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PDF CERS - OAB - Direito Empresarial - Capítulo 04

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OAB 1ª Fase
DIREITO EMPRESARIAL
CERS
EXAME DE ORDEM
CAPÍTULO 4
 
1 
Assim, os assuntos de Direito Empresarial estão distribuídos da seguinte forma: 
CAPÍTULOS 
Capítulo 1- – Teoria Geral Do Direito Empresarial  
Capítulo 2 – Regime Jurídico da Atividade Empresarial    
Capítulo 3 – Direito Societário   
Capítulo 4 (Você está aqui) – Crise da Atividade Empresarial       
Capítulo 5 – Títulos de Crédito    
Capítulo 6 – Contratos Empresariais   
Capítulo 7 – Propriedade Industrial  
 
 
2 
SOBRE ESTE CAPÍTULO 
 
O presente capítulo vai tratar sobre a crise na empresa, que é resolvida pela lei por meio 
da recuperação (judicial ou extrajudicial) e da decretação de falência. 
A crise na empresa é assunto de grande relevância para o direito Empresarial cobrado no 
Exame de Ordem. Desta forma, o tema deve ser estudado com muita atenção! 
O tema é relativamente extenso, mas seu estudo não deve, de forma alguma, ser 
negligenciado. Afinal, o domínio do presente assunto pode ser o grande diferencial em sua 
prova! Portanto, vamos juntos ao estudo!! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
DIREITO EMPRESARIAL ........................................................................................................................... 4 
 
3 
Capítulo 6 .................................................................................................................................................. 4 
6. Da crise na empresa: recuperação e falência ............................................................................. 4 
6.1 Introdução ................................................................................................................................................................ 4 
6.2 Das principais alterações promovidas pela Lei 14.112 de 2020.................................................... 10 
6.3 Disposições Comuns ......................................................................................................................................... 15 
6.4 Juízo competente ............................................................................................................................................... 27 
6.5 Recuperação Judicial......................................................................................................................................... 28 
6.6 Recuperação Judicial Especial ....................................................................................................................... 44 
6.7 Recuperação Extrajudicial ............................................................................................................................... 47 
6.8 Falência ................................................................................................................................................................... 51 
6.9 Da intervenção e da liquidação extrajudicial de instituições financeiras .................................. 88 
QUADRO SINÓTICO .............................................................................................................................. 93 
QUESTÕES COMENTADAS ................................................................................................................... 98 
GABARITO ............................................................................................................................................ 111 
QUESTÃO DESAFIO ............................................................................................................................. 112 
GABARITO QUESTÃO DESAFIO ........................................................................................................ 113 
LEGISLAÇÃO COMPILADA ................................................................................................................. 115 
JURISPRUDÊNCIA ................................................................................................................................ 121 
MAPA MENTAL ................................................................................................................................... 123 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................................... 124 
 
 
 
4 
DIREITO EMPRESARIAL 
Capítulo 6 
Neste capítulo, estudaremos a teoria geral do direito falimentar, que consubstancia a an
álise da disciplina das saídas da crise econômico-financeira dos empresários, quais sejam a 
recuperação judicial/extrajudicial e o processo de falência. 
6. Da crise na empresa: recuperação e falência 
6.1 Introdução 
Quanto à questão da origem etimológica, falir vem da palavra latina fallere que significa 
enganar, faltar com a palavra. 
Falência é um processo de execução coletiva, no qual todo o patrimônio de um empresá
rio declarado falido (pessoa f í sica ou jur ídica) é arrecadado, visando o pagamento da 
universalidade de credores. É um processo judicial complexo que compreende a arrecadação 
dos bens, sua administração e conservação, bem como a verificação e o acertamento dos cré
ditos, para posterior liquidação dos bens e rateio entre os credores. Compreende também a 
punição de atos criminosos praticados pelo devedor falido. 
Desta sorte, o direito falimentar é um sub-ramo específico do Direito Empresarial, 
aplicando-se, assim, somente aos empresários, sejam pessoas físicas ou pessoas jurídicas. Trata-
se, pois, de regime jurídico o qual disciplina a crise econômico-financeira dos empresários1. 
Para os devedores insolventes, portanto, estabelece o arcabouço normativo de uma 
execução especial, na qual todos os credores deverão ser reunidos em um único processo, para 
 
1 CRUZ, André Santa. Direito Empresarial. Coleção Sinopses para Concursos. Salvador: Juspodivm, 2020. P.263. 
 
5 
a execução conjunta do devedor. Em vez de se submeter a uma execução individual, pois, o 
devedor insolvente deverá se submeter a uma execução concursal, em obediência ao princípio 
da par condicio creditorum, segundo o qual deve ser conferido tratamento isonômico aos 
credores. 
Imaginemos que um credor entra com ação de falência contra o devedor. Se o juiz 
decretar a falência, todos os bens do falido serão arrecadados. Depois de arrecadados os bens 
serão vendidos. Com essa venda se consegue dinheiro. Mas esse dinheiro será utilizado para 
pagamento de todos credores, e não somente aquele que ajuizou a ação. O juiz, ao declarar a 
falência, declara o estado de insolvência do devedor. 
Para que se efetue o pagamento dos credores, é preciso observar uma ordem de 
classificação e aquele que ajuizou a ação pode estar no final da fila e não conseguir receber 
nada. O pagamento é de todos os credores, não só daquele que ajuizou a ação, por isso que a 
falência é chamada de execução coletiva. 
A partir do momento em que o devedor não possui mais meios de superar a crise de sua 
atividade e suas dívidas se tornam incontornáveis, instaura-se um processo de execução coletiva, 
visando garantir os credores com o patrimônio do devedor. Se o devedor exerce atividade não 
empresarial, este procedimento é a insolvência civil; se empresário, teremos a falência. 
 
Cuidado! As insolvência civil permanece regulada pelo derrogado Código de Processo 
Civil de 1973, por força de seu artigo 1.052, que conferiu ultratividade ao regime jurídico da 
insolvência civil por ele disciplinado. Segundo tal preceito, “até a edição de lei específica, as 
execuções contra devedor insolvente, em curso ou que venham a ser propostas, permanecem 
reguladas pelo Livro II, Título IV, da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973.” 
 
6 
 
Note-se que, a falência não decorre da insolvência econômica (ativo insuficiente para 
solver o passivo), mas da insolvência jurídica, que se caracteriza nas hipóteses do art. 94, I, II e 
III, da Lei 11.101/2005.Como dito, o princípio do par condicio creditorum preconiza que os credores do devedor 
que não possuem condições de saldar integralmente todas as suas obrigações devem receber 
do direito um tratamento parificado, dando-se aos que integram uma mesma categoria iguais 
chances de efetivação de seus créditos. Por isto se instaura uma execução coletiva. 
Não há como deixar de reconhecer, pois, o caráter híbrido ou complexo da falência, 
diante da confluência de normas processuais e materiais no arcabouço jurídico-falimentar. Em 
razão disso, a Lei 11.101/2005 é considerada como um microssistema jurídico. 
Em relação à vigência intertemporal da Lei nº 11.101/05, já decidiu o STJ a possível 
ocorrência de três situações diferentes (REsp 1.105.176/MG): 
• Em falência ajuizada e decretada antes da vigência da nova lei, aplica-se o antigo 
Decreto-Lei 7.661/45, em decorrência da interpretação pura e simples do art. 192, caput; 
• Em fal ê ncia ajuizada e decretada ap ó s a vig ê ncia da nova lei, esta ser á 
integralmente aplicada em virtude do entendimento a contrário sensu do art. 192, caput; 
• Em falência ajuizada antes da lei nova, mas decretada após a sua vigência, aplica-
se o Decreto-Lei 7.661/45 até a sentença e a Lei 11.101/05 a partir desse momento (sentença), 
em consequência da exegese do art. 192, §4º. 
 
 
 
7 
A lei nº 11.101/05 (Lei de Recuperação Judicial e Falência – LFREF) trata da recuperação 
judicial (substituta da concordata preventiva, embora os processos de concordata já iniciados 
continuem regidos pela legislação anterior), da recuperação extrajudicial (inovação da nova lei, 
já que na legislação anterior a chamada “concordata branca” era considerado ato falimentar) e 
da falência. É importantíssimo pontuar aqui, ainda, as recentes alterações promovidas na Lei 
11.101/2005 pela Lei 14.112 de 2020, tema que será mais aprofundado em tópico seguinte. 
A LFREF está fundada na teoria da empresa, se aplicando apenas a quem exerça atividade 
empresária (empresário individual, sociedade empresarial e EIRELI). A sociedade simples, por 
exemplo, não pode recorrer à recuperação judicial ou ser declarada falida. 
A Lei nº 11.101/05 não se aplica a empresa pública e a sociedade de economia mista 
(inaplicabilidade absoluta). Também não se aplica à instituição financeira pública ou privada, 
cooperativa de crédito, consórcio, entidade de previdência complementar, sociedade operadora 
de plano de assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de capitalização e outras 
entidades legalmente equiparadas às anteriores (inaplicabilidade relativa, podendo acontecer se 
houve previsão na legislação específica, como prevê a Lei 6.024/74 para os bancos). 
 
Segundo a letra “b” do art. 21 da Lei 6.024/74, à vista do relatório ou da proposta previstos 
no artigo 11, apresentados pelo liquidante, o Banco Central do Brasil poderá autorizá-lo a 
requerer a falência da entidade, quando o seu ativo não for suficiente para cobrir pelo menos 
a metade do valor dos créditos quirografários, ou quando houver fundados indícios de crimes 
falimentares. Tal procedimento aplica-se, tão somente, à instituições financeiras, definidas pela 
Lei 4.595/64 como: 
 
8 
Art. 17. Consideram-se instituições financeiras as pessoas jurídicas, públicas ou privadas, 
que tenham como atividade principal ou acessória a coleta, intermediação ou aplicação 
de recursos financeiros próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a 
custódia de valor de propriedade de terceiros. 
 
 
 
As cooperativas de crédito, por sua vez, são consideradas instituições financeiras, por 
força da Lei Complementar n. 130/2009. Da í existirem diversas decisões no sentido da 
possibilidade de decretação da falência dessas instituições. No entanto, há posições doutriná
rias em contrário, que se respaldam na existência de um regime próprio de intervenção e 
liquidação extrajudicial para as cooperativas, Por esta razão, em que pesem alguns recentes 
entendimentos em sentido contrário, doutrinadores de renome sustentam que as cooperativas 
não podem se submeter à execução concursal do empresário, pois prestam atividade econômica 
não-empresarial, além de possuírem legislação própria para tratar da liquidação. 
Nesse sentido, Humberto Theodoro Júnior esclarece que: 
Há certas sociedades cuja natureza civil é inconteste e até mesmo reconhecida por 
disposição expressa de lei, mas cujo regime de liquidação, por vontade também do 
legislador, é especial, fugindo tanto do concurso falimentar como do concurso civil. Assim, 
as cooperativas, definidas pela Lei 5.764, de 16/12/71 como sociedades civis, podem ser 
liquidadas extrajudicialmente, mediante intervenção de ó rgão executivo federal, nos 
termos do artigo 75 daquele diploma legal 
O Superior Tribunal de Justiça já expediu decisões na mesma linha da opinião do autor: 
(…) As sociedades cooperativas não se sujeitam à falência, dada a sua natureza civil e 
atividade não empresária, devendo prevalecer a forma de liquidação extrajudicial prevista 
na Lei 5.764/71, (…). 2. A Lei de Falências vigente à época – Decretolei nº 7.661/45 – em 
seu artigo 1º, considerava como sujeito passivo da falência o comerciante, assim como a 
atual Lei 11.101/05, que a revogou, atribui essa condição ao empresário e à sociedade 
 
9 
empresária, no que foi secundada pelo Código Civil de 2002 no seu artigo 982, § único 
c/c artigo 1.093, corroborando a natureza civil das referidas sociedades, e, a fortiori, 
configurando a inaplicabilidade dos preceitos da Lei de Quebras às cooperativas. (…) (AgRg 
no REsp 999.134/PR, Rel. Min. LUIZ FUX, 1.ª Turma, j. 18.08.2009, DJe 21.09.2009) 
 
TRIBUTÁRIO – EXECUÇÃO FISCAL CONTRA COOPERATIVA EM LIQUIDAÇÃO JUDICIAL – 
INAPLICABILIDADE DA LEI DE FALÊNCIAS – REMESSA DO PRODUTO DA ARREMATAÇÃO 
AO JUÍZO DA LIQUIDAÇÃO – INEXISTÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. 1. As sociedades 
cooperativas não estão sujeitas à falência, uma vez que não possuem natureza empresarial, 
devendo, portanto, prevalecer a forma de liquidação prevista na Lei 5.764/71. (…) 3. Agravo 
regimental não provido. (AgRg no AgRg nos EDcl no REsp 1129512/SP, Rel. Ministra 
ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 03/12/2013, DJe 10/12/2013) 
 
TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. 
COOPERATIVA EM LIQUIDAÇÃO. CARÁTER NÃO EMPRESARIAL. LEI DE FALÊNCIAS. 
INAPLICABILIDADE. APLICAÇÃO DA LEI 5.764/71. ENTENDIMENTO PACÍFICO DO STJ. 1. A 
jurisprud ê ncia desta Corte Superior tem entendimento pac í fico no sentido da 
inaplicabilidade da legislação falimentar às cooperativas em liquidação, pois estas não 
possuem características empresariais, sendo a elas aplicáveis as disposições previstas na 
Lei 5.764/71. Precedentes: AgRg no Ag 1.385.428/MG, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, 
Primeira Turma, DJe 13/09/2011; AgRg no REsp 999.134/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira 
Turma, DJe 21/09/2009; REsp 1.202.225/SP, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, 
Segunda Turma, DJe 06/10/2010. 2. (…) (AgRg no REsp 1109103/SP, Rel. Ministro SÉRGIO 
KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 25/11/2014, DJe 02/12/2014) 
 
TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL CONTRA COOPERATIVA EM LIQUIDAÇÃO JUDICIAL. 
INAPLICABILIDADE DA LEI DE FALÊNCIAS. MANUTENÇÃO DA MULTA E DOS JUROS 
MORATÓRIOS. 1. O aresto recorrido adotou tese em conformidade com a jurisprudência 
deste Tribunal, no sentido de que as cooperativas não estão sujeitas à falência por possu
írem natureza civil e praticarem atividades não-empresárias, devendo prevalecer a forma 
de liquidação prevista na Lei 5.764/71. (… ) (REsp 1202225/SP, Rel. Ministro MAURO 
CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 14/09/2010, DJe 06/10/2010) 
 
Uma sociedade limitada não registrada (Sociedade em Comum), também não poderá 
requerer a falência dos seus devedores ou mesmo requerer o benefício da recuperação judicial, 
embora possa figurar no polo passivo de uma ação falimentar,visto que, como ensina o 
brocardo jurídico: “a aquisição de direitos depende da observância da norma, mas a imposição 
de deveres existirá sempre”. Ora, não seria razoável que, pelo fato de não haver cumprido a 
obrigação do registro, a sociedade em comum ficasse protegida contra pedidos de decretação 
 
10 
de falência. De tal modo, as sociedades irregulares poderão sim figurar no polo passivo de 
pedidos de falência. 
 
6.2 Das principais alterações promovidas pela Lei 14.112 de 
2020 
Há um certo tempo já tramitava projeto de lei voltado à alteração da Lei de Falências e 
de recuperação judicial e extrajudicial. Todavia, apenas em 2020, diante da confluência de 
diversos fatores, em especial a crise econômica gerada pela COVID-19, que o projeto foi 
finalmente aprovado, tornando-se a Lei 14.112/20. 
A lei em apreço trouxe alterações muito relevantes ao microssistema de crise da empresa, 
especialmente pelos seguintes aspectos: a possibilidade de consolidação processual e 
substancial em casos que envolvem grupos empresariais, de reconhecimento do abuso do 
direito de voto pelo credor, de prorrogação do stay period e de encerramento da recuperação 
judicial antes de findado o período de carência previsto no plano de recuperação judicial (PRJ) 
e independente da consolidação do quadro geral de credores. 
No âmbito da falência, a atualização — que não significa novidade — mais relevante 
consiste no ressurgimento da "falência sumária", a qual objetiva abreviar o processo falimentar 
na hipótese de falência frustrada, ou seja, quando os bens arrecadados, se houverem, forem 
insuficientes para as despesas do processo. A Lei 14.112/2020 também estabelece na LFRE 
normas antes previstas em legislação esparsa, como a proibição da distribuição de lucros e 
dividendos, que até então era aplicada com fundamento subsidiário na Lei das S.A., a 
necessidade de respeito à convenção de arbitragem e o próprio regramento atinente às 
obrigações tributárias. 
Interessante ressaltar também que a lei atualizada se coaduna com a tendência de adoção 
de sistemas eletrônicos pelo Poder Judiciário ao prever a utilização de meios digitais para 
publicação de editais, para intimação dos interessados e para realização de atos "extra-
 
11 
autos" como a assembleia de credores e o leilão, por exemplo. Contudo, a doutrina critica o 
fato de que a Lei 14.112/2020 perdeu a oportunidade de dispor sobre norma mais específica 
no tocante a aplicação da Lei do Processo Eletrônico (Lei 11.419/2006) sobre as intimações e os 
prazos previstos na LFRE2. 
É, ainda, fundamental percebermos que a nova lei trouxe a preocupação com a resolução 
prévia e extrajudicial de controvérsias relativas à crise na empresa. 
De maneira geral, então, podemos traçar o seguinte panorama sobre a Lei 14.112/2020. 
A lei acrescentou importantes artigos à sistemática da empresa em crise, além de importantes 
novas seções e capítulos na Lei 11.101/2005. Destacam-se, dessa maneira, a seção IV-A (``Do 
financiamento do devedor e do grupo devedor durante a recuperação judicial``), a seção IV-B 
(``Da consolidação processual e da consolidação substancial``) e o capítulo VI-A (``Da insolvência 
transnacional``). 
Feita a presente introdução, faz-se imperioso que analisemos as principais novidades 
inseridas na Lei 11.101/05 a seguir: 
6.2.1 Das conciliações e das mediações antecedentes ou incidentais aos processos de 
recuperação judicial: 
Esta seção é composta pelos artigos 20-A, 20-B e 20-C da Lei 11.101/2005, tendo por 
grande ênfase a ideia da conciliação. 
Art. 20-A. A conciliação e a mediação deverão ser incentivadas em qualquer grau de 
jurisdição, inclusive no âmbito de recursos em segundo grau de jurisdição e nos Tribunais 
Superiores, e não implicarão a suspensão dos prazos previstos nesta Lei, salvo se houver 
consenso entre as partes em sentido contrário ou determinação judicial. 
Art. 20-B. Serão admitidas conciliações e mediações antecedentes ou incidentais aos 
processos de recuperação judicial, notadamente: 
 
2 LAUER, Marcela. A ``atualização`` da Lei 11.102/2005 pela Lei 14.112/2020. Disponível em: 
https://www.conjur.com.br/2021-fev-15/direito-civil-atual-atualizacao-lei-111012005-lei-141122020. Acesso em: 
13/03/2021. 
https://www.conjur.com.br/2021-fev-15/direito-civil-atual-atualizacao-lei-111012005-lei-141122020
 
12 
I - nas fases pré-processual e processual de disputas entre os sócios e acionistas de 
sociedade em dificuldade ou em recuperação judicial, bem como nos litígios que 
envolverem credores não sujeitos à recuperação judicial, nos termos dos §§ 3º e 4º do 
art. 49 desta Lei, ou credores extraconcursais; 
II - em conflitos que envolverem concessionárias ou permissionárias de serviços públicos 
em recuperação judicial e órgãos reguladores ou entes públicos municipais, distritais, 
estaduais ou federais 
III - na hipótese de haver créditos extraconcursais contra empresas em recuperação 
judicial durante período de vigência de estado de calamidade pública, a fim de permitir 
a continuidade da prestação de serviços essenciais; 
IV - na hipótese de negociação de dívidas e respectivas formas de pagamento entre a 
empresa em dificuldade e seus credores, em caráter antecedente ao ajuizamento de 
pedido de recuperação judicial. 
6.2.2 Do financiamento do devedor e do grupo de devedores durante a recuperação 
judicial: 
A presente seção abrange desde o art.69-A até o 69-F da Lei 11.101/2005. Neste sentido, 
abrindo a seção, o artigo 69-A dispõe: ``Durante a recuperação judicial, nos termos dos arts. 66 
e 67 desta Lei, o juiz poderá, depois de ouvido o Comitê de Credores, autorizar a celebração de 
contratos de financiamento com o devedor, garantidos pela oneração ou pela alienação 
fiduciária de bens e direitos, seus ou de terceiros, pertencentes ao ativo não circulante, para 
financiar as suas atividades e as despesas de reestruturação ou de preservação do valor de 
ativos``. 
Percebe-se, aqui, o claro propósito de proporcionar ao devedor novos meios de 
superação da crise econômico-financeira na qual se encontra, o que veio em excelente 
momento, considerando-se a crise causada pela pandemia da COVID-19. 
6.2.3 Da consolidação processual e da consolidação substancial: 
A seção em destaque vai desde o art.69-G até o 69-L da Lei 11.101/2005. Ela veio, 
justamente, para corrigir uma lacuna da Lei 11.101/2005, que, até então, a jurisprudência tentava 
suprir. Afinal, é cada vez mais comum a organização de empresas em grupos empresariais, 
 
13 
especialmente em sociedades de grande porte, as quais podem estar interligadas por diversos 
fatores, seja por complementação de atividades, identidade de sócios ou sob o comando de 
uma empresa controladora. 
Neste sentido, para resolver o problema, a Lei 14.112/2020 indicou claramente a 
possibilidade de requerimento de pedidos de recuperação judicial em litisconsórcio ativo e em 
qual hipótese esse pedido conjunto entre as empresas será classificado como caso de 
consolidação processual ou como uma consolidação substancial. Porque hoje existe legislação 
específica sobre o tema, caberá ao juízo a interpretação e enquadramento das empresas entre 
os conceitos de consolidação na recuperação judicial. 
O pedido de recuperação judicial requerido por grupo econômico, como regra geral, será 
considerado e recebido em consolidação processual. Nesta situação, exige-se apenas que as 
empresas integrem grupo sob controle societário comum e que atendam aos requisitos para o 
pedido de recuperação judicial, indicados no artigo 51 da lei falimentar. A competência para o 
processamento da recuperação será a do principal estabelecimento entre os estabelecimentos 
das empresas devedoras e será nomeado apenas um administrador judicial para auxiliar o juízo3. 
 
6.2.4 Da insolvência transnacional 
Ocapítulo ora analisado abrange desde o art.167-A até 167-Y da Lei 11.101/2005, 
correspondendo a assunto sobre o qual, antes, a Lei 11.101/2005 silenciava totalmente. 
Os objetivos deste novo capítulo envolvem, basicamente, nos termos do art.167-A da Lei 
11.101/2005: 
 
3 SARTORI, Fernando Luiz. A consolidação processual na recuperação judicial à luz da Lei 14.112/2020. 
Disponível em: https://www.conjur.com.br/2021-jan-10/sartori-consolidacao-processual-recuperacao-
judicial#:~:text=Como%20agora%20h%C3%A1%20legisla%C3%A7%C3%A3o%20espec%C3%ADfica,e%20recebido
%20em%20consolida%C3%A7%C3%A3o%20processual. Acesso em: 10/03/21. 
https://www.conjur.com.br/2021-jan-10/sartori-consolidacao-processual-recuperacao-judicial#:~:text=Como%20agora%20h%C3%A1%20legisla%C3%A7%C3%A3o%20espec%C3%ADfica,e%20recebido%20em%20consolida%C3%A7%C3%A3o%20processual
https://www.conjur.com.br/2021-jan-10/sartori-consolidacao-processual-recuperacao-judicial#:~:text=Como%20agora%20h%C3%A1%20legisla%C3%A7%C3%A3o%20espec%C3%ADfica,e%20recebido%20em%20consolida%C3%A7%C3%A3o%20processual
https://www.conjur.com.br/2021-jan-10/sartori-consolidacao-processual-recuperacao-judicial#:~:text=Como%20agora%20h%C3%A1%20legisla%C3%A7%C3%A3o%20espec%C3%ADfica,e%20recebido%20em%20consolida%C3%A7%C3%A3o%20processual
 
14 
o a cooperação entre juízes e outras autoridades competentes do Brasil e de outros países 
em casos de insolvência transnacional; 
o o aumento da segurança jurídica para a atividade econômica e para o investimento; 
o a administração justa e eficiente de processos de insolvência transnacional, de modo a 
proteger os interesses de todos os credores e dos demais interessados, inclusive do 
devedor; a proteção e a maximização do valor dos ativos do devedor; 
o a promoção da recuperação de empresas em crise econômico-financeira, com a proteção 
de investimentos e a preservação de empregos; e 
o a promoção da liquidação dos ativos da empresa em crise econômico-financeira, com a 
preservação e a otimização da utilização produtiva dos bens, dos ativos e dos recursos 
produtivos da empresa, inclusive os intangíveis. 
Destaca-se, aqui, de maneira muito nítida, a preocupação da Lei 14.112/2020 em 
solucionar antigas lacunas do microssistema de crise empresarial. 
 
 
6.2.5 Da aplicação subsidiária do Código de Processo Civil 
O art.189 da Lei 11.101/05 estabelecia, desde antes, a aplicação subsidiária do Código de 
Processo Civil ao processo recuperacional e falimentar. Ocorre que a Lei 14.112/2020 alterou 
um pouco este panorama. Por força da nova lei, foram inseridos dois parágrafos no art.189 ora 
mencionado, além de ter sido inserido o art.189-A na Lei de Falências. Vejamos: 
Art. 189. Aplica-se, no que couber, aos procedimentos previstos nesta Lei, o disposto 
na Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil), desde que não seja 
incompatível com os princípios desta Lei. 
§ 1º Para os fins do disposto nesta Lei: 
I - todos os prazos nela previstos ou que dela decorram serão contados em dias corridos; 
e 
II - as decisões proferidas nos processos a que se refere esta Lei serão passíveis de agravo 
de instrumento, exceto nas hipóteses em que esta Lei previr de forma diversa. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm
 
15 
§ 2º Para os fins do disposto no art. 190 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 
(Código de Processo Civil), a manifestação de vontade do devedor será expressa e a dos 
credores será obtida por maioria, na forma prevista no art. 42 desta Lei 
Art. 189-A. Os processos disciplinados nesta Lei e os respectivos recursos, bem como os 
processos, os procedimentos e a execução dos atos e das diligências judiciais em que 
figure como parte empresário individual ou sociedade empresária em regime de 
recuperação judicial ou extrajudicial ou de falência terão prioridade sobre todos os atos 
judiciais, salvo o habeas corpus e as prioridades estabelecidas em leis especiais. 
Por fim, é importante você se atentar para a nova redação do art.191 da Lei 11.101/05, 
abaixo transcrito: 
Art. 191. Ressalvadas as disposições específicas desta Lei, as publicações ordenadas 
serão feitas em sítio eletrônico próprio, na internet, dedicado à recuperação judicial e à 
falência, e as intimações serão realizadas por notificação direta por meio de dispositivos 
móveis previamente cadastrados e autorizados pelo interessado. 
Parágrafo único. As publicações ordenadas nesta Lei conterão a epígrafe "recuperação 
judicial de", "recuperação extrajudicial de" ou "falência de". 
 
6.3 Disposições Comuns4 
O Ministério Público pode atuar como parte, em legitimação extraordinária (substituto 
processual, defendendo interesse de terceiro em nome próprio), ou como fiscal da lei (custos 
legis). Não há vedação à inclusão do crédito alimentício nos processos falimentares (se eram 
descontados em folha, por exemplo). 
São três os órgãos auxiliares do Juízo: o Administrador Judicial, a Assembleia Geral de 
Credores e o Comitê de Credores. Vejamos o esqueminha abaixo: 
 
4 Vide questão 2 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm
 
16 
 
 
 
6.3.1 Administrador Judicial 
A antiga figura do síndico, presente na legislação falimentar de outrora, foi substituída 
pelo administrador judicial. Trata-se de um dos órgãos auxiliares do juízo na RJ e na F, com 
função eminentemente executória, servindo como elo entre o juízo e a massa falida (na falência) 
e o juízo e a empresa em recuperação (na recuperação judicial), zelando pelo cumprimento da 
LFREF e apoiando o juízo na prática de uma série de procedimentos administrativos, tais como 
os previstos no art. 22 da LFREF, cuja leitura se recomenda. 
De acordo com o art.21 da LFREF, o administrador judicial será profissional idôneo, 
preferencialmente advogado, economista, administrador de empresas ou contador, ou pessoa 
jurídica especializada. 
 
17 
Decretada a falência, todas as ações sobre bens, interesses ou negócios do falido 
prosseguirão com o administrador judicial, que ser á intimado para representar a massa. 
Nomeado pelo juiz, o administrador judicial pode ser pessoa física idônea, preferencialmente 
advogado, economista, administrador ou contador, ou pessoa jurídica especializada, devendo 
ser informado o nome do profissional por ela responsável, que não poderá ser substituído senão 
por autorização judicial. 
Na recuperação judicial, o administrador judicial é nomeado no despacho de 
processamento, mas, na falência, a nomeação se dá na sentença que decretá-la. 
Uma vez nomeado, o administrador será intimado pessoalmente para, em 48h, assinar, 
na sede do juízo, termo de compromisso para o bom e fiel desempenho da função, assumindo 
com sua assinatura todas as responsabilidades a ela inerentes. Caso não assine o termo no 
prazo, o juiz nomeará outro administrador. A função de administrador é indelegável, vedando a 
lei qualquer espécie de substituição, excetuada a hipótese de autorização legal. 
Vale ressaltar que a atuação do administrador judicial é distinta nos processos de falência 
e de recuperação judicial. Desta forma, na falência, o administrador assume a administração da 
massa, já que o devedor fica afastado da administração da empresa. Por outro lado, na 
recuperação judicial, em princípio, o devedor mantém-se na administração da empresa, de sorte 
que o administrador atua como um auxiliar e fiscal do devedor5. 
Importa, ainda, elucidar que, após a Lei 14.112/2020, o administrador judicial deve, na 
falência, assumir não apenas a representação judicial, mas também a extrajudicial da massa 
falida, incluídos os processos arbitrais da mesma.5 CRUZ, André Santa. Direito Empresarial. Coleção Sinopses para Concursos. Salvador: Juspodivm, 2020. P.271. 
 
18 
 
Não poderá exercer a função de administrador judicial a pessoa que, nos últimos 5 anos, 
no exercício do cargo de administrador judicial em falência ou recuperação judicial anterior, 
houver sido destituída, deixado de prestar contas dentro dos prazos legais ou tido a prestação 
de contas desaprovada. Da mesma forma, também estarão impedidos de exercer a função de 
administrador judicial aqueles que tiverem relação de parentesco ou afinidade até o terceiro 
grau com o devedor, seus administradores, controladores ou representantes legais, ou deles for 
amigo, inimigo ou dependente. 
 
 
Qualquer interessado, qualquer credor ou mesmo o Ministério Público poderá requerer 
ao juiz a sua substituição se a nomeação foi contrária à lei, o qual deverá decidir a questão no 
prazo de 24h do recebimento do requerimento. Por outro lado, a lei não define prazo para 
apresentação do pedido de substituição. 
A substituição do administrador judicial, uma vez não possuir caráter sancionatório, não 
impede que aquele receba a remuneração correspondente ao período anterior à substituição, 
assim como não implica em impedimento ao exercício da função em outro processo. Não 
obstante, o administrador que for substituído em razão de renúncia injustificada da função, não 
terá direito a remuneração. 
A destituição poderá ser requerida por qualquer interessado, qualquer credor ou pelo 
Ministério Público. O juiz poderá destituir o administrador que descumprir os seus deveres, for 
 
19 
omisso ou negligente, ou praticar atos lesivos ao devedor ou a terceiros, como na hipótese da 
não apresentação, dentro do prazo legal, das contas ou relatórios a que está obrigado. Logo, 
diferentemente da substituição, a destituição possui caráter sancionatório, aplicando-se àqueles 
administradores que não agirem de forma diligente. Em razão de seu caráter, traz como consequ
ências a vedação para novo exercício da função de administrador judicial pelo período de 5 
anos e a perda do direito a remuneração. A lei também não define prazo para o pedido de 
destituição. 
O administrador também pode renunciar, ainda que sem motivo, mas neste caso não terá 
direito a remuneração. 
Responderá o administrador judicial pelos prejuízos eventualmente causados ao devedor, 
à massa falida ou aos credores sempre que atuar com dolo ou culpa. 
 
De acordo com o STJ, em decisão proferida há pouco, o Ministério Público é parte legítima 
para questionar os honorários fixados em favor do Administrador na Recuperação Judicial. 
Vejamos6: 
RECURSO ESPECIAL. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. NEGATIVA E PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. 
INOCORRÊNCIA. ADMINISTRADOR. HONORÁRIOS. FIXAÇÃO EM PATAMAR DE 5% SOBRE 
OS CRÉDITOS CONCURSAIS. IRRESIGNAÇÃO MANIFESTADA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO. 
 
6 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. O Ministério Público é parte legítima para recorrer da decisão que fixa os 
honorários do administrador na recuperação judicial. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: 
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/995693c15f439e3d189b06e89d145dd5>. 
Acesso em: 18/03/2021 
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/995693c15f439e3d189b06e89d145dd5
 
20 
LEGITIMIDADE RECURSAL CONFIGURADA. 
1. Ação ajuizada em 23/4/2018. Recurso especial interposto em 14/6/2019. Autos 
conclusos à Relatora em 25/8/2020. 
2. O propósito recursal é definir (i) se houve negativa de prestação jurisdicional e (ii) se o 
Ministério Público é parte legítima para recorrer da decisão declaratória do pedido de 
processamento da recuperação judicial, fixa os honorários do administrador judicial no 
patamar máximo. 
3. O acórdão recorrido adotou fundamentação suficiente à solução da controvérsia, não 
se vislumbrando, nele, qualquer dos vícios elencados no art. 1.022 do CPC/15. 
4. O texto normativo que resultou na atual Lei de Falência e Recuperação de Empresas 
saiu do Congresso Nacional com uma roupagem que exigia do Ministério Público atuação 
em todas as fases dos processos de recuperação judicial e de falência. Essas amplas e 
genéricas hipóteses de intervenção originalmente previstas foram restringidas pela 
Presidência da República, mas nem por isso reduziu-se a importância do papel da 
instituição na tramitação dessas ações, haja vista ter-se franqueado ao MP a possibilidade 
de "requerer o que entender de direito". 
5. A interpretação conjunta da regra do art. 52, V, da LFRE - que determina a intimação 
do Ministério Público acerca da decisão que defere o processamento da recuperação 
judicial - e daquela constante no art. 179, II, do CPC/15 - que autoriza, expressamente, a 
interposição de recurso pelo órgão ministerial quando a este incumbir intervir como fiscal 
da ordem jurídica - evidencia a legitimidade recursal do Parquet na hipótese concreta. 
6. Ademais, verifica-se estar plenamente justificada a interposição do recurso pelo MP 
como decorrência de sua atuação como fiscal da ordem jurídica, pois é seu papel 
institucional zelar, em nome do interesse público (função social da empresa), para que 
não sejam constituídos créditos capazes de inviabilizar a consecução do plano de 
soerguimento. 
RECURSO ESPECIAL NÃO PROVIDO, SEM MAJORAÇÃO DE HONORÁRIOS. 
(REsp 1884860/RJ, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 
20/10/2020, DJe 29/10/2020) 
 
 
A remuneração do administrador levará em conta a capacidade de pagamento do devedor, 
o grau de complexidade do trabalho e os valores praticados no mercado para atividades afins. 
Na recuperação judicial, o valor da remuneração do administrador judicial fixada pelo juiz não 
 
21 
poderá ultrapassar a 5% do montante devido aos credores, pago a critério do juiz. Na falência, 
o valor da remuneração do administrador judicial fixada pelo juiz não poderá ultrapassar a 5% 
do valor dos bens vendidos, pago 60% da remuneração fixada pelo juiz por ocasião da venda 
dos bens do falido e os 40% restantes deverão ser pagos ao final, após a prestação de contas 
pelo administrador judicial e a sua aprovação (não fará jus à remuneração o administrador 
judicial que tiver as suas contas desaprovadas. Tratando-se de microempresa ou empresa de 
pequeno porte, a remuneração fica restrita a 2%, limite aplicável também na hipótese do art.70-
A da Lei 11.101/05, por força da Lei 14.112/2020. 
 
É importante pontuarmos que, dentre as modificações trazidas pela Lei 14.112 de 2020, 
encontram-se aspectos importantes sobre a atuação do administrador judicial, com ênfase nos 
seguintes aspectos: 
 
o O administrador judicial deverá estimular a mediação, conciliação e demais métodos 
alternativos de solução de conflitos; 
o Manter endereço eletrônico na internet, com informações atualizadas sobre os processos 
de falência e de recuperação judicial, com a opção de consulta às peças principais do 
processo, salvo decisão judicial em sentido contrário; 
o Manter endereço eletrônico específico para o recebimento de pedidos de habilitação ou 
a apresentação de divergências, ambos em âmbito administrativo, com modelos que 
poderão ser utilizados pelos credores, salvo decisão judicial em sentido contrário; 
o Providenciar, no prazo máximo de 15 (quinze) dias, as respostas aos ofícios e às 
solicitações enviadas por outros juízos e órgãos públicos, sem necessidade de prévia 
deliberação do juízo; 
 
22 
o Na recuperação judicial, apresentar ao juiz, para juntada aos autos, relatório mensal das 
atividades do devedor, fiscalizando a veracidade e a conformidade das informações 
prestadas pelo devedor; 
o Na recuperação judicial, fiscalizar o decurso das tratativas e a regularidade das 
negociações entre devedor e credores; 
o Na recuperação judicial, assegurar que devedor e credores não adotem expedientesdilatórios, inúteis ou, em geral, prejudiciais ao regular andamento das negociações; 
o Na recuperação judicial, assegurar que as negociações realizadas entre devedor e 
credores sejam regidas pelos termos convencionados entre os interessados ou, na falta 
de acordo, pelas regras propostas pelo administrador judicial e homologadas pelo juiz, 
observado o princípio da boa-fé para solução construtiva de consensos, que acarretem 
maior efetividade econômico-financeira e proveito social para os agentes econômicos 
envolvidos; 
o Na recuperação judicial, apresentar, para juntada aos autos, e publicar no endereço 
eletrônico específico relatório mensal das atividades do devedor e relatório sobre o plano 
de recuperação judicial, no prazo de até 15 (quinze) dias contado da apresentação do 
plano, fiscalizando a veracidade e a conformidade das informações prestadas pelo 
devedor, além de informar eventual ocorrência das condutas previstas no art. 64 desta 
Lei; 
o Na falência, relacionar os processos e assumir a representação judicial e extrajudicial, 
incluídos os processos arbitrais, da massa falida; 
o Na falência, proceder à venda de todos os bens da massa falida no prazo máximo de 
180 (cento e oitenta) dias, contado da data da juntada do auto de arrecadação, sob pena 
de destituição, salvo por impossibilidade fundamentada, reconhecida por decisão 
judicial; 
o Na falência, arrecadar os valores dos depósitos realizados em processos administrativos 
ou judiciais nos quais o falido figure como parte, oriundos de penhoras, de bloqueios, de 
apreensões, de leilões, de alienação judicial e de outras hipóteses de constrição judicial, 
ressalvado o disposto nas Leis nos 9.703, de 17 de novembro de 1998, e 12.099, de 27 de 
novembro de 2009, e na Lei Complementar nº 151, de 5 de agosto de 2015. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9703.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12099.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12099.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp151.htm
 
23 
 
6.3.2 Assembleia Geral de Credores 
É o órgão que agrega todos aqueles que têm crédito contra o empresário individual, 
sociedade empresária ou EIRELI, constituindo-se em uma instância auxiliar. Será organizada em 
quatro classes, estando composta por titulares de créditos derivados da legislação do trabalho 
ou decorrentes de acidente do trabalho; de créditos com garantia real; de créditos quirografá
rios, com privilégio especial, com privilégio geral ou subordinados; e de créditos enquadrados 
como microempresa ou empresa de pequeno porte. 
Desse modo, os titulares de créditos de outra natureza (tributários e decorrentes de 
multas e penas pecuniárias) não integrarão a assembleia. Tais créditos não estão sujeitos à 
habilitação, bem como o processo de execução fiscal não se suspende. Deste modo, perceba 
que a Fazenda Pública, titular de créditos tributários, não compõe a assembleia geral de credores, 
uma vez que estes créditos não se sujeitam, em princípio, à habilitação e o seu processo de 
execução (execução fiscal) não se suspende7. 
A assembleia geral conspira a favor da esperada celeridade dos procedimentos 
falimentares, haja vista que, uma vez considerados isoladamente, cada credor defenderia seu pr
óprio interesse, o que certamente inviabilizaria o processo. 
Dentre as atribuições da assembleia geral, destacam-se deliberar sobre a aprovação, 
rejeição ou modificação do plano de recuperação judicial apresentado pelo devedor, deliberar 
sobre a possível adoção de outras modalidades de liquidação do ativo na falência e deliberar 
sobre a conveniência da constituição do comitê de credores, assim como sobre qualquer maté
ria de interesse dos credores. 
 
7 CRUZ, André Santa. Direito Empresarial. Coleção Sinopses para Concursos. Salvador: Juspodivm, 2020. P.274. 
 
24 
Presidida pelo administrador judicial e convocada pelo juiz, será instalada, em primeira 
convocação, a partir da presença de credores que sejam titulares de mais da metade dos valores 
dos créditos de cada classe, e em segunda convocação, com qualquer número. 
Via de regra, o voto do credor será proporcional ao valor de seu crédito, mas em relação 
à classe dos titulares de créditos trabalhistas e decorrentes de acidente do trabalho a proposta 
deverá ser aprovada por maioria simples dos credores presentes, independentemente do valor 
de seus créditos. Nas deliberações sobre o plano de recuperação judicial, todas as classes da 
assembleia geral de credores deverão aprovar a proposta, sob pena de inviabilizar a recuperação. 
Após a Lei 14.112/2020, importantes aspectos foram trazidos à atuação da Assembleia-
geral de credores. Vejamos o que estabelece o art.39 da Lei 11.101/2005: 
§ 4º Qualquer deliberação prevista nesta Lei a ser realizada por meio de assembleia-geral 
de credores poderá ser substituída, com idênticos efeitos, por: 
I - termo de adesão firmado por tantos credores quantos satisfaçam o quórum de 
aprovação específico, nos termos estabelecidos no art. 45-A desta Lei; 
II - votação realizada por meio de sistema eletrônico que reproduza as condições de 
tomada de voto da assembleia-geral de credores; ou 
III - outro mecanismo reputado suficientemente seguro pelo juiz. 
§ 5º As deliberações nos formatos previstos no § 4º deste artigo serão fiscalizadas pelo 
administrador judicial, que emitirá parecer sobre sua regularidade, previamente à sua 
homologação judicial, independentemente da concessão ou não da recuperação 
judicial. 
§ 6º O voto será exercido pelo credor no seu interesse e de acordo com o seu juízo de 
conveniência e poderá ser declarado nulo por abusividade somente quando 
manifestamente exercido para obter vantagem ilícita para si ou para outrem. 
§ 7º A cessão ou a promessa de cessão do crédito habilitado deverá ser imediatamente 
comunicada ao juízo da recuperação judicial. 
 
25 
Finalmente, é relevante mencionarmos que o STJ já decidiu no sentido de as deliberações 
da assembleia geral de credores serem soberanas. Desta sorte, para a Corte, o Judiciário não 
pode rever o mérito dessas decisões, nem o juiz deixar de homologá-las, por entender que o 
plano é inviável economicamente. O que pode ocorrer, no caso, é apenas o controle da 
legalidade da deliberação8. 
 
6.3.3 Comitê de Credores 
É um órgão facultativo que atua no dia a dia do processo, na proteção dos interesses da 
assembleia geral de credores, sendo dotado de natureza fiscalizatória. É composto por apenas 
quatro membros, cada qual com direito a dois suplentes, sendo um membro indicado pela 
classe dos credores trabalhistas, um membro indicado pela classe dos credores com garantia 
real ou privilégios especiais e um membro indicado pela classe de credores quirografários e 
com privilégios gerais e um membro indicado pela classe de credores representantes de 
microempresas e empresas de pequeno porte. 
São atribuições do comitê de credores, entre outras, fiscalizar as atividades e examinar as 
contas do administrador judicial, zelar pelo bom andamento do processo e pelo cumprimento 
da lei, requerer ao juiz a convocação da assembleia geral de credores e fiscalizar a execução do 
plano de recuperação judicial. 
A falta de indicação de representante por qualquer classe não prejudicará a constituição 
do Comitê, o qual poderá funcionar mesmo com número inferior. 
Se o Comitê não for formado, suas funções serão exercidas pelo administrador judicial 
ou pelo juiz, em caso de incompatibilidade daquele. Os membros do comitê de credores não 
têm direito à remuneração, mas apenas ao ressarcimento das despesas comprovadas, após 
 
8 CRUZ, André Santa. Direito Empresarial. Coleção Sinopses para Concursos. Salvador: Juspodivm, 2020.P.275. 
 
26 
autorização judicial e havendo disponibilidade em caixa nos termos do art.29 da Lei 11.101/2005, 
contrariamente ao que ocorre com o administrador judicial e seus auxiliares9. 
Os membros do comitê de credores responderão pelos prejuízos eventualmente causados 
ao devedor, à massa falida ou aos credores por atuarem com dolo ou culpa. 
Da mesma forma que em relação ao administrador judicial, não poderá ser membro do 
comitê de credores a pessoa que, nos últimos 5 anos, no exercício do cargo de administrador 
judicial anterior, houver sido destituída, deixado de prestar contas dentro dos prazos legais ou 
tido a prestação de contas desaprovada. No mesmo sentido, também não poderá ser membro 
do comitê de credores a pessoa que tiver relação de parentesco ou afinidade até o terceiro 
grau com o devedor, seus administradores, controladores ou representantes legais, ou deles for 
amigo, inimigo ou dependente. 
É, ainda, importante pontuar que, na hipótese de o administrador judicial e os membros 
do comitê não cumprirem suas atribuições legais, poderão ser destituídos pelo juiz, de ofício ou 
a requerimento de algum interessado, nos termos do art.31 da Lei 11.101/200510. Por fim, temos, 
ainda, a possibilidade de responsabilização dos membros do comitê, conforme prevê o art.32 
da Lei 11.101/2005: 
Art. 32. O administrador judicial e os membros do Comitê responderão pelos prejuízos 
causados à massa falida, ao devedor ou aos credores por dolo ou culpa, devendo o 
dissidente em deliberação do Comitê consignar sua discordância em ata para eximir-se 
da responsabilidade. 
 
 
9 CRUZ, André Santa. Direito Empresarial. Coleção Sinopses para Concursos. Salvador: Juspodivm, 2020. P.273. 
10 CRUZ, André Santa. Direito Empresarial. Coleção Sinopses para Concursos. Salvador: Juspodivm, 2020. P.273. 
 
 
27 
6.4 Juízo competente 
O juízo competente para homologar o plano de recuperação extrajudicial, deferir a 
recuperação judicial ou decretar a falência é o juízo do principal estabelecimento do devedor 
ou da filial da empresa que tenha sede fora do Brasil, conforme preceitua o Artigo 3º da Lei 
11.101/2005. Este lugar é onde existir o maior número de negócios do devedor. 
Nesse sentido, também determina o seguinte enunciado do CJF: 
Enunciado 466. Para fins do Direito Falimentar, o local do principal estabelecimento é 
aquele de onde partem as decisões empresariais, e não necessariamente a sede indicada 
no registro público. 
 Interpretando o dispositivo, o Superior Tribunal de Justiça já entendeu ser absoluta a 
competência do local onde se encontra o principal estabelecimento para julgar a recuperação 
judicial. Para a Corte, esta condição do principal estabelecimento é, também, verificada no 
momento da propositura da demanda, sendo irrelevante eventual modificação posterior do 
volume negocial11. 
Para sintetizarmos tudo quanto foi exposto, veja o seguinte esquema: 
 
11 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. É absoluta a competência do local em que se encontra o principal 
estabelecimento para julgar a recuperação judicial; isso é aferido no momento da propositura da demanda, 
sendo irrelevante eventual modificação posterior do volume negocial. Buscador Dizer o Direito, Manaus. 
Disponível em: 
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/320755112b6d9e248ce1c26e1fcf534b>. 
Acesso em: 18/03/2021 
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/320755112b6d9e248ce1c26e1fcf534b
 
28 
 
6.5 Recuperação Judicial 
6.5.1 Conceito 
Trata-se de medida excepcional, que tem por objetivo viabilizar a superação da crise 
econômico-financeira do empresário individual, da sociedade empresária e da EIRELI ao prever 
um verdadeiro plano de reestruturação, com diversas medidas de ordem financeira, jurídica e 
econômica, conferindo assim efetivas chances de superação do quadro de crise. 
A recuperação judicial tem por objetivos a manutenção da fonte produtora, a manutenção 
do emprego dos trabalhadores, e a garantia dos interesses dos credores. Para ficar mais didático, 
veja o esquema seguinte, em que esses objetivos foram sintetizados: 
Principal 
estabelecimento 
do devedor
Local que 
concentra 
maior número 
de negócios
Competência 
abslouta, de 
acordo com o 
STJ
Local 
verificado no 
momento da 
propositura da 
demanda
Art.3º da Lei 
11.101/2005
 
29 
 
A ideia é proteger a função social da empresa, com grande ênfase no princípio da 
preservação da empresa. Neste sentido, o art.47 da Lei 11.101/2005 dispõe: 
Art. 47. A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise 
econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, 
do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a 
preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica. 
 
 
Com base no art.47 da Lei 11.101/05 e na ideia de recuperar a empresa ao máximo 
possível, o STJ já admitiu a participação, em procedimento licitatório, de sociedade empresária 
em recuperação judicial, entendendo pela dispensa da apresentação de certidão negativa de 
Objetivos da 
Recuperação 
Judicial
Manutenção 
da fonte 
produtora
Garantia dos 
interesses dos 
credores
Manutenção 
do emprego 
dos 
trabalhadores
 
30 
recuperação judicial por parte do licitante. Vejamos, neste sentido, ementa do julgado exarado 
pela Corte12: 
 
 
ADMINISTRATIVO. LICITAÇÃO. EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL. 
PARTICIPAÇÃO. POSSIBILIDADE. CERTIDÃO DE FALÊNCIA OU CONCORDATA. 
INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA. DESCABIMENTO. APTIDÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA. 
COMPROVAÇÃO. OUTROS MEIOS. NECESSIDADE. 1. Conforme estabelecido pelo Plenário 
do STJ, "aos recursos interpostos com fundamento no CPC/1973 (relativos a decisões 
publicadas até 17 de março de 2016) devem ser exigidos os requisitos de admissibilidade 
na forma nele prevista, com as interpretações dadas até então pela jurisprudência do 
Superior Tribunal de Justiça" (Enunciado Administrativo n. 2). 
2. Conquanto a Lei n. 11.101/2005 tenha substituído a figura da concordata pelos 
institutos da recuperação judicial e extrajudicial, o art. 31 da Lei n. 8.666/1993 não teve o 
texto alterado para se amoldar à nova sistemática, tampouco foi derrogado. 
3. À luz do princípio da legalidade, "é vedado à Administração levar a termo interpretação 
extensiva ou restritiva de direitos, quando a lei assim não o dispuser de forma expressa" 
(AgRg no RMS 44099/ES, Rel. Min. BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado 
em 03/03/2016, DJe 10/03/2016). 
4. Inexistindo autorização legislativa, incabível a automática inabilitação de empresas 
submetidas à Lei n. 11.101/2005 unicamente pela não apresentação de certidão negativa 
de recuperação judicial, principalmente considerando o disposto no art. 52, I, daquele 
normativo, que prevê a possibilidade de contratação com o poder público, o que, em 
regra geral, pressupõe a participação prévia em licitação. 
5. O escopo primordial da Lei n. 11.101/2005, nos termos do art. 47, é viabilizar a 
superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a 
manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos 
credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo 
à atividade econômica. 
6. A interpretação sistemática dos dispositivos das Leis n. 
8.666/1993 e n. 11.101/2005 leva à conclusão de que é possível uma ponderação 
equilibrada dos princípios nelas contidos, pois a preservação da empresa, de sua função 
social e do estímulo à atividade econômica atendem também, em última análise, ao 
interesse da coletividade, uma vez que se busca a manutenção da fonte produtora, dos 
postos de trabalho e dos interesses dos credores.12 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Empresa em recuperação judicial pode participar de licitação, desde que 
demonstre a sua viabilidade econômica. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: 
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/317d17f10845da500bcf49780b7f35bf>. Acesso 
em: 15/03/2021 
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/317d17f10845da500bcf49780b7f35bf
 
31 
7. A exigência de apresentação de certidão negativa de recuperação judicial deve ser 
relativizada a fim de possibilitar à empresa em recuperação judicial participar do certame, 
desde que demonstre, na fase de habilitação, a sua viabilidade econômica. 
8. Agravo conhecido para dar provimento ao recurso especial. 
(AREsp 309.867/ES, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 
26/06/2018, DJe 08/08/2018) 
 
 
 
 
 
6.5.2 Legitimidade 
Têm legitimidade ad causam ativa ordiná ria o empresá rio individual, a sociedade 
empresária e a EIRELI. Têm legitimidade ativa extraordinária o cônjuge supérstite, herdeiros do 
devedor, inventariante, ou ainda pelo sócio remanescente da sociedade empresária. 
 
 
6.5.3 Cabimento 
A recuperação judicial poder á ser pedida diretamente, diante de quadro de crise 
econômico-financeira do devedor, ou ainda no prazo da defesa/contestação contra pedido de 
falência. 
 
 
6.5.4 Pressuposto Processual 
O art. 48 da LFREF traz os requisitos para a recuperação judicial, quais sejam: 
 
Art. 48. Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no momento do pedido, 
exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos e que atenda aos seguintes 
requisitos, cumulativamente: 
I – não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em 
julgado, as responsabilidades daí decorrentes; 
II – não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial; 
 
32 
III - não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial com 
base no plano especial de que trata a Seção V deste Capítulo; 
IV – não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, pessoa 
condenada por qualquer dos crimes previstos nesta Lei. 
 
Estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos existentes na data do pedido, tanto 
vencidos quanto vincendos (a vencer). Como exceção à regra geral, não são exigíveis do devedor 
as obrigações a título gratuito, as despesas com habilitação ou impugnação do crédito (salvo 
as custas judiciais decorrentes de litígio do qual o devedor saiu vencido) e também não se 
submetem aos efeitos da recuperação judicial os credores titulares de posição de proprietários 
fiduciários de bens móveis ou imóveis, arrendadores mercantis (credores no contrato de 
“leasing”), proprietários ou promitentes vendedores de bens imóveis, cujos contratos contenham 
cláusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade (inclusive em incorporações imobili á rias), 
proprietários em contrato de venda com reserva de domínio, credor no adiantamento de 
contrato de câmbio para exportação (ACC), desde que o prazo total da operação, inclusive 
eventuais prorrogações, não exceda o previsto nas normas específicas da autoridade responsá
vel. 
Os créditos não incluídos no plano de recuperação serão recebidos pelos credores 
segundo a forma originalmente contratada. Os credores de empresa em recuperação conservam 
seus direitos e privilégios contra coobrigados, independentemente do que foi planificado pelo 
devedor. Portanto, o credor com garantia de terceiro, ainda que sujeito aos efeitos da 
recuperação judicial, poderá executar o garantidor. 
O empresário individual, a sociedade empresária e a EIRELI, que atendendo aos requisitos 
do art. 48 da LFREF, enfrentem crise econômico-financeira, estarão legitimados a pedir a 
recuperação judicial. Trata-se de meio de superação do seu estado de crise, que deve ser 
materializado em petição inicial que demonstre ao juiz a realidade econômica, financeira e 
patrimonial da empresa, bem como sua importância no contexto local, regional ou nacional, 
deixando patente a sua efetiva capacidade de reestruturação, e observando os demais elementos 
que devem instruir a petição inicial. 
 
33 
Vale ressaltar, por fim, os novos parágrafos inseridos no art.48 da Lei 11.101/2005 pela 
Lei 14.112/2020: 
§ 2º No caso de exercício de atividade rural por pessoa jurídica, admite-se a comprovação 
do prazo estabelecido no caput deste artigo por meio da Escrituração Contábil Fiscal 
(ECF), ou por meio de obrigação legal de registros contábeis que venha a substituir a ECF, 
entregue tempestivamente. 
§ 3º Para a comprovação do prazo estabelecido no caput deste artigo, o cálculo do 
período de exercício de atividade rural por pessoa física é feito com base no Livro Caixa 
Digital do Produtor Rural (LCDPR), ou por meio de obrigação legal de registros contábeis 
que venha a substituir o LCDPR, e pela Declaração do Imposto sobre a Renda da Pessoa 
Física (DIRPF) e balanço patrimonial, todos entregues tempestivamente. 
§ 4º Para efeito do disposto no § 3º deste artigo, no que diz respeito ao período em que 
não for exigível a entrega do LCDPR, admitir-se-á a entrega do livro-caixa utilizado para 
a elaboração da DIRPF. 
§ 5º Para os fins de atendimento ao disposto nos §§ 2º e 3º deste artigo, as informações 
contábeis relativas a receitas, a bens, a despesas, a custos e a dívidas deverão estar 
organizadas de acordo com a legislação e com o padrão contábil da legislação correlata 
vigente, bem como guardar obediência ao regime de competência e de elaboração de 
balanço patrimonial por contador habilitado. 
Vale, ainda, destacar que o art.49 da Lei 11.101/2005 estabelece créditos não sujeitos à 
recuperação judicial e foi recentemente alterado pela Lei 14.112/2020, nos termos seguintes: 
Art. 49. Estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos existentes na data 
do pedido, ainda que não vencidos. 
§ 1º Os credores do devedor em recuperação judicial conservam seus direitos e 
privilégios contra os coobrigados, fiadores e obrigados de regresso. 
§ 2º As obrigações anteriores à recuperação judicial observarão as condições 
originalmente contratadas ou definidas em lei, inclusive no que diz respeito aos encargos, 
salvo se de modo diverso ficar estabelecido no plano de recuperação judicial. 
§ 3º Tratando-se de credor titular da posição de proprietário fiduciário de bens 
móveis ou imóveis, de arrendador mercantil, de proprietário ou promitente vendedor de 
imóvel cujos respectivos contratos contenham cláusula de irrevogabilidade ou 
 
34 
irretratabilidade, inclusive em incorporações imobiliárias, ou de proprietário em contrato 
de venda com reserva de domínio, seu crédito não se submeterá aos efeitos da 
recuperação judicial e prevalecerão os direitos de propriedade sobre a coisa e as 
condições contratuais, observada a legislação respectiva, não se permitindo, contudo, 
durante o prazo de suspensão a que se refere o § 4º do art. 6º desta Lei, a venda ou a 
retirada do estabelecimento do devedor dos bens de capital essenciais a sua atividade 
empresarial. 
§ 4º Não se sujeitará aos efeitos da recuperação judicial a importância a que se 
refere o inciso II do art. 86 desta Lei. 
§ 5º Tratando-se de crédito garantido por penhor sobre títulos de crédito, direitos 
creditórios, aplicações financeiras ou valores mobiliários, poderão ser substituídas ou 
renovadas as garantias liquidadas ou vencidas durante a recuperação judicial e, enquanto 
não renovadas ou substituídas, o valor eventualmente recebido em pagamento das 
garantias permanecerá em conta vinculada durante o período de suspensão de que trata 
o § 4º do art. 6º desta Lei. 
§ 6º Nas hipóteses de que tratam os §§ 2º e 3º do art. 48 desta Lei, somente 
estarão sujeitos à recuperação judicial os créditos que decorram exclusivamente da 
atividade rural e estejamdiscriminados nos documentos a que se referem os citados 
parágrafos, ainda que não vencidos. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência) 
§ 7º Não se sujeitarão aos efeitos da recuperação judicial os recursos controlados 
e abrangidos nos termos dos arts. 14 e 21 da Lei nº 4.829, de 5 de novembro de 
1965. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência) 
§ 8º Estarão sujeitos à recuperação judicial os recursos de que trata o § 7º deste 
artigo que não tenham sido objeto de renegociação entre o devedor e a instituição 
financeira antes do pedido de recuperação judicial, na forma de ato do Poder 
Executivo. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência) 
§ 9º Não se enquadrará nos créditos referidos no caput deste artigo aquele 
relativo à dívida constituída nos 3 (três) últimos anos anteriores ao pedido de recuperação 
judicial, que tenha sido contraída com a finalidade de aquisição de propriedades rurais, 
bem como as respectivas garantias. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência) 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14112.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14112.htm#art7
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L4829.htm#art14
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L4829.htm#art21
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L4829.htm#art21
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14112.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14112.htm#art7
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14112.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14112.htm#art7
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14112.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14112.htm#art7
 
35 
 
 
6.5.5 Meios e Pedido de Recuperação 
Atenta ao princípio da preservação da empresa, a Lei 11.101/2005 previu alguns meios 
de recuperação judicial, a exemplo da concessão de prazos e condições especiais para 
pagamento das obrigações vencidas ou vincendas e da venda parcial dos bens. Em 2020, 
inclusive, a Lei 14.112 trouxe novas previsões ao artigo 50 da Lei em tela. Veja: 
§ 3º Não haverá sucessão ou responsabilidade por dívidas de qualquer natureza a terceiro 
credor, investidor ou novo administrador em decorrência, respectivamente, da mera 
conversão de dívida em capital, de aporte de novos recursos na devedora ou de 
substituição dos administradores desta. 
§ 4º O imposto sobre a renda e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) 
incidentes sobre o ganho de capital resultante da alienação de bens ou direitos pela 
pessoa jurídica em recuperação judicial poderão ser parcelados, com atualização 
monetária das parcelas, observado o seguinte: 
I - o disposto na Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002; e 
II - a utilização, como limite, da mediana de alongamento no plano de recuperação judicial 
em relação aos créditos a ele sujeitos. 
§ 5º O limite de alongamento de prazo a que se refere o inciso II do § 4º deste artigo 
será readequado na hipótese de alteração superveniente do plano de recuperação 
judicial. 
 
Sobre o pedido de recuperação judicial, temos algumas diretrizes previstas em lei, nos 
termos do art. 51 da LFREF, que foi recentemente alterado: 
Art. 51. A petição inicial de recuperação judicial será instruída com: 
I – a exposição das causas concretas da situação patrimonial do devedor e das razões da 
crise econômico-financeira; 
II – as demonstrações contábeis relativas aos 3 (três) últimos exercícios sociais e as 
levantadas especialmente para instruir o pedido, confeccionadas com estrita observância 
da legislação societária aplicável e compostas obrigatoriamente de: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10522.htm
 
36 
a) balanço patrimonial; 
b) demonstração de resultados acumulados; 
c) demonstração do resultado desde o último exercício social; 
d) relatório gerencial de fluxo de caixa e de sua projeção; 
e) descrição das sociedades de grupo societário, de fato ou de direito; (Incluído pela 
Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência) 
III - a relação nominal completa dos credores, sujeitos ou não à recuperação judicial, 
inclusive aqueles por obrigação de fazer ou de dar, com a indicação do endereço físico e 
eletrônico de cada um, a natureza, conforme estabelecido nos arts. 83 e 84 desta Lei, e o 
valor atualizado do crédito, com a discriminação de sua origem, e o regime dos 
vencimentos; (Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência) 
IV – a relação integral dos empregados, em que constem as respectivas funções, salários, 
indenizações e outras parcelas a que têm direito, com o correspondente mês de 
competência, e a discriminação dos valores pendentes de pagamento; 
V – certidão de regularidade do devedor no Registro Público de Empresas, o ato 
constitutivo atualizado e as atas de nomeação dos atuais administradores; 
VI – a relação dos bens particulares dos sócios controladores e dos administradores do 
devedor; 
VII – os extratos atualizados das contas bancárias do devedor e de suas eventuais 
aplicações financeiras de qualquer modalidade, inclusive em fundos de investimento ou 
em bolsas de valores, emitidos pelas respectivas instituições financeiras; 
VIII – certidões dos cartórios de protestos situados na comarca do domicílio ou sede do 
devedor e naquelas onde possui filial; 
IX - a relação, subscrita pelo devedor, de todas as ações judiciais e procedimentos arbitrais 
em que este figure como parte, inclusive as de natureza trabalhista, com a estimativa dos 
respectivos valores demandados; (Redação dada pela Lei nº 14.112, de 
2020) (Vigência) 
X - o relatório detalhado do passivo fiscal; e (Incluído pela Lei nº 14.112, de 
2020) (Vigência) 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14112.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14112.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14112.htm#art7
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14112.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14112.htm#art7
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14112.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14112.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14112.htm#art7
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14112.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14112.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14112.htm#art7
 
37 
XI - a relação de bens e direitos integrantes do ativo não circulante, incluídos aqueles 
não sujeitos à recuperação judicial, acompanhada dos negócios jurídicos celebrados com 
os credores de que trata o § 3º do art. 49 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 
2020) (Vigência) 
§ 1º Os documentos de escrituração contábil e demais relatórios auxiliares, na forma e no 
suporte previstos em lei, permanecerão à disposição do juízo, do administrador judicial e, 
mediante autorização judicial, de qualquer interessado. 
§ 2º Com relação à exigência prevista no inciso II do caput deste artigo, as microempresas 
e empresas de pequeno porte poderão apresentar livros e escrituração contábil 
simplificados nos termos da legislação específica. 
§ 3º O juiz poderá determinar o depósito em cartório dos documentos a que se referem 
os §§ 1º e 2º deste artigo ou de cópia destes. 
§ 4º Na hipótese de o ajuizamento da recuperação judicial ocorrer antes da data final de 
entrega do balanço correspondente ao exercício anterior, o devedor apresentará balanço 
prévio e juntará o balanço definitivo no prazo da lei societária aplicável. (Incluído pela 
Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência) 
§ 5º O valor da causa corresponderá ao montantetotal dos créditos sujeitos à recuperação 
judicial. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência) 
§ 6º Em relação ao período de que trata o § 3º do art. 48 desta Lei: (Incluído pela Lei 
nº 14.112, de 2020) (Vigência) 
I - a exposição referida no inciso I do caput deste artigo deverá comprovar a crise de 
insolvência, caracterizada pela insuficiência de recursos financeiros ou patrimoniais com 
liquidez suficiente para saldar suas dívidas; (Incluído pela Lei nº 14.112, de 
2020) (Vigência) 
II - os requisitos do inciso II do caput deste artigo serão substituídos pelos documentos 
mencionados no § 3º do art. 48 desta Lei relativos aos últimos 2 (dois) anos. (Incluído 
pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência) 
 
Outra novidade trazida pela Lei 14.112/2020 foi o art.51-A da Lei 11.101/2005, que prevê 
a possibilidade de nomeação, por parte do magistrado, de profissional de sua confiança para 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14112.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14112.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14112.htm#art7
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14112.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14112.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14112.htm#art7
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14112.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14112.htm#art7
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14112.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14112.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14112.htm#art7
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14112.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14112.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14112.htm#art7
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14112.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14112.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14112.htm#art7
 
38 
promover a constatação das reais condições de funcionamento da requerente do pedido de 
recuperação judicial. Por sua grande importância, transcrevemos o dispositivo a seguir: 
Art. 51-A. Após a distribuição do pedido de recuperação judicial, poderá o juiz, quando 
reputar necessário, nomear profissional de sua confiança, com capacidade técnica e 
idoneidade, para promover a constatação exclusivamente das reais condições de 
funcionamento da requerente e da regularidade e da completude da documentação 
apresentada com a petição inicial. 
§ 1º A remuneração do profissional de que trata o caput deste artigo deverá ser arbitrada 
posteriormente à apresentação do laudo e deverá considerar a complexidade do trabalho 
desenvolvido. 
§ 2º O juiz deverá conceder o prazo máximo de 5 (cinco) dias para que o profissional 
nomeado apresente laudo de constatação das reais condições de funcionamento do 
devedor e da regularidade documental. 
§ 3º A constatação prévia será determinada sem que seja ouvida a outra parte e sem 
apresentação de quesitos por qualquer das partes, com a possibilidade de o juiz 
determinar a realização da diligência sem a prévia ciência do devedor, quando entender 
que esta poderá frustrar os seus objetivos. 
§ 4º O devedor será intimado do resultado da constatação prévia concomitantemente à 
sua intimação da decisão que deferir ou indeferir o processamento da recuperação 
judicial, ou que determinar a emenda da petição inicial, e poderá impugná-la mediante 
interposição do recurso cabível. 
§ 5º A constatação prévia consistirá, objetivamente, na verificação das reais condições de 
funcionamento da empresa e da regularidade documental, vedado o indeferimento do 
processamento da recuperação judicial baseado na análise de viabilidade econômica do 
devedor. 
§ 6º Caso a constatação prévia detecte indícios contundentes de utilização fraudulenta da 
ação de recuperação judicial, o juiz poderá indeferir a petição inicial, sem prejuízo de 
oficiar ao Ministério Público para tomada das providências criminais eventualmente 
cabíveis. 
§ 7º Caso a constatação prévia demonstre que o principal estabelecimento do devedor 
não se situa na área de competência do juízo, o juiz deverá determinar a remessa dos 
autos, com urgência, ao juízo competente. 
 
 
39 
 
 
6.5.6 Processamento 
Após a distribuição do pedido de recuperação judicial, o devedor não poderá alienar ou 
onerar bens ou direitos de seu ativo permanente, salvo se houver evidente utilidade reconhecida 
pelo juiz, com exceção dos atos previamente relacionados no plano. Estando tudo certo na 
petição inicial, restará ao juiz deferir o processamento. 
 
 
Contra a decisão que defere o processamento do pedido de recuperação judicial, cabe 
agravo de instrumento. Neste sentido, temos o enunciado 52 das Jornadas de Direito Comercial 
da CJF:``a decisão que defere o processamento da recuperação judicial desafia agravo de 
instrumento``13. 
No mesmo sentido, temos decisão recente do STJ, submetida à sistemática dos recursos 
repetitivos, que assentou basicamente o seguinte: ``Cabe agravo de instrumento de todas as 
decisões interlocutórias proferidas no processo de recuperação judicial e no processo de falência, 
por força do art. 1.015, parágrafo único, do CPC/2015. STJ. 2ª Seção. REsp 1717213-MT, Rel. 
Min. Nancy Andrighi, julgado em 03/12/2020 (Recurso Repetitivo – Tema 1022) (Info 684). 
Finalmente, a Lei nº 14.112/2020 incluiu o § 1º ao art. 189 da Lei nº 11.101/2005 
acolhendo o entendimento jurisprudencial e prevendo expressamente o cabimento do agravo 
de instrumento neste caso: Art. 189. Aplica-se, no que couber, aos procedimentos previstos 
nesta Lei, o disposto na Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil), desde 
que não seja incompatível com os princípios desta Lei. § 1º Para os fins do disposto nesta Lei: 
 
13 CRUZ, André Santa. Direito Empresarial. Coleção Sinopses para Concursos. Salvador: Juspodivm, 2020. P.280. 
 
40 
(...) II - as decisões proferidas nos processos a que se refere esta Lei serão passíveis de agravo 
de instrumento, exceto nas hipóteses em que esta Lei previr de forma diversa14. 
 
 
 
 
O despacho de processamento é um despacho de mero prosseguimento, que permite 
que as demais fases sejam realizadas. No despacho, o juiz também: 
o nomeará o administrador judicial; 
o determinará a dispensa da apresentação das certidões negativas para que o devedor 
exerça as suas atividades (exceto para a contratação com o Poder Público ou para o 
recebimento de benefícios fiscais ou creditícios), observado o disposto no § 3º do art. 
195 da Constituição Federal e no art. 69 da Lei 11.101/2005; 
o ordenará a suspensão de todas as ações e execuções contra o devedor, pelo prazo 
improrrogável de 180 dias, contado do deferimento do processamento, ressalvadas as 
ações que demandarem quantia ilíquida, de natureza trabalhista, de execuções fiscais e 
as promovidas por credores não sujeitos à recuperação; 
o determinará ao devedor a apresentação de contas demonstrativas mensais enquanto 
perdurar a recuperação e ordenará a intimação do MP e comunicação por cartas às 
Fazendas. 
Ainda que não sujeitos à recuperação, se os bens objeto da constrição forem essenciais 
à atividade empresarial do devedor, não poderão ser retirados ou vendidos no prazo de 180 
dias a contar do deferimento do processamento. 
 
14 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. É cabível a interposição de agravo de instrumento contra todas as 
decisões interlocutórias em processo

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