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1 Conceitos, Fontes e Interpretacao

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DIREITO PENAL 
PARTE GERAL 
CONCEITOS, FONTES E 
INTERPRETAÇÃO 
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1. CONCEITOS 
 
É o ramo do direito público que define as infrações penais, estabelecendo a 
correspondente sanção aos infratores, prestando-se apenas à tutela de bens jurídicos 
relevantes. 
 
1.1. LEGISLAÇÃO PENAL BRASILEIRA 
 
1 Código Penal (Dec. Lei 2.848/40) 
2 Legislação Especial 
 
 
2. FONTES 
 
Material 
(fonte de criação) 
União (regra) e Estados e DF (competência suplementar). 
Formal 
(fonte de expressão) 
Imediata/Direta Lei. 
Mediata/Indireta Costume e princípios gerais do direito. 
 
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: 
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial 
e do trabalho; 
 
• A Constituição Federal não cria crimes, apenas estabelece os patamares mínimos. 
Quem cria o crime é a Lei, obedecendo aos patamares estabelecidos pela CF; 
 
• Os Tratados e Convenções Internacionais, após serem referendados pelo 
Congresso Nacional, constituem fontes imediatas, possuindo eficácia erga omnes; 
 
• O ato administrativo pode ser considerado fonte quando complementa uma 
norma penal em branco (ex.: Portaria 344/MS, que descreve o conceito de droga 
para os fins da Lei 11.343/06); 
 
• O costume não pode criar um crime, mas pode revogá-lo; 
 
 
3. INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL 
 
3.1. QUANTO AO SIJEITO/À ORIGEM 
 
Autêntica 
Fornecida pelo próprio legislador. 
Ex.: Conceito de funcionário público (art. 327, CP) 
Doutrinária 
Interpretação realizada pelos estudiosos. 
Ex.: Exposição de motivos do Código Penal. 
Jurisprudencial 
Significado, vinculativo ou não, dado às leis pelos tribunais. 
Ex.: Súmula Vinculante 
 
 
3 
 
3.2. QUANTO AO MODO 
 
Gramatical Sentido literal das palavras. 
Teleológica Finalidade almejada pela lei. 
Histórica O intérprete indaga a origem da lei. 
Sistemática Interpretação em conjunto com a lei e os princípios gerais do direito. 
Progressiva Significado de acordo com a evolução da ciência. 
 
• Ainda que o texto legal seja suficientemente claro – in claris cessat 
interpretatio –, poderá haver a interpretação gramatical; 
 
 
3.3. QUANTO AO RESULTADO 
 
Declaratória 
A letra da lei corresponde exatamente àquilo que o legislador quis 
dizer. 
Restritiva 
Reduz o alcance das palavras da lei para corresponder à vontade 
da lei. 
Extensiva 
Amplia o alcance das palavras da lei para corresponder à vontade 
da lei. 
 
 
4. INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA X INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA X ANALOGIA 
 
INTERPRETAÇÃO 
EXTENSIVA 
INTERPRETAÇÃO 
ANALÓGICA 
ANALOGIA 
Forma de interpretação Forma de interpretação Forma de integração 
Existe norma para o caso 
concreto 
Existe norma para o caso 
concreto 
Não existe norma para o 
caso concreto 
Amplia-se o alcance da 
palavra 
Exemplos seguidos de um 
encerramento genérico 
Cria-se uma nova norma a 
partir de outra 
Beneficiar e prejudicar Beneficiar e prejudicar Somente beneficiar 
 
 
5. CONFLITO APARENTE DE NORMAS 
 
É o conflito que se estabelece entre duas ou mais normas aparentemente aplicáveis 
ao mesmo fato. 
 
ELEMENTOS/PRESSUPOSTOS 
1 Unidade do fato 
2 Pluralidade de normas 
3 Aplicação aparente das normas envolvidas 
4 Efetiva aplicação de apenas uma delas 
 
 
4 
 
5.1. FINALIDADE 
 
• Assegurar a harmonia e a coerência do sistema; 
 
• Evitar a possibilidade do bis in idem que poderia ocorrer caso duas normas 
incidissem sobre o mesmo fato. 
 
 
5.2. PRINCÍPIOS 
 
a) ESPECIALIDADE - Uma lei/disposição especial prevalece sobre a geral. 
 
Ex.: Aplica-se o ECA ao homicídio praticado por um menor de idade; 
 
 
b) SUBSIDIARIEDADE – Aplica-se a norma menos grave caso a mais grave não 
se consume (soldado de reserva). 
 
Ex.: Aplicação do constrangimento ilegal sobre a ameaça. 
 
 
c) CONSUNÇÃO - Um crime meio (menos grave) é necessário para a execução 
de um crime fim (mais grave). 
 
Ex.: Falsificar um cheque como meio para um estelionato. 
 
CONSEQUÊNCIAS 
Antefactum impunível 
Ex.: A violação de domicilio é impunível após a prática 
do crime de furto. 
Post factum impunível 
Ex.: O uso do documento falso por aquele que o 
falsificou. 
Crime progressivo 
Ex.: Para se praticar o homicídio, necessariamente há de 
se praticar a lesão corporal. 
Progressão criminosa 
Ex.: O agente pretende inicialmente praticar um roubo, 
mas acaba por cometer um latrocínio. 
Crime complexo 
Ex.: O latrocínio é o resultado da soma do roubo com o 
homicídio. 
 
 
d) ALTERNATIVIDADE (DOUTRINA) – Aplicado aos crimes de ação múltipla, 
em que a lei descreve vários tipos nucleares que tipificam um único crime. 
 
Ex.: Lei de drogas.

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