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Os autores deste livro e a AC FARMACÊUTICA LTDA. empenharam seus melhores esforços para assegurar que as informações e os procedimentos apresentados no texto estejam em acordo com os padrões aceitos à época da publicação, e todos os dados foram atualizados pelos autores até a data da entrega dos originais à editora. Entretanto, tendo em conta a evolução das ciências da saúde, as mudanças regulamentares governamentais e o constante fluxo de novas informações sobre terapêutica medicamentosa e reações adversas a fármacos, recomendamos enfaticamente que os leitores consultem sempre outras fontes fidedignas, de modo a se certificarem de que as informações contidas neste livro estão corretas e de que não houve alterações nas dosagens recomendadas ou na legislação regulamentadora. Adicionalmente, os leitores podem buscar por possíveis atualizações da obra em http://gen-io.grupogen.com.br. Os autores e a editora se empenharam para citar adequadamente e dar o devido crédito a todos os detentores de direitos autorais de qualquer material utilizado neste livro, dispondo-se a possíveis acertos posteriores caso, inadvertida e involuntariamente, a identificação de algum deles tenha sido omitida. Traduzido de NELSON’S PEDIATRIC ANTIMICROBIAL THERAPY, TWENTIETH EDITION Copyright © 2014 John S. Bradley and John D. Nelson All Rights Reserved. This publication is a translation of 2014 Nelson’s Pediatric Antimicrobial Therapy, 20th Edition, © 2014, by the American Academy of Pediatrics. This translation reflects current practice in the United States of America as of the date of original publication by the American Academy of Pediatrics. The American Academy of Pediatrics did not translate this publication into the language used in this publication. The American Academy of Pediatrics disclaims any responsibility for any errors, omissions, or other possible problems associated with this translation. Esta publicação é uma tradução de 2014 Nelson’s Pediatric Antimicrobial Therapy, 20ª edição, © 2014, da American Academy of Pediatrics. Esta tradução corresponde à prática corrente nos Estados Unidos a partir da data de publicação original pela American Academy of Pediatrics. A American Academy of Pediatrics não traduziu esta publicação para a língua portuguesa. A American Academy of Pediatrics se exime de qualquer responsabilidade por quaisquer erros, omissões ou outros possíveis problemas associados a essa tradução. Direitos exclusivos para a língua portuguesa Copyright © 2014 by AC FARMACÊUTICA LTDA Uma editora integrante do GEN | Grupo Editorial Nacional Travessa do Ouvidor, 11 – Rio de Janeiro, RJ – CEP 20040-040 – Tel.: (21) 3543-0770 / Fax: (21) http://gen-io.grupogen.com.br 3543-0896 www.grupogen.com.br | editorial.saude@grupogen.com.br Dona Brígida, 701 – Vila Mariana – São Paulo, SP – CEP 04111-081 – Tel.: (11) 5080-0770 acfarmaceutica@grupogen.com.br | www.acfarmaceutica.com.br Reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, no todo ou em parte, em quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, mecânico, gravação, fotocópia, distribuição pela Internet ou outros), sem permissão, por escrito, da AC FARMACÊUTICA LTDA. Diretor executivo e comercial: Silvio Araujo | André Araujo Produção digital: Geethik Ficha catalográfica N349 20. ed. Nelson: terapia antimicrobiana em pediatria / John S. Bradley e John D. Nelson; tradução Beatriz Araújo e Patricia Lydie Voeux; revisão técnica Maria de Fátima Azevedo. – 20. ed. – Vila Mariana, SP: AC Farmacêutica, 2014. il. Tradução de: Nelson’s pediatric antimicrobial therapy ISBN 978-85-811-4286-9 1. Pediatria. 2. Medicina. I. Bradley, John S. II. Nelson, John D. 14-15204 CDD: 618.92CDU: 616-053.2 http://www.grupogen.com.br mailto:editorial.saude@grupogen.com.br mailto:acfarmaceutica@grupogen.com.br http://www.acfarmaceutica.com.br Editor-Chefe John S. Bradley, MD Professor of Pediatrics Chief, Division of Infectious Diseases, Department of Pediatrics University of California San Diego, School of Medicine Director, Division of Infectious Diseases, Rady Children’s Hospital San Diego San Diego, CA Emérito John D. Nelson, MD Professor Emeritus of Pediatrics The University of Texas Southwestern Medical Center at Dallas Southwestern Medical School Dallas, TX Editores Colaboradores David W. Kimberlin, MD Professor of Pediatrics Codirector, Division of Pediatric Infectious Diseases Sergio Stagno Endowed Chair in Pediatric Infectious Diseases University of Alabama at Birmingham Birmingham, AL John A.D. Leake, MD, MPH Professor of Pediatrics Division of Infectious Diseases, Department of Pediatrics University of California San Diego, School of Medicine Division of Infectious Diseases, Rady Children’s Hospital San Diego San Diego, CA Paul E. Palumbo, MD Professor of Pediatrics and Medicine Geisel School of Medicine at Dartmouth Director, International Pediatric HIV Program Dartmouth-Hitchcock Medical Center Lebanon, NH Pablo J. Sanchez, MD Professor, Department of Pediatrics Division of Neonatal-Perinatal Medicine and Infectious Diseases Ohio State University, Nationwide Children’s Hospital Columbus, OH Jason Sauberan, PharmD Assistant Clinical Professor University of California San Diego, Skaggs School of Pharmacy and Pharmaceutical Sciences Rady Children’s Hospital San Diego San Diego, CA William J. Steinbach, MD Associate Professor of Pediatrics Assistant Professor of Molecular Genetics and Microbiology Duke University School of Medicine Durham, NC Apresentação Bem-vindo à 20a edição de Nelson | Terapia Antimicrobiana em Pediatria! Os últimos dois anos mostraram como nossa relação com a American Academy of Pediatrics (AAP) tornou-se excepcionalmente produtiva. Embora o livro agora quase caiba no bolso, acreditamos que as informações adicionais incluídas nos capítulos mais recentes reforcem a importância da obra, enquanto mantêm a ideia original de ser um guia rápido. A obra era atualizada a cada dois anos, porém os rápidos avanços na farmacologia e investigação clínicas acerca das infecções adquiridas na comunidade e das infecções em hospedeiros imunocomprometidos levaram nossos editores e a AAP à conclusão de que era necessária uma revisão anual. Agora temos o compromisso de oferecer aos profissionais da área de pediatria uma edição atualizada anualmente, iniciando por esta edição de 2014. Nossa orientação mais uma vez é fundamentada na avaliação honesta sobre a força da recomendação e o nível de evidência (ver a seguir), e isso inclui novas informações relevantes em cada área da terapêutica desde a última publicação há dois anos. Força da recomendação Descrição A Fortemente recomendada B Recomendada como uma boa opção C Uma opção adequada para terapia, talvez dentre muitas outras terapias adequadas Nível de evidência Descrição I Baseado em estudos bem projetados, prospectivos, randomizados e controlados em uma população adequada de crianças II Baseado em dados derivados de pequenos testes prospectivamente coletados, comparativos ou testes prospectivos não comparativos, ou dados retrospectivos razoáveis a partir de testes clínicos em crianças ou dados oriundos de outras populações (p. ex., adultos) III Baseado em relatos de casos, séries de casos, afirmações de consenso ou opinião de especialistas para situações nas quais não existem dados consistentes O campo da farmacologia e doenças infecciosas na neonatologia está em plena expansão. Para auxiliar na seção de neonatologia, outro neonatologista formado em Dallas, com treinamento duplo em doenças infecciosas, JB Cantey, se uniu ao time de colaboradores deste livro. Além disso, o neonatologista/farmacologista John van den Anker, diretor da farmacologia clínica pediátrica no Children’sNational Medical Center, revisou o quadro Posologia de Antimicrobianos para Neonatos com nossos editores. Somos muito gratos pela ajuda deste especialista na nova edição do livro. Admiramos o trabalho da Food and Drug Administration (FDA) americana na revisão de novos dados sobre segurança e eficácia de compostos anti-infecciosos e agradecemos a colaboração do National Institute of Child Health and Human Development e da FDA para estudar o comportamento do fármaco antimicrobiano para vários produtos antimicrobianos genéricos em todas as faixas etárias na pediatria, incluindo neonatos. Entretanto, uma vez que todos os potenciais cenários de doenças infecciosas não podem ser investigados, presenciados e revisados, mantivemos a tradição iniciada na primeira edição em 1975 de fazer recomendações off-label. Isso não representa nossas recomendações em conflito com a FDA, mas sim recomendações para situações consideradas não rotineiras (inclusive a FDA afirma que não tem opinião sobre a segurança e eficácia dos dados que não foram oficialmente revisados). As recomendações off-label são frequentemente apoiadas por dados de testes clínicos, mencionados nesta obra. Somos muito gratos pelo trabalho intenso e inovador de nossos parceiros na AAP. Alain Park é nossa conexão com a AAP como editor sênior de desenvolvimento de produto (sentiremos saudades da Martha Cook) e continuamos a trabalhar com entusiasmo com Jeff Mahoney, Mark Grimes, Linda Smessaert e Maureen DeRosa. John S. Bradley, MD, FAAP John D. Nelson, MD 1. 2. 3. 4. 5. A. B. C. D. E. 6. A. B. C. D. E. F. G. H. I. J. K. L. 7. 8. A. Sumário Seleção de Antibióticos de uma Classe | Betalactâmicos, Macrolídeos, Aminoglicosídios e Fluoroquinolonas Seleção de Agentes Antifúngicos | Poliênicos, Azóis e Equinocandinas Como as Doses dos Antibióticos São Determinadas a Partir dos Dados de Suscetibilidade, Farmacodinâmica e Desfechos do Tratamento Staphylococcus aureus Resistente a Meticilina Contraído na Comunidade Terapia Antimicrobiana para Recém-nascidos Terapia recomendada para doenças selecionadas em recém-nascidos Posologia de antimicrobianos para neonatos Aminoglicosídios Vancomicina Uso de antimicrobianos durante a gravidez ou amamentação Tratamento Antimicrobiano com Base nas Síndromes Clínicas Infecções da pele e dos tecidos moles Infecções ósseas Infecções oculares Infecções das orelhas e dos seios paranasais Infecções orofaríngeas Infecções das vias respiratórias inferiores Infecções cardiovasculares Infecções gastrintestinais Infecções genitais e sexualmente transmissíveis Infecções do sistema nervoso central Infecções do sistema urinário Outras infecções sistêmicas Tratamento Preferido para Bactérias e Micobactérias Patogênicas Específicas Tratamento Preferido para Fungos Patogênicos Específicos Visão geral dos fungos patogênicos e padrão habitual de sensibilidade a fármacos antifúngicos B. C. 9. 10. 11. A. B. 12. 13. 14. A. B. C. D. 15. 16. 17. Infecções sistêmicas Infecções mucocutâneas localizadas Tratamento Preferido para Vírus Patogênicos Específicos Tratamento Preferido para Parasitos Patogênicos Lista Alfabética de Fármacos Antimicrobianos Agentes antimicrobianos sistêmicos com formas farmacêuticas e doses habituais Agentes antimicrobianos tópicos (pele, olhos, orelhas) Antibioticoterapia para Crianças Obesas Antibioticoterapia para Pacientes com Insuficiência Renal Profilaxia Antimicrobiana/Prevenção de Infecção Sintomática Profilaxia pós-exposição Profilaxia prolongada para doença sintomática Tratamento preemptivo/Tratamento de infecção latente (“Profilaxia de infecção sintomática”) Profilaxia para cirurgia/procedimento Terapia Sequencial Parenteral-Oral de Antibióticos para Infecções Graves Reações Adversas aos Agentes Antimicrobianos Interações Medicamentosas Apêndice: Nomograma para Determinar a Área da Superfície Corporal Referências Bibliográficas 1. Seleção de Antibióticos de uma Classe | Betalactâmicos, Macrolídeos, Aminoglicosídios e Fluoroquinolonas Os novos fármacos devem ser comparados com outros da mesma classe levando em consideração (1) o espectro antimicrobiano; (2) o grau de exposição ao antibiótico (uma função da farmacocinética do fármaco não ligado a proteína [fármaco livre] no local da infecção e as propriedades farmacodinâmicas dos fármacos); (3) a eficácia demonstrada em ensaios clínicos adequados e bem controlados; (4) a tolerância, a toxicidade e os efeitos colaterais e (5) o custo. Se não houver benefícios substanciais do ponto de vista de eficácia ou segurança, deve-se optar pela prescrição de um fármaco mais antigo, mais conhecido e menos caro com o espectro mais estreito de atividade necessária para tratar a infecção. Betalactâmicos Cefalosporinas orais (cefalexina, cefadroxila, cefaclor, cefprozila, cefuroxima, cefixima, cefdinir, cefpodoxima, cefditoreno [apenas na forma de comprimido] e ceftibuteno. Como classe, as cefalosporinas orais apresentam vantagens sobre as penicilinas orais em relação a maior segurança e palatabilidade das formulações em suspensão (as penicilinas têm sabor amargo). As meias-vidas séricas de cefpodoxima, ceftibuteno e cefixima são superiores a 2 h. Esta característica farmacocinética permite que eles sejam administrados em 1 ou 2 doses ao dia para algumas indicações, em particular a otite média na qual é provável que a meia-vida no líquido da orelha média seja muito maior que a meia-vida sérica. Cefaclor, cefprozila, cefuroxima, cefdinir, cefixima, cefpodoxima e ceftibuteno apresentam vantagem sobre a cefalexina e a cefadroxila (as “cefalosporinas de primeira geração”) por causa da maior cobertura contra Haemophilus influenzae (incluindo as cepas produtoras de betalactamase) e alguns bacilos gram-negativos entéricos; entretanto, ceftibuteno e cefixima em particular têm a desvantagem de serem menos ativos contra Streptococcus pneumoniae do que as outras cefalosporinas, especialmente contra cepas não suscetíveis a penicilinas (betalactâmicos). A palatabilidade das versões genéricas destes produtos pode não ser tão agradável quanto a dos produtos originais. Cefalosporinas parenterais. As cefalosporinas de primeira geração, como a cefazolina, são prescritas principalmente para o tratamento de infecções por gram-positivos (excluindo Staphylococcus aureus resistente a meticilina [MRSA]) e profilaxia cirúrgica; o espectro de microrganismos gram-negativos é limitado. A cefazolina é bem tolerada na injeção intramuscular ou intravenosa. A cefalosporina de segunda geração (cefuroxima) e as cefamicinas (cefoxitina e cefotetana) fornecem maior atividade contra muitos microrganismos gram-negativos. A cefoxitina tem, além disso, atividade contra aproximadamente 80% das cepas de Bacteroides fragilis e pode ser considerada no lugar de metronidazol, clindamicina ou carbapenêmicos quando esse microrganismo provoca doença que não é potencialmente fatal. As cefalosporinas de terceira geração (cefotaxima, ceftriaxona e ceftazidima) têm maior potência contra muitos bacilos gram-negativos. Elas não são ativas contra enterococos e Listeria e apenas ceftazidima tem atividade relevante contra Pseudomonas. A cefotaxima e a ceftriaxona têm sido usadas com sucesso para tratar meningite causada por pneumococos (a maioria de cepas suscetíveis a penicilina), Haemophilus influenzae do tipo b (Hib), meningococos e um pequeno número de lactentes pequenos com meningite causada por cepas suscetíveis de Escherichia coli. Estes fármacos são mais úteis no tratamento de infecções por bacilos gram-negativos graças a sua segurança, quando comparados com outras classes de antibióticos. Visto quea excreção da ceftriaxona é principalmente hepática, pode ser usada com um pequeno ajuste posológico em pacientes com insuficiência renal. Além disso, a ceftriaxona tem meia-vida sérica de 4 a 7 h e pode ser administrada 1 vez/dia para todas as infecções, incluindo meningite causada por microrganismos suscetíveis. Cefepima, uma cefalosporina de quarta geração aprovada pela FDA para uso em crianças, apresenta atividade contra Pseudomonas como a ceftazidima, atividade contra microrganismos gram-positivos das cefalosporinas de segunda geração e melhor atividade contra bacilos gram-negativos entéricos como Enterobacter e Serratia do que a atividade documentada da cefotaxima e da ceftriaxona. A ceftarolina é uma cefalosporina de quinta geração, a primeira das cefalosporinas com atividade contra MRSA. Ela foi aprovada pela agência norte-americana Food and Drug Administration (FDA) em dezembro de 2010 para adultos com infecções de pele complicadas (incluindo as causadas por MRSA) e pneumonia contraída na comunidade (com números insuficientes de pacientes adultos com pneumonia pelo MRSA para ser possível tecer comentários sobre sua eficácia). Estudos voltados para crianças estão em andamento. Penicilinas resistentes a penicilinase (dicloxacilina [apenas na forma de cápsulas]; nafcilina e oxacilina [apenas na forma parenteral]). O termo “penicilinase” refere-se especificamente à betalactamase produzida pelo S. aureus neste caso e não às produzidas por bactérias gram-negativas. Estes antibióticos são ativos contra S. aureus resistente a penicilina, mas não contra MRSA. A nafcilina difere do ponto de vista farmacológico dos outros ao ser excretada principalmente pelo fígado em vez dos rins, o que pode explicar a relativa ausência de nefrotoxicidade comparada com meticilina, que não está mais disponível nos EUA. A farmacocinética da nafcilina é errática em pessoas com doença hepática. Betalactâmicos ativos contra Pseudomonas (ticarcilina/clavulanato, piperacilina, piperacilina/tazobactam, aztreonam, ceftazidima, cefepima, meropeném, imipeném e doripeném). Ticarcilina/clavulanato e piperacilina/tazobactam representam as combinações de dois fármacos betalactâmicos. Um betalactâmico da combinação, conhecido como “inibidor da betalactamase” (ácido clavulânico ou tazobactam nestas combinações) se liga irreversivelmente e neutraliza enzimas betalactamases específicas produzidas pelo microrganismo, permitindo que o segundo fármaco betalactâmico (ticarcilina ou piperacilina) atue como o antibiótico ativo para se ligar de maneira efetiva ao local intracelular alvo, resultando na morte da bactéria. Esta combinação só é aditiva ao espectro do antibiótico original quando o mecanismo de resistência é uma enzima betalactamase, e apenas quando o inibidor da betalactamase é capaz de se ligar e inibir essa betalactamase do microrganismo em questão. Estas duas combinações de betalactâmico e inibidor de betalactamase não têm atividade significativa contra Pseudomonas além da atividade da ticarcilina ou piperacilina porque seus inibidores betalactamase não inibem efetivamente todas as betalactamases relevantes da Pseudomonas. Entretanto, a combinação estende o espectro da atividade para incluir muitas outras bactérias betalactamase-positivas, incluindo algumas cepas de bacilos gram- negativos entéricos (E. coli, Klebsiella e Enterobacter), S. aureus e B. fragilis. Pseudomonas apresenta capacidade intrínseca para desenvolver resistência após a exposição a qualquer betalactâmico, com base nas betalactamases cromossômicas induzíveis, bombas de efluxo suprarreguladas e alterações na parede celular. Como o desenvolvimento da resistência não é incomum durante a terapia medicamentosa com estes agentes, um aminoglicosídio como a tobramicina é muitas vezes usado combinado. Cefepima, meropeném e imipeném são relativamente estáveis às betalactamases induzidas durante o tratamento e podem ser prescritos como monoterapia para a maioria das infecções por Pseudomonas, mas a resistência ainda pode surgir com base nos outros mecanismos de resistência. Para as infecções causadas por Pseudomonas em hospedeiros comprometidos ou em infecções com risco de morte, estes fármacos também devem ser combinados com um aminoglicosídio ou um segundo agente ativo. Aminopenicilinas (amoxicilina e amoxicilina/clavulanato [apenas formulações orais nos EUA], ampicilina [oral e parenteral] e ampicilina/sulbactam [apenas na forma parenteral]). A amoxicilina é muito bem absorvida, tem bom paladar e está associada a muito poucos efeitos colaterais. A combinação de amoxicilina e clavulanato (ver o texto anterior sobre as combinações de betalactâmico/inibidor da betalactamase) é comercializada em várias proporções fixas que permitem que a amoxicilina permaneça ativa contra muitas bactérias produtoras de betalactamase, incluindo H. influenza e S. aureus (mas não MRSA). A combinação amoxicilina/clavulanato sofreu muitas alterações na formulação desde a sua entrada no mercado. Nos anos 1970, a razão de amoxicilina para clavulanato era 4:1, com base nos dados sobre suscetibilidade para pneumococos e Haemophilus. Com o surgimento de pneumococos resistentes a penicilina, foram feitas recomendações para aumentar a dose de amoxicilina, em particular para infecções do sistema respiratório superior. Entretanto, o aumento da dose de clavulanato, mesmo pequeno, eleva drasticamente a incidência de diarreia. Ao manter a dose de clavulanato constante enquanto se aumenta a dose de amoxicilina, pode-se tratar pneumococos relativamente resistentes sem aumentar os efeitos colaterais gastrintestinais. A razão original de 4:1 é encontrada em suspensões contendo 125 mg e 250 mg de amoxicilina/5 mℓ e 125 mg e 250 mg em compridos mastigáveis. Uma razão superior a 7:1 é encontrada em suspensões contendo 200 mg e 400 mg de amoxicilina/5 mℓ e 200 mg e 400 mg em comprimidos mastigáveis. Uma razão ainda maior de 14:1 pode ser encontrada na forma de suspensão que contém 600 mg de amoxicilina/5 mℓ; esta preparação está projetada para liberar 90 mg/kg/dia de amoxicilina dividida em duas doses diárias, para o tratamento de infecções do ouvido (e dos seios paranasais). As elevadas concentrações séricas e no líquido da orelha média alcançadas com 45 mg/kg/dose, combinadas com a meia-vida longa de amoxicilina no líquido da orelha média, permitem a exposição terapêutica do antibiótico a patógenos na orelha média com um esquema de 2 vezes/dia. Entretanto, a meia-vida prolongada no líquido da orelha média não é encontrada em outros locais de infecção (p. ex., pele, tecido pulmonar, tecido articular) para os quais a posologia de amoxicilina e amoxicilina/clavulanato deve ser 3 vezes/dia para os patógenos mais suscetíveis. Para crianças maiores que possam mastigar os comprimidos, as razões de amoxicilina: clavulanato são: comp. 500 mg (4:1), comp. 875 mg (7:1), comp. 100 mg (16:1). O sulbactam, outro inibidor da betalactamase como o clavulanato, é combinado com ampicilina na formulação parenteral. Os cuidados sobre o espectro de atividade para as combinações de ticarcilina/clavulanato e piperacilina/tazobactam com relação às limitações do inibidor da betalactamase no aumento do espectro de atividade (ver Betalactâmicos ativos contra Pseudomonas) também se aplicam à formulação em questão. Carbapenêmicos. Meropeném, imipeném, doripeném e ertapeném são carbapenêmicos com espectro maior de atividade do que qualquer outra classe de betalactâmico atualmente disponível. Meropeném, imipenéme ertapeném são aprovados pela FDA para uso em crianças. No momento, recomendamos estes fármacos para o tratamento de infecções causadas por bactérias resistentes à terapia padrão, ou infecções mistas envolvendo aeróbios e anaeróbios. Enquanto imipeném tem o potencial para maior irritabilidade do sistema nervoso central comparado com outros carbapenêmicos, resultando em maior risco de convulsões em crianças com meningite, meropeném não está associado a taxa maior de convulsões quando comparado com cefotaxima em crianças com meningite. Imipeném e meropeném são ativos contra praticamente todos os bacilos coliformes, incluindo as cepas resistentes a cefotaxima (produtoras de betalactamase [ESBL] de espectro estendido ou produtoras de ampC), contra P. aeruginosa (incluindo a maioria das cepas resistentes a ceftazidima) e contra anaeróbios, incluindo B. fragilis. Enquanto ertapeném não tem a excelente atividade contra P. aeruginosa dos outros carbapenêmicos, ele tem a vantagem de meia-vida sérica prolongada, o que permite a administração 1 vez/dia em adultos e crianças de 13 anos e maiores e a administração 2 vezes/dia para crianças menores. As novas cepas emergentes de Klebsiella pneumoniae contêm enzimas carbapenemase de K. pneumoniae (KPC) que degradam e inativam todos os carbapenêmicos. Enquanto as cepas atuais envolvem adultos predominantemente no nordeste dos EUA, elas começaram a se espalhar para outras áreas, reforçando a necessidade de se fazer o rastreamento dos seus padrões de suscetibilidade local a antibióticos. Macrolídeos A eritromicina é o protótipo dos antibióticos macrolídeos. Quase 30 macrolídeos foram produzidos, mas apenas três encontram-se aprovados pela FDA para crianças nos EUA: eritromicina, azitromicina (também chamada de azalídeo) e claritromicina, enquanto uma quarta, a telitromicina (também chamada de cetolídeo) foi aprovada pela FDA para adultos e está disponível apenas na forma de comprimidos. Enquanto classe, estes fármacos alcançam concentrações maiores em tecidos do que no soro, em particular azitromicina e claritromicina. Como resultado, as medidas de concentrações séricas não têm utilidade na clínica. A intolerância gastrintestinal à eritromicina é causada pelos produtos de degradação da estrutura do anel macrolídeo. Este problema é menor com azitromicina e claritromicina. Azitromicina, claritromicina e telitromicina estendem a atividade da eritromicina para incluir Haemophilus; azitromicina e claritromicina também têm atividade substancial contra algumas micobactérias. A azitromicina também é ativa in vitro e efetiva contra muitos patógenos gram-negativos entéricos, incluindo Salmonella e Shigella. Aminoglicosídios Embora cinco aminoglicosídios estejam disponíveis nos EUA, apenas três são amplamente prescritos para terapia sistêmica de infecções gram-negativas aeróbias e para sinergia no tratamento de algumas infecções causadas por gram-positivos: gentamicina, tobramicina e amicacina. A estreptomicina e a canamicina têm uso mais limitado por causa da maior toxicidade. A resistência nos bacilos gram-negativos aos aminoglicosídios é causada pela enzima bacteriana responsável por adenilação, acetilação ou fosforilação. As atividades específicas de cada enzima em cada patógeno variam muito. Como resultado, os testes de suscetibilidade a antibiótico devem ser realizados para cada aminoglicosídio separadamente. Existem pequenas diferenças nas toxicidades comparativas destes aminoglicosídios nos rins e no oitavo nervo craniano, embora não esteja certo se estas pequenas diferenças são importantes do ponto de vista clínico. É aconselhável monitorar as concentrações séricas máximas e mínimas no início do curso da terapia para crianças que recebam um curso de tratamento completo, visto que o grau de exposição ao fármaco tem relação com a toxicidade e as concentrações mínimas elevadas indicam eminente acúmulo de fármaco. Com amicacina, as concentrações máximas desejadas são 20 a 35 μg/mℓ e as concentrações mínimas do fármaco são inferiores a 10 μg/mℓ; para gentamicina e tobramicina, dependendo da frequência da administração, as concentrações máximas devem estar entre 5 e 10 μg/mℓ e as concentrações mínimas, menos de 2 μg/mℓ. Crianças com fibrose cística precisam de doses maiores para alcançar as concentrações séricas terapêuticas. A tobramicina inalatória tem sido usada com sucesso em crianças com fibrose cística como uma terapia auxiliar para infecções por bacilos gram-negativos. O papel dos aminoglicosídios inalatórios em outras pneumonias por gram-negativos ainda não foi definido. Administração 1 vez/dia de aminoglicosídios. A administração 1 vez/dia de 5 a 7,5 mg/kg de gentamicina ou tobramicina tem sido estudada em adultos e alguns neonatos e crianças; as concentrações séricas máximas são maiores que as alcançadas com a administração 3 vezes/dia. Os aminoglicosídios demonstram a morte dos patógenos dependente da concentração, o que sugere um benefício potencial para concentrações séricas maiores alcançadas com a administração 1 vez/dia. Os esquemas que administram a dose diária como uma infusão simples, em vez das doses divididas a cada 8 h, são efetivos e seguros para os hospedeiros adultos normais ou hospedeiros imunocomprometidos com febre e neutropenia e podem ser menos tóxicos. A experiência com a administração 1 vez/dia em crianças vem aumentando, com resultados similares aos observados para adultos. A administração 1 vez/dia deve ser considerada tão efetiva quanto múltiplas doses menores ao longo do dia e pode ser mais segura para crianças. Fluoroquinolonas Há mais de 30 anos, foi documentado que a toxicidade para cartilagens que suportam peso em animais jovens era dependente da dose e da duração da terapia. Os estudos pediátricos, portanto, não foram realizados inicialmente com ciprofloxacino ou outras fluoroquinolonas (FQ). Entretanto, com a crescente resistência aos antibióticos por patógenos presentes em crianças e um banco de dados acumulado em pediatria que sugere que a toxicidade articular seja incomum nos seres humanos, a FDA permitiu estudos prospectivos que iniciaram em 1998. Até agosto de 2013 não foram documentados casos de toxicidade articular atribuída a FQ em crianças com FQ que eram aprovadas pela FDA para uso nos EUA. Entretanto, não estão disponíveis dados publicados a partir de estudos prospectivos, cegos, para avaliar com precisão este risco. Estudos não cegos com levofloxacino para infecções das vias respiratórias e estudos randomizados não publicados comparando ciprofloxacino com outros agentes para infecção complicada do sistema urinário sugerem a possibilidade de artralgia incomum, reversível, atribuída a FQ, mas estes dados devem ser interpretados com cuidado. Atualmente estão em andamento estudos duplos-cegos, prospectivos e randomizados sobre moxifloxacino nos quais a lesão na cartilagem está sendo avaliada. O uso de FQ nos casos de resistência a antibióticos onde nenhum outro agente esteja disponível é lógico, levando em consideração os benefícios do tratamento contra o baixo risco de toxicidade desta classe de antibióticos. A prescrição de uma FQ oral em situações nas quais a única alternativa é a terapia parenteral também representa um uso lógico desta classe de antibióticos (American Academy of Pediatrics Committee on Infectious Diseases. The use of systemic fluoroquinolones. Pediatrics.2011;128[4]:e1034-e1045). Em geral, o ciprofloxacino tem atividade muito boa contra microrganismos gram- negativos (com uma grande variação regional na suscetibilidade) como os bacilos entéricos (E coli, Klebsiella, Enterobacter, Salmonella e Shigella) e P. aeruginosa. Entretanto, ele não tem cobertura substancial contra gram-positivos e não deve ser usado para tratar infecções por estreptococos, estafilococos ou pneumococos. As FQ de nova geração são mais ativas contra estes patógenos; levofloxacino tem eficácia e segurança a curto prazo documentadas em estudos clínicos em pediatria para infecções das vias respiratórias (otite média aguda e pneumonia contraída na comunidade). Não existem dados clínicos prospectivos em pediatria para moxifloxacino, atualmente aprovado pela FDA para uso em adultos, embora os estudos pediátricos estejam em andamento. Nenhuma das FQ de nova geração é mais ativa contra patógenos gram-negativos que o ciprofloxacino. Os antibióticos derivados da quinolona têm gosto amargo. O ciprofloxacino e o levofloxacino estão atualmente disponíveis em forma de suspensão; o ciprofloxacino é aprovado pela FDA em pediatria para infecções complicadas do sistema urinário e antraz por inalação, enquanto o levofloxacino é aprovado apenas para antraz por inalação, visto que o fabricante resolveu não solicitar a aprovação para infecções das vias respiratórias. Por questões de segurança e para evitar o surgimento de resistência disseminada, as FQ não devem ser prescritas como terapia primária de infecções em crianças e devem estar limitadas a situações para as quais não exista terapia oral segura e efetiva com outras classes de antibióticos. 2. Seleção de Agentes Antifúngicos | Poliênicos, Azóis e Equinocandinas Antifúngicos poliênicos. A anfotericina B (AmB) é um antibiótico antifúngico poliênico disponível desde 1958 para o tratamento de infecções fúngicas invasivas. Seu nome surgiu a partir da sua propriedade anfotérica de agir como ácido e como base. A nistatina é outro antifúngico potente, mas, devido a sua toxicidade sistêmica, é usada apenas em formulações tópicas. Ela recebeu este nome do laboratório de pesquisa onde foi descoberta, o New York State Health Department Laboratory. AmB é o antifúngico de maior espectro de ação disponível para uso clínico. Este fármaco lipofílico se liga ao ergosterol, o principal esterol da membrana celular fúngica, e cria poros transmembrana que comprometem a integridade da membrana celular e criam um efeito fungicida rápido por meio da lise osmótica. É provável que a toxicidade se origine da reatividade cruzada com o colesterol da membrana bilipídica nos humanos, que lembra o ergosterol. A toxicidade da formulação convencional, desoxicolato de AmB (AmB-D) é substancial por causa das reações sistêmicas (febre, rigidez) e da nefrotoxicidade (aguda e crônica). A prémedicação com paracetamol, difenidramina e meperidina é necessária em muitos casos para evitar as reações sistêmicas durante a infusão. A disfunção renal surge primeiro como uma redução da filtração glomerular com aumento na concentração sérica de creatinina, mas a nefropatia tubular substancial está associada à perda de potássio e magnésio, o que requer a reposição de potássio em muitos neonatos e crianças, independente de os sintomas clínicos estarem associados à infusão. A infusão de soro fisiológico antes e depois da administração de AmB-D parece suavizar a toxicidade renal. Três preparações lipídicas aprovadas pela FDA em meados de 1990 reduzem a toxicidade sem aparente redução na eficácia clínica. A decisão sobre qual preparação lipídica de AmB a ser usada deve se concentrar principalmente nos efeitos colaterais e nos custos. Existem duas formulações lipídicas úteis na clínica: uma na qual são formados complexos lipídicos de AmB (complexo lipídico de anfotericina B; ABLC), Abelcet®, e uma na qual AmB é incorporada em lipossomos (anfotericina B lipossomal; L-AmB), AmBisome®. A dose padrão usada destas preparações é de 5 mg/kg/dia, em vez de 1 mg/kg/dia de AmB- D. Na maioria dos estudos, os efeitos colaterais de L-AmB foram menores que os de ABLC, mas ambos apresentam menos efeitos adversos que AmB-D. A vantagem das preparações lipídicas é a capacidade de liberar uma dose geral maior com segurança da AmB. O custo da AmB-D convencional é muito menor que a formulação lipídica. Uma dispersão coloidal de AmB em sulfato de colesterol, Amphotec®, também está disponível, com menor nefrotoxicidade, mas os efeitos colaterais relacionados com a infusão são muito próximos daqueles de AmB-D para as formulações lipídicas. Acredita- se que a menor nefrotoxicidade das três preparações lipídicas ocorra graças à ligação preferencial de sua AmB a lipoproteínas de alta densidade (HDL), comparadas com a ligação de AmB-D a lipoproteínas de baixa densidade (LDL). Apesar de o extermínio in vitro depender da concentração, um estudo clínico que comparou L-AmB em doses de 3 mg/kg/dia versus 10 mg/kg/dia não encontrou benefício na eficácia na dose maior e apenas maior toxicidade.1 Portanto, em geral não se recomenda o uso de nenhuma preparação de AmB em doses maiores (> 5 mg/kg/dia), visto que é provável que ocorra maior toxicidade sem vantagem terapêutica real. AmB tem meia-vida terminal longa e, junto com o extermínio dependente da dose, é melhor usar este agente em doses únicas diárias. Se a exposição geral a AmB precisar ser reduzida por causa da toxicidade é melhor aumentar o intervalo das doses (p. ex., 3 vezes na semana), mas manter a dose em mg/kg para otimizar a farmacocinética. AmB-D é usada para tratamento não sistêmico, como lavagens de bexiga, instilação intraventricular, instilação intrapleural e outras modalidades, mas não existem dados concretos que apoiem estas indicações clínicas e é provável que as toxicidades locais superem os benefícios teóricos. Devido ao seu perfil lipídico, L-AmB são interage bem com os túbulos renais, o que leva a uma preocupação sobre o uso da formulação lipídica, em vez da AmB-D, quando usada para tratar doença fúngica urinária isolada. É importante considerar que existem vários patógenos que apresentam resistência natural ou funcional a AmB, incluindo Candida lusitaniae, espécies de Trichosporon, Aspergillus terreus, espécies de Fusarium e Pseudallescheria boydii (Scedosporium apiospermum) ou Scedosporium prolificans. Azóis. A FDA aprovou esta classe de agentes sistêmicos pela primeira vez em 1981 e é dividida em imidazóis (cetoconazol), triazóis (fluconazol, itraconazol) e triazóis de segunda geração (voriconazol, posaconazol e isavuconazol), dependendo do número de átomos de nitrogênio no anel azol. Todos os azóis atuam ao inibir a síntese de ergosterol (14-desmetilação do esterol do citocromo P450 [CYP] fúngico), necessário para a integridade da membrana celular do fungo. Enquanto os poliênicos são fungicidas mais rápidos, os azóis são fungistáticos contra leveduras e fungicidas contra bolores. Entretanto, é importante observar que cetoconazol e fluconazol não apresentam atividade contra bolores. O único imidazol sistêmico é o cetoconazol, que é ativo principalmente contra espécies de Candida e está disponível em formulação oral. O fluconazol é ativo contra uma faixa mais ampla de fungos que o cetoconazol e inclui atividade relevante para clínica contra Cryptococcus, Coccidioides e Histoplasma. Como a maioria dos outros azóis, fluconazol exige uma dose de ataque – que foi bem estudada em neonatos e é provável que seja necessária, embora não tenha sidocomprovado em definitivo, em crianças. O fluconazol alcança concentrações relativamente elevadas em urina e líquido cerebrospinal em comparação com AmB graças a sua baixa lipofilicidade, com as concentrações urinárias muitas vezes tão elevadas que é possível o tratamento contra patógenos considerados “resistentes” isolados apenas na urina. Fluconazol é o agente antifúngico sistêmico mais ativo e seguro para o tratamento da maioria das infecções por Candida. Geralmente Candida albicans é sensível a fluconazol, embora alguma resistência seja encontrada em muitas espécies que não Candida albicans, assim como em C. albicans em crianças que foram repetidamente expostas a fluconazol. Candida krusei tem resistência natural ao fluconazol e Candida glabrata apresenta resistência dose-dependente ao fluconazol. Fluconazol está disponível em formulações parenteral e oral (com biodisponilidade maior que 90%) e foram produzidos dados clínicos e farmacocinéticos para incluir os neonatos prematuros. A toxicidade é rara e afeta principalmente o fígado. O itraconazol é ativo contra uma faixa mais ampla de fungos e, diferente do fluconazol, inclui bolores como Aspergillus. Atualmente está disponível na apresentação de cápsula ou solução oral (a forma intravenosa foi interrompida); a solução oral fornece concentrações séricas maiores e mais consistentes do que as cápsulas e deve ser a apresentação de escolha. A absorção da solução oral de itraconazol é otimizada com o estômago vazio e o monitoramento das concentrações séricas de itraconazol, como a maioria dos antifúngicos azóis, é o fator principal no manejo do tratamento. Itraconazol é indicado para adultos como terapia de doença leve/moderada com blastomicose, histoplasmose e outras. Embora este fármaco tenha atividade antifúngica, não é indicado como terapia primária contra aspergilose invasiva, visto que voriconazol é uma opção muito melhor. Dados farmacocinéticos limitados sobre o uso do itraconazol em crianças estão disponíveis; mas ele não está aprovado pela US Food and Drug Administration (FDA) para uso pediátrico. A toxicidade em adultos afeta principalmente o fígado. O voriconazol foi aprovado pela FDA em 2002, contudo, ainda não foi aprovado para uso em crianças com menos de 12 anos. Não obstante, dados farmacocinéticos limitados para crianças entre 2 e 12 anos estão incluídos na bula. Voriconazol é um derivado do fluconazol, e tem maior penetração nos tecidos e no líquido cerebrospinal em relação ao fluconazol, além de um espectro antifúngico que inclui bolores. Enquanto a biodisponibilidade do voriconazol em adultos é de aproximadamente 96%, é de apenas 50% nas crianças, e os médicos devem acompanhar com cuidado as concentrações mínimas de voriconazol, em especial os pacientes que usam a formulação oral. É difícil interpretar as concentrações séricas de voriconazol, devido à grande variabilidade interpacientes, mas acompanhar as concentrações é essencial ao usar este fármaco, como todos os antifúngicos azóis, e especialmente importante em quadros de suspeita de fracasso terapêutico ou possível toxicidade. A maioria dos especialistas indica as concentrações mínimas de voriconazol entre 1 e 2 μg/mℓ ou maiores, o que geralmente excederia a concentração inibitória mínima para o patógeno. Um ponto importante é a aquisição de uma concentração mínima acurada, obtida pouco antes da dose seguinte e não a obtida de um cateter durante a infusão do fármaco. Estas exigências mínimas simples permitem a interpretação. A farmacocinética fundamental do voriconazol é diferente entre adultos e crianças; em adultos, ele é metabolizado de modo não linear, enquanto nas crianças seu metabolismo é linear. As crianças precisam de doses maiores do fármaco e também apresentam uma janela terapêutica maior para administração. Devido à insatisfatória resposta clínica e microbiológica das infecções por Aspergillus a AmB, atualmente, voriconazol é o tratamento de escolha para aspergilose invasiva e muitas outras infecções por bolores. As infecções por zigomicetos (p. ex., mucormicose) são resistentes a este fármaco. O voriconazol apresenta atividade contra a maioria das espécies de Candida, incluindo as que são resistentes a fluconazol, mas é improvável que o substitua no tratamento de infecções por Candida sensível a fluconazol. Entretanto, existem relatos de crescente resistência de C. glabrata a voriconazol. Este fármaco provoca anomalias do campo visual temporárias em cerca de 10% dos adultos e crianças. A hepatotoxicidade é rara, e ocorre em apenas 2 a 5% dos pacientes. Ele é metabolizado pelo CYP (CYP2C19) e polimorfismos alélicos na população demonstraram que alguns pacientes asiáticos apresentam concentrações séricas tóxicas maiores que outros pacientes. Voriconazol também interage com muitos fármacos metabolizados de modo semelhante pelo citocromo P540, resultando em alterações profundas nas concentrações séricas de muitos fármacos administrados simultaneamente. O posaconazol, um derivado do itraconazol, foi aprovado pela FDA em 2006, mas ainda não foi aprovado para uso em crianças menores de 13 anos. Recentemente foi aprovada uma formulação em comprimido de liberação prolongada (novembro de 2013) para complementar a suspensão oral, e uma formulação intravenosa estará disponível no futuro. A absorção efetiva da suspensão oral depende da ingestão do medicamento com alimentos, de preferência uma refeição rica em gordura; a formulação em comprimido tem melhor absorção, mas esta absorção será ainda maior com alimento. O comprimido é recomendado se o paciente não conseguir ingerir o medicamento com alimentos. A posologia pediátrica para posaconazol não foi totalmente determinada e requer a orientação de um especialista em antifúngico para uso pediátrico. A atividade in vitro do posaconazol contra as espécies de Candida é melhor que a do fluconazol e semelhante à do voriconazol. A atividade geral contra Aspergillus também é equivalente à do voriconazol, mas é o primeiro triazol com atividade substancial contra zigomicetos, incluindo as espécies de Rhizopus e Mucor, assim como atividade contra Coccidioides, Histoplasma e Blastomyces e os patógenos da feoifomicose. Este fármaco tem um provável sucesso contra aspergilose invasiva, em especial em pacientes com doença granulomatosa crônica, na qual parece que o voriconazol não é tão eficiente como este fármaco nesta população específica de pacientes por um motivo desconhecido. Posaconazol é eliminado por glicuronidação hepática, mas inibe o sistema enzimático CYP3A4, levando a muitas interações medicamentosas com outros fármacos metabolizados pela P450. Atualmente é aprovado pela FDA para profilaxia de infecções por Candida e Aspergillus em adultos de alto risco e para o tratamento de esofagite por Candida em adultos. O isavuconazol é um novo triazol que ainda não foi aprovado pela FDA para uso clínico até o momento, mas poderá estar disponível como formulações oral e intravenosa. Isavuconazol tem um espectro antifúngico semelhante ao voriconazol e tem alguma atividade contra os zigomicetos (não tão potente contra zigomicetos como posaconazol). Não existem dados sobre a posologia pediátrica para isavuconazol até o momento. Equinocandinas. Esta classe de agentes antifúngicos sistêmicos totalmente nova foi aprovada pela FDA pela primeira vez em 2001. As equinocandinas inibem a formação da parede celular (ao contrário de atuar sobre a membrana celular comoos poliênicos e azóis) ao inibir de forma não competitiva a 1,3-glucano sintase, uma enzima encontrada nas células dos fungos, mas inexistente nas células dos mamíferos.3 Em geral, estes agentes são muito seguros, visto que não existe beta-1,3-glucano nos seres humanos. As equinocandinas não são metabolizadas pelo sistema CYP, assim poucas interações medicamentosas são problemáticas, em comparação com os azóis. Não é necessário ajustar a dose no caso de insuficiência renal, mas é necessário reduzir a dose em caso de grave disfunção hepática. Enquanto as três equinocandinas disponíveis para clínica têm parâmetros únicos e importantes de posologia e farmacocinética, incluindo penetração limitada ao líquido cerebrospinal, em geral sua eficácia é equivalente. Ao contrário da classe dos azóis, as equinocandinas são fungicidas contra leveduras, mas fungistáticas contra bolores. A atividade fungicida contra as leveduras tem elevado as equinocandinas ao status de terapia preferida contra Candida em pacientes neutropênicos ou muito doentes. A maior eficácia da terapia combinada de equinocandinas e triazóis contra as infecções por Aspergillus não está clara, com resultados diferentes em múltiplos estudos de pequeno porte e um estudo clínico definitivo demonstrando que não há benefício claro sobre a monoterapia com voriconazol. A caspofungina recebeu aprovação da FDA para crianças entre 3 meses a 17 anos em 2008 para terapia empírica de possíveis infecções fúngicas em crianças febris, neutropênicas; tratamento de candidemia assim como esofagite por Candida, peritonite e empiema e terapia de salvação da aspergilose invasiva. A posologia de caspofungina em crianças é calculada de acordo com a área da superfície corporal, com uma dose de ataque no primeiro dia de 70 mg/m2, seguida pela posologia de manutenção diária de 50 mg/m2. A micafungina foi aprovada pela FDA para adultos em 2005 para o tratamento de candidemia, esofagite por Candida e peritonite e profilaxia de infecções por Candida para receptores de transplante de células-tronco e em 2013 para pacientes pediátricos de 4 anos ou mais. Estudos de eficácia nos grupos pediátricos estão em andamento, mas alguns dados sobre a farmacocinética destes grupos foram publicados.4–6 A posologia da micafungina depende da idade, visto que a depuração aumenta drasticamente nos grupos mais jovens (em especial os neonatos), necessitando de doses maiores para crianças mais jovens. As doses para crianças em geral são de 2 a 4 mg/kg/dia, e os neonatos prematuros com doses de 10 mg/kg/dia. A anidulafundina foi aprovada pela FDA para adultos para candidemia e esofagite por Candida em 2006. Como as outras equinocandinas, anidulafungina não é metabolizada pelo citocromo P450 e não tem interações medicamentosas relevantes. Dados limitados sobre a eficácia clínica estão disponíveis para crianças, com alguns dados farmacocinéticos pediátricos sugerindo uma posologia com base no peso corporal.7 3. Como as Doses dos Antibióticos São Determinadas a Partir dos Dados de Suscetibilidade, Farmacodinâmica e Desfechos do Tratamento Fatores envolvidos nas recomendações de posologia. Nossa visão sobre como usar os antimicrobianos está em constante mudança. À medida que a literatura publicada e a nossa experiência com cada fármaco aumentam, nossas recomendações evoluem visto que comparamos a eficácia, a segurança e os custos de cada fármaco no contexto dos dados atuais e anteriores. Cada novo antibiótico deve demonstrar algum grau de eficácia e segurança antes de testarmos o tratamento nas crianças. Em alguns casos, toxicidade e fracassos clínicos imprevistos modificam nossas recomendações iniciais. As considerações importantes em qualquer nova recomendação que fazemos incluem (1) as sensibilidades dos patógenos aos antibióticos, que estão constantemente mudando, são diferentes entre as regiões, e específicos por hospital e unidade; (2) as concentrações dos antibióticos alcançadas no local da infecção em um intervalo de administração de 24 h; (3) o mecanismo pelo qual os antibióticos exterminam as bactérias; (4) com que frequência a dose que selecionamos provoca cura clínica e microbiológica; (5) com que frequência encontramos toxicidade e (6) a probabilidade de a exposição ao antibiótico levar a resistência a este na criança tratada e na população em geral. Sensibilidade. Os dados sobre sensibilidade (suscetibilidade) para cada patógeno bacteriano contra uma ampla gama de antibióticos estão disponíveis a partir do laboratório de microbiologia para praticamente todos os hospitais. Este antibiograma ajuda a orientar a seleção do antibiótico para a terapia empírica. Muitos hospitais podem separar os resultados da cultura do paciente internado dos resultados do paciente ambulatorial e muitos podem fornecer os dados por setor do hospital (p. ex., enfermaria pediátrica em comparação com unidade de terapia intensiva neonatal e unidade de terapia intensiva de adultos). Os dados de suscetibilidade também estão disponíveis por região e país a partir de laboratórios de referência e laboratórios de saúde pública. As recomendações feitas neste livro refletem os padrões gerais de suscetibilidade existentes nos EUA. Podem existir amplas variações para alguns patógenos em diferentes regiões dos EUA e no mundo. Concentrações do fármaco no local da infecção. Podemos medir a concentração do antibiótico presente no soro, para cada fármaco. Também podemos medir diretamente as concentrações em locais de tecidos específicos, como o líquido cerebrospinal ou o líquido da orelha média. Como é necessário o antibiótico livre (ou seja, não ligado a proteínas) para exterminar os patógenos, também é importante calcular a quantidade de fármaco livre disponível no local da infecção. Enquanto os métodos tradicionais de medida de antibióticos se voltam para as concentrações séricas máximas e a velocidade com que os fármacos são excretados, atualmente existem modelos complexos de distribuição e eliminação de fármacos, não apenas para o soro, mas para outros compartimentos de tecidos também. A exposição do antibióticos aos patógenos no local da infecção pode ser descrita de várias maneiras: (1) a porcentagem de tempo em um intervalo de administração de 24 h que as concentrações do antibióticos estão acima da concentração inibitória mínima (CIM; a concentração do antibiótico exigida para inibição do crescimento de um microrganismo) no local da infecção; (2) a área matematicamente calculada abaixo da curva de concentração sérica em relação ao tempo (área sob a curva, AUC); e (3) a concentração máxima do fármaco alcançada no local do tecido (Cmáx). Pode ser calculada uma razão do valor da CIM do patógeno em questão para cada um destes três valores e esta razão fornece mais informações úteis sobre a atividade do fármaco específico contra um patógeno específico do que apenas olhar para a CIM. Isto permite que comparemos a exposição de diferentes antibióticos (que alcançam concentrações bem diferentes nos tecidos) a um patógeno (em que a CIM para cada fármaco pode ser diferente) e para comparar a atividade do mesmo antibiótico a muitos diferentes patógenos. Farmacodinâmica. Os dados da farmacodinâmica fornecem ao médico informações sobre como as bactérias patogênicas são exterminadas (ver Leitura sugerida). Os antibióticos betalactâmicos tendem a erradicar as bactérias após uma exposição prolongada do antibiótico ao patógeno no local da infecção, em geral, expresso como a porcentagem de tempo sobre um intervalo de administraçãoque o antibiótico está presente no local da infecção nas concentrações maiores que a CIM (%T > CIM). Por exemplo, a amoxicilina precisa estar presente no local da infecção pneumocócica em uma concentração acima da CIM durante apenas 40% de um intervalo de administração de 24 h. É interessante observar que nem concentrações maiores de amoxicilina nem exposição mais prolongada aumentarão substancialmente a taxa de cura. Por outro lado, a atividade da gentamicina contra Escherichia coli baseia-se principalmente na concentração absoluta do antibiótico livre no local da infecção. Quanto mais antibiótico puder “chegar” ao local de infecção, mais rapidamente é possível esterilizar o tecido; a única limitação é a toxicidade da gentamicina. Para fluoroquinolonas como o ciprofloxacino, é melhor prever a exposição do antibiótico com base na área sob a curva. Avaliação dos desfechos clínicos e microbiológicos. Nos estudos clínicos de agentes anti-infecciosos, a maioria das crianças se cura, mas algumas não. Para estas podemos observar uma exposição inadequada do fármaco (ou seja, eliminação mais rápida do fármaco em uma criança específica) ou infecção causada por um patógeno com CIM muito elevada. Ao analisar os sucessos e fracassos com base nos parâmetros de exposição adequados já destacados (%T > CIM, AUC ou Cmáx), relacionados com CIM, podemos observar com frequência um valor particular de exposição, acima do qual verificamos uma taxa de cura muito elevada e abaixo do qual a taxa de cura cai rapidamente. Conhecer este valor desejado (o “ponto crucial da exposição ao antibiótico”) permite que calculemos a dose que definirá o tratamento de sucesso na maioria das crianças. É esta dose que lhe oferecemos (se for o caso) como a que provavelmente vai curar seu paciente. Leitura sugerida Bradley JS, Garonzik SM, Forrest A, Bhavnani SM. Pharmacokinetics, pharmacodynamics, and Monte Carlo simulation: selecting the best antimicrobial dose to treat an infection. Pediatr Infect Dis J. 2010;29(11):1043-1046. PMID: 20975453 4. Staphylococcus aureus Resistente a Meticilina Contraído na Comunidade Staphylococcus aureus resistente a meticilina contraído na comunidade (CA-MRSA) é um patógeno da comunidade para as crianças (que também pode se espalhar de uma criança para outra nos hospitais) que apareceu pela primeira vez em meados de 1990 nos EUA e atualmente representa 30 a 80% de todos os microrganismos isolados de comunidade em várias regiões dos EUA (verifique qual a sua taxa local no seu laboratório de microbiologia do hospital) e sua presença vem aumentando em muitas áreas pelo mundo. Este CA-MRSA, como a cepa de MRSA associada ao hospital que era prevalente pelos últimos 40 anos, é resistente a meticilina e a todos os outros antibióticos betalactâmicos, exceto o antibiótico recém-aprovado pela agência norte-americana Food and Drug Administration (FDA), uma cefalosporina de quinta geração, a ceftarolina, para a qual existem limitados dados pediátricos publicados sobre farmacocinética, segurança e eficácia (como os de agosto de 2013). Ao contrário das cepas antigas, geralmente o CA- MRSA não tem genes de resistência múltipla a antibióticos. Entretanto, existe um número indeterminado de fatores de patogenicidade que tornam o CA-MRSA mais agressivo que seu antecessor na comunidade, o S. aureus suscetível a meticilina (MSSA). Embora descrições publicadas da doença clínica e tratamento do S. aureus antigo encontradas em livros-texto, literatura médica e edições mais antigas deste livro sejam precisas sobre o MSSA, o CA-MRSA parece causar necrose tecidual mais significativa, maior resposta inflamatória no hospedeiro, maior taxa de complicações e maior taxa de infecções recorrentes em comparação com MSSA. A resposta à terapia com antibióticos não betalactâmicos (p. ex., vancomicina, clindamicina) parece ser lenta, e não se sabe se os cursos mais longos dos agentes alternativos que parecem ser necessários para a cura clínica ocorrem por causa de um patógeno mais difícil, mais bem adaptado e mais resistente ou se os agentes alternativos não são tão efetivos contra MRSA como os agentes betalactâmicos são contra MSSA. Terapia para CA-MRSA A vancomicina (intravenosa [IV]) é o suporte principal da terapia parenteral das infecções por MRSA nas últimas quatro décadas e continua a ter atividade contra mais de 98% das cepas isoladas das crianças. Foram relatados alguns casos de resistência e “heterorresistência” (aumento moderado temporário de resistência com base no espessamento das paredes celulares do estafilococo), mais comumente nos adultos que receberam terapia a longo prazo ou foram expostos múltiplas vezes a vancomicina. Infelizmente, a resposta à terapia usando uma posologia padrão de vancomicina de 40 mg/kg/dia no tratamento das novas cepas de CA-MRSA não tem tido o mesmo sucesso que no passado com MSSA. Os dados nos adultos sugerem que as concentrações séricas mínimas de vancomicina no tratamento de infecções graves por CA-MRSA devem ser mantidas na faixa de 15 a 20 μg/mℓ, o que frequentemente provoca toxicidade nos adultos. No caso das crianças, as concentrações séricas mínimas de 15 a 20 μg/mℓ podem ser alcançadas usando a “posologia para meningite” pediátrica de vancomicina de 60 mg/kg/dia. Embora não existam dados prospectivos coletados disponíveis, parece que esta posologia nas crianças é razoavelmente efetiva e não está associada ao grau de nefrotoxicidade observado nos adultos. Para vancomicina, as razões da área sob a curva/concentração inibitória mínima (CIM) que mais bem preveem um desfecho bem- sucedido são aquelas em torno de 400, que são alcançadas para cepas de CA-MRSA com valores de CIM in vitro de 1 ou menos, mas são difíceis de serem alcançadas para cepas com 2 μg/mℓ ou mais.2 As cepas com valores de CIM de 4 μg/mℓ ou maiores devem ser consideradas resistentes à vancomicina. Na posologia maior para o tratamento de “meningite”, deve-se acompanhar a função renal quanto o desenvolvimento de toxicidade. A clindamicina (oral [VO] ou IV) é ativa contra aproximadamente 70 a 90% das cepas, com maior variabilidade geográfica (novamente, verifique com o laboratório do seu hospital). A dose para as infecções moderadas a graves é de 30 a 40 mg/kg/dia, em três doses divididas, usando a mesma dose em mg/kg VO ou IV. A clindamicina não é tão bactericida quanto a vancomicina, mas alcança concentrações mais elevadas nos abscessos. Algumas cepas de CA-MRSA são suscetíveis a clindamicina no teste inicial, mas têm resistência induzível a clindamicina que geralmente é avaliada pelo “teste D”. Dentro de cada população destes microrganismos CA-MRSA, um microrganismo raro terá uma mutação que permite a resistência constante (em vez da induzida). Embora ainda seja controverso, a clindamicina é a terapia eficiente para infecções que têm uma carga de microrganismos relativamente baixa (celulite, pequenos abscessos) e é improvável que esta carga contenha estes mutantes. Infecções com uma carga elevada de microrganismos (empiema) podem ter maior risco de falha terapêutica contra cepas positivas no teste D (visto que a probabilidade de ter microrganismos resistentes é maior, dada a maior população) e a clindamicina não deve ser prescrita como agente preferido. A clindamicina é prescrita para tratar a maioria de infecções por CA-MRSA que não apresentam risco de morte e se a criança responder, a terapia intravenosa pode ser trocada para oral (embora a solução oral não seja muito bem tolerada). A enterocolitecausada por Clostridium difficile é uma preocupação por ser uma complicação associada a clindamicina; entretanto, apesar do aumento no uso de clindamicina nas crianças na última década, não existem relatos recentes publicados sobre aumento relevante na clínica nesta taxa de complicação nas crianças. Trimetoprima/Sulfametoxazol (TMP/SMX) (VO, IV) é ativo contra CA-MRSA in vitro. Novos dados comparativos prospectivos sobre o tratamento de infecções da pele e suas estruturas (IDWeek, outubro de 2013) em adultos e crianças documentaram eficácia equivalente à da clindamicina. Considerando a atual ausência de informações prospectivas comparativas em bacteriemia, pneumonia e osteomielite causadas por MRSA, TMP/SMX não deve ser usado na rotina para tratar estas infecções mais graves. A linezolida (VO, IV), ativa contra praticamente 100% das cepas de CA-MRSA, é uma alternativa razoável, mas é considerada bacteriostática e tem toxicidade hematológica relativamente frequente em adultos (neutropenia, trombocitopenia) e toxicidade neurológica rara (neuropatia periférica, neurite óptica), particularmente quando usada para cursos de 2 semanas ou mais longos (deve-se verificar uma contagem completa de células do sangue toda semana ou a cada 2 semanas nas crianças que recebem terapia prolongada com linezolida). Sua patente ainda está vigorando, então o custo é substancialmente maior que o da clindamicina ou da vancomicina. A daptomicina (IV), aprovada pela FDA para adultos com infecções na pele e bacteriemia/endocardite, é uma nova classe de antibióticos, um lipopeptídio, e é altamente bactericida ao despolarizar a membrana celular bacteriana. A daptomicina deve ser considerada para o tratamento destas infecções nos casos de fracasso com outros antibióticos mais bem estudados. Entretanto, este fármaco demonstrou resultados relativamente ruins no tratamento de adultos com pneumonia contraída na comunidade graças a sua ligação ao surfactante presente nos pulmões. Os estudos do uso em crianças para infecções de pele, bacteriemia e osteomielite estão em andamento. Tigeciclina e fluoroquinolonas apresentam ambas atividade in vitro, mas em geral não são recomendadas para crianças se outros agentes estiverem disponíveis e forem tolerados, por causa da potencial toxicidade para crianças com tetraciclinas e fluoroquinolonas. A ceftarolina, uma cefalosporina de quinta geração para adultos com infecções da pele e suas estruturas (incluindo CA-MRSA) e pneumonia contraída na comunidade, é o primeiro antibiótico betalactâmico aprovado pela FDA que foi quimicamente modificado para ser capaz de se ligar à proteína alterada do MRSA (PBP2a) que confere resistência a todos os outros betalactâmicos. A cobertura contra microrganismos gramnegativos é semelhante à da cefotaxima, sem atividade contra Pseudomonas. Até agosto de 2013, foram coletados dados sobre a farmacocinética em crianças em todas as faixas etárias e os estudos para infecções da pele e suas estruturas e pneumonia contraída na comunidade estão em andamento. A eficácia e o perfil de toxicidade nos adultos é o que seria esperado para a maioria das cefalosporinas. A terapia combinada para infecções graves, com vancomicina e rifampicina (para abscessos profundos) ou vancomicina e gentamicina (para bacteriemia) é usada com frequência, mas não existem dados sobre aumento da eficácia sobre a terapia com um único antibiótico. Alguns especialistas usam vancomicina e clindamicina combinadas, em particular em crianças com um quadro clínico de choque tóxico (com clindamicina, um agente ribossômico, teoricamente reduz a produção de toxina mais rapidamente que a vancomicina), mas não existem dados disponíveis no momento para comparar um antibiótico com o outro para CA-MRSA, deixando apenas uma combinação contra outra. As recomendações para o tratamento de infecções estafilocócicas são fornecidas para duas situações no Capítulo 6: padrão (p. ex., MSSA) e CA-MRSA. As culturas devem ser feitas sempre que for possível. Se as culturas demonstrarem MSSA, então os antibióticos contra CA-MRSA devem ser interrompidos, dando continuidade aos agentes betalactâmicos preferidos, como a cefalexina. Os testes rápidos se tornaram disponíveis para identificação de CA-MRSA algumas horas depois da obtenção de uma amostra, em vez de levar 1 a 3 dias para ler a cultura. Infecções graves e potencialmente fatais. Se houver CA-MRSA na sua comunidade, a terapia empírica para infecções estafilocócicas presumidas que sejam potencialmente fatais ou infecções para as quais qualquer risco de fracasso seja inaceitável (p. ex., meningite) devem seguir as recomendações para CA-MRSA e incluir alta dose de vancomicina, clindamicina ou linezolida, assim como nafcilina ou oxacilina (os antibióticos betalactâmicos são considerados melhores do que a vancomicina ou a clindamicina para MSSA). Infecções moderadas. Se você vive em um local com incidência maior que 10% de S. aureus resistente a meticilina, considere usar as recomendações sobre CA-MRSA para crianças hospitalizadas com infecções estafilocócicas presumidas de qualquer gravidade e inicie a terapia empírica com clindamicina (em geral ativo contra > 90% de CA-MRSA), vancomicina ou linezolida IV. A terapia empírica padrão ainda pode ser prescrita para infecções menos graves nestas regiões, considerando que uma pequena porcentagem de crianças que já estejam infectadas pelo CA-MRSA pode não responder à terapia padrão para MSSA. No caso de abscessos de pele e suas estruturas, a drenagem do abscesso parece ser completamente curativa em algumas crianças e pode ser que os antibióticos não serão necessários após incisão e drenagem. Infecções leves. Para infecções estafilocócicas não graves, presumidas, em regiões com CA-MRSA significativo, a terapia tópica empírica com a pomada de mupirocina ou retapamulina ou terapia oral com trimetoprima/sulfametoxazol ou clindamicina são os preferidos. Para crianças mais velhas, a doxiciclina e a minociclina também são opções com base nos dados sobre o uso em adultos. Novamente, usar a terapia empírica padrão com eritromicinas, cefalosporinas orais ou amoxicilina/clavulanato pode ser aceitável em áreas com baixa prevalência de CA-MRSA e alta probabilidade de MSSA como o patógeno estafilocócico local, para os quais estes antimicrobianos são habitualmente efetivos. Infecções recorrentes. Para crianças com infecções problemáticas, recorrentes, nenhum dado coletado bem estudado de maneira prospectiva fornece uma solução. Banhos com água sanitária (meio copo de água sanitária em um quarto de banheira cheia3) parece ser capaz de reduzir temporariamente o número de microrganismos. Banho com clorexidina (um desinfetante de pele antibacteriano pré-operatório) diariamente ou algumas vezes na semana fornece atividade anti-MRSA tópica por algumas horas após o banho. A pomada nasal de mupirocina criada para erradicar a colonização também pode ser usada. Todas estas medidas têm vantagens e desvantagens e precisam ser usadas junto com as medidas ambientais (p. ex., lavar as toalhas com frequência, usar sanitizadores de mãos, não compartilhar itens de vestuário). Pode ser encontrada uma orientação útil no site do Centers for Disease Control and Prevention, www.cdc.gov/mrsa. O futuro. Vários novos antibióticos estão em fase de estudos clínicos para adultos, incluindo várias oxazolidinonas, glicopeptídios e lipopeptídios com vantagens sobre os fármacos já aprovados em atividade, segurança ou regimes posológicos. É importantever como estes fármacos se comportam nos adultos antes de recomendá-los para as crianças. Até o momento não existem vacinas contra infecções por estafilococos. Também estão em investigação imunoglobulina e anticorpos com atividade contra CA-MRSA. http://www.cdc.gov/mrsa 5. • • • • Terapia Antimicrobiana para Recém-nascidos NOTAS Nos EUA os dados coletados prospectivamente em recém-nascidos continuam sendo disponibilizados, graças em grande parte à legislação federal (incluindo o Food and Drug Administration Safety and Innovation Act de 2012, que obriga estudos em neonatos). Em casos de dados inadequados, as doses sugeridas são baseadas na eficácia, na segurança e nos dados farmacológicos de crianças mais velhas ou adultos. Eles podem não ser responsáveis pelo efeito das alterações no desenvolvimento (efeito da ontogenia) no metabolismo do fármaco que ocorrem durante os primeiros meses de vida e em recém-nascidos prematuros e a termo.1 Estes valores podem variar muito, sobretudo para o recém-nascido prematuro instável. A terapia oral convalescente para infecções em neonatos não foi bem estudada, mas pode ser usada com cuidado em infecções que não sejam potencialmente fatais, em famílias que sigam as orientações dadas pelos profissionais de saúde e com pronto acesso aos cuidados médicos2 As doses do antibiótico e os intervalos de administração recomendados são fornecidos nas tabelas no final deste capítulo Reação adversa a fármacos: Os neonatos não devem receber ceftriaxona intravenosa (IV) enquanto estiverem recebendo formulações contendo cálcio por via intravenosa, incluindo nutrição parenteral pelos mesmos cateteres de infusão ou mesmo por cateteres, visto que já ocorreram reações fatais com precipitados de ceftriaxona-cálcio nos pulmões e rins dos neonatos. Não existem dados sobre as interações entre ceftriaxona IV e produtos contendo cálcio orais ou entre ceftriaxona intramuscular e produtos contendo cálcio por via oral ou IV. As informações atuais estão disponíveis no site eletrônico da agência norte-americana Food and Drug Administration.3 A cefotaxima é preferida para neonatos em relação à ceftriaxona nos casos de hiperbilirrubinemia4 Abreviaturas: ABLC, complexo lipídico da anfericina; AmB, anfotericina B; amox/clav, amoxicilina/clavulanato; ASC, área de superfície corporal; CMV, citomegalovírus; CUGM, cistouretrografia miccional; DI, doenças infecciosas; div., dividido; DPC, doença pulmonar crônica; ECN, enterocolite necrosante; ESBL, betalactamase de amplo espectro; FDA, Food and Drug Administration; FEC-G, fator estimulante de colônia de granulócitos; GBS, estreptococos do grupo B; GI, gastrintestinal; HSV, herpes-vírus simples; IC, idade cronológica; IG, idade gestacional; IM, intramuscular; ITU, infecção urinária; IV, intravenoso; IVIG, imunogobulina intravenosa; L-AmB, AmB lipossomal; LCS, líquido cerebrospinal; MRSA, Staphylococcus aureus resistente a meticilina; MSSA, S. aureus sensível a meticilina; NPV, nevirapina; OMA, otite média aguda; OMEC, oxigenação por membrana extracorpórea; PCR, reação em cadeia da polimerase; pip/tazo, piperacilina/tazobactam; RPR, reagina plasmática rápida; RSV, vírus sincicial respiratório; SNC, sistema nervoso central; ticar/clav, ticarcilina/clavulanato; TIG, imunoglobulina antitetânica; TMP/SMX, trimetoprima/sulfametoxazol; UTIN, unidade de terapia intensiva neonatal; VDRL, Venereal Disease Research Laboratories; VO, via oral; ZDV, zidovudina. A. Terapia recomendada para doenças selecionadas em recém-nascidos Doença Terapia (grau de evidência) Ver na Tabela 5B-D a posologia para neonatos Comentários Citomegalovírus Congênito5–8 Valganciclovir oral em uma dose de 16 mg/kg/dia VO 2 vezes/dia durante 6 meses8 (AI); ganciclovir intravenoso 6 mg/kg/dia IV 12/12 h pode ser prescrito para algumas ou todas as seis primeiras semanas de terapia se a terapia oral for contraindicada (p. ex., enterocolite necrosante, prematuridade extrema) (AII). Benéfico para os desfechos de perda auditiva e desenvolvimento neurológico (AI). Tratamento recomendado para os neonatos com CMV congênito sintomático, com ou sem envolvimento associado do SNC. Neutropenia em 20% (valganciclovir oral) a 68% (ganciclovir IV) dos lactentes na terapia a longo prazo (responde a FEC-G ou interrupção da terapia). Tratamento para CMV congênito deve ser iniciado no primeiro mês de vida. CMV-IVIG não é recomendada. Perinatal ou contraído no pós-natal7 Ganciclovir 12 mg/kg/dia IV div. a cada 12 h durante 14 a 21 dias (AIII) Recomendado apenas para doença aguda grave com pneumonia, hepatite, encefalite ou trombocitopenia persistente. Observar possível recaída após terminar a terapia (AIII). Conjuntivite Chlamydia9–12 Azitromicina VO durante 5 dias (AII) ou etilsuccinato de eritromicina VO durante 10 a 14 dias (AII) Macrolídeos orais são preferidos para evitar o desenvolvimento de pneumonia; associação de eritromicina e estenose pilórica nos primeiros meses de vida.13 Alternativas: sulfonamidas orais podem ser prescritas após o período neonatal imediato para lactentes que não toleram eritromicina. Gonocócica14–18 Ceftriaxona 25 a 50 mg/kg (máx. 125 mg) IV, IM uma vez (AI) (pode ser usado tratamento mais longo para casos graves) Irrigação dos olhos com solução salina. Alternativa: a ceftriaxona pode ser prescrita para recém-nascidos com hiperbilirrubinemia. Investigar se existe infecção concomitante por Chlamydia. Todos os recém-nascidos cujas mães tenham infecção gonocócica não tratada (independente dos sinais e sintomas) precisam de terapia. Cefixima e ciprofloxacino não são mais recomendados para a terapia materna empírica. Staphylococcus aureus19–21 Terapia tópica é suficiente para as formas leves de infecção por S. aureus (AII), mas a terapia oral ou IV pode ser considerada para conjuntivite moderada a grave. MSSA: oxacilina/nafcilina IV ou cefazolina (para infecções exceto no SNC) IM, IV durante 7 dias. MRSA: vancomicina IV ou clindamici na IV, VO. Colírio ou pomada oftálmica de neomicina ou eritromicina (BIII). Não existem dados prospectivos sobre a conjuntivite por MRSA (BIII). Cefalexina VO para formas leves a moderadas de doença causada por MSSA. Resistência crescente do S. aureus com formulação oftálmica de ciprofloxacino/levofloxacino (AII). Pseudomonas aeruginosa22–24 Ceftazidima IM, IV e tobramicina IM, IV durante 7 a 10 dias (alternativas: meropeném, cefepima, pip/tazo) (BIII) Colírios ou pomadas oftálmicas contendo aminoglicosídio ou polimixina B como terapia adjuvante. Outras bactérias gram- negativas Colírio ou pomadas oftálmicas contendo aminoglicosídio ou polimixina B (AII) Terapia sistêmica em caso de infecção moderada a grave, ou não responsivo à terapia tópica (AII) A duração da terapia depende do curso clínico e pode ser de apenas 5 dias se o quadro clínico desaparecer. Infecção pelo herpes-vírus simples Infecção do SNC e doença disseminada25–27 Aciclovir IV durante 21 dias (AII) (se houver comprometimento ocular, ADICIONAR as preparações tópicas de trifluridina 1%, iododesoxiuridina 0,1% ou gel oftálmico de ganciclovir 0,15%) (AII) Se houver comprometimento do SNC, realizar PCR do HSV no LCS próximo de 21 dias de terapia e continuar aciclovir até a PCR ser negativa. AST/ALT séricas podem ajudar a identificar uma infecção disseminada inicial. Foscarnete para doença resistente a aciclovir. Supressão com aciclovir VO (300 mg/m2/dose 2 vezes/dia) durante 6 meses recomendada após terapia parenteral (AI).28 Monitorar a ocorrência de neutropenia durante a terapia supressiva. Lesões na pele, nos olhos ou na boca25–27 Aciclovir IV por 14 dias (AII) (se houver lesões oculares, ADICIONAR as preparações tópicas de trifluridina 1%, iododesoxiuridina 0,1% ou gel oftálmico de ganciclovir 0,15%) (AII). Obter PCR
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