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34 Didática do ensino superior FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1970. GODOI, A. F. de; FERREIRA, J. V. Metodologia ativa de aprendizagem para o ensino em administração: relatos da experiência com a aplicação do peer instruction em uma instituição de ensino superior. Revista Eletrônica de Administração, v. 15, p. 337-352, jul./ dez. 2016. KNOWLES, M. S.; HOLTON III, E. F.; SWANSON, R. A. Aprendizagem de resultados: uma abordagem prática para aumentar a efetividade da educação corporativa. Rio de Janeiro: Campus, 2009. MENDES, M. C. et al. Andragogia, métodos e didática do ensino superior: Novo Lidar com o aprendizado do adulto na EAD. Revista Eletrônica Gestão & Saúde, edição especial, p. 1366-1377, dez. 2012. MENDES, M. C. S. Andragogia: um novo olhar sobre a formação docente. In: CONGRESSO INTERNACIONAL ABED DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA. 20, out. 2014. Anais [...] Curitiba: ABED, 2014. NOGUEIRA, S. M. A Andragogia: que contributos para a prática educativa? Revista Linhas, v. 5, n. 2, 2004. GABARITO 1. Ao trazer a experiência do aluno para o contexto educativo, o professor, além de envolver o estudante mais ativamente, possibilita que ele possa trabalhar com elementos que lhe são conhecidos e que lhe proporcione associações a outras situações já vivenciadas ou conhecidas pelo aluno, tornando o conhecimento mais signicativo. Outro ponto é o ato de essa experiência valorizar a história de vida e o caminhar do aluno em direção ao aprendizado. 2. O professor deve buscar conhecer o aluno, seu contexto, trabalho, dinâmica de vida, formação anterior etc., para fazer com que essas vivências possam potencializar outros aprendizados, à medida que servirão de alicerce para a construção de novos conhecimentos. O professor deve estabelecer vínculos como aluno no sentido de levá- lo a se envolver ativamente no aprendizado, sendo guiado pelo docente, que irá ser o facilitador do processo de aprendizagem. Para tanto, o professor deverá estabelecer estratégias de ensino que avoreçam o aprendizado, de acordo com o perl do aluno e com os objetivos pedagógicos estabelecidos. Isso requer ormação e investimento em novas estratégias pedagógicas. 3. As metodologias ativas fazem parte do contexto da andragogia, que considera as características e o perl do aluno e os utilizam para potencializar a aprendizagem. No entanto, somente utilizar as metodologias, sem a clara percepção do porquê de sua escolha e se estas estão de acordo com os objetivos e o perl do aluno, vão na contramão do que defende a andragogia, pois é preciso partir da vivência do aluno para a escolha de um método de trabalho que possibilite a construção conjunta do conhecimento. Somente após estabelecidos os vínculos, objetivos e após conhecer as experiências do aluno é que se torna possível a escolha das metodologias. Organização do trabalho docente 35 Por muito tempo a didática foi compreendida meramente como uma técnica de ensino. Hoje, ela ocupa espaço central no processo de ensino e aprendizagem, pois abarca os elementos que devem nortear a prática do professor na perspectiva da construção da aprendizagem. O termo didática descreve o conjunto de ações e elementos que se entrelaçam para dar concretude ao processo. De nada adianta você ter um planejamento, objetivos, métodos e conteúdos, se eles não dialogam entre si. Se não há alinhamento entre os elementos, ou seja, sem a didática, o processo não se completará e o ensino não irá, necessariamente, resultar em aprendizagem. Logo, os elementos da didática – relação entre professor e aluno, conteúdos, objetivos, planejamento, avaliação, metodologias – requerem um fo condutor, que possibilite conerir sentido à prática de ensino e à aprendizagem do aluno. É a didática, que conduz o professor, apontando-lhe caminhos para se chegar a como o aluno aprende (LIBÂNEO, 1990). Para orientar esses caminhos em direção ao processo de ensino e aprendizagem, a didática ordena os elementos didáticos e os articula, entrelaçando-os aos contextos em que ocorre a docência e carregando consigo os conhecimentos científcos que serão transformados em saberes escolares. Esse complexo processo, do qual o professor deve se apropriar intimamente, resulta no aprendizado do aluno e na formação de diretrizes orientadoras para a atividade docente, as quais devem reger a educação em seus diferentes níveis, modalidades e formatos. Organização do trabalho docente 3 36 Didática do ensino superior Na educação básica, didática e formação docente caminham juntas há algum tempo, buscando, nesse diálogo, aperfeiçoar a prática docente e qualifcar a aprendizagem do estudante. No entanto, no ensino superior, pelas suas especifcidades e, até mesmo, pela alta de tradição em se ter tal profssional, o pedagogo, que orienta didaticamente o professor, pouco tem sido discutido acerca da didática. Essa falta de tradição em orientar pedagogicamente o professor universitário se sustenta na velha máxima de que “quem sabe, ensina”, encontrando, até pouco tempo atrás, eco na premissa de que, para ser um bom professor universitário, era sufciente ser um profssional reconhecido na área em que iria lecionar (MASETTO, 2003). Contudo, os contextos mudaram e ter um amplo conhecimento sobre aquilo que irá ensinar é considerado importante. No entanto, é preciso, também, dispor da competência de mediar, junto ao aluno, o entendimento sobre os conteúdos, para que ele tenha condições de elaborar os próprios saberes. Para isso, os conhecimentos técnicos não são sufcienteS, tornando-se necessários os conhecimentos pedagógicos. Ora, a didática se constitui em conhecimento pedagógico, sendo um ramo da pedagogia que se centra nos elementos do processo de ensino e aprendizagem. Além disso, busca estabelecer diretrizes, de modo a orientar o olhar crítico do professor para a sua própria prática com vistas a aperfeiçoá-la e, assim, resultar em um melhor aprendizado para o aluno. Agora que você sabe que a ação docente no nível superior também requer didática, vamos conhecer um pouco mais a relação entre didática e educação superior? 3.1 Didática e ensino superior Videoaula O nal do século XX trouxe mudanças em todos os setores da so- ciedade, particularmente quanto à produção de conhecimentos, impul- sionando transormações também nas instituições responsáveis por produzir e disseminar novos conhecimentos. Organização do trabalho docente 37 As transormações nas instituições de ensino superior ocorreram, em especial, a partir do aumento expressivo de procura por matrículas. Somente no período de 2001 a 2010 houve um aumento de 100% nas matrículas, que chegaram àmarca de 6,5 milhões de novos estudantes, segundo o Censo da Educação Universitária, divulgado pelo Ministério da Educação em 2011 (SANTO; LUZ, 2013). O acesso massivo de milhares de estudantes, antes excluídos da possibilidade de cursar o nível superior, traz às universidades não so- mente um novo público, mas também um novo prossional, que, pelas demandas, tem a oportunidade de lecionar nas universidades. Contu- do, ele não é um proessor, ou mesmo um licenciado, tratando-se de um prossional autônomo, um bacharel que agora vai aprender a do- cência (ZABALZA, 2004). Aprender a ser proessor e a compreender as nuances do processo pedagógico, articulando cada elemento que constrói a relação de ensino e aprendizagem, implica conhecer os elementos didáticos e se apropriar dos saberes pedagógicos que permitem articular tais elementos. Essa apropriação dos saberes pedagógicos, mesmo àqueles que cursaram uma licenciatura, é necessária, pois reere-se às especici- dades do ensino superior e do ambiente universitário e, por isso, re- quer uma didática e uma pedagogia próprias, tornando-se essencial conhecer o universo acadêmico e entender como ocorrem as relações didáticas nesse contexto. Essas relações didáticas passam por alguns desaos que devem ser considerados quanto à escolha das estratégias metodológicas, da denição dos objetivos, da avaliação e deoutros elementos didáticos, colocando ao proessor premissas básicas para a eetivação do pro- cesso de ensino e aprendizagem (ALMEIDA, 2015). A seguir, descreve- mos tais desaos: • Conhecer o aluno: mais do que a área do curso escolhido pelo estudante, que é um indicativo a ser considerado, o percurso or- mativo do estudante até ali, suas experiências prossionais, suas vivências, seu estilo de vida e seus objetivos são importantes para compor a escolha dos demais elementos didáticos. Tratando-se de alunos do ensino superior, esse quesito assume maior impor- tância ainda, pois seus objetivos e vivências, por vezes, são justa- mente as suas motivações para o aprender. Atividade 1 De que forma o contexto da expansão do ensino superior impacta a ação docente? 38 Didática do ensino superior • Atrair o aluno: não é raro o estudante universitário ser também um trabalhador, que vai para a aula cansado. Portanto, é preciso atrair o aluno e estimular a sua participação, o que requer a esco- lha de recursos e metodologias adequados, o saber azer uso das tecnologias sem, no entanto, abrir mão do diálogo, envolvendo o estudante em uma aula agradável e estimulante, que o torne parte do processo e não mero espectador. • Postura do professor: o proessor precisa estar aberto ao diá- logo e às indagações, o que nem sempre é ácil, pois muitos se sentem intimidados e, até mesmo, questionados quanto ao seu conhecimento e autoridade, particularmente pela acilidade dos alunos em acessar inormações em tempo real e, algumas vezes, pelas suas vivências prossionais. Logo, o proessor precisa estar seguro para discutir, debater e saber que o seu papel não é o de detentor do conhecimento, mas, sim, o de mediador, enten- dendo que não ter todas as respostas az parte do processo de mediar a construção de novos conhecimentos. • Postura do aluno: apesar de na educação básica o proessor a- zer a mediação e colocar o aluno emmovimento de aprender, no ensino superior essa ação deve ser muito mais intensa. Assim, dierentemente da educação básica, o processo é mais centrado no aluno, na sua capacidade de apreender, de buscar mais co- nhecimentos, de pesquisar e de sistematizar seus saberes, ainda que mediados pelo proessor, pois trata-se da ormação de um prossional para atuar na sociedade e, com isso, tais saberes de- vem ser sólidos e competentemente apreendidos. • Metodologias: é preciso buscar metodologias que atendam às necessidades didáticas estabelecidas para aquele proces- so ormativo. Não se trata de pensar em atividades ditas mo- dernas, inovadoras ou que deem movimento às aulas, mas é necessário considerar a perspectiva ormativa que se pre- tende empreender, adequando-se aos objetivos propostos e, também, ao peril dos alunos. Tais obstáculos são, em parte, refexos de uma tradição universitária em que os proessores, detentores dos conhecimentos, se isolam na cá- tedra, indierentes aos processos sociais, assim como também eram, por vezes, indierentes ao processo, considerando apenas o primeiro elemen- to e entendendo que a sua parte era o ensino, uma vez que o aprendizado seria responsabilidade somente do aluno. No flme Gênio Indomável, que se passa em Boston, um jovem de 20 anos (Matt Damon), que já teve algumas passagens pela polícia e trabalha como servente de uma universi- dade, revela-se um gênio em matemática. Devido a seu comportamento, precisa fazer terapia, por determinação legal. No entanto, nada funciona, ele continua encrenquei- ro e problemático. Porém, a vida do rapaz começa a ter rumo ao co- nhecer um professor que descobre o seu talento matemático e que deseja investir nele, ainda que o jovem resista muito. O flme nos permite per- ceber que a relação entre professor e aluno é um importante condutor do processo de aprendiza- gem. Gus Van Sant. EUA: Miramax Films, 1998. Filme
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