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REDACOES DESCOMPLICA

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REDAÇÕES DESCOMPLICA
Letícia Farias – Nota 960
O livro “Extraordinário” conta a história de uma criança que possui uma deformidade e o modo como sua diferença afeta negativamente seu cotidiano na escola. Do mesmo modo, semelhante ao personagem, alunos surdos no Brasil tem encontrado dificuldades de inclusão, e discriminação no ambiente estudantil. Esse problema se apresenta não só entre colegas de classe, mas também entre os profissionais da educação e atitudes da própria instituição de ensino, que muitas vezes se nega a aceitar um aluno surdo.
Assegurados pela constituição, deficientes de qualquer tipo, possuem o direito à uma educação inclusiva e de qualidade. Porém, na prática existe grande dificuldade por parte dos surdos de encontrar escolas comuns que os aceitem e estejam dispostas à trabalhar de maneira diversificada para sua aprendizagem. Um exemplo disso é o despreparo dos professores, sua falta de conhecimento na linguagem de sinais é muitas vezes a justificativa das escolas para a rejeição do aluno.
Entretanto, o problema não acaba quando o aluno deficiente auditivo consegue se matricular. O convívio com os colegas e a própria equipe ainda é um desafio, assim como o protagonista de “Extraordinário”, o surdo se depara com alunos despreparados, e muitas vezes preconceituosos. Nesse cenário, o deficiente se sente excluído, e sem incentivo educacional.
Portanto, fica evidente que os desafios enfrentados pelo surdo em sua tentativa de conquistar uma formação educacional são um problema a ser resolvido. Como disse Nelson Mandela “A educação é a arma mais poderosa que se pode usar para mudar o mundo”, assim o Ministério da Educação em parceria com escolas e universidades, públicas ou privadas, devem criar programas de inclusão direcionados à alunos e professores, que por meio de palestras, cursos capacitantes e depoimentos de especialistas, os ensinem a compreender e lidar com os surdos. Criando assim um ambiente mais acolhedor para o deficiente e uma familiarização para os alunos, fazendo com que o cenário de “Extraordinário” não se repita.
Comentário
Embora tenha cometido alguns desvios gramaticais, a Letícia arrasou na redação! Tirou 960. Ela começou seu texto com um recurso de impacto: a referência ao livro “Extraordinário” – que tem tudo a ver com o tema proposto. A aluna continuou a construção do seu texto com uma argumentação sólida citando a nossa Constituição. O que é ótimo, já que a dissertação do Enem é conhecida como “redação cidadã”.
Letícia também aprofundou a sua tese expondo uma análise sobre como o deficiente físico é visto pela sociedade – outro recurso de impacto. Afirmou que não é o suficiente apenas o Estado atuar com ações de políticas públicas esse público. Para finalizar, ela caprichou na proposta de intervenção: especificou o que é preciso fazer, quem tem que entrar em ação e como o plano deve ser executado. E ainda citou Nelson Mandela!
Thiago Saback – Nota 980
Segundo o filósofo da educação Paulo Freire, se a educação, por um lado, não altera o mundo, por outro sua ausência torna inviável qualquer mudança. Nesse sentido, verifica-se a importância da aprendizagem formal para o exercício pleno da cidadania por parte do indivíduo. Todavia, no atual contexto social brasileiro, a vivência de uma cultura voltada para a perfeição introduz obstáculos à formação do surdo tanto no meio em que se insere, quanto em seu lado psicológico.
O culto à perfeição estimula o afastamento de todos aqueles que não seguem o padrão vigente. Por esse motivo,  deficientes auditivos se veem isolados e excluídos por seus colegas de classe que, fazendo uso de críticas diretas ou indiretas, aceleram o processo de desidentificação desse grupo em relação àqueles considerados normais perante o julgamento social. Tal postura culmina no desestímulo do surdo não só pela educação, mas também pela comunicação com outros indivíduos.
Somado isso, a cultura perfeccionista estimula um senso de inferioridade no mesmo. Mediante ao cenário em que vive, o deficiente auditivo pode desenvolver um senso de inadequação, sentindo-se não só diferente do outro, mas também menos capaz de atingir conquistas audaciosas, chegando ao ápice de um possível transtorno psicológico ou até mesmo à depressão. De acordo com o psicólogo e autor do livro “A auto-estima e seus pilares”, Nathaniel Branden, quando o indivíduo atinge um alto grau de descrença em sua capacidade de realização, isso tende a refletir na realidade, o que se torna um agravante ainda mais expressivo.
Portanto, é evidente o impacto da cultura da perfeição na formação do surdo no Brasil. Nesse sentido, as mídias televisivas devem abordar em suas programas a temática da igualdade existente entre os deficientes auditivos e o que não o são, de forma a conscientizar a sociedade sobre tal problemática. Além disso, as escolas devem promover eventos de integração por meio de atividades esportivas, visando trabalhar a empatia e a colaboração entre todos os envolvidos. Dessa forma, como exalta Paulo Freire, a educação será a fonte de mudança para todo brasileiro.
Comentário
O Thiago tirou 980! Um notão! O aluno usou muito bem o recurso de originalidade ao citar dois autores: o educador Paulo Freire logo na introdução e o psicólogo Nathaniel Branden ao longo no corpo do texto. Além disso, assim como a Letícia, o aluno também preparou uma conclusão bem completa em que cita a Mídia e a Escola como os agentes interventores da proposta. Algumas rasuras e uma grafia mais ou menos legível prejudicaram um pouco a sua nota. O que é importa é que a redação do Thiago está super concatenada e o mil não veio por pouco.
Júlia Alves – Nota 920
Em 1988, foi criada a Constituição Cidadã, para mudar e ratificar os direitos sociais, civis e políticos de todos os brasileiros. Dessa forma, garantiu-se vários direitos, entre eles, o direito à vida, à liberdade e à educação, independente de etnia, gênero ou qualquer outra forma de discriminação. Apesar desse avanço, os deficientes auditivos do século XXI estão sendo submetidos a dificuldades no âmbito educacional, contradizendo a constituição. Assim, é necessário avaliar o Estados e a sociedade como principais empecilhos na escolaridade dos surdos.
Em primeira instância, é preciso ressaltar a negligência estatal como a protagonista dessa situação. A oferta de professores, no ensino público, conhecedores da língua brasileira de sinais é mínima, principalmente em cidades pequenas. Nesse sentido, o aluno é prejudicado não obtendo boa assimilação do conteúdo, consequentemente, causando baixo desempenho escolar. Com isso, foram criadas escolas especiais exclusivas, entretanto, são em sua maioria particulares, o que elitiza a educação. Além do fato de ocorrer segregação social do surdo, principal motivo de sua marginalização. Assim, é visível o impacto gerado pela falta de investimentos do governo.
Além disso, há o preconceito sofrido pelo indivíduo. Desde o ensino fundamental até o superior, existem pessoas que humilham os diferentes. Tal humilhação tem suas raízes na infância, devido a falta de contato com a diversidade, e, ainda, no caráter individualista da maioria da sociedade, a qual não possui empatia para lidar com outros cidadãos. As consequências dessa violência não são somente psicológicas, como depressão, mas também sociais, como a evasão escolar, visto que o ambiente se torna hostil.
Fica claro, portanto, a magnitude dos desafios enfrentados pelos surdos. Para remediar esse paradigma, o Ministério da Educação deve lembrar do filósofo Aristóteles, a qual dizia que é preciso tratar os desiguais de maneira desigual, na medida de sua desigualdade, e, assim, qualificar professores para atendê-los, fornecendo cursos de libras gratuitamente nas escolas do Brasil, para que essa parte da população tenham iguais oportunidades. E, por fim, as escolas devem fornecer psicólogos e fazer campanhas a favor da educação inclusiva para que a constituição de 88 seja obedecida.
Comentário
A Júlia garantiu o seu 920 apresentando uma teseexplícita logo na introdução. A argumentação é sólida, com um começo, meio e fim bem definidos. Além de que também mostra um viés humanista, analisando como a sociedade se comporta em relação aos deficientes, no corpo do texto.
A proposta de intervenção também é semelhante com a do Letícia e do Thiago. Para tirar mil, faltou impacto e a originalidade. Mas por ser assertiva, direta ao ponto e deixar claro quem deve agir para resolver o problema, pode ser considerada uma excelente redação!

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