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Treino Cognitivo para Grupos de Idosos Uma Revisão SistemáticaURL

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PSICOLOGIA, SAÚDE & DOENÇAS, 2019, 20(2), 503-511 
ISSN - 2182-8407 
Sociedade Portuguesa de Psicologia da Saúde - SPPS - www.sp-ps.pt 
DOI: http://dx.doi.org/10.15309/19psd200218 
 
TREINO COGNITIVO PARA GRUPOS DE IDOSOS: UMA REVISÃO 
SISTEMÁTICA 
 
Flávia Souza1�, Adriana Mendes1, Rose Bennemann1, Rute Milani1 
 
1UNICESUMAR – Centro Universitário de Maringá, Maringá, Brasil, flaviadrummer@gmail.com, 
adrianamendes37@outlook.com, rose.bennemann@gmail.com, rutegrossi@uol.com.br 
______________________________________________________________________ 
 
RESUMO: Estudos apontam que o processo de envelhecimento está frequentemente 
associado ao declínio cognitivo e que a estimulação cognitiva pode melhorar e manter o 
desempenho das habilidades cognitivas em idosos. Objetivo: esta revisão sistemática 
teve por objetivo identificar os delineamentos, procedimentos e resultados dos estudos 
que investigaram as estratégias de estimulação cognitiva em grupos de idosos. Método: 
foi realizada uma busca da literatura nas bases de dados SciELO, LILACS, PsycINFO e 
PsycARTICLES utilizando os descritores “estimulação cognitiva” OR “treino de 
memória” AND “idosos”, em inglês, português e espanhol. Resultados: foram 
analisados artigos publicados nos últimos dez anos. No que se refere à extensão e 
duração dos treinos, o número de encontros com os participantes variou de 4 a 24 
sessões, sendo que 69,23% dos estudos optaram por sessões de uma hora e trinta 
minutos de duração ou mais. Da mesma forma, a maioria (n=17) utilizou o formato 
multimodal. No que se refere ao tamanho amostral, 10 estudos apresentaram amostras 
superiores a 50 participantes (38,46%). Uma limitação identificada foi a escassez de 
padronização dos resultados nos artigos selecionados, o que dificultou a análise e 
comparação entre as investigações. Conclusão: Além das funções cognitivas, as 
intervenções melhoram o humor e a socialização dos participantes, contribuindo para a 
autonomia e qualidade de vida dos idosos. 
Palavras-chave: envelhecimento, intervenção, treino cognitivo 
______________________________________________________________________ 
 
COGNITIVE TRAINING FOR ELDERLY GROUPS: A SYSTEMATIC 
REVIEW 
 
ABSTRACT: Studies indicate that the aging process is often associated with cognitive 
decline and that cognitive stimulation can improve and maintain the performance of 
cognitive abilities in the elderly. Objective: This systematic review aimed to identify the 
delineations, procedures and results of the studies that investigated the strategies of 
cognitive stimulation in the elderly. Method: a literature search was performed in the 
databases SciELO, LILACS, PsycINFO and PsycARTICLES using the descriptors 
"cognitive stimulation" OR "memory training" AND "elderly" in English, Portuguese 
and Spanish. Results: articles published in the last ten years were analyzed. Concerning 
 
� Rua São Cristóvão, n.481, 87.706-070, Paranavaí, Paraná, Brasil. +55 44 99995-2878. email: 
flaviadrummer@gmail.com 
TREINO COGNITIVO PARA IDOSOS: REVISÃO SISTEMÁTICA 
 
www.sp-ps.pt 504 
the length and duration of training, the number of meetings with participants ranged 
from 4 to 24 sessions, and 69.23% of the studies opted for sessions of one hour and 
thirty minutes or more. Likewise, most (n = 17) used the multimodal format. Regarding 
the sample size, 10 studies had samples greater than 50 participants (38.46%). One 
limitation identified was the scarcity of standardization of the results in the articles 
selected, which made it difficult to analyze and compare the investigations. Conclusion: 
In addition to cognitive functions, interventions improve mood and socialization of the 
participants, contributing to the autonomy and quality of life of the elderly. 
Keywords: aging, intervention, cognitive training 
______________________________________________________________________ 
Recebido em 23 de Maio de 2018/ Aceite em 30 de Maio de 2019 
 
 
A incidência de declínio cognitivo aumenta com o crescimento da população idosa, ocasionando 
doenças de grande impacto para a saúde pública (Oliveira, 2014). Diante desta nova configuração 
da pirâmide etária brasileira e da rapidez com que estas mudanças têm ocorrido no Brasil, é 
essencial que o Estado crie serviços voltados para atendimento deste novo perfil epidemiológico 
composto por afecções degenerativas e doenças crônicas (Brucki, 2004). Neste sentido, a detecção 
precoce do declínio cognitivo e o desenvolvimento de técnicas terapêuticas voltadas para essa 
parcela da população são de grande importância para a manutenção da qualidade de vida dos 
indivíduos (Oliveira, 2014). 
Moraes (2012) define cognição como um conjunto de capacidades mentais que permitem ao 
indivíduo compreender e resolver os problemas do cotidiano. As aptidões que a formam são: 
memória, função executiva, linguagem, praxia, gnosia/percepção e função visuoespacial. Yassuda 
(2006) complementa que o declínio natural em alguns aspectos da memória, na ausência de doença, 
não compromete a autonomia dos adultos mais velhos, uma vez que a maioria dos idosos mantém 
habilidades cognitivas suficientes para permanecer independentes. 
Um programa de estimulação cognitiva consiste num conjunto de estratégias e exercícios que 
visam potenciar determinadas áreas da cognição e procura cumprir objetivos específicos. Podem ser 
implementados individualmente ou em grupo e geralmente são realizados num determinado período 
de tempo (Souza & Sequeira, 2012). 
Tendo em vista a relevância do treino cognitivo para manutenção da capacidade funcional de 
idosos, é evidenciada a necessidade de desenvolvimento de estudos científicos que explorem a 
temática, de modo a promover técnicas eficientes que promovam o envelhecimento bem-sucedido. 
Assim, o objetivo do presente estudo foi identificar os delineamentos, procedimentos e resultados 
dos estudos que investigaram as estratégias de estimulação cognitiva em grupos de idosos. 
 
 
MÉTODO 
 
A pesquisa seguiu os padrões de rigor metodológico propostos para a Revisão Sistemática de 
literatura científica nacional e internacional. Após validação do protocolo de pesquisa foram 
percorridas as quatro fases do fluxo de seleção de uma revisão sistemática: 1) identificação do tema 
e definição da questão de pesquisa; 2) seleção de critérios para inclusão e exclusão de estudos; 3) 
definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados; 4) avaliação dos estudos 
incluídos na revisão sistemática. 
Flávia Souza, Adriana Mendes, Rose Bennemann, & Rute Milani 
 
www.sp-ps.pt 505 
Para isso observou-se todas as publicações disponíveis nos periódicos indexados nas bases de 
dados eletrônicas: Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), 
Scientific Eletronic Library Online (SciELO) e PsycINFO, PsycARTICLES. Foram selecionados 
artigos publicados entre janeiro de 2007 a agosto de 2017. 
Esta pesquisa foi realizada conforme recomendações metodológicas da declaração PRISMA 
(Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses) para trabalhos de revisão 
sistemática. Segundo Moher et al. (2010), esta consiste na revisão de uma questão claramente 
formulada que usa métodos sistemáticos e explícitos para identificar, selecionar e avaliar 
criticamente pesquisas relevantes. 
Para a localização, foram usados os seguintes descritores em português, inglês e espanhol: 
“estimulação cognitiva” OR “treino de memória” AND “idosos”. A revisão dos artigos ocorreu 
entre os meses de agosto e outubro de 2017. Como critérios de inclusão para seleção dos artigos, 
utilizou-se: 1) artigos escritos em português, inglês ou espanhol; 2) estudosde qualquer tipo de 
treino ou estimulação cognitiva para população de idosos (idade superior a 60 anos; 3) estudos na 
modalidade coletiva; 4) estudos que incluam, pelo menos, avaliações antes e após a intervenção. 
Para exclusão, foram empregados: 1) artigos indisponíveis na versão online 2) resumos, outras 
revisões, anais de congressos, teses e dissertações 3) estudos de reabilitação cognitiva na 
modalidade individual. Ter sido randomizado e ter (ou não) grupo controle não foram fatores de 
exclusão. 
 
 
RESULTADOS 
 
Na busca inicial foram identificados 186 artigos nas bases de dados eletrônicas, 57 no SciELO, 
107 no LlLACS, 20 no PsycINFO e 02 PsycARTICLES, os quais foram submetidos à leitura de 
seus títulos e resumos. Após esta análise, foram excluídos 84 artigos duplicados, além de outros 7 
artigos de revisão, sendo três revisões bibliográficas e 4 revisões sistemáticas. Também foram 
excluídos estudos que não abordaram o tema e, ainda, a população da pesquisa. 
 
 
Figura 1. 
Número e ano de publicação dos artigos, 2017. 
 
Ao todo, foram incluídos vinte e seis artigos. Metade dos artigos estava disponível em português, 
nove (34,62%) estavam disponíveis em inglês, três (11,54%) em espanhol, e um (3,85%) em inglês 
e espanhol. A Figura 2 detalha o processo de seleção dos estudos. 
TREINO COGNITIVO PARA IDOSOS: REVISÃO SISTEMÁTICA 
 
www.sp-ps.pt 506 
 
Figura 2. 
Fluxo de seleção dos estudos. 
 
Os treinos cognitivos diferem em extensão (número de sessões) e duração (número de horas), 
variando de quatro (Yassuda, Batistoni, Fortes, & Neri, 2006) até vinte e quatro sessões (Viola et 
al., 2011). Nesse último estudo, os pesquisadores desenvolveram um programa de estimulação 
multidisciplinar composto por treino em memória, estimulação cognitiva assistida por computador, 
atividades expressivas (pintura, expressão verbal, escrita), fisioterapia e treino físico para pacientes 
com Alzheimer leve. É possível observar uma tendência a desenhar intervenções com número de 
sessões inferior a doze: no total, dezessete estudos tiveram intervenções com até onze sessões 
(65,12%), e os demais estudos (34,62%) conduziram intervenções com número de sessões superior 
ou igual a doze. Também predominaram os estudos com sessões de uma hora e trinta minutos 
(42,31%), demonstrando ser comum o trabalho com doze sessões de duas horas para grupos, uma 
vez por semana, podendo aumentar o número de sessões de acordo com a necessidade. 
A figura 3 apresenta um panorama geral dos estudos avaliados. 
 
 
Figura 3. 
Panorama geral dos estudos avaliados. 
 
Em relação ao tamanho amostral, somente estudos na modalidade coletiva foram incluídos nesta 
revisão, assim as amostram variaram de 03 participantes Abrisqueta-Gomez et al. (2004) a 145 
participantes (Lopes & Argimon, 2016), sendo que neste último estudo, os participantes foram 
Flávia Souza, Adriana Mendes, Rose Bennemann, & Rute Milani 
 
www.sp-ps.pt 507 
divididos em grupos de 10 pessoas. Assim, 10 estudos apresentaram amostras superiores a 50 
participantes (38,46%). 
Sobre o recrutamento dos participantes, dois estudos (7,69%) atuaram em instituições asilares, os 
demais recrutaram idosos na comunidade. A grande maioria dos estudos (73,08%) dedicaram-se a 
trabalhar com idosos saudáveis, ou seja, sem indícios de demência e/ou depressão. Outros seis 
estudos (23,08%) atuaram junto a idosos com Comprometimento Cognitivo Leve (CCL) ou 
Alzheimer. Apenas um estudo espanhol dedicou-se a analisar o efeito imediato e a médio prazo de 
um treino de memória em idosos saudáveis e idosos com comprometimento cognitivo em testes de 
desempenho cognitivo geral (García & Navarro-González, 2006). 
Em relação às habilidades-alvo, as intervenções podem ser classificadas em unimodal, 
delineadas para treinar uma habilidade específica (por exemplo, os treinos de memória episódica), 
ou multimodal, voltadas para o treino de várias habilidades cognitivas (Golino & Flores-Mendoza, 
2016). Dezessete estudos foram classificados como multidomínio (65,38%), e nove estudos foram 
classificados como unimodais (34,62%), ou seja, treinaram uma habilidade cognitiva específica. 
Os instrumentos mais utilizados nos artigos catalogados nesta revisão foram: o Mini Exame do 
Estado Mental - MEEM (80,77%) para rastreio das funções cognitivas, seguido pela Escala de 
Depressão Geriátrica - EDG (69,23%) para avaliação do humor. 
 
 
DISCUSSÃO 
 
Sobre o tamanho amostral, Oliveira e Lima-Silva (2014) explicam que o treino de idosos 
saudáveis, em grupos com até 12 participantes dispostos em círculos, permite que todos possam se 
enxergar e se ouvir, favorecendo o contato social. 
A perda amostral é um limitador dos estudos na área da estimulação cognitiva, uma vez que pode 
comprometer a análise final dos dados, bem como a interpretação dos resultados. Lopes e Argimon 
(2016) destacam os desafios de trabalhar com os idosos. Eles geralmente têm muitas consultas 
médicas, são mais vulneráveis a doenças durante o inverno, têm mais dificuldades com o transporte 
público. Essas limitações induziram muitos idosos a abandonar as sessões de treino. 
No que se refere ao recrutamento dos participantes, os resultados do presente estudo evidenciam 
a dificuldade em acessar e executar intervenções cognitivas com essa população, o que reflete em 
uma carência de pesquisas. Algumas habilidades cognitivas como atenção e memória, por exemplo, 
estão extremamente relacionadas a ponto de serem consideradas partes de um mesmo processo. 
Independentemente da modalidade e diante da grande variedade de procedimentos e 
instrumentos utilizados, de modo geral, os estudos demonstram que os programas de treinos 
propostos podem produzir benefícios para os idosos em diversas áreas (Aramaki & Yassuda, 2011; 
Lima-Silva et al., 2010; Pivaral et al., 2011; Teixeira-Fabrício et al., 2012). Chariglione e Janczura 
(2013) destacam os efeitos positivos das intervenções no que se refere ao humor e à memória. No 
caso da memória, para os autores, o treino é importante na medida em que a capacidade de reserva 
cognitiva pode ser mobilizada e até mesmo melhorada. Em relação ao humor, quando os idosos 
realizam as atividades proporcionadas pelo treino cognitivo, alteram as atividades diárias, ou, pela 
presença de novas pessoas no ambiente acompanhado, conversando, interagindo socialmente, 
experimentam modificações no humor. 
Igualmente, Irigaray, Gomes Filho, e Schneider (2012) observaram uma diminuição dos 
sintomas de ansiedade e de depressão nos participantes do grupo experimental após a intervenção e 
sugerem que este benefício esteja relacionado às atividades grupais que favorecem a conquista de 
TREINO COGNITIVO PARA IDOSOS: REVISÃO SISTEMÁTICA 
 
www.sp-ps.pt 508 
novas amizades e a obtenção de suporte social, ajudando-os mutuamente tanto em condições 
normais e sob estresse. 
O treino cognitivo demonstrou melhorar o desempenho cognitivo de idosos saudáveis, não só 
para habilidades treinadas diretamente durante as sessões, mas também para outras funções, como a 
memória episódica (Almondes, Leonardo, & Moreira, 2017; García-Sevilla, Fernández, Fuentes, 
López, & Moreno, 2014; Ordonez, Borges, Kanashiro, Santos, Hora, & Lima-Silva, 2017). No 
estudo realizado por Netto et al. (2013), os efeitos benéficos do Treino de Memória de Trabalho 
(TMT) foram transferidos para outras funções cognitivas, de modo que o grupo experimental 
apresentou melhora significativa no desempenho em tarefas de atenção, memória de curto prazo, 
aprendizagem e memória episódica. A atenção e componentes da funçãoexecutiva também foram 
aprimorados. Há que se considerar que, embora existam, não é regra que esses efeitos benéficos 
estejam sempre presentes (García-Sevilla et al., 2014), ou ainda, que a melhoria no desempenho 
cognitivo seja significante (Lima-Silva et al., 2012). 
Estudos qualitativos acerca desta temática são relativamente escassos. Apenas um estudo se 
propôs a verificar a autopercepção de indivíduos idosos analfabetos com Transtorno Cognitivo Leve 
(TCL), antes e após a realização de oficinas de jogos e brincadeiras de estimulação cognitiva, 
adaptadas para essa população. Nessa investigação, o grupo experimental destacou-se dos demais 
grupos em quatro categorias: melhora na cognição, socialização/integração, melhoria nas atividades 
de vida diária e unânime satisfação com as oficinas (Santos et al., 2012). 
O MEEM é o instrumento de rastreio mais utilizado para identificar mudanças no estado 
cognitivo de idosos. Avalia orientação temporal, espacial, memória, atenção, computação, 
linguagem e capacidade visuoconstrutiva. Foi desenvolvido por Folstein, Folstein, e McHugh 
(1975), e validado no Brasil por Bertolucci, Brucki, Campacci, e Juliano (1994). Apesar de 
amplamente utilizado, o MEEM apresenta algumas limitações, conforme apontam Yassuda, 
Batistoni, Fortes, e Neri, (2006), sobre a grande variabilidade observada entre os participantes 
quanto às habilidades cognitivas, o que pode ser decorrente da inclusão de indivíduos com declínio 
cognitivo além do esperado para a idade e não captado pelo MEEM, limitando os efeitos do treino. 
Mais do que técnicas para estimulação cognitiva, diversos autores têm mostrado a preocupação 
em oferecer informações para promover a mudança de crenças negativas sobre o envelhecimento, a 
memória e a saúde (Chariglione & Janczura (2013); Irigaray, Gomes, & Schneider (2012); Ordonez 
et al. 2017). Lima-Silva et al. (2011) relatam que o treino baseado em tarefas ecológicas, usando 
embalagens de supermercado e tarefas de troco, gerou alta motivação, aderência ao programa e 
ganhos significativos no desempenho em testes cognitivos. Ao mesmo tempo, Lima-Silva e 
Yassuda (2012) desenvolveram um treino cujo objetivo era a melhoria da hipertensão e da cognição 
simultaneamente. O resultado mostraram que o treino aliado à psicoeducação pode contribuir para 
uma melhor adesão, visto que em seu estudo não houve evasão. 
 
Os estudos revelaram resultados positivos após as intervenções, sugerindo que a estimulação 
cognitiva pode ser eficaz para manutenção e melhoria das funções cognitivas, além de estender os 
benefícios para o humor e a socialização dos participantes, contribuindo para a autonomia e 
qualidade de vida dos idosos. Uma limitação deste estudo foi a escassez de padronização dos 
resultados nos artigos catalogados, o que dificultou a análise comparativa entre eles. 
Esta revisão trouxe esclarecimentos quanto à caracterização dos treinos de estimulação 
cognitiva, corroborando a ideia de que esta estratégia constitui uma ferramenta de notável 
relevância para profissionais na área da saúde que almejam contribuir para a manutenção das 
habilidades cognitivas e prevenção de seus declínios. 
 
Flávia Souza, Adriana Mendes, Rose Bennemann, & Rute Milani 
 
www.sp-ps.pt 509 
REFERÊNCIAS 
 
Abrisqueta-Gomez, J., Canali, F., Vieira, V. L. D., Aguiar, A. C. P., Ponce, C. S. C., Brucki, S. M. 
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TREINO COGNITIVO PARA IDOSOS: REVISÃO SISTEMÁTICA 
 
www.sp-ps.pt 510 
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