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Brilho eterno de uma mente sem lembranças - Análise Fílmica - Sociologia (18 08) - Enzo Libório

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Brilho eterno de uma mente sem lembranças: análise fílmica 
1 
 
 
 
 
BRILHO ETERNO DE UMA MENTE SEM LEMBRANÇAS: ANÁLISE FÍLMICA1 
 
 
Enzo Libório Fraga2 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
rilho Eterno de uma mente sem lembranças é um filme lançado em 2004, dirigido 
por Michel Gondry e estrelado por Jim Carrey e Kate Winslet. O fio condutor da produção 
cinematográfica é a possibilidade de Joel, interpretado por Jim Carrey, poder apagar da memória 
alguém responsável por uma desilusão amorosa. Interpretada por Kate Winslet, Clementine será 
a sua parceira em um relacionamento que, posteriormente, será alvo de um procedimento 
experimental que retira todas as memórias vividas por ela com o seu parceiro, Joel, no qual, 
sabendo de tal experimento, se submete para também esquecer as memórias vividas por ele ao 
lado de Clementine. 
 Nos primeiros minutos da produção é visto Joel, decidindo de última hora, pegar um trem 
para Montauk, como forma de escapar do seu dia de trabalho. Da mesma forma, é possível 
perceber que ele é um personagem introvertido no qual interpreta o mundo exterior por meio de 
seus desenhos, alguém que se prende bastante aos próprios pensamentos, muitas das vezes frios, 
tristes e melancólicos, que volta ao passado sempre que pode – como a lembrança da namorada 
Naomi em que, o dia dos namorados se aproximando, pensa em reatar o relacionamento. 
Adentrando no personagem de Clementine, esta o oposto de Joel – como a famosa frase: “os 
opostos se atraem” – é evidente que ela é extrovertida e que possui uma ótima habilidade social, 
apesar da mudança repentina de humor e insegurança diante de suas ações e imagem, visto que 
sempre que é conveniente – ou inconveniente ao momento – há pedidos de desculpas e perguntas 
se está sendo chata. Se considerando uma pessoa ansiosa, achando que nunca vive a vida ao 
extremo, como ela mesma deixa claro na trama, cria-se um distanciamento dos personagens em 
 
1 Assunto abordado em sala na disciplina de Sociologia. 
2 Discente do 2º ano B do Ensino Médio do Colégio José Augusto Vieira. 
B 
Brilho eterno de uma mente sem lembranças: análise fílmica 
2 
 
meio ao relacionamento, como se o medo fosse o afronte de tudo, como se não soubessem como 
prosseguir com aquele romance. 
 Deixado bem evidente, um dos temas centrais da trama é a procura de Joel por uma 
paixão, talvez como forma de aliviar sua dor interna ou acontecimentos do passado, como o seu 
outro relacionamento, com Naomi, mas que possui uma carga dotada de sentido sobre o quanto 
as relações, apesar de fortes na prática, nas mentes dos personagens é algo muito confuso e vago, 
mas que se repete – no final da obra é mostrado que o encontro que passara em seu início, com 
Clementine, é o segundo, logo os dois protagonistas terem experimentado a perda proposital de 
suas memórias, ou seja, mesmo com a rápida aproximação, por mais que seja a segunda vez (sem 
eles lembrarem), criam intimidade suficiente para um relacionamento sério, mesmo que emoções 
criadas rapidamente, também se desfaçam rapidamente. 
 Tratando a questão do amor e da paixão nos relacionamentos, a obra mostra que apesar 
do experimento de apagar a memória, eles se reencontram, havendo a possibilidade de se 
apaixonarem, manterem uma relação saudável durante um tempo e depois entrarem em crise, o 
que levarão a apagar, novamente, as suas memórias, mas no fundo, sabendo que querem ficar 
juntos. A título de exemplo, quando Joel está revisitando as experiências de Clementine, ele 
relembra o exato momento em que a conheceu, de maneira impulsiva, como se estivesse sendo 
atraído por algo que nem lembrava o que era. Os personagens estão nesse ciclo vicioso talvez 
pelo resto de suas vidas, como uma metáfora ao mundo moderno – à modernidade líquida, de 
Bauman, que muitos relacionamentos queiram recomeçar, mas o recomeçar de fato, sem 
memórias, Brilho Eterno de uma mente sem lembranças é uma análise do amor, que falhou, até 
o desejo do inconsciente de apagar todas as memórias – uma melancolia ácida e suave da 
cinematografia.

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