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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA O DESENVOLVIMENTO INFANTIL SEGUNDO A PERSPECTIVA DE WINNICOTT JOÃO PESSOA 2012 UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA ROSANE ANGELO OLIVEIRA O DESENVOLVIMENTO INFANTIL SEGUNDO A PERSPECTIVA DE WINNICOTT Trabalho da disciplina Psicologia do Personalidade I apresentado a professora Sandra Helena como exigência para obtenção parcial da nota do período 2012.1 JOÃO PESSOA 2012 Donald Woods Winnicott, médico pediatra que em 1927 foi aceito como iniciante na Sociedade Britânica da Psicanálise, considerado como analista em 1934 e como analista de crianças em 1935. Ele estava atuando no hospital infantil quando concluiu que o tratamento de crianças mentalmente transtornadas e das suas mães lhe deu a experiência com a qual ele construiria a maioria das suas originais teorias. Durante o curto período que ele poderia dedicar-se a cada caso o levou ao desenvolvimento das suas inter – consultas terapêuticas que é uma das inovações da prática clínica que ele introduziu. Atuando com a função de pediatra, Winnicott desenvolveu sua psicanálise baseada nas relações familiares entre a criança e o ambiente, considerando que todo ser humano tem um potencial para o desenvolvimento, mas que para tornar esse potencial como algo real, o ambiente se faz necessário. Na fase inicial, esse ambiente é a mãe – ou alguém que exerça a função materna – e apoiada especialmente pelo pai. Para chegar ao desenvolvimento completo, a criança passa por fases de dependência rumo à independência, aonde chega na fase adulta estabelecendo um padrão que seja uma junção entre copiar os pais e formar uma identidade pessoal. Winnicott constatou a importância do brincar e dos primeiros anos de vida na construção da identidade pessoal do indivíduo. Dessa forma, suas conclusões tornaram- se preciosas para o trabalho dos educadores, aonde boa parte dos seus conceitos se referem ao desenvolvimento emocional primitivo, cujos seus efeitos são de muita importância para o indivíduo por se estenderem para além da infância e inclusive, aonde muitos problemas da fase adulta estarem vinculados a disfunções ocorridas entre a criança e o ambiente, este último representado geralmente pela mãe. Segundo Winnicott, a mãe ou a figura que exerça a função materna boa, é aquela que efetua uma adaptação ativa às necessidades do bebê, adaptação essa que diminui gradativamente, segundo a capacidade deste em aquilatar o fracasso da adaptação e em tolerar os resultados da frustração. Vale salientar que esses cuidados dependem da necessidade de cada criança, pois cada ser humano responderá ao ambiente de forma própria, apresentando a cada momento, condições, potencialidades e dificuldades variadas. Para Winnicott, a sustenção ou holding protege contra o agravo fisiológico. O holding leva em consideração a sensibilidade epidérmica da criança, ou seja, o tato, a temperatura, a sensibilidade auditiva, visual e as quedas, assim como o fato de que a criança não tem conhecimento da existência de tudo o que não seja ela mesma. Inclui toda a rotina de cuidados ao longo do dia e da noite. A sustentação envolve, em especial, o fato físico de sustentar a criança nos braços, e que constitui uma forma de amar. A mãe funciona nesse caso, com um ego auxiliar. Winicott propõe que, durante os últimos meses de gestação e semanas inicias posteriores ao parte produz-se na mãe um estado psicológico especial chamado de preocupação materna primária. Em que a mãe adquire por essa sensibilização uma capacidade particular para se identificar com as necessidades do bebê. O holding feito pela mãe é o fato essencial que decide a passagem do estado de não-integração, que caracteriza o recém-nascido, para a integração posterior. O vincula entre a mãe e o bebê acertará as bases para o desenvolvimento saudável das capacidades inatas do indivíduo. O self se forma com base nas experiências em que o bebê acumula, sendo considerado aquilo, que embora indefinível, faz o indivíduo sentir que ele é único. Se a mãe aceitar as manifestações do bebê, como por exemplo, a fome, ao invés de impor o que acredita ser o certo, o bebê vai acumulando experiências nas quais ele é sempre o sujeito e o self que se torna pode ser considerado verdadeiro. Em contrapartida, o self construído em torno da vontade alheia é o que Winnicott chama de falso self e que priva o indivíduo de liberdade e de criatividade. Na visão winnicottiana, já nos primórdios da existência, é fundamental para a constituição do self o modo como a mãe coloca o bebê no colo e o carrega; dá-se, assim, a continuidade entre o inato, a realidade psíquica e um esquema corporal pessoal. No princípio da vida, as necessidades do bebê são de ordem corporal, havendo também necessidades ligadas ao desenvolvimento psíquico. A adaptação da mãe as necessidades do bebê consolida-se através do emprego de três funções maternas: 1) A apresentação do objeto, 2) o holding e 3) o handling. Segundo Winnicott,’’ O holding é o somatório de aconchego, percepção, proteção e alegria fornecidos pela mãe". Começa como algo vital, como o oxigênio e a http://pt.wikipedia.org/wiki/Self alimentação, e se dilui conforme o bebê cresce. O acolhimento adequado pode ajudar uma criança regida por um self falso – geralmente boazinha e obediente – a se tornar mais espontânea. Da relação saudável que ocorre entre a mãe e o bebê, emergem os fundamentos da constituição da pessoa e do desenvolvimento emocional-afetivo da criança. A capacidade da mãe em se identificar com seu filho permite-lhe satisfazer a função sintetizada por Winnicott na expressão holding. Ela é a base para o que gradativamente se transforma em um ser que experimenta a si mesmo. A função do holding em termos psicológicos é fornecer apoio egóico, em particular na fase de dependência absoluta antes do aparecimento da integração do ego. O holding inclui principalmente o segurar fisicamente o bebê, que é uma forma de amar; contudo, também se amplia a ponto de incluir a provisão ambiental total anterior ao conceito de viver com, isto é, da emergência do bebê como uma pessoa separada que se relaciona com outras pessoas separadas dele. O estado de preocupação materna primária implica em uma regressão parcial por parte da mãe, a fim de identificar-se com o bebê afim de saber do que ele necessita, mas deve sempre manter o seu lugar de adulta. Entendendo que é um estado temporário pois o bebê passará da dependência absoluta para a dependência relativa, o que é de fundamental importância para o seu amadurecimento saudável. A dependência absoluta diz respeito ao fato do bebê depender inteiramente da mãe para ser e realizar sua tendência inata à integração em uma unidade. A medida que a integração torna-se mais sólida, o amadurecimento exige que,de forma lenta, algo do mundo externo se misture a área de onipotência do bebê. Ser capaz de adotar um objeto transicional já anuncia que esse processo está em curso e que a partir disso, algumas mudanças se insinuam. O objeto transicional representa a primeira posse não-ego da criança, que tem um caráter de intermediação entre seu mundo interno e externo. O conceito de objeto ou fenômeno transicional recebe três usos diferentes: um processo evolutivo, como etapa de desenvolvimento; vinculada às angústias de separação e às defesas contra elas; representando um espaço dentro da mente do indivíduo. E ainda em algumas condições, o fenômeno ou objeto transicional pode ter uma evolução patológica, ou mesmo se associar a certas condições anormais. O objeto transicional é algo que não está definitivamentenem dentro nem fora da criança que servirá para que o sujeito possa experimentar com essas situações e possa ir demarcando seus próprios limites mentais em relação ao externo e ao interno.A ligação e o distanciamento do objeto transicional deixa em cada sujeito uma marca diferente, permanecendo na mente do indivíduo um espaço que, assim como o objeto transicional, é intermediário entre o interno e o externo. A ligação e o afastamento do objeto transicional deixa em cada sujeito uma marca: fica na mente do indivíduo um espaço que, assim como o objeto transicional, é intermediário entre o interno e o externo e é nesse espaço que se produz muitas das atividades relacionadas a criatividade do homem, como por exemplo as artes, que representam o mundo interno para o exterior e em certo modo, representam a realidade para si mesmo. O bebê quando está passando para a dependência relativa pode tornar-se consciente da necessidade dos detalhes do cuidado maternal e fazer uma relação entre eles, em uma dimensão crescente, a impulsos pessoais. Inicialmente, entre a passagem da dependência absoluta para a dependência relativa, os objetos transicionais exercem a função indispensável de amparo por substituírem a mãe que se desadapta e desilude o bebê. A transição marca o inicio da desmistura, da quebra da unidade mãe-bebê e no progresso da dependência absoluta até a relativa, Winnicott definiu três etapas sucessivas em que ocorrem a maturação emocional: a da integração e personalização, a da adaptação à realidade e a de pré-inquietude ou crueldade primitiva. Para Winnicott as experiências iniciais são estruturantes do psiquismo, participam da organização da personalidade e da formação dos sintomas. O bebê nasce em um estado de não integração, aonde os núcleos do ego estão soltos e para o bebê, estes núcleos estão incluídos em uma unidade que ele forma com o meio ambiente. A finalidade desta etapa é a integração dos núcleos do ego e a personalização, adquirindo a sensação de que o corpo abriga o verdadeiro self. O objeto unificador do ego inicial não integrado da criança é a mãe e sua atenção (holding). Pode-se dizer que a integração é obtida a partir de duas séries de experiências: por um lado tem especial importância a sustentação exercida pela mãe que permite que a criança se sinta integrada dentro dela, por um lado há um tipo de experiência que tende a reunir a personalidade em um todo, a partir de dentro. Por meio dessas experiências, a criança consegue reunir os núcleos do seu ego, adquirindo a noção de que ela é diferente do mundo que a rodeia. Esse momento de diferenciação caracteriza- se entre o eu e não eu, que pode ser perigoso para o bebê quando o mundo externo é sentido como perseguidor e/ ou ameaçador. Esses temores são neutralizados, dentro do desenvolvimento saudável, pela existência do cuidado amoroso por parte da mãe. A personalização é definida como o sentimento de que a pessoa de alguém encontra-se no próprio corpo.Winnicott sugere que o desenvolvimento normal levaria a alcançar um esquema corporal, chamando-o de unidade psique-soma, aonde mente e psique são conceitos diferentes, tratando-se de registros relacionados, mas heterogêneos.A psique é a elaboração imaginativa das partes, sentimentos e funções somáticas e não se separa, nem se divide do soma. A mente, no desenvolvimento sadio, não é nada mais do que um caso particular do funcionamento do psicossoma, surgindo como uma especialidade a partir da parte psíquica do psicossoma. É nesse período de dependência relativa, que o bebê vive estados de integração e não integração, forma conceitos de eu e não-eu, mundo externo e interno, estágio de concernimento, podendo então seguir em seu amadurecimento constante, o que Winnicott denomina independência relativa ou rumo à independência. Nesse momento, o bebê desenvolve maneiras para poder prescindir do cuidado maternal, ele o consegue realizar mediante a acumulação de memórias de maternagem, da projeção de necessidades pessoais e da introjeção dos detalhes do cuidado maternal, com o desenvolvimento da confiança no ambiente. A etapa seguinte é conseguir alcançar uma adaptação à realidade.Nessa etapa a mãe tem o papel de prover a criança com os elementos da realidade com que irá construir a imagem psíquica do mundo externo. A adaptação absoluta do meio ao bebê se torna adaptação relativa, através de um delicado processo gradual de falhas em pequenas doses. Winnicott considera que a atividade mental da criança faz com que um meio ambiente suficiente se transforme em um perfeito, converte o relativo fracasso da adaptação em um sucesso adaptativo. A mente se desenvolve através da capacidade ao longo do tempo de compreender e compensar as falhas, sendo uma função do ambiente à medida que ele começa a falhar. O resultado disto será a emergência da capacidade do próprio sujeito de cuidar de seu self, atingindo um estágio de dependência madura. Depois da criança conseguir alcançar a diferenciação entre ela e o meio ao seu redor e se adaptar até certo ponto à realidade, pela assimilação de pautas objetivas dela, que modificam suas fantasias, o último passo que deve dar é integrar em um todo as diferentes imagens que tem de sua mãe e do mundo. De acordo com Winnicott, a criança pequena tem uma cota inata de agressividade que se expressa em determinadas condutas auto-destrutivas. O bebê volta seu ódio sobre si mesmo afim de proteger o objeto externo, mas essa manobra não é suficiente e em sua fantasia a mãe pode ficar danificada. Sendo assim, a mãe é além do objeto que recebe a agressão da criança, é aquela que cuida dela e a protege. Quando a criança expressa raiva e recebe amor, confirma que a mãe sobreviveu e é um ser independente dela, adquirindo a noção de que suas próprias pulsões não são tão danosas e pode, aceitar a responsabilidade que possui sobre elas. A mente do indivíduo vai sendo povoada pela imagem de que a mãe que é agredida e a mãe que cuida fazem parte de sua vida, adquirindo a capacidade de se preocupar com o bem-estar, como objeto total. Isso se constitui como o grande sucesso que Winnicott identifica como a última das etapas do desenvolvimento emocional primitivo. É sempre importante ressaltar que a independência para Winnicott nunca é absoluta, aonde o indivíduo sadio não se torna isolado, mas relaciona-se com o ambiente de maneira que pode se dizer que ambos se tornam interdependentes. Referências Wikipédia A Enciclopédia Livre - Donald Woods Winnicott. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Donald_Woods_Winnicott>. Acesso em: 11 out. 2012. BITENCOURT, L, TEIXEIRA, L.(et. al.).Teorias de Desenvolvimento – Winnicott, 2008. Disponível em: <http://psicologandonanet.blogspot.com.br/2008/03/teorias-de- desenvolvimento-winnicott.html> . Acesso em: 11 out. 2012. FERRARI, M. Donald Winnicott – Este medico ingles enfatizou a importância de brincar e de criar para a criança, 2011. Disponível em: <http://educarparacrescer.abril.com.br/comportamento/donald-winnicott- 427693.shtml>. Acesso em: 11 out. 2012. MOURA, J. Winnicott – Principais Conceitos, 2008. Disponível em: < http://artigos.psicologado.com/abordagens/psicanalise/winnicott-principais-conceitos>. Acesso em: 11 out. 2012. ZANETTE, G. L. Breve Resumo da Psicanálise de Winnicott, 2008. Disponível em: <http://symphonicnews.wordpress.com/2008/12/02/breve-resumo-da-psicanalise-de- winnicott/>. Acesso em: 11 out. 2012. MOURA, J. Introdução à teoria de Winnicott. Disponível em: <http://artigos.psicologado.com/abordagens/psicanalise/introducao-a-teoria-de- winnicott>. Acesso em: 11 out. 2012. http://pt.wikipedia.org/wiki/Donald_Woods_Winnicott http://artigos.psicologado.com/abordagens/psicanalise/winnicott-principais-conceitos http://symphonicnews.wordpress.com/2008/12/02/breve-resumo-da-psicanalise-de-winnicott/http://symphonicnews.wordpress.com/2008/12/02/breve-resumo-da-psicanalise-de-winnicott/
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