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Boletim epidemiologico da Febre Amarela

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Monitoramento da febre amarela em Teófilo Otoni-MG entre 
dezembro 2016 a Junho de 2017. 
 
Introdução 
 
A febre amarela é uma doença infecciosa, febril e 
aguda, que tem como agente etiológico um 
arbovírus do gênero Flavavirus, família 
Flaviviridae. Apresenta curto período de duração, 
não sendo contagiosa e possuindo gravidade 
variável. Tem característica endêmica e enzoótica 
em regiões tropicais, causando surtos periódicos 
esporádicos com variações de magnitude. É 
reemergente no Brasil, onde se classifica como uma 
doença de notificação obrigatória imediata. 
A transmissão do vírus acontece por meio da picada 
de mosquitos transmissores infectados, com padrão 
sazonal. Existem dois ciclos de transmissão: 
silvestre e humano. No ciclo silvestre, os primatas 
não humanos (PNH) são os principais hospedeiros e, 
apesar de amplificarem o vírus, não são 
transmissores da doença, se caracterizando ainda 
como sentinelas. Os vetores transmissores são 
mosquitos infectados com hábitos silvestres. 
Enquanto no ciclo urbano o hospedeiro de 
importância epidemiológica é apenas o homem e os 
vetores transmissores são mosquitos urbanos 
infectados. Áreas urbanas com infestação do 
mosquito Aedes aegypti, tem um maior potencial 
de disseminação da doença. 
O período de incubação da febre amarela é variável 
de três a seis dias, com a possibilidade de se 
estender em até 15 dias. Os vetores apresentam um 
tempo de viremia mais longo do que os 
hospedeiros. 
Os sinais clínicos iniciais são inespecíficos, como 
início súbito de febre alta, calafrios, cefaleia 
intensa, dores nas costas e no corpo de um modo 
geral, náuseas, vômitos, fadiga e fraqueza. Em 
casos mais graves, os sinais podem evoluir para 
icterícia e hemorragia, com eventual choque e 
insuficiência de órgãos múltiplos. Deve ser 
considerada uma vigilância contínua dos pacientes. 
Este informe tem como objetivo, apresentar um 
panorama sobre o cenário da febre amarela no 
período de 2016 a junho de 2017, no município de 
Teófilo Otoni, realizando um paralelo com o estado 
de Minas Gerais. 
Situação Epidemiológica da febre amarela em 
Minas Gerais e Teófilo Otoni - 2016/2017 
O intervalo utilizado, representa a última 
atualização completa dos dados referentes a febre 
amarela em Minas Gerais, com abrangência de 
todos os municípios, disponibilizada oficialmente 
pelo governo. No período sazonal de 2016/2017, 
Minas Gerais registrou uma epidemia que teve 
como principal foco os Vales do Rio Doce e Mucuri e 
parte da Zona da Mata e Jequitinhonha. O que 
incluiu o município de Teófilo Otoni, inserido no 
Medicina Veterinária | Saúde Pública Volume: 1 | Jun. 2017 
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Vale do Mucuri, com registro considerável de 
aumento no número de casos durante essa 
epidemia. Ressaltando que o estado não tinha 
registros de casos humanos de febre amarela desde 
2009, enquanto o munícipio, de acordo com o 
DATASUS, não registrava casos humanos da doença 
desde 2007. Essa mesma plataforma indica que 
casos da doença voltaram a ser registrados em 2016 
em Teófilo Otoni. 
Alguns fatores inerentes ao estado podem ter 
contribuído para o aumento significativo no número 
de casos, como a susceptibilidade imunológica da 
população mineira exposta ao vírus; condições 
climáticas favoráveis para multiplicação do vetor, 
devido especialmente aumento das chuvas; possível 
surgimento de uma nova linhagem genética do 
agente etiológico; alta prevalência de vetores e 
hospedeiros primários (primatas não humanos) 
presentes na região. 
De 2016 a junho de 2017, segundo dados 
disponibilizados pela Secretaria de Estado de Saúde 
de Minas Gerais (SES), 446 casos confirmados de 
febre amarela silvestre foram registrados em Minas 
Gerais, com 159 evoluindo para óbito confirmado, 
resultando em uma taxa de letalidade de 36,6%. Foi 
565 o número de casos descartados. No mesmo 
intervalo de tempo, tendo o município de Teófilo 
Otoni como local de infecção, o número de casos 
confirmados foi de 17, com 13 evoluindo para 
óbito, indicando uma taxa de letalidade de 76,4%. 
Foi 20 o número de casos descartados. 
Dados disponibilizados no mês de fevereiro de 2017 
pela SES, mostravam que até então Minas Gerais 
tinha 132 casos confirmados de febre amarela, com 
132 evoluindo para óbito. Era 29 o número de casos 
descartados. Também até fevereiro de 2017, 
Teófilo Otoni tinha 6 casos confirmados da doença, 
com 5 evoluindo para óbito. Apenas 1 caso havia 
sido descartado. Para a diferença dos dados de 
fevereiro para junho, devem ser considerados os 
casos que estavam em investigação, bem como o 
aumento propriamente dito da incidência da febre 
amarela, devido a epidemia relacionada ao 
aumento da circulação do vírus na região e a não 
abrangente cobertura vacinal da população. 
 
Figura 1. Distribuição comparativa dos casos de febre amarela e número de óbitos no município de Teófilo Otoni e no 
estado de Minas Gerais, de 2016 a junho de 2017. 
 
6 1
7
1
3
2
4
4
6
1
2
0 2
9
5
6
5
5 1
3
1
3
2 1
5
9
T E Ó F I L O O T O N I - F E V T E Ó F I L O O T O N I - J U N M I N A S G E R A I S - F E V M I N A S G E R A I S - J U N
Casos confirmados Casos descartados Óbitos
3 
 
Com os dados do monitoramento até junho de 
2017, Teófilo Otoni representou 3,8% dos casos 
confirmados no estado, bem como 8,17% dos óbitos 
confirmados. Além disso, o município teve 
epizootia em primatas não humanos confirmada 
para febre amarela por critério laboratorial ou 
vínculo epidemiológico. Por se tratar de um evento 
sentinela, implica na possibilidade de ocorrência da 
circulação do vírus na região, auxiliando na 
manutenção da vigilância. 
 
Figura 2. Estimativa dos casos confirmados e óbitos por febre amarela no município de Teófilo Otoni, diante dos dados do 
estado de Minas Gerais, em junho de 2017. 
 
O aumento de novos casos da febre amarela no 
referido período da doença implica grandes 
impactos para a saúde pública. É fundamental que 
 
as possíveis causas de reemergência de febre 
amarela sejam sempre analisadas com o objetivo 
de evitar aumento da incidência e de óbitos por 
esse motivo. 
 
Recomendações para diminuir a 
incidência e prevalência da febre 
amarela 
 
 Efetuar campanhas de vacinação contra febre 
amarela em áreas endêmicas, intensificando a 
vacinação, principalmente dos grupos mais 
susceptíveis; imunizando ainda pessoas que 
pretendem viajar para essas áreas. Todas as 
recomendações, protocolos e cuidados 
atribuídos pelo Ministério da Saúde devem ser 
considerados. 
 Avaliar a abrangência da cobertura vacinal, 
principalmente nas regiões consideradas Área 
Com Recomendação de Vacinação (ARV), 
buscando imunizar coletivamente uma elevada 
densidade populacional. 
 Fortalecer a capacidade dos sistemas de 
vigilância epidemiológica da febre amarela, 
intensificando a vigilância humana e animal em 
áreas onde a circulação do vírus é comprovada. 
 Implementar o manejo sanitário e a educação 
continuada para os profissionais de saúde, 
96,20%
91,80%
3,80%
8,20%
C A S O S C O N F I R M A D O S Ó B I T O S
Minas Gerais Teófilo Otoni
4 
 
agentes de comunitários e população da zona 
urbana e rural. 
 Melhorar o fluxo de informações e amostras 
entre as Unidades Federadas e os municípios, 
informando ao Ministério da Saúde de forma 
imediata sobre os casos notificados, 
confirmados, descartados e em investigação, 
através do envio do Boletim de Notificação 
Semanal (BNS). 
 Levar em consideração o perfil epidemiológico 
para o estabelecimento de ações de prevenção e 
controle da população geral, com prioridade 
para grupos mais vulneráveis. 
 Estabelecer aos estados e municípios a 
apresentação de planos de ações para o 
enfrentamento da doença. Monitorar as características epidemiológicas que 
se relacionem com a transmissão em Minas 
Gerais e seus municípios, reforçando as equipes 
de que trabalham em campo para garantir uma 
investigação oportuna e adequada dos casos 
notificados. 
 Manter a prevenção e conservação de primatas 
não humanos em áreas silvestres e rurais. Esses 
animais atuam como sentinelas da febre 
amarela, sendo de extrema importância para 
identificar possíveis novos focos da doença nas 
regiões não endêmicas. 
 Fortalecer o sistema de vigilância de epizootias 
e entomológico, para uma maior eficácia na 
detecção precoce da circulação do vírus. 
 Notificar e investigar adequadamente casos 
humanos suspeitos de febre amarela, bem como 
as epizootias em primatas não humanos 
detectadas, seguindo todos os protocolos 
cabíveis. 
 Disponibilizar dados sobre a ocorrência da febre 
amarela de forma recorrente, mantendo as 
informações atualizadas através do fluxo 
eficiente entre Secretarias Municipais de Saúde, 
órgãos regionais, Secretarias Estaduais de Saúde 
e Ministério da Saúde, para o acesso da 
população. 
 
 
 
 
 
Referências 
BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde de A a Z. 
Vacinação Febre Amarela. 
Brasília-DF, [s.d.].Disponível em: 
https://www.saude.gov.br/hospitais-federais/920-
saude-de-a-a-z/febre-amarela/10771-vacinacao-
febre-amarela. Acesso em: 20 de junho de 2020. 
BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde de A a Z. Febre 
amarela: sintomas, tratamento, diagnóstico e 
prevenção. 
Brasília-DF, [s.d.].Disponível em: 
http://saude.gov.br/saude-de-a-z/febre-amarela-
sintomas-transmissao-e-prevencao. Acesso em: 20 
de junho de 2020. 
BRASIL, Ministério da Saúde, 2016. Sistema de 
Informações critério conformátiro – SIA/SUS. 
www.datasus.gov.br 
CABRAL, M. C. Reemergência de febre amarela 
no Estado de Minas Gerais e fatores associados. 
Revista Científica Fagoc Saúde - Volume II – 2017. 
Governo do Estado de Minas Gerais. Secretaria de 
Saúde do Estado de Minas Gerais. Atualização: 
Situação epidemiológica da febre amarela 
silvestre em Minas Gerais, 2017- 26/06/2017. 
Disponível em: 
https://www.saude.mg.gov.br/images/icones/Atua
lizao%20FA%20-%2029%20de%20JUNHO%202017.pdf. 
Acesso em: 20 de junho de 2020. 
Governo do Estado de Minas Gerais. Secretaria de 
Saúde do Estado de Minas Gerais. Atualização 
sobre a investigação de casos suspeitos de febre 
amarela silvestre, Minas Gerais, 2017- 
01/02/2017. Disponível em: 
https://www.saude.mg.gov.br/images/Atualiza%C3
%A7%C3%A3o_FA_-_01FEV2017.pdf. Acesso em: 20 
de junho de 2020. 
SARAIVA, M. Macacos são sentinelas no 
enfrentamento da febre amarela. Fundação 
Oswaldo Cruz. Disponível em: 
https://portal.fiocruz.br/noticia/macacos-sao-
sentinelas-no-enfrentamento-da-febre-amarela. 
Acesso em: 19 de junho de 2020. 
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Nomes: Bárbara Oliveira Gazzinelli; Ianne Rodrigues Cordeiro; Juliana Nunes Ramos Vaz; Pâmela 
Alves Mariano; Roberta Ferreira Cordeiro Galvão e Thalita Pereira Teles.

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