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Livro-Texto- Unidade I Fitoterapia clínica

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Prévia do material em texto

Autoras: Profa. Nilsa Sumie Yamashita Wadt
 Profa. Ivana Barbosa Suffredini
Colaboradores: Prof. Juliano Rodrigo Guerreiro
 Profa. Marília Tavares Coutinho da Costa Patrão
Fitoterapia Clínica
Professoras conteudistas: Nilsa Sumie Yamashita Wadt / Ivana Barbosa Suffredini
Nilsa Sumie Yamashita Wadt
Farmacêutica-bioquímica, formada pela Universidade de São Paulo (USP), em 1988. Fez doutorado direto em 
Fármacos e Medicamentos, na área de insumos farmacêuticos (Farmacognosia) que estuda as plantas medicinais, 
também na USP, finalizado em 2000. Atualmente é professora de Farmacognosia e Controle de Qualidade. Coordena a 
pesquisa clínica nos municípios de Valinhos e Jundiaí utilizando folhas de goiaba e pitanga em processos de cicatrização, 
além de óleo e hidrolato de melaleuca. Realiza outras pesquisas com plantas e seus derivados e desenvolve estudos na 
área agrícola. É consultora na área de plantas medicinais e fitoterápicos, principalmente na implantação da fitoterapia 
nos municípios do estado de São Paulo, com elaboração de mementos e formulários fitoterápicos. Coordena o Grupo 
de Plantas Medicinais e Fitoterápicos do Conselho Regional de Farmácia em São Paulo (CRF-SP).
Ivana Barbosa Suffredini
Farmacêutica com mestrado (1997) e doutorado (2000) em Fármaco e Medicamento pela Universidade de São 
Paulo (USP), e pós-doutorado (2011) em Toxicologia, pela UNIP. Professora titular da UNIP, docente permanente no 
Programa de Pós-Graduação em Patologia Ambiental e Experimental (Conceito Capes 5), responsável pelo Núcleo de 
Pesquisas Biodiversidade (NPBio) da UNIP, membro da Comissão de Ética no Uso de Animais (Ceua-UNIP). Atua na 
área de Farmacognosia, Microbiologia, Farmacologia e Toxicologia de Plantas Medicinais, nos temas de avaliação da 
atividade antitumoral, antimicrobiana, antioxidante, da toxicidade geral e alterações comportamentais de extratos 
vegetais e óleos essenciais, aplicados à medicina veterinária e humana e em odontologia.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
W125f Wadt, Nilsa Sumie Yamashita.
Fitoterapia Clínica / Nilsa Sumie Yamashita Wadt, Ivana Barbosa 
Suffredini. – São Paulo: Editora Sol, 2022.
144 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230.
1. Fitoterapia. 2. Patologia. 3. Tratamento. I. Wadt, Nilsa Sumie 
Yamashita. II. Suffredini, Ivana Barbosa. III.
CDU 615.32
U514.95 – 22
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Profa. Sandra Miessa
Reitora em Exercício
Profa. Dra. Marilia Ancona Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Profa. Dra. Marina Ancona Lopez Soligo
Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Claudia Meucci Andreatini
Vice-Reitora de Administração
Prof. Dr. Paschoal Laercio Armonia
Vice-Reitor de Extensão
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades do Interior
Unip Interativa
Profa. Elisabete Brihy
Prof. Marcelo Vannini
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático
 Comissão editorial: 
 Profa. Dra. Christiane Mazur Doi
 Profa. Dra. Angélica L. Carlini
 Profa. Dra. Ronilda Ribeiro
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista
 Profa. Deise Alcantara Carreiro
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Leonardo do Carmo
 Vera Saad
Sumário
Fitoterapia Clínica
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7
Unidade I
1 DEFINIÇÕES E LEGISLAÇÃO ......................................................................................................................... 11
2 METABÓLITOS PRIMÁRIOS E SECUNDÁRIOS........................................................................................ 33
2.1 Polissacarídeos ....................................................................................................................................... 33
2.2 Taninos ...................................................................................................................................................... 35
2.3 Flavonoides ............................................................................................................................................. 38
2.4 Glicosídeos de isotiocianato ............................................................................................................ 39
2.5 Antraquinonas ....................................................................................................................................... 40
2.6 Glicosídeos cardioativos .................................................................................................................... 42
2.7 Saponinas ................................................................................................................................................ 43
2.8 Alcaloides ................................................................................................................................................. 45
2.9 Metilxantinas ......................................................................................................................................... 47
2.10 Óleos voláteis ....................................................................................................................................... 47
2.11 Óleos fixos ............................................................................................................................................. 48
3 FITOTERAPIA APLICADA AO SISTEMA NERVOSO ................................................................................. 49
3.1 Ansiolíticos, sedativos — hipnóticos ............................................................................................. 51
3.2 Antidepressivos ..................................................................................................................................... 61
3.3 Psicoestimulantes e moduladores de atenção ......................................................................... 62
3.3.1 Anti-estresse (adaptógenos) .............................................................................................................. 63
3.3.2 Estimulantes ............................................................................................................................................. 65
4 FITOTERAPIA APLICADA AO SISTEMA DIGESTÓRIO ............................................................................ 66
4.1 Dispepsia .................................................................................................................................................. 67
4.1.1 Princípios amargos ................................................................................................................................. 69
4.1.2 Carminativos ............................................................................................................................................. 76
4.2 Constipação e flatulência ................................................................................................................. 78
4.3 Diarreia ..................................................................................................................................................... 86
4.4 Emese ........................................................................................................................................................ 88
Unidade II
5 FITOTERÁPICOS APLICADOSAO SISTEMA CARDIOVASCULAR ...................................................... 94
5.1 Hipertensão............................................................................................................................................. 94
5.2 Diuréticos ................................................................................................................................................. 97
5.3 Circulatórios .........................................................................................................................................101
6 FITOTERÁPICOS APLICADOS AO SISTEMA RESPIRATÓRIO ............................................................111
7 FITOTERÁPICOS PARA ATIVIDADE MÚSCULO ESQUELÉTICO E DERMATOLÓGICOS .............119
7.1 Fisiologia da pele ................................................................................................................................120
8 FITOTERÁPICOS APLICADOS AO SISTEMA GENITURINÁRIO .........................................................125
7
APRESENTAÇÃO
Olá, aluno!
Neste livro vamos abordar a fitoterapia, que é a terapia à base de plantas — isto é, a utilização 
de plantas medicinais, drogas vegetais e seus derivados, no tratamento de doenças —, bem como as 
legislações vigentes e os grupos de metabólitos mais importantes.
O livro será dividido por sistemas, por exemplo o digestório, que vai explicar a aplicação da fitoterapia 
em processos como inflamações gástricas e problemas intestinais, laxantes e fitoterápicos utilizados no 
controle da diarreia, gases etc.
O sistema nervoso também será aqui abordado, com as plantas mais utilizadas em suas diversas 
patologias, bem como o sistema respiratório e o cardiovascular (neste caso a abordagem vai incluir 
plantas com atividade diurética, circulatória, entre outros), de tal forma que você aprenda a entender 
a planta e seus derivados dentro de um sistema fisiológico e a aplicá-las em um tratamento.
Há também um tópico sobre plantas utilizadas em dermatologia, e nele incluímos a parte 
musculoesquelética, pois tais áreas estão relacionadas. O sistema respiratório e o geniturinário são 
contemplados com os fitoterápicos mais importantes.
Em suma, abordaremos diversos fitoterápicos aplicados às várias patologias e seus tratamentos. 
Esperamos que vocês se apaixonem pela fitoterapia, assim como nós.
INTRODUÇÃO
A primeira pergunta que propomos a você é: qual a “medicação” mais antiga que você conhece?
Tenho certeza que, ao parar para pensar, pode ter lembrado da ácido acetilsalicílico, dipirona, ópio, 
penicilina, entre outros.
Mas aí vai uma dica, e também a justificativa deste livro: a “medicação” mais antiga (na verdade, 
as “medicações” mais antigas) são as plantas. Veja, desde os tempos antigos, as plantas são utilizadas 
com finalidade curativa, como registrado há cerca de 5 mil anos, nas tábuas de argila, pelos sumérios. 
Obviamente que eles não tinham ideia do que havia dentro das plantas, mas já as relacionavam com 
atividade curativa e até usavam algumas plantas como veneno.
Por exemplo, se um animal comesse determinada planta e começasse a passar mal, os seres humanos 
não a utilizavam, pois a relacionavam com a morte; contudo, se um animal que estivesse passando mal 
ingerisse uma planta e, depois de um tempo, se “curasse”, os humanos iriam utilizar aquela planta com 
a esperança de serem também curados.
8
A utilização medicamentosa das plantas foi iniciada baseando-se em observação, e em muitos 
contextos é assim até hoje. Quando vamos a um curso de sobrevivência, um dos primeiros ensinamentos 
é observar o que os animais comem, pois o que eles consomem podemos consumir também, na 
maioria das vezes.
A World Health Organization (WHO), ou Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1978, na 
Declaração de Alma-Ata sobre cuidados primários à saúde, fez várias recomendações aos governos de 
todos os países, entre as quais que a medicina tradicional local seja incentivada, pois assim há condições 
econômicas e sociais para que esses cuidados à saúde persistam.
Mas, afinal, o que é saúde para a OMS?
 
[Saúde é] estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não 
simplesmente a ausência de doença ou enfermidade — é um direito humano 
fundamental, e que a consecução do mais alto nível possível de saúde é a 
mais importante meta social mundial (OMS, 1979).
Vamos pensar um pouco sobre a saúde no conceito da OMS. Para ser saudável não basta não estarmos 
doentes fisicamente, mas temos que estar bem em todas as condições, sejam físicas, psíquicas e mentais. 
Para atingirmos esse objetivo, precisamos ter uma alimentação saudável, condições de higiene, moradia, 
entre outros quesitos.
Segundo a OMS, a medicina tradicional deve ser incentivada, pois cerca de 80% da população, 
principalmente de países em desenvolvimento, utiliza as práticas tradicionais (WHO, 2019). E o que seria 
a medicina tradicional, neste contexto? Seria a utilização das plantas medicinais e seus derivados, pois 
nossa tradição inicia-se com os povos indígenas que utilizavam e utilizam plantas e derivados naturais 
como fonte de cura e bem-estar. A OMS tem uma estratégia para a implantação dessa medicina 
tradicional no mundo em um período de 2014 até 2023 (WHO, 2013).
As plantas produzem metabólitos primários, essenciais à sobrevivência da planta, e metabólitos 
secundários, ou não essenciais, mas que auxiliam muito a sobrevivência da planta ao ambiente. Esses 
metabólitos secundários serão o foco principal para os estudos da fitoterapia, pois são eles que têm 
maior utilização farmacológica.
Mas o que é fitoterapia? É o “tratamento ou prevenção de doenças por meio do uso de plantas 
medicinais” (FITOTERAPIA, 2022). A etimologia da palavra vem do grego Phyton, “planta”, e Therapeia, 
“cuidar, tratar” (PANIZZA, 2010).
Portanto, fitoterapia é o tratamento com plantas medicinais e seus derivados — ou, numa 
definição mais completa, como a que nos é dada na Portaria n. 971, de maio de 2006, “é um recurso 
terapêutico caracterizado pelo uso de plantas medicinais em suas diferentes formas farmacêuticas e 
que tal abordagem incentiva o desenvolvimento comunitário, a solidariedade e a participação social” 
(BRASIL, 2006a).
9
O tratamento com plantas medicinais é uma terapia que tem milhares de anos, sendo a medicina 
chinesa, tibetana e ayurvédica (indiana) as descritas há mais tempo (BRASIL, 2012).
A fitoterapia tem uma particularidade, que é o amplo espectro de indicações, pois as plantas 
possuem várias substâncias envolvidas que resultam nesse amplo espectro de indicações terapêuticas; 
muitas vezes, quando se isola uma substância, a eficácia terapêutica é comprometida (FINTELMANN; 
WEISS, 2014).
A Portaria n. 971/2006 é a que instituiu a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares 
(PNPIC) no Sistema Único de Saúde (SUS) (BRASIL, 2006a), isto é, ela incluiu e reconheceu a fitoterapia 
como uma terapêutica a ser aceita e adotada pelo SUS. Muito interessante, não é mesmo?
Para dar embasamento a essa política, em 2006 ainda, foi promulgada a Política Nacional de Plantas 
Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF) (BRASIL, 2006b), pois haveria a necessidade de fornecimento de 
plantas e derivados de alta qualidade para fabricação de medicamentos para o SUS. Infelizmente, apesar 
de vários anos terem-se passado, ainda falta muito para essa política ser realmente implantada.
11
FITOTERAPIA CLÍNICA
Unidade I
1 DEFINIÇÕES E LEGISLAÇÃO
Com a PNPIC e a PNPMF (BRASIL, 2006a, 2006b), houve a necessidade de legislações que dessem 
suporte a essas políticas. A Portaria n. 2.488, de 21 de outubro de 2011 (BRASIL, 2011a), aprova a Política 
Nacional de Atenção Básica, focada principalmente na organização da atenção básica para a estratégia 
da saúde da família (ESF) e o programa de agentes comunitários de saúde (Pacs). Essa lei acaba por 
incentivar o fortalecimento da ligação da comunidade com as equipes de saúde por meio da adoção 
da fitoterapia, pois incentivaa participação popular, promove a autonomia dos usuários, facilitando os 
cuidados em saúde (BRASIL, 2012).
Essa estratégia é interessante, pois considera os costumes relativos ao uso de plantas medicinais nas 
comunidades de diferentes localidades, bem como considera as formas específicas de utilização delas 
por essas comunidades, e, quando integradas à atenção básica, mais conhecimento é adquirido e aliado 
ao uso racional dessas plantas, valorizando, assim, os saberes dos povos originais.
A Portaria Interministerial n. 2.960, de 9 de dezembro de 2008, aprovou o Programa Nacional de 
Plantas Medicinais e Fitoterápicos e criou o Comitê Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, 
que auxiliaram na implantação de novas políticas, bem como na elaboração de literaturas técnicas 
sobre o tema.
Em 2010, por meio da Portaria n. 866, foi instituído o Programa Farmácia Viva no âmbito do SUS, 
de modo a se incentivar a realização das etapas de cultivo, coleta, processamento, armazenamento, 
manipulação e dispensação de plantas medicinais e seus derivados, principalmente aquelas destinadas 
às preparações magistrais e oficinais. Hoje esse programa é a porta de entrada dos municípios no âmbito 
do SUS para a fitoterapia.
Mas, para que as equipes multidisciplinares (médicos, enfermeiros, farmacêuticos, nutricionistas, 
fisioterapeutas etc.) tivessem melhor respaldo para a prescrição de fitoterápicos, foram promulgadas 
instruções normativas, formulários, entre outros, que auxiliam a prática da fitoterapia com segurança.
A Farmacopeia brasileira, em sua sexta edição (2019), nos fornece os parâmetros para o controle 
de qualidade de 83 drogas vegetais, 22 tinturas, 19 extratos fluidos, 25 classificados como óleos e 
ceras, e mostra-nos uma maior quantidade de drogas e derivados vegetais quando comparada às 
farmacopeias anteriores.
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12
Unidade I
E por que é importante sabermos os parâmetros de controle de qualidade de uma droga vegetal? 
Se não tivermos a droga verdadeira, com a quantidade de ativos (metabólitos secundários) e pureza 
necessárias, não poderemos garantir a atividade farmacológica, nem a ausência de toxicidade quando 
formos utilizar essa droga, ou mesmo o derivado dela.
Aqui cabe uma explicação sobre a farmacopeia, para que você não se perca ao realizar as pesquisas 
de determinada droga vegetal. Perceba que estamos sempre nos referindo à droga vegetal, que é a 
planta medicinal seca, isto é, que sofreu processo de estabilização e conservação, pois a farmacopeia 
entende que é para utilização em larga escala, em indústrias, farmácias de manipulação ou mesmo 
farmácias vivas.
Observem a monografia do guaraná:
GUARANÁ, semente
Paulliniae semen
A droga vegetal consiste de sementes secas, desprovidas de arilo e tegumento (casquilho) 
de Paullinia cupana Kunth, contendo, no mínimo, 4,0% de taninos totais, no mínimo, 
5,0% de metilxantinas, e, no mínimo, 3,5% de cafeína (C8H10N4O2, 194,19).
IDENTIFICAÇÃO
A. Descrição macroscópica
A semente é globosa, quando única no fruto, ou subglobosa a elipsoide e levemente 
comprimida lateralmente, quando duas ou três no fruto, desigualmente convexas nos dois 
lados, geralmente apresentando uma curta projeção apical. Em regra, tem 0,6 a 0,8 cm de 
diâmetro e é coberta por um tegumento, denominado de casquilho, que deve ser descartado. 
A semente sem o tegumento é exalbuminada e contém dois grandes cotilédones carnosos, 
espessos e firmes, desiguais, plano-convexos, de coloração castanho-escura. A cicatriz do 
arilo mantém-se nos cotilédones e é enegrecida. O embrião é pouco desenvolvido e possui 
um curto eixo radículo-caulinar inferior.
B. Descrição microscópica
Os cotilédones apresentam externamente uma epiderme unisseriada, formada por 
células alongadas tangencialmente, seguida por um parênquima cotiledonar de células 
arredondadas ou arredondado-poliédricas, de 40 a 80 μm de diâmetro. Contêm grãos de 
amido simples e compostos, de formas variadas, globosos, poligonais, ovalados ou elípticos, 
de 10 a 25 μm de diâmetro. O hilo é central e por vezes ramificado. A maioria dos grãos 
encontra-se aglutinada e deformada devido ao aquecimento durante a dessecação.
TatianaG
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13
FITOTERAPIA CLÍNICA
C. Descrição microscópica do pó
A amostra satisfaz a todas as exigências estabelecidas para a espécie, menos os caracteres 
macroscópicos. São características: coloração castanho-clara a castanho-avermelhada; 
porções de células do parênquima cotiledonar, em geral isodiamétricas, amareladas, com 
ou sem massas de grãos de amido aglutinados; grãos de amido isolados, com hilo central; 
massas de grãos de amido aglutinados. Fragmentos do tegumento, quando presentes até 
o limite permitido, formados por células em paliçada de paredes muito espessas e pouco 
pontoadas, sinuosas em vista frontal; células pétreas agrupadas ou isoladas.
D. Descrição macroscópica das impurezas
O tegumento, se presente como impureza, denominado de casquilho, apresenta testa 
brilhante, glabra, castanho-avermelhada ou pardo-negra, com um largo hilo guarnecido 
de um arilo carnoso, membranoso e esbranquiçado, que cobre a semente até, no máximo, 
sua porção mediana. Na ocasião da coleta ou dessecação, o arilo é retirado, deixando uma 
cicatriz de coloração parda-creme opaca, em forma de cúpula, que ocupa até 1/3 do eixo 
longitudinal da semente. Na dessecação, o tegumento torna-se quebradiço e separa-se 
facilmente dos cotilédones.
E. Descrição microscópica das impurezas
O tegumento, se presente como impureza, apresenta, em secção transversal, uma 
epiderme formada por grandes células, dispostas em paliçada, de paredes espessas, com 
poucas pontoações. Essas apresentam paredes sinuosas, em vista frontal. Abaixo da 
epiderme encontram-se várias camadas de um parênquima com células irregularmente 
espessadas, de aparência parda. Ocorrem numerosas células pétreas, de paredes 
nitidamente pontoadas.
Fonte: BRASIL (2019, PM050-00).
Como vocês podem observar nesta primeira parte da monografia, há a informação do órgão 
utilizado, que tem atividade farmacológica, bem como são apresentadas as concentrações mínimas do 
metabólito secundário principal, ou dos principais marcadores. Também podemos ver as características 
farmacognósticas que permitem identificar essa droga vegetal seja na forma íntegra ou na forma 
de pó, pois várias drogas vegetais só estão disponíveis para a venda moídas. Ao final da monografia, 
encontram-se as figuras ilustrativas correspondentes (BRASIL, 2019).
14
Unidade I
A
ga
pct
C
E
cp
epc
DB
ep
F
HG
Figura 1 – Aspectos macroscópicos, microscópicos e microscópicos do pó em Paullinia cupana Kunth
Fonte: BRASIL (2019, PM050-00).
Há ainda a identificação fitoquímica dos principais metabólitos, como caracterização da presença 
de taninos e caracterização da presença de metilxantinas, além do método de doseamento desses dois 
metabólitos. Observe o exemplo a seguir:
Caracterização da presença de metilxantinas
G. Proceder conforme descrito em Cromatografia em camada delgada (5.2.17.1).
Fase estacionária: sílica-gel GF254
Fase móvel: acetato de etila, álcool metílico e água (10:1,4:1).
15
FITOTERAPIA CLÍNICA
Solução amostra: agitar 1 g da droga em 3 mL de hidróxido de amônio a 25% (v/v) e 
40 mL de cloreto de metileno durante 15 minutos. Filtrar e levar à secura uma alíquota 
de 5 mL, em banho-maria. Suspender o resíduo em 1 mL de álcool metílico e proceder a 
análise cromatográfica.
Solução referência: solução a 1 mg/mL de cafeína em álcool metílico.
Revelador (1): solução de ácido clorídrico a 25% (v/v) em álcool etílico.
Revelador (2): iodo SR.
Procedimento: aplicar na cromatoplaca, separadamente, em forma de banda, 5 a 10 μL 
da Solução amostra e 10 μL da Solução referência. Desenvolver o cromatograma. 
Remover a cromatoplaca e deixar secar ao ar. Examinar sob a luz ultravioleta em 254 nm. 
Nebulizar a placa com soluçãode ácido clorídrico a 25% (v/v) em álcool etílico, e, em 
seguida, com solução de iodo SR.
Resultados: no esquema a seguir há as sequências de zonas obtidas com a Solução 
referência e a Solução amostra. Outras zonas podem, ocasionalmente, aparecer.
Cafeína: zona de 
coloração pardo-castanha
Parte superior da placa
Solução referência Solução amostra
Zona de coloração 
pardo-castanha
Figura 2 
Fonte: BRASIL (2019, PM050-00).
16
Unidade I
Como é possível observar nessa caracterização, a farmacopeia nos mostra a posição do metabólito 
na placa de cromatografia em camada delgada (CCD); com isso, já nos fornece uma opção para caso 
tenhamos problema com o padrão de referência.
Outros parâmetros (testes) importantes:
Perda por dessecação (5.2.9.1). Método gravimétrico. No máximo 12,0%.
Metais pesados (5.4.5). Cumpre o teste.
Matéria estranha (5.4.1.3). No máximo 3,0%, incluindo o casquilho.
Cinzas totais (5.4.1.5.1). No máximo 2,0%, incluindo o casquilho.
Contagem do número total de micro-organismos mesófilos (5.5.3.1.2). Cumpre 
o teste.
Pesquisa de micro-organismos patogênicos (5.5.3.1.3). Cumpre o teste.
Resíduos de agrotóxicos (5.4.3). Cumpre o teste.
Fonte: BRASIL (2019, PM050-00).
Notem que nesses testes há um número entre parênteses, por exemplo, “Metais pesados (5.4.5)”. O 
que significa? São métodos gerais realizados para vários ativos, ou drogas vegetais, que são encontrados 
em um volume à parte da monografia na farmacopeia — nesta sexta edição, é o volume 1.
 Saiba mais
Acesse a sexta edição da Farmacopeia brasileira:
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Farmacopeia brasileira. 
6. ed. Brasília: Anvisa, 2019. Disponível em: https://cutt.ly/PADjWTw. Acesso 
em: 8 mar. 2022.
Outra literatura que nos auxilia muito na aplicação da fitoterapia são os Formulários de fitoterápicos: 
farmacopeia brasileira, publicados em 2011, 2018 e 2021. O formulário de fitoterápicos abrange 
formulações com drogas vegetais e derivados vegetais, como o exemplo a seguir (BRASIL, 2021a):
TatianaG
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17
FITOTERAPIA CLÍNICA
Achyrocline satureioides (Lam.) DC.
NOMENCLATURA POPULAR
Macela.
PREPARAÇÃO EXTEMPORÂNEA
Fórmula 1 (ALONSO, 2007; PEREIRA et al., 2017)
Componentes Quantidade
Inflorescência 0,5 a 1,5 g
Água q.s.p. 150 mL
TINTURA
Fórmula 2 (PEREIRA et al., 2014)
Componentes Quantidade
Inflorescência 10 g
Álcool etílico 70% q.s.p. 100 mL
ORIENTAÇÕES PARA O PREPARO
Fórmula 1: preparar por infusão, durante 5 a 10 minutos, considerando a proporção 
indicada na fórmula. Utilizar as inflorescências secas (ALONSO, 2007; PEREIRA et al., 2017).
Fórmula 2: seguir as técnicas de secagem do material vegetal e preparo de tintura 
descritas em Informações gerais em Generalidades.
EMBALAGEM E ARMAZENAMENTO
A embalagem deve garantir proteção do fitoterápico contra contaminações, efeitos da luz 
e umidade e apresentar lacre ou selo de segurança que garanta a inviolabilidade do produto.
Para a forma farmacêutica preparação extemporânea: a embalagem deverá ser 
confeccionada em material que não reaja com os componentes da droga vegetal.
Para a forma farmacêutica tintura: acondicionar em frasco de vidro âmbar.
ADVERTÊNCIAS
Uso adulto.
18
Unidade I
Uso contraindicado para pessoas que apresentam hipersensibilidade aos componentes 
da formulação e às espécies da família Asteraceae. Ao persistirem os sintomas durante o 
uso do fitoterápico, um médico deverá ser consultado. O uso é contraindicado durante 
agestação e lactação (PEREIRA et al., 2017), e para menores de 18 anos, devido à falta 
de dados adequados que comprovem a segurança nessas situações. O uso da preparação de 
tintura é especialmente contraindicado para gestantes, lactantes, alcoolistas e diabéticos, em 
função do teor alcoólico na formulação. Pode, em casos raros, provocar vertigem, cefaleia, 
alergia ocular e fitofotodermatose (dermatite de contato pós exposição solar) (PEREIRA 
et al., 2017). Pessoas que apresentam episódios de hipoglicemia devem solicitar orientação 
médica antes do uso desse produto. Pode potencializar o efeito da insulina, barbitúricos e 
outros sedativos (DUKE, 2009). Não utilizar em doses acima das recomendadas. Em caso 
de aparecimento de eventos adversos, suspender o uso do produto e consultar um médico.
INDICAÇÕES
Fórmula 1: como auxiliar no alívio de sintomas dispépticos; como antiespasmódico; e 
como antiinflamatório (SIMÕES et al., 1998; NOGUEIRA, 2000; GUPTA, 2008; CARVALHO & 
SILVEIRA, 2010; PEREIRA et al., 2017).
Fórmula 2: como auxiliar no alívio sintomático em afecções leves das vias aéreas 
superiores (SIMÕES et al., 1986; GUPTA, 1995; LORENZI; MATOS, 2008; DUKE, 2009; PEREIRA 
et al., 2014; ALERICO et al., 2015).
MODO DE USAR
Uso oral.
Fórmula 1: tomar 150 mL do infuso, logo após o preparo, duas a três vezes ao dia 
(ALONSO, 2007; CARVALHO & SILVEIRA, 2010; PEREIRA et al., 2017).
Fórmula 2: tomar 3 a 9 mL da tintura, diluídos em 50 mL de água, três vezes ao dia.
Fonte: Brasil (2021a, p. 21-23).
Observe que, no formulário, as quantidades de droga vegetal a serem usadas são dadas em grama, 
e a forma de preparo do derivado vegetal — produto da extração da planta medicinal in natura ou da 
droga vegetal — para utilização é descrita detalhadamente, conforme consta nos “Métodos gerais” 
da armacopeia brasileira. A via de administração e a posologia estão indicadas em “Modo de usar”.
Há também as advertências, pois muitas drogas vegetais não podem ser administradas para pessoas 
com gastrite, diabetes, entre outras patologias, e a atenção a essa informação é de suma importância 
para uma prescrição adequada.
19
FITOTERAPIA CLÍNICA
 Observação
Infusão é a “preparação que consiste em verter água fervente sobre a 
droga vegetal e, em seguida, se aplicável, tampar ou abafar o recipiente por 
tempo determinado. Método indicado para drogas vegetais de consistência 
menos rígida tais como folhas, flores, inflorescências e frutos, ou que 
contenham substâncias ativas voláteis” (BRASIL, 2021a, p. 9).
A tintura, só para recordar, é um derivado vegetal alcoólico ou hidroalcoólico que resulta da 
extração de drogas vegetais ou da diluição de seu extrato, utilizando-se 1 parte (massa) da droga 
vegetal e quantidade suficiente de solvente de extração para produzir 5 partes de tintura (massa ou 
volume). Pode também ter a proporção 1:10, isto é, 1 parte de droga vegetal e volume final de tintura 
de 10 partes (massa ou volume) (BRASIL, 2019), isto quando se tratar de drogas com potencial tóxico 
mais elevado.
No campo “Embalagem e armazenamento” do formulário menciona-se a preparação extemporânea. 
Mas o que é mesmo preparação extemporânea? “É a preparação para uso imediato, ou de acordo com 
o descrito na monografia específica, contida neste formulário, a ser realizada pelo usuário, por infusão, 
decocção ou maceração” (BRASIL, 2021a, p. 11).
Você pode notar que as informações oferecidas pela farmacopeia e pelo formulário são 
complementares, pois qualidade é de fundamental importância para que possamos garantir a eficácia 
farmacológica e a ausência de toxicidade, desde que obedecida a posologia indicada.
Porém, e quanto aos medicamentos fitoterápicos ou mesmo os fitoterápicos que são aviados pelas 
farmácias de manipulação? Na maioria dos casos o insumo farmacêutico ativo vegetal (IFAV) não é a 
droga vegetal, mas sim o fitocomplexo, na forma de derivado vegetal, como tinturas ou extratos.
 Observação
Fitocomplexo é o “conjunto de todas as substâncias, originadas do 
metabolismo primário e/ou secundário, responsáveis, em conjunto, pelos 
efeitos biológicos de uma planta medicinal ou de suas preparações” 
(BRASIL, 2021a, p. 9).
Os extratos são preparações que seguem a proporção 1:1 — isto é, para 1 g de droga vegetal, obtêm-se 
1mL (g) de extrato.
Eles podem ser fluidos, moles, secos, ou, ainda, conforme os conceitos mais recentes, extratos 
padronizados, quantificados e nativos (genuíno) (BRASIL, 2019, GN-00):
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Unidade I
• Extrato fluido “é a preparação líquida obtida por extração com líquido apropriado em que, em 
geral, uma parte do extrato, em massa ou volume corresponde a uma parte, em massa, da droga 
vegetal seca utilizada na sua preparação. Podem ainda ser adicionados conservantes. Devem 
apresentar especificações quanto ao teor de marcadores e resíduo seco”.
• Extrato mole “é a preparação de consistência semissólida obtida por evaporação parcial do líquido 
extrator empregado, podendo ser utilizado como solventes, unicamente, álcool etílico, água, ou 
misturas de álcool etílico e água em proporção adequada. Apresentam, no mínimo, 70% (p/p) de 
resíduo seco. Se necessário podem ser adicionados conservantes”.
• Extrato seco “é a preparação sólida obtida por evaporação do solvente utilizado no processo de 
extração. Podem ser adicionados de materiais inertes adequado e possuem especificações quanto 
ao teor de marcadores. Em geral, possuem uma perda por dessecação não superior a 5% (p/p)”.
• Extratos padronizados “correspondem àqueles extratos ajustados a um conteúdo definido de um 
ou mais constituintes responsáveis pela atividade terapêutica. O ajuste do conteúdo é obtido pela 
adição de excipientes inertes ou pela mistura de outros lotes de extrato”.
• Extratos quantificados “correspondem àqueles extratos ajustados para uma faixa de conteúdo 
de um ou mais marcadores ativos. O ajuste da faixa de conteúdo é obtido pela mistura de 
lotes de extrato”.
• Extrato ativo (genuíno) “corresponde àqueles extratos preparados sem adição de excipientes 
(extratos simples ou brutos). Contudo, para os extratos moles e preparações líquidas, o extrato 
nativo pode apresentar quantidades variáveis de líquido extrator”.
Para que se possa diferenciar bem os tipos de extratos, os padronizados ou quantificados estão 
relacionados aos marcadores com atividade terapêutica, já nos outros o controle de qualidade se 
dá pelos marcadores analíticos, isto é, controle de dosagem, mas não necessariamente associados à 
atividade terapêutica.
A Instrução Normativa n. 2, de 13 de maio de 2014 (IN2/2014), publicou a lista de medicamentos 
fitoterápicos de registro simplificado e a lista de produtos tradicionais fitoterápicos de registro 
simplificado; nessa lista as plantas listadas estão relacionadas aos seus marcadores analíticos, como 
ilustram os exemplos a seguir (BRASIL, 2014a):
Exemplo 1
• Nomenclatura botânica: Aesculus hippocastanum L.
• Nome popular: castanha-da-índia.
• Parte usada: sementes.
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21
FITOTERAPIA CLÍNICA
• Padronização/marcador: glicosídeos triterpênicos expressos em escina anidra.
• Derivado vegetal: extratos.
• Indicações/ações terapêuticas: fragilidade capilar, insuficiência venosa.
• Dose diária: 32 a 120 mg de glicosídeos triterpênicos expressos em escina anidra.
• Via de administração: oral.
• Restrição de uso: venda sem prescrição médica.
Exemplo 2
• Nomenclatura botânica: Mentha x piperita L.
• Nome popular: hortelã-pimenta.
• Parte usada: folhas.
• Padronização/marcador: 35% a 55% de mentol e 14% a 32% de mentona.
• Derivado vegetal: óleo essencial.
• Indicações/ações terapêuticas: expectorante, carminativo e antiespasmódico; tratamento da 
síndrome do cólon irritável.
• Dose diária: 60 a 440 mg de mentol e 28 a 256 mg de mentona.
• Via de administração: oral.
• Restrição de uso:
— Venda sem prescrição médica: expectorante, carminativo e antiespasmódico.
— Venda sob prescrição médica: tratamento da síndrome do cólon irritável.
No exemplo 1, castanha-da-índia, pode-se ver que a indicação de uso é a quantidade de extrato que 
contenha dose de 32 a 120 mg por dia de escina. Mas por que há essa diferença de dose? Porque depende 
do estado clínico do paciente, isto é, se a fragilidade capilar for muito severa ou não. O interessante é 
que a padronização se dá em glicosídeos triterpênicos (as saponinas), principalmente em escina. Neste 
caso, a indicação de uso é oral e é livre de prescrição médica, então, o próprio farmacêutico pode fazer 
a prescrição da castanha-da-índia.
22
Unidade I
A hortelã-pimenta, no exemplo 2, possui o óleo essencial (ou volátil) como o derivado vegetal a ser 
ingerido, pois seu uso é oral. Observe que, neste caso, o marcador é composto por duas substâncias, 
mentol e mentona, em doses de 60 a 440 mg de mentol e 28 a 256 mg de mentona. Essa dosagem é 
um pouco mais difícil de se obter, pois a maioria dos óleos não especifica todos os seus componentes. 
Em relação à indicação terapêutica, a Mentha x piperita é livre de prescrição médica quando a indicação 
é como expectorante, carminativo (gases) e antiespasmódico; porém, se o paciente tiver síndrome do 
cólon irritável, o farmacêutico não poderá realizar a prescrição, pois a legislação menciona que, para 
este uso, apenas o médico pode indicar a hortelã-pimenta.
Observe agora como a IN2/2014 trata o caso do gengibre (BRASIL, 2014a):
Exemplo 3
• Nomenclatura botânica: Zingiber officinale Roscoe.
• Nome popular: gengibre.
• Parte usada: rizomas.
• Padronização/marcador: gingeróis (6-gingerol, 8-gingerol, 10-gingerol, 6-shogaol).
• Derivado vegetal: extratos.
• Indicações/ações terapêuticas: profilaxia de náuseas causadas por movimento (cinetose) e 
pós-cirúrgicas.
• Dose diária: crianças acima de 6 anos, 4 a 16 mg de gingeróis; adulto, 16 a 32 mg de gingeróis.
• Via de administração: oral.
• Restrição de uso: venda sem prescrição médica.
Exemplo 4
• Nomenclatura botânica: Zingiber officinale Roscoe.
• Nome popular: gengibre.
• Parte usada: rizomas.
• Padronização/marcador: gingeróis (gingerol, gingerdionas e shogaol).
• Droga vegetal: droga, fresca ou seca, pulverizada (pó).
23
FITOTERAPIA CLÍNICA
• Indicações/ações terapêuticas: profilaxia de náuseas e vômitos durante a gravidez.
• Dose diária: adulto, 1 a 2 g do rizoma em pó (equivalente a 8 a 16 mg de gingeróis na droga vegetal).
• Via de administração: oral.
• Restrição de uso: venda sem prescrição médica.
Em ambos os casos, o gengibre não há restrição de uso, isto é, venda sem prescrição médica. Porém, 
observe que no exemplo 3 o derivado vegetal é o extrato, já no exemplo 4 não se tem mais o extrato, mas 
sim a planta fresca ou a droga seca ou pulverizada. Por isso, então, as doses são diferentes, pois o extrato 
é mais concentrado que a droga. Outro detalhe é que as indicações são para náuseas e vômitos, mas, 
quando o caso é vômitos na gravidez, apenas se recomenda a utilização da planta ou da droga vegetal.
Na IN2/2014 há também a “Lista de produtos tradicionais fitoterápicos de registro simplificado”. 
Nesta lista estão os produtos de uso tradicional, isto é, com literatura que comprove sua utilização com 
eficácia e segurança há mais de 30 anos. Os exemplos a seguir ilustram tal lista (BRASIL, 2014a):
• Nomenclatura botânica: Arnica montana L.
• Nome popular: arnica.
• Parte usada: capítulo floral.
• Padronização/marcador: lactonas sesquiterpênicas totais expressas em tiglato de di-idrohelenalina.
• Derivado vegetal: extratos.
• Indicações/ações terapêuticas: equimoses, hematomas e contusões.
• Concentração da forma farmacêutica: 0,16 a 0,20 mg de lactonas sesquiterpênicas totais 
expressas em tiglato de di-idrohelenalina por grama ou 0,08 mg de lactonas sesquiterpênicas 
totais expressas em tiglato de di-idrohelenalina por mililitro.
• Via de administração: tópica.
• Restrição de uso: venda sem prescrição médica; não usar em ferimentos abertos.
A arnica é uma planta tradicional, utilizada na Europa e no mundo há centenas de anos. Sua 
utilização em casos de inflamação é bem comprovada (ALONSO, 2004), porém, observe que a restrição 
de uso menciona “não utilizar em ferimentos abertos”. Isso acontece porque a arnica possui alcaloides 
que são hepatotóxicos, e, se for aplicada em ferimentos abertos, pode haver a absorção e a consequente 
toxicidade hepática.
24
Unidade I
Veja a seguir o caso do alcaçuz, que possuiindicação como expectorante. Observe que a restrição de 
uso é “sem prescrição médica”, mas não se deve utilizar continuamente por mais de seis semanas, pois 
há probabilidade de efeito mineralocorticoide.
• Nomenclatura botânica: Glycyrrhiza glabra L.
• Nome popular: alcaçuz.
• Parte usada: raízes.
• Padronização/marcador: ácido glicirrizínico.
• Derivado vegetal: extratos.
• Alegação de uso: expectorante.
• Dose diária: 60 a 200 mg de ácido glicirrizínico.
• Via de administração: oral.
• Restrição de uso: venda sem prescrição médica; não utilizar continuamente por mais de seis 
semanas sem acompanhamento médico.
 Lembrete
Derivado vegetal é o produto da extração da planta medicinal in 
natura ou da droga vegetal, podendo ocorrer na forma de extrato, tintura, 
alcoolatura, óleo fixo e volátil, cera, exsudado e outros. Utilizam-se métodos 
mais sofisticados.
Para compreendermos melhor a IN2/2014, elaboramos um resumo com todas as drogas vegetais 
listadas, com a dosagem diária do derivado vegetal, bem como principais atividades farmacológicas.
Tabela 1 – Medicamentos fitoterápicos da IN2/2014
Fitoterápico Posologia Principais atividades farmacológicas
Alcachofra 24 a 48 mg (ácido clorogênico) Colerético, colagogo, tratamento de hiperlipidemia
Alcaçuz
200 a 600 mg (ácido glicirrizínico)
Obs: não utilizar continuamente 
por mais de seis semanas sem 
acompanhamento médico
Tratamento de úlceras gástricas e 
duodenais
Alho 3 a 5 mg de alicina Tratamento da hiperlipidemia
25
FITOTERAPIA CLÍNICA
Fitoterápico Posologia Principais atividades farmacológicas
Anis (erva doce)
0 a 1 ano: 16 a 45 mg de trans-anetol
1 a 4 anos: 32 a 90 mg de trans-anetol
Adultos: 80 a 225 mg trans-anetol 
Expectorante, antiespasmódico, dispepsias 
funcionais
Cáscara-sagrada
20 a 30 mg (cascarosídeo A)
Obs: não utilizar continuamente por 
mais de uma semana
Constipação ocasional
Castanha-da-índia 32 a 120 mg (escina) Fragilidade capilar, insuficiência venosa
Centela 36 a 144 mg (asiaticosídeo) Insuficiência venosa
Cimicífuga* 2 a 7 mg (23-epi-26-desoxiacteína) Sintomas do climatério
Equinácea* 13 a 36 mg (ácido caftárico e chicórico) Preventivo e coadjuvante no tratamento de sintomas de resfriados e infecção urinária
Gengibre (droga 
vegetal) 
Adulto: 1 a 2 g do rizoma em pó (8 a 
16 mg de gingeróis na droga vegetal) Gravidez (náusea e vômito)
Gengibre (extrato)
Crianças acima de 6 anos: 4 a 16 mg 
(gingeróis)
Adulto: 16 a 32 mg (gingeróis)
Náuseas
Ginkgo* 26,4 a 64,8 mg de ginkgoflavonoides e 6 a 16,8 mg de terpenolactonas Vertigens, insuficiência vascular cerebral
Ginseng 8 a 16 mg de ginsenosídeos, por no máximo três meses Adaptógeno
Guaraná 15 a 70 mg (cafeína) Psicoestimulante e astenia
Hortelã-pimenta 60 a 440 mg de mentol e 28 a 256 mg de mentona
Expectorante, carminativo e 
antiespasmódico; síndrome do cólon 
irritável
Hipérico* 0,9 a 2,7 mg (hipericina) Antidepressivo leve a moderado 
Kava-kava* 60 a 210 mg (kavalactonas) Ansiolítico e insônia
Mirtilo 110 a 170 mg (antocianosídeos) Insuficiência venosa
Polígala 18 a 33 mg (saponinas triterpênicas) Bronquite crônica, faringite
Plantago 3 a 30 g do pó Coadjuvante no tratamento de obstipação intestinal; síndrome do cólon irritável
Salgueiro 60 a 240 mg (salicina) Antitérmico, anti-inflamatório
Saw palmetto* 272 a 304 mg (ácidos graxos) Hiperplasia benigna da próstata 
Sene 10 a 30 mg (senosídeo B) Laxativo
Soja 50 a 120 mg (isoflavonas) Sintomas do climatério
Tanaceto* 0,2 a 0,6 mg (partenolídeos) Enxaqueca
Uva-ursi* 400 a 840 mg (arbutina) Infecção urinária
Valeriana* 1 a 7,5 mg (ácido valerênico) Sedativo, hipnótico
* Drogas vegetais prescritas com restrição, isto é, que necessitam de receituário médico.
Adaptado de: BRASIL (2014a).
26
Unidade I
Tabela 2 – Produtos tradicionais fitoterápicos da IN2/2014
Produto Posologia Principais atividades farmacológicas
Alcaçuz
60 a 200 mg de ácido glicirrizínico
Obs: não utilizar continuamente por mais de seis 
semanas sem acompanhamento médico
Expectorante
Arnica
Uso tópico: 0,16 a 0,20 mg (lactonas sesquiterpênicas 
totais em tiglato de di idrohelenalina/g) ou 0,08 mg 
(tiglato de di idrohelenalina/mL)
Obs: não usar em ferimentos abertos
Equimoses, hematomas, contusões
Boldo 2 a 5 mg alcaloides totais (boldina) Colagogo, colerético, dispepsias funcionais e distúrbios gastrointestinais espásticos
Calêndula
Uso tópico: 1,6 a 5 mg de flavonoides totais 
— hiperosídeos por 100 g ou 0,8 a 1 mg de 
hiperosídeos/mL
Cicatrizante, anti-inflamatório
Camomila
Uso oral: 4 a 24 mg de apigenina-7-glicosídeo
Uso tópico: 0,005 a 0,05 mg de apigenina-7-
glicosídeo por 100 g ou 100 mL e 0,004 a 0,07 mg 
de derivados bisabolônicos por 100 g ou 100 mL
Antiespasmódico intestinal, dispepsias 
funcionais (uso oral); anti-inflamatório 
(uso tópico)
Cardo-mariano
200 a 400 mg de silimarina (silibinina [por UV]), 
154 a 324 mg de silimarina (silibinina [por HPLC]) Hepatoprotetor
Confrei
Uso tópico: 0,03 a 0,16 mg de alantoína por 100 mg
Obs: utilizar por no máximo 4 a 6 semanas/ano; 
não utilizar em lesões abertas
Cicatrizante, equimoses, hematomas e 
contusões
Espinheira-santa 60 a 90 mg taninos totais (pirogalol) Dispepsias, coadjuvante no tratamento de gastrite e úlcera gastroduodenal
Eucalipto Uso oral e inalatório: 14 a 42,5 mg de cineol Expectorante, anti-séptico das vias aéreas superiores
Garra-do-diabo
30 a 100 mg de harpagosídeo ou 45 a 150 mg de 
iridoides totais (harpagosídeos)
Obs: comprimido revestido gastrorresistente
Alívio de dores articulares moderadas e 
dor lombar baixa aguda
Guaco 0,5 a 5 mg de cumarina Expectorante e broncodilatador
Hamamélis
Uso interno: 420 a 900 mg de taninos totais 
(pirogalol)
Uso tópico: 0,35 a 1 mg por 100 mg ou 3,5 a 10 
mg/mL
Alívio sintomático de prurido e ardor 
associado a hemorroidas (uso interno); 
hemorroidas externas e equimoses (uso 
tópico)
Maracujá 30 a 120 mg de flavonoides totais (vitexina) Ansiolítico leve
Melissa 60 a 180 mg de ácidos hidroxicinâmicos (ácido rosmarínico)
Carminativo, antiespasmódico e 
ansiolítico leve
Sabugueiro 80 a 120 mg de flavonoides totais (isoquercitrina) Mucolítico/expectorante, tratamento sintomático de gripe e resfriado
Unha-de-gato
Uso oral: 0,9 mg de alcaloides oxindólicos 
pentaclíclicos
Obs: não utilizar em gestantes, lactantes e lactentes
Anti-inflamatório
Adaptado de: BRASIL (2014a).
27
FITOTERAPIA CLÍNICA
 Saiba mais
Para ler a versão completa da IN2/2014, acesse:
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Instrução Normativa 
n. 2, de 13 de maio de 2014. Publica a “Lista de medicamentos fitoterápicos 
de registro simplificado” e a “Lista de produtos tradicionais fitoterápicos de 
registro simplificado”. Brasília, 2014a. Disponível em: https://cutt.ly/7AFqdy0. 
Acesso em: 8 mar. 2022.
Em 2016, a Anvisa aprovou o Memento fitoterápico, que apresenta informações auxiliares sobre 
a prescrição dos fitoterápicos, a parte utilizada da planta, indicações terapêuticas, contraindicações, 
precauções, formas farmacêuticas, posologia, tempo de utilização, mas visando principalmente os 
ensaios farmacológicos clínicos e os dados sobre toxicidade.
Vejamos o exemplo:
Aesculus hippocastanum L.
IDENTIFICAÇÃO
Família
Sapindaceae.(1)
Nomenclatura popular
Castanha-da-índia.(2)
Parte utilizada/órgão vegetal
Semente.(2)
INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS
Para o tratamento da insuficiência venosa e fragilidade capilar.(3,4,5)
CONTRAINDICAÇÕES
Pacientes com histórico de hipersensibilidade e alergia a qualquer um dos componentes 
do fitoterápico não devem fazer uso do produto. Esse fitoterápico é contraindicado para 
pessoas com hipersensibilidade a escina ou a extratos de A. hippocastanum e pacientes com 
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28
Unidade I
insuficiência renal ou hepática.(6) Há indícios de que a absorção de escina seja maior em 
crianças, predispondo-as a maior toxicidade.(7)
PRECAUÇÕES DE USO
Toxicidade renal e hepática foram relatadas com o uso de preparados a basede 
A. hippocastanum em pacientes propensos a esse tipo de distúrbios.(6)
Embora não existam restrições, pacientes idosos só devem utilizar o fitoterápico com 
orientação médica. De acordo com a categoria de risco de fármacos destinados às mulheres 
grávidas, esse fitoterápico está incluído na categoria de risco C: não foram realizados 
estudos em animais e em mulheres grávidas; ou então, os estudos em animais revelaram 
risco, mas não existem estudos disponíveis realizados em mulheres grávidas.
Esse fitoterápico não deve ser utilizado por mulheres grávidas sem orientação médica, 
assim como por crianças e adolescentes.(18)
EFEITOS ADVERSOS
Após ingestão do fitoterápico podem ocorrer, em casos isolados, prurido, náuseas e 
desconforto gátrico.(8,9) Raramente podem ocorrer irritação da mucosa gástrica e refluxo.(7)
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
Esse fitoterápico não deve ser administrado com anticoagulantes orais, pois pode 
potencializar seu efeito anticoagulante.(7) Cerca de 90% de escina ligam-se às proteínas 
plasmáticas, podendo interferir com a distribuição de outras drogas.(6,7) Um caso de 
insuficiência renal foi relatado após administração concomitante de escina e o 
antibiótico gentamicina.(10)
FORMAS FARMACÊUTICAS
Cápsulas ou comprimidos contendo extrato etanólico seco padronizado e gel.(3)
Armazenar ao abrigo da luz e de umidade.(3)
VIAS DE ADMINISTRAÇÃO E POSOLOGIA (DOSE E INTERVALO)
Oral. Dose diária: 250 a 312 mg (dividida em duas vezes ao dia) do extrato padronizado 
contendo 16 a 20% de glicosídeos triterpênicos (equivalente a 100 mg de escina).(3)
Tópico. Gel para uso tópico contendo 2% de escina.(3)
29
FITOTERAPIA CLÍNICA
TEMPO DE UTILIZAÇÃO
Não foram encontrados dados descritos na literatura consultada sobre o tempo máximo 
de utilização. O tempo de uso depende da indicação terapêutica e da evolução do quadro 
acompanhado pelo profissional prescritor.
SUPERDOSAGEM
Se ingerido em altas doses esse fitoterápico pode causar vômitos, diarreia, fraqueza, 
espasmos musculares, dilatação da pupila, falta de coordenação e distúrbios da visão e 
da consciência.(11)
Assim como todos os extratos vegetais ricos em saponinas, podem ocorrer irritação 
da mucosa gástrica e refluxo. Quando grande quantidade de escina é absorvida 
através da mucosa gastrointestinal irritada ou lesionada, pode ocorrer hemólise, 
associada a dano renal.(12,13)
Em caso de superdosagem, suspender o fitoterápico imediatamente. Recomenda-se 
tratamento de suporte sintomático com medidas habituais de apoio e controle das 
funções vitais.
PRESCRIÇÃO
Fitoterápico, isento de prescrição médica.
PRINCIPAIS CLASSES QUÍMICAS
Cumarinas, flavonoides e saponinas.(2,3)
INFORMAÇÕES SOBRE SEGURANÇA E EFICÁCIA
Ensaios não clínicos
Farmacológicos
A administração intravenosa do extrato etanólico 95% das sementes de castanha-da-índia 
em cobaia (0,2–0,4 mL/kg) provocou redução do eritema induzido por histamina. Foi 
observado que o extrato etanólico 30% por via oral produziu efeito protetor em ratos, 
nos ensaios de edema de pata e artrite induzida por carragenina. Após a administração 
intraperitoneal da fração contendo saponinas isoladas do extrato das sementes da 
castanha-da-índia produziu atividades analgésica, anti-inflamatória e antipirética in vivo. 
Além disso, essa fração foi capaz de inibir a enzima prostaglandina sintetase in vitro. Ensaio 
realizado em ratos indicou que a administração intravenosa de escina (0,5–120 mg/kg) 
inibiu o edema de pata de rato e a formação de granuloma.(3)
30
Unidade I
Toxicológicos
Turolla e Nascimento(15) apresentam vários estudos sobre preparações a base de 
A. hippocastanum e relatam que nessas pesquisas houve baixa ou nenhuma toxicidade 
aguda e crônica, e terato e genotoxidade, em diferentes espécies animais.
Ensaios clínicos
Farmacológicos
De 23 estudos realizados em humanos com administração oral do extrato de Aesculus 
hippocastanum, num total de 4.339 pacientes participantes, para comprovação da sua 
ação sobre as desordens venosas, todos apresentaram resultados positivos com melhora do 
estado do paciente.(7)
Em estudos de metanálises e revisões de alguns ensaios randomizados, duplo-cegos 
e controlados verificou-se que o extrato das sementes de A. hippocastanum foi eficaz no 
tratamento da insuficiência venosa crônica.(16,17)
Toxicológicos
Em estudos com oito espécies do gênero Aesculus foram relatados que 3.099 casos 
analisados de 1985 a 1994, cerca de 50% das exposições ocorreram com crianças 
entre 0 e 5 anos de idade. Em 77% dos casos (2374) não foram detectados quaisquer 
efeitos tóxicos; em 11,5% dos casos (356) ocorreram efeitos mínimos a moderados. 
Nos demais 11,5% (359) dos casos, os efeitos foram classificados como de toxicidade 
potencialmente desconhecida(14).
Fonte: BRASIL (2016, p. 21-22).
A Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename) foi criada como uma forma de garantir 
acesso aos medicamentos, bem como à assistência farmacêutica e ao uso racional de medicamentos, 
fortalecendo assim o SUS (BRASIL, 2020).
A lista da Rename é construída a partir de avaliações que considerem as evidências científicas, tais 
como eficácia, segurança, efetividade, disponibilidade, custo, entre outros (BRASIL, 2020).
Segundo a Rename 2020:
 
Em relação aos medicamentos fitoterápicos, na coluna concentração/
composição é apresentada a quantidade de marcador. Para alguns 
casos, esse valor refere-se à dose diária, conforme consta na Instrução 
Normativa n. 2, de 13 de maio de 2014, da Anvisa, que publica a “Lista de 
medicamentos fitoterápicos de registro simplificado” e a “Lista de produtos 
31
FITOTERAPIA CLÍNICA
tradicionais fitoterápicos de registro simplificado”. Nos demais fitoterápicos, 
a concentração é apresentada por forma farmacêutica, também baseada 
na IN n. 2/2014. Ressalta-se que os medicamentos fitoterápicos podem ser 
industrializados ou manipulados, sendo que os últimos podem ser obtidos 
em farmácias de manipulação do SUS, Farmácias Vivas ou farmácias de 
manipulação conveniadas (BRASIL, 2020, p. 14-15).
A lista da Rename inclui 12 fitoterápicos:
• Alcachofra (Cynara scolymus L.).
• Aroeira (Schinus terebinthifolia Raddi).
• Babosa [Aloe vera (L.) Burm. f.].
• Cáscara-sagrada (Rhamnus purshiana DC.).
• Espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart. ex Reissek).
• Garra-do-diabo (Harpagophytum procumbens DC. ex Meissn.).
• Guaco (Mikania glomerata Spreng.).
• Hortelã (Mentha x piperita L.).
• Isoflavona-de-soja [Glycine max (L.) Merr.].
• Plantago (Plantago ovata Forssk.).
• Salgueiro (Salix alba L.).
• Unha-de-gato [Uncaria tomentosa (Willd. ex Roem. & Schult.)].
Esses medicamentos fazem parte da Relação Nacional de Medicamentos do Componente 
Básico da Assistência Farmacêutica e suas dosagens estão na IN2/2014. Isso significa que eles são 
oferecidos pelo SUS.
Outra legislação que nos auxilia na prescrição de fitoterápicos é a Instrução Normativa n. 86, de 
12 de março de 2021 (IN86/2021), que define a lista de medicamentos isentos de prescrição médica. 
Nela há uma lista de fitoterápicos, bem como sua utilização. Veja no quadro a seguir alguns exemplos 
de seu conteúdo:
32
Unidade I
Quadro 1 – Exemplos de conteúdo da IN86/2021
n Espécie Classe terapêutica Parte empregada Indicações terapêuticas e via de administração
1 Aesculus hippocastanum
Produtos com ação sobre o 
aparelho cardiovascular Sementes
Alívio dos sintomas relacionados a inchaços nas 
pernas, veias varicosas, sensação de peso, dor, 
cansaço, coceira, tensão nas pernas e câimbras na 
panturrilha. Restrições: uso oral
2 Aloe ferox + Gentiana lutea
Digestivos, hepatoprotetores, 
colagogos e coleréticos 
com ou sem efeito 
antiespasmódico
Rizoma + 
folhas
Auxiliar no funcionamento da vesícula biliar. Auxiliar 
no tratamento dos sintomas da dispepsia funcional. 
Prevenção e tratamento auxiliar de distúrbios 
hepáticos e dos distúrbios gastrointestinais 
espásticos. Digestivo. Uso oral
3 Aloe vera
Anti-inflamatórios. 
Cicatrizantescom ação 
anti-inflamatória
Folhas
Cicatrizante, destinado ao tratamento de 
queimaduras térmicas leves. Anti-inflamatório. 
Auxiliar no tratamento dos sintomas das dispepsias 
funcionais e dos distúrbios gastrointestinais 
espásticos (uso oral). Anti-inflamatório (uso tópico).
4 Arnica montana Produtos com ação na pele e mucosas Capítulo floral
Alívio dos sintomas de equimoses, hematomas e 
contusões. Uso tópico.
5 Atropa belladona
Antiespasmódicos 
e anticolinérgicos 
gastrointestinais
Folhas Alívio dos sintomas de cólicas e espasmos gastrintestinais. Uso oral.
Fonte: BRASIL (2021b).
Repare que nessa instrução normativa temos a classe terapêutica, as indicações terapêuticas e a via 
de administração, porém, não temos as dosagens, então temos que verificar em outras literaturas.
 Saiba mais
Acesse a versão completa da IN86/2021 em:
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Instrução Normativa 
n. 86, de 12 de março de 2021. Define a Lista de Medicamentos Isentos de 
Prescrição. Brasília: Anvisa, 2021b. Disponível em: https://cutt.ly/GAF2CDv. 
Acesso em: 8 mar. 2022.
O conjunto dessas legislações faz com que tenhamos um arcabouço que nos dá sustentação para a 
utilização e prescrição de fitoterápicos; contudo, é evidente que sempre teremos que estudar, pois esta 
é uma área em que sempre surgem novas descobertas e atualizações.
Outro tópico que devemos recordar é que, para a produção de plantas medicinais com qualidade, 
de maneira a se atingir alta concentração de metabólitos de interesse, o preparo da droga vegetal e o 
controle de qualidade são etapas essenciais.
Além disso, a preparação dos derivados vegetais é de fundamental importância para que se alcancem 
neles as concentrações de metabólitos de interesse.
33
FITOTERAPIA CLÍNICA
Na fitoterapia, as doses corretas devem ser obedecidas, e é importante que se tenha noção de 
quantidades (massa) relacionadas a várias medidas caseiras para as preparações extemporâneas, como 
decoctos, infusos e inalação.
 Observação
Decocção é o método no qual se coloca a droga vegetal ou a planta 
medicinal com solvente e leva-se à fervura, podendo ser tampada ou não, 
a depender da estrutura vegetal.
Listamos a seguir algumas medidas-padrão:
• 1 colher de sopa = 12 a 15 mL
• 1 colher de chá = 3 a 5 mL
• 1 colher de café = 1,5 a 2 mL
• 1 xícara de chá = 150 mL
Há algumas variações com relação a essas quantidades, por isso, sugerimos estas como uma forma 
de padronização (MORAES; WADT; JESUS, 2020; PEREIRA; DONEIDA, 2020; PLANTAS MEDICINAIS, 2018).
Como já deu para perceber, a fitoterapia é uma disciplina complexa, que envolve diversas disciplinas 
e legislações, mas é também muito gratificante.
2 METABÓLITOS PRIMÁRIOS E SECUNDÁRIOS
Já estudamos anteriormente as definições de metabólitos primários e secundários, neste livro; agora 
vamos trazer uma abordagem mais geral, com enfoque na fitoterapia e nos potenciais mecanismos de ação.
2.1 Polissacarídeos
Os polissacarídeos são metabólitos considerados primários (em alguns casos são considerados 
secundários). Mas o que são metabólitos primários e secundários, mesmo?
Metabólitos primários são produtos do metabolismo vegetal essenciais à sobrevivência da planta, 
como a glicose produzida na fotossíntese. Já os metabólitos secundários são produtos do metabolismo 
vegetal que não são essenciais à sobrevivência da planta, mas auxiliam muito a adaptação e 
sobrevivência ao meio ambiente. Por exemplo, um óleo volátil (ou essencial) atrai polinizadores ou 
repele predadores, mas a planta poderia sobreviver sem odor, porém com maior dificuldade, sendo 
atacada com mais facilidade pelos predadores ou reproduzindo menos, pois não teria tanta polinização 
pelos insetos e pássaros.
34
Unidade I
No caso, os polissacarídeos são considerados metabólitos primários, pois são, na verdade, polímeros 
de carboidratos (açúcares), sendo esses carboidratos essenciais à sobrevivência da planta.
Os polissacarídeos de maior importância farmacológica são os polissacarídeos heteroglicanos ou 
heterogêneos, pois são compostos por diferentes açúcares e/ou por seus ácidos. São chamados de fibras 
solúveis (BRUNETON, 2001).
Os polissacarídeos heterogêneos principais são as gomas, formações resultantes de uma lesão na 
planta, as mucilagens e as pectinas, que são da própria constituição do vegetal e ocorrem normalmente 
na planta. Estes polissacarídeos possuem importância farmacêutica por conta da propriedade de 
adsorção de substâncias, que faz com que muitas substâncias fiquem adsorvidas em sua estrutura, 
como é o caso das gorduras.
Figura 3 – Estrutura química da pectina
Disponível em: https://cutt.ly/2AIprWt. Acesso em: 8 mar. 2022.
A) B) C) 
Figura 4 – Goma (A), mucilagem (B) e pectina (C)
Fonte: C) Disponível em: https://cutt.ly/8AIaiIw. Acesso em: 8 mar. 2022.
Outra propriedade que essas substâncias possuem em comum é a capacidade de intumescer, isto 
é, “absorver” líquidos do meio onde estiverem; por isso são utilizadas em regimes de emagrecimento, 
pois absorvem líquidos e intumescem, provocando sensação de saciedade (WILLIS; SLAVIN, 2020).
Também são utilizadas como laxativos avolumantes, porque absorvem água no intestino, intumescem 
e auxiliam a formação do bolo fecal; dessa forma, facilitam o trânsito intestinal e a excreção das fezes, 
que ficam menos ressecadas. Essa propriedade é interessante por ser um mecanismo físico, então, se a 
35
FITOTERAPIA CLÍNICA
pessoa ingerir as fibras solúveis, mas não ingerir líquidos, vai haver uma constipação intestinal, e não 
uma ação laxativa, pois os polissacarídeos vão absorver a água da mucosa intestinal, fazendo com que 
ela perca lubrificação. Sem a lubrificação, fica mais difícil a excreção do bolo fecal. As fibras contribuem 
para a manutenção da flora intestinal (FULLER et al., 2016).
Os polissacarídeos podem, ainda, provocar a diminuição dos níveis de glicose sanguínea. Dependendo 
do tipo de polissacarídeos, esses efeitos são diferentes (LATTIMER; HAUB, 2010).
 Lembrete
Gomas são formações resultantes de uma lesão na planta, podendo esta 
ser de origem física, química ou microbiológica. As mucilagens e as pectinas 
ocorrem normalmente na planta, são da própria constituição do vegetal.
2.2 Taninos
Os taninos são metabólitos secundários, isto é, auxiliam na sobrevivência do vegetal. 
São metabólitos muito difundidos entre as plantas, por servirem como proteção do vegetal, e são 
encontrados em vários órgãos, em diferentes concentrações (PIZZI, 2021). Dividem-se em taninos 
hidrolisados, também chamados de gálicos, ou taninos condensados, conhecidos também como 
catequínicos (COSTA, 1994).
Grupos (S)-hexa-hidróxi-difenoila
Ácido gálico
Ácido elágico
Figura 5 – Taninos hidrolisados
Fonte: SIMÕES et al. (2004, p. 617).
36
Unidade I
R=H cianidina
R=OH delfinidina
Figura 6 – Taninos condensados
Fonte: SIMÕES et al. (2004, p. 620).
Como podemos observar, os taninos hidrolisados e os taninos condensados possuem estruturas 
poliméricas de alto peso molecular. Por apresentarem muitas hidroxilas em sua estrutura, são 
considerados polifenóis.
Os taninos hidrolisados são mais fáceis de serem quebrados, por hidrólise, em moléculas de ácido 
gálico e ácido elágico do que os taninos condensados. Estes, por serem polímeros de cianidina ou 
delfinidina (flavonoides), exigem maior energia para que possam ser quebrados, e são chamados muitas 
vezes de proantocianidinas (RITTO; OLIVEIRA; AKISUE, 2019).
Diversas ações farmacológicas são atribuídas aos taninos, por exemplo, a atividade antioxidante, 
pois os taninos sequestram radicais livres, impedindo danos celulares causados por esses radicais 
que são altamente reativos. Essa atividade antioxidante está relacionada, por exemplo, à atividade 
cardioprotetora do vinho e do bagaço da uva, compostos ricos em taninos, compostos polifenólicos 
encontrados principalmente nas cascas da uva. Como são antioxidantes, inibem a oxidação das 
gorduras, impedindo que elas se depositemnas artérias e veias, de modo que evitam a formação de 
ateromas. Também possuem atividade antiagregante plaquetária, evitando a formação de trombos 
(MUÑOZ-BERNAL et al., 2021; VACCARI et al., 2009).
37
FITOTERAPIA CLÍNICA
Há vários trabalhos relacionando os taninos à prevenção da formação de células tumorais, já que 
evitam a malformação celular por impedirem a ação dos radicais livres, que podem provocar lesões no 
DNA celular. Wang et al. (2019) comprovaram a diminuição da proliferação de células cancerígenas, 
bem como a promoção de apoptose celular em células de câncer cervical após tratamento com taninos.
Taninos também possuem atividade antimicrobiana, pois complexam com proteínas da parede (ou 
membrana) do microrganismo, impedindo que ele se reproduza. Veja que este caso possui atividade 
bacteriostática, se pensarmos em uma bactéria — lembrando que, se utilizarmos um tempo maior, 
de bacteriostática a atividade passa a ser bactericida, matando o microrganismo (BRUNETON, 2001).
Outro mecanismo antimicrobiano dos taninos reside no fato de que eles complexam com metais de 
modo a inibir rotas metabólicas. Vários metais são catalizadores de reações enzimáticas, dando origem a 
determinadas rotas metabólicas; nesse sentido, se eles estão complexados, impedem o início da reação 
e, consequentemente, da rota metabólica microbiana (ALONSO, 2004). Em diversos países, os taninos 
são utilizados na prevenção de placas e cáries dentais pela propriedade antimicrobiana, além de inibir 
a glicosiltransferase, enzima que estabelece ligações glicosídicas que propiciam às bactérias de mucosa 
oral capacidade de adesão às superfícies (dentes e gengivas); com isso, a bactéria perde capacidade de 
adesão, além da atividade antimicrobiana (PIZZI, 2021; SIMÕES et al., 2004).
Ainda pensando na complexação tanino-proteína, a atividade cicatrizante e antiúlcera (gástrica e 
duodenal) pode ser bem explorada farmacologicamente (CAVALINI et al., 2017; SIMOES et al., 2017; 
WADT, N. S. Y. et al., 2019; WADT, M. et al., 2019), em casos de feridas de origem venosa ou não, 
pois formam uma camada de proteção composta pela complexação do tanino com a proteína, e esta 
camada protege de agressões, permitindo que haja a proliferação de fibroblastos no local ferido, além 
da atividade antimicrobiana (PIZZI, 2021; WADT et al., 2017).
A atividade antidiarreica é outra que se baseia na complexação tanino-proteína, visto que a diarreia 
pode ocorrer devido a toxinas virais ou bacterianas, que irritam a mucosa intestinal, provocando 
aumento de histamina e contração intestinal, com aumento de movimentos peristálticos. Os taninos 
complexam-se com essas toxinas, que são proteínas, e diminuem o processo irritativo, diminuindo assim 
os movimentos peristálticos, além de terem atividade antimicrobiana, atuando no agente causador da 
diarreia (MATOS, 2007).
Os taninos são também anti-inflamatórios, mas não muito potentes; eles agem nas primeiras etapas 
da inflamação como degranulação de mastócitos e bloqueio da hialuronidase (SIMÕES et al., 2017).
Os taninos são estruturas polares, pois formam pontes de hidrogênio com a água, sendo muito 
solúveis em água, etanol, entre outros solventes polares. Precipitam com metais e macromoléculas 
como proteínas e polissacarídeos, estando aí suas incompatibilidades (COSTA, 2002).
Na nutrição são conhecidos como antinutricionais, exatamente por precipitarem com as proteínas, 
diminuindo sua absorção, e precipitando com metais, diminuindo disponibilidade deles (DAMODARAN; 
PARKIN; FENNEMA, 2010).
38
Unidade I
2.3 Flavonoides
Flavonoides são estruturas bem difundidas em plantas, que tiveram seu nome originado de Flavus, 
que significa “amarelo”, e oide, que significa “forma”; mas, na verdade, o que se iniciou como estudo de 
estruturas amarelas, viu-se que essas estruturas englobavam outras cores, como o branco, o laranja e 
até o roxo (RITTO; OLIVEIRA; AKISUE, 2019; ROBBERS; SPEEDIE; TYLER, 1997).
Os flavonoides encontram-se, normalmente, na forma de glicosídeos; ou seja, possuem açúcar 
(açúcares) em sua estrutura fundamental, e são, nesta forma, mais solúveis em solventes polares.
Rutina
Figura 7 – Glicosídeo flavonoídico
A genina, ou aglicona, ou núcleo fundamental dos flavonoides, é o 2-fenilbenzopirano. Nesta forma, 
a estrutura é mais solúvel em solventes apolares. Vale lembrar que a solubilidade também depende 
dos radicais a ela ligados; por exemplo, hidroxilas acopladas à genina vão aumentar a polaridade 
dessa estrutura.
Figura 8 – Estrutura fundamental de flavonoide
39
FITOTERAPIA CLÍNICA
Os flavonoides são responsáveis por várias atividades farmacológicas, dependendo da estrutura 
flavonoídica que a planta possui. Por exemplo, na figura 7 temos a rutina, que é um flavonoide muito 
utilizado em problemas vasculares, como varizes, pois aumenta a resistência vascular, diminuindo a 
permeabilidade vascular (ALONSO, 2018; RITTO; OLIVEIRA; AKISUE, 2019). Interessante lembrar que os 
flavonoides não provocam nem vasoconstricção, nem vasodilatação; nesse caso, agem na elasticidade 
vascular, auxiliando a circulação.
Podem ser anti-inflamatórios, inibindo a ciclo-oxigenase; alguns inibem até a lipo-oxigenase, 
apresentando atividade anti-inflamatória, semelhante aos corticoides, porém sem os efeitos colaterais 
destes (ALONSO, 2004).
As isoflavonas são utilizadas nos “fogachos” do climatério, pois se encaixam em receptores hormonais, 
e estruturalmente são semelhantes aos hormônios.
Como possuem muitas hidroxilas em sua estrutura, assim como os taninos, são antioxidantes, 
sequestradores de radicais livres, tendo então atividade antienvelhecimento, pois impedem degradação 
celular. São preventivos de doenças degenerativas, como hipertensão e aterosclerose, pois impedem a 
oxidação de gorduras e sua deposição em artérias e veias, evitando, assim, a diminuição do calibre dos 
vasos e hipertensão arterial. No caso de tumores também são preventivos, pois evitam danos celulares 
e a malformação das células.
Os flavonoides absorvem a luz nos comprimentos de onda da faixa da luz ultravioleta, protegendo 
as plantas dessa radiação e evitando danos a elas (SIMÕES et al., 2004).
2.4 Glicosídeos de isotiocianato
Esses glicosídeos são chamados também de glicosinolatos, e estão presentes em poucas famílias 
vegetais como as Brassicaceae; como exemplo de plantas dessa família temos brócolis, mostarda, 
repolho, colza etc. (ROBBERS; SPEEDIE; TYLER, 1997).
Possuem odor característicos, porque em sua estrutura há um átomo de enxofre conjugado à 
glicose; para as plantas são como inseticidas, pois seu odor afasta os insetos. Farmacologicamente esses 
compostos reduzem o risco de formação de células cancerígenas, principalmente aos cânceres ligados 
ao estradiol (ROBBERS; SPEEDIE; TYLER, 1997).
Há outros compostos organossulforados, com átomos de enxofre em sua estrutura, como o caso da 
aliina, que é encontrado no alho. O alho quando esmagado, libera a aliinase, enzima que vai converter 
a aliina em alicina, responsável pelo odor e sabor do alho, bem como suas atividades farmacológicas 
como antimicrobiano, antiagregante plaquetário (ALONSO, 2008; ROBBERS; SPEEDIE; TYLER, 1997).
40
Unidade I
Aliina 
(inodora) Ácido pirúvico
2 mols 
espontaneamente
Alicina 
(odor característico do alho)
Aliinase
Figura 9 – Formação de alicina
Fonte: Robbers, Speedie e Tyler (1997, p. 68).
2.5 Antraquinonas
As antraquinonas são estruturas derivadas da oxidação de fenóis — no caso, do antraceno, daí o 
nome antraquinona — que atuam no trato gastrintestinal. Veja sua estrutura na figura a seguir:
9,10-antraquinona 1,8-di-hidroxi-antraquinona 1,8-di-hidroxi-oxantrona
Figura 10 – Estrutura de antraquinonas
As antraquinonas também podem ter sua estrutura acoplada a açúcares, chamadas de glicosídeos 
antraquinônicos (BARNES; ANDERSON; PHILLIPSON, 2012), como ilustra a figura a seguir.
41
FITOTERAPIA CLÍNICA
Crisofanol
Senosídeo A
Figura 11 – Antraquinonas O-glicosídicas
Essasantraquinonas estão relacionadas principalmente à atividade laxativa ou catártica (laxativo 
drástico), a depender da dose e da forma que se encontram (oxidada ou reduzida), pois atuam “irritando” 
a mucosa intestinal e aumentando a histamina, o que provoca aumento de movimento peristáltico.
Outros dois mecanismos de ação estão relacionados às antraquinonas. Um deles é a inibição dos 
canais de cloreto (ou cloro), que faz com que se diminua a reabsorção de água da luz intestinal e, 
consequentemente, se formem fezes mais fluidas, mais fáceis de serem excretadas (FALKENBERG, 2017).
A inibição da bomba Na+/K+ATPase é outro mecanismo que justifica a atividade laxativa das 
antraquinonas, pois, quando se tem a inibição da bomba, há alteração de sódio e potássio, ativando 
um segundo mecanismo — a inibição da bomba Na+/Ca+2 — que promoverá um aumento de Ca+2 e, 
consequente, da contração muscular, além da diminuição de reabsorção de água da luz intestinal 
(GUYTON; HALL, 1997; MALIK; MULLER, 2016).
Unindo-se esses mecanismos, que são diminuição na reabsorção de água da luz intestinal e aumento 
de movimentos peristálticos, teremos uma ação laxativa, que pode ser mais drástica (catártica) se 
tivermos uma dose mais elevada ou a estrutura antraquinônica na forma reduzida; isto ocorre quando 
a planta é recém-colhida — porém, se ficar exposta ao ambiente, sofrerá oxidação, tornando sua ação 
mais branda (COSTA, 1994).
Os compostos antraquinônicos não devem ser utilizados continuamente, devido ao risco de provocar 
inflamações severas no intestino com escurecimento da mucosa intestinal, prolapso retal e até câncer 
de cólon (SIMÕES et al., 2017).
42
Unidade I
2.6 Glicosídeos cardioativos
Os glicosídeos cardioativos são encontrados em pequena quantidade nas plantas. Esses compostos 
são responsáveis por várias intoxicações involuntárias, pois possuem dose tóxica muito próxima da dose 
efetiva, e tempo de meia-vida longo — por exemplo, a digoxina possui tempo de meia-vida entre 30 e 
40 horas (COSTA, 2002).
Possuem açúcares em sua estrutura, cuja genina é composta por núcleo esteroidal e anel lactônico, 
sendo que este último pode ser pentagonal, denominado cardenolídeos, ou hexagonal, denominado 
bufadienolídeos, como ilustra a figura a seguir.
Cardenolídeos
Bufanolídeos
Porção açúcar - desoxiaçúcares
Anel lactônico pentagonal a-β insaturado
Anel lactônico hexagonal a-β insaturado
Figura 12 – Glicosídeos cardioativos
Os glicosídeos cardioativos são indicados em casos de insuficiência cardíaca congestiva (ICC), pois 
aumentam força de contração cardíaca, diminuem frequência cardíaca e aumentam o débito cardíaco. 
Possuem alta afinidade pelo miocárdio, concentrando-se nesse músculo (COSTA, 2002).
Seu mecanismo de ação inibe a bomba Na+/K+ATPase, havendo aumento de Ca+2 e formação do 
complexo actina-miosina, que promoverá a contração cardíaca (SIMÕES et al., 2004).
43
FITOTERAPIA CLÍNICA
Os chás com plantas ou drogas que contenham glicosídeos cardioativos não são recomendados 
devido ao seu potencial tóxico (ALONSO, 2008).
Pacientes que façam uso de cardioativos, como digoxina (princípio ativo extraído da dedaleira), 
devem ter especial atenção, pois há várias interações medicamentosas. Por exemplo, com diuréticos que 
não sejam poupadores de potássio: eles provocam perda de água, sódio e potássio, além de um aumento 
de cálcio, o que estimula a contração cardíaca — como os glicosídeos cardioativos também aumentam 
o cálcio e a contração cardíaca, pode haver uma potencialização da ação, com intoxicação e possível 
parada cardíaca em sístole.
Outra interação dos glicosídeos cardioativos que demanda atenção é com medicamentos para 
emagrecer cuja composição inclua plantas ou drogas vegetais que tenham antraquinonas: como 
visto anteriormente, as antraquinonas inibem a bomba Na+/K+ATPase, que ativa a inibição da 
bomba Na+/Ca+2, com posterior aumento na concentração de cálcio intracelular, o que também 
pode aumentar a contração cardíaca.
Por fim, outra interação a se destacar, não menos importante, é com medicamentos para osteoporose, 
que contêm cálcio absorvível, com glicosídeos cardioativos. Nesse caso, haverá aumento de cálcio no 
organismo, podendo gerar um aumento da contração cardíaca e parada cardíaca em sístole (BRUNETON, 
2001; SIMÕES et al., 2004).
2.7 Saponinas
As saponinas são estruturas semelhantes a sabões, possuem como genina dois núcleos, o triterpeno 
ou o núcleo esteroidal; como são tensoativas, possuem cadeia de açúcares ligada à genina. São os 
glicosídeos saponínicos.
Saponina monodesmosídica Saponina bidesmosídica
Figura 13 – Saponinas triterpênicas
44
Unidade I
Solaviasídeo Sarsaparrilosídeo
Figura 14 – Saponinas esteroidais
As saponinas, como tensoativos, formam espuma persistente, por pelo menos 15 minutos, e é muito 
utilizada em processos de lavagem, limpeza. São tóxicos para os peixes, pois alteram a tensão superficial 
da água, fazendo com que os peixes não consigam realizar as trocas gasosas, morrendo afogados. 
Também são utilizados como estabilizantes de emulsões, e as saponinas esteroidais são matéria-prima 
para medicamentos como os hormônios e os anti-inflamatórios esteroidais, pois delas é extraído o 
núcleo esteroidal (GENNARO, 2004).
As saponinas se complexam com lipídeos e possuem atividade hipocolesterolemiante, pois 
complexam com gorduras exógenas (ingeridas na alimentação). Um estudo demonstrou, em laboratório, 
que saponinas são capazes de facilitar a retirada de colesterol da membrana de células tumorais de 
bexiga, o que demonstra uma possível ação tóxica direta das saponinas sobre as membanas celulares; 
esses mesmos autores descobriram que as saponinas não influenciam a quantidade de colesterol nas 
membranas endossômicas ou lipossômicas dessas células (BOTTGER; MELZIG, 2013).
Por complexarem com lipídeos, a atividade antimicrobiana das saponinas é bem notada, pois, 
dependendo da concentração de saponina, ela pode ser bacteriostática ou bactericida. Esse mecanismo 
explica a atividade hemolítica das saponinas (ALONSO, 1998).
A complexação com lipídeos também está sendo utilizada na elaboração de medicamentos 
quimioterápicos e vacinas, pois as saponinas abrirão poros nas células, facilitando a entrada 
do quimioterápico nas células cancerígenas. Os complexos imunoestumulantes (Iscom) são utilizados na 
fabricação de vacinas. As saponinas, preparadas com as técnicas adequadas para serem usadas nos Iscom, 
“envolvem” o antígeno; quando tais complexos são aplicados, as saponinas serão liberadas primeiro, 
provocando uma irritação no local que aumentará a migração de anticorpos e, consequentemente, a 
resposta imunológica (CIBULSKI et al., 2016; SIMÕES et al., 2004).
Além disso, as saponinas têm atividade expectorante, pois irritam as vias aéreas superiores, 
provocando estímulo de tosse, e mucolítica, já que alteram a tensão superficial do muco, fazendo 
com que fique mais fino e, portanto, mais fácil de ser expectorado (SINMISOLA; OLUWASESAN; 
CHUKWUEMEKA, 2019).
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FITOTERAPIA CLÍNICA
Podem, ainda, ter atividade diurética, e até laxativa, por serem irritativas (sabões), mas não devem 
ser ingeridas a longo prazo (GENNARO, 2004).
Como facilitam a entrada de substâncias nas células, podem aumentar a concentração de alguns 
fármacos dentro delas, provocando reações indesejadas (SIMÕES et al., 2017).
As saponinas esteroidais podem ser anti-inflamatórias, porém, deve-se ter cuidado com a dose e 
o tempo de utilização, pois, ao serem hidrolisadas no organismo, elas liberam o núcleo esteroidal que 
pode ir para a formação de hormônios e cortisol no organismo. O uso contínuo pode provocar, entre 
outros efeitos, um efeito mineralocorticoide, com aumento de pressão arterial, e rash cutâneo (SIMÕES 
et al., 2017).
2.8 Alcaloides
Alcaloides são substâncias que têm sua origem biossintética nos aminoácidos; devido à variedade 
de aminoácidos que podem lhes dar origem, os alcaloides possuem diversas atividades farmacológicas

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