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10 Crimes contra a dignidade sexual

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DIREITO PENAL 
PARTE ESPECIAL 
CRIMES CONTRA A 
DIGNIDADE SEXUAL 
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1. ESTUPRO 
 
• Quanto ao sujeito ativo e ao sujeito passivo, trata-se de crime comum, podendo 
ser praticado e sofrido por qualquer pessoa; 
 
• Quanto ao elemento subjetivo, trata-se do dolo, não sendo admitida a forma 
culposa; 
 
• Quanto ao resultado, trata-se de crime material, consumando-se com a efetiva 
conjunção carnal ou ato libidinoso, sendo plenamente admissível a tentativa; 
 
• Se o crime for praticado por agente que tenha obrigação de cuidado, proteção 
ou vigilância, a pena será majorada em metade; 
 
• De acordo com a lei 8.072/90, é considerado crime hediondo em todas as suas 
formas; 
 
• Quanto à ação penal, em regra, será pública condicionada à representação, mas, 
quando a vítima for menor de 18 ou vulnerável, será pública incondicionada; 
 
1.1. Estupro Simples 
 
Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção 
carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso: 
Pena - reclusão, de 6 a 10 anos. 
 
1.2. Estupro Qualificado 
 
§ 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 
18 ou maior de 14 anos: 
Pena - reclusão, de 8 a 12 anos. 
 
§ 2o Se da conduta resulta morte: 
Pena - reclusão, de 12 a 30 anos 
 
Pena 
Reclusão de 12 a 30 anos Se resulta Morte 
Reclusão de 8 a 12 anos 
Se resulta L.C. Grave 
Idade (-18 ou +14) 
 
• Se o crime causar apenas lesão corporal leve, ela será absorvida pelo crime de 
estupro, ou seja, o agente não responderá pela lesão em concurso com o 
estupro; 
 
 
2. VIOLÊNCIA SEXUAL MEDIANTE FRAUDE (ESTELIONATO SEXUAL) 
 
Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude 
ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima: 
Pena - reclusão, de 2 a 6 anos. 
 
Parágrafo único. Se o crime for cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-
se também multa. 
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• Quanto ao sujeito ativo e ao passivo, trata-se de crime comum, podendo ser 
praticado e sofrido por qualquer pessoa; 
 
• Quanto ao elemento subjetivo, trata-se do dolo, não sendo admitida a modalidade 
culposa; 
 
• Quanto ao resultado, trata-se de crime material, consumando-se com a efetiva 
conjunção carnal ou ato libidinoso, sendo plenamente admissível a tentativa; 
 
• Se a fraude for empregada de modo a reduzir por completo a capacidade de 
discernimento da vítima, caracteriza-se o crime de estupro de vulnerável; 
 
 
3. ASSÉDIO SEXUAL 
 
Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, 
prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência 
inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função. 
Pena – detenção, de 1 a 2 anos. 
 
• Quanto ao sujeito ativo, trata-se de crime próprio, exigindo uma qualidade de 
superior hierárquico (âmbito laboral) sobre a vítima; 
 
• Quanto ao resultado, trata-se de crime formal, consumando-se com o efetivo 
constrangimento da vítima; 
 
3.1. Majorante 
 
§ 2o A pena é aumentada em até 1/3 se a vítima é menor de 18 anos. 
 
 
4. ESTUPRO DE VULNERÁVEL 
 
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 anos: 
Pena - reclusão, de 8 a 15 anos. 
 
• Quanto ao sujeito ativo, trata-se de crime comum, podendo ser praticado por 
qualquer pessoa; 
 
• Quanto ao sujeito passivo, trata-se de crime próprio, exigindo-se a qualidade 
especial da vítima (menor de 14 anos ou incapaz no momento); 
 
• Quanto ao elemento subjetivo, trata-se de dolo, não se admitindo a forma culposa; 
 
• Quanto ao resultado, trata-se de crime material, consumando-se com a prática 
do ato de libidinagem, sendo a tentativa plenamente possível; 
 
• O consentimento da vítima é indiferente para a caracterização do crime, visto que 
é completamente inválido (presunção absoluta), não sendo admitido nem mesmo 
diante de situações que possam induzir o agente a erro – STJ; 
 
• De acordo com a lei 8.072/90, é considerado crime hediondo em todas as suas 
formas; 
 
 
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4.1. Cláusula de Equiparação 
 
§ 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, 
por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a 
prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência. 
 
4.2. Qualificadora 
 
§ 3o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave: 
Pena - reclusão, de 10 a 20 anos. 
 
§ 4o Se da conduta resulta morte: 
Pena - reclusão, de 12 a 30 anos. 
 
Pena 
Reclusão de 12 a 30 anos Se resulta Morte 
Reclusão de 10 a 20 anos Se resulta L.C. Grave 
 
 
5. CORRUPÇÃO DE MENORES 
 
Art. 218. Induzir alguém menor de 14 anos a satisfazer a lascívia de outrem: 
Pena - reclusão, de 2 a 5 anos. 
 
• Quanto ao sujeito ativo, trata-se de crime comum, podendo ser praticado por 
qualquer pessoa; 
 
• Quanto ao sujeito passivo, trata-se de crime próprio, exigindo-se a qualidade 
especial da vítima (menor de 14 anos); 
 
• Quanto ao resultado, trata-se de crime formal, consumando-se 
independentemente da ocorrência da efetiva corrupção, sendo a tentativa 
plenamente possível; 
 
 
6. SATISFAÇÃO DE LASCÍVIA MEDIANTE PRESENÇA DE CRIANÇA OU 
ADOLESCENTE 
 
Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de 14 anos, ou induzi-lo a presenciar, 
conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem: 
Pena - reclusão, de 2 a 4 anos. 
 
• Quanto ao sujeito ativo, trata-se de crime comum, podendo ser praticado por 
qualquer pessoa; 
 
• Quanto ao sujeito passivo, trata-se de crime próprio, exigindo-se a qualidade 
especial da vítima (menor de 14 anos); 
 
• Quanto ao elemento subjetivo, trata-se de dolo aliado à finalidade especial 
(satisfazer lascívia própria ou de outrem), não se admitindo a forma culposa; 
 
• Quanto ao resultado, trata-se de crime material, consumando-se com a prática 
do ato na presença da vítima, sendo a tentativa plenamente possível; 
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7. FAVORECIMENTO DA PROSTITUIÇÃO OU DE OUTRA FORMA DE EXPLORAÇÃO 
SEXUAL DE CRIANÇA OU ADOLESCENTE OU DE VULNERÁVEL 
 
Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual 
alguém menor de 18 anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o 
necessário discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a 
abandone: 
Pena - reclusão, de 4 a 10 anos. 
 
• Quanto ao sujeito ativo, trata-se de crime comum, podendo ser praticado por 
qualquer pessoa; 
 
• Quanto ao sujeito passivo, trata-se de crime próprio, exigindo-se a qualidade 
especial da vítima (menor de 18 anos, enfermo ou doente mental); 
 
• Quanto ao elemento subjetivo, trata-se de dolo, não se admitindo a forma culposa; 
 
• De acordo com a lei 8.072/90, é considerado crime hediondo em todas as suas 
formas; 
 
§ 1o Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também 
multa. 
 
7.1. Cláusula de Equiparação 
 
§ 2o Incorre nas mesmas penas: 
I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18 e 
maior de 14 anos na situação descrita no caput deste artigo; 
II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem as práticas 
referidas no caput deste artigo. 
 
7.2. Efeito da Condenação 
 
§ 3o Na hipótese do inciso II do § 2o, constitui efeito obrigatório da condenação a 
cassação da licença de localização e de funcionamento do estabelecimento. 
 
 
8. DISPOSIÇÕES GERAIS 
 
8.1. Ação Penal 
 
Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante ação 
penal pública condicionada à representação. 
 
Parágrafo único. Procede-se, entretanto, mediante ação penal pública incondicionada 
se a vítima é menor de 18 anos ou pessoa vulnerável.• Em regra, os crimes contra a dignidade sexual são de ação pública 
condicionada à representação. Entretanto, se a vítima for menor de 18 anos 
ou vulnerável, a ação penal será pública incondicionada; 
 
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8.2. Majorante 
 
Art. 226. A pena é aumentada: 
I – de 1/4, se o crime for cometido com o concurso de 2 ou mais pessoas; 
II – de metade, se o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, 
companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro 
título tem autoridade sobre ela; 
 
 
9. LENOCÍNIO 
 
• Quanto ao sujeito ativo, todos os crimes do gênero são comuns, podendo ser 
praticados por qualquer pessoa; 
 
• O consentimento da vítima é irrelevante em todos os casos; 
 
• Todos os crimes serão de ação penal pública incondicionada; 
 
 
9.1. MEDIAÇÃO PARA SERVIR A LASCÍVIA DE OUTREM 
 
Art. 227 - Induzir alguém a satisfazer a lascívia de outrem: 
Pena - reclusão, de 1 a 3 anos. 
§ 1o Se a vítima é maior de 14 e menor de 18 anos, ou se o agente é seu ascendente, 
descendente, cônjuge ou companheiro, irmão, tutor ou curador ou pessoa a quem esteja 
confiada para fins de educação, de tratamento ou de guarda: 
Pena - reclusão, de 2 a 5 anos. 
§ 2º - Se o crime for cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude: 
Pena - reclusão, de 2 a 8 anos, além da pena correspondente à violência. 
§ 3º - Se o crime for cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa. 
 
 
9.2. FAVORECIMENTO DA PROSTITUIÇÃO OU OUTRA FORMA DE EXPLORAÇÃO 
SEXUAL 
 
Art. 228. Induzir ou atrair alguém à prostituição ou outra forma de exploração sexual, 
facilitá-la, impedir ou dificultar que alguém a abandone: 
Pena - reclusão, de 2 a 5 anos, e multa. 
§ 1o Se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, 
companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, por 
lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância: 
Pena - reclusão, de 3 a 8 anos. 
§ 2º - Se o crime for cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude: 
Pena - reclusão, de 4 a 10 anos, além da pena correspondente à violência. 
§ 3º - Se o crime for cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa. 
 
 
 
 
 
 
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9.3. CASA DE PROSTITUIÇÃO 
 
Art. 229. Manter, por conta própria ou de terceiros, estabelecimento em que ocorra 
exploração sexual, haja, ou não, intuito de lucro ou mediação direta do proprietário ou 
gerente: 
Pena - reclusão, de 2 a 5 anos, e multa. 
 
• Trata-se de crime habitual, não admitindo a tentativa; 
 
 
9.4. RUFIANISMO 
 
Art. 230 - Tirar proveito da prostituição alheia, participando diretamente de seus lucros 
ou fazendo-se sustentar, no todo ou em parte, por quem a exerça: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
§ 1o Se a vítima é menor de 18 e maior de 14 anos ou se o crime for cometido por 
ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, 
preceptor ou empregador da vítima, ou por quem assumiu, por lei ou outra forma, 
obrigação de cuidado, proteção ou vigilância: 
Pena - reclusão, de 3 a 6 anos, e multa. 
§ 2o Se o crime for cometido mediante violência, grave ameaça, fraude ou outro meio que 
impeça ou dificulte a livre manifestação da vontade da vítima: 
Pena - reclusão, de 2 a 8 anos, sem prejuízo da pena correspondente à violência. 
 
• Trata-se de crime habitual, não admitindo a tentativa; 
 
• É aplicado em concurso material com o crime de casa de prostituição – STJ; 
 
 
10. ULTRAJE AO PUDOR PÚBLICO 
 
10.1. ATO OBSCENO 
 
Art. 233 - Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público: 
Pena - detenção, de 3 meses a 1 ano, ou multa. 
 
• Quanto ao resultado, trata-se de crime formal, consumando-se com a 
mera realização do ato, sendo a tentativa plenamente possível; 
 
 
10.2. ESCRITO OU OBJETO OBSCENO 
 
Art. 234 - Fazer, importar, exportar, adquirir ou ter sob sua guarda, para fim de 
comércio, de distribuição ou de exposição pública, escrito, desenho, pintura, estampa 
ou qualquer objeto obsceno: 
Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, ou multa. 
 
• A doutrina admite a aplicação do princípio da adequação social, visto que 
a sociedade, em certos casos, não se sente ofendida com a conduta; 
 
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Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem: 
I - vende, distribui ou expõe à venda ou ao público qualquer dos objetos referidos 
neste artigo; 
II - realiza, em lugar público ou acessível ao público, representação teatral, ou exibição 
cinematográfica de caráter obsceno, ou qualquer outro espetáculo, que tenha o 
mesmo caráter; 
III - realiza, em lugar público ou acessível ao público, ou pelo rádio, audição ou 
recitação de caráter obsceno. 
 
 
11. DISPOSIÇÕES GERAIS 
 
11.1. Majorantes 
 
Art. 234-A. Nos crimes previstos neste Título a pena é aumentada: 
III - de metade, se do crime resultar gravidez; e 
IV - de 1/6 até a metade, se o agente transmite à vítima doença sexualmente 
transmissível de que sabe ou deveria saber ser portador. 
 
• Qualquer crime contra a dignidade sexual que causar à vítima gravidez 
haverá acréscimo de metade na pena; 
 
• A gravidez pode ser causada tanto na vítima quanto na infratora, pois o 
homem também pode ser vítima de estupro; 
 
• Caso a infratora engravide, não será permitido o aborto; 
 
 
11.2. Tramitação 
 
Art. 234-B. Os processos em que se apuram crimes definidos neste Título correrão em 
segredo de justiça.

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