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2019_RogerioDeMambra

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA
Trabalho de Graduação Individual
Rogério de Mambro
 
 A Produção de Cerveja Caseira: 
Entre a Autonomia e a Precarização do Trabalho.
SÃO PAULO
2019
Rogério de Mambro
A Produção de Cerveja Caseira: 
Entre a Autonomia e a Precarização do trabalho
Trabalho de Graduação Integrada (TGI)
apresentado ao Departamento de Geografia da
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciência
Humanas da Universidade de São Paulo como
parte dos requisitos para obtenção do título de
Bacharel em Geografia.
Área de concentração: Geografia Humana
Orientador: Prof. Dr. Eduardo Donizetti Girotto
Banca Examinadora
______________________________________________________
Prof. Dr. Eduardo Donizetti Girotto (Orientador)
Universidade de São Paulo
_______________________________________________________
Prof. Dr. Bernardo Parodi Svartman 
Universidade de São Paulo
_______________________________________________________
Mestre Adriano Gonçalves Skoda
Universidade de São Paulo
1
O sol nasce e ilumina as pedras evoluídas
Que cresceram com a força de pedreiros suicidas
Cavaleiros circulam vigiando as pessoas
Não importa se são ruins, nem importa se são boas
E a cidade se apresenta centro das ambições
Para mendigos ou ricos e outras armações
Coletivos, automóveis, motos e metrôs
Trabalhadores, patrões, policiais, camelôs
A cidade não pára, a cidade só cresce
O de cima sobe e o de baixo desce
A cidade não pára, a cidade só cresce
O de cima sobe e o de baixo desce
A cidade se encontra prostituída
Por aqueles que a usaram em busca de saída
Ilusora de pessoas de outros lugares
A cidade e sua fama vai além dos mares
No meio da esperteza internacional
A cidade até que não está tão mal
E a situação sempre mais ou menos
Sempre uns com mais e outros com menos
A cidade não pára, a cidade só cresce
O de cima sobe e o de baixo desce
A cidade não pára, a cidade só cresce
O de cima sobe e o de baixo desce
Eu vou fazer uma embolada, um samba, um maracatu
Tudo bem envenenado, bom pra mim e bom pra tu
Pra a gente sair da lama e enfrentar os urubu
Eu vou fazer uma embolada, um samba, um maracatu
Tudo bem envenenado, bom pra mim e bom pra tu
Pra a gente sair da lama e enfrentar os urubu
Num dia de sol, Recife acordou
Com a mesma fedentina do dia anterior
A cidade não pára, a cidade só cresce
O de cima sobe e o de baixo desce
A cidade não pára, a cidade só cresce
O de cima sobe e o de baixo desce.
Chico Science e Nação Zumbi - A Cidade.
2
De pé, ó vítimas da fome
De pé, famélicos da terra
Da idéia a chama já consome
A crosta bruta que a soterra
Cortai o mal bem pelo fundo
De pé de pé, não mais senhores
Se nada somos em tal mundo
Sejamos tudo, ó produtores
Senhores patrões chefes supremos
Nada esperamos de nenhum
Sejamos nós que conquistemos
A terra mãe livre e comum
Para não ter protestos vãos
Para sair desse antro estreito
Façamos nós com nossas mãos
Tudo o que a nós nos diz respeito
O Crime do rico, a lei e o cobre
O estado esmaga o oprimido
Não há direitos para o pobre
Ao rico tudo é permitido
A opressão não mais sujeitos
Somos iguais todos os seres
Não mais deveres sem direitos
Não mais direitos sem deveres
Abomináveis na grandeza
Os reis da mina e da fornalha
Edificaram a riqueza
Sobre o suor de quem trabalha
Todo o produto de quem sua
A corja rica o recolheu
Queremos que nos restituam
O povo quer só o que é seu
Nós fomos de fumo embriagados
Paz entre nós guerra aos senhores
Façamos greve de soldados
Somos irmãos trabalhadores
Se a raça vil cheia de galas
Nos quer à força canibais
Logo verás que as nossas balas
São para os nossos generais
Pois somos do povo os ativos
Trabalhador forte e fecundo
Pertence a terra aos produtivos
Ó parasita deixa o mundo
Ó parasita que te nutres
Do nosso sangue a gotejar
Se nos faltarem os abutres
Não deixa o sol te fulgurar
Bem unidos façamos
Nesta luta final
Uma terra sem amos
A internacional
Bem unidos façamos
Nesta luta final
Uma terra sem amos
A internacional
A Internacional 
Versão Garotos Podres.
3
Dedicatória
À Giovanna que me acompanhou em todas as minhas subjetividades em todo meu
processo de graduação e me fez ver que se aprofundar no conhecimento tem um
grande potencial transformador e anticapitalista. Você me trouxe uma grande
confiança em chegar até aqui e é parte fundamental desse trabalho. Esse trabalho
é sobre a nossa sobrevivência em tempos de precarização do trabalho e do nosso
apoio mútuo e cooperação no meio dessa cidade caótica e individualista. É sobre
amor e companheirismo em meio a superficialidade. É sobre ternura, em meio a
rigidez, é sobre alegria e é sobre utopia.
Ao Professor Girotto, professor que inspira. Obrigado pela orientação de TGI, por
dar voz aos estudantes, lutar pela educação e para que a geografia possa ser feita
com os pés. 
Ao Skoda, pela leitura atentíssima e pelos apontamentos tão certeiros acerca deste
trabalho. 
Ao Bernardo, por dar especial atenção aos aspectos trabalhistas e sobre a
psicologia do trabalho. O cooperativismo pode sim construir relações mais justas.
Ao Pequi, meu companheiro de alquimia, onde aprendemos juntos que têm política
em nossa brisa e ainda têm inúmeras receitas que não fizemos ainda. Em cada
produção uma prosa amiga. Obrigado pelos aprendizados de engenharia química,
sem eles eu jamais me formaria em geografia. 
À minha Mãe Cida que sempre me incentivou no que eu decidi fazer e sempre
fortaleceu para que eu pudesse chegar até aqui. Você é uma verdadeira uma
guardiã do conhecimento, grato pela existência, pelas memórias dos antigos e pela
indignação com um mundo tão injusto. 
Ao meu Pai João que me ensinou a andar de bicicleta e a gostar de sair andando o
dia inteiro por aí. 
4
As minhas irmãs Kátia e Sônia por me incentivarem a fazer faculdade e a estudar.
À Olívia pelas noites de prosa e Boemia e pela palavra amiga. 
À toda nossa coletiva de cerveja caseira e todas as pessoas que participaram dela:
Alê, Fabi, Bruninho, May e Paquê.
Ao Lucca, a Mayara e a Cesi, por incentivar nossa ideia e nos acolher com tanto
amor e carinho. 
à ITCP-USP por ter me aprofundado no cooperativismo e refletir sobre a prática e
sobre a economia solidária. E também a todo mundo que já passou por lá: LuS,
May, Oli, Lucca, Deia, Mel, Gabs, Isa, LuP, PedroL, PedroN, Pablo, Tainá,
Henrique, Ana Lu, Diego, Aninha, Léo, Vitória, Melissa, Wagner, Chaves, entre
muitos.
Aos professores Bernardo Parodi Svartman e Reinaldo Pacheco da Costa por dar
apoio ao coletivo da ITCP-USP e acreditar no nosso potencial acadêmico a partir
da extensão, onde o nosso conhecimento tem fim social. 
Aos professores Marcinho e Carlão por estarem na luta com a gente. 
Ao coletivo Urbana Selva, do “faça você mesmo” à busca de autonomia de nossas
vidas. Juh Comitto, Nati, Juh Costal, Fabiü, Mari Reinach, Ciola, e Glaucio.
Aos Degradados Punk Rock. Paulo, Lks, Mick, Cauã e Arthur, que permitiram gritar
todo o ódio ao sistema através do Punk. 
Aos meus parça de Osasco: Latino, Pardal, Guedes, Pqno, Alê e Steven. Por
tantas prosas e loucuras. 
Àqueles que foram excluídos pelo vestibular e que não tiveram a oportunidade de
estudar em universidade pública e gratuita como eu. Assim a maioria do meu
bairro, da minha cidade e da escola pública - E.E. Glória Azedia Bonetti, Osasco -
5
que eu estudei. O estado quer o povo pobre apenas como mão de obra barata e o
“sucesso escolar” é um concurso da Tele-Sena. 
Ao povo latino-americano que vêm sofrendo as piores consequências do
imperialismo, sistema capitalista e neoliberalismo: desemprego, fome, saque
colonial, aumento da jornada de trabalho e exploração. 
As pessoas pobres e periféricas. Aos negros e povos originários que são
constantemente marginalizados pela política racista deste país. 
Ao trabalhador(a) sem-terra,que luta por dignidade e pela vida. 
À luta da classe trabalhadora que enfrenta as consequências dos monopólios que
saqueiam nossos bens naturais e nossa mão de obra para transformar em lucro
privado, além de acabar com os recursos naturais, devastam terras e promovem
genocídios. Apesar do discurso do crescimento econômico e da geração de
emprego, são nossos exploradores, verdadeiros parasitas!
Às cervejeiras(os) caseiros e autônomas(os).
Aos trabalhadores e trabalhadoras informais. 
Aos trabalhadores e trabalhadoras da economia solidária. 
Àqueles e àquelas que constroem a autogestão.
À todas as pessoas que fazem trabalhos invisibilizados nessa sociedade. 
6
RESUMO: O presente trabalho de graduação individual mostra as diferentes
produções de cerveja no Brasil. O objetivo é mostrar a diversidade do setor para
além do oligopólio formado por apenas três empresas: as microcervejarias legais e
os cervejeiros caseiros/microcervejarias informais. O número de cervejarias e o
número de rótulos de cerveja cresceram em ritmo exponencial do país do ano de
2017 para o ano de 2018 e este trabalho disserta sobre a diversificação deste
mercado e ascensão das microcervejarias. As empresas monopolísticas têm
grande influência sobre a produção e distribuição de cervejas através do sistema
tributário e sobre a legislação cervejeira, o que muitas vezes cria dificuldades para
a entrada no mercado. Isso comprova diversas teorias de Santos (2008) sobre os
circuitos superiores e inferiores da economia urbana e também sobre as estruturas
monopolísticas e a forte relação que essas estabelecem com o estado quando
dispõem de seus recursos públicos para o incentivo das atividades monopolísticas,
concomitantemente dificultando a criação de pequenas e médias empresas.
Descobri que com os altos custos de legalização há cervejeiros que, para se
legalizar, optam por terceirizarem suas produções em cervejarias “ciganas” que
realizam serviços de produção, ficando a cargo do contratante somente a
comercialização e distribuição, porém existem ainda aquelas microcervejarias
informais que se encontram no circuito inferior da economia urbana: as cervejarias
caseiras, que são pequenas produções realizadas no ambiente familiar ou em
pequenas cooperativas. Este trabalho está entre a precariedade e a autonomia.
Precário na medida em que não são reconhecidas pelo estado por suas práticas e
não têm direitos fundamentais garantidos, porém, ao não separarem a posse e uso
dos meios de produção, os cervejeiros caseiros constroem um caminho de
autonomia através da economia solidária e da autogestão. Neste trabalho consta
um relato da minha própria experiência como produtor de cerveja. 
Palavras-Chave: Oligopólio Cervejeiro, Cerveja Caseira, Circuito Inferior da
Economia Urbana; Autonomia; Trabalho Informal.
7
Sumário
1. Introdução--------------------------------------------------------------------------------------------------9 
2. As produções de Cerveja: Oligopólio, Microcervejarias e Cerveja Caseira-12
2.1. Distribuição das cervejarias “legais” em território nacional.-------------------------12
2.2. A produção do oligopólio brasileiro de cerveja-----------------------------------------17
2.3. Microcervejarias: A produção de cervejas especiais e cervejarias "ciganas”--22
2.4 A cerveja caseira e microcervejarias informais-----------------------------------------26
3. Considerações Finais-------------------------------------------------------------------------35
4. Referências---------------------------------------------------------------------------------------39
8
1. Introdução
A cerveja é uma bebida de cereais fermentados que geralmente contém 4
ingredientes principais: água, malte de cevada, flores de lúpulo e fermento
biológico. O uso desses ingredientes, que ficou popularmente conhecido no mundo
todo, vem de um lugar e tempo específico: a Alemanha do século XVI, que criou a
lei de pureza alemã (REINHEITSGEBOT - 1516), um marco da intervenção estatal
sobre a produção de alimentos:
A Lei da Cerveja é uma influência política, ao ser utilizada como um dos
fatores principais na unificação da Alemanha, e determinou o caminho do
segmento de cervejas na Alemanha e mais tarde no Brasil. A
Reinheitsgebot também teve influência direta na produção de bebidas pelo
mundo, principalmente nas cervejarias artesanais (microcervejarias), que
ainda buscam na Lei da Pureza um sinônimo de bom gosto para a
fabricação de seus produtos. No Brasil, além da forte relação com a
legislação brasileira sobre a produção de Cerveja, a Reinheitsgebot
constantemente é associada à qualidade, pois determina quais são os
requisitos para se produzir uma bebida conforme as tradições cervejeiras.
(PEREIRA, 2015, p.7)
A “Reinheitsgebot” tem relação com o Brasil atual. Ela direciona algumas
cervejarias a realizarem produções de cervejas que sejam ‘’puro-malte’’. Existe um
grande número de rótulos dessa categoria nas prateleiras dos supermercado,
porém estes coexistem com as cervejas que utilizam “carboidratos” ou “cereais não
maltados” - derivados de milho, arroz ou açúcar - em suas receitas, cervejas essas
direcionadas ao consumo das classes mais populares. A utilização desses insumos
se dá por conta do Brasil ser um grande produtor de milho, arroz e açúcar, insumos
que são mais baratos do que o malte de cevada, que é um produto que exige
maior processamento por conta do processo de malteação. Como a lei de pureza é
somente sinônimo de qualidade e não uma lei de fato, utiliza-se ingredientes de
qualidade reduzida como os acima descritos acima. Porém não é o foco principal
desse trabalho discutir a estrutura agrária da cadeia cervejeira no Brasil e sim
como se dá produções de cerveja em território nacional em suas diversas escalas
e como essas se relacionam com a legislação. A intervenção estatal sobre a
produção de alimentos, sob o qual a lei é referência, se dá de maneira severa
pelos órgãos reguladores, e o seu aspecto mais perverso é que esses órgãos
privilegiam o setor dominante. A produção de cerveja no Brasil é oligopolística. Os
monopólios têm grande apoio do estado no Brasil sob uma política que os
9
privilegiam. Esse privilégio se dá pela utilização de infraestruturas construídas com
recursos públicos para fins privados, ou seja, se beneficiam do esforço coletivo
sem devido retorno a sociedade e também a associação entre estado e monopólio
tem influência direta sobre as produções de média, pequena, micro e nano
empresas, as inviabilizando por conta do sistema tributário.
 
A generosidade oficial para com os Monopólios e corporações
ocorre em detrimento da população, particularmente das camadas mais
desfavorecidas.
Entre as formas de apoio do Estado ao nascimento e ao
desenvolvimento do circuito moderno, encontramos a proteção concedida
à concentração e aos monopólios, financiamento direto ou indireto das
grandes firmas através da construção de infra-estruturas caras, a
formação profissional, a promoção de indústria de base, os subsídios à
produção e a exportação e todas as formas e acordos com as firmas
dominantes da economia, tais como legislações fiscais discriminatórias,
leis de investimento e planos de desenvolvimento. Tudo isso certamente
reduz a capacidade de investimento dos Estados nacionais nos setores
que interessam diretamente à população (SANTOS, 2008, p. 161).
Neste trabalho será discutido as produções de cerveja no Brasil em três
diferentes níveis: a produção do oligopólio - responsável por 98% da produção
nacional-; das microcervejarias - que são oficialmente chamadas de artesanais1,
que correspondem a cerca dos outros 2% e vêm crescendo em ritmo acelerado por
conta da demanda por cervejas especiais-; e o terceiro nível, que se refere à
produção e comercializaçãode cerveja informal, aqui identificados como cerveja
caseira, sendo este um novo conceito que será discutido neste trabalho. A cerveja
caseira carece de uma legislação própria e possui limites de comercialização.
Estes pequenos produtores muitas vezes não têm investimento inicial para abrir
uma cervejaria legalizada, ou mesmo não possuem capital de giro para
terceirizarem a produção, pois são simples artesãos e não capitalistas, e/ou fazem
a opção política de defender seus meios de produção e não terceirizar sua
produção. Estas produções estão inclusas no circuito inferior da economia urbana
e nesse circuito muitas pessoas cervejeiras permanecem pois são prejudicadas
pela estruturas monopolísticas perpetuadas pelo estado, que fazem com que seja
muito custoso legalizar-se e a tributação faz com que o preço desse produto muitas
vezes tenha baixa concorrência no mercado. 
1 ‘‘o termo artesanal’’ atualmente está associado ao que consideramos como um
processo de gourmetização inventado pela indústria cervejeira, e que em nada se relaciona com
uma fabricação em processo artesanal.
10
As situações de pobreza no Terceiro Mundo são devidas, em
grande parte, à ação conjugada das estruturas monopolísticas e do
Estado. Os monopólios de qualquer natureza repercutem negativamente
no nível de vida das populações. O estado, como vimos, participa do
agravamento do fenômeno através de sua política econômica e fiscal.
O atual modelo de crescimento econômico é responsável por uma
distribuição de rendas cada vez mais injustas (Santos, 2008, p.187 apud
Robirosa et al., 1971, pp. 21-24) e impede a expansão do emprego, assim
o desenvolvimento de um mercado interno para produtos modernos. A
existência do circuito inferior da economia urbana é uma das
consequências principais dessa situação (SANTOS, 2008, p. 187).
 O Oligopólio, a microcervejaria e a cerveja caseira seguem diferentes
padrões de produção, relações de trabalho e relação com a legislação do estado,
aspectos que serão abordados mais a fundo nos capítulos seguintes. A produção e
comercialização de cerveja informal, muitas vezes feita em casa, ainda é pouco
estudada pela academia, fato não estranho, já que o circuito inferior da economia
urbana carece de pesquisas. Este trabalho pretende compreender o que é a
atividade de produção e comercialização de cerveja caseira a partir de um estudo
de caso da região metropolitana de São Paulo. As bases teóricas para a
investigação são a teoria dos dois circuitos da economia urbana de Milton Santos e
a perspectiva da Economia Solidária. Para isso foi realizada uma investigação
sobre o mercado cervejeiro a partir de dados oficiais do Ministério da Agricultura e
Pecuária (MAPA)2, onde constam os dados de cervejarias com registro no órgão, a
evolução do número de cervejarias no Brasil e a incidência desse fenômeno no
espaço. 
Nos dados do MAPA não se distinguem o tamanho das cervejarias e não há
informações sobre cervejarias informais. Para realizar esta distinção, distingui
quais são as principais empresas do setor, entre elas as do oligopólio brasileiro,
que possuem um histórico de fusões e inserção no mercado mundial; as
microcervejarias formais, sobre cujo setor são relatadas as imposições para a
legalização; e o avanço da venda de serviços de produção pelas cervejarias
ciganas. Em relação às cervejarias caseiras, informais, são analisados o tamanho
de suas produções, a geração de renda e se a informalidade é uma escolha ou
uma imposição. Sobre este setor ainda farei um relato de minha própria
2 O Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) é o órgão que realiza o registro de 
cada rótulo de cerveja formalizada no Brasil.
11
experiência na produção e comercialização em uma cooperativa autônoma de
produção e comércio na região metropolitana de São Paulo. 
2. As produções de Cerveja: Oligopólio, Microcervejarias e Cerveja
Caseira
2.1. Distribuição das cervejarias “legais” em território nacional. 
A partir dos dados oficiais produzidos pelo anuário da cerveja no Brasil de
2018, podemos observar que a distribuição das cervejarias com registro no MAPA,
sejam elas microcervejarias ou integrantes do oligopólio, se dá no eixo sul-sudeste,
onde se encontram 80% das cervejarias em território nacional. A tabela 1 nos
mostra o crescimento de cervejarias por estado entre os anos de 2017 e 2018.
Tabela 1 - Distribuição das Cervejarias/Estado.
 Fonte: Marcusso e Müller, 2018, p.4 
No geral do território nacional os estabelecimentos de fabricação de cerveja
cresceram exponencialmente em 2018, chegando a 889 cervejarias, 210 delas
abriram suas portas no ano de 2018:
 
 Gráfico 1. Crescimento das Cervejarias por Ano
12
Fonte: Marcusso e Muller, 2018, p.4.
 
Para o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), as
cervejarias devem registrar todos os seus produtos, ou seja, cada nova receita de
cerveja e rótulo devem ser registrados como novo produto para assim serem
comercializados legalmente. Ainda segundo o anuário, o setor cervejeiro no Brasil
está em expansão e no ano de 2018 foram concedidos 6800 novos registros para
produtos de cerveja e chopp no Brasil. Os estados de MG, SP e RS são os estados
que mais registraram novos produtos.
Gráfico 2. Marcas registradas no MAPA por estado
.
Fonte: Marcusso e Muller, 2018, p.4.
13
O anuário de 2018 não descreve o total de produtos registrados no MAPA
até então, porém, o anuário de 2017 nos fornece este dado: o total de produtos
registrados de cervejas e chopes em 2017 chegava a 8903 produtos. Portanto, se
somarmos os 6800 registros encontrados no ano de 2018 com os registros já
existentes registrados pelo MAPA, o número de produtos registrados chega ao final
de 2018 a 15.703, um crescimento de 76% apenas de um ano para outro.
Algumas informações do anuário de 2018 nos levam a uma grande hipótese
de que esse aumento exponencial do número de cervejas/chopp registradas ocorre
devido à expansão das cervejarias ciganas, que são cervejarias que alugam seus
meios de produção ou mesmo produzem cervejas a partir do gosto de quem
encomenda. Isso fica evidente quando o anuário amplia a escala de análise para
as cidades: a cidade de Capim Branco, localizada próxima a Belo Horizonte, possui
apenas 1 cervejaria e 193 cervejas/chopps registrados.
Tabela 2. Tabela de marcas registradas por cidade.
Fonte: Marcusso e Müller, 2018, p.4. 
As cidades que mais registraram produtos mostram uma configuração
específica do setor cervejeiro. Nas três primeiras posições temos cidades
com tradição na produção de cerveja, leis de incentivo e polos cervejeiros
constituídos, ao passo que Capim Branco nunca é lembrada como centro
cervejeiro. Existe apenas uma cervejaria registrada neste município, porém
é uma fábrica destinada apenas para receber cervejarias ciganas, assim o
número de registro de produto é exponencialmente maior que uma
cervejaria que produz apenas para o seu proprietário, ou algumas ciganas
apenas. (MARCUSSO e MÜLLER, 2018, p.3)
Por fim, estes dados produzidos pelos anuários da cerveja do Brasil não nos
fornecem base alguma do tamanho de tais cervejarias e nem da produção em
14
hectolitros. Para saber tais informações é preciso saber a produção em hectolitros.
Desta forma, os relatórios do MAPA colocam na mesma estatística
microcervejarias e grandes cervejarias que têm capacidades produtivas
imensamente distintas. Para uma investigação mais criteriosa e detalhada são
necessários estudos estatísticos que façam essa distinção. 
O fato desse estudo apontado acima não realizar esta distinção nada tem de
causalidade, já que os monopólios têm a tendência de invisibilizar as produções de
cervejarias não ligadas a eles, fato que se refletena legislação para o pequenos
produtores. Segundo Garbin (2017, p.48) a lei para produção e comercialização de
cerveja no Brasil foi regulamentada pelo Decreto nº 2.314/97, porém sem a
definição sobre cervejas artesanais. Em 2009, o decreto anterior foi substituído
pelo Decreto nº 6.871/09, e nele foram impostos diversos aspectos reguladores à
cerveja, como os tipos de insumos que podem ser utilizados, os tipos de bebidas
que podem ser fabricados e quais métodos podem ser realizados. A
regulamentação de legislação própria para a cerveja artesanal ainda está em
tramitação no congresso pela PL n° 5.191. 
15
Mapa 1. Distribuição das Cervejarias em Território Nacional.
Fonte: Marcusso e Müller, 2018
16
2.2. A produção do oligopólio brasileiro de cerveja
A maior parte da ç produção e distribuição de cerveja em território nacional
é feita pelo oligopólio formado por alguns grandes grupos internacionais que têm
alcances mundiais e empregam capital intensivo neste processo. Esses grandes
grupos detêm a maioria da produção e distribuição de cervejas no Brasil, além de
participarem de outros setores econômicos como o de refrigerantes. Esses
grandes monopólios vem se formando no Brasil desde o final do século XIX, e
atingem hoje uma grande dimensão territorial, onde encontramos seus produtos
em praticamente todos os supermercados e bares do país. Praticam uma
concorrência entre marcas da mesma empresa, que são conhecidas popularmente
por serem muito parecidas. Essas empresas são todas internacionais, e os seus
lucros vão da periferia do capitalismo ao capital financeiro, onde poucos atores são
beneficiados com a riqueza produzida. 
O que nos importa aqui, além de descrevê-los, é demonstrar o impacto que
esses grandes monopólios têm na economia nacional e na industrialização. Santos
(2008, p.92) nos mostra que construir indústrias não é necessariamente
industrializar o país: se essas indústrias não se integram num plano de
desenvolvimento nacional, elas são parte de estratégias imperialistas em benefício
de capitais privados. Apesar de gerarem capitais públicos através do recolhimento
de impostos, por exemplo, estes são reinvestidos e benefício dos monopólios e
utilizados para fins privados, já que as multinacionais utilizam toda uma
infraestrutura do estado para seu funcionamento. Em contrapartida, o monopólio se
utiliza do discurso político da geração de muitos empregos, que diga-se de
passagem hoje são em sua maioria terceirizados, e também do fornecimento de
produtos de qualidade, algo também pode ser questionado. 
Em questão de dimensão, o Brasil é o terceiro maior consumidor de
cervejas e refrigerantes do mundo, estando atrás apenas dos Estados Unidos da
América (EUA) e China: 
17
Gráfico 3. Principais países consumidores de Cerveja e Refrigerante no ano de 2011.
Fonte: Cervieri Junior, 2017, p.71
Gráfico 4. Produção nacional de cerveja em milhões de hectolitros por ano:
Fonte:Marcusso, 2015.
Segundo o relatório, o Brasil é responsável pelo consumo de cerca 300
milhões de hectolitros entre cervejas e refrigerantes, e destes, 43% são cerveja.
Logo, estimativamente 129 milhões de hectolitros de cerveja foram consumidos por
ano no Brasil em 2011. O gráfico abaixo nos mostra que a produção de cerveja
nacional é crescente nos últimos 30 anos. Tomando como base o ano de 2011, a
comparação entre o consumo, no gráfico 3, e a produção, no gráfico 4, nota-se que
18
a maioria da cerveja consumida no brasil é também produzida no país, já que em
relação ao produto geral, pouca cerveja é exportada.
O grau de participação das principais empresas no mercado interno
brasileiro de cerveja em termos de vendas EM 2015 é o seguinte: ‘‘...cervejas
Ambev/Brasil – 67%; Grupo Petrópolis/Brasil – 13%; Heineken/Holanda – 10%;
Brasil Kirin/Japão – 8%; e outras – 2% (Cervieri Junior, 2017, p.72 apud Flanders
Investment & Trade, 2015). Com esses dados conseguimos visualizar que este
oligopólio é formado por poucas empresas. Essas empresas historicamente no
Brasil se fundem, e essas fusões diminuem os produtores, criando estruturas
monopolísticas que exercem na prática um maior controle de preços. Segundo
Santos (2008), os preços constituem uma fonte de poder dos conglomerados e dos
monopólios. O autor cita Smith (2017) que diz que quando o número de produtores
é pequeno, eles podem estabelecer entre si a fixação de preços e este é um dado
fundamental do funcionamento do monopólio. 
Tabela 3. Maiores produtores mundiais de cerveja - cervejarias e países. Produtores - 2015
Fonte: Cervieri Junior, 2017, p.73.
Os dados acima nos mostram que a principal empresa de produção do
mundo é a AB InBev, principal acionista do grupo AmBev, que teve uma produção
mundial de 409,9 hectolitros no ano de 2016. A história da AB InBev se origina no
Brasil, da fusão entre a Brahma e Antarctica que originou a AmBev e, a partir daí,
uma série de fusões ocorreram.
19
A união entre a Companhia Antárctica Paulista e a Companhia Cervejaria
Brahma em julho de 1999, criando a AmBev – American Beverage
Company ou Companhia de Bebidas das Américas –, foi apresentada
como uma fusão entre iguais para aumentar a competitividade, ganhar
escala para crescer e internacionalizar-se. (CAMARGOS e BARBOSA,
2005, p.51).
Após esta fusão a AmBev comprou diversas outras empresas do setor, se
fundiu com outros grupos e se expandiu no território da América Latina, cada vez
comprando empresas maiores do setor de bebidas e concentrando cada vez mais
seu capital3. Segunda Alves e Paixão (2018, p.47) em 2003 a empresa comprou
40,5% das ações do grupo QUINSA, fabricante da argentina Quilmes, e começou a
expandir seu território na América Latina, chegando a 2006 com 91% das ações da
empresa. Em 2004 a AmBev inicia uma relação com o grupo belga InterBrew S. A:
No ano de 2004, a Ambev e uma cervejaria belga denominada InterBrew
S.A/ N.V fizeram uma negociação com empresas que envolveu a fusão de
uma controladora indireta da Labatt, uma das cervejarias líderes do
Canadá, na AmBev. Ainda no mesmo ano, alguns dos controladores da
AmBev saíram da sociedade ao venderem para a Interbrew S.A a Braco
S.A, empresa que detinha 52,8% do capital votante da cervejaria
brasileira. Em troca, os donos do Grupo Braco receberam 24,64% do
capital da Interbrew e o direito de participar das decisões do grupo
europeu com 50% dos votos do conselho de administração. Isso significa
que, a fatia brasileira das ações da cervejaria belga não estava nas mãos
da Ambev, mas sim, de seus ex-controladores. (Alves e Paixão 2018, p.47
apud EXAME, 2004).
Logo após o ocorrido a InterBrew se tornou acionista majoritário do grupo
Ambev, alterando seu nome social para InBev S.A. Em 2005 a Companhia
Brasileira de Bebidas (CBB) fundiu-se a AmBev. Em 2008, a InBev compra a
Anheuser-Busch, dona da marca Budweiser e com a aquisição se torna líder
mundial na indústria cervejeira, passando a se chamar AB InBev S.A, nome atual
da empresa. Desde a fusão entre a Brahma e a Antártica até 2012, o faturamento
do grupo já tinha se multiplicado por seis e o seu faturamento chegou a 33 bilhões
de reais. Em 2015, a AB-InBev comprou o segundo maior grupo de cervejas, a
SABMiller, e juntas hoje produzem um terço de toda a cerveja do mundo. Então a
Companhia de Bebidas das Américas – Ambev S.A., que é somente uma dos
3 Aqui é explicado somente o histórico de fusões e aquisições no setor de cerveja,
mas a empresa possui outras marcas no setor de bebidas, como refrigerantes.
20
grupos AB InBev, encontra-se sediada em São Paulo, e, atualmente está presente
em 19 países das Américas: Canadá, Argentina, Uruguai, Bolívia, Paraguai, Chile,
Peru, Equador e Colômbia, Brasil, El Salvador, Guatemala, Nicarágua,República
Dominicana, São Vicente, Dominica, Antígua, Cuba e Barbados.(Alves & Paixão,
2018, p.48) 
Segundo a CERVEJARIA AMBEV (2019) a empresa possui 32 fábricas de
produção em território nacional e 2 maltarias, 30 marcas de bebidas, 35 mil
“colaboradores” no Brasil, 100 centros de distribuição direta e 6 centros de
excelência no Brasil. O processo de consolidação monopolista impacta tanto os
padrões de produção e consumo, como implica em uma série de fenômenos de
reconfiguração de trabalho que fica evidente no uso da terminologia "colaborador",
quando a própria empresa se refere aos seus trabalhadores. Na literatura sobre as
condições de trabalho e valores da empresa Ambev encontramos uma cultura de
exacerbada dedicação a empresa, onde existe competição entre funcionários, que
são comumente substituídos por outros:
A eficiência na gestão da empresa advém de um quadro funcional
qualificado e da forte influência dos seus três principais executivos,
Lemann, Teles e Sicupira, que implementaram uma cultura de resultados
a curto prazo, um ambiente de trabalho informal, competição entre os
funcionários, dedicação exaustiva à empresa. Para isso, pagam prêmios
maiores que os do mercado, a fim de que seus executivos superem os
resultados esperados, mas são firmes na substituição de funcionários que
não se adaptam ao seu estilo de competição. (CAMARGOS & BARBOSA,
2005, p.53).
As humilhações no ambiente de trabalho altamente hierarquizado
acontecem como no relato abaixo que investiga o modelo de gestão "Gente
ambev" em uma fábrica de Jacareí no interior do estado de São Paulo:
ao contratar e demitir, a Ambev impõe sobre todos os funcionários a
permanente ameaça de desemprego, forçando todos a correrem atrás de
suas pesadas metas. Os que estão na base da pirâmide querem crescer,
pressionando os que estão acima, que pressionam os que estão acima, e
assim por diante. Ao trazer, anualmente, “sangue novo” para dentro da
Companhia, a Ambev acelera a competição e é sabido, que aquele que
não der resultado será demitido, não sem antes passarem por alguma
situação vexatória e humilhante. Na Filial Jacareí, essa permanente
ameaça recai, principalmente, sobre os ombros dos trabalhadores em
cargo de supervisão, de quem é exigido, além do cumprimento das metas,
a reprodução e repercussão do ideário da Cultura Ambev. Os
supervisores, porém, não têm a quem recorrer. Submetidos aos
desmandos da empresa tornam-se algozes dos seus subordinados,
21
muitas vezes assumindo posturas autoritárias e violentas. (BATISTA,
2017, p.9).
Este ambiente de competição e constante ameaça de desemprego com a
constante substituição de mão de obra são reflexos para Singer e Souza (2000) do
efeito da terceira revolução industrial e da globalização somados, que contribuem
para a deterioração do mercado de trabalho para quem precisa vender sua força
de trabalho. 
Foram os trabalhadores industriais que conseguiram o direito de se
sindicalizar, de barganhar coletivamente com os empregados, de fazer
greve sem correr o risco de demissão, de ter representação junto a
direção da empresa. Na medida em que foram exatamente estes os
trabalhadores mais atingidos pelo desemprego tecnológico e pelo
desemprego estrutural, a correlação de força entre compradores e
vendedores de força de trabalho, em cada país, tornou-se muito mais
favorável aos primeiros. (SINGER e SOUZA, 2000, p.23).
Estas pessoas que sofrem humilhações trabalhistas e ameaças constante
da perda do emprego são tratadas pela empresa, segundo Singer e Souza (2000)
como exército funcional de reserva. Elas desempenham o mesmo papel que as
mercadorias que sobram nas prateleiras: Elas evitam que os salários subam. 
2.3. Microcervejarias: A produção de cervejas especiais e cervejarias "ciganas".
O consumo de cervejas “artesanais” aumenta no Brasil. A qualidade do
produto é muito elevada. O lema “beba menos, beba melhor” é espalhado por
alguns apreciadores da bebida. A diversidade de estilos possíveis e novos rótulos
crescem a cada ano como vimos no tópico 2.1. Porém o preço que se paga pela
bebida ainda é elevado em alguns casos, bem como os custos de produção
também são altos e existe uma dificuldade para o ingresso de novos atores. Isso
se dá porque o oligopólio exerce forte influência sobre o sistema tributário e ditam
as condições de entrada no mercado. 
Podem ser consideradas microcervejarias qualquer produção formal ou
informal de cerveja, mas a categoria informal fica para o próximo capítulo. Não há
dados confiáveis sobre a real participação das produções de microcervejarias
formais e independentes no mercado brasileiro, mas como vimos na divisão das
empresas no setor cervejeiro em 2015, 98% da produção é feita pelo oligopólio. O
22
setor das microcervejarias independentes se encontra entre esses 2%. Em 2018,
apesar dos dados sobre o aumento das microcervejarias e rótulos citado acima,
não encontrei informações sobre a participação dessas na produção total em
hectolitros e em porcentagens sobre a produção total, e também não se pode
afirmar que essas cervejas não são parte do oligopólio. Apenas podemos afirmar
que o setor vem crescendo em ritmo acelerado por conta da demanda por cervejas
especiais o que é evidenciado na expansão exponencial das cervejarias e da
variedade de novos produtos que vimos nos gráficos 1 e 2.
O setor das microcervejarias é diverso. Existem cervejarias que são
independentes, ou seja, vendem o que produzem nos próprios meios de produção
e são essas as que mais reclamam das altas taxas e do sistema tributário. Outras
foram compradas recentemente por oligopólios, como é o caso da Baden Baden e
da Eisenbahn compradas pela Heineken. Após a compra, essas empresas
colocaram no mercado produtos de categorias mais comerciais, com presença de
cervejas pilsen - a mais consumida no país - mais baratas, ainda mantendo as
cervejas especiais de outras categorias. 
Em fevereiro de 2017, a Heineken anunciou a aquisição da Brasil Kirin por
R$ 2,2 bilhões. Com isso, além de expandir sua capacidade, a empresa
holandesa aumentou seu portfólio de cervejas premium (com as marcas
Baden Baden e Eisenbahn), segmento que vem apresentando clara
tendência de crescimento no Brasil. A partir de agora, com um mercado
mais consolidado, espera-se algum arrefecimento nas disputas de preço e
promoções, fazendo com que as empresas do setor pratiquem preços
mais estáveis e obtenham margens um pouco maiores. (LIMBERGER e
ÁVILA, 2018, p.57)
Não há uma definição clara do tamanho de uma microcervejaria,
simplesmente é referenciado dentro dessa categoria as produções de cervejarias
menores que as produções das cervejas mais populares. O tamanho das marcas
de cerveja que fazem cervejas especiais é muito variado, então há muitas
controvérsias entre a litragem/mês que uma cervejaria deva produzir para ser
considerada uma microcervejaria. Na tabela abaixo estão dispostas algumas
microcervejarias e a quantidade produzida por elas, observamos, na mesma
categoria, produções de 5 mil litros/mês até de mais de 1milhão de litros/mês:
23
Tabela 4. Produções de algumas microcervejarias no Brasil.
Fonte:(Limberger e Ávila 2018, p.60)
Para entender o porquê de todas essas configurações, Limberger e Ávila,
2018, sugere que devemos entender que a legislação que incide sobre uma
microcervejaria no Brasil impõe uma carga tributária robusta, além de que elas
devem obedecer diversos parâmetros e critérios da Vigilância Sanitária(Anvisa) e
do MAPA, que em outras palavras obriga o processo de fabricação da cerveja
“artesanal” a ser industrial. Se conquistado a autorização para produção pelo
MAPA, ainda a alta cargatributária desestimula a criação de novas cervejarias
24
independentes. Em um estudo de análise econômica para ampliação de
microcervejaria em Canelas - RS, observou-se tal constatação:
A partir da conclusão da análise, pode-se verificar que uma das principais
dificuldades de se obter lucro, especialmente em negócios de cervejarias
e microcervejarias, são os impostos, que no Brasil são bem elevados. Os
principais impostos cobrados sobre a receita bruta da venda de cervejas e
chope são IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), ICMS (Imposto
sobre Comercialização de Mercadorias e Serviços), PIS (Programa de
Integração Social) e COFINS (Contribuição para o Financiamento da
Seguridade Social), porém são os dois primeiros que dificultam a
obtenção de lucro, pois estes representam 40% e 25%, respectivamente,
que é praticamente metade do valor da receita bruta.(GADOTTI, 2015,
p.12).
Existem também microcervejarias chamadas de "ciganas", que realizam
serviços de produção para quem não possui seus próprios equipamentos ou não
tem equipamentos suficientes para legalização no MAPA pois produzindo em uma
cervejaria cigana é possível realizar o registro do produto no órgão. Muitas marcas
pequenas vem optado por terceirizar a produção em uma cervejaria cigana, já que
não conseguem adquirir meios de produção próprios que estejam dentro das
exigências dos órgãos reguladores. Funciona assim: uma pessoa física ou jurídica
contrata o serviço de uma cervejaria cigana, enviando a receita e o rótulo para que
a cervejaria execute a produção, ficando assim o contratante a cargo somente da
distribuição e comercialização do produto ou se o contratante do serviço for
cervejeiro, o mesmo pode participar do processo sob subversão do mestre
cervejeiro da cervejaria cigana. É de imaginar que alguns cervejeiros caseiros com
grande capacidade técnica que querem se formalizar procuram as cervejarias
ciganas como maneira de viabilizar a legalização de sua produção. Porém como
basta contratar o serviço de executar receitas, qualquer empreendedor sem
capacidade técnica entra no ramo apenas para a comercialização e distribuição de
tais produtos, explorando as demandas do mercado de cervejas especiais, o que
desvaloriza o conhecimento do cervejeiro. 
Como mostrado pelo anuário da cerveja no Brasil, de 2017 para 2018 houve
um crescimento de 76% do número de rótulos de cerveja cadastrados no MAPA, e
isso se dá pelo aumento significativo de rótulos produzidos em cervejarias ciganas.
25
A cervejaria LandBier localizada em Presidente Prudente nos elucida o que é uma
cerveja cigana:
Produzir cerveja sem ter uma fábrica é possível. O modelo é o das
chamadas “cervejarias ciganas”, também conhecidas como “colaborativas”
ou “associadas”. Funciona assim: cervejeiros que não podem ou querem
montar sua cervejaria, pegam “emprestados” os tanques de uma outra
cervejaria para produzir e comercializar os rótulos no mercado. Daí nasce
o termo “cigano”, inventado por um cervejeiro dinamarquês. (CERVEJAS
CIGANAS LANDBIER, 2019)
A cervejaria Landbier, segundo CERVEJAS CIGANAS LANDBIER, 2019, a
empresa aluga seus equipamentos para produções a partir 500 litros. Ela analisa
previamente os custos da produção e, se o orçamento é aprovado pelo solicitante,
a empresa compra os ingredientes e realiza a moagem do malte. O processo de
produção fica por conta do mestre cervejeiro, porém a cervejaria permite que o
‘’cigano’’ participe da produção. Como a cervejaria é legalizada é possível a
criação do registro de produto no MAPA e a empresa orienta como realizar o
procedimento legalmente.
Mostrado este panorama das microcervejarias no Brasil e de seus dilemas,
podemos constatar como a presença de uma estrutura oligopolista presente no
país é legitimada pelo estado e influencia e estanca o crescimento do setor de
novas microcervejarias independentes - pequenas e médias empresas - por conta
do sistema tributário e das dificuldades de legalização no setor. Tal constatação
dialoga com o que Santos (2008) diz sobre a influência que os monopólios
exercem sobre as pequenas e médios empresas, as quais segundo o autor têm
maior potencial empregatício.
2.4. A cerveja caseira e microcervejarias informais
O conceito de cerveja caseira não é encontrado nas literaturas acadêmicas.
Comumente, quem produz cerveja em casa chama seu produto de artesanal,
porém o uso do termo artesanal para cervejas que são feitas em escala industrial
confunde o termo, então chamarei de “cerveja caseira” àquela produzida em
pequena escala e de maneira informal, para distinguir da cerveja artesanal feita por
microcervejarias industriais.
26
O processo de fabricação em casa que descrevo é um artesanato feito à
mão: geralmente não utiliza aparatos industriais, ou utiliza equipamentos industriais
de baixa produtividade4. A pessoa que produz cerveja em casa geralmente é dona
de seus próprios meios de produção, utiliza a própria cozinha ou tem um local
próprio de produção na casa. Produzem com familiares e amigos, realizam a
prática para autoconsumo e há aqueles que comercializam parte da produção para
ajudar nos custos da produção e como complemento de renda, e também aqueles
que têm na cerveja sua principal fonte de renda. O comércio da cerveja caseira
pode ser entendido como simples produção de mercadoria: modo de produção da
economia solidária, onde não se separam a posse e uso dos meios de produção e
distribuição.
(na simples produção de mercadoria) o agente é quase sempre uma
família ou um domicílio, cujos membros trabalham em conjunto,
usufruindo coletivamente dos resultados de sua atividade. A agricultura
familiar, o artesanato e o pequeno comércio são exemplos de atividades
integrantes deste modo de produção O capitalismo se originou da
produção simples produção de mercadoria, negando-a ao separar a posse
dos meios de produção e distribuição… A economia solidária surge como
modo de produção e distribuição alternativo ao capitalismo, criado e
recriado periodicamente pelos que se encontram (ou temem ficar)
marginalizados do mercado de trabalho. A economia solidária casa o
princípio da unidade entre posse e uso dos meios de produção e
distribuição. (SINGER e SOUZA, 2000, p.71).
Muitos artesãos encontram na economia solidária um caminho possível para
a comercialização de suas pequenas produções. Estes produzem simples
mercadorias para a sobrevivência e defendem suas produções do tamanho que
são. Outra leitura, de Santos (2008), vê estes produtores como pertencentes ao
circuito inferior da economia urbana, reflexo da pobreza dos países
subdesenvolvidos. Muitos pequenos produtores não possuem condições de
legalização e se perpetuam na informalidade. Isso se dá porque possuem capital
4
Uma descrição simples de como se faz o processo mais básico de produção em casa é,
quando o malte não vem já moído da loja, precisa moê-lo em moedor de cereais, depois cozinhar
com malte e água para extração de açúcares fermentáveis com panelas grandes e um fogareiro ou
fogão de cozinha convencional, depois filtrá-la, fervê-la com o lúpulo para esterilização e
aromatização, resfria-la para o fermentador, com um trocador de calor# para chegar a uma
temperatura mais baixa para que o fermento se reproduza e consiga fermentar a cerveja. Após a
fermentação, vem a maturação e filtragem da cerveja. A cerveja então é engarrafada com um pouco
de açúcar para que obtenha gás naturalmente após uma semana mais ou menos, devendo após
esse período ser conservada na geladeira para melhor conservação do produto, pois o mesmo não
é pasteurizado. 
27
suficiente para investir, além de lhes faltarem capital de giro e a garantia de um
mercado mais elitizado que sustente sua prática, jáque a carga tributária obriga
que as cervejas legalizadas sejam vendidas a um alto preço. 
Para a melhor compreensão de como se dá na prática a reprodução de uma
cervejaria caseira, entre a economia solidária e o circuito inferior da economia
urbana, exemplifico abaixo, baseando-me na pesquisa de Piáto e Révillion (2013)
como é realizada a comercialização deste produto, quem é o público consumidor e
qual a dependência da renda dessas pessoas.
Piáto e Révillion (2013) estudaram 4 microcervejarias informais em diversas
partes do país. A microcervejaria A se originou em 2003, localizada no Vale do
Taquari no Rio Grande do Sul e produz 60/litros mês. A microcervejaria B,
localizada na região litorânea de São Paulo, se originou em 2010 e produz cerca
de 1000 litros/mês. A microcervejaria C se originou em 1999 e está localizada na
região metropolitana de Porto Alegre, produz 80 litros por mês, o local de produção
é em um salão de festas na própria residência. A microcervejaria D, localizada na
região da Chapada dos Veadeiros em Goiás, tem uma produção média de 750
litros/mês, é uma agroindústria de pequeno porte e além do proprietário conta com
a ajuda de seus irmãos no processo. Em relação à renda, as microcervejarias
menores A e C, não contam com a renda da cerveja para a sobrevivência, seus
mercados são compostos pela vizinhança, feiras locais e vendas diretas ao
consumidor final. Já as microcervejarias B e D produzem uma quantidade
considerável de cerveja, contam em parte com a renda da produção da cerveja,
mas realizam também outras atividades para sua sobrevivência. A produção é
vendida em feiras de pequeno e médio porte e também há a venda direta ao
consumidor final.
Segundo Piáto e Révillion (2013, p.13), os entrevistados possuem perfil
empreendedor, pois realizam atividades que envolvem a descoberta, avaliação e
exploração de uma nova oportunidade de mercado, que é atendida como a
introdução de novos bens e serviços, que apresentam singularidade e
originalidade. Porém, quanto à possibilidade de formalização, os entrevistados
afirmam que há grandes riscos para a expansão dos negócios devido aos altos
custos, preponderantemente de ordem fiscal e tarifária, e riscos também em
relação aos efetivos benefícios dessa escolha quando se aumenta a escala de
produção e faturamento. Para os empreendedores das cervejarias A e C a principal
28
dificuldade é a falta de crédito para compra de equipamentos e matéria prima,
enquanto para os da B é obter o registro no MAPA, e para os da D, a falta de
assistência técnica.
Os empreendedores de cervejarias caseiras que produzem pouco, neste
estudo de caso, não tem muitas ambições com a prática apesar de possuir perfil
empreendedor. Os que possuem produções maiores, apesar de um deles possuir
uma pequena agroindústria, enfrentam dificuldades de legalização por conta de
suas produções serem limitadas. Dentro deste quadro novamente percebemos a
ausência de incentivo do estado para a prática, que na dificulta o
empreendedorismo de pequenos produtores pobres. 
O estudo de caso relatado acima dialoga com a minha própria prática como
produtor de cerveja caseira então, a partir daqui realizo um depoimento que se
refere a cooperativa ao qual faço parte. A cooperativa surgiu em março de 2014 a
partir de diversas reflexões no movimento estudantil, onde pensávamos em como
ter autonomia sobre a cerveja que consumimos e também em como obter renda a
partir do trabalho autônomo. Inicialmente éramos três membros, eu e mais um
amigo da geografia, e um estudante de engenharia química. Iniciamos a produção
no intuito do autoconsumo da bebida. Estudamos juntos o processo durante o mês
de março e resolvemos comprar os equipamentos. Contamos com investimento
inicial de R$400, pedimos panelas emprestadas para familiares e compramos
demais equipamentos na R. Paula Souza na região da Luz. O dinheiro não deu
para tudo, mas adaptamos, utilizando noções básicas de física. Um exemplo foi o
uso da teoria dos vasos comunicantes para transferência de líquidos, quando
utilizamos apenas uma mangueira atóxica de plástico alimentício para realizar sifão
de gravidade. Outro exemplo de adaptação técnica, ocorrida em consequência da
escassez de recursos, foi a utilização de um fogão da cozinha convencional para a
produção. 
Iniciamos a produção de 20 litros na cozinha de um apartamento de
dimensões de 2,5mx5m e assim realizamos cerca de 10 produções, fermentadas
em galões de água de 20L e engarrafadas em garrafas recicladas sanitizadas e
rotuladas com rótulos - feitos em software livre - baseados no momento político de
truculência vivenciado na copa do mundo de 2014. Neste período, aprendemos
juntos o processo produtivo, descobrimos receitas, e nos aperfeiçoamos, além de
29
estudarmos juntos o mercado cervejeiro nacional e a origem dos insumos,
provindos em sua maioria do agronegócio. 
Passado este primeiro período de aprendizagem nosso coletivo resolveu
comercializar parte de sua produção em um grupo de consumo responsável
(GCR), onde pudemos ter contato direto com o consumidor final. A escolha de
vender a um GCR foi baseada em aspectos econômicos por conta da venda
ocorrer sem atravessadores, e também em aspectos políticos, pois acreditávamos
que a relação próxima entre produção e consumo levam a conscientização e
desalienação do processo. Como o produto foi bem aceito e a bolsa de auxílio
aluguel da universidade não supria minhas necessidades básicas, comecei a
depender mais da renda da cerveja por uma questão de permanência estudantil,
necessitando assim expandir as vendas. Neste mesmo ano realizamos formações
de como fazer cerveja em casa - a baixo custo - em São Paulo, Rio de Janeiro e
Minas Gerais e a partir dessas formações surgiram novas cooperativas autônomas
que passaram a gerar renda com a cerveja.
Aumentamos a produção para 60L no final de 2014, e realizamos a primeira
venda grande no Encontro Nacional de Agroecologia (ENGA) em São Carlos - SP
decidimos que toda cerveja fosse produzida de forma caseira e vendida a preço
popular. O resultado foi a participação de 10 coletivos de cerveja de diversas
partes do país que forneceram o produto para 400 pessoas durante 5 dias de
festas, o que mostrou a potencialidade da prática e a conectividade de ideias em
torno da cerveja e da agroecologia. 
O coletivo cresceu em 2015, quando passamos a morar em uma república e
novas pessoas se engajaram na produção e passaram a depender da renda da
cerveja para pagar o aluguel e contas da casa. Passou então a ter 5 membros que
dependiam diretamente da renda obtida da produção de 100L mensais. Nos
dividimos nas tarefas de compra de insumos, produção, engarrafamento e venda, e
nos reuníamos uma vez por mês. Nossa estrutura era autogestionária e, apesar de
haver no coletivo uma pessoa com grande apropriação técnica (mestre cervejeira),
era evidente que o grau de apropriação das pessoas era diferente devido a
experiência e tempo de dedicação de cada um. 
Após um ano o coletivo se desmembrou em 2 coletivos distintos. E o
coletivo o qual eu faço parte, continuou a depender da renda das produções e
aumentou para 200L/mês a produção. O retorno financeiro era de mais ou menos 4
30
vezes mais do que os custos totais da produção, e esse retorno ocorria no período
de um mês e meio devido ao tempo de produção da cerveja. O valor da hora
geralmente equivalia a uma hora de professor de escola pública, de um estágio ou
de uma bolsa universitária. 
Diversos colegas de graduação participaram de produções pontuais quando
precisavam de renda. A renda obtida era geralmente utilizada para pagamento de
aluguéis de imóveis próximo a universidade, contas, alimentação e investimento
em meiosde produção que deixassem o processo mais eficiente. 
Em tempos de corte de verbas na universidade a atividade ainda é, e hoje
mais do que nunca, uma das nossas principais fontes de renda. Não há
perspectivas de formalizar o negócio, pois não temos capacidade de pagar a alta
carga tributária, e tão pouco para adquirir a estrutura mínima necessária requerida.
No entanto continuamos vendendo diretamente para amigos e familiares que
conhecem nosso produto e o aprovam.
No trabalho de fazer cerveja caseira para obtenção de renda podemos
observar diversos fatores: a apropriação técnica, a experiência, o tempo de
trabalho em cada processo, a ergonomia e as cargas mentais. Nesta cooperativa
parte-se do princípio que todas as pessoas participam de todos os processos,
buscando assim a desalienação dos processos de trabalho. 
A apropriação técnica do processo depende de um período de
aprendizagem e acontece quando um iniciante acompanha quem já possui mais
experiência. Geralmente a pessoa que está aprendendo participa de todos os
processos do início ao fim e o valor de sua hora é equivalente a de quem ensina.
Uma pessoa pode se dizer apropriada do processo quando consegue focalizar
todas as etapas do processo: decidir a receita, comprar os insumos, produzir,
transferir para a maturação, filtrar, reciclar garrafas, engarrafar e vender. 
O tempo de trabalho varia conforme os meios de produção que se possui.
No início da cooperativa, para produzir 20L o tempo médio de produção era alto,
pois o fogão era o convencional da cozinha, o método de resfriamento era
demorado, e também havia muito tempo de estudo para decidir a receita e planejar
a produção. Após haver a apropriação técnica, foi preciso apropriar-se também da
venda. Era realizada divulgação pela internet e a venda era para amigos e
familiares, a maioria delas no varejo, além do escoamento no grupo de consumo
31
responsável. Na tabela abaixo estipulei as horas que se gastava para se concluir
todo o processo e dividir pela quantidade de litros produzidos. 
Tabela 5. Horas de Produção para processo de 20 litros por pessoa.
Decidir 
Receita/
Planejar 
a 
Produção
Comprar
Insumos
Produzir Reciclar Garrafas Engarrafar Vender Total
5 horas 5 horas 8 horas 4 horas 5 horas 24
horas.
51 
horas
Fonte: elaborado pelo autor a partir da prática.
Como eram produzidos 20 litros, e haviam 3 pessoas no processo isso quer
dizer que para uma pessoa produzir cada litro de cerveja caseira eram gastos 2
horas e 33 minutos por pessoa. Como existiam 3 pessoas no processo, eram
necessários 7 horas e 39 minutos para se produzir cada litro de cerveja.
Conforme adquirimos experiência, aperfeiçoamos os meios de produção e
aumentamos a produção, formamos duplas responsáveis por todos os processos
de suas próprias produções, porém as instâncias deliberativas eram realizadas
com todos os membros. As vendas passaram a acontecer em volumes de atacado
o que diminuiu as horas gastas com vendas, porém ainda diretamente para o
consumidor final. Essas medidas fizeram com que o tempo fosse otimizado e
aumentasse a retirada mensal gerando assim maior viabilidade econômica. A
Tabela abaixo se refere a uma produção de 100L, com nossa capacidade atual.
Tabela 6. Horas de produção para processo de 100 litros por pessoa.
Decidir 
Receita/
Planejar 
a 
Produção
Comprar
Insumos
Produzir Reciclar 
Garrafas
Maturar Engarrafa
r
Vende
r
Tota
l
1hora 2 horas 8horas 4 horas 3 horas 16 horas 30 
horas.
64
hora
s
Fonte: elaborado pelo autor a partir da prática.
32
Hoje cada pessoa utiliza 38 minutos para produzir cada litro de cerveja.
Como o processo é feito por 2 pessoas, são gastos 1 hora e 16 minutos totais para
produzir cada litro. Essa otimização do tempo pode ser explicada pelo aumento da
produção; pelo planejar, decidir receitas e comprar insumos para diversas
produções de uma única vez; por possuir melhores meios de produção e
principalmente por conta da experiência adquirida. 
O processo de produção é todo manual5, com isso enfrenta-se dilemas em
relação a ergonomia, exatamente pela capacidade limitada de investimento e
agilidade na distribuição. Para realizar o processo é necessário carregar sacas de
malte de 25kg, moer manualmente os grãos e colocá-los na panela, transportar
baldes de 10 litros até encher toda a panela de fervura, depois resfriar e transportar
dois fermentadores de 90 litros. Após a produção é necessário levar as cascas de
malte à composteira. Após esse processo é necessário coletar garrafas e lavar
todas as garrafas uma a uma, sanitizá-las e engarrafar. O processo de
engarrafamento é bem repetitivo, pois uma produção de 100 litros resulta em 160
garrafas. Após o engarrafamento é necessário transportar as garrafas para o carro
e entregá-las em engradados de 24 garrafas. Então o processo de produção
manual envolve uma quantidade de esforços físicos aos quais é preciso ter
consciência para pensar a segurança do trabalho. Além do esforço físico, o
trabalho de vender envolve cargas mentais em relação ao contato com o
comprador e divulgação em redes sociais, que são tempos subjetivos relacionados
ao trabalho. Essas condições nos colocam no limite entre a autonomia e a
precarização do trabalho.
Souza (2000) define os empreendimentos informais como aqueles que se
organizam com baixa produção de capital, técnicas pouco complexas e intensivas
de trabalho e com pequeno número de trabalhadores, sendo estes remunerados
ou membros da família. O autor faz uma interessante reflexão sobre os
trabalhadores informais que acessam clientelas mais abastadas que a dos
trabalhadores ‘’ambulantes’’ por exemplo, como é o caso da cerveja caseira:
Há que se ressaltar ainda que os trabalhadores engajados em algumas
atividades informais de prestação de serviços qualificados a clientelas de
média e alta renda, costumam obter maior remuneração do que poderiam
obter na condição de assalariados com carteira assinada. Aliás, o
5 Em nosso processo não utilizamos bombas para transporte de líquido e sim
utilizamos a gravidade ao nosso favor. 
33
emprego em inúmeras firmas do setor formal também se caracteriza pelo
excesso de horas trabalhadas e pelos baixos salários auferidos. A
debilidade não seria, portanto do setor informal em si, mas das condições
econômicas gerais do país (Souza, 2000, p.245-286 apud Cacciamali,
1983). Ademais, existe a possibilidade de esse setor se desenvolver,
elevando a renda gerada, por meio de intervenção governamental. Os
governos poderiam derrubar empecilhos burocráticos, facilitar o acesso
dos microprodutores a recursos técnicos e financeiros (crédito subsidiado)
e assim estaria contribuindo para trazê-lo para a formalidade (SOUZA,
2000, p.245-286).
A fala do autor dialoga com a ideia de que a regularização da atividade de
produção de cerveja em níveis muito pequenos, na consolidação de pequenas
unidades produtivas, traria benefícios aos trabalhadores que possui capacitação
técnica para a produção de cerveja. Esta regularização fortaleceria o comércio
local, gerando maior emprego e renda, além de uma maior proximidade de quem
produz com quem consome, propagando também a cultura cervejeira. Hoje para se
tornar um microempreendedor individual (MEI) do setor cervejeiro, que é a menor
forma jurídica para realizar a atividade, na prática é necessário que se terceirize a
produção em uma cervejaria cigana, devido aos altos custos dos meios de
produção exigidos como seguros pela vigilância sanitária, isso desvaloriza os
conhecimentos técnicos do produtor e inviabiliza a conquistas dos meios de
produção, mantendo a separação entre posse e uso dosmeios de produção,
própria do sistema capitalista. A ausência de legislação própria e simples para a
prática faz com que não se tenha nenhuma segurança sobre a qualidade deste
produto ao consumidor final. 
É imposto pela carência de incentivos - por conta dificuldades de se
conseguir um local próprio somente para a produção - que a condição que nos
resta é trabalhar em uma cozinha residencial, e a produção da cerveja se confunde
com a reprodução de nossas próprias vidas. Na minha experiência com produção
de cerveja houveram diversos momentos em que o espaço e tempo dedicados ao
trabalho com a atividade e à própria reprodução da vida se imbricavam de forma
mais ou menos intensa, o que corresponde com o fato de pertencermos à geração
do General Intellect (Negri, 2016), cuja tendência é que a produção tome formas
cada vez mais biopolíticas: ”quando por político se compreenda uma vida
indistinguível da atividade produtiva, na totalidade do tempo e do espaço de uma
determinada sociedade. Esta condição metamorfoseia e reconfigura a estrutura do
“dia útil”, sobrepondo trabalho e vida’’(Negri, 2016, p.6). Contudo manter a
34
produção em nossa cozinha quer dizer manter a nossa autonomia, já que as outras
opções seriam ou terceirizar a produção, ou vender nossa mão de obra barata no
mercado de trabalho. 
Nos submetemos a altas cargas mentais quanto a comercialização dos
nossos produtos, que é incerta tanto em termos de suficiência financeira, quanto
em tempo gasto em trabalho cognitivo. Uma ideia para uma legislação possível
seria investigar a possibilidade das produções de cerveja muito pequenas serem
incluídas em um processo certificação participativa, dentro de uma Organização de
Controle Social (OCS) a exemplo das certificações de produtos orgânicos, onde os
pequenos produtores formam uma rede cooperativa e certificam outros pequenos
produtores sobre a qualidade de seus produtos e permitem a visita dos
consumidores nas unidades produtivas: 
para efetivar práticas de controle social, as famílias rurais ecologistas e
suas respectivas instituições devem buscar ações coletivas,
principalmente de proximidade e territorialidade, não desmerecendo as
ações solidárias e complementares. Outrossim, para exercer o controle
social na venda direta, o agricultor familiar ecologista deve participar de
uma Organização de Controle Social (OCS), cadastrada em um órgão
fiscalizador, ou seja, no Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA). Por OCS são aceitos grupos, associações,
cooperativas ou consórcios, com ou sem personalidade jurídica, que
congreguem agricultores familiares ecologistas. Contudo, a OCS deve ter
processo próprio de controle, estar ativa e garantir o direito de visita pelos
consumidores, assim como o livre acesso do MAPA. Além disso, a OCS
tem a obrigação de manter atualizadas as listas dos principais produtos e
quantidades estimadas por unidade de produção familiar (ANDERSSON,
2013, p.65).
Essa forma de comercialização e uma melhora nas condições de trabalho
por exemplo é uma forma de aproximar mais o trabalha do setor informal da
cerveja para o lado da autonomia. Porém existem barreiras estruturais que são
condições de existência de países subdesenvolvidos devido a ligação do estado
com os monopólios. A busca por autonomia é um horizonte para o setor, mas sofre
com todas as questões do circuito informal da economia urbana.
3. Considerações Finais
O mercado de cervejas especiais, ou chamadas de microcervejarias é
crescente no Brasil. Do ano de 2017 para 2018 houve um aumento de 76% nos
35
registros de cerveja no MAPA. Cabe para uma investigação mais aprofundada
distinguir qual é a origem dessas marcas, se elas vêm do oligopólio, se elas são
marcas independentes ou se são marcas que realizam produções em cervejarias
chamadas de “ciganas”. 
Apesar da diversificação do setor cervejeiro, os dados nos mostram que o
oligopólio formado pela AB InBev, Heineken e Grupo Petrópolis detêm uma fatia
em torno de 98% do mercado no Brasil e esses grupos compram também
cervejarias menores, como é o caso da Baden Baden e Eisenbahn comprados pela
Heineken. O Brasil é terceiro maior consumidor de cerveja do mundo e ele é
basicamente abastecido pela produção interna. A AB InBev, a principal acionista
do grupo AmBev, detém a maior parte da produção do mercado de cerveja no
Brasil, e ela é resultado de fusões e aquisições, conformando um grande
monopólio mundial no setor de bebidas. Seu crescimento no Brasil é sustentado
por uma forte ideologia de superação de metas e uma constante substituição de
seu quadro funcional, o que nos indica a formação de um grande exército funcional
de reserva. 
Cabe para uma investigação posterior aprofundar quais são as condições de
trabalho e como são os contratos trabalhistas na empresa, porém a precarização
do trabalho na empresa é evidente. As estruturas monopolísticas por si só levam a
uma precariedade do trabalho e diminuição do emprego devido a modernização
tecnológica, onde o próprio estado cria estruturas para a instalação de indústrias
que têm baixa empregabilidade e estanca o crescimento de pequenas e médias
indústrias:
...as estruturas monopolísticas tendem a se afirmar mais, visando a
criar uma estrutura de produção capaz de se alinhar na competição do
mercado internacional, mas as empresas do centro se reservam certos
domínios da produção industrial, nas quais elas freiam o desenvolvimento
local…
... Esse movimento de concentração e a política de crédito imposta pelo
governo, em acordo com o Fundo Monetário Internacional, levam a
destruição de numerosas indústrias pequenas e médias, enquanto o
salário real dos trabalhadores, tanto o salário mínimo, quanto o salário
médio, baixa (Santos, 2008, p.165).
Os mecanismos para o domínio monopolista são a legislação e o sistema
tributário. O MAPA ainda privilegia as empresas oligopolísticas, na medida em que
36
não dispões de um decreto próprio para o setor de cerveja artesanal. O setor, no
entanto, abre muitos precedentes que beneficiam o grande setor como o decreto
do MAPA nº 6.871/09 sobre a regulamentação da cerveja no Brasil que abriu um
grande precedente para a utilização de insumos de qualidade duvidosa na cerveja
em até 45% da receita, o principal deles é o milho transgênico.
A lei de pureza alemã, ainda que tenha sido criada para a dominação do
Império Germânico e imponha uma regra limitada do que deva ser cerveja
(eurocêntrica), ainda serve de referência mundial para a intervenção estatal na
produção de alimentos e por, isso, tem um papel de influência de garantir a
utilização de ingredientes tradicionais na cerveja, o que acarreta em garantir uma
melhor qualidade do produto nas microcervejarias, já que as grandes cervejarias
raramente utilizam produtos locais mostrando a diversidade alimentar brasileira e
utilizam demais ingredientes como milho, arroz e açúcar para baratear os custos.
Contudo, o preço do produto produzido por microcervejarias independentes é muito
elevado ao consumidor final devido aos altos impostos de PIS e COFINS aferido
aos produtos. 6
As microcervejarias são compostas por cervejarias do oligopólio, cervejarias
independentes e cervejarias ciganas, que são aquelas que alugam seus meios de
produção e também prestam serviços de produção. Muitas cervejarias
independentes se incorporam as cervejarias do oligopólio devido às facilidades
logísticas e de distribuição. As que permanecem independentes reclamam das
dificuldades de permanecer no mercado devido às altas cargas tributárias. Muitas
cervejarias estão alugando seus meios de produção, possivelmente tanto para
viabilizar suas cervejarias, quando para viabilizar pequenas produções de quem
não possui os meios de produção necessáriospara legalização. Porém muitas
cervejarias ainda continuam informais.
Neste trabalho houve 4 relatos breves de pessoas que produzem cerveja
caseira e informal e um relato mais aprofundado feito por mim mesmo na
experiência da produção e comercialização, e a partir disso, concluo que existe
grande potencialidade e capacidade técnica de produção neste setor. No estudo de
caso a problematização da ergometria e das cargas mentais decorrentes da
6 Como este trabalho deu um enfoque maior ao cervejeiro caseiro ainda cabe para
uma investigação posterior para estudar como funciona esse sistema tributário para um
microempreendedor legalizado. 
37
incapacidade de investimento e de incentivo são exemplos de como a legislação
do estado privilegia pessoas que já possuem certas capacidades de investir em
detrimento de profissionais competentes, sem capacidade de investir, que estão na
informalidade. Por outro lado, a produção de cerveja caseira, quando permanece
informal, pode se inserir dentro do circuito da economia solidária, onde certos
comércios informais são valorizados pelo seu poder de produção, pela geração de
autonomia, pela conquista dos meios de produção, pela organização de
trabalhadores desempregados e pela autogestão. Com isso a atividade consegue
muitas vezes o apoio de pessoas que fazem opções políticas sobre o consumo e
optam por fortalecer produções locais que mantêm relação próxima com o
território. Então as pessoas que realizam comercialização dentro dos circuitos da
economia solidária encontram consumidores engajados e politizados que valorizam
a organização de pequenos produtores. Estes produtores estão inseridos no
circuito inferior da economia urbana, setor formado de atividades de pequena
dimensão e bem enraizado no território, mantendo relações privilegiadas em sua
região. Esta relação com o território populariza a cultura cervejeira, devido ao
preço da cerveja caseira ser muitas vezes mais acessível que os produtos
provindos das microcervejarias formais, que são mais caros.
Há muitos segmentos da economia solidária que encontram nas legislações
um aparato para suas atividades. Muitos são formalizados como
microempreendedores individuais na produção de comida, por exemplo, porém não
há nenhuma legislação similar para a produção de cerveja7, o que acarreta em
uma precarização do trabalho, devido a carência de direitos trabalhistas,
assistência técnicas e, por não poderem possuir um CNPJ, não conseguem
incentivos para a compra de insumos e de equipamentos. O pequeno produtor que
estabelece esta relação com o território pratica preços mais baixos que o das
microcervejarias legalizadas devido a facilidade de distribuição local, logo, o preço
de seu produto com a alta carga tributária tornaria a venda de seu produto muito
mais caro e com baixa competitividade. Adquirir os meios de produção conforme a
legislação também é muito custoso.
Como o MAPA não regulariza a prática de pequenas produções de cerveja
caseira, isso acarreta em informalidade e precarização para quem trabalha no
7 Existem MEI’s que realizam o comércio de cervejas feitas em cervejarias ciganas, 
porém não há relatos de MEI’s que realizam suas próprias produções em nano cervejarias.
38
setor. Uma alternativa a ser investigada é se a certificação participativa de
Organização de Controle Social (OCS) pode servir como base para uma
certificação participativa cervejeira onde um grupo de produtores da comunidade
certifica a qualidade do produto dos demais produtores e permitem o acesso dos
consumidores às cervejarias. Resta saber como o MAPA reagiria a tal idéia. 
Contudo a explicação para a precariedade do setor cervejeiro está na
própŕia ausência e incentivo do estado e até mesmo a dificuldade que ele impõe
aos pequenos produtores que são prejudicados com os privilégios dados aos
grandes monopólios, quando grande parte do investimento público é destinado
para fins privados de grandes empresas.
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