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A TRANSFORMAÇÃO DO DIREITO COMERCIAL E EMPRESARIAL

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A TRANSFORMAÇÃO DO DIREITO 
COMERCIAL E EMPRESARIAL 
Podemos dizer que a formação do Direito Empresarial ocorre em três 
fases distintas, sendo elas: fase de Corporações de Ofício; fase da 
Teoria dos Atos de Comércio, e fase da Teoria da Empresa. 
Fase 1 – As Corporações de Ofício, conhecidas como a primeira fase 
do direito empresarial. Nesta fase, o funcionamento do direito 
empresarial ou comercial é simples, tratando somente do 
agrupamento ou associações dos comerciantes – as chamadas 
corporações de ofício –, que reuniam profissionais artesãos, como 
sapateiros, carpinteiros, ferreiros, entre outros. 
Tais associações eram utilizadas para defesa dos interesses 
trabalhistas e econômicos dos trabalhadores e cada profissional 
pagava uma taxa para manutenção dessa associação. 
Figura : Representação de uma sapataria do século 
16. Fonte: Wikipedia. 
 
Nessa fase, o Direito era tratado de forma classista, parcial e subjetiva, 
contendo regras criadas pelos comerciantes e para os comerciantes. 
Esse agrupamento das corporações tinha o objetivo de formar uma 
proteção jurídica em torno de suas atividades, buscando mais 
segurança. 
Esse modelo mostrou-se bastante eficaz, na medida em que os 
julgamentos realizados pelos juízes classistas dessas corporações 
aconteciam e, assim, houve o interesse da sociedade, com base na 
revolução francesa, pressionando para que tais juízes também 
julgassem questões sociais e não somente comerciais. 
Fase 2 – Os Atos do Comércio: Tal fase do Direito Empresarial, 
conhecida como fase dos atos de comércio, teve como guardião o 
Code de Commerce, elaborado em 1808, pelos juristas de Napoleão 
Bonaparte. 
Tal fase marcou o abandono do subjetivismo corporativista (segundo 
o qual esse direito se aplicava apenas a quem estivesse inscrito como 
comerciante em seus registros) para a implantação da objetividade 
em que o Direito Comercial aplicava-se a todos os atos de comércio 
praticados por quem quer que seja, ainda que esporadicamente. 
Esse abandono do subjetivismo, presente na primeira fase, 
acompanhou também a exclusão do corporativismo e a adoção de 
uma ampla ordem comercial e legal, dando lugar ao objetivismo dos 
atos legais praticados pelos comerciantes. 
Com isso, a prática habitual de atos comerciais e o consequente 
registro de comerciante seria pressuposto para a aplicação de normas 
específicas relativas a essa atividade. E, havendo a ocorrência de 
algum conflito comercial, o que se levava em consideração, no 
julgamento, não era a qualidade das partes em si, mas o que cada 
parte causou e, a partir dali, essa conduta era analisada, bem como 
sua devida adequação ao que estava estipulado nas regras, efetuando 
o julgamento necessário. 
Essa prática legal francesa tornou-se referência em todo o mundo. No 
Brasil, em 1850, foi editado o nosso Código Comercial, que teve como 
inspiração a Teoria dos Atos de Comércio aqui comentada. 
O Código Comercial Brasileiro (Lei 556, de 1850) descrevia o 
comerciante como sendo aquele que praticava a atividade de 
mercancia, mas sem descrever a atividade. Essa definição ocorreu 
com o artigo 19, do regulamento 737, também de 1850, no qual os 
atos considerados de comércio foram definidos; por exemplo: compra 
e venda de imóveis, operações de câmbio, operações de seguro, 
transporte de mercadorias, etc.: 
Art. 19. Considera-se mercancia: 
§ 1º A compra e venda ou troca de effeitos moveis ou semoventes para 
os vender por grosso ou a retalho, na mesma especie ou 
manufacturados, ou para alugar o seu uso. 
§ 2º As operações de cambio, banco e corretagem. 
§ 3° As emprezas de fabricas; de com missões; de depositos; de 
expedição, consignação e transporte de mercadorias; de espectaculos 
publicos. (Vide Decreto nº 1.102, de 1903) 
§ 4.° Os seguros, fretamentos, risco, e quaesquer contratos relativos ao 
commercio maritimo. 
§ 5. ° A armação e expedição de navios. 
Assim, só seriam considerados atos de comércio, os atos 
expressamente definidos, contando tais atos com a proteção das 
regras e diretrizes comerciais.

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