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Apostila ATPO

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ATPO – CFS 2017
APOSTILA
SUMÁRIO
MÓDULO 01
Gestão Integrada e Comunitária nas ações policiais;
MÓDULO 02
Direitos Humanos aplicados a atividade policial e o uso diferencial da força;
MÓDULO 03
Aspectos Técnicos da Abordagem Policial e suas particularidades;
MÓDULO 04
1º interventor em situação d de Crises;
MÓDULO 05
POPs e BO
MÓDULO 1
GESTÃO INTEGRADA E COMUNITÁRIA NAS AÇÕES POLICIAIS
CARACTERÍSTICAS E EXIGÊNCIAS DA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
Refletir acerca da sociedade contemporânea conduz-nos a pensar sobre a globalização. Para muitos, este fenômeno alcança à sua eficácia quando em um determinado instante se atinge o equilíbrio social e econômico. Entretanto, no Brasil, não tem sido apresentado desta forma. Antes, o que se observa é uma instabilidade social que traz consigo prejuízos à ordem pública, com altos índices criminais e uma visível sensação de insegurança.
Contudo, segundo o Professor Miguel Libório da UNISUL – Universidade do Sul de Santa Catarina, a nova ordem moderna da globalização se caracteriza pelo dinamismo e os inúmeros segmentos interligados e envolvidos, tendo como principais os seguintes:
· à industrialização;
· à economia;
· ao social (padronização de costumes e valores, principalmente do bloco ocidental, não excluindo os valores religiosos do bloco oriental), e
· à Tecnologia da Informação (através das grandes redes mundiais de comunicação, Internet, sistemas integrados de transmissão de dados via satélite, integrados a televisão – principal aparelho deste processo).
Um ponto a observar diz respeito às exigências dos países ricos, que demandam das nações em desenvolvimento e até os mais pobres, a fomentarem suas economias a todo custo dentro de uma competitividade desigual no mundo, por conseguinte, o lucro é o maior alvo a ser alcançado por tais nações, o que culmina no aparecimento das diferenças e crises sociais de toda ordem, agravando cada vez mais a polarização mundial entre ricos e pobres.
Desta feita, há de se ressaltar outra vertente danosa da globalização, advinda das desigualdades, os chamados crimes transnacionais, os quais já ocorriam principalmente com mais ênfase na América Latina, e que certamente foram potencializados. Libório (2008) ajuda na discussão elencando-os a seguir:
· Crime Organizado – caracterizado pelas grandes organizações mafiosas (russa, chinesa, japonesa, grupos de narcotraficantes da latino-américa e outras). O crime organizado não tem fronteiras. Existe em todas as nações e das mais diversas formas: tráfico de drogas, prostituição, armas, roubos de cargas, sequestro etc. E todos possuindo ramificações internacionais, sociais, políticas e principalmente econômicas. As estruturas governamentais se mostram impotentes para uma das formas econômicas mais rentáveis da atualidade.
· Banalização da Violência – caracterizado por movimentos políticos e ideológicos e pela desvalorização da vida como patrimônio maior do homem. A banalização da violência e o aumento da delinquência é algo de extrema preocupação, visto que até em países desenvolvidos, sem problemas sociais discrepantes, os índices de violência têm aumentado, por estarem vinculados à intensa competividade social e influência dos veículos de comunicação de massa.
· Aumento da delinquência – Tendo por base legislações fracas causando o princípio da anomia e impunidade. A anomia social no contexto brasileiro, pode ser entendida não apenas como a ausência de processos normativos, mas também a descrença daquilo que regulamenta a vida em comum da sociedade organizada. Com isso, torna-se claro ao indivíduo que o que “é certo” passa a ser “questionado ou duvidoso”; e o que era “incorreto”, pode ser considerado “vantajoso e seguro”. 
Conforme menciona o filósofo e Sociólogo Alemão Ralf Gustav Dahrendorf, nas sociedades contemporâneas assiste-se ao declínio das sanções. A impunidade torna-se cotidiana. Esse processo é particularmente visível em algumas áreas da existência social. Trata-se de áreas onde é mais provável ocorrer a isenção de penalidade por crimes cometidos. São chamados de “áreas de exclusão”, a saber:
· nas mais diferentes sociedades, uma enorme quantidade de furtos não é sequer registrada. Quando registrada, é baixa a probabilidade de que o caso venha a ser investigado. O mesmo é válido para os casos de evasão fiscal, crime que parece ter instituído uma verdadeira economia paralela e para o qual há sinais indicativos de desistência sistemática de punição. A consequência desse processo é que as pessoas acabam tomando as leis em suas próprias mãos.
· uma segunda área afetada é a juventude. Constata-se que em todas as cidades modernas os jovens são responsáveis pela grande maioria dos crimes, inclusive os crimes mais violentos. No entanto, o que se observa é a tendência geral para o enfraquecimento, redução ou isenção de sanções aplicáveis aos jovens. Suspeita-se que essa tendência seja em grande parte responsável pela delinquência juvenil;
· uma terceira é o reconhecimento, por parte do cidadão comum, de espaços na cidade que devem ser deliberadamente evitados, isto é, o reconhecimento de áreas que se tornam isentas do processo normal de manutenção da lei e da ordem. A contrapartida desse fato tem resultado no rápido envolvimento de sistemas privados de segurança, o que se traduz na quebra do monopólio da violência em mãos dos órgãos e indivíduos autorizados. Se levado ao extremo esse processo conduz necessariamente à anomia parcial;
· uma quarta área de exclusão diz respeito a própria falta de direção ou orientação das sanções. Para o sociólogo alemão, quando a extensão das violações às normas se tornarem bastante vastas, sua consequente aplicação se torna difícil, por vezes, impossível. Motins de ruas, tumultos, rebeliões, revoltas, insurreições, demonstrações violentas, invasões de edifícios, piquetes agressivos de greve e outras formas de distúrbios civis desafiam o processo de imposição de sanções. Não há como distinguir atos individuais de processo maciço de autênticas revoluções ou manifestações coletivas de uma exigência de mudança.
O Professor Miguel Libório (2008) conclui que, analisar por esse espectro é chegar ao pensamento de que à incompetência (ou ausência) das instituições públicas em não saber agir, ou em agir tardiamente, causam duas consequências imediatas em relação ao indivíduo:
· Perda da noção do tempo – ou seja, vive-se só o presente e não se projeta para o futuro; e
· Desconfiança generalizada – o indivíduo não acredita nas instituições, procurando se defender com os recursos que possui ou que adquire de qualquer maneira, a qualquer preço.
CONCEITUANDO GESTÃO
Muitos são os conceitos acerca do que se entende como gestão, levando-se em conta as várias vertentes e áreas temáticas no campo social e científico. Todavia, para fins de direcionamento do estudo em pauta, serão extraídos fragmentos de textos da web, que visam um melhor entendimento quanto à questão.
É o conjunto de tarefas que procuram garantir a afetação eficaz de todos os recursos disponibilizados pela organização a fim de serem atingidos os objetivos pré-determinados.
Por outras palavras, cabe à gestão a optimização do funcionamento das organizações através da tomada de decisões racionais e fundamentadas na recolha e tratamento de dados e informação relevante e, por essa via, contribuir para o seu desenvolvimento e para a satisfação dos interesses de todos os seus colaboradores e proprietários e para a satisfação de necessidades e interesse dos seus stakeholders ou da sociedade em geral.
De acordo com o conceito clássico inicialmente desenvolvido por Henry Fayol, compete à gestão atuar através de atividades de planeamento, organização, liderança e controlo de forma a atingir os objetivos organizacionais pré-determinados.
(texto extraído através do endereço eletrônico: http://www.significados.com.br/gestao)
Do latim gestĭo, o conceito de gestão refere-se à ação e ao efeito de gerir ou de administrar. Gerir consiste em realizar diligênciasque conduzem à realização de um negócio ou de um desejo qualquer. Administrar, por outro lado, consiste em governar, dirigir, ordenar ou organizar.
A gestão, como tal, envolve todo um conjunto de trâmites que são levados a cabo para resolver um assunto ou concretizar um projeto. Por gestão entende-se também a direção ou administração de uma empresa ou de um negócio.
(texto extraído através do endereço eletrônico: http://conceito.de/gestao)
No campo da segurança pública, o termo “gestão” tem sido mencionado com mais intensidade, em face dos novos modelos correlacionados aos Planos Estaduais de Segurança Pública, a exemplo do Pacto pela Vida, idealizado pelo Estado de Pernambuco nos idos de 2007, e que perdura até os dias atuais. Com sucessivas reduções anuais dos chamados Crimes Violentos Letais Intencionais – CVLI, o Pacto pela Vida angariou diversos prêmios nacionais e internacionais, replicando inclusive, esse novo modelo de Gestão por Resultados para municípios pernambucanos e outros Estados da federação, tal como a Bahia.
Responsável pela redução dos índices de criminalidade no Estado de Pernambuco, o Programa Pacto Pela Vida, criado em 2007, recebeu mais uma premiação internacional. Nesta quarta-feira (15), o governador do Estado e presidente Nacional do PSB, Eduardo Campos, esteve na sede do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em Washington, nos Estados Unidos, onde recebeu o Prêmio Governante: A Arte do Bom Governo. O Pacto Pela Vida foi premiado na categoria Governo Seguro: Boas Práticas em Prevenção do Crime e da Violência. (Texto extraído em: http://www.psb40.org.br)
INTEGRALIDADE E SEGURANÇA PÚBLICA
Em 2009, o Ministério da Justiça, por intermédio da Secretaria Nacional da Segurança Pública - SENASP lançou uma coletânea (2003-2009) tratando dos trabalhos alusivos aos Gabinetes de Gestão Integrada no Brasil. O texto apresenta, dentre muitos assuntos, uma breve análise sobre alguns aspectos atinentes a integralidade na segurança pública, os quais serão discorridos doravante.
Integralidade, segundo o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, em sua terceira edição revista e atualizada, quer dizer: (Do lar. Méd. integralitate) s.f. Qualidade de, condição, ou atributo do que é integral: totalidade, total, inteiro. Integrar: completar, tornar inteiro (inteirar-se, completar-se) e totalidade (De total + (i)dade) s.f. 1. O conjunto das partes que constituem um todo; soma. 2. filos. Unidade de partes; sistema.
A integralidade abrange leituras distintas e sentidos diversos. Exatamente por isso, pode, num determinado momento, aglutinar em torno dela atores políticos que comungam de indignações semelhantes, mesmo que tenham projetos específicos distintos. Quer dizer, possui vários sentidos, correlatos, sem dúvida, posto que forjados num mesmo contexto de luta e articulados entre si Possui, no entanto, sentidos distintos, que possibilitam que vários atores, cada qual com suas indignações e críticas ao que existe, comunguem estas críticas e, por um momento, pareçam comungar os mesmos ideais. Ela traz consigo um grande número de possibilidades de realidades futuras a serem criadas por meio das lutas, que têm em comum a superação daqueles aspectos criticados na realidade atual e que almejamos transformar.
Para que seja possível a realização de uma prática que atenda à integralidade, precisamos exercitar efetivamente o grupo, desde o processo de formação do profissional de determinada área.
O que é corresponder ao ideal de integralidade na Segurança Pública? A integralidade não é somente uma atitude e, sim, uma marca de um modo de organizar o processo de trabalho, feita de forma a otimizar o seu impacto social.
POLÍCIA COMUNITÁRIA 
Um mecanismo que favorece a implantação da Gestão integrada e Comunitária.
· As atuais reformas na área policial estão fundadas na premissa de que a eficácia de uma política de prevenção do crime e produção de segurança está relacionada à existência de uma relação sólida e positiva entre a polícia e a sociedade. Fórmulas tradicionais como sofisticação tecnológica, agressividade nas ruas e rapidez no atendimento de chamadas do 190 se revelam limitadas na inibição do crime, quando não contribuíram para acirrar os níveis de tensão e descrença entre policiais e cidadãos. Mais além, a enorme desproporção entre os recursos humanos e materiais disponíveis e o volume de problemas, forçou a polícia a buscar fórmulas alternativas capazes de maximizar o seu potencial de intervenção. Isto significa o reconhecimento de que a gestão da segurança não é responsabilidade exclusiva da polícia, mas da sociedade como um todo. (A EMERGÊNCIA DE NOVOS MODELOS. Do livro Policiamento Comunitário e o Controle Sobre a Polícia do autor Theodomiro Dias Neto)
Conceituando a Polícia Comunitária
Diante de vários conceitos que se pode observar no que concerne a polícia comunitária, os que doravante se seguem, apresentam uma contextualização que endossa a temática tratada nesta apostila.
É uma filosofia e estratégia organizacional que proporciona uma nova parceria entre a população e a polícia. Baseia-se na premissa de que tanto a polícia quanto a comunidade devem trabalhar juntas para identificar, priorizar e resolver problemas contemporâneos tais como crime, drogas, medo do crime, desordens físicas e morais, e em geral a decadência do bairro, com o objetivo de melhorar a qualidade geral da vida na área. (Trojanowicz ,1994)
A expressão “policia comunitária” remete a um significado mais abrangente, ou seja, contém todas as atividades relacionadas à resolução dos problemas que comprometem a qualidade de vida de uma comunidade. Essa resolução não cabe apenas aos órgãos policiais, mas, também, a outros órgãos da sociedade. Ela exige boa capacitação dos policiais que pretendem trabalhar com esta filosofia.
Segundo Trojanowicz e Bucqueroux (1999), a Polícia Comunitária é uma filosofia que associada a um novo modelo de agir da polícia com a comunidade visa estabelecer uma relação de parceria. Uma de suas finalidades é aproximar todos os órgãos de segurança e seus profissionais, para que a Polícia não seja lembrada por um número ou Quartel.
É um conceito mais amplo, compreendendo todos os meios possíveis para a solução de problemas, que de alguma maneira afetam a segurança de uma comunidade, sendo que esses meios podem ser de origem governamental ou não. (MARCINEIRO,2008)
A polícia comunitária é uma filosofia que ressalta a necessidade da parceria entre a comunidade e a polícia nas políticas de segurança pública, para que sejam direcionadas as ações e ocorra um controle social destas (COSTA,2004)
Conceituando o Policiamento Comunitário
É uma forma de policiar. Entende-se por policiamento todo o emprego do policial, seja através dos mais variados meios de locomoção ou a pé, que tenham como finalidade a prevenção e inibição de práticas delituosas pela ostensividade de sua presença. (MARCINEIRO,2008)
Em relação ao Policiamento Comunitário é possível dizer que conforme Trojanowicz (1994), o Policiamento Comunitário exige um comprometimento de cada um dos policiais e funcionários civis do departamento policial com sua filosofia.(...) com o objetivo de explorar novas iniciativas preventivas, visando a resolução de problemas antes de que eles ocorram ou se tornem graves.
Baseia-se também no estabelecimento dos policiais como mini-chefes de polícia descentralizados em patrulhas constantes, onde eles gozam da autonomia e da liberdade de trabalhar como solucionadores locais dos problemas da comunidade. (Trojanowicz e Bucqueroux, 1999)
Pode ser chamado também de policiamento de proximidade e constitui-se de um primeiro estágio para se evoluir para a filosofia de polícia comunitária.
Diferença dos Termos 
Na prática Polícia Comunitária (como filosofia de trabalho) difere do Policiamento Comunitário (ação de policiar junto à comunidade). Aquela deve ser interpretada como filosofia organizacional indistinta a todos os órgãos de Policia, esta pertinente às ações efetivas com a comunidade.Figura 1 - Diagrama da Polícia Comunitária e do Policiamento Comunitário.
Conforme a figura 1 percebe-se que o policiamento comunitário está contido na filosofia e estratégia chamada Polícia Comunitária.
Os Princípios da Polícia Comunitária
Para uma implantação do sistema de Policiamento Comunitário é necessário que todos na instituição conheçam os seus princípios, praticando-os permanentemente e com total honestidade de propósitos. São eles:
a. Filosofia e Estratégia Organizacional - A base desta filosofia é a comunidade. Para direcionar seus esforços, a Polícia, ao invés de buscar ideias pré-concebidas, deve buscar, junto às comunidades, os anseios e as preocupações das mesmas, a fim de traduzi-los em procedimentos de segurança;
a. Comprometimento da Organização com a concessão de poder à Comunidade- Dentro da comunidade, os cidadãos devem participar, como plenos parceiros da polícia, dos direitos e das responsabilidades envolvidas na identificação, priorização e solução dos problemas;
a. Policiamento Descentralizado e Personalizado - É necessário um policial plenamente envolvido com a comunidade, conhecido pela mesma e conhecedor de suas realidades;
a. Resolução Preventiva de Problemas a curto e a longo prazo - A idéia é que o policial não seja acionado pelo rádio, mas que se antecipe à ocorrência. Com isso, o número de chamadas do COPOM deve diminuir;
a. Ética, Legalidade, Responsabilidade e Confiança - O Policiamento Comunitário pressupõe um novo contrato entre a polícia e os cidadãos aos quais ela atende, com base no rigor do respeito à ética policial, da legalidade dos procedimentos, da responsabilidade e da confiança mútua que devem existir;
a. Extensão do Mandato Policial - Cada policial passa a atuar como um chefe de polícia local, com autonomia e liberdade para tomar iniciativa, dentro de parâmetros rígidos de responsabilidade. O propósito, para que o Policial Comunitário possua o poder, é perguntar-se: 
· Isto está correto para a comunidade?
· Isto está correto para a segurança da minha região? 
· Isto é ético e legal?
· Isto é algo que estou disposto a me responsabilizar?
· Isto é condizente com os valores da Corporação? 
Se a resposta for Sim a todas essas perguntas, não peça permissão. Faça-o
a. Ajuda às pessoas com Necessidades Específicas - Valorizar as vidas de pessoas mais vulneráveis: jovens, idosos, minorias, pobres, deficientes, sem teto, etc. Isso deve ser um compromisso inalienável do Policial Comunitário;
a. Criatividade e apoio básico - Ter confiança nas pessoas que estão na linha de frente da atuação policial, confiar no seu discernimento, sabedoria, experiência e, sobretudo, na formação que recebeu. Isso propiciará abordagens mais criativas para os problemas contemporâneos da comunidade;
a. Mudança interna - O Policiamento Comunitário exige uma abordagem plenamente integrada, envolvendo toda a organização. É fundamental a reciclagem de seus cursos e respectivos currículos, bem como de todos os seus quadros de pessoal. É uma mudança que se projeta para 10 ou 15 anos;
a. Construção do Futuro - Deve-se oferecer à comunidade um serviço policial descentralizado e personalizado, com endereço certo. A ordem não deve ser imposta de fora para dentro, mas as pessoas devem ser encorajadas a pensar na polícia como um recurso a ser utilizado para ajudá-las a resolver problemas atuais de sua comunidade.
DIFERENÇAS BÁSICAS DA POLÍCIA TRADICIONAL COM A POLÍCIACOMUNITÁRIA
POLÍCIA TRADICIONAL
• A polícia é uma agência governamental responsável, principalmente, pelo cumprimento da lei;
• Na relação entre a polícia e as demais instituições de serviçopúblico, as prioridades são muitas vezes conflitantes;
• O papel da polícia é preocupar-se com a resolução do crime;
• As prioridades são, por exemplo, roubo a banco, homicídios e todos aqueles envolvendo violência;
• A polícia se ocupa mais com os incidentes;
• O que determina a eficiência da polícia é o tempo de resposta;
• O profissionalismo policial se caracteriza pelas respostas rápidas aos crimes sérios;
• A função do comando é prover os regulamentos e as determinações que devam ser cumpridas pelos policiais; As informações mais importantes são aquelas relacionadas a certos crimes em particular;
• O policial trabalha voltado unicamente para a marginalidade de sua área, que representa, no máximo 2 % da população residente ali onde “todos são inimigos, marginais ou paisano folgado, até prova em contrário”;
• O policial é o do serviço;
• Emprego da força como técnica de resolução de problemas;
• Presta contas somente ao seu superior;
• As patrulhas são distribuídas conforme o pico de ocorrências
POLÍCIA COMUNITÁRIA
• A polícia é o público e o público é a polícia: os policiais são aqueles membros da população que são pagos para dar atenção em tempo integral às obrigações dos cidadãos;
• Na relação com as demais instituições de serviço público, a polícia é apenas uma das instituições governamentais responsáveis pela qualidade de vida da comunidade;
• O papel da polícia é dar um enfoque mais amplo visando à resolução de problemas, principalmente por meio da prevenção;
• A eficácia da polícia é medida pela ausência de crime e de desordem;
• As prioridades são quaisquer problemas que estejam afligindo a comunidade;
• A polícia se ocupa mais com os problemas e as preocupações dos cidadãos;
• O que determina a eficácia da polícia é o apoio e a cooperação do público;
• O profissionalismo policial se caracteriza pelo estreito relacionamento com a comunidade;
• A função do comando é incutir valores institucionais;
• As informações mais importantes são aquelas relacionadas com as atividades delituosas de indivíduos ou grupos;
• O policial trabalha voltado para os 98% da população de sua área, que são pessoas de bem e trabalhadoras;
• O policial emprega a energia e eficiência, dentro da lei, na solução dos problemas com a marginalidade, que no máximo chega a 2% dos moradores de sua localidade de trabalho;
• Os 98% da comunidade devem ser tratados como cidadãos e clientes da organização policial;
• O policial presta contas de seu trabalho ao superior e à comunidade;
• As patrulhas são distribuídas conforme a necessidade de segurança da comunidade, ou seja, 24 horas por dia; ·O policial é da área.
MÓDULO 2
DIREITOS HUMANOS APLICADOS A ATIVIDADE POLICIAL E O USO DIFERENCIAL DA FORÇA
DIREITOS HUMANOS APLICADOS À ATIVIDADE POLICIAL
1. A construção da história dos Direitos Humanos 
A história dos Direitos Humanos apresenta etapas que assinalam a progressiva extensão do conteúdo do conceito. Por sua índole, pode-se dizer que os Direitos Humanos nascem com o homem. As raízes do conceito se fundem com a origem da História e a percorrem em todos os sentidos. Neste imenso lapso de tempo, o homem, desde as mais diversas culturas, procura ideais e aspirações que respondem à variedade de suas condições materiais de existência, de seu desenvolvimento cultural, de sua circunstância política. 
1.1 Antiguidade ( 4.000aC – 476 DC) 
Mesmo sem um vasto registro escrito dos Direitos Humanos nesse período, historiadores e juristas acreditam que mesmo na mais remota história da humanidade é possível verificar registros rudimentares de direitos humanos. 
Hoje, o Código de Hamurábi( 1.700 AC, Rei Hamurábi), é tido como o melhor símbolo de registro desses direitos na antiguidade. De origem Sírio-babilônicos (Mesopotâmia), previam penas cruéis, infamantes e desumanas mas em desfavor dos Wardum( Classe “C”, representados pelos escravos marcados) em privilégios aos Awilum (Classe “A”) ou por vezes aos Muskenum (Classe “B”). 
Há ainda as Leis das 12 tábuas, normas que foram colocadas na frente do fórum romano. Nela vemos a publicidade e a Igualdade (Diferentemente do anterior). A compilação foi realizada pelo Rei Justiniano em 451AC ( 1ªs dez) e 450AC ( outras duas). 
1.2 Idade Média 
Um bom registro desse período é a Magna Carta ( 1215). Originou-se na área geográfica hoje equivalente a Inglaterra e tinha o fim de pacificara relação entre João sem terra e o Papa Inocêncio III. Trazia uma previsão do Habeas Corpus, do Direito de Propriedade e Devido Processo Legal.
1.3 Idade Moderna 
Onde hoje está a Alemanha, temos os Tratados de Vestifália( Trat de Münster + Osnaburk) ( 1648). Nela vemos uma concepção de estado moderno (território definido + povo e governo soberano, + reconhecimento), um conceito de Soberania ( renúncia à hierarquia baseada na religião).
Já na Inglaterra, temos a Bill ofRights( 1689). Repetem-se os preceitos da Magna Carta, somando-se a idéia de independência do parlamento (Divisão de poderes). 
Já em 1776, vemos a Declaração de direitos do povo da Virgínia ( EUA). Nela temos a idéia de que todo o poder emana do povo. Todo ser humano é titular de direitos fundamentais. 
1.4 Idade Contemporânea 
Em 1789 vemos a Declaração de Direitos do Homem e do cidadão (França). Vemos invenções inéditas como o Estado laico, Princípio da legalidade, anterioridade, Estado de inocência. 
Em 1917, destacamos a Constituição mexicana. Nela encontramos tutela aos interesses trabalhistas e previdenciários. Foram elaboradas durante a 1ª guerra mundial. 
Em 1919, temos a Constituição Alemã mas foi a criação da Liga das Nações (Tratado de Versalhes ) nesse ano que mais chama a atenção da evolução história já que representa um memorial do que viria a ser a ONU.
1.5 A 2ª guerra mundial e a ONU 
Nada se compara aos horrores praticados Durante a 2ª guerra. Após o conflito, emerge entre as nações envolvidas o sentimento de criar mecanismos que evitassem males como o de uma guerra e que não repetisse os mesmos fatores que levaram a ruína da Liga das Nações. 
É nesse cenário que surge a ONU (1945). Embora não seja o único órgão internacional de defesa dos direitos humanos é sem dúvida o de maior hegemonia. 
A ONU foi fundada em 24/10/1945 e situada originalmente em São Francisco, Califórnia e inicialmente contava com 51 membros. Hoje sua sede fica em Nova Iorque e são 193 membros. 
A Organização das Nações Unidas (ONU), ou simplesmente Nações Unidas (NU), é uma organização internacional cujo objetivo declarado é facilitar a cooperação em matéria de direito internacional, segurança internacional, desenvolvimento econômico, progresso social, direitos humanos e a realização da paz mundial.
Seu documento originário é a Carta das Nações, mas o de maior destaque é a Declaração Universal dos Direitos Humanos (10/12/1948) que firmou as Liberdades públicas, direitos econômicos e direitos de fraternidade. 
Vale ressaltar que esse documento foi elaborado como uma resolução mostrou-se como uma recomendação. Diferentemente dos tratados, não há nela qualquer sanção em caso de violação de seus preceitos. Essa hoje ainda é a maior crítica. Para dar executoriedade e efetividade à DUDH vieram outros documentos, dos quais por hora destacamos o Pacto Int. sobre Direitos Civis e Políticos (1966) e o Pacto Int. sobre os direitos econômicos, sociais e culturais (1966). O Brasil aderiu a ambos em 1992.
2. DIREITOS HUMANOS
2.1 O que são direitos humanos? 
“Não há nada mais Humano, 
Que a humanidade, 
(de) respeitar os direitos do outro”. 
Liu Onawale Costa 
Desde a publicação da Declaração Universal, “direitos humanos” é o nome dado às necessidades básicas de todo ser humano, como os direitos à vida, à alimentação, à saúde, à moradia, à educação, à liberdade de expressão, à liberdade política entre outros.
Atualmente os direitos humanos são direitos legais, isto significa que fazem parte da legislação. Estão tanto nos instrumentos internacionais como também são protegidos pelas constituições e legislações nacionais da maioria dos países do mundo. 
Os princípios fundamentais que constituem a legislação moderna dos direitos humanos têm existido ao longo da história. No entanto, foi somente no século XX que a comunidade internacional se tornou consciente da necessidade de desenvolver padrões mínimos para o tratamento de cidadãos pelo governo.
2.2 A Carta Internacional dos Direitos Humanos 
	
A Carta Internacional dos Direitos Humanos é o termo utilizado como uma referência coletiva a três instrumentos importantes do direito, a saber: 
a) A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) – Ratificada pelo Brasil em 10 de dezembro de 1948; 
b) Pacto Internacional Sobre os Direitos Civis e Políticos (PIDCP) – Ratificado pelo Brasil em 24 de janeiro de 1992;
c) Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (PIDESC) - Ratificado pelo Brasil em 24 de janeiro de 1992.
2.3 A Declaração Universal dos Direitos Humanos 
Adotada e proclamada pela resolução 217 A (III) da Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU) em 10/12/1948 dispõem nos arts 1º e 2º que: todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade. Tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição. 
Constituiu um grande avanço dado pela comunidade internacional devido ao seu caráter moral persuasivo decorrente do consenso de que se trata de uma declaração de regras internacionais de aceitação geral, que vinculada ao Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais e ao Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos formam a Carta Internacional dos Direitos Humanos. 
Foi precedida da assinatura da Carta das Nações Unidas em junho de 1945 que levou os Direitos Humanos para a esfera do Direito Internacional onde os países membros das Nações Unidas se comprometeram em adotar medidas para salvaguardá-los, após violações generalizadas dos direitos e liberdades humanas na Segunda Guerra Mundial onde imperava a noção de que os Estados não tinham que prestar contas a nenhuma outra instância a respeito do tratamento ofertado a seus nacionais.
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS 
Adotada e proclamada pela resolução 217 A (III) da Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948 
Preâmbulo 
Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo. 
Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos resultaram em atos bárbaros que ultrajaram a consciência da Humanidade e que o advento de um mundo em que os homens gozem de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de viverem a salvo do temor e da necessidade foi proclamado como a mais alta aspiração do homem comum, 
Considerando essencial que os direitos humanos sejam protegidos pelo Estado de Direito, para que o homem não seja compelido, como último recurso, à rebelião contra tirania e a opressão, 
Considerando essencial promover o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações, 
Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta, sua fé nos direitos humanos fundamentais, na dignidade e no valor da pessoa humana e na igualdade de direitos dos homens e das mulheres, e que decidiram promover o progresso social e melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla, 
Considerando que os Estados-Membros se comprometeram a desenvolver, em cooperação com as Nações Unidas, o respeito universal aos direitos humanos e liberdades fundamentais e a observância desses direitos e liberdades, 
Considerando que uma compreensão comum desses direitos e liberdades é da mis alta importância para o pleno cumprimento desse compromisso, 
A Assembleia Geral proclama 
A presente Declaração Universal dos Diretos Humanos como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, se esforcem, através do ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitose liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universal e efetiva, tanto entre os povos dos próprios Estados-Membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição. 
Artigo I - Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade. 
Artigo II - Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição. 
Artigo III - Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. 
Artigo IV - Ninguém será mantido em escravidão ou servidão, a escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas. 
Artigo V - Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante. 
Artigo VI - Toda pessoa tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecida como pessoa perante a lei. 
Artigo VII - Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação. 
Artigo VIII - Toda pessoa tem direito a receber dos tributos nacionais competentes remédio efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela lei. 
Artigo IX - Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado. 
Artigo X - Toda pessoa tem direito, em plena igualdade, a uma audiência justa e pública por parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir de seus direitos e deveres ou do fundamento de qualquer acusação criminal contra ele. 
Artigo XI - 1. Toda pessoa acusada de um ato delituoso tem o direito de ser presumida inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham sido assegurada todas as garantias necessárias à sua defesa. 2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento, não constituíam delito perante o direito nacional ou internacional. Tampouco será imposta pena mais forte do que aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso. 
Artigo XII - Ninguém será sujeito a interferências na sua vida privada, na sua família, no seu lar ou na sua correspondência, nem a ataques à sua honra e reputação. Toda pessoa tem direito à proteção da lei contra tais interferências ou ataques. 
Artigo XIII - 1. Toda pessoa tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras de cada Estado. 2. Toda pessoa tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e a este regressar. 
Artigo XIV - 1.Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países. 2. Este direito não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos contrários aos propósitos e princípios das Nações Unidas. 
Artigo XV - 1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade. 2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade. 
Artigo XVI - 1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restrição de raça, nacionalidade ou religião, têm o direito de contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam de iguais direitos em relação ao casamento, sua duração e sua dissolução. 2. O casamento não será válido senão com o livre e pleno consentimento dos nubentes. 
Artigo XVII - 1. Toda pessoa tem direito à propriedade, só ou em sociedade com outros. 2.Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade. 
Artigo XVIII - Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular. 
Artigo XIX - Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras. 
Artigo XX - 1. Toda pessoa tem direito à liberdade de reunião e associação pacíficas. 2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação. 
Artigo XXI - 1. Toda pessoa tem o direito de tomar parte no governo de seu país, diretamente ou por intermédio de representantes livremente escolhidos. 2. Toda pessoa tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país. 3. A vontade do povo será a base da autoridade do governo; esta vontade será expressa em eleições periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalente que assegure a liberdade de voto. 
Artigo XXII- Toda pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social e à realização, pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo com a organização e recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade. 
Artigo XXIII - 1. Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego. 2. Toda pessoa, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho. 3. Toda pessoa que trabalhe tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana, e a que se acrescentará se necessário, outros meios de proteção social. 4. Toda pessoa tem direito a organizar sindicatos e neles ingressar para proteção de seus interesses. 
Artigo XXIV - Toda pessoa tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável das horas de trabalho e férias periódicas remuneradas. 
Artigo XXV - 1. Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência fora de seu controle. 2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais. Todas as crianças nascidas dentro ou fora do matrimônio gozarão da mesma proteção social. 
Artigo XXVI - 1. Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito. 2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz. 3. Os pais têm prioridade de direito n escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus filhos. 
Artigo XXVII - 1. Toda pessoa tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do processo científico e de seus benefícios. 2. Toda pessoa tem direito à proteção dos interesses morais e materiais decorrentes de qualquer produção científica, literária ou artística da qual seja autor. 
Artigo XVIII - Toda pessoa tem direito a uma ordem social e internacional em que os direitos e liberdades estabelecidos na presente Declaração possam ser plenamente realizados. 
Artigo XXIV - 1. Toda pessoa tem deveres para com a comunidade,em que o livre e pleno desenvolvimento de sua personalidade é possível. 2. No exercício de seus direitos e liberdades, toda pessoa estará sujeita apenas às limitações determinadas pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer às justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade democrática. 3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma, ser exercidos contrariamente aos propósitos e princípios das Nações Unidas. 
Artigo XXX - Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada como o reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer atividade ou praticar qualquer ato destinado à destruição de quaisquer dos direitos e liberdades aqui estabelecidos.
1. Pilares que fundamentam os Direitos Humanos 
	Os Direitos Humanos são as coisas que precisamos para ter uma vida digna. Sua ênfase não está na caridade ou na filantropia, mas sim na autonomia e no protagonismo das pessoas, através da solidariedade e do respeito à diversidade. A introdução da Declaração Universal dos Direitos Humanos apresenta os motivos que levaram os países a assinarem o documento e os pilares ou bases que devem sustentar os direitos humanos em todas as pessoas. 
A partir do preâmbulo da Declaração Universal dos Direitos Humanos, podemos listar os princípios por trás dos direitos humanos: 
• DIGNIDADE 
• IGUALDADE 
• LIBERDADE 
• JUSTIÇA
	Os direitos humanos nascem do reconhecimento do valor e da dignidade da pessoa humana. Essa dignidade de todas as pessoas significa que o ser humano vale pelo que é, por ser humano, por ser pessoa. Esse valor é inegociável. Não pode ser comprado ou vendido. Todo ser humano merece respeito. Ter DIREITOS HUMANOS!!
2. Qual a relação entre Direitos Humanos e Segurança Pública? 
	Dada a grave realidade nacional e internacional, onde o crime e a violência ameaçam, a cada dia mais, as liberdades individuais e coletivas e as instituições democráticas, é preciso que a segurança pública seja resolutamente percebida como inclusa no mais fundamental dos Direitos Humanos. 
	É por isso que seus operadores diretos (policiais, bombeiros, agentes penitenciários e guardas municipais), devam considerar-se e ser considerados, cada vez mais, como promotores de direitos, e, é claro, como tal se portarem. 
3. Código de Conduta dos Encarregados pela Aplicação da Lei (CCEAL)
	
Adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas pela resolução 34/169, de 17/12/1979, estipula que a natureza das funções dos Encarregados da Aplicação da Lei (EAL) na defesa da ordem pública, e a maneira pela quais essas funções são exercidas, possuem um impacto direto na qualidade de vida dos indivíduos. Ressalta a importância de tais funções e o potencial para o abuso que o cumprimento desses deveres acarreta. 
	Estipula, sinteticamente, para os EAL nos seus 8 artigos: cumprimento da lei; respeito e proteção a dignidade humana; emprego da força estritamente necessária e na medida exigida para o cumprimento do dever; sigilo funcional; proibição da tortura ou outro tratamento ou pena, cruel, desumano ou degradante; dever de cuidado e proteção a saúde das pessoas privadas da liberdade; proibição, oposição e combate a corrupção; respeito ao CCEAL.
CÓDIGO DE CONDUTA DOS ENCARREGADOS PELA APLICAÇÃO DA LEI
Artigo 1° 
Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem sempre cumprir o dever que a lei lhes impõe, servindo a comunidade e protegendo todas as pessoas contra atos ilegais, em conformidade com o elevado grau de responsabilidade que a sua profissão requer. 
Artigo 2° 
No cumprimento do dever, os funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem respeitar e proteger a dignidade humana, manter e apoiar os direitos humanos de todas as pessoas. 
Artigo 3° 
Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei só podem empregar a força quando estritamente necessária e na medida exigida para o cumprimento do seu dever. 
Artigo 4° 
Os assuntos de natureza confidencial em poder dos funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem ser mantidos confidenciais, a não ser que o cumprimento do dever ou necessidade de justiça estritamente exijam outro comportamento. 
Artigo 5° 
Nenhum funcionário responsável pela aplicação da lei pode infligir, instigar ou tolerar qualquer ato de tortura ou qualquer outro tratamento ou pena cruel, desumano ou degradante, nem nenhum destes funcionários pode invocar ordens superiores ou circunstanciais excepcionais, tais como o estado de guerra ou uma ameaça de guerra, uma ameaça à segurança nacional, instabilidade política interna ou qualquer outra emergência pública como justificação para torturas ou outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes. 
Artigo 6° 
Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem assegurar a proteção da saúde das pessoas à sua guarda e, em especial, devem tomar as medidas imediatas para assegurar os cuidados médicos sempre que necessário. 
Artigo 7° 
Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei não devem cometer qualquer ato de corrupção. Também se devem opor rigorosamente e combater todos estes atos. 
Artigo 8° 
Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem respeitar a lei e este Código. Devem, também, na medida das suas possibilidades, evitar e opor-se rigorosamente a quaisquer violações da lei e do Código. 
Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei que tiverem motivos para acreditar que houve ou que está para haver uma violação deste Código, devem comunicar o facto aos seus superiores e, se necessário, a outras autoridades adequadas ou organismos com poderes de revisão e reparação. 
USO DIFERENCIADO DA FORÇA
1. CONCEITOS 
1.1 – FORÇA 
É toda intervenção compulsória sobre o indivíduo ou grupo de indivíduos, reduzindo ou eliminando sua capacidade de auto decisão. 
1.2 – NÍVEL DE USO DA FORÇA 
Intensidade da força escolhida pelo agente de segurança pública em resposta a uma ameaça real ou potencial, comportando desde a simples presença policial em uma intervenção, até a utilização da arma de fogo, em seu uso extremo (uso letal). 
1.3 – USO DIFERENCIADO DA FORÇA 
Consiste na seleção adequada de opções de força pelo policial em resposta ao nível de submissão do indivíduo suspeito ou infrator a ser controlado.
- USO PROGRESSIVO DA FORÇA X USO DIFERENCIADO DA FORÇA
Vale ressaltar que o outrora se utilizava o termo “uso progressivo da força”, todavia, considerando que o termo “progressivo” indica evolução, a nomenclatura foi modificada para “uso diferenciado da força”, haja vista que este termo (diferenciado) indica apenas uma distinção, permitindo, assim, não só a evolução, mas também uma regressão de nível de força.
Destarte, a nomenclatura correta para a disciplina é “Uso Diferenciado da Força”.
1.4 - INSTRUMENTOS DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO
Conjunto de armas, munições e equipamentos desenvolvidos com a finalidade de preservar vidas e minimizar danos à integridade das pessoas.
1.5 - TÉCNICAS DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO
Conjunto de procedimentos empregados em intervenções que demandem o uso da força, através do uso de instrumentos de menor potencial ofensivo, com intenção de preservar vidas e minimizar danos à integridade das pessoas.
1.6 - ARMAS DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO
 Armas projetadas e/ou empregadas, especificamente, com a finalidade de conter, debilitar ou incapacitar temporariamente pessoas, preservando vidas e minimizando danos à sua integridade.
1.7 - MUNIÇÕES DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO
Munições projetadas e empregadas, especificamente, para conter, debilitar ou incapacitar temporariamente pessoas, preservando vidas e minimizando danos a integridade das pessoas envolvidas.
1.8 - EQUIPAMENTOS DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO
Todos os artefatos, excluindo armas e munições, desenvolvidos e empregados com a finalidade de conter, debilitar ou incapacitar temporariamente pessoas, para preservar vidas e minimizar danos à sua integridade.
1.9- EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO
Todo dispositivo ou produto, de uso individual (EPI) ou coletivo (EPC) destinado a redução de riscos à integridade física ou à vida DOS AGENTES DE SEGURANÇA PÚBLICA
2. A ÉTICA E A LEGALIDADE NO USO DA FORÇA
Todas as sociedades confiam à polícia uma diversidade de poderes para fins de aplicação da lei e preservação da ordem. Inevitavelmente, o exercício, por um agente policial, de qualquer um dos poderes que lhe estão atribuídos tem um efeito direto e imediato sobre os direitos e liberdades dos seus concidadãos. 
A par da faculdade de recorrer à força, em certas circunstâncias e dentro de limites precisos, a polícia tem também a grande responsabilidade de assegurar que a sua autoridade seja exercida de forma lícita e eficaz. A missão da polícia é difícil e delicada, reconhecendo-se que a utilização da força por parte das autoridades policiais, em circunstâncias claramente definidas, controladas e inteiramente legítimas. Contudo, o abuso do poder de utilizar a força ofende o principio essencial que serve de base à noção de direitos humanos – o do respeito pela dignidade inerente à pessoa humana.
É, assim, fundamental, que sejam adotadas medidas para prevenir tal abuso, bem como para garantir a existência de mecanismos de reparação, investigação e sanção, quando se tenha verificado uma excessiva ou abusiva utilização da força. 
Uma extensa série de meios legais foi concedida às organizações de aplicação da lei, no mundo todo, de modo a capacitá-los a cumprir com os seus deveres de aplicação da lei e da prestação de assistência em situações em que seja necessário. Esses meios como, por exemplo, poderes e autoridades, estão relacionados, entre outros, à prisão, detenção, investigação criminal e o uso da arma de fogo. 
Em especial, a autoridade legal para empregar a força, incluindo o uso letal de armas de fogo em situações em que se torna necessário e inevitável para os propósitos legais da aplicação da lei, cria uma situação na qual os encarregados e membros da comunidade se encontram em lados opostos. Em princípio, os confrontos envolvem os encarregados da aplicação da lei e cidadãos individualmente. Na verdade, porém, têm a capacidade de influenciar a qualidade do relacionamento entre a organização de aplicação da lei e a comunidade como um todo. É óbvio que este relacionamento será ainda mais prejudicado no caso de uso da força ilegal, isto é, desnecessária e desproporcional. 
Os direitos à vida, á liberdade e à segurança devem ser considerados, sempre, quando do uso da força. O direito à vida é inerente à pessoa humana e deve ser protegido por lei; o direito à vida é um direito humano supremo. A segurança e a liberdade também são direitos fundamentais da pessoa humana. A organização policial, através de seus componentes, deve dar a mais alta prioridade à proteção do direito à vida de todas as pessoas, através da tentativa de evitar a tomada deliberada desta vida e através da perseguição com determinação e persistência dos responsáveis pela morte violenta de um ser humano. 
Em virtude desses fatores, os casos nos quais os policiais recorrem ao uso da força e, principalmente, ao uso de armas de fogo, devem ser limitados ao absolutamente necessário. 
Negociação, mediação, persuasão e resolução de conflitos são habilidades necessárias para a aplicação da lei. Comunicação é o caminho preferível para alcançar os objetivos da legítima aplicação da lei. Contudo, os objetivos da legítima aplicação da lei não podem sempre ser atingidos pela comunicação, permanecendo basicamente duas escolhas: ou a situação é deixada como está, e o objetivo não será atingido, ou os policiais decidem por usar a força para fazer valer o ordenamento legal. 
2.1 – Código de Conduta para os Encarregados da Aplicação da Lei – CCEAL 
É o código adotado pela Assembleia Geral das Nações Unidas na Resolução 34/169, de 17 de dezembro de 1979. A resolução da ONU que adota o CCEAL estipula que a natureza das funções de polícia na defesa da ordem pública, e a maneira na qual essas funções são exercidas possui um impacto direto na qualidade de vida dos indivíduos assim como da sociedade como um todo. Ao mesmo tempo em que ressalta a importância das tarefas desempenhadas pelos encarregados da aplicação da lei, a Assembleia Geral também destacou o potencial para o abuso que o cumprimento desses deveres acarreta. 
Esse código não tem força e tratado e busca criar padrões para que as práticas de aplicação da lei estejam de acordo com as disposições básicas dos direitos e liberdades humanas. É um código de conduta ética e se baseia no exercício do policiamento ético e legal. Resumidamente, os artigos dizem que numa conduta adequada os policiais devem: 
· Cumprir sempre o dever que a lei lhes impõe; 
· Demonstrar respeito e proteção à dignidade humana, mantendo e defendendo os direitos humanos; 
· Limitar o emprego da força; 
· Tratar adequadamente os assuntos confidenciais; 
· Reiterar a proibição da tortura ou outro tratamento ou pena cruel, desumana ou degradante; 
· Cuidar e proteger a saúde das pessoas privadas de sua liberdade;
· Proibir o cometimento de qualquer ato de corrupção. Também dever opor-se e combater rigorosamente esses atos; 
· Respeitar as leis e o CCEAL. 
Passaremos a abordar separadamente os artigos diretamente relacionados ao uso da força. 
No artigo 3º está estipulado que “os encarregados da aplicação da lei só podem empregar a força quando estritamente necessária e na medida exigida para o cumprimento do seu dever”. As disposições enfatizam que o uso da força deve ser excepcional e nunca ultrapassar o nível razoavelmente necessário para se atingir os objetivos legítimos de aplicação da lei. O uso da arma de fogo, neste sentido, deve ser visto como uma medida extrema. 
O artigo 5º estipula “a absoluta proibição da tortura ou outro tratamento ou pena cruel, desumano ou degradante”. Afirma que nenhum encarregado da aplicação da lei pode invocar ordens superiores ou circunstâncias excepcionais como justificativa para esses atos. 
O artigo 8º do CCEAL estipula que “os encarregados da aplicação da lei devem respeitar a lei e este código. Devem também, na medida das suas possibilidades, evitar e opor-se rigorosamente a quaisquer violações da lei e do código”. 
O código, pois, tem por objetivo sensibilizar os integrantes das organizações policiais para a enorme responsabilidade que o Estado lhes outorga. O policial é um sujeito da autoridade do Estado e, como tal, está investido de poder de grande alcance e a natureza de seus deveres coloca-o em situação de corrupção e violência policial, em potencial. O documento afirma que expor abertamente esses perigos é o primeiro passo para combatê-los efetivamente. A atitude policial tem uma forte relação com a imagem e percepção da organização como um todo, carregando assim, alta expectativa com relação aos padrões éticos mantidos dentro da força policial. 
Um policial que excede no uso da força ou que seja corrupto, pode fazer com que todos os policiais sejam vistos como violentos ou corruptos, porque o ato individual reflete como ato coletivo da organização. O policial protege e socorre a sociedade e, nesse sentido, exige-se um grau de confiança muito grande entre a força policial e a comunidade como um todo. Os padrões estabelecidos pelo código devem fazer parte da crença de todo encarregado da aplicação da lei e isto significa que esses valores devem estar incorporados na sua atuação policial do dia a dia. 
2.2 – Princípios Básicos sobre o Uso da Força e da Arma de Fogo – PBUFAF 
Foram adotados no Oitavo Congresso das Nações Unidas sobre a Prevenção do Crime e o Tratamento dos Infratores, realizado em Havana, Cuba, de 27 de agosto a 7 de setembro de 1990. Também não é um tratado, porém objetiva proporcionar normas orientadoras aos Estados membros na tarefa de assegurar e promover o papel adequado dos policiais. 
Em resumo, o documento destaca os seguintes pontos: 
· Os governos deverão equipar os policiais com vários tipos de armas e munições,permitindo um uso diferenciado de força e arma de fogo; 
· A necessidade de desenvolvimento de armas incapacitantes não-letais para restringir a aplicação de meios capazes de causar morte ou ferimentos; 
· O uso de armas de fogo com o intuito de atingir fins legítimos de aplicação da lei deve ser considerado uma medida extrema; 
· Os policiais não usarão armas de fogo contra indivíduos, exceto em caso de legítima defesa de outrem contra ameaça iminente de morte ou ferimento grave, para impedir a perpetração de crime particularmente grave que envolva séria ameaça à vida, para efetuar a prisão de alguém que resista à autoridade, ou para impedir a fuga de alguém que represente risco de vida. 
Os dois instrumentos, embora não estejam sob forma de tratados, permitem o uso da força para qualquer propósito policial legítimo, reforçando o ponto de vista segundo o qual a atividade policial pode ser vista como a busca para resolver qualquer situação na sociedade, na qual a força pode ser usada. 
2.3 – Legislação Nacional 
Na legislação brasileira, vários instrumentos regulam o uso da força e da arma de fogo pela força policial: 
2.3.1 – Código Penal 
O Código Penal apresenta justificativa ou causas de exclusão de ilicitude: 
Art. 23. Não há crime quando o agente pratica o fato: 
I – em estado de necessidade; 
II – em legítima defesa; 
III – em estrito cumprimento do dever legal ou no exercício regular de 
direito. 
2.3.2 – Código de Processo Penal
Dois artigos permitem o uso da força por policiais no exercício profissional: 
Art. 284. Não será permitido o emprego de força, salvo a indispensável no caso de resistência ou tentativa de fuga do preso (...). 
Art. 293. Se executor do mandado verificar, com segurança, que o réu entrou ou se encontra em alguma casa, o morador será intimado a entregá-lo, à vista da ordem de prisão. Se for obedecido imediatamente, o executor convocará duas testemunhas e, sendo dia, entrará à força na casa, arrombando as portas, se preciso; sendo noite, o executor, depois da intimação ao morador, se não for atendido, fará guardar todas as saídas, tornando a casa incomunicável, e logo que amanheça, arrombará as portas e efetuará a prisão. 
2.3.3 – Código Penal Militar 
No tocante ao emprego da força, o artigo 22 preconiza a exclusão de crime: 
Art. 22. Não há crime quando o agente pratica o fato: 
I – em estado de necessidade; 
II – em legítima defesa; 
III – em estrito cumprimento do dever legal; 
IV – em exercício regular de direito. 
2.3.4 – Código de Processo Penal Militar 
Os artigos relacionados com o emprego da força na ação policial dizem respeito à captura em domicílio, caso de busca e emprego de força: 
Art. 231. Se o executor verificar que o capturando se encontra em alguma casa, ordenará ao dono dela que o entregue, exibindo-lhe o mandado de prisão. 
Parágrafo único. Se o executor não tiver a certeza da presença do capturando na casa poderá proceder a busca, para a qual, entretanto, será necessária a expedição do respectivo mandado, a menos que o executor seja a própria autoridade competente para expedi-la. 
Art. 232. Se não for atendido o executor convocará duas testemunhas e procederá da seguinte forma: sendo dia, entrará à força na casa, arrombando-lhe a porta, se necessário; sendo noite, fará guardar todas as saídas, tornando a casa incomunicável, e, logo que amanheça, arrombar-lhe-á a porta e efetuará a prisão. 
Art. 234. O emprego da força só é permitido quando indispensável, no caso de desobediência, resistência ou tentativa de fuga. Se houver resistência da parte de terceiros, poderão ser usados os meios necessários para vencê-la ou para defesa do executor e seus auxiliares, inclusive a prisão do defensor. De tudo se lavrará auto subscrito pelo executor e por duas testemunhas. 
2.3.5 - Portaria interministerial nº 4.226/2010 (Anexo I)
2.3.6 - Lei federal nº 13.060/2014 (Anexo II)
2.4 – Princípios essenciais do UDF
Os policiais só devem recorrer ao uso da força apenas quando todos os outros meios para atingir um objetivo legítimo tenham falhado, devendo o objetivo ser legítimo. 
Os policiais devem ser moderados no uso da força e armas de fogo e devem agir em proporção à gravidade do delito cometido e o objetivo legítimo a ser alcançado.
Esta avaliação, que tem que ser feita individualmente pelo encarregado da aplicação da lei em cada situação concreta em que a questão do uso da força surgir, pois, do contrário, acarretará implicações negativas à corporação, à sociedade e ao agente.
O uso arbitrário de força e armas de fogo pelos policiais constitui violação da lei penal. Também constituem violações dos direitos humanos cometidas por aqueles mesmos que são chamados a manter e preservar esses direitos. 
O abuso da força e da arma de fogo pode ser visto como uma violação da dignidade e integridade humana tanto dos encarregados envolvidos como das vítimas.
Os direitos à vida, à liberdade e à segurança devem ser considerados, sempre, quando do uso da força e, para tal, a legislação e a doutrina que tratam do tema consideram que o agente de segurança, por ocasião do uso da força, deverá observar fielmente os seguintes princípios:
· LEGALIDADE;
· NECESSIDADE;
· PROPORCIONALIDADE;
· MODERAÇÃO; E 
· CONVENIÊNCIA
Por serem considerados essenciais, o agente da lei deve cumprir a todos, sob pena de responder penal, civil e administrativamente pelo uso indevido da força.
Conforme Anexo II da Portaria Interministerial nº 4.226/2010, os princípios essenciais são definidos da seguinte forma:
Princípio da Conveniência: A força não poderá ser empregada quando, em função do contexto, possa ocasionar danos de maior relevância do que os objetivos legais pretendidos.
Princípio da Legalidade: Os agentes de segurança pública só poderão utilizar a força para a consecução de um objetivo legal e nos estritos limites da lei.
Princípio da Moderação: O emprego da força pelos agentes de segurança pública deve sempre que possível, além de proporcional, ser moderado, visando sempre reduzir o emprego da força.
Princípio da Necessidade: Determinado nível de força só pode ser empregado quando níveis de menor intensidade não forem suficientes para atingir os objetivos legais pretendidos.
Princípio da Proporcionalidade: O nível da força utilizado deve sempre ser compatível com a gravidade da ameaça representada pela ação do opositor e com os objetivos pretendidos pelo agente de segurança pública.
3. USO DA FORÇA E ATIVIDADE POLICIAL 
O policial é o cidadão que porta a singular permissão para o uso da força e das armas, no âmbito da lei, através da investidura do poder de polícia, conferida pelo Estado. 
Uma abordagem sobre o poder de polícia passa pela análise das relações entre o Estado e os cidadãos, bem como pela possibilidade do Estado intervir na vida social. Trata-se do Estado Interventor, aquele construído pela burguesia para conservar e atender interesses sociais, políticos e econômicos. O poder de polícia, pois, tem suas origens na formação do Estado moderno após a desagregação do mundo feudal, ampliando a concepção de interesse público, que pode ser entendido como a prevalência do coletivo sobre o individual. 
Segundo Paulo de Bessa Antunes, 
“O conceito de poder de polícia está vinculado a prerrogativas e deveres da administração pública enquanto estrutura tendente a assegurar um mínimo de coesão social, dentro dos limites do estado de direito”. 
“O poder de polícia, como atuação positiva do Estado, é exercido no sentido de estabelecer freios à atividade individual, de modo a assegurar a preservação da paz pública e do bem-estar geral”. 
“É indiscutivelmente o poder de polícia, uma restrição imposta, coativamente, pelo Estado aos cidadãos, restrição esta que atinge fundamentalmente a liberdade e a propriedade individual. Em realidade, a atuação da polícia não se faz sem uma profunda contradição dialética que se exprime por uma constante luta entre as tendências aparentemente opostas da intervenção estatal e da manutenção das liberdades”. 
Caio Tácito afirma: “A abstençãodo poder público é tão nociva quanto a violação dos direitos individuais”. 
É imperativo observar, também, que o Estado tem a obrigação de fundamentar seus atos em uma lei formal, no princípio da legalidade, ou seja, a ação de polícia como instrumento do Estado deve observar essa legalidade. 
O poder de polícia é definido pelo artigo 78 do Código Tributário Nacional, que assim dispõe: “Considera-se poder de polícia a atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, do exercício de atividade econômica dependentes de concessão do poder público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais e coletivos”. 
No entanto, apesar de investido do poder de polícia, o policial não pode confundir o uso legal da força com truculência. Balestreri ressalta que “a fronteira entre a força e a violência é delimitada, no campo formal, pela lei; no campo racional, pela necessidade técnica; no campo moral, pelo antagonismo que deve reger a metodologia de policiais e criminosos”. 
3.1 – Uso indevido da força 
O uso legítimo da força evidencia-se quando o policial aplica os princípios da necessidade, legalidade, proporcionalidade e ética. O princípio da legalidade é a observação das normas vigentes no Estado; o princípio da necessidade verifica se o uso da força foi feito de forma imperiosa; o princípio da proporcionalidade é a utilização da força na medida exigida para o cumprimento de seu dever; a ética dita os parâmetros morais para a utilização da força. 
O não atendimento a qualquer um desses princípios caracteriza o uso indevido da força. 
3.2 – Necessidade do uso da força 
Algumas questões importantes devem ser respondidas para verificar a necessidade de usar a força para atender o objetivo legítimo da aplicação da lei e preservação da ordem pública: 
ü A primeira é se a aplicação da força é necessária. Para responder, o policial precisa identificar o objetivo a ser atingido. A resposta adequada atende aos limites considerados mínimos para que se torne justa e legal a ação. Caso contrário, o policial cometerá um abuso e poderá ser responsabilizado. 
ü A segunda refere-se a um questionamento se o nível de força a ser utilizado é proporcional ao nível de resistência oferecida. Este questionamento sugere verificar se todas as opções estão sendo consideradas e se existem outros meios menos danosos para se atingir o objetivo desejado. Neste momento, verifica-se a proporcionalidade do uso da força, e caso não haja, estará caracterizado o abuso de poder. 
ü O terceiro e último questionamento verifica se a força a ser empregada será por motivos sádicos ou maléficos. Busca-se verificar a boa fé por parte do policial e os seus princípios éticos. A boa fé demonstra a intenção do policial, embora ele possa errar ao adotar uma opção equivocada, decorrente de uma análise também equivocada. 
Segundo Leal (2007), em relação à proporcionalidade no uso da força, há de se destacar o brado do jurista Jellinek, após intensa discussão sobre o uso legal do poder de polícia, no simpósio sobre Direito de Polícia, em 1971, na França: 
NÃO SE ABATEM PARDAIS DISPARANDO CANHÕES 
O nível de entendimento primário de uso legal e diferenciado da força que o policial deve possuir é o de Jellinek, visto que o atributo da coercibilidade para ser alcançado legalmente pelo policial deve ser analisado não somente pelo prisma da técnica policial, mas, por um vasto conteúdo reformulador do próprio conteúdo normativo do que seja meio coativo e uso proporcional da força. A coação policial, por ser a mais nociva arma de freio e contrapeso social, deve abranger o uso da técnica correta e o que seja proporcional e legítimo para, após essa profunda análise, ser imposta ao cidadão em conflito com a lei (LEAL, 2007).
3.3 – Responsabilidades pelo uso da força 
Na rotina da Força Policial, os policiais agem individualmente ou em pequenos grupos. Para cada intervenção policial existe o potencial de se fazer necessário o exercício de sua autoridade e poderes. Procedimentos adequados de supervisão e revisão servem para garantir a existência de um equilíbrio apropriado entre o poder discricionário exercido individualmente pelos policiais e a necessária responsabilidade legal e política das Organizações Policiais como um todo. 
A responsabilidade cabe tanto aos policiais envolvidos em um incidente particular com o uso da força e da arma de fogo, como a seus superiores. Os chefes têm o dever de zelo, o que não retira a responsabilidade individual dos encarregados por suas ações. 
É importante a compreensão de que o reconhecimento, pelo Estado, de sua responsabilidade, apontando o erro do seu representante, não implica postura subalterna ou desvalorização do agente da polícia. Mas sim, assume a mais nobre das suas funções, que é a proteção da pessoa, célula essencial de sua existência abstrata, além de cumprir importante papel exemplificador, fator de transformação e solidificação.
3.4 – Medidas práticas para aplicação das normas internacionais e nacionais
· Inscreva-se em programas de formação para aumentar os seus conhecimentos e melhorar as suas aptidões nos seguintes domínios: primeiros socorros, defesa pessoal, utilização de equipamento defensivo, utilização de dispositivos não mortíferos, utilização de armas de fogo, comportamento das multidões, resolução de conflitos e controle das situações de tensão.
· Adquira e aprenda a utilizar escudos defensivos, coletes a prova de bala, capacetes e dispositivos não mortíferos. 
· Adquira, pratique e utilize diversos meios capazes de permitir a utilização diferenciada da forca, nomeadamente armas incapacitantes não mortíferas. 
· Participe de sessões de apoio psicológico, para aliviar o stress. 
· Acondicione cuidadosamente e de forma segura todas as armas que lhe sejam entregues. Parta do princípio de que todas as armas estão carregadas. 
· Estude e utilize técnicas de persuasão, mediação e negociação. 
· Planeje antecipadamente a utilização gradual e diferenciada da força, começando pelos meios não violentos. 
· Esteja atento ao estado físico e mental dos seus colegas e intervenha sempre que seja necessário para assegurar que recebam atenção, orientação e aconselhamento adequados. 
3.5 – Escala da força contínua 
A escala da força contínua tem sido incorporada por muitas instituições policiais, sendo, para tal, organizada em níveis de força.
Vimos anteriormente que nível de força é a intensidade da força escolhida pelo agente de segurança pública em resposta a uma ameaça real ou potencial, sendo compreendida desde a simples presença policial em uma intervenção, até a utilização da arma de fogo, em seu uso extremo (uso letal). 
O UDF consiste na adequação, na perfeita correlação entre a ação criminosa e a reação policial, para tal, a SENASP, no Curso de UDF, elenca este tema como o ponto central na teoria do uso da força, dividindo a força em níveis diferentes. 
É mister ressaltar que não existe uma classificação absoluta destes níveis, porém, basicamente a escala contínua do uso da força é classificada da seguinte forma:
· Presença física/ação de presença;
· Verbalização;
· Controles de contato ou controle de mãos livres;
· Técnicas de submissão/ táticas defensivas não letais;
· Força letal
· Presença policial: é a demonstração ostensiva de autoridade. O efetivo policial corretamente uniformizado, armado, equipado, em postura e atitude diligente, geralmente inibe o cometimento de infração ou delito naquele local.
· Verbalização: é o uso da comunicação ORAL com a entonação apropriada e emprego de termos adequados que sejam facilmente compreendidos pelo suspeito. 
É uma técnica que busca diminuir a possibilidade de resistência e confrontos, reduzindo o uso da força, conforme o modelo do Uso Diferenciado da Força.
As variações das posturas e no tomde voz do policial dependem da atitude da pessoa abordada e deve ser empregada em todos os demais níveis de uso de força.
Dicas importantes:
· O policial deve utilizar comandos curtos;
· O tratamento deve ser respeitoso e digno/cortês e firme
· Técnica de “CD riscado”: repetir várias vezes o mesmo comando, elevando-se e reduzindo o volume da voz;
· Verbos no modo imperativo;
· Mantenha a calma e a respiração;
· Jamais discuta;
· Não ameace o suspeito;
· Treine verbalização;
Portanto, ao verbalizar, o policial deve agir com tranquilidade e firmeza, destacando que firmeza não se confunde com violência. 
Ao dirigir-se as pessoas deve-se evitar o uso de termos vulgares, mantendo uma linguagem imperativa e firme. Assim, o policial demonstra que controla a situação e a linguagem que prevalece é a dele e não a do abordado. 
· Controles de contato ou controle de mãos livres: é o emprego de técnicas de defesa pessoal (combate corpo a corpo), aplicadas no abordado resistente passivo. Faz-se necessário efetividade e eficiência na aplicação das técnicas, devendo não negligenciar o treinamento.
São técnicas de defesa pessoal e imobilização de indivíduos infratores para a realização de busca pessoal, colocação de algemas e condução.
· Técnicas de submissão/ táticas defensivas não letais: é o emprego das técnicas de defesa pessoal policial, com um maior potencial de submissão para fazer com que o abordado resistente ativo (agressivo) seja controlado, COM o emprego de IMPO. 
Neste nível, o policial recorrerá aos instrumentos disponíveis, tais como: bastão tonfa, gás/agentes químicos, algemas, elastômeros (munições de impacto controlado), “TASER” (armas de impulso elétrico), entre outros, com o fim de anular ou controlar o nível de resistência.
· Força letal: consiste no disparo de arma de fogo efetuado pelo policial OU aplicação de técnicas de defesa pessoal policial, com ou sem uso de equipamentos, direcionados a regiões vitais do corpo do agressor. 
Deve ocorrer somente em situações extremas, que envolvam risco IMEDIATO de morte ou lesões graves ao agente ou terceiros, como o objetivo imediato de fazer cessar a ameaça.
3.7 Modelos de Uso Diferenciado da Força 
Não há modelos de UDF produzidos no Brasil de acordo com as características locais. Sendo comumente observado a cópia de um modelo preexistente, modificando apenas algum (ns) detalhes(s). Todavia, tais modelos podem servir de referência para os agentes da lei. Vejamos alguns exemplos:
Modelo FLECT de uso da força, criado pelo Federal Law Enforcement Training Center
	NÍVEL DE RESISTÊNCIA DO SUSPEITO
	NÍVEL DE CONTROLE DO USO DA FORÇA
	Presença do suspeito
	Posição de abordagem
	Resistência verbal
	Comando verbal (verbalização)
	Resistência passiva
	Técnicas de condução de preso
	Resistência defensiva
	Agentes químicos
	Resistência física ativa
	Táticas físicas: outras armas
	Uso de arma de fogo e força letal
	Uso de arma de fogo e força letal
ASPECTOS MAIS IMPORTANTES DA PORTARIA INTERMINISTERIAL Nº 4.226/2010
· O uso da força pelos agentes de segurança pública deverá se pautar nos documentos internacionais de proteção aos direitos humanos e deverá considerar, primordialmente:
· Código de Conduta para os Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei;
· Princípios orientadores para a Aplicação Efetiva do Código de Conduta para os Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei;
· Princípios Básicos sobre o Uso da Força e Armas de Fogo pelos Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei;
· Convenção Contra a Tortura e outros Tratamentos ou penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes
· O uso da força por agentes de segurança pública deverá obedecer aos princípios: da legalidade, necessidade, proporcionalidade, moderação e conveniência.
· Não deverão disparar ARMAS DE FOGO CONTRA PESSOAS, exceto em casos de legítima defesa própria ou de terceiro contra perigo iminente de morte ou lesão grave;
· Não é legítimo o uso de ARMAS DE FOGO CONTRA PESSOA EM FUGA que esteja desarmada ou que, mesmo na posse de algum tipo de arma, não represente risco imediato de morte ou de lesão grave aos agentes de segurança pública ou terceiros;
· Não é legítimo o uso de ARMAS DE FOGO CONTRA VEÍCULO QUE DESRESPEITE BLOQUEIO POLICIAL em via pública, a não ser que o ato represente um risco imediato de morte ou lesão grave aos agentes de segurança pública ou terceiros;
· Os chamados "DISPAROS DE ADVERTÊNCIA" não são considerados prática aceitável, por não atenderem aos princípios elencados na Diretriz n.º 2 e em razão da imprevisibilidade de seus efeitos;
· O ato de APONTAR ARMA DE FOGO CONTRA PESSOAS durante os procedimentos de abordagem não deverá ser uma prática rotineira e indiscriminada.
· Todo agente de segurança pública que, em razão da sua função, possa vir a se envolver em situações de uso da força, deverá portar no mínimo 2 (dois) instrumentos de menor potencial ofensivo e equipamentos de proteção necessários à atuação específica, independentemente de portar ou não arma de fogo.
· Nenhum agente de segurança pública deverá portar armas de fogo ou instrumento de menor potencial ofensivo para o qual não esteja devidamente habilitado; 
· Sempre que um novo tipo de arma ou instrumento de menor potencial ofensivo for introduzido na instituição deverá ser estabelecido um módulo de treinamento específico com vistas à habilitação do agente;
· Renovação da habilitação para uso de armas de fogo em serviço deve ser feita com periodicidade mínima de 1 (um) ano;
· Inclusão nos currículos dos cursos de formação e programas de educação continuada conteúdos sobre técnicas e instrumentos de menor potencial ofensivo;
· Estimular e priorizar, sempre que possível, o uso de técnicas e instrumentos de menor potencial ofensivo pelos agentes de segurança pública, sem se restringir às unidades especializadas;
REFERÊNCIAS 
ANTUNES, P. de B. Curso de direito ambiental (doutrina, legislação e jurisprudência). 2. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 1992. 
BALESTRERI, R. B. Treze reflexões sobre polícia e direitos humanos. Artigo. CICV. Direitos humanos e direito internacional humanitário para forças policiais e de segurança – uso da força e da arma de fogo. Comitê Internacional da Cruz Vermelha, caderno 10. 
BETINI, Eduardo Maia. Curso de UDF: Uso Diferenciado da Força. 1. ed. – São Paulo: Ícone, 2013.
GOMES, L. F. Algemas: quando usá-las. Artigo. Disponível em: www.ielf.com.br. Acesso em: 22 nov. 2007. 
LEAL, G. R. A proporcionalidade e o uso da força pelas polícias militares. Artigo. Disponível em: <www.direitonet.com.br/artigos/x/35/81/3581>. Acesso em 22 nov. 2007.
ONU. Manual de direitos humanos. Organização das Nações Unidas. 2001. 
PINC, T. M. Uso da força não letal pela polícia nos encontros com o público. Dissertação de Mestrado. Universidade de São Paulo (Mestrado em Ciência Política), 2006. 
SENASP. Técnicas e tecnologias não-letais de atuação policial. Módulo 1. 
SENASP. Técnicas e tecnologias não-letais de atuação policial. Módulo 2. 
SENASP. Técnicas e tecnologias não-letais de atuação policial. Módulo 3. 
SENASP. Técnicas e tecnologias não-letais de atuação policial. Módulo 4. 
SENASP. Uso legal da Força. Apostila. v. 1. 
SENASP. Uso legal da Força. Apostila. v. 3 
PRESENÇA POSTURA E VERBALIZAÇÃO
Presença policial: é a demonstração ostensiva de autoridade. O efetivo policial corretamente uniformizado, armado, equipado, em postura e atitude diligente, geralmente inibe o cometimento de infração ou delito naquele local.
Verbalização Policial: Verbalização: é o uso da comunicação ORAL com a entonação apropriada e emprego de termos adequados que sejam facilmente compreendidos pelo suspeito. 
É uma técnica que busca diminuir a possibilidade de resistência e confrontos, reduzindo o uso da força, conforme o modelo do Uso Diferenciado da Força.
As variações das posturas e no tom de voz do policial dependem da atitude da pessoa abordada e deve ser empregada em todos os demais níveis de uso de força.
Dicas importantes:
· O policial deve

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