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A IMPORTÂNCIA DA ESCOLA PARA A COMUNIDADE SURDA Eni Werdan Rodrigues Leite Michelly Barboza Salgado Sara Teixeira Coutinho ProfªEndye Samara Ferreira (Professor Orientador) Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI LBR 0042 – Seminário Interdisciplinar II 28/11/2018 RESUMO A inclusão e o atendimento do aluno surdo na escola fundamental é o eixo deste trabalho. É essa a opção de iluminar a reflexão sobre a inclusão - na perspectiva do aluno surdo – revela, uma vez mais, a necessidade de (re)aprendermos a olhar a realidade escolar, de modo que enxerguemos, por dentro, a trama que envolve a questão da inclusão do aluno surdo. Quanto mais se tem falado em inclusão nas atuais reformas educativas, mais a exclusão se configura como produto de uma sociedade de desiguais a ser equacionado.Como manter acesa a utopia de incluir pessoas com necessidades especiais em uma sociedade que não resolveu se quer a questão da inclusão das pessoas ditas “normais”? Uma sociedade cuja lógica de funcionamento, se assenta na exclusão só poderá construir, na contradição, políticas de inclusão conseqüentes. A luta pelo atendimento dos alunos surdos e o direito ao convívio social igualitário são temas tratados com rigoroso cuidado neste trabalho. Para tanto, o professor e as instituições de ensino fundamental deverão capacitar-se no sentido de atender a clientela que passará a receber crianças com necessidades especiais, ou que já está recebendo como acontece em várias instituições. Palavras-chave: Escola. Inclusão. Surdez. 1. INTRODUÇÃO O presente trabalho tem como objetivo verificar e analisar a importância da escola para a comunidade surda. É imprescindível destacar que essas pessoas sempre encontraram 2 grandes obstáculos em relação aos recursos didáticos, como, também, à metodologia e à forma como atuam os professores em sua prática pedagógica. Assim, há expectativas de que com melhores condições no processo ensino- aprendizagem; o sujeito com deficiência auditiva possa qualificar e estar mais preparado para ser incluído no mundo do trabalho e conseqüentemente na sociedade. A educação também é considerada como uma das principais formas de participação social dos homens. Neste sentido, o que se pretende abordar é o que se tem por fazer em relação a este desafio de inclusão do deficiente auditivo no ensino fundamental. Quais estão sendo as medidas para receber esta clientela, uma vez que o professor deve sempre estar atento as dinâmicas que viabilizem o processo de ensino aprendizagem e quando receber um aluno especial, estas dinâmicas devem ser assim ainda melhor planejadas para atender o objetivo primordial da educação, que é ensinar e preparar o aluno para viver em sociedade. Na verdade, a presente proposta pretende abordar caminhos necessários para se trabalhar com aluno com deficiência auditiva, uma vez que irá se exigir dos profissionais envolvidos neste processo muito estudos, dedicação e paciência, pois a sua grande maioria se encontra desesperados para lidar com esta situação, conforme MEC/SEESSP (1995). O ponto fundamental refere-se ao desafio encontrado pelos professores em instituições que se encontram desesperados para assumir este papel que lhes é atribuído, visto que em sua grande maioria não possuem informação específica, portanto sentem-se de mãos atadas, às vezes incapazes de desempenhar o papel de ensinar, o que acaba frustrando educandos e educadores. Neste sentido, as fontes de pesquisa foram de natureza bibliográficas, ou seja, buscando teorias que nos auxiliem a explicar este problema. 1.1 A PESSOA SURDA: DO DIAGNÓSTICO A PARTICIPAÇÂO SOCIAL A deficiência auditiva traz muitas limitações para o desenvolvimento do indivíduo. Considerando que a audição é essencial para a aquisição da linguagem falada, sua deficiência influi no relacionamento da mãe com o filho e cria lacunas nos processos psicológicos de integração de experiências, afetando o equilíbrio e a capacidade normal de desenvolvimento da pessoa. 3 Mesmo assim, ainda hoje, a sociedade conhece pouco o deficiente. Esse desenvolvimento se reflete; na ausência de estatísticas brasileiras tanto a respeito de seu número real quanto das formas de assistência disponíveis, de sua integração social e de sua inclusão no mercado de trabalho. O retrato da ausência de informação se reflete na rara presença desse assunto em noticiários, e na pequena oferta de trabalho adequados a deficientes – apesar de eles corresponderem a cerca de cem por cento da população de países em desenvolvimento, como o Brasil. No Brasil existem muitas leis voltadas para os deficientes, indicando a necessidade de diferenciação em relação aos demais cidadãos. No entanto, mesmo após decretadas, as leis são implantadas de modo lento e parcial,sendo ignoradas pela maior parte da população. Os deficientes precisam sempre recorrer à legislação para reivindicar seus direitos de cidadão. 1.2 ATENDIMENTO ESCOLAR: UM PROCESSO INTEGRADOR Partindo do principio que a educação é um direito de todos, o atendimento educacional às pessoas especiais, em ambiente escolar comum ou em grupos especializados, está assegurado na Constituição Brasileira. Ações como a proposta no capítulo V – “A educação especial” – da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional ( LDB 9394/96), vêm demonstrando a abertura do processo de atendimento educacional e a garantia de introduzir nele inovações, objetivando assegurar maiores possibilidades de integração do portador de necessidades especiais a sociedade. De acordo com Sassaki (1998, p.09), “a sociedade inclusiva começou a ser construída a partir de algumas experiências de inserção social de pessoas com deficiência, ainda na década de oitenta”. Ainda segundo o referido autor (1998, p.42): A inclusão social, portanto, é um processo que contribuiu para a construção de um novo tipo de sociedade através de transformações, pequenas ou grandes, nos ambientes físicos e na mentalidade de todas as pessoas, portanto também do próprio portador de necessidades especiais. (SASSAKI, 1998, p. 42). Acredita-se que o processo de integração, que busca normalizar a pessoa com deficiência e atribuir-lhe a responsabilidade de adequação ao meio social, não propõe, conforme constata Mantoan (1998),nenhuma mudança na estrutura social vigente, cabendo ao 4 individuo a responsabilidade de se “adequar” ao sistema. Entretanto, as práticas integracionista demonstram que as pessoas com deficiência não precisam e nem devem ser excluídas socialmente. O processo de inclusão vai muito além da inserção dos alunos na escola, exigindo uma mudança na estrutura social vigente, no sentido de se organizar uma sociedade que atenda aos interesses de todas as pessoas, indiscriminadamente. Sabe-se o Capitalismo é a exclusão social, e neste aspecto, as práticas integracionista favorecem a manutenção desse sistema quando propõe que cabe a cada pessoa adaptar-se à estrutura social vigente. Já o processo de inclusão denuncia as desigualdades e o desrespeito às minorias, reivindicando não só a mudança de estrutura físicas, mas também de concepções pensamento e planejamentos de sociedade, procurando uma nova forma de organização social em que as diferenças individuais sejam respeitadas e não menosprezadas. Acredita-se que a inclusão da pessoa com deficiência seja fundamental, porém, como pensar em uma sociedade inclusiva num sistema capitalista que é organizado de maneira excludente? Será a inclusão uma utopia, como afirma Glat (1998), ou uma possibilidade de acontecer? Pensando no homem como ser em transformação, sujeito de sua própria história, estas são questões para as quais não se tem uma resposta. Segundo Sassaki (1997) Educação inclusa significa dar oportunidades a todos os estudantes, incluindo aqueles com necessidades especiais, para que possam receber serviços educacionais eficazes na preparaçãode pessoas para uma vida satisfatória na sociedade, em classes adequadas às suas idades. A inclusão implica em primeiro lugar, aceitar todas as crianças como pessoa, com seres humanos únicos e diferentes entre si. As diferenças individuais existem entre todos os seres humanos, portanto, não se justifica classificar um grupo de pessoas como sendo especial, justamente porque possuem déficits sensoriais motores, intelectuais, afetivos ou comportamentais. Na realidade todas as pessoas possuem déficits e habilidades nessas mesmas áreas, mas conseguem encontrar maneiras de se saírem bem na vida. A deficiência física é um quarto construído por limitações fundamentais da mobilidade e da locomoção do aluno. Dependendo de sua natureza e grau, pode significar também diminuição da capacidade de manipulação de objetos e mesmo de comunicação. O próprio aluno é sempre a melhor fonte de informações sobre si mesmo. Não devemos subestimar a sua capacidade de saber o que é bom ou não para ele. Mas os pais também devem ser procurados para complementar estas informações. Caso haja necessidade, fazer um acordo com o médico do aluno, para saber mais detalhes sobre as suas condições 5 físicas e quais suas possibilidades e limitações, sempre visando a obter sua participação produtiva no processo ensino-aprendizagem. É necessário ter em mente que a finalidade de ajuda é para que ele se sinta seguro e confortável. Conversar com a turma sobre a necessidade de cada um e desse aluno em particular é um procedimento que promove consciência e a cooperação. É importante que o grupo conheça as necessidades especificas desse aluno e como é importante colaborar para que ele se sinta em classe caso seja pode-se sempre conseguir no grupo, colegas amadurecidos e responsáveis que podem nos auxiliar nos cuidar a assistência às peculiaridades do colega com deficiência física. A participação consciente e responsável dos demais alunos é muito importante para integração social desse aluno. Para que isso ocorra, entretanto, precisamos dar-lhe as oportunidades para falar a respeito da deficiência, explicitar suas fantasias e mitos, confrontando tudo isso com as características peculiares da realidade do colega deficiente. No Referencial Curricular (PCN, 1998, v.1) verificamos que a qualidade do processo envolve questões mais amplas implicadas às políticas públicas, às decisões orçamentárias, à implantação de recursos humanos, aos materiais adequados em termos de quantidade e qualidade e à adoção de medidas educacionais compatíveis em suas diferentes modalidades. Os educadores devem estar dispostos às mudanças e estar constantemente revisando seus conceitos, ideologias e valores, para atuar como elemento facilitador no processo de conscientização da construção de sua cidadania. Esse processo de construção deve partir da sua aprendizagem e dos conhecimentos prévios que esta prática possibilita. Os professores devem ser “colocados em um contexto de aprendizagem e aprender a fazer fazendo: errando, acertando, tendo problemas a resolver, discutindo, construindo hipóteses, observando, revendo, argumentando, tomando decisões, pesquisando” (LEITE, 1999, p. 28). Apesar de a formação e capacitação docente serem reconhecidas pelas políticas públicas referentes à educação, a realidade é que os professores não foram e não são formados para uma educação inclusiva, foram formados em um modelo seletivo/excludente para uma escola seletiva/excludente, e tendem a reproduzir este modelo em suas práticas. A proposta de como romper com esse círculo vicioso passa pela formação em um modelo inclusivo para uma escola inclusiva, o que certamente requer profunda mudança no enfoque da formação acadêmica. Os princípios que norteiam a educação em nosso país são predominantemente baseados na normalização e integração, não dando prioridade às diferenças. A prática pedagógica tem demonstrado que os direitos de todos os portadores de necessidades especiais 6 só vão se efetivar se houver mudanças de atitudes em todas as instâncias da sociedade e da escola. A igualdade em relação aos direitos não exige como condição de existência a uniformidade dos seres humanos, a igualdade convive e se enriquece com a diferença. No entanto, a desigualdade é socialmente construída e, muitas vezes, aprofundada e mantida, baseada nos mecanismos de diferenciação, no preconceito e na discriminação que levam a uma situação de exclusão social. Em contraposição a atitude preconceituosa, discute-se a constituição da alteridade: o reconhecimento do outro, da condição de ser outro, de ser diferente. O entendimento de que essas diferenças não podem ser geradoras de exclusão ou impeditivas da construção da igualdade, coloca na agenda de todas as instituições sociais a inclusão, sem a qual toda a legitimidade dos princípios democráticos está ameaçada (AQUINO, 1998, p.66). À continuidade entre o significado negativo da educação especial, predomínio obsessivo de uma concepção clínica, círculo de baixas expectativas pedagógicas se acrescenta outra questão muito problemática: a falta de reflexão educativa sobre a educação especial. Entretanto, é necessário incluir a análise dos fatos que governam a educação de crianças especiais dentro dos problemas educativos gerais. O fato de que a Educação Especial esteve virtualmente excluída do debate educativo é a primeira e a maior discriminação, sobre a qual se projetam sutilmente todas as demais discriminações; civis, legais, laborais, culturais, entre outras. O direito à educação [...] deve ser analisado, avaliado e planificado conjuntamente a partir do conceito de uma educação plena, significativa, justa, participativa, sem restrições impostas pela beneficiência e a caridade, sem o obsessão curativa da medicina, evitando toda generalização que pretenda discutir educação só a partir e para míticas crianças normais (SKLIAR, 1997, p.15). Para concluir essa reflexão sobre educação especial, Carvalho (2000, p.17) propõe que: [...] por educação especial, entenda-se o conjunto de recursos que todas as escolas devem organizar e disponibilizar para remover barreiras para a aprendizagem de alunos que, por características bio-psicossociais necessitam 7 de apoio diferenciado daqueles que estão disponíveis na via comum da educação escolar. (CARVALHO, 2000, p.17). Este conceito traz implicações político-administrativas extensivas a todos os alunos que, no processo de educação escolar, por inúmeras causas, enfrentam barreiras mais complexas do que as enfrentadas por seus pares ditos normais. Pois não é desejável no próximo milênio, a possibilidade do ensino especial expandir-se como um outro sistema. Espera e deseja-se que todas as crianças, jovens e adultos, todos (com ou sem deficiência) tenham mais sucesso em suas vidas acadêmicas, e possam exercitar suas cidadanias plenas. As pessoas com deficiência fazem parte integrante e indissociável da sociedade. Os serviços especializados destinados especificamente a essas pessoas cumprem o papel fortalecedor da segregação, inclusão fixadora na condição deficiente como se não pudessem beneficiar-se de serviços comuns a que as pessoas convencionais da sociedade recorrem. (ONOTE,1994, p.66, in: SKLIAR, 2000, p.49) Culminando a nossa discussão sobre a educação especial, é importante esclarecer que os movimentos em prol de uma educação para todos são movimentos de inclusão de todos em escolas de qualidade, independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, lingüísticas ou outras, para garantir-lhes a permanência bem sucedida, no processo educacional escolar desde a educação infantil até a universidade , a Educação Especial mais discutida no nosso país nas últimas décadas; a inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais no sistema regular de ensino. “E este tema hoje torna-se propostade intervenção amparada e fomentada pela legislação em vigor e, determinante das políticas públicas educacionais tanto em nível federal, quanto estadual e municipal”. (GLAT, NOGUEIRA, 2000, p.23). 2. A INTEGRAÇÃO À ESCOLA A chamada Educação inclusiva teve inicio nos Estados Unidos através da Lei Pública 94. 142, de 1975 e, atualmente, já se encontra na sua segunda década de implementação. Falar da escola inclusiva, nos remete primeiramente analisar a inclusão social: processo pelo qual a sociedade se adapta para incluir as pessoas até então marginalizar e estas procuram capacidades para participar na vida da sociedade. 8 Segundo Sassaki apud Oliveira (2000) a sociedade inclusiva começou a ser construída a partir de algumas experiência de inserção social de pessoas com deficiência ainda na década de 80, principalmente através das lutas de entidades em instituições representativas.Um marco no Brasil, foi a promulgação da Constituição de 1988 (Constituição Cidadã ) A partir da década de 90, em varias partes do mundo, inclusive no Brasil, grandes e pequenas modificações forma sendo percebidas em setores como escolas, empresas, área de lazer, edifícios urbanos, possibilitando a participação plena de pessoas deficientes, com igualdades de oportunidades junto a população em geral. Na vida educacional, tornou-se necessário que houvesse uma reestruturação geral para que se pudesse acolher todo o aspecto da diversidade humana representada pelo alunado em potencial, ou seja, pessoas com deficiência, físicas, mentais, sensoriais ou múltiplas e com qualquer grau de severidade dessa deficiência; pessoas sem necessidades especiais e com características atípicas. Tiveram grande destaque no processo de inclusão à conferência mundial de educação para todos de 1990, e a conferência mundial de Salamanca, de 1994. Nessa conferência foram avaliadas situações reais que mostravam grande número de crianças adolescentes que estavam fora da escola; daquelas que apesar de freqüentá-las não aprendiam; da não aceitação dos que apresentam necessidades educativas especiais ou da falta de atendimento adequado a estes que acabavam mostrando resultados de fracasso escolar. A escola que devemos defender e que devemos querer, deve ser aquela onde os pais possam por ela, no desejo de uma formação igualitária para seus filhos, na convivência com o outro, sem descriminações e preconceitos. Uma escola onde eles sejam ouvidos e envolvidos com a proposta educacional a ser trabalhada. A escola deve adequar-se a qualquer criança ou adolescente, mantendo programas e currículos adaptados, criando novos recursos para que possa atender da melhor maneira possível as necessidades educacionais de nossos alunos. Acredita-se que, seguindo este caminho, estará promovendo uma nova relação com a inclusão, mudando nossos conceitos e atitudes de maneira consciente, responsável e progressiva, visando uma constante mobilização social, que viabilize uma escola, aquela que priorize o direito de educação para todos. 2.1 PREVENÇÕES: CONQUISTANDO A SENSIBILIDADE DO SER HUMANO 9 A proposta que se apresentará de inclusão, baseia-se no modelo de prevenção, inicia- se pelo conceito de preocupação materna primária, Winnicott (1993) pediatra e psicanalista inglês, descreveu esta atitude como sendo as primeiras providencia que a mãe inicia ao planejar a inclusão do projeto bebê/filho e posteriormente todos os cuidados dispensados durante a gravidez. Nesse momento as fantasias podem ser elaborados positivamente, favorecendo a criação de um espaço interno imaginário (na mente materna primeiramente ) para depois aparecer um espaço externo real, aonde eles ser humano será incluído e aceito. Portanto antes que exista o bebê concreto ele já esta vivo na mente da mãe, vai ocupando e conquistando um lugar de identidade. Nesse espaço imaginário, a mãe pode odiar seu bebê antes que ele a odeie, porque ao permitir a entrada do novo, do desconhecido, do diferente e talvez “deficiente” (quando há presença de sentimentos persecutórios constante ), fere nosso narcisismo (nossa imagem de espelho perfeita e ideal). Ao mesmo tempo que a mãe alimenta a fantasia do igual, perfeito, feio,bonito aparece a ambivalência dos afetos: é a vez da luta entre o amor e ódio, bem e mal,perfeito e imperfeito, aceitar e rejeitar, conhecer e o desconhecimento, medo do estranho, ou será familiar ! Este pressuposto teórico ajuda a compreender esta dinâmica relacional humana entra a maternidade imaginaria e a maternidade ambiente que poderá acolher ou excluir: dependendo da forças dos afetos amorosos ou destrutivos. Se o predomínio for por sentimento perigoso e destrutivo, a defesa será o afastamento, a rigidez, o impedimento, à distância do outro, negação, não quer conhecer. Se forem predominados os sentimentos amorosos, reparadores e construtivos, haverá continência, flexibilidade, compaixão, segurança, desejo de conhecimento. Se as instituições querem que sejam familiares, escolares, sociais ou empresarias, quiseram se constituir como espaços que acolham as diferenças, a meta não deve ser necessariamente enquadrar, mas sim ajudar o “diferente”a encontrar um lugar social, uma identidade. Poderá auxiliar a encontrar respostas por diversas vias, através de outras formas de conhecimento e possibilidades. Entra aqui a teoria da inteligência múltipla, a flexibilidade, as competência e habilidades intelectuais humanas. O que se chama de preocupações materna primária, representa uma metáfora para a escola, para os professores e para os funcionários se prepararem para receber o possível educando incluso. 10 O desafio psicanalítico foi, desde o inicio, propiciar a escuta das diferenças e contribuir para que o sujeito possa entender seu bem estar dentro delas. Trabalhar como aluno com necessidades especiais exige a disponibilidade (interna e externa- maternidade imaginaria e maternidade ambiente suficiente) da equipe administrativa escolar, disponibilidade do educador, dos pais e do aluno. O objetivo principal desta intervenção é um caráter preventivo gradativo, promovendo o pensar sobre a inclusão, sua representação simbólica em nós seres humanos; através da sensibilização, conscientização e informação sobre inclusão no meio escolar. Consideramos o meio escolar como sendo todos os componentes da escola: equipe administrativa (diretores, assistente de direção, coordenador, orientador, pessoal de secretaria), professores, merendeiras, auxiliares, serventes, porteiros, pais do educando em classes especial e inclusos. Aplicação do conceito de vida independente para as pessoas com necessidades especiais Sassaki (1998) preconiza que, na instituição educativa, devem ser adotadas medidas que garantam a locomoção sem barreiras, num ambiente planejado, devidamente conservado e amplamente sinalizado, bem como a remoção das bandeiras atitudinais por parte de gestores, professores, funcionários e alunos. Além disso, é tarefa da instituição adaptar currículos aos alunos com necessidades especiais e isso envolve necessariamente uma reflexão conjunta dos envolvidos no processo educativo. 3. EDUCAÇÃO PARA TODOS Em março de 1990, o Brasil participou da Conferência Mundial sobre Educação para todos, em Jomtien, Tailândia, na qual foi proclamada a Declaração de Jomtien. Nesta Declaração, os paises relembram que ‘a educação é um direito fundamental de todos, mulheres, homens, de todas as idades, no mundo inteiro’. Declaram, também entender que a educação é de fundamental importância para o desenvolvimento da pessoas e das sociedades, sendo um elemento que’pode contribuir para conquistar um mundo mais puro,e que, ao mesmo tempo favorecer o processo social, econômico e cultural a tolerância e a cooperação internacional” Tendo em vista, ao assinar a Declaração de Jomtien, o Brasil assumiu perante a comunidade internacional o compromisso deerradicar o analfabetismo e universal o ensino fundamental no país. Para cumprir com este compromisso, o Brasil tem criado instrumentos 11 norteados para ação educacional e documentos legais para apoiar a construção de sistemas educacional e documentos legais para apoiar a construção de sistema educacionais inclusivos, nas diferentes esferas publicas: municipais, estadual e federal. Para a Declaração da Salamanca, a Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais: Acesso e Qualidade, realizado pelo Unesco em Salamanca (Espanha), em junho 1994 teve com objetivo especifico de discussão, a atenção educacional aos alunos com necessidades educacionais especiais. Nela os paises signatários dos quais o Brasil faz parte declaram: -Todas as crianças de ambos os sexos, tem direito fundamental a educação e que elas devem ser dadas a oportunidade de obter e manter um nível aceitável de conhecimentos; - Cada criança tem característica, interesses, capacidades e necessidades de aprendizagem que lhes são próprios; - Os sistemas educativos devem ser projetados e os programas aplicados de modo que tenha em vista toda a gama dessas diferentes características e necessidades; - As pessoas com necessidades educacionais especiais devem ter acesso as escolas comuns, que deverão integrá-las numa pedagogia centrada na criança, capaz de atender a essas necessidades; - As escolas comuns, com essa orientação integradora, representam o meio mais eficiente de combater atitudes discriminatórias, de criar comunidades acolhedoras, construir uma sociedade integradora e de dar educação para todos. - A Declaração dirige a todos os governos, incitando-os a: - Dar a mais prioridade política e orçamentária à melhoria de seus sistemas educativos, para que possa abranger todas as crianças, independente de suas diferenças ou dificuldades individuais; - Adotar, com força da lei ou política, o principio de educação integrada, que permita a matricula de todas as crianças em escolas comuns, a menos que haja convincentes para o contrário; - Criar mecanismo descentralizados e participativos, de planejamentos e supervisão e avaliação de ensino de crianças e adultos com necessidades educacionais especiais; - Promover e facilitar a participação de pais, comunidades e organizações de pessoas com deficiência no planejamento e no processo de tomada de decisões, para atender alunos com necessidades educacionais especiais; 12 - Assegurar que num contesto de mudanças sistemáticas, os programas de formação de professorado, tanto inicial como continua, estejam voltados para atender às necessidades educacionais especiais, nas escolas integradoras. - A Assembléia Geral das Nações Unidas sobre a Criança, analisou a situação mundial da criança estabeleceu metas a serem alcançadas. Entendendo que a educação é direita e um fator fundamental para reduzir a pobreza e o seu desenvolvimento, deu alta prioridade à tarefa de garantir que, até o ano de 2015, todas as crianças tenham acesso a um ensino primário de boa qualidade, gratuito e obrigatório e que termine seus estudos. Ao assinar esta Declaração Brasil comprometeu-se com o alcance dos objetivos proposto, quem à transformação dos sistemas educacionais inclusivos. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS O termo inclusão tem sido em muitos casos compreendido de forma equivocada, têm sido visto do ponto de vista social em apenas incluir, colocar junto com outros e ponto final, a inclusão é ante de tudo um processo de se auto-analisar, de procurar no outro o que ele tem a nos oferecer, a forma como vê a vida, as coisas e as pessoas. No ambiente inclusivo somos todos diferentes em busca de objetivos comuns, somos fadados ao mesmo fracasso, mas também temos a perspectiva de realizações conjuntas se todos trabalharmos por um lugar comum a todos. Grande parte dos estudos realizados tem o grave problema de ter partido do pressuposto de que as crianças surdas constituem um grupo relativamente homogêneo, cuja variabilidade individual é semelhante à das crianças ouvintes com as quais são comparadas. No entanto, este pressuposto não condiz com a realidade, já que existem muitos subgrupos dentro do grupo de crianças surdas e as diferenças entre elas são, às vezes, maiores que as encontradas entre os surdos como coletivo e os ouvintes. São quatro as variáveis diferenciadoras mais significativas e que mais influem na evolução dos surdos: o nível de perda auditiva, a idade do início da surdez, sua etiologia e os fatores educacionais e comunicativos. Como um processo lento, mas gradual, a aprendizagem do surdo tem um tempo e uma modalidade que cabe em especial a “escola”, oferecer, surgirá um emaranhado de situações do dia a dia que possam sistematizar todo o processo de ensino-aprendizagem, por outro lado não se deseja afirmar, que seja somente na escola, como o único lugar onde deve 13 ocorrer estas mudanças, mas também e principalmente dentro do seio familiar, nas associações e grupos de sociais formados pelos sujeitos surdos. Entrevista: Qual a importância da escola para a comunidade surda? - Para a comunidade em si, tem sido muito importante. Eles ficam conhecidos na escola, o aluno tem contato com eles (surdos); tem experiências e um crescimento grande. Aprendemos com eles e nos incluímos no mundo deles. (Maria Aparecida, pedagoga) Quais as dificuldades do aluno(a) no aprendizado? - A maior dificuldade do aluno é a disciplina de Português, ex.: Verbos... e Matemática. Até por que o(a) aluno(a) não sabe muito a LIBRAS. (Leandro Gouelt Prof. Bilíngue) Gostaria que falasse como é o desenvolvimento do(a) aluno(a) na escola, o que pensa sobre a inclusão? Ela se cumpre? - O desenvolvimento depende do aluno, se ele tem ou não dificuldade para entender, assim como também depende da família para ajudá-lo nesse processo. Quanto a inclusão, a idéia é boa para todos. Eles podem se comunicar tanto com surdos como ouvintes. Aqui realmente se vê a inclusão; mesmo com a falta de materiais, está sendo bem aceita. (Leandro Gouelt Prof. Bilíngue) Como a Comunidade Surda influencia na escola regular? - A escola influencia no laço afetivo das salas de aula, com base na cooperação, de modo que os alunos se sintam seguros e possam compartilhar suas experiências de aprendizagem e complementá-las com seus saberes. (Maria Aparecida C. Siqueira, pedagoga) Como a escola tem contribuído com a Comunidade Surda? - Garantindo uma qualidade de ensino educacional, onde os seus alunos possam reconhecer e respeitar a diversidade de acordo com suas potencialidades e necessidades. (Maria Aparecida, pedagoga) Quais as dificuldades da escola na inclusão de alunos surdos? - A escola encontra dificuldades, pois não possui estrutura adequada, ou seja, espaço físico. (Maria Aparecida, pedagoga) O que gostaria que mudasse na sua educação, ou seja, dos surdos em geral? - Melhorar a questão de haver mais profissionais qualificados nas séries iniciais. Porque muitas vezes há falta desses profissionais. (Vitória Maria, Aluna Surda) Como se sente nesta escola? - Atualmente bem integrada. A turma a aceita muito bem, e tem colaborado para o seu desenvolvimento. (Vitória Maria, Aluna Surda) Qual a importância da escola para você? Gosta de estudar? - Sim. Entendo que aqui é o lugar que se aprende auxiliando o seu desenvolvimento. O que se aprende na escola vira experiências que se leva para casa. (Vitória Maria, Aluna Surda) 14 Como a escola tem visto o aluno com deficiências em geral? -Com olhar diferenciado, assim como toda a equipe pedagógica, tem boa aceitação. Aqui nesta escola, esses alunos não sofrem preconceito, são acolhidos por todos. Também os alunos da escola criaram consciência, auxiliam os deficientes. (Adiléia Maria A. Zanon, Prof. Educação Especial) Como foi o processo educacional, a realidade da escola, para as pessoas da Comunidade Surda? - Depois da lei da inclusão, ficou mais fácil trabalhar comesses alunos. Isto é, quando tem profissionais capacitados. Na maioria das escolas faltam esses profissionais. Ainda existem professores que não aceitam o surdo usar Libras em sala de aula. (Maria Aparecida, pedagoga) Sua aluna surda sabe Libras? -Sabe pouco, é filha de pais ouvintes. Os pais descobriram a surdez aos 3 anos de idade. A aluna não tem problema cognitivo, só a surdez, foi prejudicada nas séries iniciais pois veio de uma escola onde não havia intérprete. Atualmente esta sendo alfabetizada, agora no 5º ano (ensino fundamental). Idade da aluna: 11 anos. (Sabrina Nogueira, Intérprete) Entrevista realizada na escola: (EEEF Stelita Ramos) 25\09\18 End.: Rua Silvano Teixeira Santos, 90, Porto Novo, Cariacica ES. Participação: Pedagoga, Professor bilíngüe, Professor Educação Especial, Intérprete, Aluna Surda. REFERÊNCIAS AQUINO, Júlio Groppa (Org.) Diferenças e Preconceitos na escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo: summus, 1998, 215p. 21 cm. BRASIL.Ministério da Educação e do Desporto. O processo de integração escolar portadores de necessidades educativas especiais no sistema educacional brasileiro.Séries diretrizes nº 11 Brasília: Secretaria de educação Especial (SEESP),1995. __.Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Especial.Política Nacional de Educação Especial. 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