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© Copyright 2022 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) Direitos reservados e protegidos pela Lei n. 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. É proibida a reprodução total ou parcial sem autorização expressa do IFCE. Capa e projeto gráfico: Tamar Fortes Capa: Montagem com foto de alessandra barbieri/Pixabay. Disponível em: https://bityli.com/CBupqh. Acesso em: 06 abr. 2021. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará Sistema de Bibliotecas – SIBI | Campus Fortaleza T772g Tranchitella, Marina. Gestão de infraestruturas em clubes de futebol/ Marina Tranchitella. Fortaleza: IFCE, 2022. 92 p. il. Obra integrante do Programa Academia e Futebol, da Secretaria Nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor / Secretaria Especial do Esporte / Ministério da Cidadania, em parceria com o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará – IFCE, sob a organização dos professores: Kleber Augusto Ribeiro, Emmanuel Alves Carneiro e Lívia Maria de Lima Santiago. . Ebook no formato PDF 17.483 KB ISBN: 978-65-86520-10-1 1. Esportes. 2. Futebol. 3. Clube de futebol – Gestão de infraestruturas. I. Ribeiro, Kleber Augusto (Org.). II. Carneiro, Emmanuel Alves (Org.). III. Título. CDD (20. ed.) 796.334068 O IFCE empenhou-se em identificar todos os responsáveis pelos direitos autorais das imagens e dos textos reproduzidos neste livro. Se porventura for constatada omissão na identificação de algum material, dispomo-nos a efetuar, futuramente, os possíveis acertos. Presidente Jair Messias Bolsonaro Ministro da Cidadania João Inácio Ribeiro Roma Neto Secretário Especial do Esporte MC Marcelo Reis Magalhães Secretario Nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor MC Ronaldo Lima dos Santos Assessor da Secretaria Nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor MC Luís Antônio Verdini de Carvalho Assessor da Secretaria Nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor MC Wagner Barbosa Martins (in memoriam) Coordenador Nacional do Programa Academia e Futebol MC Rogério Gedeon de Araújo Ministro da Educação Milton Ribeiro Secretário de Educação Profissional e Tecnológica MEC Ariosto Antunes Culau Reitor do IFCE José Wally Mendonça Menezes Pró-reitora de Extensão IFCE Ana Cláudia Uchoa Araújo Pró-reitora de Ensino IFCE Cristiane Borges Braga Pró-reitora de Pesquisa, Pós-graduação e Inovação IFCE Joélia Marques de Carvalho Pró-reitor de Gestão de Pessoas IFCE Marcel Ribeiro Mendonça Pró-reitor de Administração e Planejamento IFCE Reuber Saraiva de Santiago Diretor do Centro de Referência em Educação a Distância CREaD/IFCE Igor de Moraes Paim Diretor Geral do IFCE Campus Fortaleza José Eduardo Souza Bastos Diretor de Extensão e Relações Empresariais do IFCE Campus Fortaleza Edson da Silva Almeida Coordenador-geral e organizador Emmanuel Alves Carneiro Coordenador dos cursos e organizador Kleber Augusto Ribeiro Coordenadora técnico-pedagógica e organizadora Lívia Maria de Lima Santiago Designers educacionais Luciana Andrade Rodrigues João Paulo Correia Ilustração/pesquisa iconográfica Suzan Pagani Maranhão Design gráfico Tamar Couto Parentes Fortes Web designers Fabrice Marc Joye Carla Machado Paiano Operadora audiovisual Luciana Gomes Santos Elaboração de conteúdo Marina Tranchitella Revisão Vanessa Pinto Rodrigues Farias Bibliotecária responsável: Erika Cristiny Brandão F. Barbosa CRB N° 3/1099 https://bityli.com/CBupqh Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará Programa Academia e Futebol Gestão de Infraestruturas em Clubes de Futebol Marina Tranchitella Fortaleza 2022 Prefácio Ao assumir a Secretaria Nacional de Futebol e Defesa do Direito do Torcedor, tinha como objetivos colimados, entre outros: a capacitação e a consequente melhoria dos profissionais que atuavam no futebol, bem como a criação de uma bibliografia que pudesse orientar estes profissionais, porque a vivência no mundo futebolístico nos mostrava jovens buscando bibliografia de renomados técnicos do exterior que haviam anteriormente aprendido no Brasil as técnicas de treinamento que publicavam. E como fazê-lo? Buscando parcerias com as entidades de ensino. Surgiu assim o programa Academia & Futebol, onde por intermédio das universidades e Institutos Federais, incentivamos a pesquisa para o desenvolvimento do futebol, a capacitação dos profissionais por intermédio de cursos e simpósios, e a iniciação desportiva para a revelação de novos atletas proporcionada pelo programa Seleções do Futuro. Hoje, o programa está disseminado nas 27 unidades da federação, por intermédio de 32 termos de execução descentralizada e uma das nossas grandes parceiras é o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE). No segmento do esporte, o IFCE é referência na formação de professores de educação física e de gestores do esporte. Na área da educação física o IFCE possui 3 cursos de licenciatura, nos municípios de Juazeiro do Norte, Canindé e Limoeiro do Norte, sendo este último o mais bem avaliado do estado pelo MEC (Nota 5 no último ENADE). Na área da gestão do esporte o IFCE possui um dos três cursos de graduação do país com oferta regular e o mais bem avaliado do país. O Curso Superior Tecnológico em Gestão Desportiva e de Lazer do IFCE – Campus Fortaleza obteve nota máxima (5) na recente avaliação do Ministério da Educação, realizada no ano de 2019, sendo hoje, o mais bem avaliado do país. Além disso, o curso do IFCE é o nono curso com maior procura no SISU no estado do Ceará, entre todos os cursos públicos ofertados, sendo referência na formação e estudos em gestão do esporte no país. Desta parceria, a SNFDT, por intermédio do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), instituição pública, federal e centenária, que tem se configurado como referência na formação nas áreas da gestão do esporte e da educação física no país, desenvolverá e ofertará para todo o Brasil 8 cursos de formação inicial e continuada de 40 horas, na modalidade a distância, em diversas dimensões das áreas do futebol e do futsal; e como produto final da parceria SNFDT e IFCE, o Programa Academia e Futebol publica este livro que ora apresentamos, desenvolvido com rigor técnico e científico por profissionais com destaque no cenário nacional, de finalidade didática, que contempla os conteúdos e avaliações dos oito cursos desenvolvidos e ofertados pela parceria SNFDT e IFCE. Esperamos que esta iniciativa do IFCE seja o embrião e a fonte incentivadora para que nossos profissionais e pesquisadores do esporte publiquem suas experiências, para que possamos fortalecer o futebol, com uma identidade genuinamente brasileira. Boa leitura. Ronaldo Lima Secretário Nacional de Futebol e Defesa do Direito do Torcedor 6 Gestão de Infraestruturas em Clubes de Futebol Sobre a autora Marina Tranchitella Formada em Educação Física, mestre em Gestão do Esporte, com MBA em Bussiness Administration, Membro da Associação Brasileira de Segurança, PMP pelo PMI com mais de 10 anos dedicados à gestão do esporte, entre teoria e prática, tendo vivido em 6 países, trabalha conforme seus princípios e valores, visando o resultado mais eficaz para todos os stakeholders. É reconhecida como uma das 50 profissionais do futuro pelo PMI-NY, sendo a única na área esportiva. Também foi finalista do prêmio SportBiz Latam Executiva do ano em 2020. Atuou junto a grandes eventos como Copa do Mundo em 2014, Jogos Olímpicos Rio 2016 e Jogos Olímpicos da Juventude em Buenos Aires 2018, mais recentemente (2019-2021) atuou no futebol como Gerente Executiva de Operações do Sport Club Internacional e atualmente (2021) é consultora no Projeto de Transição de Gestão da Arena do Grêmio. 7 Marina Tranchitella Sumário Apresentação8 Unidade 1 Essência e ecossistema 9 Tópico 1 O que é essencial 10 Tópico 2 Ecossistema do futebol 16 Referências 25 Unidade 2 O nascimento de uma infraestrutura de um clube de futebol 27 Tópico 1 Da concepção à construção 28 Tópico 2 Infraestrutura lucro ou prejuízo financeiro? 40 Lista de figuras 48 Referências 49 Unidade 3 Como operar uma infraestrutura de clube de futebol 51 Tópico 1 Operação da infraestrutura dos clubes de futebol 52 Tópico 2 Comunicação e gestão de pessoas 60 Referências 69 Unidade 4 O matchday e boas práticas gerenciais 70 Tópico 1 Operação matchday 71 Tópico 2 Boas práticas gerenciais 78 Referências 88 Glossário 89 8 Gestão de Infraestruturas em Clubes de Futebol aPreSentação O futebol representa, no Brasil, uma parcela significativa da chamada indústria do esporte (setores da economia que envolvem produtos e serviços relacionados ao esporte). O aumento da demanda por produtos e serviços do futebol fez com que esse segmento esportivo passasse a movimentar quantias cada vez maiores de recursos financeiros; com isso, as organizações esportivas estão tendo, inevitavelmente, que pensar na capacitação dos seus profissionais. Pensar em uma formação voltada especificamente para o futebol, de forma acessível, gratuita e de qualidade, tanto na dimensão da gestão como na área técnica desportiva, é fundamental para a promoção da empregabilidade no mercado do futebol, para o sucesso das organizações esportivas e, consequentemente, para o desenvolvimento do esporte nacional. Nesse sentido, a Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania, por intermédio da Secretaria Nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor (SNFDT), estabeleceu o Programa Academia e Futebol, que, em parceria com o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), tem como objetivo desenvolver e ofertar, para todo o Brasil, cursos de formação inicial e continuada, presencial e a distância, em diversas dimensões da gestão e da área técnica do futebol e de suas variações. Como produto de cada curso ofertado, o Programa Academia e Futebol publica um livro com finalidade didática, desenvolvido com rigor técnico e científico por profissionais com destaque no cenário nacional. O presente livro é relativo ao curso Gestão de Infraestruturas em Clubes de Futebol, que tem por finalidade abordar conceitos e cenários relacionados à gestão das instalações e equipamentos de clubes de futebol. A implementação e a gestão de infraestruturas nessas organizações do esporte têm ganhado importância a cada dia no cenário esportivo mundial, pois têm se demonstrado como altamente necessárias para a formação e preparação adequada de atletas e equipes, bem como para a ampliação das receitas dos clubes e consequente aquisição e manutenção de competitividade esportiva. Espera-se que as ações de promoção e difusão do conhecimento do Programa Academia e Futebol alcancem a todos que almejavam, buscavam ou aguardavam por formação pública, gratuita, acessível e de qualidade nas áreas do futebol e do futsal e variações. 9 Marina Tranchitella unidade 1 Essência e ecossistema Caro leitor, Esta é a nossa primeira unidade do livro Gestão de Infraestrutura em Clubes de Futebol. Vamos iniciar nossos estudos tentando compreender a essência e o ecossistema do futebol. Começaremos com uma reflexão sobre as nuances que envolvem a gestão de uma infraestrutura, passando pelo cenário macro do futebol, as organizações que regem a modalidade, o histórico do desenvolvimento das infraestruturas e os modelos de negócio existentes. Será um grande prazer tê-lo conosco nesses encontros. Juntos, desvendaremos essa apaixonante modalidade. Bons estudos! Objetivos � Identificar as nuances da gestão de uma infraestrutura; � Conhecer o cenário macro do futebol; � Estudar as entidades que regem a modalidade; � Compreender o histórico do desenvolvimento das infraestruturas; � Reconhecer os modelos de negócio existentes. 10 Gestão de Infraestruturas em Clubes de Futebol o que é eSSencial O objetivo deste primeiro tópico de nossa unidade 1 é fazer com que você compreenda as nuances que envolvem a gestão de uma infraestrutura. E, para que isso aconteça, começaremos com uma provocação: você já parou para pensar que toda infraestrutura é, em si mesma, inanimada? As pessoas que nela operam são quem, de fato, conferem vida a ela, regulando-a e moldando-a. Figura 1 – Dois componentes das nuances da gestão de uma infraestrutura Fonte: Elaborada pela autora. Pois é! O questionamento abordado acima, se levarmos em consideração as pessoas e a infraestrutura, pode ser transcrito para o nosso dia a dia como: quantas vezes você preferiu jogar no campo de várzea com seus amigos, em vez que locar aquele campo society onde o serviço era ruim? Quando pensamos em gestão de uma infraestrutura, temos sempre que lembrar que é preciso ter como prioridade as pessoas, pois sem elas nada acontece. Muito bem! Avançando e dando seguimento à provocação inicial, é preciso destacar que, quando falamos em pessoas, devemos imediatamente pensar em propósitos. UNIDADE 1 Tópico 1 11 Marina Tranchitella Figura 2 – Três componentes das nuances da gestão de uma infraestrutura Fonte: Elaborada pela autora. Vamos fazer um exercício juntos. Pense em você nesse exato momento: qual é o propósito deste curso para você? Preencha a frase abaixo. Atenção: as opções de resposta podem ser as mais variadas possíveis; o importante aqui é ser sincero. Eu fiz esse curso com o propósito de , porque eu quero ; isso é importante para mim porque e alcançando isso eu me sentiria . Vamos preencher o quadro, de modo ilustrativo, para que possamos continuar com nossa linha de raciocínio. Eu fiz esse curso com o propósito de , porque eu quero ; isso é importante para mim porque e alcançando isso eu me sentiria . é meu sonho de criança trabalhar com futebol me capacitar realizado Na verdade, perceba que, na maioria das vezes, nossas tomadas de decisão estão direta ou indiretamente relacionadas com a nossa satisfação e realização; o que, em outras palavras, poderia ser traduzido pela busca da felicidade. 12 Gestão de Infraestruturas em Clubes de Futebol Retomemos então nossa sequência: a gestão de infraestrutura está relacionada à gestão de pessoas, a qual, por sua vez, tem relação com diferentes propósitos que se resumem na felicidade que cada qual busca para si. Figura 3 – Quatro componentes das nuances da gestão de uma infraestrutura Fonte: Elaborada pela autora. O interessante filme Eu maior é um documentário de Fernando Schultz e Paulo Schultz, e aborda reflexões coletivas por meio de entrevistas com pessoas de diferentes áreas de atuação. O filme trata sobre questões da sociedade contemporânea e sobre a busca pela felicidade. Para assistir ao filme, acesse o link: https://www.youtube.com/ watch?v=V0gquwUQ-b0. Acesso em: 21 ago. 2021. https://www.youtube.com/watch?v=V0gquwUQ-b0 https://www.youtube.com/watch?v=V0gquwUQ-b0 13 Marina Tranchitella Ao longo do livro, buscaremos compreender que diferentes aspectos relacionados à gestão de infraestruturas passarão invariavelmente pela gestão de pessoas. Lembre-se do que foi dito logo no início: a infraestrutura de um clube de futebol é inanimada, e quem dá vida a esse ambiente são as pessoas que ali estão. Gerir pessoas é, portanto, gerir propósitos. Por isso, identificar as diferentes necessidades e expectativas é fundamental para se alcançar o sucesso. O futebol, apesar de ter uma imagem de muito glamour, também tem, por trás dessa vitrine, um palco inesgotável de melindres, vaidades, egos, medos. Lembre-se que todo excesso esconde uma vulnerabilidade. Cabe aqui trazer uma frase de efeito, mas muito elucidativa, do neurocientista Pedro Calabrez (2020): “Teu ego é dotamanho da tua fraqueza”. Você já ouviu falar no efeito Dunning – Kruger? Dunning e Kruger são dois cientistas que descobriram um fenômeno muito importante: quanto mais incompetente é uma pessoa, mais ela se acha incrível naquilo em que ela, na verdade, é incompetente. Pessoas que são, de fato, competentes, sabem muito bem que ainda têm muito a aprender. Isso não as impede de serem muito confiantes (DUNNING, 2011). Não nos esqueçamos que, até os dias atuais, o ambiente político e passional, na maioria dos clubes, se sobrepõe ao ambiente profissional. A cultura e as superstições também entram em cena com muita frequência, para não dizer diariamente. É salutar, por exemplo, compreender que muitas pessoas cruzarão seu caminho com a tendência de acharem que sabem mais do que você, seja pelo fato de estarem no clube há mais tempo, por herança familiar ou, ainda, pelo simples fato de serem torcedores. Se você almeja ser um profissional destacado nesse ambiente, é inteligente entender de que forma esses fatores implicam na solução dos desafios e, consequentemente, no resultado do seu trabalho. Se você tem curiosidade sobre o tema que envolve a superstição no esporte, leia a dissertação de mestrado de Erasmo Marcelo Damiani, disponível em: https://repositorio.ufsc. br/xmlui/bitstream/ handle/123456789/103031/226545. pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 21 ago. 2021. 14 Gestão de Infraestruturas em Clubes de Futebol O físico, astrônomo, professor e escritor brasileiro Marcelo Gleiser (2014) propõe uma metáfora muito feliz sobre a questão da vaidade humana em relação ao conhecimento. Ele relata que tudo o que a gente conhece está numa ilha e que essa ilha é cercada pelo desconhecido. À medida que o conhecimento vai avançando, essa ilha vai crescendo; mas, à medida que ela cresce, cresce também a margem que ela faz, a fronteira com o desconhecido. Ou seja, quanto mais a gente conhece sobre as coisas, mais a gente desconhece também. Então, a nossa visão do mundo é, necessariamente, incompleta, e devemos viver com essa sabedoria. Isso não nos torna menos humanos. Na realidade, nos torna mais humanos e menos deuses. Apesar de sua complexidade, não queremos que fatores como os expostos acima sejam fonte de desmotivação; pelo contrário, queremos que sejam suficientes para te desafiar. E, por meio de exemplos práticos, vamos ajudar você a compreender de que modo navegar nesse mundo de altos e baixos, de modo a manter o máximo de estabilidade, com constância e consistência, sendo eficiente e eficaz. Figura 4 – Definição de constância e consistência, eficiência e eficácia Fonte: Elaborada pela autora. Ainda que tenhamos bastante repertório para dividir, é evidente que dificilmente conseguiríamos explanar aqui todas as nuances que impactam o ecossistema do futebol, modalidade com entropias veladas e históricas. Pensemos no Lifelong Learning, um termo em inglês que significa “aprendizado ao longo da vida”. Fazendo uma analogia, poderíamos dizer que você está prestes a iniciar o Soccerlong Learning, “aprendizado ao longo do futebol”. Portanto, nosso objetivo não é o de esgotar o tema, mas sim de compartilhar experiências vivenciadas ao longo de nossa atuação em infraestruturas de clubes 15 Marina Tranchitella de futebol, para que você possa usá-las como referência. Afinal, o mundo do futebol é, sob a ótica de quem o opera, muito distinto daquele que aparece pela ótica do torcedor. E, uma vez vivenciado esse lado, dificilmente sua visão de torcedor será a mesma. Ufa! Bastante teoria, não é mesmo? Mas como aplicar tudo isso no dia a dia? Então, anota aí nosso primeiro exemplo prático: Você é o segurança que está no controle de acesso ao campo. Um jornalista se aproxima e solicita entrada, alegando que tem uma entrevista com um diretor do clube que se encontra em campo. Ele não está credenciado e você não consegue contato para verificar sua procedência com um funcionário superior. Você pede para ele aguardar e segue tentando contato. Ele se exalta, tenta entrar e você se vê diante de uma situação na qual deve tomar uma decisão. Quando se deparar com uma situação em que você não tem certeza de como proceder, ou sobre o que é correto e ético a ser feito, faça três perguntas essenciais: Figura 5 – Perguntas norteadoras para tomada de decisão Fonte: Elaborada pela autora. Se duas ou mais respostas forem positivas, avance. Se duas ou mais respostas forem negativas, recue. Eu posso deixá-lo acessar o campo? Fisicamente sim. Vamos avançar para o próximo tópico onde estudaremos o cenário do futebol, as entidades que regem a modalidade, o histórico do desenvolvimento das infraestruturas e os diferentes modelos de negócio. Esperamos ter uma jornada leve, de troca de conhecimento, porque tão importante quanto tratar de temas complexos com seriedade é não se esquecer de se divertir no caminho. Preparado? 16 Gestão de Infraestruturas em Clubes de Futebol ecoSSiStema do futebol Neste segundo tópico da nossa unidade 1, refletiremos um pouco sobre o cenário do futebol e os principais conceitos que implicam na gestão de infraestruturas. Para isso, primeiramente, é importante que você conheça a cadeia hierárquica do futebol e a relação das entidades que governam a modalidade, para que depois possamos adentrar no histórico do desenvolvimento das infraestruturas dos estádios e nos modelos de negócio existentes. Vamos lá? A seguir, você conhecerá a pirâmide do esporte. No lado azul, você pode observar as entidades que gerenciam o esporte, divididas por limites geográficos e, no lado amarelo, os principais produtos de cada nível. Figura 6 – Pirâmide do esporte Fonte: Elaborada pela autora. UNIDADE 1 Tópico 2 17 Marina Tranchitella Outro conhecimento importante para que possamos aprofundar nosso estudo é entender a hierarquia do futebol representada na imagem a seguir. Ao lado direito, também apresentamos os principais produtos de cada entidade, que possuem peculiaridades e exigências distintas. Figura 7 – Linha do futebol e seus produtos Fonte: Elaborada pela autora. Um ponto importante a destacar é que, na linha do futebol apresentada, consideramos os clubes e não as seleções. Por isso, na imagem, aparece o Mundial de Clubes como produto da Federação Internacional de Futebol (FIFA), enquanto a Copa do Mundo figuraria nas seleções nacionais. Outro fato curioso é que, se o tema for futebol de seleções, a maioria das pessoas visualiza a Copa do Mundo como sendo a maior competição da modalidade, quando, na verdade, o futebol olímpico ocuparia este espaço. Isso mostra a força que o produto da Federação Internacional, conhecida como FIFA, possui perante os apaixonados por futebol. No Brasil, algo parecido acontece: muitas vezes a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) tem maior visibilidade que o próprio Comitê Olímpico Brasileiro (COB). Saiba mais sobre a estrutura da FIFA e da CBF acessando os links: https://www.fifa.com/who-we-are/ https://www.cbf.com.br/a-cbf/ diretoria/index/diretoria. Acesso em: 21 ago. 2021. https://www.fifa.com/who-we-are/ https://www.cbf.com.br/a-cbf/diretoria/index/diretoria https://www.fifa.com/who-we-are/ https://www.cbf.com.br/a-cbf/diretoria/index/diretoria https://www.fifa.com/who-we-are/ https://www.cbf.com.br/a-cbf/diretoria/index/diretoria 18 Gestão de Infraestruturas em Clubes de Futebol A CBF é a entidade máxima do futebol no país. Foi fundada em 24 de setembro de 1979 e tem sede no Rio de Janeiro, coordenando, por meio de suas 27 Federações Estaduais, a modalidade no Brasil. A CBF também tem o papel de assegurar condições de infraestrutura para que seus produtos possam ser viabilizados.No decorrer do nosso estudo, você conhecerá os requisitos necessários para sediar um jogo de futebol, bem como para operar o dia do jogo (matchday). Contudo, agora, vamos avançarno histórico das infraestruturas dos clubes de futebol. Quando analisamos estádios ao longo da história, podemos identificar que, inicialmente, eles eram designados para as classes econômicas mais altas da sociedade. Os estádios passaram, com a popularização do futebol, a ser um ambiente mais democrático e que obrigatoriamente deve acomodar um número maior de espectadores. Como apresenta Cruz (2005) em seu estudo, somente espectadores das classes mais altas e dirigentes dos clubes possuíam assentos cobertos para acompanhar a partida, no passado. O restante dos espectadores assistia às partidas em pé nos chamados terraces. Curioso é pensar que, atualmente, os estádios voltaram a ter esses espaços sem assentos por solicitação de um determinado perfil de torcedor, que alega que a atmosfera de jogo é melhor quando se assiste e torce em pé. Pois bem! Dando continuidade à questão histórica, é possível entender que, com um número crescente de pessoas em um mesmo lugar, os estádios passaram a ficar atrativos para os políticos. No Brasil, na década de 1950, foram construídos estádios com grande capacidade de público, por meio de investimento estatal, tais como o Maracanã, Morumbi e Mineirão. Na década de 70, durante o Regime Militar, foi a vez do Governo Federal construir estádios como o Vivaldão, em Manaus, e a Fonte Nova, em Salvador, utilizando o futebol como instrumento de propaganda política (VALERIO; ALMEIDA, 2016). É fato inconteste que os estádios são palcos de verdadeiras expressões sentimentais e simbolizam marcos históricos na vida pessoal de muitos brasileiros. Na memória mais recente, temos os estádios construídos e/ou reformados para a Copa do Mundo em 2014, ainda com bastante influência do poder público, mas também com reforço de empresas privadas. Ainda no século passado, com o avanço da profissionalização do futebol, ficou evidente a necessidade da adequação dos estádios, de modo a se tornarem mais confortáveis, modernos e, sobretudo, seguros. Vamos abordar melhor esse tópico na próxima unidade. 19 Marina Tranchitella No Brasil, a recente Política Nacional de Infraestrutura de Esporte (2019) veio somar à Política Nacional do Esporte, discorrendo sobre os princípios, objetivos e instrumentos, bem como sobre as diretrizes relativas ao acompanhamento e monitoramento da implantação e manutenção da infraestrutura esportiva no Brasil. Um clube de futebol pode ter registrado, como partes de sua infraestrutura, locais administrativos, Centros de Treinamento (conhecidos como CT), clubes sociais e, propriamente, o estádio. Os Centros de Treinamentos (CT) de futebol caracterizam os espaços físicos utilizados para a realização de treinos com jogadores da equipe principal ou de categorias de base. Já o estádio de futebol é, segundo o Programa de Esporte, Cidadania e Desenvolvimento (2019), uma edificação esportiva destinada prioritariamente à prática do futebol, configurado pela existência concomitante de: � área de jogo gramada com dimensões oficiais; � arquibancada com condições de assistência ao público; � instalações adequadas destinadas a serviços e apoio à prática do esporte como: − banheiros; − vestiários; − ambulatórios; − depósitos; − áreas administrativas; − restaurantes/lanchonetes; − demais áreas de serviço e apoio. 20 Gestão de Infraestruturas em Clubes de Futebol No Brasil, a CBF realizou, em 2016, um levantamento no qual foram registrados 789 estádios, distribuídos conforme a figura a seguir: Quadro 1 – Distribuição dos estádios no Brasil Fonte: CBF (2016, p. 6) Excelente! Você agora sabe como nasceram as infraestruturas do esporte, o seu conceito e a quantidade de estádios que possuímos no Brasil. Mas como você acha que devemos gerenciá-los? Será que existe uma “receita de bolo” para isso? Pinto e Sarmento (2009) afirmam que a procura por um modelo ou fórmula ideal de gestão das instalações esportivas originou modelos distintos, apresentados na figura a seguir: Quadro 2 – Modelos de gestão de infraestruturas esportivas Gestão pública ou direta Feita pela própria entidade local, por uma organização local ou sociedade cujo capital pertence integralmente à entidade local. Gestão indireta A gestão é efetuada por uma organização pública de natureza privada, como clubes, associações ou empresas. Suas formas mais usuais são a concessão, a gestão interessada, o contrato e a sociedade de capital misto. Gestão privada Forma conhecida em que a lógica dominante se restringe ao lucro, às regras do mercado livre e ao acesso condicionado a determinados setores sociais e econômicos. Fonte: Adaptado de Pinto; Sarmento (2009) apud Amaral (2019, p. 73). Todos esses modelos podem e são aplicados à uma infraestrutura de um clube de futebol. No Brasil, o termo mais usual para a gestão indireta é PPP, sigla que representa a parceria entre o sistema público e a iniciativa privada. Dos 789 estádios mapeados pela CBF, mais de 60% são administrados pela gestão pública; os demais 21 Marina Tranchitella estão sob gestão privada ou PPP, agrupados e nomeados como particulares (conforme aponta o estudo). Figura 8 – Proprietários dos estádios brasileiros Fonte: Adaptada de CBF (2016, p. 4) Focando nas infraestruturas de maior representatividade do futebol brasileiro, apresentamos a seguir alguns dos estádios que se enquadram em cada um dos modelos citados. Vale lembrar que os estádios com gestão pública são utilizados por diferentes clubes, como, por exemplo, o Maracanã, que tem seus mandos de jogos por vezes com o Flamengo e, por vezes, com o Fluminense. Figura 9 – Exemplo dos modelos de gestão de infraestruturas esportivas Fonte: Elaborada pela autora. Os estádios que estão sob gestão com modelos de PPP são, em sua grande maioria, administrados por três players: o clube, a construtora e uma terceira 22 Gestão de Infraestruturas em Clubes de Futebol empresa constituída para realizar a gestão após a reforma da infraestrutura pela construtora, ficando atrelado a uma contrapartida de exploração durante um determinado período de concessão de uso do espaço. O Estádio Beira-Rio teve sua reforma realizada pela Construtora Andrade Gutierrez e o Banco BTG Pactual. A construtora e o banco criaram a BRIO (SPE Holding Beira-Rio S/A), sua representante nos investimentos e na parceria com o Sport Club Internacional, no modelo de gestão compartilhada. Por 20 anos, a BRIO explorará alguns ativos, como áreas VIPs (áreas privilegiadas do estádio), A&B (Alimentação e Bebida) e propriedades comerciais. De forma semelhante, o Grêmio possui a Arena Porto-Alegrense, empresa criada pela OAS e responsável pela gestão do estádio, pagamento dos financiamentos da construção junto ao BNDES e pelos custos da operação de jogos (funcionários / serviços...). Em contrapartida, a Arena Porto-Alegrense recebe a renda dos jogos e explora publicidade e espaços VIPs. O Complexo Esportivo do Pacaembu, localizado em São Paulo, que foi de propriedade da Prefeitura, passou em setembro de 2019 a ser oficialmente administrado pela iniciativa privada (concessionária Allegra Pacaembu), com direito de exploração de 35 anos. A Vila Belmiro, com o Santos, também negocia com a construtora WTorre uma reforma com período de concessão de 30 a 35 anos. Nosso objetivo não é o de nos aprofundarmos na constituição dos clubes de futebol. Contudo, por serem conceitos que se entrelaçam com os modelos de 23 Marina Tranchitella negócio de gestão das infraestruturas, conforme apresentado antes, achamos válidas tais colocações, para que você possa assimilar ao máximo os conhecimentos abordados neste livro. Pois bem! A grande maioria dos clubes brasileiros são, até os dias de hoje, clubes associativos, isto é, sem fins lucrativos, sob grande influência dos sócios e com eleições estatutárias a cada dois ou três anos. Mas, certamente, você tem ouvido falarbastante em clube empresa, não é mesmo? O clube empresa é constituído legalmente como uma empresa limitada, com um dono claramente definido, que investe e quer retorno, e que se enquadra na lei com toda a tributação específica de empresa. E existe um modelo ideal? Haja visto o que os pesquisadores Pinto e Sarmento (2009) já disseram acerca do modelo de gestão de infraestruturas, não existe um modelo único. É preciso estudar caso a caso. Não há uma constituição certa ou errada no futebol mundial. Existem evidências de clubes associativos com grande sucesso, como Real Madrid e Barcelona, e empresariais, como Manchester City e PSG. O tema clube empresa está em voga no Brasil hoje, pois a modalidade passa por extrema necessidade de profissionalização. Mas é um ledo engano pensar que o simples fato de se tornar uma empresa é já uma garantia de profissionalização. Mais do que a forma de constituição, associativa ou empresarial, o que define em grande parte o sucesso é a governança que se faz dentro do modelo escolhido. Caso você queira estudar mais sobre a governança no futebol brasileiro, indicamos a leitura dos seguintes materiais: − Governança e Desempenho nos Clubes Brasileiros de Futebol. Disponível em: https://congressousp.fipecafi.org/anais/18UspInternational/ ArtigosDownload/1042.pdf. − Práticas de Governança Corporativa em Organizações sem Fins Lucrativos. Disponível em: https://congressousp.fipecafi.org/anais/ artigos92009/432.pdf. − Governança Corporativa no Futebol Profissional: Estudo de Caso em um Clube de Futebol. Disponível em: https://bdtd.ibict.br/vufind/Record/ USP_f63fba4d0fc227a22f32d9ded5e34245. Acesso em: 21 ago. 2021. https://congressousp.fipecafi.org/anais/18UspInternational/ArtigosDownload/1042.pdf https://congressousp.fipecafi.org/anais/18UspInternational/ArtigosDownload/1042.pdf https://congressousp.fipecafi.org/anais/artigos92009/432.pdf https://congressousp.fipecafi.org/anais/artigos92009/432.pdf https://bdtd.ibict.br/vufind/Record/USP_f63fba4d0fc227a22f32d9ded5e34245 https://bdtd.ibict.br/vufind/Record/USP_f63fba4d0fc227a22f32d9ded5e34245 24 Gestão de Infraestruturas em Clubes de Futebol Insistimos em dizer que profissionalizar não é inserir uma caixinha de CEO no organograma do clube. Mudar o dia a dia do clube, o mindset, isto é, a mentalidade e a forma como o clube desenvolve sua função, é muito mais relevante do que propriamente o enquadramento jurídico perante os quais estão submetidos os clubes. Caso você queira estudar mais sobre o tema clube empresa, indicamos a leitura do livro O mito do clube-empresa, de Luciano Mota, ou dos materiais a seguir: − PL n°5082/2016, do Deputado Pedro Paulo. Disponível em: https://www. camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2082511. − PL n° 5516/2019, do Senador Rodrigo Pacheco e advogados Rodrigo R. M. de Castro e José Francisco C. Mansur. Disponível em: https://www25. senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/139338. Acesso em: 21 ago. 2021. O futebol urge por profissionalização para sobreviver. Entender como a modalidade é regida no Brasil, bem como o modelo de negócio e de gestão de suas infraestruturas, é de extrema importância, pois impacta diretamente na forma como se dá a relação com os stakeholders (partes interessadas) e no modo como se planeja uma operação com a melhor relação custo-benefício. Na próxima unidade, estudaremos os elementos que estão presentes na construção de uma infraestrutura de um clube de futebol, e como tornar viável sua sustentabilidade econômico-financeira. Não se preocupe com os termos em inglês! Você pode consultar o material de apoio “Lista de Termos” sempre que precisar. Nós preferimos não traduzir alguns termos, pois será dessa maneira que você os ouvirá no seu dia a dia, mesmo em estádios e eventos no Brasil. https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2082511 https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2082511 https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/139338 https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/139338 25 Marina Tranchitella AMARAL, Cacilda Mendes dos Santos. Instalações Esportivas Voltadas ao Esporte de Participação: Proposta de Modelo de Processos de Gestão para a Realidade Brasileira. 2019. 286 f. Tese (Doutorado em Ciências) – Área de Concentração em Estudos Socioculturais e Comportamentais da Educação Física e Esporte, Universidade de São Paulo. São Paulo, 2019. BRASIL. Resolução nº 1, de 20 de novembro de 2019. Aprova a Política Nacional de Infraestrutura de Esporte. Brasília, DF: Ministério da Cidadania (2019). Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-n-1-de-20-de- novembro-de-2019-228863786. Acesso em: 12 out. 2021. CALABREZ, Pedro. O Ego é o Teu Maior Inimigo. Youtube, 2020. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Fx57Ul44vQU. Acesso em: 20 set. 2021. CBF - Confederação Brasileira de Futebol. Cadastro Nacional de Estádios de Futebol. Rev. 6. 2016. Disponível em: https://conteudo.cbf.com.br/ cdn/201601/20160122182359_0.pdf. Acesso em: 30 abr. 2021. CBF - Confederação Brasileira de Futebol. Estrutura da Diretoria da CBF. Disponível em: https://www.cbf.com.br/a-cbf/diretoria/index/diretoria. Acesso em: 05 mar. 2021. CRUZ, Antonio Holzmeister Oswaldo. A nova economia do futebol: uma análise do processo de modernização de alguns estádios brasileiros. 2005. 123 f. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social) – Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Museu Nacional, Universidade Federal de Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2005. DUNNING, D. The Dunning–Kruger effect: On being ignorant of one's own ignorance. American Psychological Association, v. 44, p. 247-296, 2011. FIFA - Federação Internacional de Futebol. About FIFA. Disponível em: https:// www.fifa.com/about-fifa. Acesso em: 05 mar. 2021. GLEISER, Marcelo. A ilha do conhecimento: os limites da ciência e a busca por sentido. 6 ed. Rio de Janeiro: Record, 2014. PINTO, Assunção A.; SARMENTO, José P. Gestão das Instalações Esportivas. Fórum Olímpico de Portugal. Lisboa: 2009. Disponível em: www. gestaodesportivas.com.br/Gestao das Instalações Esportivas.pdf. Acesso em: 05 mai. 2021. POLÍTICA NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE ESPORTE. Diário Oficial da União. Resolução n° 1, de 20 de novembro de 2019. Aprova a Política Nacional de Infraestrutura de Esporte. Disponível em: https://www.in.gov.br/web/dou/-/ resolucao-n-1-de-20-de-novembro-de-2019-228863786. Acesso em: 29 abr. 2021. UNIDADE 1 RefeRências https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-n-1-de-20-de-novembro-de-2019-228863786 https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-n-1-de-20-de-novembro-de-2019-228863786 https://www.youtube.com/watch?v=Fx57Ul44vQU https://conteudo.cbf.com.br/cdn/201601/20160122182359_0.pdf https://conteudo.cbf.com.br/cdn/201601/20160122182359_0.pdf https://www.cbf.com.br/a-cbf/diretoria/index/diretoria https://ludopedio.com.br/autores/antonio-holzmeister-oswaldo-cruz https://www.fifa.com/about-fifa https://www.fifa.com/about-fifa http://www.gestaodesportivas.com.br/Gestao das Instalações Esportivas.pdf http://www.gestaodesportivas.com.br/Gestao das Instalações Esportivas.pdf https://www.in.gov.br/web/dou/-/resolucao-n-1-de-20-de-novembro-de-2019-228863786 https://www.in.gov.br/web/dou/-/resolucao-n-1-de-20-de-novembro-de-2019-228863786 26 Gestão de Infraestruturas em Clubes de Futebol PROGRAMA – ESPORTE, CIDADANIA E DESENVOLVIMENTO (2035). Secretaria Especial do Esporte. 2019. Aprova as Diretrizes Programáticas da Secretaria Especial do Esporte relativas às ações orçamentárias que lastreiam as operações voltadas para a infraestrutura de esporte. Disponível em: https://www.gov. br/cidadania/pt-br/composicao/esporte/infraestrutura-de-esporte/arquivos/ biblioteca-de-projetos-de-referencia/2019_10_02_diretrizes_programaticas.pdf. Acesso em: 21 jul. 2021. VALERIO,Lutiano. D.; ALMEIDA, Marcos Antônio. B. O ESTÁDIO DE FUTEBOL: perspectivas históricas, políticas e econômicas sobre este espaço de prática futebolística. Revista Brasileira de Estudos do Lazer. Belo Horizonte, v. 3, n. 3, p. 100-117, set/dez. 2016. https://www.gov.br/cidadania/pt-br/composicao/esporte/infraestrutura-de-esporte/arquivos/biblioteca-de-projetos-de-referencia/2019_10_02_diretrizes_programaticas.pdf https://www.gov.br/cidadania/pt-br/composicao/esporte/infraestrutura-de-esporte/arquivos/biblioteca-de-projetos-de-referencia/2019_10_02_diretrizes_programaticas.pdf https://www.gov.br/cidadania/pt-br/composicao/esporte/infraestrutura-de-esporte/arquivos/biblioteca-de-projetos-de-referencia/2019_10_02_diretrizes_programaticas.pdf 27 Marina Tranchitella unidade 2 O nascimento de uma infraestrutura de um clube de futebol Caro leitor, Nesta unidade refletiremos sobre a construção e gestão de uma infraestrutura de um clube de futebol. Você já parou para pensar em todos os requisitos necessários para deixar em pé uma infraestrutura? Pois é, são vários! Vamos mergulhar em todos eles, fase a fase, bem como compreender a vida da infraestrutura, no seu dia a dia e em dias de jogos. Esse assunto pode soar um pouco menos atrativo, mas conhecer esses passos é de suma importância. Afinal, sem esse conhecimento nossos eventos não seriam possíveis. Além disso, compreenderemos como viabilizar a sustentabilidade econômico- financeira da infraestrutura de um clube de futebol, explanando os tipos de receitas, despesas e suas formas de exploração. Então, vamos lá? Preparado? Objetivos � Entender as exigências para a construção de estádios por meio da história; � Conhecer os principais requisitos exigidos no Brasil para a construção de estádios; � Identificar as principais fontes de receita e despesa de uma infraestrutura; � Compreender como viabilizar econômico-financeiramente a infraestrutura. 28 Gestão de Infraestruturas em Clubes de Futebol da concePção à conStrução Na última unidade, falamos sobre as infraestruturas relacionadas a um clube de futebol: centros de treinamento, prédios administrativos, clubes sociais e, propriamente, o estádio, edificação esportiva destinada prioritariamente à prática do futebol. Nessa unidade, focaremos na construção do estádio, palco dos grandes jogos. Antes de falarmos sobre os requisitos, isto é, as necessidades exigidas atualmente para liberação da construção e operação de um estádio de futebol, vale realizar um passeio pela história, para compreender os principais marcos que alteraram tais obrigatoriedades, porquanto as mudanças que as infraestruturas sofreram ao longo do tempo estiveram invariavelmente vinculadas aos acidentes que aconteceram no cenário futebolístico. No mundo, o primeiro país a tentar balizar os requisitos mínimos relacionados a essas construções foi também o berço da modalidade, a Inglaterra. Em 1923, o Parlamento Inglês criou o primeiro relatório prevendo medidas para a melhoria das condições nos estádios (GIULIANOTTI, 2002). No entanto, o documento não foi acatado pelos estádios, fazendo com que as tragédias continuassem acontecendo nestes espaços. Após inúmeras tentativas de regulamentação dos estádios, foi lançado, em 1986, o Relatório Popplewell (LA CORTE, 2007); e, em 1990, foi publicado o relatório Taylor Report, usado como referência até os dias atuais. A seguir, destacamos as principais recomendações propostas pelo documento. UNIDADE 2 Tópico 1 29 Marina Tranchitella Figura 10 – Recomendações do Taylor Report Fonte: Adaptada de Taylor Report (1989). No Brasil, infelizmente, tais incidências também aconteceram. Podemos destacar alguns episódios, como o ocorrido em 19 de julho de 1992, quando, lotado para a final do Campeonato Brasileiro entre Botafogo e Flamengo, o Estádio Maracanã teve as grades das arquibancadas, com sinais de desgaste e má conservação, cedidas por não suportarem a pressão dos torcedores, resultando em 3 mortes e 90 feridos. Outro episódio que marcou o futebol brasileiro ocorreu no Estádio São Januário, na final da Copa João Havelange, entre Vasco e São Caetano, no dia 30 de dezembro de 2000. Torcedores do São Caetano começaram a correr em direção à grade que separava a torcida do gramado para fugir de uma briga. Com a pressão gerada, a grade também cedeu, deixando 175 pessoas feridas. Mais recentemente, em 25 de novembro de 2007, num incidente conhecido como a tragédia da Fonte Nova, 7 torcedores que assistiam à partida entre Bahia e Vila Nova morreram ao despencar de uma altura de cerca de 20 metros, após parte da estrutura de concreto da arquibancada do anel superior do estádio ceder. 30 Gestão de Infraestruturas em Clubes de Futebol Assista ao vídeo Memória: Tragédia da Fonte Nova completa 10 anos e reflita sobre a importância da infraestrutura dos estádios. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=NQdMgw4hJ2c. Acesso em: 26 set. 2021. Todos esses tristes fatos levaram o Brasil a também estabelecer regramentos mínimos para que os estádios sediassem jogos. Em 2009, o então Ministério do Esporte implementou o artigo 23 do Estatuto de Defesa do Torcedor, tornando obrigatória a apresentação de mais laudos técnicos. Em 2010, aprofundando o tema, foi implementado, no mesmo documento, novas medidas para o combate à violência, melhoria das condições de acesso e permanência nos estádios. E, em 2013, com a proximidade da Copa das Confederações (ocorrida naquele mesmo ano), da Copa do Mundo FIFA 2014 e dos Jogos Olímpicos Rio 2016, foi apresentado o Guia de Recomendações de Parâmetros e Dimensionamentos para Segurança e Conforto em Estádios de Futebol (2011), adaptando à realidade brasileira os padrões adotados por entidades internacionais, como a Federação Internacional de Futebol Associado (FIFA) e a União das Federações Europeias de Futebol (UEFA). Muito bem! Agora que você já compreendeu os marcos históricos que contextualizaram e que ainda balizam as exigências atuais (no que se refere aos estádios de futebol), podemos dar continuidade ao nosso capítulo, avançando para as fases que fazem parte do processo de construção dos estádios. Por serem projetos com alto grau de complexidade, com grande impacto no cenário para o qual são concebidos (seja por questões legais, ambientais, sociais e/ ou econômicas), toda construção desse porte é realizada em fases. Essas fases se estendem por anos, e vale dizer que o tempo, nesse caso, é inversamente proporcional à qualidade do planejamento. Isto quer dizer que, se houver mudança e/ou inclusões de necessidades dos stakeholders a qualquer momento, se o investimento e o desembolso financeiro estiverem aquém do planejado ou, ainda, não partir de um embasamento legal com os documentos necessários e com seus prazos reais de vencimento, inevitavelmente o tempo do projeto se estende, o que, quase sempre, faz aumentar também o custo da obra. Aqueles que já tiveram algum contato com a área de projetos conhecem bem o triângulo de ferro: em cada um dos vértices do triângulo existe um fator primordial para a entrega e sucesso do projeto; se um deles é alterado, os outros também são impactados. https://www.youtube.com/watch?v=NQdMgw4hJ2c 31 Marina Tranchitella Figura 11 – Triângulo de ferro Fonte: Adaptada de PMBOK Guide (2017). Portanto, para que o desenvolvimento dessas fases ocorra de forma saudável e sem grande prejuízo em relação ao prazo e aos recursos planejados, é preciso que se estabeleça um bom planejamento. Em relação aos estádios de futebol, listamos alguns pontos principais para que se inicie o planejamento de sua construção. Figura 12 – Planejamento da construção de um estádio Fonte: BRASIL (2011). O primeiro passo para a construção de qualquer obra é fazer um levantamento topográfico planialtimétrico cadastral do terreno. No caso de uma infraestrutura para o esporte, esse terreno deveincluir não só as áreas destinadas à modalidade, mas também as áreas necessárias para estacionamentos, circulação de pedestres e veículos, acessos diferenciados exigidos, além de espaço para áreas técnicas complementares que necessitam ser planejadas próximas ao estádio. 32 Gestão de Infraestruturas em Clubes de Futebol De acordo com a Política Nacional de Infraestrutura de Esporte (2019), um estádio é composto da área de jogo, com dimensões oficiais; arquibancada com condições de assistência ao público; e instalações adequadas destinadas a serviços e apoio à prática do esporte (como banheiros; vestiários; ambulatórios; depósitos; áreas administrativas; restaurantes/lanchonetes e demais áreas de serviço e apoio). Figura 13 – Exemplo de áreas operacionais de uma infraestrutura Fonte: FIFA (2011). Além de planejar as áreas, é importante planejar os fluxos de pessoas e veículos. Quando falamos de fluxos, podemos, por exemplo, pensar nas zonas de segurança. Faz sentido planejar esses controles considerando o fluxo que acontece de fato, isto é, de fora da infraestrutura para dentro. Na figura a seguir, apresentamos desde a fronteira do país (perímetro necessário em jogos com trânsito de pessoas, torcedores ou atletas internacionais), até a área de competições (campo de jogo), palco do espetáculo. 33 Marina Tranchitella Figura 14 – Perímetros e áreas de controle da infraestrutura Fonte: Elaborada pela autora. Fluxos cruzados também são problemáticos para a operação de infraestruturas. Saídas de emergência devem estar mapeadas, testadas e desobstruídas. Infelizmente, o Brasil também registra incidentes relacionados a isso: em 17 de outubro de 2012, na Vila Belmiro, um desnível de cerca de um metro entre o campo e o saguão do estádio impediu que a ambulância entrasse no gramado e fosse até o atleta que estava desmaiado, demorando cerca de dez minutos para que ela deixasse o estádio a caminho do hospital. Após o acidente, o Santos, proprietário do estádio, mudou o portão de acesso de ambulâncias. Relatos da época contam que jogadores angustiados chegaram a retirar as placas de publicidade no intuito de viabilizar a entrada da ambulância em campo. Para que os fluxos funcionem de maneira eficaz, é preciso também planejar os controles de acesso aos perímetros e áreas, evitando circulação de pessoas e veículos em locais indevidos. Nesse sentido, torna-se impreterível um organizado sistema de credenciamento com um apoio visual para os acessos, conhecido como gabarito ou espelho. Além disso, é preciso planejar os acessos aos perímetros e áreas, conforme podemos ver na figura a seguir: 34 Gestão de Infraestruturas em Clubes de Futebol Figura 15 – Acessos à infraestrutura, serviços de emergência e acessibilidade Fonte: Elaborada pela autora, com fotos de Governo Federal Brasileiro (CC BY-SA 3.0) e André Gustavo Stumpf (CC BY 2.0)/Wikimedia Commons; e Agência Brasil (2014). Planejar uma operação para um estádio de futebol é algo complexo e deve, sim, ser pensado de modo individualizado, conforme o contexto. No entanto, existem operações padronizadas que se repetem, independentemente de onde esteja localizada a infraestrutura. Diante disso, parece-nos factível que se tenha um padrão de funcionamento entre infraestruturas similares; mas o fato é que ainda carecemos de documentos que balizem, por exemplo, o dimensionamento de espaço x serviço x número de staff (força de trabalho) x número de público a ser atendido. A maioria dos cálculos atuais versam sobre questões de segurança e evacuação das infraestruturas; como, por exemplo, a inclinação das arquibancadas, com recomendação de um ângulo máximo de 34º de inclinação, para que não se tornem perigosas nem desconfortáveis a ponto de criarem uma sensação de vertigem. Alguns poucos materiais trazem tópicos que versam sobre outros assuntos. A seguir exemplificaremos dois deles: O primeiro exemplo que podemos encontrar é referente ao tamanho de área de estacionamento necessário para carros e ônibus. O estacionamento pode ser projetado para comportar uma área aproximada de 10 mil m2 para 400 carros ou 138 ônibus. Esta área total está relacionada ao cálculo apresentado na figura a seguir: https://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0 https://creativecommons.org/licenses/by/2.0 35 Marina Tranchitella Figura 16 – Cálculo previsto para determinação da área de estacionamento Fonte: BRASIL (2011, p. 51). Outro exemplo é relativo aos sanitários, que em estádios de futebol são utilizados com maior demanda em pequenos períodos. Deve-se calculá-los com cuidado, para atender a contento, podendo-se adotar o dimensionamento proposto a seguir: Figura 17 – Quantitativo mínimo de sanitários para homens e mulheres Fonte: BRASIL (2011, p. 141). Ambas as referências supracitadas foram retiradas do Guia de Recomendações de Parâmetros e Dimensionamentos para Segurança e Conforto em Estádios de Futebol, do Ministério do Esporte (2011). Outro material que é utilizado comumente como referência é chamado de Green Guide – Guide to Safety at Sports Grounds, do Departamento de Cultura (2008), Mídia e Esporte, do governo do Reino Unido. 36 Gestão de Infraestruturas em Clubes de Futebol Atualmente, podemos observar a construção do estádio do Clube Atlético Mineiro, conhecido como Galo. Acesse os links a seguir e assista aos vídeos: Mais um gigante no campo da Arena MRV. Disponível em: https://www. youtube.com/watch?v=LIkr1jxAVZ4&t=8s. Acesso em: 21 ago. 2021. Arena MRV: feita de paixão. Disponível em: https://www.youtube.com/ watch?v=BhENXQJX_Zg&t=204s. Acesso em: 21 ago. 2021. São muitos os aspectos que devem ser planejados para que se alcance uma infraestrutura ideal, não só do ponto de vista estético como também do ponto de vista operacional. Lembra quando falamos, ainda na primeira unidade, sobre gerenciar as necessidades e expectativas de cada pessoa? Pois bem, é um exercício se colocar no lugar de cada cliente que consumirá o estádio para que consigamos projetar o maior número de soluções possíveis. Por exemplo: os estádios são planejados na orientação norte-sul a fim de não atrapalhar os goleiros com a incidência de raios solares diretos. E, por serem o principal cliente da infraestrutura quando o tema é uma partida de futebol, faz sentido atender a essa demanda. No entanto, quando pensamos na operação como um todo, não podemos esquecer dos outros clientes, como a imprensa e os clientes VIPs. É preciso planejar o local da mídia para que não exista sombras no campo durante o jogo. É preciso também alocar os VIPs em assentos, os quais deverão estar resguardados da incidência de luz solar. Mas se, por um lado, as pessoas não querem a incidência de sol, quando o assunto é gramado natural, a questão muda de foco. É preciso um planejamento minucioso para conseguir manter a qualidade da grama em todas as estações do ano e em conformidade com um calendário de jogos que, para clubes da série A, pode chegar a 35 por ano, em casa. Um aspecto bastante relevante quando se planeja a construção de uma infraestrutura, já citado brevemente no início da unidade, é relativo ao impacto social Acesse o vídeo a seguir e veja como é realizado o tratamento do gramado de um campo de futebol. Disponível em: https:// www.youtube.com/ watch?v=EsT9BykMtB8. Acesso em: 21 ago. 2021. https://www.youtube.com/watch?v=LIkr1jxAVZ4&t=8s https://www.youtube.com/watch?v=LIkr1jxAVZ4&t=8s https://www.youtube.com/watch?v=BhENXQJX_Zg&t=204s https://www.youtube.com/watch?v=BhENXQJX_Zg&t=204s https://www.youtube.com/watch?v=EsT9BykMtB8 https://www.youtube.com/watch?v=EsT9BykMtB8 https://www.youtube.com/watch?v=EsT9BykMtB8 37 Marina Tranchitella e ambiental trazido por ela. A realização de estudos de impactos está prevista pelo art. 225, §1º, IV, da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, como um requisito essencialpara a infraestrutura ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, objetivando evitar danos futuros e irreversíveis. Não vamos discorrer sobre o tema, mas, caso você tenha interesse em entender o tamanho de uma obra como a de um estádio de futebol, você pode acessar o site do Clube Atlético Mineiro, que está construindo seu próprio estádio, e observar as fases que já citamos ao longo do nosso estudo. Muito bem! Já passeamos pelas fases de construção dos estádios e de seus requisitos estruturais; a seguir, listamos os principais requisitos legais, isto é, que implicam na viabilidade operacional da infraestrutura de um clube de futebol. Vale dizer que, principalmente no que se refere aos laudos citados abaixo, há a exigência de diversos documentos para que se tenha a aprovação da construção. Quadro 3 – Documentos necessários para a viabilidade operacional de uma infraestrutura de clube de futebol Carta de Habitação IPTU Licença Operacional (LO) Alvará de Funcionamento Alvará PPCI Alvará Sanitário Licenciamento Ambiental dos Veículos de Divulgação (VD) Apólice de Seguro do Estádio Patrimonial e de Responsabilidade Civil Laudo Estrutural do Estádio Laudo de Vistoria de Engenharia e Acessibilidade e Conforto Laudo de Segurança Laudo de Prevenção e Combate de Incêndio e Pânico Laudo de Condições Sanitárias e de Higiene Seguro Patrimonial Seguro de Responsabilidade Civil Fonte: Elaborado pela autora. 38 Gestão de Infraestruturas em Clubes de Futebol Você poderá aprofundar seus estudos consultando as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), recomendações e instruções técnicas da Polícia Militar, do Corpo de Bombeiros, das organizações de Defesa Civil. Além disso, também pode estudar as legislações ambientais, de proteção ao patrimônio edificado, urbanísticas e de edificações vigentes, nos níveis municipal, estadual e federal aplicáveis em cada situação. Acesse os links a seguir: http://www.federacaopr.com.br/Recursos/pdf/legislacao/6.pdf. http://arquivo.esporte.gov.br/arquivos/ascom/publicacoes/Guia%20 de%20Recomendaes%20de%20Parmetros%20e%20Dimensionamentos%20 para%20Segurana%20e%20Conforto%20em%20Estdios%20de%20Futebol. pdf. Acesso em: 21 ago. 2021. Estamos chegando ao final do nosso primeiro tópico. Mas, antes de encerrar, gostaríamos que você compreendesse que uma infraestrutura tem seu funcionamento organizado sob duas óticas: primeiramente, sob a ótica do funcionamento diário, chamado de modo orgânico. Nesses dias, a infraestrutura está sendo usada em suas áreas administrativas e se preparando para o próximo jogo ou evento. Existe também a possibilidade de haver atividades comerciais no dia a dia, como os conhecidos tours, entre outras formas de exploração, que serão detalhadas no próximo tópico. Já em dias de jogos e eventos, a infraestrutura deve ser operada sob outra ótica: nesses dias, é comum que se alterem os fluxos de acesso, e que se tenha um credenciamento específico; também há restrições de circulação impostas pelos regulamentos e contratos de jogos e shows. http://www.federacaopr.com.br/Recursos/pdf/legislacao/6.pdf http://arquivo.esporte.gov.br/arquivos/ascom/publicacoes/Guia%20de%20Recomendaes%20de%20Parmetros%20 http://arquivo.esporte.gov.br/arquivos/ascom/publicacoes/Guia%20de%20Recomendaes%20de%20Parmetros%20 http://arquivo.esporte.gov.br/arquivos/ascom/publicacoes/Guia%20de%20Recomendaes%20de%20Parmetros%20 http://arquivo.esporte.gov.br/arquivos/ascom/publicacoes/Guia%20de%20Recomendaes%20de%20Parmetros%20 39 Marina Tranchitella Figura 18 – Funcionamento da infraestrutura no modo orgânico e no matchday (MD) Fonte: Elaborada pela autora. É importante frisar que nessa unidade analisamos a infraestrutura do ponto de vista físico. No entanto, a estrutura está relacionada à atividade fim da infraestrutura e de modo direto ou indireto ao nível de serviço oferecido ao espectador. Na próxima unidade, vamos explorar melhor esses serviços, fazendo uma comparação com a famosa Pirâmide de Maslow, que fala sobre as necessidades humanas. Muito bem! Acredito que agora você já seja capaz de listar alguns requisitos para a construção de um estádio de futebol; mas como manter uma sustentabilidade econômico-financeira? Esse é o tema do nosso segundo tópico da unidade 2. Preparados? No modo orgânico de funcionamento, há serviços patrimoniais de segurança, serviços diários de limpeza, de alimentação e de estacionamento, comuns a qualquer outra empresa. Em dias de jogo/evento, o número dos recursos humanos se altera consideravelmente, assim como outras áreas passam a atuar de modo mais representativo que no modo orgânico. 40 Gestão de Infraestruturas em Clubes de Futebol infraeStrutura lucro ou Prejuízo financeiro? No primeiro tópico, pudemos compreender quão complexa é a construção de uma infraestrutura. Mas a complexidade não se limita somente ao período de construção, e se estende ao período de sua gestão. Isso ocorre porque, para que se mantenha uma infraestrutura rentável, é necessário um planejamento para além do campo de jogo. Primeiramente, devemos entender que diferenciar as receitas da infraestrutura das receitas do clube de futebol propriamente dito não é tarefa simples. Vocês se lembram dos diferentes modelos de negócio existentes? Pois é! Cada um deles impacta diferentemente na forma de distribuição das questões financeiras. Um estudo recente da Pluri Consultoria apresentou as principais fontes de receita de um clube de futebol: venda de jogadores, matchday, transmissões/ cotas de participação, marketing/comercial, entre outras fontes de menor impacto. De acordo com o estudo, considerando o período de 2010 a 2019, verificou-se o crescimento de 250% da receita dos principais clubes brasileiros, destacando-se a venda de jogadores como a receita que mais cresceu neste período (544%). Na figura a seguir, pode-se observar o comportamento ao longo do tempo de cada uma das fontes de receita. UNIDADE 2 Tópico 2 41 Marina Tranchitella Figura 19 – Evolução da distribuição da receita no futebol de 24 clubes brasileiros Fonte: Pluri Consultoria (2020, p. 9). A depender do modelo de negócio, algumas receitas acima expostas podem ser exclusivas da infraestrutura, ou rateadas com o clube de futebol, como já explicado anteriormente. Talvez isso possa soar um pouco complexo para quem nunca esteve em contato com esse ambiente, mas vamos exemplificar a seguir para que você possa compreender melhor. A receita oriunda do matchday, por exemplo, segundo o estudo citado, representa uma média de 18% da receita total. Você sabe como se calcula essa entrada de dinheiro? Na maioria das vezes, é uma composição entre a receita do quadro social e a bilheteria do jogo. No entanto, o quadro social é uma receita recorrente, isto é, que possui um fluxo mensal, e não compõe exclusivamente a receita do dia do jogo. Outra ressalva que se faz é em relação à bilheteria do jogo: ela se baseia no boletim financeiro, conhecido como borderô. Este último tem seus dados imputados de acordo com os regramentos das federações estaduais, sendo autorizado um valor estimado em alguns casos como ingressos de permuta ou cortesia, não representando realisticamente o fluxo de caixa do dia da partida. Outras receitas que também são diretamente influenciadas pelo matchday são as advindas do consumo de alimentos e bebidas, do estacionamento e da própria venda de produtos licenciados. Se fizermos um recorte da fonte de receita nomeada no estudo como marketing/comercial, podemos também observar correlação com o dia do jogo, a citar: a venda de camarotes, o serviço de hospitalidade, os espaços 42 Gestão de Infraestruturas em Clubes de Futebol publicitários (placas de campo, anéis da arquibancada, quiosques no entorno), bem como a concessão do nome do estádio,conhecido como naming rights. No entanto, se, por um lado, estabelecer premissas que carimbem uma receita como sendo exclusiva da infraestrutura e/ou do clube é tarefa complexa, por outro, é fato inexorável que a maioria dos clubes no Brasil tem suas despesas iguais ou superiores às receitas, e muitos estádios ainda são considerados “elefantes brancos”. A baixa capacidade de gerar receita através da ocupação dos estádios e o baixo interesse do setor privado em participar efetivamente com investimentos nos permite a verificação de um potencial comprometimento da capacidade de retorno dos investimentos realizados e da capacidade de promover as manutenções necessárias à “saúde” estrutural desses empreendimentos (CÉSAR et al., 2013). Antes de adentrarmos especificamente nesse tópico, vale apresentar quais são as principais despesas de uma infraestrutura. Lembre-se que as despesas se alteram conforme a frequência de uso da infraestrutura, seja para jogo ou shows. Dividimos as despesas em quatro categorias: manutenção, administrativas, legais e depreciação. Elefante branco é uma expressão utilizada para designar uma coisa pouco prática, que causa grande incômodo; presente incômodo e sem utilidade; obra grande e pomposa sem serventia; tudo que serve para nada, mas custa caro para ser dispensado (Jusbrasil, 2013 apud Ari Riboldi, 2013). 43 Marina Tranchitella Figura 20 – Exemplo de despesas da infraestrutura Fonte: Elaborada pela autora. Agora que você já compreende as receitas e despesas, podemos voltar à nossa questão desafiadora do retorno necessário para que a infraestrutura seja economicamente viável. Quais seriam as possíveis soluções? Dividimos essa questão em duas grandes frentes: a primeira é, de fato, uma gestão eficaz do estádio, que evita desperdícios e otimiza ao máximo as atividades diárias e rotineiras. Já a segunda abrange a exploração da infraestrutura, seja pela ótica comercial, de arena multiuso, seja pela melhoria na experiência do torcedor, conhecido pelo termo em inglês Fan Experience. 44 Gestão de Infraestruturas em Clubes de Futebol Quando falamos em gestão eficaz, podemos citar as chamadas construções sustentáveis, que possuem indicadores e diretrizes com o objetivo de promover menores impactos e ganhos superiores aos empreendimentos não sustentáveis. Na última década, a FIFA fortaleceu seus requisitos e programas relacionados à construção sustentável, o que pode ser visto na estratégia de sustentabilidade da Copa do Mundo FIFA Qatar 2022, a qual inclui um conjunto abrangente de iniciativas para mitigar as emissões de poluentes relacionados aos estádios, tratando também das questões relativas à eficiência energética, transporte de baixa emissão e práticas sustentáveis de gestão de resíduos em canteiros de estádios. Caso você se interesse pelo tema, poderá acessar os documentos referentes à sustentabilidade da Copa do Mundo do Catar 2022 no link: https://www.fifa.com/tournaments/mens/worldcup/qatar2022/news/fifa- world-cup-2022tm-first-sustainability-progress-report-published Acesso em: 21 ago. 2021. Ainda na temática de gestão eficaz, podemos citar a gestão profissional, otimizada e imprescindível para a sobrevivência dos estádios. Em 2015, se https://www.fifa.com/tournaments/mens/worldcup/qatar2022/news/fifa-world-cup-2022tm-first-sustainability-progress-report-published https://www.fifa.com/tournaments/mens/worldcup/qatar2022/news/fifa-world-cup-2022tm-first-sustainability-progress-report-published 45 Marina Tranchitella promulgou a Lei nº.13.155, que dispôs sobre a gestão temerária no âmbito das entidades desportivas profissionais de futebol, estabelecendo princípios e práticas de responsabilidade fiscal e financeira e de gestão transparente e democrática para entidades desportivas, criando a Autoridade Pública de Governança do Futebol, conhecida pela sigla APFUT. Caso você se interesse pelo tema responsabilidade fiscal, acesse o Decreto Nº 8.642 de 2016, que dispõe sobre Autoridade Pública de Governança do Futebol - APFUT, criada pela Lei nº 13.155, de 4 de agosto de 2015, e dá outras providências. Disponível em: Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/decreto/ D8642.htm. Acesso em: 21 ago. 2021. Já em relação à exploração da infraestrutura, trazemos conceitos como arena multiuso e Fan Experience. De acordo com Motta (2012, p.23), “arenas multiusos são centros modernos que agregam atividades e estruturas de esporte, lazer, cultura e serviços diversos”; ou seja, é a capacidade de entregar as mais diferentes experiências a variados grupos de interesse, de ação social a eventos corporativos, simultaneamente. Temos que minar o estigma de que, com uma arena multiuso, o futebol perde o protagonismo. Modelos consagrados de estádio na Europa e nos Estados Unidos não estão calcados exclusivamente em gerar receita em dias sem jogos, mas também, e em alguns casos principalmente, na capacidade de multiplicar a receita quando há um grande fluxo de pessoas. São grandes referências de arenas multifuncionais: Allianz Arena (Munique, Alemanha), Madison Square Garden (Nova Iorque, Estados Unidos), Amsterdam Arena (Amsterdam, Países Baixos), Emirates Stadium (Londres, Inglaterra) e Wembley National Stadium (Londres, Inglaterra), palcos de grandes eventos esportivos e não esportivos. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/decreto/D8642.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/decreto/D8642.htm 46 Gestão de Infraestruturas em Clubes de Futebol Figura 21 - Show no Estádio do Morumbi Fonte: Imagem de Tales.ebner, Domínio público/Wikimedia Commons Com relação às receitas em dias sem jogos, podemos citar o investimento em coworking, restaurantes, hotéis, entre outros. Não obstante, nesse contexto se atrela também o conceito de Fan Experience (experiência do torcedor), e a necessidade de se estar cada vez mais próximo da tecnologia. Ativações nos dias de jogos, para atrair o torcedor ao estádio horas antes da partida, em conjunto com a ideia de multi eventos no mesmo dia, parece ser uma saída bastante interessante. O Super Bowl, jogo final do campeonato da NFL, a principal liga de futebol americano dos Estados Unidos, por exemplo, conta com pré-show, show do intervalo e diversas ativações no entorno do estádio ao longo do dia do evento principal. Um material muito interessante sobre o fã do futuro foi publicado recentemente pela European Club Association (ECA) e traz os aspectos apontados pela associação com relação aos fatores que influenciam o fã de futebol atualmente. https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Show_-_u2_-_vertigo_tour_-_brazil_-_01.jpg https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Show_-_u2_-_vertigo_tour_-_brazil_-_01.jpg 47 Marina Tranchitella Figura 22 - Fatores que influenciam o fã de futebol Fonte: Adaptada de ECA (2020, p. 2). Portanto, é notável que existem recursos possíveis para tornar uma infraestrutura sustentável. É preciso pensar fora da caixa e buscar o desenvolvimento gerencial sustentável, baseando-se nas vertentes social, econômica e ambiental, conhecidas como Triple Bottom Line (ELKINGTON, 1998). Em outras palavras, os gestores das infraestruturas devem possuir metas mais arrojadas e inteligentes, como a redução de seus custos operacionais e produtivos, a redução de seus passivos ambientais e trabalhistas, a melhora da imagem institucional e das relações com seus stakeholders. Pois bem, já deu para perceber que temos um cenário bastante desafiador. Agora que você já conheceu os elementos que estão presentes na concepção, construção e gestão de uma infraestrutura de um clube de futebol, bem como os aspectos para torná-la viável econômica e financeiramente, vamos mergulhar, na próxima unidade, em sua estrutura organizacional, explicitando seus departamentos e suas relações. 48 Gestão de Infraestruturasem Clubes de Futebol UNIDADE 2 LisTa de figuRas Figura 15 Fonte: Elaborada pela autora, com fotos de Governo Federal Brasileiro (CC BY- SA 3.0)/Wikimedia Commons; André Gustavo Stumpf (CC BY 2.0)/Wikimedia Commons; e Sabrina Craid/Agência Brasil (2014). Disponíveis em: https://bityli. com/qWL356; https://bityli.com/OImMLy; e https://bityli.com/Zeqt2e. Acesso em: 18 out. 2021. Figura 21 Fonte: Imagem de Tales.ebner, Domínio público/Wikimedia Commons. Disponível em: https://bityli.com/OImMLy . Acesso em: 18 out. 2021. https://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0 https://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0 https://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0/ https://creativecommons.org/licenses/by/2.0 https://creativecommons.org/licenses/by/2.0 https://creativecommons.org/licenses/by/2.0 https://bityli.com/qWL356 https://bityli.com/qWL356 https://bityli.com/OImMLy https://bityli.com/Zeqt2e https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Show_-_u2_-_vertigo_tour_-_brazil_-_01.jpg https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Show_-_u2_-_vertigo_tour_-_brazil_-_01.jpg https://bityli.com/OImMLy 49 Marina Tranchitella BRASIL. Diário Oficial da União. Resolução n° 1, de 20 de novembro de 2019. Brasília, 2019. BRASIL. Ministério do Esporte. Guia de recomendações de parâmetros e dimensionamentos para segurança e conforto em estádios de futebol. Brasília, 2011. BRASIL. Ministério do Esporte. Portaria n° 124, de 17 de julho de 2009. Brasília, 2009. BRASIL. Presidência da República. Decreto nº 8.642, de 19 de janeiro de 2016, que dispõe sobre Autoridade Pública de Governança do Futebol – APFUT. Brasília, 2016. CÉSAR, Fábio S.; MAZZEI, Leandro. C.; ROCCO, Ary. J.; OLIVEIRA, Luciana. M. R. Sustentabilidade em Arenas e Estádios: Estudo sobre as Instalações da Copa do Mundo de Futebol 2014. Revista Intercontinental de Gestão Desportiva, São Paulo, v. 3, n. 1, p. 184–196, dez, 2013. CRAID, Sabrina. Estádios devem ter 1% de assentos para pessoas com deficiência. Agência Brasil, Brasília, 17/05/2014. Disponível em: https:// agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2014-05/estadios-devem-ter-1-de- assentos-para-pessoas-com-deficiencia. Acesso em: 18 out. 2021. DEPARTMENT FOR CULTURE, media and sport. Green Guide – Guide to safety at sports grounds, 5ª ed. Reino Unido, 2008. ECA – European Club Association. Fan of the Future: Defining Modern Football Fandom. Switzerland, 2020. ELKINGTON, John. Cannibals with forks: the triple bottom line of 21st century business. Toronto: New Society Publishers, 1998. FUTEBOL BAHIANO. Tragédia da Fonte Nova completa 10 anos. Até hoje, ninguém foi punido. 2017. Disponível em: <https://futebolbahiano.org/2017/11/ tragedia-da-fonte-nova-completa-10-anos-ate-hoje-ninguem-foi-punido.html>. Acesso em: 08 ago. 2021. GIULIANOTTI, Richard. Sociologia do Futebol – Dimensões históricas e socioculturais do esporte das multidões. São Paulo: Nova Alexandria, 2002. JUSBRASIL. O que significa elefante branco? 2013. Disponível em: <https:// espaco-vital.jusbrasil.com.br/noticias/100697479/o-que-significa-elefante- branco>. Acesso em: 03 ago. 2021. UNIDADE 2 RefeRências https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2014-05/estadios-devem-ter-1-de-assentos-para-pessoas-com-deficiencia https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2014-05/estadios-devem-ter-1-de-assentos-para-pessoas-com-deficiencia https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2014-05/estadios-devem-ter-1-de-assentos-para-pessoas-com-deficiencia https://futebolbahiano.org/2017/11/tragedia-da-fonte-nova-completa-10-anos-ate-hoje-ninguem-foi-punido.html https://futebolbahiano.org/2017/11/tragedia-da-fonte-nova-completa-10-anos-ate-hoje-ninguem-foi-punido.html https://espaco-vital.jusbrasil.com.br/noticias/100697479/o-que-significa-elefante-branco https://espaco-vital.jusbrasil.com.br/noticias/100697479/o-que-significa-elefante-branco https://espaco-vital.jusbrasil.com.br/noticias/100697479/o-que-significa-elefante-branco 50 Gestão de Infraestruturas em Clubes de Futebol LA CORTE, Carlos de. Estádios brasileiros de futebol uma análise de desempenho técnico, funcional e de gestão. 2007. Tese (Doutorado em Arquitetura). Faculdade de Arquitetura e Urbanismo – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007. LANCE. Há 25 anos, uma tragédia acontecia em final de Brasileiro no Maracanã. 2017. Disponível em: <https://www.lance.com.br/brasileirao/anos-uma-tragedia- acontecia-final-brasileiro-maracana.html>. Acesso em: 08 ago. 2021. MOTTA, José Rubens Camargo Gonçalves. O Negócio Das Arenas: Profissionalismo Esportivo, Cultura E Entretenimento. Future Studies Research Journal, São Paulo, v. 4, n. 2, p. 21-48, jul./dez. 2012. O CURIOSO DO FUTEBOL. Vasco x São Caetano – Em 2000, o jogo que não terminou. 2016. Disponível em: <https://www.ocuriosodofutebol.com.br/2016/12/ vasco-x-sao-caetano-em-2000-o-jogo-que.html>. Acesso em: 08 ago. 2021. PLURI CONSULTORIA. (2020). A evolução das receitas no futebol brasileiro. Disponível em: https://www.pluriconsultoria.com.br/wp-content/uploads/2020/11/ A-Evolu%C3%A7%C3%A3o-das-Receitas-no-Futebol-Brasileiro-PLURI-Consultoria. pdf. Curitiba. Acesso em: 27 jun. 2021. PMI – Project Management Institute. PMBOK GUIDE: A Guide to the Project Management Body of Knowledge. 6 ed. Set. 2017. TAYLOR REPORT. The Hillsborough Stadium Disaster. Inquiry By The RT Hon Lord Justice Taylor. 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Além disso, elucidaremos a importância de uma comunicação clara e sem ruídos, trazendo exemplos de protocolos de rádios. Listaremos os diferentes clientes que consomem a infraestrutura, bem como a importância da Gestão de pessoas. Vamos lá? Objetivos � Entender a estrutura organizacional de um clube de futebol � Compreender o papel do Departamento de Operações � Conhecer os clientes da infraestrutura � Compreender o valor da comunicação � Analisar a importância da gestão de pessoas 52 Gestão de Infraestruturas em Clubes de Futebol UNIDADE 3 Tópico 1 oPeração da infraeStrutura doS clubeS de futebol Até esse momento, você já compreendeu qual o cenário do futebol, as organizações que regem a modalidade, conceitos e modelos de negócio existentes, bem como as fases de construção dos estádios, os documentos obrigatórios e o potencial mercadológico e comercial a ser explorado neste setor. Muito bem! Nesse primeiro tópico da terceira unidade, iremos abordar a operação de uma infraestrutura de um clube de futebol. Para isso, primeiramente, vamos compreender o que são os departamentos, também chamados de áreas funcionais. De acordo com Schermerhorn (1999), uma estrutura organizacional é o sistema de redes de tarefas, isto é, as relações entre quem se reporta a quem e as comunicações que inter-relacionam o trabalho de indivíduos e grupos. Nas estruturas de clubes de futebol, o organograma varia bastante, haja visto o número de modelos de negócios existentes e a falta de padronização com relação a cargos e salários de executivos, diretores, gerentes,