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DIDÁTICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR DIDATICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR SUMÁRIO 1 ORIGEM DA DIDÁTICA .........................................................................................3 2 O QUE É DIDÁTICA? ............................................................................................4 3 O PAPEL SOCIAL E EDUCACIONAL DA DIDÁTICA.........................................10 4 PERSPECTIVAS TEÓRICAS E PRÁTICAS DA DIDÁTICA................................14 5 O PROFESSOR E SEU TRABALHO..................................................................16 6 O PLANEJAMENTO ESCOLAR..........................................................................20 7 ORGANIZAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO ENSINO- APRENDIZAGEM: OS PLANOS DE AULA E OS PROGRAMAS DE APRENDIZAGEM.....................................................................................................308 OS OBJETIVOS DE ENSINO, OS CONTEÚDOS ESCOLARES E AS ESTRATÉGIAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM.....................................................35 9 AS INTERAÇÕES EM SALA DE AULA: O PAPEL DOS PROFESSORES E DOS ALUNOS..................................................................................................................42 10 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................53 11 REFERÊNCIAS...................................................................................................56 DIDATICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR 1. ORIGEM DA DIDÁTICA Fonte: Freepik.com Classicamente, a Didática é uma uma disciplina de natureza pedagógica aplicada e orientada para as finalidades educativas. Ela está comprometida com as questões concretas da docência e com as expectativas e os interesses dos alunos. Assim, ela requer um espaço teórico-prático a fim de compreender a multidimensionalidade da docência, entendida como o ensino na prática. Porém, para que esse conceito fique claro, é preciso retorma a origem da didática. Loannes Amus Comenius, mais conhecido como Comênio (1592 – 1670) publicou, em 1657, uma obra denominada Didactica Magna. Comenius foi o último bispo da Igreja Hussita e tornou-se um inovador no que tange os métodos de ensino porque aconselhava o aprendizado contínuo, por toda a vida, bem como o desenvolvimento do pensamento lógico em vez da simples memorização; o que o tornou também um dos primeiros defensores da universalidade da educação - ou seja, defendia o acesso à educação para todos em uma época em que só a nobreza e o clero tinham meios para buscar tal recurso. Dessa forma, comenius foi considerado o criador da Didática Moderna e um dos maiores educadores do século XVII. Ele pregava uma teoria humanista e DIDATICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR espiritualista da formação do homem, embasado no respeito ao estágio de desenvolvimento da criança no processo de aprendizagem. Isso quer dizer que o estudioso defendia que a construção do conhecimento se dá por meio da experiência, da observação e da ação, além de basear a educação no diálogo e acreditar na importância da interdisciplinaridade, da afetividade do educador em relação aos educandos e de um ambiente escolar arejado, bonito, com espaço livre e ecológico. Dessa maneira, Comenius propôs algumas ações que ainda são usadas por algumas instituiçõs de ensino que conhecemos atualmente. São elas: coerência de propósitos educacionais entre família e escola; desenvolvimento do raciocínio lógico e do espírito científico; formação do homem religioso, social, político, racional, afetivo e moral. Ordenado pastor da igreja dos Morávios em 1616, aos 24 anos mudou-se para Fulnek, capital da Morávia - região conturbada por uma rebelião nascida de disputas entre católicos e protestantes, estopim da Guerra dos Trinta anos. Após ser expulso de sua terra natal em função dessa guerra político-religiosa, em meados de 1628 Commenius percorre a Europa e dá continuidade aos seus projetos científicos e educacionais, alimentando e divulgando seu sonho reformista por meio da Pansophia (ciência universal; toda a sabedoria humana) para promover a harmonia entre os indivíduos e as nações. A educação idealizada por Commenius constitui uma forma de organização do saber, um projeto educativo e um ideal de vida. Neste sentido, Commenius desenvolveu seu método didático, que compreendia três pilares: compreensão, retenção e práticas. Isto é, no que toca a compreensão, não se deve abandonar nenhum assunto até o seu perfeito entendimento; já a retenção abrange explicar primeiro os princípios gerais de maneira direta e clara; e o que tange à pratica, qualquer coisa que se ensine deverá ser ensinada em sua aplicação prática, no seu uso definido, onde tudo o que se deve saber deve ser ensinado de forma que se dê a devida importância às diferenças que existem entre as coisas, valorizando o ensino da verdadeira natureza das coisas e partindo de suas causas. No contexto de uma sociedade de economia agrário-exportadora-dependente, explorada pela Metrópole – cenário do colonalismo - , a educação não era DIDATICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR considerada um valor social importante. A tarefa educativa estava voltada para a catequese e instrução dos indígenas, mas, para a elite colonial, outro tipo de educação era oferecido. O plano de instrução era consubstanciado no Ratio Studiorum, cujo ideal era a formação do homem universal, humanista e cristão. A educação se preocupava com o ensino humanista de cultura geral, enciclopédico e alheio à realidade da vida de Colônia. Esses eram os alicerces da Pedagogia Tradicional na vertente religiosa que, de acordo com SAVIANI (1984, p. 12), é marcada por uma “visão essencialista de homem, isto é, o homem constituído por uma essência universal e imutável”. A essência humana é considerada criação divina e, assim, o homem deve se empenhar para atingir a perfeição, “para fazer por merecer a dádiva da vida sobrenatural”. (Ibid., p. 12). A ação pedagógica dos jesuítas foi marcada pelas formas dogmáticas de pensamento, contra o pensamento crítico. Privilegiam o exercício da memória e do desenvolvimento do raciocínio; dedicavam atenção ao preparo dos padres-mestres, dando ênfase à formação do caráter e sua formação psicológica para conhecimento de si mesmo e do aluno. Fonte: Freepik.com Sendo assim, em sua Didática Magna (1657), Commenius elabora uma proposta de reforma da escola e do ensino lançando o conceito de“Didática”. Daí a origem do termo, que vem expressão grega "techné didaktiké", que se traduz por “técnica de ensinar” de maneira que as bases necessárias para uma pedagogia que prioriza a “arte de ensinar”, hoje conhecida e amplamente divulgada como DIDATICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR DIDÁTICA, foi criada em oposição ao pensamento pedagógico da época que era voltado para a educação sistemática, privilegiando alguns e cumprindo a função conservadora da instituição social. 2. O QUE É DIDÁTICA? Fonte: Freepik.com A palavra didática, como foi dito no capítulo anterior, deriva da expressão grega techné didaktiké, que se traduz por arte ou técnica de ensinar - expressão que foi consagrada através de Comênio quando escreveu a Didática Tcheca, obra esta que foi traduzida para o latim (1633) com o título Didactica Magna: tratado universal de ensinar tudo a todos (publicada em 1657). Esta obra é considerada um marco significativo no processo de sistematização da Didática, popularizando-se na literatura pedagógica porque o adjetivo Magna expressa o caráter universal das conquistas do homem no início da Idade Moderna. Já o termo tratado refere-se a um conjunto de princípios que orientariam o novo ensino, adquirindo a amplitude necessária dos conhecimentos sociais para que fossem ensinados.Por fim, uma didática para ensinar tudo a todos (mulheres, homens, crianças e jovens, não privilegiando somente os filhos da nobreza. (GASPARIN, 2004). Com o propósito de esclarecer algumas linhas de pensamento sobre os conceitos gerais que norteiam a didática, alguns estudiosos ganham destaque quanto à sua conceituação. Candau (1988) defende que o objeto de estudo da didática é o processo de ensino-aprendizagem. Toda proposta didática está DIDATICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR impregnada, implícita ou explicitamente, de uma concepção do processo de ensino- aprendizagem, definido como um sistema de trocas de informações entre docentes e alunos, que deve ser pautado na objetividade daquilo que há necessidade que o aluno aprenda. Moura (2001) define a didática como um elemento da formação do professor. Regula, num sentido amplo, o comportamento de ser professor com ênfase nos saberes de cunho disciplinar, como também pode ser compreendido na perspectiva de "fazer aprender alguma coisa a alguém", cuja postura é considerada mais pedagógica e envolve a pluralidade de saberes que um docente deve ter. Já Azzi e Caldeira (1997) concordam que a didática é uma disciplina que, tendo como ponto de partida a reflexão sobre uma prática, ou, mais especificamente, o processo de ensinoaprendizagem, busca, na compreensão deste, elementos que subsidiem a construção de projetos de ação didática, ou seja, o processo de ensino e de aprendizagem não é uma atividade neutra ou destituída de intencionalidade, já que em qualquer nível de ensino em que ocorra, nos encaminha à compreensão de que há todo um estatuto político e epistemológico que dá suporte ao processo de ensinar e de aprender que acontece na prática pedagógica. Outra pesquisadora que ganhou destaque no tema foi Castro (2001), que acredita que ensinar algo é sempre desafiar o interlocutor a pensar sobre algo. Ela diz também que toda a didática apoia-se no conceito de ensino e tem como um dos seus propósitos a orientação do ensino e, para tal, necessita recorrer à reflexão de caráter teórico e à pesquisa científica. Acresce-se aqui que Libâneo (1994) conceitua a didática como uma disciplina pedagógica Seu objeto é o ensino como mediação da relação ativa dos alunos com o saber sistemático, preocupando-seassim, com os processos de ensino e aprendizagem em sua relação com as finalidades educacionais. E, por último, temos Pimenta (2008), que estabelece a didática como uma uma área da Pedagogia que tem no ensino seu objeto de investigação. Ela defende que o ensino deve ser entendido como uma prática social complexa, sendo que considerá-lo como uma prática educacional em situações historicamente situadas significa examiná-lo nos contextos sociais nos quais se efetiva. Em outras palavras, todas essas teorias e autores que compõem as linhas de pesquisa da didática foram e serão necessários para compreender as mudanças e os novos desafios postos à didática hoje, sobretudo quando se fala de Didática no Ensino Superior, uma vez que parte dos professores que atuam nesse espaço DIDATICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR consideram a didática como inócua ou irrelevante. Isto é, a julgam importante apenas no domínio dos conteúdos para o bom fazer docente (CANDAU, 2012, p. 13). No entanto, é necessário, primeiramente, ter claro que a Didática é conceitualmente conhecida como uma teoria do ensino e, enquanto teoria do ensino, sua tarefa é compreender o funcionamento do ensino em situação, suas funções sociais e suas implicações estruturais, bem como realizar uma ação autoreflexiva como componente do fenômeno que estuda porque é parte integrante da trama do ensinar (PIMENTA; ANASTASIOU, 2010, p. 48-49). Assim, o objeto da didática é o ensino de forma não fragmentada em toda sua complexidade e plenitude, que precisa ser compreendido não de maneira despropositada, mas tendo como finalidade a aprendizagem. A Didática não tem uma função prescritiva, normativa ou meramente instrumental, mas se apresenta como um estudo e uma disciplina que propõe criar as condições de ensino e aprendizagem dentro de contextos sociais específicos, compreendendo o ensino como uma prática social viva, capaz de promover a inclusão social e a emancipação humana e política dos indivíduo. Nesse sentido, o propósito da Didática vem sendo trabalhado e discutido por pesquisadores no Brasil e, em muitos países do mundo, numa perspectiva mais crítica, com a finalidade de reforçar seu objetivo enquanto teoria do ensino, “como prática educativa intencional, estruturada e dirigida a outros” (FARIAS, 2014, p. 18). Desse modo, a Didática não pode ser compreendida apenas como uma teoria do ensino, mas como uma teoria da prática e do ensino. Assim, o enfoque da Didática é o de trabalhar no sentido de ir além dos métodos e técnicas, procurando associar escola-sociedade, teoria-prática, conteúdo- forma, técnico-político, ensino-pesquisa, professor-aluno. Ela deve contribuir para ampliar a visão do professor quanto às perspectivas didático-pedagógicas mais coerentes com nossa realidade educacional ao analisar as contradições entre o que é realmente o cotidiano da sala de aula e o ideário pedagógico, calcado nos princípios da teoria liberal e arraigado na prática dos professores. É a Didática que abre o caminho para retirar o conhecimento teórico do professor e colocá-lo a serviço de seus alunos, apontando qual caminho melhor se adequa ao objetivo do professor no trabalho que fará sobre determinado assunto, local e público. È preciso dizer também que a Didática auxilia no processo de politização do futuro professor, DIDATICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR de modo que ele possa perceber a ideologia que inspirou a natureza do conhecimento usado e a prática que ele desenvolverá. Fonte: Freepik.com Por conseguinte, a Didática, num âmbito mais crítico, procura compreender e analisar a realidade social onde está inserida a instituição de ensino em que será oferecida a prática do ensino numa tentativa de superar o intelectualismo formal, bem como evitar os efeitos de uma espontaneidade exagerada das revoluções propostas pela Escola Nova. O que ela busca é desmobilizar as propostas do tecnicismo e recuperar as tarefas especificamente pedagógicas que ficaram desprestigiadas com a prática comum de reproduzir conteúdos sem dar seu verdadeiro signicado, oferecendo mudanças no modo de pensar e agir do professor. Segundo Pimenta (2015, p. 89), “ensinar é organizar intencionalmente as condições para sua realização de modo que desenvolva o exercício da crítica para transformação das condições sociais vigentes”. Assim sendo, o ato de ensinar não pode se desvincular das condições sociais, políticas e históricas onde o ensino acontece. O sentido que está sendo ensinado deve gerar, nos estudantes, uma atitude crítica, isto é, autorreflexiva decorrente do processo de aprendizagem, possibilitando a superação das desigualdades e a emancipação social e humana. DIDATICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR Em vista disso, o professor deve ter presente a necessidade de democratizar o ensino, concebido como um processo sistemático e intencional de transmissão e elaboração de conteúdos culturais e científicos. É preciso entender, portanto, que não se separa a teoria da prática docente porque o diálogo entre conhecimento e ação não caminham separadamente, de dorma que essa postura faz com que os professores se reconheçam como atores e não apenas expectadores cegos ou meros consumidores de estoques de técnicas e conhecimentos a serem transmitidos. Do mesmo modo, faz com que os estudantes se percebam como sujeitos crítico-ativos e consigam atribuir sentido aos conteúdos estudados. Mesmo que a Didática, por si, não seja condição suficiente para a formação do professor critico, o reconhecimento da importânciada Didática enquanto disciplina é necessária à formação dos professores. 3. O PAPEL SOCIAL E EDUCACIONAL DA DIDÁTICA. Fonte: Freepik.com De fato, convém perguntar como aprenderam os nossos antepassados, entregues a professores leigos, cuja preocupação maior era a competência conteudística, a manutenção do respeito à cátedra, que do alto do seu tablado despejava sobre os alunos seu saber irrefutável. Entretanto, o papel social da didática vêm dar novos significados á esse caminho tão complexo que é a arte de ensinar. Para tal, esclareceremos algumas vertentes da pedagogia, até chegarmos à Pedagogia Crítica, para entendermos como se dá o papel social da didática no processo de ensino-aprendizagem. A Pedagogia Tradicional revela um período em DIDATICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR que a educação era principalmente de cunho religioso, que tinha como objetivo o trabalho de transcender o homem para ser o melhor de si. Sua ênfase de ensino era de sobrepor a teoria à prática, o que colocava o professor como centro do ensino, “detentor do saber” e onde o foco era a exposição mecânica do conteúdo, considerado por vezes enciclopédico. Além do mais, os conteúdos eram separados das experiências do cotidiano dos alunos e não estavam de acordo com as realidades sociais, e o conhecimento era apenas uma forma de doutrinação. Já a Pedagogia Renovada, ou Escola Nova, colocou seu foco no ideal educativo do “aprender a aprender”, ou seja, possuía um conjunto de ideias que privilegia a dimensão técnica do processo de ensino que se valem da experiência do aluno durante a construção do conhecimento. Apesar de inovadora, essa vertente ainda ignora os contextos sócio-politico-econômico, e o papel do professor era o de mero auxiliar, se necessário fosse, alguma intervenção., e esta era para ajudar o aluno a reencontrar seu raciocínio. A esse respeito Veiga (1989, p. 51) menciona que “devido à predominância da influência da Pedagogia Nova na legislação educacional e nos cursos de formação para o magistério, o professor acabou por absorver o seu ideário”; pois muitos educadores ainda sofrem forte influência desta tendência pedagógica, já que ela é difundida em larga escala em cursos de licenciatura. Outrossim, a Pedagogia Tecnicista se conceitua “ no produto final do ensino, que é mais importante que o aluno ou o professor, uma vez que tem como preocupação básica a eficiência e a eficácia do processo de ensino. Nessa visão, o processo é que define o que professores e alunos devem fazer, quando e como farão, colocando a escola como um meio de produzir indivíduos para o mercado do trabalho. Aqio, o papel do professor é a de transmitir as matérias, aproximando-se assim da pedagogia tradicional. O que vai diferenciá-las é que a primeira vê o professor como mero transmissor do conhecomento; e a segunda, coloca o professor como detentor absluto do conhecimento. Finalmente, chegamos à Pedagogia Crítica, que valoriza a escola como parte de um contexto social num todo como uma forma de transformação da sociedade através da educação e da democracia. Para Saviani (2012, p.10) ela “recupera a unidade da atividade educativa no interior da prática social articulando seus aspectos teóricos e práticos que se sistematizam na pedagogia concebida ao mesmo tempo como teoria e prática da educação”. Além disso, há, na pedagogia DIDATICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR crítica a vontade coletiva de reformar as escolas e de desenvolver modos de prática pedagógica em que professores e alunos se tornem agentes críticos que questionem ativamente os conhecimentos que são ofertados e negociem a relação entre teoria e prática, entre a análise crítica e o senso comum e entre a aprendizagem e a transformação social. Nessa perpectiva, não há como desassociar o contexto sócio-politico- econômico e cultural do aluno, pois se assim o fizer, não haverá um significado real, humano e social ao que é ensinado. É nesse ponto que se coloca o Papel Social e Educacional da didática, pois somente dentro dessa visão se abrem as possibilidade de enencontramos uma Didática preocupada com o trabalho docente, com a tarefa do ensino e com a aprendizagem do aluno, pautada na ressignificação e se apresenta com características diversas que vão de acordo com os momentos históricos, políticos e sociais em que o aluno está inserido. Fonte: Freepik.com Toda essa discussão tem surgido a partir da importância atribuída à formação dos docentes nos últimos anos, não só no que se refere aos docentes da Educação Básica, mas, sobretudo, no que se refere aos docentes de Instituições de Ensino Superior. Toda demanda tem como propósito melhorar a qualidade do ensino, promovendo um processo de ressignificação da didática, já que no ensino superior é que a pesquisa e o conhecimento científico são construídos para serem aplicados em quase todas as àres do conhecimento. Pesquisas apontam que as instituições de ensino superior têm se preocupado com o papel social e educacional da didática pela mudança no perfil dos alunos que buscam aprimorar seus conhecimentos, sendo que este é mais dinâmico depois do surgimento da internet. Isso levou as instituições a buscarem profissionais com o perfil mais reflexivo, ligado tanto á Pedagogia Crítica quanto ao desenvolvmento social e edicacional da didática, uma DIDATICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR vez que essa postura compreende que a prática docente só pode ser efetivamente transformada à medida que o professor toma consciência de sua própria prática, mobilizando a reflexão sobre a reflexão na ação, isto é, faz o movimento prático- teórico-prático (PIMENTA, 2011). Assim, o professor reflexivo é aquele que consegue elaborar saberes (teorias) sobre o ensino, a partir de sua prática, sendo professor e pesquisador, conseguindo fazer de sua prática uma atividade teórico-prática. Esse professor, sem sombra de dúvidas, consegue ressignificar sua prática docente, transformando a epistemologia da didática enquanto disciplina, diante dos desafios sociais e políticos da atualidade. Portanto, cada professor, em sua prática docente, pode agir de forma autônoma, contribuindo para uma ressignificação do papel social e educacional da didatica e de seu fazer docente, tendo como objetivo “fazer do ensino um processo de incorporação e de emancipação social” (PIMENTA, 2011, p. 29). Fonte: Freepik.com 4. PERSPECTIVAS TEÓRICAS E PRÁTICAS DA DIDÁTICA DIDATICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR Nos cursos de formação de professores, o que normalmente se encontra é uma didática tradicionalista num contexto em que as questões de ensino- aprendizagem exigem revisões, atualizações e relações com outros campos de investigação com a finalidade de propor reflexões sobre as vertentes da pedagogia vistos na sessão anterior. Por conseguinte, quase toda a produção científica na área de educação não atinge efetivamente professores da educação básica e, em partes, do ensino superior, ocasionando a perda das oportunidades de se colocar em prática as mudanças significativas na formação inicial e continuada dos docentes. Outra séria questão a atingir o campo disciplinar e investigativo da didática é a dispersão e, frequentemente, o desacordo, entre educadores, legisladores, políticos, técnicos do MEC e Secretarias de Educação, pesquisadores, em relação aos objetivos, funções e formas de funcionamento das instituições de ensino. Essa falta de clareza e de consenso mínimo sobre critérios de qualidade da boa educação para todos se projeta no planejamento de ações dos currículos, nos objetivos do ensino, nas formas de organização e funcionamento das escolas, na formação profissional de professores e também nas práticas de avaliação. Dito isso, ressalta-se que a profissão docente, assim como suas características, a formade desempenhá-la, sua importância e as exigências que recaem sobre ela, variam de acordo com as diferentes concepções e valores atribuídos à educação, ao ensino e à aprendizagem nos variados tempos e espaços. Compreender a profissão docente pressupõe entender a complexidade do ensino como prática social que constitui o seu eixo, de forma a valorizar as perspectivas teóricas e práticas da Didática dentro do processo de ensino e aprendizagem numa tentativa de diminuitr as divergências sobre os objetivos das isntituições de ensino. Nessa perspectiva, a função da educação é transformar sujeitos e mundo em algo melhor. O homem só entende o processo de construção do saber quando aprende a problematizar suas práticas. Nesse sentido, o objetivo do processo de ensino e aprendizado é a formação do aluno, como ele vai ser capacitado, de quais formas a escola (entende-se aqui como escola o local que o aluno frenquanta para aquisição do saber, podendo esse conceito ser ampliado para qualquer nível de ensino – do básico ao superior) pode ajudar em seu processo de desenvolvimento. DIDATICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR O papel da escola é mudar o rumo da sociedade por meio da educação, pois a finalidade da escola é proporcionar e desenvolver o aluno de forma integral. Sendo assim, o professor é a peça chave nesse processo, mesmo não deixando de admitir que os alunos adquirem conhecimentos de diversas formas e em diversos lugares. É necessário que a prática leve o aluno a refletir, a alcançar uma nova visão de mundo para que ele possa, por meio da educação, mudar a sua condição visando sempre a evolução e o crescimento. É, portanto, papel do professor fazer com que o aluno adquira esses conhecimentos e mediar esse processo para que esse o aprenda com objetividade. Em outras palavras, a evolução do aprendizado se dá de forma diversificada; e é aí que entra o papel do professor, intercedendo sobre o conhecimento prévio que o aluno já possui e o conhecimento que será inserido em sala de aula. Isso significa que o professor deve estabelecer uma ligação entre o que será ensinado ao aluno e relacionar com o conhecimento que o aluno já possui, para que o aluno possa ter interesse no que será estudado e, assim, criar uma conexão com a sala de aula e o seu dia a dia. Segundo Piaget, o desenvolvimento e aprendizagem surgem a partir de dois principais princípios: o sujeito que busca o conhecimento de determinado assunto e o objeto a ser conhecido pelo sujeito. Para ele, o conhecimento parte da organização e sistematização das informações de forma a estruturar e explicar os fatos a partir das experiências vivenciadas. O conhecimento acontece a partir da exploração de determinado assunto, ou seja, o objeto a ser estudado pelo aluno. Dessa forma, ele saberá organizar as informações, problematizar o que está sendo abordado e, por meio do levantamento das hipóteses, aprender sobre o assunto abordado, uma vez que o problema do aprendizado em sala de aula se encontra diretamente ligado ao saber, porque aprender é saber realizar determinada ação, e conhecer é ter a compreensão da ação realizada. Além disso, o objetivo principal é compreender o processo de ensino e como o professor impacta diretamente os alunos por meio de sua forma de ensinar, pois professores e alunos estão implicados numa relação social que se materializa na sala de aula mas, também, na dinâmica das relações internas que ocorre na escola em suas práticas organizativas e institucionais. DIDATICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR 5. O PROFESSOR E SEU TRABALHO Fonte: Freepik.com Como vimos nas sessões anteriores, a prática educativa era centrada no professor. Este repassava os conteúdos num sistema em que os alunos apenas o memorizavam, sem qualquer reflexão ou indagação. Ao final, o conteúdo era cobrado em forma de uma avaliação que se tornou no fatídico e cultural “dia de prova” até hoje temido pelos alunos. Esse tipo de informação, repassada e memorizada, destoa completamente da proposta de um novo ensino, ou na “arte de ensinar” que a didática propões durante a busca da produção do conhecimento. É por isso que a organização didática da aprendizagem deve ser direcionada aos alunos de uma maneira em que se garanta sua efetividade, assegurando as condições e os modos de viabilizar o processo de conhecimento pelo aluno. Sendo assim, o sistema educacional ampliou o número de vagas e permitiu o acesso de todos à escola, mas não conseguiu garantir a qualidade de ensino em todo o percurso. Atualmente, o trabalho docente está mais extenuante para o professor devido à complexidade da diversidade sócio-cultural existente nas classes atuais. Ou seja, não é suficiente que o professor saiba o conteúdo de sua disciplina. Ele precisa não só interagir com outras disciplinas, como também conhecer o aluno. Conhecer o aluno faz parte do papel desempenhado pelo professor pelo fato de que ele necessita saber o que ensinar, para que e para quem, ou seja, como o aluno vai utilizar o que aprendeu na escola em sua prática social, tornando-se, dessa maneira, aquele que liga o sujeito aprendiz ao objeto de conhecimento. Presume-se aí um professor que assegura os modos e condições da relação do aluno com o conhecimento, já que a profissão de professor combina sistematicamente elementos DIDATICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR teóricos com situações práticas reais, já que é no professor que os especialistas em educação colocam a responsabilidade por esta reorganização do trabalho educacional. Diante destas discussões, a profissão docente abrange singularidades que a diferencia dos demais profissionais, ou seja, não é suficiente apenas carregar um título acadêmico; é preciso dedicação, degrau que não se alcança apenas pelo simples querer-ser, mas que só estará disponível quando há compromisso deste profissional consigo mesmo, sob uma ação pautada pela ética e pelo compromisso de crescer tanto no plano profissional quanto pessoal. Isso posto, é preciso compreender que a identidade profissional do professor está diretamente ligada à interpretação social da sua profissão. Assim, se considera que os movimentos sociais têm intrínseca relação com os projetos educacionais, é preciso entender que a escola não é um espaço aleatório, portanto, um cenário onde a objetividade se faça presente. Isso implica em dizer, que esta instituição tem uma função específica dentro da sociedade em que se encontra inserida. É difícil pensar na possibilidade de educar fora de uma situação concreta e de uma realidade definida. Por essa razão, a ênfase na prática como atividade formativa é um dos aspectos centrais a ser considerado, com conseqüências decisivas para a formação profissional (LIBÂNEO, 2013, p.230). Com base nessas colocações, a alternativa de crescimento tanto pessoal quanto intelectual e profissional do docente abrange perspectivas individuais e coletivas, quando as primeiras se justificam pelo posicionamento do próprio “eu”, visando ao bem coletivo e as segundas se justificam, mais especificamente, pelos índices de colaboração e interação entre os profissionais da classe e sua flexibilidade em partilhar experiências, sentimentos, fraquezas, habilidades e competências que favoreçam ao corpo escolar, propriamente dito. As qualidades necessárias para um bom professor estão nas dimensões que envolvem suas qualidades emocionais, políticas, éticas, reflexivas e críticas, sobretudo as de caráter do saber. De acordo com Fazenda (2008) é importante que o professor tenha quatro tipos diferentes de competências, caracterizadas por ele como competência intuitiva, onde o professor não se contenta em executar o planejamento elaborado - ele busca sempre alternativas novas e diferenciadas para seu trabalho; competência DIDATICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIORintelectiva, na qual o professor privilegia todas as atividades que procuram desenvolver o pensamento reflexivo; competência prática, em que o professor ,diferentemente do intuitivo, copia o que é bom, pouco cria, mas, ao selecionar, consegue boas cópias, alcança resultados de qualidade e competência emocional. Ele trabalha o conhecimento sempre com base no autoconhecimento. Expõe suas ideias por meio do sentimento, provocando uma sintonia mais imediata. O espaço de aprendizado é, portanto, um meio para a construção da consciência crítica, na interligação entre o aprendizado a partir da realidade vivenciada e a interpretação da sua condição de exploração. Trata-se de interpretar para transformar e neste ponto a educação é a base para os sujeitos refletirem sobre seus processos e sua condição como sujeito atuante na sociedade. O trabalho docente, portanto, deve ter como referência, como ponto de partida e como ponto de chegada, a prática social; isto é, a realidade social, política, econômica, cultural da qual tanto o professor como os alunos são parte integrante. Fonte: Freepik.com Mediante o exposto, destaca-se que o desenvolvimento de fontes alternativas de informações alterou o papel do professor de transmissor de conhecimentos. Para Nóvoa (1995), o professor enfrenta a necessidade de integrar no seu trabalho o potencial informativo destas novas fontes, modificando o seu papel tradicional em que nada do que transmite pode ser contestado, O professor que nunca teve um DIDATICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR aluno como professor desconhece as trocas intrínsecas que ocorrem simultaneamente em sala de aula. Concluimoms então que ser professor no século XXI é ter conhecimentos teóricos além das disciplinas a que se propõe ministrar e uma gama diversificada de práticas de ensino. Ser professor no século XXI é desenvolver os conteúdos de modo contextualizado, globalizado e diversificado o suficiente para envolver os alunos num projeto de ensino aprendizagem capaz de despertar interesse e motivação. Ser professor no século XXI é desenvolver práticas de ensino que atendam à diversidade dos processos de aprendizagem dos alunos contemplando às necessidades individuais num trabalho coletivo de construção de conhecimento. 6. O PLANEJAMENTO ESCOLAR Fonte: Freepik.com Ao começar o dia, o homem pensa e distribui suas atividades no tempo: o que irá fazer? Como fazer? Para que fazer? Quais métodos serão usados? Nas mais simples e corriqueiras ações humanas, quando o homem pensa de forma a atender suas metas e seus objetivos, ele está planejando, sem necessariamente criar um instrumental técnico que norteie suas ações. Essas observações iniciais estão sendo expressas apenas para chamar atenção sobre o aspecto cotidiano da ação de planejar e como o planejamento faz parte da vida. Planejar também é uma atividade inerente ao trabalho do professor, que exige dele um trabalho de reflexão sobre o DIDATICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR ensino e sobre a aprendizagem. Mas, quado dizemos Planejamento Escolar, do que estamos falando exatamente? O planejamento escolar é um plano elaborado periodicamente para definir as atividades futuras da escola. No entanto, além das questões que podem parecer meramente burocráticas — como distribuição dos conteúdos pela grade de horários, definição das turmas, elaboração do calendário escolar, etc. — esse documento é fundamental para entender como a escola pode cumprir sua missão diante de suas demandas e obstáculos particulares. Ou seja, é um instrumento didático-pedagógico necessário à execução da atividade docente no cotidiano escolar que ajuda na organização da atividade profissional do professor como forma de combinar qualidade e tempo despendido à construção dos saberes no âmbito escolar. Isto é, têm-se reservado ao planejamento a função de direcionar o trabalho para que ele aconteça conscientemente, organizando e proporcionando mudanças. No campo da educação, o planejamento tem um caráter condicionado a essa transformação, pois ao final da execução deste espera-se que o objetivo seja alcançado e promova uma mudança de comportamento do aluno frente ao conhecimento. Em virtude dessa conceituação, não se pode separar o planejar do pensar; muito menos do objetivo pretendido com a aula que vai ser colocada em prática. O planejamento é um processo que exige organização. O processo contínuo de tomada de decisões preocupa-se com o 'para onde ir' e “quais as maneiras adequadas para chegar lá”, tendo em vista a situação presente e possibilidades futuras, para que o desenvolvimento da educação atenda tanto as necessidades da sociedade, quanto as do indivíduo, preocupando o ambiente e o caminho que será percorrido de forma clara e objetiva. Para tal, a sistematização, a previsão, as decisões em relação aos objetivos a serem atingidos e a própria organização tanto do tempo dedicado à confeção do planejamento quanto a organização do tempo de cada aula deve ser considerado no planejamento escolar a fim de garantir a eficiência e eficácia de uma ação, quer seja em um nível micro (o plaejamento de uma aula isoladamente), quer seja no nível macro (o planejamento de uma sequência didática, por exemplo). Do ponto de vista educacional, o planejamento é um ato político-pedagógico porque revela intenções e a intencionalidade, expõe o que se deseja realizar e o que DIDATICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR se pretende atingir. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional não define os conceitos de planejamento escolar, mas deixa claro qual é o papel do professor nessa ação que faz parte do trabalho docente em seu artigo 13: Os docentes incumbir-se-ão de: I – participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; II – elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; III – zelar pela aprendizagem dos alunos; IV – estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento; V – ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional; VI – colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a comunidade (LDBEN 9.394/96) Como vimos na citação acima, segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, o ato de planejar está presente em todas as etapas de organização do tempo escolar que será dedicado a uma aula. Mas qual é, afinal, o propósito de se planejar uma aula? Em primeiro lugar, o planejamento serve para questionar e precisar o que será ensinado e por quais motivos. Assim, ele esboça as intenções da instituição de ensino e do professor, explicitando o que ele espera de cada turma ou aluno, direcionando os conteúdos com o objetivo a ser atingido ao final do período letivo contemplado no plano. Por exemplo, se tempos um pedagogo com uma turma do ensino fundamental um num quadro de leitura silabar, e o objetivo do professor é evoluir a leitura dessa turma para uma leitura fluente, ele deve assumir todas as tomadas de decisões que encaminhem para seu objetivo final. No momento de esclarecer o que será ensinado, ou seja, o conteúdo de cada disciplina, para cada ano e em cada etapa, é importante basear-se nas diretrizes repassadas pelo MEC — por meio da Base DIDATICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR Nacional Comum Curricular (BNCC), por exemplo — e pelas secretarias municipais e estaduais. Além disso, cabe lembrar que a escola também tem liberdade para acrescentar seus próprios projetos e conteúdos no currículo. É sobretudo neste ponto que entra a questão do para quê e da própria identidade da escola. Isso porque o planejamento não deve limitar-se aos conteúdos curriculares previstos por lei,mas deve focar-se ainda em cumprir a missão proposta pela escola em seu Projeto Político Pedagógico (PPP), considerando seus valores e o tipo de cidadão que pretende formar. A título de esclarecimento, o Projeto Político Pedagógico de uma escola, também chamado de PPP, é um documento que definirá diretrizes, metas e métodos para que a instituição de ensino consiga atingir os objetivos a que se propõe. O PPP visa melhorar a capacidade de ensino da escola como uma entidade inserida em uma sociedade democrática e de interações políticas. Ademais, o documento traz, em detalhes, todos os objetivos, diretrizes e ações que devem ser valorizados durante o processo educativo, fim último da escola. Nesse sentido, o PPP precisa expressar claramente a síntese das exigências sociais e legais da instituição e os indicadores e expectativas de toda a comunidade escolar; os valores da instituição; a cultura da escola; sua situação presente e caminhos para melhorar os pontos negativos precisa estar demonstrada nesse documento. Ele documento tem elaboração anual obrigatória pela legislação, de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN 9.394/96). Essa obrigatoriedade tem como pano de fundo a possibilidade de que todos os membros envolvidos na comunidade escolar tenham acesso ao projeto, podendo dele participar e nele interferir sempre que necessário, a fim de que seja fruto de uma construção democrática. O PPP funciona como um guia para as ações a serem desenvolvidas na escola. Com efeito, é importante conhecermos o conceito sobre o PPP porque ele faz parte do planejamento escolar, já que esse segue as diretrizes definidas por ele, pois há um ponto indispensável no planejamento escolar que contempla tanto a questão curricular em si quanto sua finalidade: a necessidade de se considerar a progressão dos alunos pelo conhecimento de uma maneira no seu âmbito macroscópico. Isso significa não perder de vista, no planejamento de cada série, o panorama de todo https://www.somospar.com.br/saiba-o-que-e-o-projeto-politico-pedagogico/ DIDATICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR um ciclo de aprendizado em que cada nova etapa exigirá o domínio de conhecimentos prévios. No que tange o planejamento do ensino superior, ao compor um plano de ação é importante confrontar e entender as intenções da instituição de ensino com a realidade dos alunos que essa atende, insto é, com o seu público, para combinar o que se quer fazer com o que é viável e factível. A partir disso, será possível decidir como a instuição de ensino superior poderá aproximar-se dos seus objetivos sem desconsiderar o seu contexto. Elabora-se, então, um documento que se desdobra em vários níveis, afunilando-se da instituição de ensino como um todo até o planejamento de cada professor em cada turma e disciplina. De maneira mais ampla, definem-se questões burocrático-administrativas que afetarão todos os alunos e professores (assim como, muitas vezes, a comunidade local), como por exemplo: o calendário geral da instituição; as regras de uso dos espaços coletivos de acordo com a exigência de cada curso (pátio, quadras, bibliotecas, laboratórios, entre outros); os projetos de iniciação científica, se assim a instituição os tiver que devem contar com a participação de todos os componentes publicados em edital específico. A seguir, para cada ano, define-se o calendário de avaliações, distribuem-se os alunos em turmas e monta-se a grade de horários. Por último, os professores devem ser orientados em relação ao cumprimento do currículo, de maneira a deixar claro o que se espera de cada um. Formas de avaliação, objetivos não curriculares e diretrizes de ação em casos específicos também devem fazer parte do plano. Dessa forma, o documento cumpre seu papel como guia para toda a comunidade escolar. O que é importante, do ponto de vista do ensino, é deixar claro que o professor necessita planejar, refletir sobre sua ação, pensar sobre o que faz, antes, durante e depois do momento síncrono da aula. O ensino superior tem características peculiares porque objetiva a formação de um profissional que esteja habilitado para a profissão que escolheu com competência e honestidade. Logo, voltemos à questão inicial. O que significa o planejamento de ensino? Por que o professor deve planejar? Quais os procedimentos, os instrumentos, as técnicas, os métodos, os recursos e as finalidades pedagógicas do planejamento de https://www.somospar.com.br/entenda-importancia-do-calendario-escolar/ DIDATICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR ensino? Ele pode ser considerado um ato político pedagógico? Uma carta de intenção? Uma reflexão sobre o saber fazer docente? Antes de desenvolver algumas dessas questões, é imprescindível afirmar que existem diferentes abordagens sobre o assunto. Tais abordagens se diferenciam pela forma como tratam a temática quanto aos seus elementos constitutivos. Assim considerado, arrisca-se afirmar que o planejamento do ensino significa, sobretudo, pensar a ação docente refletindo sobre os objetivos, os conteúdos, os procedimentos metodológicos, a avaliação do aluno e do professor. O tratamento que cada abordagem metodológica de planejar abordará explica o processo a partir de vários fatores: o político, o técnico, o social, o cultural e o educacional. Fonte: Freepik.com Assim, o planejamento de ensino tem características que lhes são próprias, isto, particularmente, porque lida com os sujeitos aprendentes, portanto sujeitos em processo de formação humana. Planejar, então, é a previsão sobre o que irá acontecer, é um processo de reflexão constante sobre a prática docente, sobre seus objetivos, sobre o que está acontecendo, sobre o que aconteceu. Por fim, planejar requer uma atitude científica do fazer didático-pedagógico. DIDATICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR Mas como planejar? Quais as ações presentes e como proceder do ponto de vista operacional, uma vez que é entendido que o planejamento é um processo, um ato político pedagógico? O que se pretende desenvolver e qual sociedade que se pretende ajudar a construir? Em primeiro lugar, as fases, os passos, as etapas, as escolhas, implicam em situações diversificadas, que estão presentes durante o acontecer em sala de aula, num processo de idas e vindas. Contudo, para efeito de entendimento, indica-se a realização de um diagnóstico aqui compreendido como uma situação de análise; de reflexão sobre o circunstante, o local, o global. Nesse contexto didático-pedagógico é preciso averiguar a quantidade de alunos, as condições físicas da instituição, os recursos disponíveis, as possíveis estratégias de inovação, as expectativas do aluno, o nível intelectual do público que será atendido durante uma aula, as condições pollitico, socio econômico e cultural do aluno, a cultura da instituição de ensino superior (valores, diretirzes, normativas internas e demais documentos orientadores); enfim, todas condições objetivas e subjetivas em que o processo de ensino irá acontecer. Assumindo essas variáveis em seu planejamento, o docente será naturalmente encaminhado para a reflexão de sua ação educativa naquela instituição e, a partir desse diagnóstico inicial, poderá relacionar seus objetivos didáticos com o projeto da universidade e desenvolver uma prática formativa eficiente. Lembramos aqui que toda instituição de ensino superior tem seu Plano de Ensino, que é um roteiro organizado de unidades didáticas para um ano ou semestre composto dos seguintes elementos: justificativa da disciplina; conteúdos; objetivos gerais e específicos; metodologia avaliação. Todos esses elementos estão ligados à concepção que a instituição de ensino de formação superior e os professores tem como principio básico a função da educação, das especificidades das disciplinas eos objetivos sociais e pedagógicos. Tais elementos visam a assegurar a racionalização, a organização e a coordenação do trabalho docente, de modo que a previsão de suas ações possibilite ao professor DIDATICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR a realização de um ensino de qualidade e evite a improvisação e a rotina. Sobre esses elementos materializam-se os referenciais político-pedagógicos da prática pedagógica dos professores. Sendo assim, Vasconcellos (2005), defende que o [..] Plano de Ensino é um instrumento teórico-metodológico que visa ajudar a enfrentar os desafios do cotidiano [...] de uma forma refletida, consciente, sistematizada, orgânica e que é essencial, participativa. É uma metodologia de trabalho que possibilita re-significar a ação de todos os agentes da instituição’’(1995, p.143). Podemos dizer que o planejamento de ensino é a especificação do planejamento de currículo, onde é traduzido em termos mais concretos e operacionais o que o professor fará na sala de aula para conduzir os alunos a alcançar os objetivos educacionais propostos. De posse do Plano de Ensino, o docente irá elaborar sua programação, adaptando-a as suas escolhas, inclusive, inserindo a pesquisa nos exercícios didáticos, uma vez que a pesquisa científica é a base do ensino superior. Dessa forma, o plano de ensino inicia com um cabeçalho para identificar a instituição, curso, disciplina, código da disciplina, carga horária, dia e horário da aula, nome e contato do professor. Caso a instituição de ensino superior não apresente o projeto da disciplina, o professor deverá elaborar observando os seguintes componentes: a) Ementa da disciplina – a ementa deve ser composta por um parágrafo que declare quais os tópicos que farão parte do conteúdo da disciplina limitando sua abrangência dentro da carga horária ministrada. Deve ser escrita de forma sucinta e objetiva e deve estar de acordo com o projeto político pedagógico do curso. O professor não pode alterar a ementa e uma disciplina sem antes ser aprovada pelo Núcleo Docente Estruturante (NDE) de cada curso. b) Objetivos da disciplina – De acordo com Gil (2012, p. 37) “representam o elemento central do plano e de onde derivam os demais elementos”. Deve ser redigido em forma de tópicos devem ser escolhidos entre dois e cinco objetivos para se atingir a ementa. Podem ser divididos em objetivo geral e específico. Iniciam com verbos escritos na voz ativa e são parágrafos curtos apenas indicando a ação (não colocar a metodologia). Os objetivos englobam o que os alunos deverão conhecer, compreender, analisar e avaliar ao longo da disciplina. Por isso devem ser construídos em forma de frases que iniciam com verbos indicando a ação. Podem ser divididos em objetivo geral e específicos. DIDATICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR c) Conteúdo programático – o conteúdo programático deve ser a descrição dos conteúdos elencados na ementa. É importante esclarecer que o conteúdo programático difere do eixo temático pois o conteúdo programático cobre a totalidade da disciplina e o eixo temático se aplica a uma parte ou capítulo do conteúdo. Deve estar estruturado em seções (ou módulos) detalhando os assuntos gerais e específicos que serão abordados ao longo da disciplina contemplados dentro da ementa. d) Metodologia - A metodologia ou estratégias de aprendizagem como alguns autores denominam, esclarecem “os procedimentos que os professores utilizarão para facilitar o processo de aprendizagem” (GIL, 2012, p. 38). É importante destacar quais os recursos, meios, materiais e procedimentos que serão adotados ao longo da disciplina para desenvolvimento das aulas e escolha das estratégias de ensino e de aprendizagem, forma de aula, dinâmicas, etc. Na metodologia deve estar explícito quais as estratégias metodológicas e didáticas serão usadas pelo professor para atingir os objetivos propostos na disciplina. e) Avaliação – É importante que o professor deixe claro no plano de ensino como ocorrerá a avaliação (preferencialmente formativa, sistemática e periódica), indicando claramente os critérios usados, pesos, formas de avaliação, entre outras informações pertinentes para que o professor tenha esse instrumento para tomada de decisão e o aluno saiba como será avaliado. A avaliação compreende todos os instrumentos e mecanismos que o professor verificará se os objetivos estão sendo atingidos ao longo da disciplina. Dessa forma, deve ser uma avaliação processual e registrada constantemente acerca da aprendizagem do aluno com base nas metodologias propostas que podem verificadas por meio da aplicação de exercícios, provas, atividades individuais e/ou grupais, pesquisas de campo e observação periódicas registrada em diários de classe. f) Referências – Cabe ao professor indicar fontes de pesquisa e leitura sobre os conteúdos programáticos que serão abordados em sala de aula ao longo da disciplina, sejam trabalhos publicados em anais de eventos, ebooks, livros impressos, artigos de revistas, entre outros que subsidiarão teoricamente o conteúdo programático a ser abordado na disciplina. É importante que o professor selecione de três a cinco bibliografias que são básicas para trabalhar ao longo da disciplina e DIDATICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR também escolha outras bibliografias complementares para aprofundar os temas propostos. Esclarecido o conceito e os elementos do Plano de Ensino, de acordo com Donald Schon os bons profissionais utilizam um conjunto de processos que não dependem da lógica, da racionalidade técnica, mas sim, são manifestações de sagacidade, intuição e sensibilidade artística. Schon orienta que se observe estes professores para averiguarmos como desenvolvem suas práticas, como fazem e o que fazem, de forma a colhermos as devidas lições para nossos programas de formação. (SCHON, 2002). Contudo, o professor deve refletir didaticamente sobre sua prática para não usar da repetição dos mesmos recursos e ficar com medo de inovar. É importante que o professor estude sobre as metodologias de ensino e, principalemente no momento em que estamos, pesquisar sobre as metodologias ativas que estão sendo amplamente usadas nas aulas online desde o ensino básico até o ensino superior. Há uma diversidade metodológica que pode ser trabalhada em sem sala de aula e/ou numa situação didático-pedagógica, como por exemplo um estudo de caso, exposição com ilustração, trabalhos em grupos, estudos dirigidos, tarefas individuais, pesquisas, experiências de campo, sociodramas, painéis de discussão, debates, tribuna livre, exposição com demonstração, júri simulado, aulas expositivas, seminários, ensino individualizado, dentre outros métodos. Com o avanço das novas tecnologias, os recursos na área do ensino se tornaram valiosos, principalmente do ponto de vista do trabalho do professor e do aluno, não só em sala de aula, mas como fonte de pesquisa. Ao planejar, o professor deverá levar em conta as reais condições dos alunos, os recursos que ese dispões e na instituição de ensino, a fim de organizar situações didáticas em que possam utilizar recursos tecnológicos que enriqueçam tanto o trabalho desenvolvido pelo aluno quanto a didática do professor. Se o professor considerar o uso da internet em sua metodologia, esses recursos se enriqquecem ainda mais, pois o aluno tem mais autonomia para fazer pesquisas prévias e interpretar os hipertextos que são próprios desse recurso. DIDATICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR 7. ORGANIZAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO ENSINO- APRENDIZAGEM: OS PLANOS DE AULA E OS PROGRAMAS DE APRENDIZAGEM Fonte: Freepik.com A Didática é um processo de ensino que caminha lado a lado com os objetivos, conteúdos, métodos e formas organizativas de uma aula. È ele quem dita a forma como esses processos se relacionam entre si de modoa criar condições para o corpo discente proporcionar uma aprendizagem significativa, além de auxiliar o professor na direção e orientação das tarefas do ensino aprendizagem. Planejar é estudar, organizar e coordenar; ações essas a serem tomadas para a realização de uma atividade visando solucionar um problema ou alcançar um objetivo. O planejamento auxilia na orientação, organização e concretização daquilo que se desejar alcançar. Pode-se dizer que a didática é uma importante aliada ao exercício do trabalho profissional porque é ela que auxilia na organização e no desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem por meio dos planos de aula e dos programas de aprendizagem. Sendo assim, plano de aula deve ser tratado como um processo primordial ao trabalho profissional, pois é um método aplicado para a intervenção profissional, ou seja, o profissional deve investigar e analisar a realidade para assim propor uma intervenção eficaz. Na educação o plano de aula envolve a integração do professor- aluno com as relações social-economicas e político-culturais, bem como os elementos escolares, objetivos, conteúdos, métodos, com a função de explicitar princípios e execução das atividades escolares e possibilitar as ações do professor DIDATICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR na realização de um ensino de qualidade, evitando a monotonia e a rotina e o desinteresse do processo ensino-aprendizagem. Desta feita, o desenvolvimento do processo de ensino aprendizagem possui duas dimensões fundamentais, que são as funções relativas à gestão da classe (organização dos grupos, definição de regras, procedimentos e sanções disciplinares, articulação e sequenciação das atividades, etc.) e o ensino dos conteúdos da disciplina (repassar o conteúdo programático, motivar os alunos, selecionar e organizar a metodologia, avaliar as aprendizagens, etc.). O ato de planejar exige aspectos básicos a serem considerados. Um primeiro aspecto é o conhecimento da realidade daquilo que se deseja planejar, quais as principais necessidades que precisam ser trabalhadas; para que o planejador as evidencie faz- se necessário fazer primeiro um trabalho de sondagem da realidade daquilo que ele pretende planejar, para assim, traçar finalidades, metas ou objetivos daquilo que está mais urgente de se trabalhar dentro do contexto em que se encontra a classe a que será direcionada o planejamento a ser confeccionado. (OLIVEIRA, 2007). Além do mais, programa de aprendizagem deve conter, ainda que de maneira resumida, as decisões pedagógicas do professor a respeito do que ensinar, como ensinar e como avaliar o que ensinou. Não se deve esperar que um programa de aprendizagem atenda da mesma forma à todas as turmas e todos os professores, pois é um instrumento individual de trabalho e deve ser desenvolvido para atingir os objetivos de cada turma considerando suas variáveis e particularidades. Entretanto, seja o professor experiente ou iniciante, tanto o plano de aula quanto o programa de aprendizagem devem conter uma estrutura básica, e sua adequação depende de dois critérios: utilidade para o professor e eficácia para que os alunos aprendam. Para que cumpra seu papel, o planejamento deve considerar três dimensões: Primeira: o plano de aula tem como fundo a aula e a sala de aula. Essa aula é parte integrante de um programa de aprendizagem, que, por sua vez, integra a proposta pedagógica da escola. Ou seja, a aula nunca é um evento isolado. Os objetivos de longo prazo previstos na proposta materializam-se a cada dia, em cada aula. DIDATICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR Segunda: a sala de aula é um lugar físico onde os conteúdos previstos serão ensinados à turma. Mas não significa estar entre quatro paredes. A aula também pode ocorrer em outros ambientes, internos e externos da escola. O planejamento do professor pode incluir, por exemplo, projetos a serem realizados em casa ou no horário extra aula. Terceira: cada aula deve ser cuidadosamente planejada, ministrada, avaliada e revista para permitir o replanejamento da aula seguinte. Sem isso, o professor pode chegar ao final do semestre, ou do ano, sem ter cumprido o seu plano, e sem condições ou tempo de promover a recuperação dos alunos que não acompanharam o andamento do programa. Assim, a ação de ensinar, mais do que “passar conteúdo”, consiste criar situações de interlocução, cooperação e diálogo entre professor e alunos , de modo que eles consigam absorver e operar a prática dos conceitos trabalhados, desenvolvendo, dessa forma, as capacidades intelectuais necessárias para assimilar e utilizar com êxito os conhecimentos. Fonte: Freepik.com A organização e o desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem trabalhado pelo professor começa a compreender que a tarefa da escola contemporânea não consiste em dar aos uma soma de fatos conhecidos, e sim, DIDATICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR ensiná-las de forma eficiente, usando os programas de aprendizagem e os planos de aula para ultrapassarem o conteúdo. Isto significa que a escola deve ensinar os alunos a pensar, a desenvolver a análise crítica, a independência em suas ações e organizar um ensino que impulsione o desenvolvimento não só científico, como também a formação do aluno como pessoa. Em outras palavras, para aprender a pensar e a agir com base nos conteúdos de uma matéria de ensino é preciso que o professor, por meio do plano de aula, saiba dirigir seu objetivo para que o aluno domine a proposta associada ao conteúdo, as quais são encontradas nos procedimentos lógicos e investigativos próprios da ciência que dá origem a esses conteúdos, organizados pelos programas de aprendizagem. No ensino superior, os programas de aprendizagem e os planos de aula normalmente são voltados para a pesquisa e produção de conteúdo cientifico que será, posteriormente, traduzido para a população quando este estiver exercendo sua profissão. Portanto, não basta dominar o conteúdo. É preciso que o professor entenda qual é o processo de pesquisa pelo qual se chegou a esse conteúdo, ou seja, qual é a epistemologia da ciência que ensina, bem como quais serão os métodos e procedimentos que ele usará para ensinar seus alunos a se apropriarem dos conteúdos da ciência ensinada. Durante o processo de ensino-aprendizagem, também deverão ser consideradas, como dito anteriormente, as características individuais e socioculturais dos alunos e os motivos que os impulsionam, de modo a saber ligar os conteúdos com esses motivos. Dentro desse contexto, E. Morin expressa a exigência de se desenvolver uma inteligência geral que saiba discernir os contexto individuais, globais, multidimensionais a fim de coloá-la a serviço da interação complexa entre esses elementos durante o processo de ensino – aprendizagem: A compreensão dos dados particulares também necessita da ativação da inteligência geral, que opera e organiza a mobilização dos conhecimentos de conjunto em cada caso particular. (...) Dessa maneira, há correlação entre a mobilização dos conhecimentos de conjunto e a ativação da inteligência geral (Morin, 2000, p. 39). DIDATICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR Como vimos na citação acima, a tarefa das escolas e dos processos educativos é o de desenvolver em quem está aprendendo a capacidade de aprender, em razão de exigências postas pelo volume crescente de dados acessíveis que os alunos absorvem a todo momento, dentro e fora das instituições de ensino. Contudo, a tarefa de ensinar não pode ser concebida como um processo cujos resultados estão definidos e podem ser pré-determinados como produto de uma ação mecanizada, pois a sala de aula constitui-se como espaço privilegiado de negociação, formação do pensamento crítico e de produção de novos sentidos nos processos do ensinar a aprender e a pensar emum campo de conhecimento. Logo, podemos perceber a importância do uso dos programas de aprendizadem e dos planos de aula no processo de aprendizagem - seja para superar os problemas, seja para fixar os conhecimentos – já que esses processos, usados em conjunto, dão utilidade ao conteúdo aprendido. Desta forma não basta apenas o ensino expositivo, no qual o aluno ou colaborador é um mero receptor passivo: é importante que a pessoa participe efetivamente da dinâmica para que o aprendizado seja adquirido e se torne valor para o indivíduo na organização e nao desenvolvimento do processo de ensino aprendizagem, pois o resultado desse processo será o que ele colocará em prática depois de conquistar o diploma. Fonte: Freepik.com 8. OS OBJETIVOS DE ENSINO, OS CONTEÚDOS ESCOLARES E AS ESTRATÉGIAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM DIDATICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR Fonte: Freepick.com Para tratar de estratégias de aprendizagem precisamos ter bem claro a definição de aprendizagem e estratégias. A origem da palavra estratégia vem do grego strategia e do latim strategi. Significa aptidão para comandar um exército, táticas, processos, procedimentos, técnicas, planos. Conforme definição do dicionário (BUENO, 2007) a aprendizagem significa estudar, adquirir conhecimento pela ação de aprender, reter a informação na memória, ou seja, é a ação que permite que o sujeito perceba e modifique as informações de maneira pró-ativa. No contexto escolar é preciso compreender as estratégias de aprendizagem enquanto comportamentos, ações, atitudes e técnicas voltadas para o aprendizado. Envolve as ações cognitivas de armazenamento e recuperação dos conteúdos aprendidos e metacognitivas pensando sobre o porque das escolhas, da seleção de determinadas ações, refletindo sobre as decisões tomadas, responsabilizando-se por seu processo de aprendizagem (BORUCHOVITCH,1999). Assim, a escolha de uma estratégia de ensino deve levar em consideração o conhecimento do aluno, seu modo de ser, de agir, de estar, além de sua dinâmica pessoal porque todo conteúdo possui em sua lógica interna uma forma que lhe é própria, e que precisa ser captada e apropriada para sua efetiva compreensão. As estratégias de aprendizagem não se separam dos objetivos de ensino, sendo que para a efetiva aplicação de uma estratégia de ensino que tenha uma forma de assimilação que obedece à lógica interna do conteúdo, utilizam-se os processos mentais ou as operações do pensamento para que as estratégias consigam atingir os objetivos a que servem. É por isso que não se pode ignorar a importância DIDATICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR de ter clareza sobre aonde se pretende chegar naquele momento com o processo de ensino aprendizagem. Por isso, os objetivos que o norteiam devem estar claros, tanto para professores quanto para alunos. O professor precisa ser um verdadeiro estrategista, – ainda mais diante de tanta coisa que compete a atenção dos alunos na aula, como por exemplo os smartphones. Em vista disso, adotou-se o termo estratégia, no sentido de estudar, selecionar, organizar e propor as melhores ferramentas facilitadoras para que os estudantes se apropriem do conhecimento. No ensino superior nota-se de maneira acentuada que os universitários, genericamente falando, buscam na formação uma oportunidade de ascensão social. Este fator condiciona a postura do aluno para uma conduta de interesse maior, senão quase exclusivo, nas disciplinas de formação específica, não compreendendo, muitas vezes, a relevância das disciplinas de formação básica e complementar. Desta forma, o discente espera dos professores das disciplinas específicas uma atuação destacada, tendo-o como modelo profissional e do qual espera a transmissão dos conhecimentos e métodos necessários para um destaque na sua futura atuação no mercado de trabalho. A maneira pela qual o professor planeja suas atividades de sala de aula é determinante para que o grupo de alunos de sua platéia reaja com maior ou menor interesse e contribui no modo como a aula transcorre. O uso de formas e procedimentos de ensino deve considerar que o modo pelo qual o aluno aprende não é um ato isolado, escolhido ao acaso, sem análise dos conteúdos trabalhados, sem considerar as habilidades necessárias para a execução e dos objetivos a serem alcançados. Mesmo havendo um grande número de estratégias de ensino, muitos professores universitários dominam uma única estratégia – a aula expositiva. Cabe ressaltar que há também muitos professores que, embora conheçam outras estratégias, não as aplicam por não se sentirem seguros. E ainda há os professores que diversificam suas estratégias unicamente pelo desejo de diversificar, sem saber se são ou não adequadas aos seus propósitos (GIL, 2011). DIDATICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR Fonte: Freepik.com Todavia, apenas o emprego de uma estratégia adequada não resulta na efetividade de uma aula. Haydt (2006) expõe três princípios que podem nortear o trabalho docente, qualquer que seja, a estratégia de ensino adotada: a) incentivar sempre a participação dos alunos, criando condições para que eles se mantenham numa atitude reflexiva; b) aproveitar as experiências anteriores dos alunos, para que eles possam associar os novos conteúdos assimilados às suas vivências significativas; c) adequar o conteúdo e a linguagem ao nível de desenvolvimento cognitivo da classe. A literatura sobre o tema apresenta diversas estratégias de ensino que podem ser aplicadas no âmbito do ensino superior (HAYDT, 2006; PILETTI, 2010; GIL, 2011; MALHEIROS, 2012; VEIGA, 2011; BELTHER, 2014; GIL, 2015), podendo ser classificadas em três categorias: métodos e técnicas individuais (aula expositiva, perguntas e respostas, estudo dirigido e fichas didáticas); métodos e técnicas coletivas (método de solução de problemas, método de projetos, trabalho em grupo, estudo in loco, jogos, dramatização, seminário e debate); métodos e técnicas mistas (método da descoberta e unidades didáticas). A seguir veremos as estratégias de ensino mais comuns e que são amplamente usadas pelos professores de todas as áreas do conhecomento: DIDATICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR Aula expositiva – dialogada: É uma exposição do conteúdo, com a participação ativa dos estudantes, cujo conhecimento prévio deve ser considerado e pode ser tomado como ponto de partida. O professor leva os estudantes a questionarem, interpretarem e discutirem o objeto de estudo, a partir do reconhecimento e do confronto com a realidade. (ANASTASIOU; ALVES, 2004, p. 79). Estudo dirigido: A técnica de estudo dirigido se fundamenta no princípio didático de que o professor não ensina, mas sim, ajuda o aluno a aprender (PILETTI, 2010). Desse modo, essa técnica consiste em fazer o aluno estudar um assunto a partir de um roteiro elaborado pelo professor. Este roteiro estabelece a extensão e a profundidade do estudo (HAYDT, 2006). Os procedimentos para a elaboração e aplicação dessa técnica são: escolha de um texto simples e abrangente; elaboração de questões que não exijam a mera repetição do texto, sendo capazes de estimular a capacidade de análise, síntese, interpretação e avaliação dos estudantes; e assistência do professor nas fases de execução e avaliação da atividade (PILETTI, 2010). Portfólio: É a identificação e a construção de registro, análise, seleção e reflexão das produções mais significativas ou identificação dos maiores desafios/dificuldades em relação ao objeto de estudo, assim como das formas encontradas para superação. (ANASTASIOU; ALVES, 2004, p. 81) Fichas didáticas: Esta técnica consiste em colocar à disposição dos alunos, fichas didáticas essenciais ao estudo de um determinado conteúdo. Nessa técnica, cabe ao professor organizar as fichas, explicar o funcionamento da técnica e controlaro desenvolvimento do trabalho. Já os alunos, devem estudar o conteúdo apresentado nas fichas, responder às questões propostas e comparar suas respostas com a correção (PILETTI, 2010) Método de solução de problemas: O método de solução de problemas corresponde à apresentação de situações problemáticas aos alunos. Isto posto, apresenta-se ao aluno uma situação para que ele proponha uma solução satisfatória, utilizando os conhecimentos que já dispõe ou buscando novas informações por meio de uma pesquisa (HAYDT, 2006; BELTHER, 2014). Em suma, ensinar é apresentar problemas e aprender é resolver problemas (PILETTI, 2010). Com a solução de problemas, os alunos pesquisam sobre o tema, promovem DIDATICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR reflexões e diálogos com seus colegas e com o professor. Assim, o aluno deixa de ser ouvinte passivo para assumir o papel de ativo no processo de aprendizagem, ao mesmo tempo que consegue aprender a aprender, e desenvolve visão crítica e criativa (BELTHER, 2014). Mapa conceitual: Consiste na construção de um diagrama que indica a relação de conceitos em uma perspectiva bidimensional, procurando mostrar as relações hierárquicas entre os conceitos pertinentes à estrutura do conteúdo. (ANASTASIOU; ALVES, 2004, p. 83). Método de projetos: O método de projetos mobiliza os alunos para a construção ativa da aprendizagem. É o aprender fazendo. Isto posto, os princípios para a realização deste método são: a) a aprendizagem é construída exclusivamente pelo aluno e acontece em situações práticas; b) é preciso respeitar os limites do desenvolvimento do aluno; e, c) o papel da escola é auxiliar no desenvolvimento de habilidades interpessoais. Nesse método, o ensino realiza-se através de amplas unidades de trabalho. O projeto é uma atividade que se processa a partir de um problema concreto e se efetiva na busca de soluções práticas. Assim, o estudante realiza um esforço motivado com um propósito definido (HAYDT, 2006). Resolução de exercícios: O estudo por meio de tarefas concretas e práticas tem por finalidade a assimilação de conhecimentos, habilidades e hábitos sob a orientação do professor. (MARION; MARION, 2006, p. 46). Trabalho em grupo: O trabalho em grupo é caracterizado como um instrumento didático, com o objetivo de guiar os alunos na aprendizagem de conhecimentos, promovendo a aquisição de conhecimentos de caráter social e afetivo (BELTHER, 2014). No âmbito escolar, os principais objetivos do trabalho em grupo, são: facilitar a construção do conhecimento; permitir a troca de ideias e opiniões; e, possibilitar a prática da cooperação para um fim comum (HAYDT, 2006). Grupo de verbalização e de observação (GV/GO): É a análise de tema/problemas sob a coordenação do professor, que divide os estudantes em dois grupos: um de verbalização (GV) e outro de observação (GO). É uma estratégia aplicada com sucesso ao longo do processo de construção do conhecimento e requer leituras, estudos preliminares, enfim, um contato inicial com o tema. (ANASTASIOU; ALVES, 2004, p. 88). DIDATICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR Dramatização: É uma apresentação teatral, a partir de um foco, problema, tema etc. Pode conter explicitação de idéias, conceitos, argumentos e ser também um jeito particular de estudo de casos, já que a teatralização de um problema ou situação perante os estudantes equivale a apresentar-lhes um caso de relações humanas. (ANASTASIOU; ALVES, 2004, p. 89). Seminário: É um espaço em que as idéias devem germinar ou ser semeadas. Portanto, espaço, onde um grupo discuta ou debata temas ou problemas que são colocados em discussão. (ANASTASIOU; ALVES, 2004, p. 90). Em resumo, Haydt (2006) ratifica a contribuição do seminário para o desenvolvimento do espírito de pesquisa, levando o aluno a coletar material para análise e interpretação, fazendo com que ele estruture as informações coletadas para posterior exposição e transmissão. No entanto, essa técnica deve ser desenvolvida com cuidado pelos professores para evitar que se transforme em aulas expositivas realizadas pelos alunos, provocando uma descontinuidade das discussões sobre os temas, bem como discussões superficiais (BELTHER, 2014). Debate: É caracterizado como uma troca de ideias entre duas ou mais pessoas sobre um determinado conteúdo. Nesse método, o professor propõe um determinado tema e separa a turma em grupos de modo que estes possam expor sua opinião. Entretanto, não deve ser aplicado a qualquer conteúdo ou a conhecimentos que os alunos não dominam, sendo destinado quando se quer trabalhar a opinião, baseada em evidências, sobre algum assunto já conhecido (MALHEIROS, 2012). Segundo Gil (2015) o debate pode funcionar como um dos métodos de ensino mais eficazes, capaz de proporcionar aos alunos altos níveis de satisfação. Porém, sua qualidade depende da maneira como é preparado e também da competência do professor, pois conduzir uma boa discussão exige não apenas habilidades comunicativas, mas também o exercício da liderança. Simpósio: É a reunião de palestras e preleções breves apresentada por várias pessoas (duas a cinco) sobre um assunto ou sobre diversos aspectos de um assunto. Possibilita o desenvolvimento de habilidades sociais, de investigação, amplia experiências sobre um conteúdo específico, desenvolve habilidades de estabelecer relações. (ANASTASIOU; ALVES, 2004, p. 93). Palestras: Possibilidade de discussão com a pessoa externa ao ambiente universitário sobre um assunto de interesse coletivo, de acordo com um novo DIDATICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR enfoque; Discussão, perguntas, levantamento de dados, aplicação do tema na prática, partindo da realidade do palestrante. (MARION; MARION, 2006, p. 42); (PETRUCCI; BATISTON, 2006, p. 288-289). Fórum: Consiste num espaço do tipo “reunião”, no qual todos os membros do grupo têm a oportunidade de participar do debate de um tema ou problema determinado. Pode ser utilizado após a apresentação teatral, palestra, projeção de um filme, para discutir um livro que tenha sido lido pelo grupo, um problema ou fato histórico, um artigo de jornal, uma visita ou uma excursão. (ANASTASIOU; ALVES, 2004, p. 95). Jogos: Os jogos são atividades físicas ou mentais, além de lúdicas, organizadas por um sistema de regras (HAYDT, 2006). Ao recorrer ao uso de jogos, o professor ensina um conceito ou método, por meio de uma atmosfera de motivação que permite aos alunos participar ativamente do processo de aprendizagem, assimilando informações e experiências e, sobretudo incorporando atitudes e valores (HAYDT, 2006; MALHEIROS, 2012). Nesse método, o professor oferece aos estudantes condições de reflexão sobre os conhecimentos por meio de uma abordagem mais contextualizada, interativa e significativa dos conteúdos da área (CASAGRANDE; BORNIA; CASAGRANDE; MECHELN, 2014). Conforme os objetivos de ensino, os conteúdos escolares e as estratégias de ensino-aprendizagem que os métodos de ensino se ligarão aos métodos de aprendizagem, de forma que o professor consiga indicar as funções (ou passos didáticos) e procedimentos, além das ações de assimilação ativa da parte do aluno. Tendo como base os objetivos, o conteúdo e as características de cada disciplina, o professor seleciona e organiza métodos de ensino e os procedimentos didáticos que melhor atende ao objetivo traçado. O critério de classificação dos métodos de ensino e a escolha da estratégia a ser usada resulta da relação existente entre ensino e aprendizagem, concretizada pelas atividades do professor e do alunos no processo de ensino. De acordo com esse critério, o eixo do processo de ensino é a relação cognoscitiva entre o aluno e a matéria. Há, portanto, métodos de ensino e formas de dirigir o processo de ensino, ou seja, são diversas as maneiras de seguir a as diretrises que tangem as relações
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