fornecimento de GMI é uma alternativa econômica e prática. 
 
Parâmetros ruminais (pH e NH3) e balanço de nitrogênio 
O menor pH ruminal foi observado na dieta com apenas GMM (Tabela 5). Esse efeito, 
como já mencionado, tem relação com as altas quantidades de carboidratos prontamente 
29 
 
fermentáveis na dieta. Por outro lado, conforme ocorriam inclusões de GMI na dieta, ocorreu 
um aumento linear no pH ruminal, relacionado a um melhor ambiente ruminal possivelmente 
pelo maior estímulo mastigatório, pela liberação mais lenta dos carboidratos prontamente 
fermentáveis ou uma combinação de ambas. 
Apesar de o GMI estimular a mastigação em animais jovens (Loerch & Gorocica-
Buenfil; Vargas Junior et al. 2008), segundo Porsch et al. (2018) em dietas com maior 
participação de volumoso os efeitos do GMM e GMI sobre os parâmetros alimentares 
comportamentais (Tempos gastos em alimentação, ócio e ruminação e número de mastigações 
diários) se tornam ausentes. 
A concentração de NH3 ruminal ficou acima dos 15,0 mg de NH3/dL de fluido ruminal 
preconizados por Detmann et al. (2009) para maximizar a produção microbiana em bovinos 
alimentados com forragem de baixa qualidade. Neste experimento, os suplementos continham 
o mesmo teor de proteína, o pH manteve-se acima de 6,30, não houve diferença no consumo 
de proteína bruta e na digestibilidade da FDNcp entre os tratamentos. Podendo-se inferir que a 
degradação da fração fibrosa não foi influenciada por estas variáveis sendo a concentração de 
NH3 ruminal suficiente para maximizar a degradação. 
Não houve efeito da substituição do GMM por GMI sobre parâmetros relacionados ao 
consumo, excreção e retenção de nitrogênio, bem como na eficiência de utilização de 
nitrogênio (Tabela 5). Isso mostra que houve retenção de proteína no organismo, o que 
proporcionou condições para que não ocorresse perda de peso nos animais, o que indica que 
as exigências de proteína nas dietas estiveram acima da mantença 
 
CONCLUSÃO 
O grão de milho inteiro pode substituir totalmente o grão de milho moído em 
suplementos de alto consumo para bovinos em pastejo no período da seca. 
30 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
BARBOSA, A.M.; VALADARES, R.F.D.; VALADARES FILHO, S.C.; VÉRAS,R.M.L.; 
LEAO, M.I.; DETMANN, E.; PAULINO, M.F.; MARCONDES, M.I.; SOUZA, M.A. Effect 
of urinary collection days, concentrate levels and protein sources on creatinine, urea and 
purine derivatives excretions and microbial protein synthesis in Nellore cattle. Revista 
Brasileira de Zootecnia, v.35, n.3, p. 870- 877, 2006. 
 
DETMANN, E.; PAULINO, M.F.; MANTOVANI, H.C. et al. Parameterization of ruminal 
fibre degradation in low-quality tropical forage using Michaelis-Menten kinetics. Livestock 
Science, v.126, p.136-146, 2009. 
 
GOROCICA-BUENFIL, M, A.; LOERCH, S, C. Effect of cattle age, forage level, and corn 
processing on diet digestibility and feedlot. Journal of Animal Science, Champaing, v. 83, p. 
705-714, 2005. 
 
HALL, M.B. Neutral Detergent-Soluble Carbohydrates Nutritional Relevance And Analysis. 
Institute of Food and Agricultural Sciences, University of Florida. Bulletin 339, 2000. 
 
HERREA-SALDANA, R.; HUBER, J. T. Influence of varying protein and starch 
degradabilities on performance of lactating cows. Jornal of Dairy Science, Albany, v. 72, p. 
1477, 1989. 
 
HORWITZ, W.; LATIMER JUNIOR, G.W. (Ed.). Official methods of analysis of the 
association analytical chemists. 18th ed. Maryland: AOAC International, 2005. 
31 
 
KOTARSKI, S.F.; WANISKA, R.D.; THURN, K.K. Starch hydrolysis by the ruminal 
microflora. Journal Nutrition, v.122, n.1, p.178-190, 1992. 
 
LIMA, B. S. Suplementação de alto consumo na terminação de tourinhos Nelore em 
pastagem de B. brizantha cv. Marandu. Jaboticabal, 2014 xi, 71 p. Dissertação (mestrado) - 
Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, 2014. 
 
LOERCH, S. C., and GOROCICA-BUENFIL, M. Advantages and disadvantages of feeding 
whole shelled corn. In: Cattle Grain Processing Symposium, Oklahoma State University, 
Stillwater, OK. 2006. 
 
MARQUES, R. S., CHAGAS, L. J., OWENS F. N., and SANTOS, F. A. P. Effects of various 
384 roughage levels with whole flint corn grain on performance of finishing cattle1. 385 
Journal of Animal Science 94: 339-348. 2016. 
 
MERTENS, D.R. Gravimetric determination of amylase-treated neutral detergent fiber in 
feeds with refluxing in beakers or crucibles: collaborative study. Journal of AOAC 
International, v.85, p.1217-1240, 2002. 
 
MORETTI, M. H. Estratégias alimentares para a recria e terminação de tourinhos 
nelore. Jaboticabal, 2015. ii, 107 f. Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista, 
Faculdade de Ciências Agrarias e Veterinárias, 2015. 
 
32 
 
MOURA, A.M. et al. Processamento do milho para vacas leiteiras em pastejo. Arq. Bras. 
Med. Vet. Zootec. [online]. 2014, vol.66, n.6, pp.1813-1821. ISSN 0102-
0935. http://dx.doi.org/10.1590/1678-7172 
 
PASSINI, R. et al. Parâmetros de fermentação ruminal em bovinos alimentados com grãos de 
milho ou sorgo de alta umidade ensilados. Revista Brasileira de Zootecnia, v.32, n.5, 
p.1266- 1274, 2003. 
 
PAULINO, M. F.; DETMANN, E.; VALENTE, E. E. L.; BARROS, L. V. Nutrição de 
bovinos em pastejo. In: Simpósio sobre manejo estratégico da pastagem, 4., 2008, Viçosa, 
MG. Anais... Viçosa, MG: DZO-UFV, p.131-169, 2008. 
 
PAULINO, P. V. R.; OLIVEIRA, T. S.; GIONBELI M. P. & GALLO S. B. Dietas Sem 
Forragem para Terminação de Animais Ruminantes. Rev. Cient. Prod. Anim., v.15, n.2, 
p.161-172, 2013. 
 
PORSCH, R. V. ; MACHADO,D. S ; BRONDANI, I.L. ; JOZIANE, MICHELON COCCO 
; ALVES FILHO, DARI CELESTINO ; OLIVEIRA, L. M. . Nitrogen sources associated with 
different physical forms of corn grain in the diet for steers in feedlot. ACTA 
SCIENTIARUM. ANIMAL SCIENCES, v. 40, p. e42541, 2018. 
 
VALADARES FILHO, S. DE C.; PINA, D. DOS S. Fermentação Ruminal. IN: 
BERCHIELLE, T. T.; PIRES, A. V.; OLIVEIRA, S. G. de. Nutrição de Ruminantes. 
Jaboticabal: Funep, 583p. 2006. 
 
http://lattes.cnpq.br/7337016110305690
http://lattes.cnpq.br/9375246302317772
http://lattes.cnpq.br/9490340357962289
33 
 
VALENTE, T. N. P.; DETMANN, E.; QUEIROZ, A. C.; VALADARES FILHO, S. C.; 
GOMES, D. I.; FIGUEIRAS, J. F. Evaluation of rumen degradation profiles of forages using 
bags made from different textiles. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, MG, v. 40, n. 11, 
p. 2565-2573, 2011. 
 
VARGAS JUNIOR, Fernando Miranda de et al . Influência do processamento do grão de 
milho na digestibilidade de rações e no desempenho de bezerros. R. Bras. Zootec., Viçosa 
, v. 37, n. 11, p. 2056-2062, Nov. 2008 . 
 
VAN SOEST, P.J. e ROBERTSON, J.B. Analysis of forages and fibrous foods. Ithaca: 
Cornell University, 202p, 1985. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
34 
 
Capítulo 2 - Níveis de proteína bruta em suplementos de alto consumo para bovinos em 
pastejo durante a estação seca 
 
 
RESUMO: Objetivou-se avaliar níveis de proteína bruta na dieta sobre parâmetros 
nutricionais de bovinos de corte em pastagem de capim Marandu no período seco. Foram 
utilizados cinco bovinos mestiços leiteiros, não-fistulados, com peso corporal (PC) inicial de 
466,8±18,4 kg distribuídos em delineamento em quadrado latino 5 x 5. Avaliaram-se 
suplementos com 10, 12,5, 15, 17,5 e 20% de PB fornecidos a 2% do PC animal diariamente. 
Os consumos de MS, MSP, MO e FDNcp apresentaram efeito quadrático, observando-se 
maior consumo ao nível de 17,5% de PB no suplemento. As digestibilidades de MS, MO e 
FDNcp apresentaram efeito quadrático, observando-se maiores digestibilidades ao nível de 
17,5% de PB. O pH ruminal não foi afetado e as concentrações de NH3 ruminal e N-Sérico 
aumentaram linearmente. O CN, a EUN e a EFN tiveram efeito linear positivo com o aumento 
dos níveis de PB. Suplementos de alto consumo (2% PC) ofertados para bovinos à pasto 
durante o período da seca deve conter 17,5% de PB para que ocorra otimização na utilização 
de forragem. 
 
Termos para indexação: consumo, digestibilidade, suplementação de alto consumo. 
 
 
 
 
 
 
 
35 
 
Chapter 2 - Crude protein levels in high intake supplements for grazing cattle during 
dry season. 
 
 
Abstract: The objective of this work was to evaluate crude protein levels on nutritional 
parameters of beef cattle grazing Marandu grass during dry season. To evaluate ruminal 
parameters, five non‑fistulated, dairy crossbreeds steers were used, with average initial body 
weight (BW) of 466,8±18,4 kg, allotted to a 5x5 Latin square. Were evaluated supplements 
with 10, 12,5 15, 17,5 and 20% of crude protein provided in the amount of 2% of BW. Intakes 
of TDM, pasture DM, OM and NDFap presented quadratic behavior, with higher 
consumption at the level of 17.5% of CP in the supplement. The apparent digestibility of DM, 
OM, and NDFap also showed quadratic behavior with higher digestibility being noticed at the 
level of 17.5% of CP in the supplement. Rumen pH was not influenced and the concentrations 
of ruminal NH3 and serum nitrogen had a linear increase. The nitrogen intake, urinary and 
feces nitrogen excretions increased positively with higher CP levels. The N-retention/N-intake 
ratio presented a negative linear effect. High intake supplements (2% of BW) offered to 
grazing cattle during dry season must contain 17,5% of CP to maximize forage utilization. 
 
 
Index terms: intake, digestibility, high concentrate supplementation. 
 
 
 
 
 
36 
 
INTRODUÇÃO 
O sistema de produção no Brasil é predominantemente a pasto, com aproximadamente 
90% dos bovinos criados em pastagens (Anualpec, 2013). Como a maior parte do território 
brasileiro está localizada na região tropical, as forrageiras utilizadas estão sujeitas à 
estacionalidade de produção, resultando em grande deficiência quantitativa e qualitativa de 
forragem no período de estiagem (Obeid et al. 2006). 
Segundo Resende et al. (2014), visando sanar essa limitação na terminação de bovinos 
a pasto no período seco, estratégias como o confinamento, o semiconfinamento e a 
suplementação vêm sendo adotadas pelos produtores buscando reduzir o ciclo de produção e 
aumentar a eficiência. 
Dentre estas estratégias, a suplementação de alto consumo a pasto, também 
popularmente chamada de “confinamento a pasto” vêm sendo utilizado por produtores rurais, 
pois permite terminar os animais na própria fazenda, mesmo não possuindo a estrutura 
tradicional de confinamento (Reis et al. 2011). 
Neste sistema, usam-se níveis de suplementação elevada, podendo chegar a 2% do 
peso corporal. A disponibilidade de forragem teria uma importância menor, pois praticamente 
todos os nutrientes digestíveis seriam oriundos do concentrado e a forragem disponível seria 
utilizada pelos animais para manter as condições ótimas do rúmen (Resende et al. 2014). 
Apesar de ter sua importância considerada menor neste sistema, a maior 
digestibilidade do pasto poderia aumentar o consumo de matéria seca e refletir em maiores 
ganhos de peso. Desta forma, o conhecimento do nível adequado de proteína bruta nos 
suplementos de alto consumo poderia trazer benefícios a esta técnica. 
Quando o suprimento de compostos nitrogenados no rúmen não atende às exigências 
dos microrganismos do rúmen, pode ocorrer limitação do crescimento microbiano, afetando 
37 
 
negativamente a digestibilidade da parede celular e o consumo de matéria seca (Cavalcante et 
al. 2005b). 
Por outro lado, o excesso de amônia no rúmen, resulta em maiores nos custos de 
produção (Cavalcante et al., 2005b) e altas perdas urinárias de nitrogênio constituindo em 
desperdício de proteína (Haddad, 1984). 
 Segundo Rotta et al. (2016), medidas mais racionais na utilização de nutrientes podem 
reduzir o impacto ambiental e as perdas econômicas, além de induzir a uma melhora na 
qualidade do produto nos sistemas de produção de carne. Desta maneira, é necessário o 
conhecimento das exigências de proteína para mantença e ganho de peso de bovinos em 
crescimento e/ou terminação, otimizando o ciclo produtivo. 
Existe uma escassez de informações sobre o nível de proteína bruta a ser utilizado na 
dieta em suplementos de alto consumo para bovinos em pastejo. 
Desta forma, objetivou-se avaliar níveis de proteína bruta em suplementos de alto 
consumo sobre os parâmetros nutricionais de bovinos de corte em pastagem de Urochloa 
brizantha 'Marandu', no período seco. 
 
MATERIAL E MÉTODOS 
 
Área experimental 
O experimento foi conduzido na Estância Santa Luzia, no Município de Pontes e 
Lacerda, MT (15º 13' 34" S, 59º 20' 07" W, a 254 m de altitude média), entre setembro a 
novembro de 2017. A área experimental foi constituída de piquetes formados com capim 
marandu (Urochloa brizantha), sendo cinco piquetes de 0,42 ha. 
 
 
38 
 
Animais, delineamento experimental e dietas 
Foram utilizados cinco animais machos não-castrados, mestiços leiteiros, com peso 
corporal (PC) inicial médio de 466,8±18,4 kg e idade média de 24 meses distribuídos em 
delineamento em quadrado latino 5 x 5. O experimento teve duração de 75 dias, divididos em 
cinco períodos experimentais, com 15 dias cada um, sendo os primeiros sete dias destinados à 
adaptação às dietas e às condições experimentais. 
Avaliaram-se suplementos concentrados (Tabelas 1 e 2) contendo diferentes níveis de 
inclusão de PB (10, 12,5, 15, 17,5 e 20%). Os suplementos foram ofertados diariamente às 
10h00 na quantidade de 2% do PC animal. 
 
Tabela1. Composição dos suplementos 
Ingrediente 
Nível de proteína bruta (%) 
10,0 12,5 15,0 17,5 20,0 
Mineral 80P
(1) 1,3 1,3 1,3 1,3 1,3 
Farelo de Soja 2,94 9,52 16,10 22,68 29,26 
Milho Moído 95,76 89,18 82,60 76,02 69,44 
(1)
Cálcio (Ca) – g 130, Fósforo (P) – g 80, Magnésio (Mg) – g 20, Enxofre (S) – g 20, Sódio (Na) – g 
135, Cobre (Cu) – mg, 114, Manganês (Mn) – mg 1072, Zinco (Zn) – mg 4146, Iodo (I) – mg, 121, 
Cobalto (Co) – mg, 89, Selênio (Se) – mg, 21, P/sol.ac.citrico (minimo) – %, 90; 
 
Tabela 2.Composição química dos suplementos e do pasto. 
Item 
Nível de proteína bruta (%) 
Pasto 
10,0 12,5 15,0 17,5 20,0 
Matéria seca (%) 87,13 87,20 87,27 87,34 87,41 40,27 
Matéria orgânica
(1) 96,86 96,46 96,06 95,67 95,27 91,87 
Proteína bruta
(1) 8,84 11,69 14,54 17,38 20,23 5,56 
Extrato etéreo
(1) 7,28 6,87 6,45 6,03 5,62 1,61 
Carboidratos não fibrosos
(1) 71,28 67,60 63,92 60,25 56,57 22,89 
FDNcp
(1) 9,46 10,31 11,16 12,00 12,85 61,80 
FDN indigestível
(1) 1,34 1,32 1,31 1,29 1,28 42,52 
(1)
% da Matéria seca. 
 
39 
 
Procedimentos e amostragem de pasto e estimativas de consumo 
A cada 15 dias foram efetuadas amostragens do pasto por meio de dois métodos. Pelo 
primeiro método, amostras foram coletadas, para quantificação da massa de MS e de MS 
potencialmente digestível (MSpd). Determinou-se a massa de forragem através do método 
quadrado (quadrado de 50 x 50 cm, 0,25 m
2
 com quatro medições/piquete), com cortes da 
forragem a 10 centímetros do solo. A MSpd foi estimada segundo equação proposta por 
Paulino et al. (2008): 
 ( ) ( ) 
onde: 0,98 = coeficiente de digestibilidade verdadeiro do conteúdo celular; FDNcp é a fibra 
em detergente neutro corrigida para cinzas e proteína; FDN é a fibra em detergente neutro; e 
FDNi é a FDN indigestível. As médias de massa de forragem observadas durante o 
experimento foram 5,59 e 3,17 t/ha, respectivamente, para MS total e MSpd. 
Pelo segundo método, a amostragem do pasto consumido pelos animais foi realizada 
via simulação manual de pastejo, identificando o tipo de material que o animal ingeria, com o 
objetivo de coletar uma amostra semelhante ao ingerido. As coletas foram realizadas por um 
único amostrador com o objetivo de evitar variações em cada amostragem. 
Para a estimativa do consumo de MS do pasto, a fibra em detergente neutro 
indigestível (FDNi) dos alimentos e do pasto foi utilizada como indicador interno, e 
o dióxido de titânio (TiO2), como indicador externo, para estimativa da excreção fecal. O 
TiO2 foi acondicionado em cartuchos de papel e introduzido diretamente via sonda esofágica 
em dose única diária, de 15 g por animal, às 11h, do terceiro ao décimo segundo dia 
experimental. 
Amostras de fezes foram coletadas entre o 8
o
 e 12
o
 dia do período experimental 
seguindo distribuição: 8
o
 dia (8h00), 10
o
 dia (12h00) e 12
o
 dia (16h00). As fezes foram 
coletadas diretamente no reto dos animais em quantidades de 200 g, sendo identificadas por 
40 
 
animal e armazenadas em freezer a -20
o
C.Foi elaborada uma amostra composta de fezes com 
base no peso seco ao ar, por animal, dos três dias de coleta. 
O cálculo da excreção fecal foi feito com base na razão entre a quantidade do 
indicador fornecido e sua concentração nas fezes: 
 ( ) [(
 ( )
 ( )
)] 
A FDNi das amostras foi determinada após 288 horas de incubação ruminal (Valente 
et al., 2011). As amostras de pasto, concentrados e fezes foram analisadas quanto às 
concentrações de MS, MO, proteína bruta (PB) e extrato etéreo (EE), de acordo com Horwitz 
& Latimer Junior (2005). A FDN foi determinada pelos métodos descritos por Van Soest & 
Robertson (1985) e Mertens (2002). Os teores de carboidratos não-fibrosos foram calculados 
conforme Hall (2000). 
As estimativas do consumo voluntário de MS foram obtidas ao se utilizar, como 
indicador interno, a FDNi, por meio da seguinte equação: 
CMS = {[(EFxCIF) ‑ IS]/CIFO}+ CMSS, em que EF é a excreção fecal (kg por dia); 
CIF é a concentração do indicador nas fezes (kg kg‑1); IS é o indicador presente no 
suplemento (kg por dia); CIFO é a concentração do indicador na forragem (kg kg‑1); e CMSS 
é o consumo de MS de suplemento (kg por dia). 
Para relacionar o consumo ao PC dos animais, utilizou-se como referência o peso 
médio, estimado pelos valores inicial e final de cada período. 
 
Amostragem de sangue, urina e líquido ruminal 
Amostras de sangue, urina e líquido ruminal foram coletadas no décimo quarto dia, 
aproximadamente 4 horas após o fornecimento do suplemento. As amostras de sangue foram 
coletadas por punção da artéria caudal, tendo-se utilizado kits comerciais a vácuo, com gel 
41 
 
acelerador da coagulação. Logo após as coletas, as amostras foram centrifugadas a 4.000 
rpm,durante 15 min, e o soro foi congelado. 
As amostras de urina (10 mL) foram coletadas na forma de spot em micção 
espontânea. Após a coleta, as amostras foram diluídas em 40 mL de H2SO4 (0,036) N e 
congeladas para posterior determinação dos teores de ureia, creatinina. 
O cálculo do volume urinário diário foi feito empregando-se a relação entre a excreção 
diária de creatinina (EC), proposta por Barbosa et al. (2006), e a sua concentração nas 
amostras spot: EC (mg kg‑1 de PC) = 27,11PC, em que PC é o peso corporal. Desta forma, a 
excreção urinária diária de compostos nitrogenados foi obtida pelo produto entre sua 
concentração nas amostras spote o valor estimado de volume urinário. 
As amostras de líquido ruminal foram coletadas para estimar o pH e a concentração de 
amônia. As análises de pH foram realizadas imediatamente após a coleta por peagâmetro 
digital. Para a determinação de amônia, foram separadas alíquotas de 50 mL, fixadas com 1,0 
mL de H2SO4 (1:1), que foram acondicionadas em recipientes de plástico, identificadas e 
congeladas a ‑20°C. 
 
Análise estatística 
 Os dados foram submetidos à análise de variância e regressão polinomial 
considerando os níveis de inclusão de PB. Para todos os procedimentos estatísticos adotou-se 
α = 0,10 como limite máximo tolerável para o erro tipo I. No caso em que ambos os modelos 
(linear e quadrático) serem significativos a escolha é pelo modelo que represente o polinômio 
de maior grau (quadrático). 
 
 
 
42 
 
RESULTADOS 
Consumo 
Observou-se que os consumos de MS, MSP, MO e FDNcp apresentaram 
comportamento quadrático (Tabela 3) à media que se elevou o teor de PB dos suplementos. O 
consumo de PB aumentou linermente, enquanto os consumos de EE e carboidratos não 
fibrosos (CNF) reduziram com o aumento da PB nos suplementos (Tabela 3). 
 
Tabela 3. Médias de quadrados mínimos para os consumos de matéria seca de suplemento 
(MSS), total (MST) e de pasto (MSP), bem como para o consumo de matéria orgânica (MO), 
proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra em detergente neutro corrigida para cinzas e 
proteína (FDNcp), carboidratos não fibrosos (CNF), nutrientes digestíveis totais (NDT) em 
função dos suplementos. 
Item Nível de inclusão de PB (%) 
EPM
(1) 
Valor de P
(2) 
 10,0 12,5 15,0 17,5 20,0 L Q C 
 Kg/dia 
MST 10,17 10,37 10,81 11,30 10,70 0,32 0,1763 0,0410 0,1414 
MSP 1,66 1,81 2,28 2,75 2,15 0,33 0,1751 0,0475 0,1402 
MO 9,77 9,88 10,23 10,51 9,88 0,38 0,2647 0,0862 0,2769 
PB 0,85 1,00 1,36 1,63 1,85 0,30 <0,0001 0,5748 0,4320 
EE 0,64 0,61 0,58 0,55 0,50 0,29 <0,0001 0,3753 0,6111 
FDNcp 1,79 1,98 2,30 2,56 2,22 0,29 0,1495 0,0598 0,2458 
CNF 6,48 6,20 5,98 5,77 5,39 0,31 <0,0001 0,5380 0,3418 
 g/kg de PC 
MS 20,46 20,94 21,80 22,80 21,60 1,02 0,1717 0,0758 0,6820 
MSP 3,34 3,66 4,56 5,48 4,31 0,92 0,2148 0,0699 0,7588 
FDNcp 9,77 9,88 10,23 10,51 9,90 0,98 0,2353 0,0647 0,8622 
 (1)
Erro padrão da média. 
(2)
L, Q, e C: efeitos de ordem Linear, Quadrático e Cúbico relativos aos níveis 
de inclusãode PB. 
 
 
 
43 
 
Digestibilidade 
As digestibilidades de MS, MO e FDNcp apresentaram efeito quadrático (Tabela 4). 
Para as digestibilidades de PB, EE e CNF não foram observados efeitos significativos entre os 
níveis de inclusão de PB avaliados (Tabela 4). 
 
Tabela 4. Médias de quadrados mínimos para as digestibilidades aparentes (%) de matéria 
seca (MS), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE) fibra em 
detergente neutro corrigida para cinzas e proteína (FDNcp), carboidratos não fibrosos e 
nutrientes digestíveis totais (NDT) em função dos suplementos 
Item 
Nível de inclusão de PB (%) 
EPM(1) 
Valor de P(2) 
10,0 12,5 15,0 17,5 20,0 L Q C 
MS 65,58 66,02 66,67 67,08 65,10 2,01 0,9841 0,0908 0,6013 
MO 68,00 68,26 69,06 69,24 67,08 2,40 0,8283 0,0820 0,5172 
PB 73,95 74,16 74,96 75,14 74,98 1,98 0,7286 0,3203 0,5169 
EE 69,23 69,23 69,18 69,10 69,07 2,02 0,9458 0,9898 0,9897 
FDNcp 53,82 55,61 57,14 57,51 53,03 1,97 0,8019 0,0822 0,3433 
CNF 85,81 86,95 87,45 88,88 85,40 1,99 0,8019 0,2822 0,3433 
 Concentração dietética (%) 
NDT 74,12 75,46 76,88 78,30 70,34 2,04 0,2839 0,0205 0,3136 
(1)
Erro padrão da média. 
(2)
L, Q, e C: efeitos de ordem Linear, Quadrático e Cúbico relativos aos níveis 
de inclusão de PB. 
 
Parâmetros ruminais (pH e NH3) e balanço de nitrogênio 
O pH ruminal não foi afetado pelo aumento dos níveis de PB na dieta (Tabela 5). A 
concentração de NH3 ruminal e N-Sérico aumentaram linearmente com o aumento dos níveis 
de PB avaliados (Tabela 5). O consumo de nitrogênio (CN), a Excreção urinária de nitrogênio 
(EUN) e a Excreção fecal de nitrogênio (EFN) tiveram efeito linear positivo com o aumento 
dos níveis de PB (Tabela 5). 
 
44 
 
Tabela 5. Médias de quadrados mínimos para pH ruminal, concentração de nitrogênio 
amoniacal ruminal (NH3) e de nitrogênio ureico no soro (NUS), consumo de nitrogênio (CN), 
excreção urinária de nitrogênio (EUN) excreção fecal de nitrogênio (EFN), nitrogênio retido 
(NRE) 
Item Nível de inclusão de PB (%) 
EPM(1) 
Valor de P 
 10,0 12,5 15,0 17,5 20,0 L Q C 
pH 6,32 6,24 6,20 6,28 6,19 0,59 0,1837 0,7937 0,2925 
NH3 11,57 13,77 15,44 16,38 18,80 0,88 <,0001 0,7235 0,7449 
NUS 14,77 15,66 16,48 17,96 19,15 0,90 0,0060 0,7013 0,9385 
Nitrogênio (g/dia) 
CN 135,41 175,44 218,20 260,55 296,69 3,78 <,0001 0,5638 0,4577 
EUN 66,74 101,96 136,17 169,73 206,08 4,68 <,0001 0,9826 0,8528 
EFN 44,18 46,18 50,11 54,13 63,57 3,43 <,0001 0,5932 0,6163 
NRE 24,48 27,29 31,91 36,69 27,04 2,18 0,2589 0,0689 0,5208 
(1)
Erro padrão da média. 
 
DISCUSSÃO 
 
Consumo 
Observou-se redução nos consumos (MS, MSP, MO e FDNcp) a partir do nível de 
17,5% de PB no suplemento. Os menores/maiores consumos podem ser explicados pelo 
déficit/excesso de proteína na dieta. 
Segundo Cavalcante et al. (2005b), tanto a deficiência como o excesso de proteína na 
dieta podem reduzir o consumo. A deficiência por não atender os requerimentos dos 
microrganismos ruminais, consequentemente limitando o crescimento microbiano, afetando a 
digestibilidade da parede celular e por sua vez o consumo de matéria seca. Por outro lado, o 
excesso, pode causar toxidez pela liberação de amônia, que aumenta o teor de ureia, via urina, 
constituindo em desperdício de proteína e energia. 
O aumento no consumo de PB e a redução nos consumos de EE e CNF conforme se 
aumentavam os níveis de inclusão de PB são explicados pela composição dos suplementos, 
45 
 
onde se observa a diminuição na porcentagem de milho e aumento na de farelo de soja 
visando aumentar os níveis de PB (Tabela 1). 
 
Digestibilidade 
As maiores digestibilidades (MS, MO e FDNcp) ao nível de 17,5% de PB podem 
estar relacionadas ao incremento de PB aliado à grande quantidade de CNF prontamente 
disponíveis, favorecendo o crescimento microbiano e por sua vez a digestibilidade da FDN 
forragem, esta considerada de baixa qualidade (5,56% de PB e 61,80% de FDNcp). 
Segundo Costa et al., (2015) o incremento de nitrogênio na dieta de animais 
consumindo forragens tropicais de baixa qualidade, favorece o crescimento de bactérias 
fibrolíticas, aumentando a taxa de digestão de FDN e a síntese de proteína microbiana com 
benefícios ao consumo de MS e balanço energético. 
Oliveira et al (2009) avaliando efeito da suplementação protéica comparada a 
suplementação mineral em uma dieta deficiente em PB, observaram aumento de 36% na 
degradação da FDN e 9% na taxa de passagem. Segundo os autores, ao suprir a deficiência 
proteica ruminal, houve melhor atuação das bactérias ruminais o que resultou em aumento da 
degradação da fibra e passagem do alimento. 
Outros trabalhos relataram aumentos nas digestibilidades de MS, MO e FDN com 
aumentos nos níveis de PB da dieta, relacionados principalmente ao fornecimento de 
nitrogênio (Pereira et al., 2005b; Colmenero e Broderick, 2006a). 
 
Parâmetros Ruminais (pH e NH3) e balanço de nitrogênio 
Os valores de pH ruminal estiveram acima do valor que poderia inibir o crescimento 
das bactérias celulolíticas. O pH ruminal pode variar de 5,5 a 7,2, com valores baixos 
detectados em intervalos de tempo curtos, após alimentação dos animais com dietas ricas em 
46 
 
concentrado, sendo que valores de pH abaixo de 6,0 podem inibir as bactérias fermentadoras 
de celulose e diminuir a eficiência da síntese de proteína microbiana (Valadares Filho & Pina, 
2006). 
Sobre a concentração de NH3 ruminal, os níveis de 10,0 e 12,5% ficaram abaixo dos 
15 mg de NH3 por dL de fluido ruminal recomendados por Detmann et al. (2009) para 
maximizar a produção microbiana em bovinos alimentados com forragem de baixa qualidade. 
Portanto, pode-se inferir que os menores consumos de MS, encontrados nestes tratamentos, 
podem estar relacionados à menor disponibilidade de NH3 ao crescimento das bactérias 
fibrolíticas e consequente menor degradação da fibra forrageira. Por outro lado, a partir do 
nível de 15% já começa a haver excesso de amônia no rúmen, o que pode resultar em altas 
perdas urinárias de nitrogênio constituindo em desperdício de proteína (Haddad, 1984). 
A concentração de N-sérico é altamente correlacionada com a amônia ruminal e ao 
Consumo de nitrogênio. Os maiores valores de N-sérico são possivelmente decorrentes do 
excesso de proteína, o que segundo Broderick & Clayton (1997) representa uma utilização 
ineficiente da PB da dieta. 
O consumo de nitrogênio (CN), a Excreção urinária de nitrogênio (EUN) e a Excreção 
fecal de nitrogênio (EFN) são variáveis consonantes com o aumento da disponibilidade 
ruminal de compostos nitrogenados causados pela suplementação (Figueiras et al. 2010). 
Os aumentos nas excreções urinária e fecal de nitrogênio, conforme se aumentavam os 
níveis de PB nos suplementos, significam nitrogênio perdido sem ser devidamente utilizado 
pelo animal. Por outro lado, a quantidade de N-retido aumentou até o nível de 17,5% de PB, 
indicando que a assimilação de nitrogênio pelo animal aumentou. 
A maior retenção de nitrogênio pelo animal pode ser atribuída a uma melhora na 
digestão da fibra com aumentos nos níveis de PB (Paulino et al., 2006) e, consequentemente, 
aumento na disponibilidade de energia para as bactérias ruminais o que pode aumentar a 
47 
 
assimilação microbiana de nitrogênio e a retenção pelo animal (Costa et al. 2008; Figueiras et 
al. 2010). 
Mesmo ocorrendo aumento na retenção de nitrogênio até o nível de 17,5%, este não 
foi grande o suficiente para melhorar à eficiência de utilização do nitrogênio, demonstrando 
que quanto maior a ingestão de nitrogênio menor o uso pelo animal e maiores as perdas. 
 
CONCLUSÃO 
Suplementos de alto consumo (2% PC) ofertados para bovinos à pasto durante o 
período da seca deve conter 17,5% de PB para que ocorra otimização na utilização de 
forragem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
48 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASANUÁRIO DA PECUÁRIA BRASILEIRA (ANUALPEC). Anuário estatístico da pecuária 
de corte. São Paulo: FNP Consultoria & Comércio, 2013. 
 
BARBOSA, A.M.; VALADARES, R.F.D.; VALADARES FILHO, S.C.; VÉRAS,R.M.L.; 
LEAO, M.I.; DETMANN, E.; PAULINO, M.F.; MARCONDES, M.I.; SOUZA, M.A. Effect 
of urinary collection days, concentrate levels and protein sources on creatinine, urea and 
purine derivatives excretions and microbial protein synthesis in Nellore cattle. Revista 
Brasileira de Zootecnia, v.35, n.3, p. 870- 877, 2006. 
 
BRODERICK, G.A.; CLAYTON, M.K. A statistical evaluation of animal and nutritional 
factors influencing concentrations of milk urea nitrogen. Journal of Dairy Science, v.80, 
p.2964-2971, 1997 
 
COLMENERO, J.J.O; BRODERICK, G.A. Effect of dietary crude protein concentration on 
ruminal nitrogen metabolism in lactating dairy cows. J. Dairy Scie., v.89, p.1694-1703, 
2006a. 
 
COSTA, V.A.C.; DETMANN, E.; VALADARES FILHO, S.C. et al. Degradação in vitro da 
fibra em detergente neutro de forragem tropical de baixa qualidade em função de 
suplementação com proteína e/ou carboidratos. Revista Brasileira de Zootecnia, v.37, 
p.494-503, 2008. 
 
COSTA, N. de L.; MONTEIRO, A. L. G.; SILVA, A. L. P.; MORAES, A. de; GIOSTRI, A. 
F.; STIVARI, T. S. S.; BALDISSERA, T. C.; PIN, E. A. Considerações sobre a degradação 
da fibra em forragens tropicais associada com suplementos energéticos ou nitrogenados. 
Archivos Zootecnia, v. 64, p.31-41, 2015. 
 
DETMANN, E.; PAULINO, M.F.; MANTOVANI, H.C. et al. Parameterization of ruminal 
fibre degradation in low-quality tropical forage using Michaelis-Menten kinetics. Livestock 
Science, v.126, p.136-146, 2009. 
 
49 
 
FIGUEIRAS, J. A.; DETMANN, E.; PAULINO, M. F.; VALENTE, T. N. P.; VALADARES 
FILHO, S. C. & LAZZARINI, I. Intake and digestibility in cattle under grazing supplemented 
with nitrogenous compounds during dry season. R. Bras. Zootec. [online]. 2010, vol.39, n.6, 
pp.1303-1312. ISSN 1806-9290. 
 
HADDAD, C.M. Uréia em suplementos alimentares. In: SIMPÓSIO SOBRE NUTRIÇÃO 
DE BOVINOS – URÉIA PARA RUMINANTES, 2., 1984, Piracicaba. Anais... Piracicaba: 
Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz, 1984. p.119-141 
 
HALL, M.B. Neutral Detergent-Soluble Carbohydrates Nutritional Relevance And Analysis. 
Institute of Food and Agricultural Sciences, University of Florida. Bulletin 339, 2000. 
 
HORWITZ, W.; LATIMER JUNIOR, G.W. (Ed.). Official methods of analysis of the 
association analytical chemists. 18th ed. Maryland: AOAC International, 2005. 
 
MERTENS, D.R. Gravimetric determination of amylase-treated neutral detergent fiber in 
feeds with refluxing in beakers or crucibles: collaborative study. Journal of AOAC 
International, v.85, p.1217-1240, 2002. 
 
OBEID, J.A.; PEREIRA, O.G.; PEREIRA, D.H.; VALADARES FILHO, S.C.; CARVALHO, 
I.P.; MARTINS, J.M. Níveis de proteína bruta em dietas para bovinos de corte: consumo, 
digestibilidade e desempenho produtivo. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v.35, n.6, 
p.2434-2442, 2006. 
 
OLIVEIRA, L.O.F.; SALIBA, E.O.S.; BORGES, I.; GONÇALVES, L.C.; FIALHO, M.P.F.; 
MIRANDA, P.A.B. Parâmetros ruminais e síntese de proteína metabolizável em bovinos de 
corte sob suplementação com proteinados contendo diversos níveis de proteína bruta. Revista 
Brasileira de Zootecnia, v.38, p.2506-2515, 2009. 
 
PAULINO, M. F. ; DETMANN, Edenio ; VALENTE, Eriton Egídio Lisboa ; BARROS, 
Lívia Vieira de. Nutrição de bovinos em pastejo. In: Simpósio sobre manejo estratégico da 
pastagem, 4., 2008, Viçosa, MG. Anais... Viçosa, MG: DZO-UFV, p.131-169, 2008. 
 
http://lattes.cnpq.br/7337016110305690
http://lattes.cnpq.br/9375246302317772
http://lattes.cnpq.br/9490340357962289
http://lattes.cnpq.br/9490340357962289
50 
 
PEREIRA, M.L.A.; VALADARES FILHO, S.C.; VALADARES, R.F.D. et al. Consumo, 
digestibilidade aparente total, produção e composição do leite em vacas no terço médio da 
lactação alimentadas com níveis crescentes de proteína bruta no concentrado. Rev. Bras. 
Zootec., v.34, p.1040-1050, 2005b. 
 
ROTTA, P.P.; et al. Exigências de proteína para bovinos de corte. In. Sebastião de Campos 
Valadares Filho; et al. (Ed.). Exigências nutricionais de zebuínos puros e cruzados – BR-
Corte. 3º ed. Viçosa: UFV, DZO, 2016. 
 
REIS, R.A.; OLIVEIRA, A.A.; SIQUEIRA, G.R. et al. Semi-confinamento para produção 
intensiva de bovinos de corte. In: Simpósio Matogrossense de Bovinocultura de Corte, 1, 
Cuiabá, MT. Anais... p.195-222, 2011. 
 
RESENDE, F. D.; MORETTI, M. H.; ALVES NETO, J. A.; LIMA, B. S.; SIQUEIRA, G. R. 
Nível de oferta de suplemento na terminação de bovinos a pasto. In: VI Congresso Latino-
Americano de Nutrição Animal- São Paulo, 2014. 
 
VALADARES FILHO, S. DE C.; PINA, D. DOS S. Fermentação Ruminal. IN: 
BERCHIELLE, T. T.; PIRES, A. V.; OLIVEIRA, S. G. de. Nutrição de Ruminantes. 
Jaboticabal: Funep, 583p. 2006. 
 
VALENTE, T. N. P.; DETMANN, E.; QUEIROZ, A. C.; VALADARES FILHO, S. C.; 
GOMES, D. I.; FIGUEIRAS, J. F. Evaluation of rumen degradation profiles of forages using 
bags made from different textiles. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, MG, v. 40, n. 11, 
p. 2565-2573, 2011. 
 
VAN SOEST, P.J. e ROBERTSON, J.B. Analysis of forages and fibrous foods. Ithaca: 
Cornell University, 202p, 1985.

Mais conteúdos dessa disciplina