Buscar

Módulo 03 (2)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

MODULO 3
Defeitos dos negócios jurídicos - primeira parte
Os defeitos dos negócios jurídicos maculam a manifestação de vontade das partes, a qual, como regra,
deve ser livre e espontânea, requisitos estes de validade de todos os negócios jurídicos.
O Código Civil prevê seis espécies de vícios do consentimento: erro, dolo, coação, estado de perigo,
lesão (estes cinco são também chamados de vícios do consentimento) e fraude contra credores.
Os vícios do consentimento provocam uma manifestação de vontade que não corresponde com a
vontade íntima do agente.
O negócio jurídico eivado de tais defeitos é anulável, a teor do que dispõe o art. 171, II CC.
 
1. Erro ou ignorância
Consiste numa falsa representação da realidade.
O agente engana-se sozinho, sem a interferência de terceiros.
O Código Civil equipara os efeitos do erro à ignorância.
Erro = ideia falsa da realidade
Ignorância= completo desconhecimento da realidade
 
 1.2 – Espécies
1) Erro substancial ou essencial: recai sobre circunstâncias e aspectos relevantes do negócio.
Deve ser determinante à realização do negócio jurídico, isto é, se o agente conhecesse a realidade não
praticaria o ato.
- Erro acidental: oposto ao essencial, ou seja, refere-se à circunstância não determinante, secundária.
Se conhecida a realidade, mesmo assim o negócio seria realizado.
- Características do erro substancial:
 a) erro sobre a natureza do negócio (error in negotio): quanto à categoria jurídica. Ex: a intenção é de
alugar, mas no contrato está escrito vender. O agente quer praticar um ato, mas pratica outro.
b) erro sobre o objeto principal da declaração (error in corpore): a manifestação da vontade recai sobre
objeto diverso do desejado. Ex: o agente adquire quadro pensando ser de pintor famoso, porém é de
seu aprendiz.
c) erro sobre algumas das qualidades essenciais do objeto principal (error in substantia ou error in
qualitate): a razão determinante do negócio jurídico é a suposição de que o objeto possui uma
qualidade, que depois se descobre inexistir. Ex: o agente adquire um relógio dourado, imaginando ser
de ouro maciço, mas na realidade é apenas folheado a ouro.
d) erro quanto à identidade ou à qualidade da pessoa (error in persona): negócios jurídicos intuitu
personae, negócios de liberalidade, e casamento. Deve influir na manifestação de vontade de modo
relevante, e somente será considerado essencial quando não se puder identificar a pessoa ou a coisa a
que se refere a declaração de vontade. Ex: doação à pessoa que o doador pensa ser seu filho.
e) erro de direito (error juris): é o falso conhecimento, ou interpretação errada, da norma jurídica (art.
139, III, CC). O Código Civil permite a alegação de erro de direito quando não implicar na recusa à
aplicação da lei, e for o único motivo da realização do negócio jurídico.
- Erro substancial e Vício Redibitório
Vício redibitório é erro objetivo sobre a coisa, que contém um defeito oculto (artigos 441 a 446 CC).
O agente que aliena um objeto deve garantir que este sirva para a utilização a que se destina. Uma vez
comprovado a existência de um defeito oculto, cabem ações edilícias, visando à rescisão do contrato ou
pedir o abatimento do preço.
O erro substancial quanto às qualidades essenciais do objeto é subjetivo, pois recai na manifestação da
vontade do agente. A ação anulatória é a solução para estes casos, visando anular o negócio jurídico
viciado.
2-) Erro escusável
É o erro justificável, desculpável.
Há um critério padronizado de “homem-médio” para aferição da escusabilidade, comparando-se a
conduta do agente com a média das pessoas (senso comum).
3-) Erro real
O erro deve ser efetivo, causando prejuízo concreto para o interessado.
4-) Erro obstativo ou impróprio
É aquele que tem relevância ao ponto de obstar o negócio jurídico, inviabilizando-o.
A doutrina equipara o erro obstativo aos vícios do consentimento, dando-lhes o mesmo tratamento
(anulação do negócio jurídico).
 
1.3 - Falso motivo
O art. 140 CC trata do erro sobre os motivos.
Motivos = razões subjetivas, consideradas irrelevantes para a apreciação da validade do negócio
jurídico (elemento acidental).
Em regra, o erro sobre os motivos não vicia o ato, exceto quando houver previsão expressa quanto aos
mesmos, os quais passam a caracterizar elementos essenciais do negócio.
 
1.4 – Transmissão errônea da vontade
Ocorre quando o agente declarante não se encontra na presença do declaratário, e se vale de interposta
pessoa para a transmissão de vontade. Se houver divergência entre o pretendido e o que foi
transmitido, caracteriza-se vício, e consequente anulação do negócio jurídico.
Deve ser apurado se houve culpa (in eligendo ou in vigilando) por parte do emitente da declaração.
Caso afirmativo o erro será inescusável, não podendo ser o ato anulado.
 
1.5 - Convalescimento do erro
Se a parte que seria prejudicada se propõe a executar o ato conforme a vontade real do manifestante, o
erro deixa de ser real, pois ausente o prejuízo, não havendo que se falar em anulabilidade do negócio
jurídico (art. 144 CC). Diz-se, nestes casos, que houve o convalescimento do erro.
 
2 - Coação
Coação é a ameaça ou pressão injusta, que o agente coator exerce sobre alguém, visando a forçá-lo a
praticar ato ou realizar um negócio jurídico.
A coação torna defeituosa a manifestação de vontade, devido ao temor que ela inspira.
2.1 – Requisitos da coação
a) Causa determinante do ato: significa que deve haver, necessariamente, uma relação de causalidade
entre a coação e o ato praticado pela vítima, ou seja, o negócio somente foi praticado devido à ameaça
grave ou violência, que incutiu à vítima fundado receio de dano à sua pessoa, sua família ou a seus
bens.
b) Deve ser grave: para constituir vício de consentimento a coação há de ser de tal gravidade que
chegue a causar na vítima um fundado temor de dano (moral ou patrimonial) a bem relevante. O
critério para aferição da intensidade da gravidade não é o do homem médio, mas sim o caso concreto
(condições particulares da vítima – art. 152 CC).
Art. 153 CC – não se considera ameaça o simples temor reverencial
c) Deve ser injusta: ilícita, contrária ao direito, abusiva. Não se considera coação a ameaça do exercício
normal de um direito, por exemplo, o locador quando ameaça propor a competente ação de despejo
contra o locatário inadimplente.
d) Deve o dano temido ser atual ou iminente: atual e inevitável. Aquele prestes a se consumar, pois se o
dano for evitável, ou mesmo impossível, não há que se falar em coação.
e) Ameaça de prejuízo à pessoa ou a bens da vítima, ou à pessoas de sua família: sofrimento físico,
cárcere privado, incêndio,etc.
Art. 151, parágrafo único: o juiz decidirá conforme as circunstâncias.
2.2 – Espécies
a) Coação absoluta ou física e coação relativa ou moral
- Coação absoluta: não há qualquer consentimento ou manifestação de vontade. Há emprego de força
física. O Código Civil não reconhece como vício de consentimento, pois o negócio praticado sem
qualquer manifestação de vontade seria inexistente.
- Coação relativa ou moral: constitui vício de vontade, pois a vítima pratica o ato para não correr o risco
de sofrer as conseqüências, havendo, portando, manifestação de vontade.
b) Coação principal e coação acidental
- Coação principal: quando é a causa determinante do negócio
- Coação acidental: é a que influencia as condições da avença, mas sem ela o negócio assim mesmo se
realizaria, em condições menos desfavoráveis. Não constitui causa de anulação do negócio, mas sim
obriga o ressarcimento do prejuízo sofrido.
2.3 – Coação exercida por terceiro
Só vicia o negócio jurídico permitindo sua anulação se a outra parte, que se beneficiou, conhecia ou
deveria ter conhecimento da coação. Deve haver cumplicidade entre o beneficiário e o terceiro, autor da
coação. Tanto o beneficiário como o terceiro responderão pelas perdas e danos (art. 154 CC).

Outros materiais