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ÁREAS-PROTEGIDAS-E-MINERAÇÃO

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1 
 
ÁREAS PROTEGIDAS E MINERAÇÃO 
 
 
 
2 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empre-
sários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação 
e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade ofere-
cendo serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a partici-
pação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação 
contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos 
e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber atra-
vés do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
Sumário 
Areas Protegidas e Mineração ........................................................................... 1 
NOSSA HISTÓRIA ............................................................................................. 2 
1 Areas protegidas ............................................................................................. 4 
1.1 Conceito .................................................................................................... 4 
1.2 Histórico .................................................................................................... 5 
1.3 Objetivos das áreas protegidas ................................................................ 6 
1.4 Áreas protegidas x Unidades de Conservação no Brasil .......................... 7 
1.5 Tipos de áreas protegidas ........................................................................ 9 
1.5.1 As públicas ....................................................................................... 10 
1.5.2 As particulares.................................................................................. 11 
1.6 Metas de Aichi 2011-2020 ...................................................................... 17 
2 Conflito áreas protegidas e mineração .......................................................... 19 
2.1 Estudos retratam pressão da mineração sobre áreas protegidas .......... 23 
2.1.1 Títulos minerários da Agência Nacional de Mineração (ANM) com as 
poligonais das Terras Indígenas e das Unidades de Conservação na 
Amazônia Legal ........................................................................................ 23 
2.1.2 Mineração pode aumentar impacto em áreas de proteção .............. 28 
2.2 Instabilidade política .............................................................................. 29 
2.2.1 .Governo atual sobre Unidades de Conservação e mineração ........ 30 
Referências ...................................................................................................... 34 
 
 
 
 
 
 
 
 
file:///C:/Users/Usuario/Desktop/apsotilas%202/APOSTILA%20AP%20e%20Mineração.docx%23_Toc60134446
 
 
 
4 
1 Areas protegidas 
 
1.1 Conceito 
 
 
As áreas protegidas são territórios delimitados e geridos com o objetivo 
de conservar o seu patrimônio natural, que inclui elementos ecológicos, históri-
cos, geológicos e culturais. 
Embora historicamente o termo áreas protegidas tenha se aplicado a todo 
e qualquer espaço que beneficia de algum tipo de proteção preocupada com a 
natureza, desde pelo menos a segunda metade do século XX esforços tem sido 
feitos com o objetivo de elaborar um conceito de área protegida que inclui outras 
características básicas. 
A definição mais aceita internacionalmente no meio científico e político foi 
elaborada e vem sendo atualizada pela União Internacional para a Conservação 
da Natureza (IUCN ). Trata-se do conceito de área protegida utilizado como re-
ferência pela Base de dados de áreas protegidas das Nações Unidas (WDPA, 
na sigla em inglês). Segundo a IUCN: 
“Uma área protegida é um espaço geográfico claramente definido, reco-
nhecido, dedicado e gerido, através de meios legais ou outros igualmente efica-
zes, com o objetivo de garantir a conservação a longo prazo da natureza, junta-
mente com os serviços ecossistêmicos e os valores culturais associados”. 
Essa definição foi elaborada a partir dos anos 1960, com o objetivo de 
melhorar a comunicação entre os diferentes atores das áreas protegidas. Trata-
se de uma definição que segue a mesma linha de outros conceitos previstos 
primeiro na Convenção para a preservação de animais selvagens, pássaros e 
peixes na África (também chamada Convenção de Londres de 1900), e depois 
na Convenção relativa à preservação da fauna e da flora em seu estado natural 
(também chamada Convenção de Londres de 1933), e na Convenção para a 
proteção da flora, da fauna, e das belezas cênicas naturais dos países da Amé-
rica (conhecida como Convenção de Washington de 1940). 
Esses documentos foram pioneiros na busca por uniformizar a crescente 
diversidade de nomenclaturas de áreas protegidas que foram surgindo nos paí-
ses, e juntamente com o conceito de área protegida da UICN serviram de base 
https://biologo.com.br/bio/iucn/
https://biologo.com.br/bio/iucn/
 
 
 
5 
para o conceito de área protegida que consta na Convenção sobre Diversidade 
Biológica. 
 
1.2 Histórico 
 
Embora antecedentes das atuais áreas protegidas possam ser encontra-
dos na história de diversos países e lugares, inclusive desde a antiguidade, se-
gundo a literatura mais atualizada sobre o tema as atuais áreas protegidas sur-
giram entre os séculos XVIII e XIX. Vieram como resposta a devastação dos 
espaços naturais rurais, da poluição e da artificialização das áreas naturais re-
manescentes nos centros urbanos. 
Apesar de não se poder precisar com exatidão qual foi a primeira área 
protegida criada, um marco inicial das atuais políticas públicas nacionais de cri-
ação de áreas protegidas foi a criação do Parque Nacional de Yellowstone (Fi-
gura 1), nos Estados Unidos, em 1 de março de 1872. Nos anos seguintes, o 
mundo assistiria a uma gradual inclusão desses espaços nas políticas públicas 
dos países e, no início do século XXI, a maior parte das legislações dos países 
prevê a criação desses espaços. 
 
Figura 1: Parque Nacional de Yellowstone, criado em 1872 (Fonte: Google). 
 
Segundo dados de 2014, as áreas protegidas ocupavam cerca de 15.4% 
do território terrestre mundial, 3.4 da superfície total dos oceanos, e 8.4% das 
áreas marinhas sob jurisdição nacional. Para que fossem atingidos os objetivos 
estabelecidos em Aichi, em 2010*, estabelecidos no quadro da Convenção sobre 
http://biologo.com.br/bio/a-biologia-na-antiguidade/
https://www.nps.gov/yell/index.htm
https://www.nps.gov/yell/index.htm
 
 
 
6 
diversidade, esses números deveriam aumentar significativamente até 2020, o 
que não ocorreu como descrito no tópico 1.6. 
 
 
1.3 Objetivos das áreas protegidas 
 
Os objetivos das áreas protegidas podem ser os mais variados, mas têm 
como elemento central uma preocupação com a proteção da natureza local. Ma-
terialmente, seus objetivos podem abranger desde elementos específicos da na-
tureza local, como a biodiversidade biológica, a paisagem ou o patrimônio cultu-
ral que frequentemente se encontram presentes, ou um conjunto desses ele-
mentos. 
Da mesma forma, o foco específico desses objetivos pode variar conside-
ravelmente, prevendo desde uma proteção estrita e que restringe fortemente a 
presença humana, até abordagens inspiradas na ideia de desenvolvimento sus-
tentável ou de proteção integrada. 
Apesar dessa diversidadede objetivos e considerações, as legislações 
dos países e os documentos que regulamentam a gestão desses espaços tipi-
camente incluem um ou mais dos seguintes objetivos: 
Preservação das espécies e da diversidade genética; Proteção de carac-
terísticas naturais e culturais locais; Manutenção dos serviços ambientais (água, 
regulação do clima, diminuição da erosão, dentre outros); Investigação científica; 
Turismo e recreação; Educação ambiental; Utilização sustentável dos recursos 
naturais. 
 
*Durante a 10ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP-
10), realizada em 2010, na cidade de Nagoya, Província de Aichi, Japão, foi aprovado o 
Plano Estratégico de Biodiversidade para o período de 2011 a 2020. Este plano, que prevê 
um quadro global sobre a diversidade biológica, busca estabelecer ações concretas para 
deter a perda da biodiversidade planetária. O plano serve de base para estratégias do sis-
tema das Nações Unidas e todos os outros parceiros envolvidos na gestão da biodiversi-
dade e desenvolvimento de políticas. Foi estabelecido um conjunto de metas, objetivos de 
médio prazo, denominadas de Metas de Aichi para a Biodiversidade, sendo 20 proposições 
todas voltadas à redução da perda da biodiversidade em âmbito mundial. As Partes da CDB, 
193 países (incluído o Brasil) e a União Europeia, se comprometeram a trabalhar juntas 
para implementar as 20 metas até 2020. 
 
http://biologo.com.br/bio/biodiversidade/
http://biologo.com.br/bio/educacao-ambiental/
 
 
 
7 
1.4 Áreas protegidas x Unidades de Conservação no Brasil 
 
Em um primeiro momento poderá haver uma ligeira confusão entre uma 
Unidade de Conservação (UC) e uma Área de Preservação Permanente (APP), 
entretanto são definições distintas, e com características próprias inerentes a 
cada uma, conforme será exposto. 
 Ambas são instituídas por leis federais de mesma hierarquia, sendo que 
as APP´s pelo Código Florestal, a lei 4.771/65, e as UC´s pela lei 9.985/2000, 
que dispõe sobre o Sistema Nacional das Unidades de Conservação. 
 Entende-se por APP, aquela, coberta ou não por vegetação nativa, com 
a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade 
geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e 
assegurar o bem-estar das populações humanas, definição esta extraída do art. 
1, § 2o, inciso II da lei. São áreas que já estão definidas na lei, sendo elas as 
florestas e demais formas de vegetação natural de acordo com a localidade onde 
se situam, seja, a margem de um rio, uma lagoa, topo de uma montanha, enfim, 
conforme dispõe o art. 2º. 
 Significa dizer que essas florestas e formas de vegetação, já se encon-
tram protegidas, e não podem ser suprimidas, entretanto, há uma exceção nos 
casos utilidade pública ou de interesse social no qual poderá ser autorizada a 
supressão, desde que devidamente caracterizada e motivada em procedimento 
administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e locacional ao empre-
endimento proposto, ao contrário disso fica configurado um crime ambiental.
 No que tange as UC´s, de acordo com o texto legal, é considerado todo 
espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, 
com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Pú-
blico, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de 
administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção, conforme 
o art. 2º, inciso I, da lei que a instituiu. 
 Enquanto as APP´s se restringem as florestas e demais formas de vege-
tação, as UC´s possuem uma abrangência maior, com proteção de diversos 
bens naturais, além disso não são áreas previamente delimitadas, dependem de 
estudos técnicos e consulta popular, para que sejam definidas suas dimensões, 
limites, quais atributos naturais serão protegidos, e principalmente em qual grupo 
 
 
 
8 
serão enquadradas, seja de Proteção Integral ou Uso Sustentável. Cabe res-
saltar que após definida a localidade, as UC´s são instituídas por um ato do Po-
der Público, geralmente um decreto do Poder Executivo Federal, Estadual ou 
Municipal, e havendo necessidade de criá-las em áreas particulares, estas serão 
desapropriadas, com as respectivas indenizações. Em contrapartida, algumas 
UC´s, podem ser criadas em áreas particulares, que devem observar as regras 
do Plano de Manejo, e caso não sejam observados os objetivos deste docu-
mento, poderão ser desapropriadas. Por fim, constata-se que são áreas com 
características distintas, inclusive na sua forma de criação, todavia, possuem um 
único objetivo que é a proteção pelo Poder Público, que visa garantir a preser-
vação dos bens ambientais, efetivando o Princípio da Solidariedade Intergeraci-
onal, a fim de que as futuras gerações possam ter acesso a esses recursos. 
 Espaços como os parques, florestas nacionais, mosaicos florestais e as 
UCs mantidas pelo Programa de Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa) são res-
ponsáveis pela produção direta de parte da água destinada ao consumo hu-
mano, bem como impedem a emissão de bilhões de toneladas de carbono na 
atmosfera. A situação brasileira é incomum, pois em sua legislação existem dois 
conceitos semelhantes, “espaços territoriais especialmente protegidos” e “unida-
des de conservação”. No entanto, este último é aquele que mais se aproxima do 
conceito de área protegida da UICN. No Brasil, segundo o decreto n. 5.758, de 
13 de abril de 2006, que institui o Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegi-
das, o conceito de “área protegida” equivale somente às unidades de conserva-
ção brasileiras e às terras indígenas e territórios quilombolas. O mesmo dizem 
os relatórios de atividades apresentados pelo Brasil ao secretariado da Conven-
ção sobre diversidade, e a Base de dados de áreas protegidas das Nações Uni-
das. Embora as terras indígenas e territórios quilombolas não correspondam ao 
arquétipo tradicional de área protegida, e não sejam espaços onde a proteção 
da natureza seja o objetivo principal, o entendimento de que eles constituem 
áreas protegidas é condizente com o as mudanças recentes que a definição de 
área protegida da UICN vem sofrendo, e que de certa forma têm tornado o con-
ceito mais amplo. 
 
 
 
 
9 
1.5 Tipos de áreas protegidas 
 
Como supracitado as Áreas Protegidas são criadas para garantir a sobre-
vivência de todas as espécies de animais e plantas, a chamada biodiversidade, 
e também para proteger locais de grande beleza cênica, como montanhas, ser-
ras, cachoeiras, canyons, rios ou lagos. Além de permitir a sobrevivência dos 
animais e plantas, essas áreas contribuem para regular o clima, abastecer os 
mananciais de água e proporcionar qualidade de vida às populações humanas. 
No Brasil, existem dois tipos de áreas protegidas: as públicas e as privadas ou 
particulares. 
Existem áreas protegidas particulares devido à impossibilidade de criação 
de reservas públicas em todos os lugares e também porque existem certas áreas 
que devem sempre ser protegidas independentemente de sua localização, como 
por exemplo as margens de rios, nascentes e topos de morros. Nesse sentido, 
os dois tipos de áreas protegidas são complementares. 
O Parque Nacional das Araucárias é um exemplo de área protegida pú-
blica (Figura 2). 
 
 
Figura 2: Parque Nacional das Araucárias (Fonte: https://www.passos-
maia.sc.gov.br/cms/pagina/ver/codMapaItem/15383) 
 
 
https://www.passosmaia.sc.gov.br/cms/pagina/ver/codMapaItem/15383
https://www.passosmaia.sc.gov.br/cms/pagina/ver/codMapaItem/15383
 
 
 
10 
 
1.5.1 As públicas 
 
As áreas protegidas públicas são chamadas de unidades de conservação 
e são divididas em diferentes categorias, de acordo com seus objetivos. As ca-
tegorias e os objetivos estão definidos na Lei nº 9.985, de 18-07-2000, que ins-
tituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação(SNUC). 
Entre os objetivos, destacam-se: a manutenção da diversidade biológica 
e dos recursos genéticos; a proteção das espécies ameaçadas de extinção; a 
preservação e restauração da diversidade de ecossistemas naturais e degrada-
dos; a promoção do desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais; 
a valorização econômica e social da diversidade biológica; a proteção de paisa-
gens naturais pouco alteradas e de notável beleza cênica; a proteção e recupe-
ração dos recursos hídricos; a promoção da educação ambiental e do ecotu-
rismo; o incentivo à pesquisa científica; e a proteção dos recursos naturais ne-
cessários à sobrevivência das populações tradicionais. 
A Lei do SNUC instituiu duas categorias de unidades de conservação: 
Unidades de Proteção Integral – Entende-se por proteção integral a ma-
nutenção dos ecossistemas livres de alterações causadas por interferência hu-
mana, admitindo apenas o uso indireto dos seus atributos naturais. Nesse grupo 
incluem-se as Estações Ecológicas (Figura 3), Reservas Biológicas, Parques 
Nacionais, Monumentos Naturais e Refúgios de Vida Silvestre. 
 
 
Figura 3: Estação Ecológica Alto Maués, criada em 2014, no Amazonas. 
(Foto: ICMBio). 
 
 
 
 
11 
Unidades de Uso Sustentável – Entende-se como uso sustentável a ex-
ploração do ambiente de maneira a garantir a perenidade dos recursos ambien-
tais renováveis e dos processos ecológicos, mantendo a biodiversidade e os de-
mais atributos ecológicos, de forma socialmente justa e economicamente viável. 
Nesse grupo estão as Áreas de Proteção Ambiental (APA), Áreas de Relevante 
Interesse Ecológico (ARIE) (Figura 4), Florestas Nacionais (FLONA), Reservas 
Extrativistas (RESEX), Reservas de Fauna e Reservas de Desenvolvimento Sus-
tentável. 
 
Figura 4: Trilha de um Carnossauro na Área de Relevante Interesse Ecológico Vale 
dos Dinossauros (Fonte: Wikipedia). 
 
A criação de UCs é uma ferramenta muito importante para a conservação 
da biodiversidade. Apesar disso, um percentual ainda muito pequeno da Mata 
Atlântica está sob essa proteção. 
 
1.5.2 As particulares 
 
Segundo a Constituição Federal, a conservação e preservação da natu-
reza é obrigação conjunta do poder público e dos cidadãos: 
“Art. 225 – Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem 
de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Carnossauro
https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81rea_de_Relevante_Interesse_Ecol%C3%B3gico_Vale_dos_Dinossauros
https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81rea_de_Relevante_Interesse_Ecol%C3%B3gico_Vale_dos_Dinossauros
 
 
 
12 
Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as pre-
sentes e futuras gerações.” 
Isso também alcança as florestas existentes nas propriedades privadas, 
as quais, segundo o Art. 1º do Código Florestal Brasileiro (Lei nº 4.771, de 15-
09-1965), são bens de interesse comum a todos os habitantes do País. 
“Art. 1º – As florestas existentes no território nacional e as demais formas de 
vegetação, reconhecidas de utilidade às terras que revestem, são bens de inte-
resse comum a todos os habitantes do País, exercendo-se os direitos de propri-
edade com as limitações que a legislação em geral e especialmente esta Lei 
estabelecem.” 
Segundo o Código Florestal, todas as propriedades privadas devem man-
ter uma área de Reserva Legal e preservar as Áreas de Preservação Perma-
nente. Além da Reserva Legal e das Áreas de Preservação Permanente, que 
todos os proprietários têm a obrigação de preservar, os proprietários podem, por 
vontade própria, criar Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN). 
Reserva Legal – É a área de cada propriedade particular onde não é per-
mitido o desmatamento (corte raso), mas que pode ser utilizada em forma de 
manejo sustentado. A Reserva Legal é uma área necessária ao uso sustentável 
dos recursos naturais, à conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à 
conservação da biodiversidade e ao abrigo da fauna e flora nativas. Nas regiões 
Sul, Sudeste e Nordeste, onde ocorre a Mata Atlântica, a Reserva Legal é de 
20% de cada propriedade; na Amazônia é de 80% para as áreas onde ocorre 
floresta e de 35% onde ocorre o cerrado. 
A Reserva Legal é permanente e deve ser averbada em cartório, à mar-
gem do registro do imóvel. Há algumas situações em que os proprietários que já 
estão utilizando todo o imóvel para fins agrícolas ou pecuários podem compen-
sar a Reserva Legal em outras propriedades. A lei permite que a compensação 
da Reserva Legal seja feita em outra área, própria ou de terceiros, de igual valor 
ecológico, localizada na mesma microbacia e dentro do mesmo Estado, desde 
que observado o percentual mínimo exigido para aquela região. 
A compensação é uma alternativa que pode ser adotada de forma con-
junta por diversos proprietários de uma microbacia. Permite a criação de áreas 
contínuas e maiores de Reserva Legal e possibilita melhores condições para a 
sobrevivência da fauna e flora e para a proteção de mananciais. 
 
 
 
13 
Áreas de Preservação Permanente – São áreas de grande importância 
ecológica e social, que têm a função de preservar os recursos hídricos, a paisa-
gem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico da fauna e flora, 
proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações (Figura 4). 
O Artigo 2º do Código Florestal considera de preservação permanente as 
seguintes áreas, cobertas ou não por vegetação nativa, localizadas nas áreas 
rurais e urbanas: 
a) ao longo de cada lado dos rios ou de outro qualquer curso de água, em faixa 
marginal, cuja largura mínima deverá ser: 
• de 30 metros para os cursos de água de menos de 10 metros de largura; 
• de 50 metros para os cursos de água que tenham de 10 a 50 metros de largura; 
• de 100 metros para os cursos de água que tenham de 50 a 200 metros de 
largura; 
• de 200 metros para os cursos de água que tenham de 200 a 600 metros de 
largura; 
• de 500 metros para os cursos de água que tenham largura superior a 600 me-
tros; 
b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios de água naturais ou artificiais; 
c) nas nascentes, ainda que intermitentes, e nos chamados “olhos de água”, 
qualquer que seja a situação topográfica, num raio mínimo de 50 metros de lar-
gura; 
d) no topo de morros, montes, montanhas e serras; 
e) nas encostas ou parte destas com declividade superior a 45°, equivalente a 
100% na linha de maior declive; 
f) nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues; 
g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, 
em faixa nunca inferior a 100 metros em projeções horizontais; 
h) em altitudes superiores a 1.800 metros, qualquer que seja a vegetação. 
 
 
 
 
14 
 
Figura 4: Área de Proteção Permanente (APP) (Fonte: https://journals.openedition.org/con-
fins/10829 
 
Reserva Particular do Patrimônio Natural – As Reservas Particulares 
do Patrimônio Natural (RPPNs) são reservas privadas que têm como objetivo 
preservar áreas de importância ecológica ou paisagística. São criadas por inici-
ativa do proprietário, que solicita ao órgão ambiental o reconhecimento de parte 
ou do total do seu imóvel como RPPN (Figura 5). A RPPN é perpétua e também 
deve ser averbada no cartório, à margem do registro do imóvel. 
Diferente da Reserva Legal, onde pode ser feito uso sustentável dos recursos 
naturais, inclusive de recursos madeireiros, na RPPN só podem ser desenvolvi-
das atividades de pesquisa científica, ecoturismo, recreação e educação ambi-
ental. 
A área transformada em RPPN torna-se isenta do Imposto Territorial Ru-
ral (ITR) e o proprietário pode solicitar auxílio do poder público para elaborar um 
plano de manejo, proteção e gestão da área. Os proprietários também não pre-
cisam pagar ITR sobre as reservas legais e áreas de preservação permanente, 
conforme dispõea Lei nº 9.393, de 19 de dezembro de 1996. 
 
 
 
 
15 
 
Figura 5: Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Salto Morato em Guaraque-
çaba, Paraná é uma RPPN federal criada e mantida pela Fundação Boticário. Foi criada 
para conservar a biodiversidade e os processos ecológicos da Mata Atlântica, além de 
incentivar a pesquisa científica e a educação ambiental (Fonte: 
https://www.oeco.org.br/dicionario-ambiental/28475-o-que-e-uma-reserva-particular-do-
patrimonio-natural-rppn/) 
 
 
Corredores Ecológicos – Corredores Ecológicos são áreas que unem 
os remanescentes florestais, possibilitando o livre trânsito de animais e a disper-
são de sementes das espécies vegetais. Isso permite o fluxo gênico entre as 
espécies da fauna e flora e a conservação da biodiversidade. Também garantem 
a conservação dos recursos hídricos e do solo, além de contribuir para o equilí-
brio do clima e da paisagem. Os corredores podem unir UCs, reservas particu-
lares, reservas legais, áreas de preservação permanente ou quaisquer outras 
áreas de florestas naturais (Figura 6). 
 
http://www.wikiparques.com/wiki/Reserva_Natural_Salto_Morato
https://www.oeco.org.br/dicionario-ambiental/28475-o-que-e-uma-reserva-particular-do-patrimonio-natural-rppn/
https://www.oeco.org.br/dicionario-ambiental/28475-o-que-e-uma-reserva-particular-do-patrimonio-natural-rppn/
 
 
 
16 
 
Figura 6: Os corredores ecológicos unem remanescentes florestais ou áreas de con-
servação fragmentadas pela ação antrópica (Fonte: Usina Santo Ângelo - 18/12/17). 
 
O conceito de corredor ecológico é novo no Brasil, mas sua aplicação é 
de extrema importância para a recuperação e preservação da Mata Atlântica, já 
que os remanescentes estão espalhados por milhares de pequenos e médios 
fragmentos florestais. Esses fragmentos são ilhas de biodiversidade que guar-
dam as informações biológicas necessárias para a restauração dos diversos 
ecossistemas que integram o Bioma. 
Neste sentido, sempre que não existe ligação entre um fragmento florestal 
e outro, é importante que seja estabelecido um corredor entre estes fragmentos 
e que a área seja recuperada com o plantio de espécies nativas ou através da 
regeneração natural. Os corredores ecológicos podem ser criados para estabe-
lecer ou para manter a ligação de grandes fragmentos florestais, como as UCs, 
e também para ligar pequenos fragmentos dentro de uma mesma propriedade 
ou microbacia. Um meio fácil de criar corredores é através da manutenção ou da 
recuperação das matas ciliares, consideradas áreas de preservação perma-
nente, que ultrapassam as fronteiras das propriedades e dos municípios. Através 
das matas ciliares é possível estabelecer conexão com as reservas legais e ou-
tras áreas florestais dentro das propriedades. 
A aplicação correta do Código Florestal quanto à manutenção ou recupe-
ração das áreas de preservação permanente e reservas legais permite que se 
 
 
 
17 
faça um planejamento da paisagem por microbacia ou por município, mantendo 
todas as florestas interligadas. O planejamento da paisagem pode ser feito de 
maneira participativa entre os proprietários, autoridades públicas e organizações 
não governamentais. 
 
1.6 Metas de Aichi 2011-2020 
 
Enquanto a perda de biodiversidade e as pressões que contribuem para 
esse declínio aumentam a uma velocidade sem precedentes, em escala plane-
tária, ainda são insuficientes e fragmentados os esforços para deter esse pro-
cesso que coloca em xeque o futuro da própria humanidade. Essa é uma das 
principais mensagens expressas na quinta edição do Panorama da Biodiversi-
dade Global (GBO-5, na sigla em inglês), lançado pelo Secretariado da Conven-
ção sobre Diversidade Biológica (CDB). O relatório confirma que os países sig-
natários desse acordo internacional não conseguiram alcançar, totalmente, ne-
nhuma das 20 Metas de Aichi, vinculadas ao Plano Estratégico para a Biodiver-
sidade 2011-2020, acordado em 2010, no Japão, justamente para o enfrenta-
mento desse grande problema global. 
O resultado levou ao alerta no GBO-5 sobre ameaças ao alcance dos Ob-
jetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), ressaltando que a agenda da 
CDB tem interface não somente com os objetivos específicos de proteção da 
diversidade biológica marinha e terrestre, da Agenda 2030, como ampla interde-
pendência com outros, dentre os quais, garantia de segurança alimentar e de 
acesso à água potável. 
A questão florestal tem importância fundamental nesse debate e remete 
ao papel do Brasil, sobretudo pela extensão e relevância socioambiental da 
Amazônia, a maior floresta tropical do mundo. O país é mencionado no docu-
mento por ter conseguido resultados positivos com políticas de prevenção e 
combate ao desmatamento na região – caiu 84% entre 2004 a 2012–, embora 
as estratégias não tenham se sustentado nos últimos anos, conforme pontu-
ado. Em 2019, alcançou 10.129 quilômetros quadrados, a maior alta desde 
2008. 
Por outro lado, é destacada como bem-sucedida a experiência desenvol-
vida pelo Pacto pela Restauração da Mata Atlântica, iniciativa formada por cerca 
https://www.cbd.int/gbo5
https://www.cbd.int/gbo5
https://www.oeco.org.br/dicionario-ambiental/28727-o-que-sao-as-metas-de-aichi/
https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/
https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/
https://www.oeco.org.br/noticias/desmatamento-na-amazonia-ultrapassa-10-mil-km2-e-tem-maior-indice-desde-2008/
https://www.oeco.org.br/noticias/desmatamento-na-amazonia-ultrapassa-10-mil-km2-e-tem-maior-indice-desde-2008/
https://www.pactomataatlantica.org.br/
 
 
 
18 
de 300 organizações da sociedade civil que já restaurou 740 mil hectares no 
bioma, desde 2009, e pretende alcançar um milhão de hectares, até o final de 
2020. Na década passada, o Brasil teve um grande avanço na criação de áreas 
protegidas terrestres, reconhecido internacionalmente, embora com ênfase na 
Amazônia e pouca representatividade em outros biomas. 
Em relação aos obstáculos ao alcance das Metas de Aichi foram reconhe-
cidos, no GBO-5, fatores relacionados tanto às pressões provocadas pelos pro-
cessos de produção e consumo como às prioridades econômicas globais. Nesse 
contexto se destacou que subsídios da ordem de US$ 500 bilhões impulsiona-
ram atividades que ameaçam os ecossistemas e a diversidade biológica, como 
a agricultura e a pesca, além dos combustíveis fósseis (vale citar a mineração). 
Enquanto isso, a disponibilidade de recursos financeiros públicos e privados in-
ternacionais para a agenda da biodiversidade variou de US$ 78 bilhões a US$ 
91 bilhões, por ano. Embora esses valores tenham se ampliado em relação ao 
fluxo de financiamento da década anterior, sendo avaliados positivamente na 
publicação, foram considerados insuficientes diante desse cenário. 
Os resultados insuficientes foram causados, ainda, “pela falta de ambi-
ção” dos signatários do acordo – 193 países e a União Europeia – e por proble-
mas de ordem operacional, incluindo medidas inadequadas. Nesse sentido, se 
destacou no relatório, por exemplo, que somente 23% das metas nacionais es-
tavam adequadamente alinhadas às Metas de Aichi. Diante de tantos dilemas, 
somente seis metas foram cumpridas, parcialmente, como ocorreu com a 11, 
relacionada às áreas protegidas. Esse foi um dos principais temas de negocia-
ções da Décima Conferência das Partes da CDB (COP-10), realizada em 2010, 
em Nagóia, capital da província japonesa de Aichi. Nesse evento, foi acordado 
que até 2020, os signatários deveriam alcançar pelo menos 17% de cobertura 
de áreas protegidas terrestres e 10% de marinhas e costeiras. Ainda que não 
tenha se cumprido o esperado, o resultado atingido foi considerado um dos me-
lhores no GBO-5. Essas áreas foram ampliadas de aproximadamente 10% para 
15% (terrestres) e de cerca de 3% para 7% (marinhas), entre 2000 e 2020. 
Quanto a esse compromisso, o destaque brasileiro foi para o avançode 1,5% 
para 25% de áreas marinhas criadas no período, embora não tenha avançado 
igualmente nas terrestres. 
https://www.icmbio.gov.br/portal/ultimas-noticias/20-geral/9509-brasil-cria-quatro-novas-unidades-marinhas
https://www.icmbio.gov.br/portal/ultimas-noticias/20-geral/9509-brasil-cria-quatro-novas-unidades-marinhas
 
 
 
19 
 
 
2 Conflito áreas protegidas e mineração 
 
 
O processo minerário compreende o processo administrativo junto à 
Agência Nacional de Mineração (ANM), único órgão com poderes para autorizar 
a atividade mineral no território brasileiro, a partir da concessão de lavra em uma 
área delimitada geograficamente por um polígono, definido pelo requerente no 
momento da solicitação ao órgão. 
Atualmente, a licença ambiental é condição sine qua non para o reque-
rente iniciar a lavra de qualquer bem mineral, independente do porte do empre-
endimento. Portanto, é relevante distinguir os “pedidos/requerimentos” dos “títu-
los autorizativos” da atividade mineral, visto que a solicitação é livre a qualquer 
interessado, cabendo ao órgão avaliar se a área poderá ser objeto de pesquisa 
ou lavra após a apresentação do respectivo licenciamento ambiental. 
O potencial conflito entre mineração e áreas protegidas é intenso e fica 
claro quando sobrepomos os mapas do sistema de UCs da Amazônia e os pe-
didos de pesquisa, exposição e lavra minerária. Os dados abaixo apresentados 
referem-se ao número de processos minerários, sem distinção entre requerimen-
tos e títulos autorizativos, que sobrepõem total ou parcialmente áreas protegidas 
no âmbito da Amazônia Legal (Figura 7). Existem 17.003 processos atualmente 
ativos na ANM nessas condições. 
Segundo o Código de Mineração (Decreto Lei nº 227, de 28 de fevereiro 
de 1967), o trâmite de um processo minerário pode seguir por distintos regimes 
minerários administrativos, de acordo com as finalidades abaixo apresentadas. 
Os regimes minerários simplificados exigem apenas a apresentação da licença 
ambiental simplificada, sem a necessidade da fase de pesquisa mineral. 
 
 
 
 
20 
 
Figura 7: Sobreposição de Unidades de Conservação na Amazônia Legal com os pedidos de 
pesquisa e lavra minerária da base de dados do Departamento Nacional de Produção Mineral 
(DNPM/ME), apontando potenciais conflitos de interesse em relação ás áreas protegidas (Fonte: 
Mineração na Amazônia Legal e áreas protegidaS. Situação dos direitos minerários e sobrepo-
sições. Relatório 2018). 
 
A criação desses regimes - Lavra Garimpeira, instituído pela Lei nº 7.805, 
de 18 de julho de 1989 e Licenciamento instituído pela Lei nº 6.567, de 24 de 
setembro de 1978, visou formalizar os garimpos e pequenos mineradores do 
setor de construção civil. Esses dois regimes subsequentes devem ser conside-
rados os principais regimes minerários de mineração no Brasil, embora na área 
da Amazônia Legal representem cerca 45% dos processos ativos, totalizando 
7.668 processos. 
Na fase de autorização de pesquisa ainda é permitido por lei a extração 
preliminar para fins de testes metalúrgicos e de aceitação mercadológica da 
substância mineral extraída. Essa permissão está condicionada à obtenção e 
apresentação do licenciamento ambiental à ANM, para que autorize a emissão 
do dispositivo denominado Guia de Utilização. 
Para efeitos de compreensão dessa apostila, entenda-se por área prote-
gida aquela em que, por lei, a atividade minerária está vetada ou parcialmente 
 
 
 
21 
vetada. A mineração em Terras Indígenas (TIs), por exemplo, só poderá ser au-
torizada, segundo o Art. 231 da Constituição Federal, com a devida anuência do 
Congresso Nacional, desde que ouvidas as comunidades afetadas. No entanto, 
devido a ausência da regulamentação dessa matéria, a mineração em Terras 
Indígenas é atualmente proibida. 
Essas áreas são alvo constante de trabalhos ilegais de garimpagem sem 
qualquer consentimento ou regulação pelo Estado (Figura 8). Adicionalmente, a 
Lei do SNUC, define que todas as UCs de Proteção Integral e aquelas de Uso 
Sustentável enquadradas como Reserva Extrativista são vetadas integralmente 
à mineração. 
 
Figura 8: Trabalhos ilegais de garimpagem (Fonte: Google) 
 
Um ponto de conflito, respaldado pelo Parecer da Procuradoria Federal 
do então DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral), n° 252/2010/ 
FM/PROGE/DNPM,está no entendimento de que é proibida a atividade mineral 
apenas naquelas UCs de Uso Sustentável em que o veto à mineração esteja 
explicita em seu plano de manejo. O mesmo parecer respalda ao órgão autorizar 
a pesquisa mineral/lavra em UCs de Uso Sustentável sem plano de manejo de-
finido. Em contraponto a esse parecer, o Inquérito Civil do Ministério Público do 
 
 
 
22 
Amazonas apresenta um entendimento contrário, sugerindo o veto a mineração 
nas UCs de Uso Sustentável sem plano de manejo definido, o que deixa a ques-
tão ainda em aberto. 
Na Tabela abaixo (Tabela 1) estão categorizadas as Unidades de Con-
servação em Restritivas à mineração e Não Restritivas à mineração: 
 
Tabela 1: Unidades de Conservação Restritivas à mineração e Não Restritivas à mineração 
(Fonte: Mineração na Amazônia Legal e áreas protegidaS. Situação dos direitos minerários e 
sobreposições. Relatório 2018). 
 
 
 
A diferenciação entre UCs estaduais e federais é relevante para se 
ressaltar a influência e os riscos associados a manobras políticas nas distintas 
esferas governamentais na Amazônia Legal, haja visto que os processos de 
PADDD (Protected Areas down- grading, downsizing, and degazettement) es-
tarão relacionadas as respectivas esferas de cada UC. Os eventos de recate-
gorização, redução e extinção de áreas protegidas são considerados um 
fenômeno mundial, que ameaça áreas protegidas em todos os continente. 
Uma recomendação é a criação de salvaguardas socioambientais - que 
formam um conjunto de mecanismos de controle e monitoramento de risco e de 
 
 
 
23 
cumprimento de direitos. Trata-se de medidas tomadas em caráter de precaução 
para assegurar que programas e projetos não causem efeitos negativos à con-
servação florestal da biodiversidade, e que não causem impactos indesejados a 
comunidades locais, povos indígenas e populações tradicionais. 
As salvaguardas socioambientais devem incluir maior reconhecimento e 
segurança às áreas protegidas, garantindo que eventuais demandas por re-
dução ou mudança de categoria nas UCs para exploração mineral – quando 
necessárias – sejam feitas a partir de um amplo debate com a sociedade. Nestes 
casos, é fundamental ainda que se considerem os aspectos técnicos relaciona-
dos à conservação dos recursos naturais e que sejam criadas medidas efetivas 
de compensação de modo a garantir a representatividade do sistema de UCs. 
 
 
2.1 Estudos retratam pressão da mineração sobre áreas protegidas 
 
2.1.1 Títulos minerários da Agência Nacional de Mineração (ANM) com as poli-
gonais das Terras Indígenas e das Unidades de Conservação na Amazônia Le-
gal 
 
Em 2018 existiam mais de 5.675 processos de mineração ativos na Agên-
cia Nacional de Mineração (ANM) — que vão de pedidos de pesquisa a autori-
zações de lavra — dentro de UCs de proteção integral e Terras Indígenas loca-
lizadas na Amazônia (Figura 9). 
 
Figura 9: Área danificada pela mineração no Parque Nacional 
 do Tumucumaque, no Amapá. (Foto: Zig Koch/WWF). 
 
 
 
24 
 
O estudo se baseou no cruzamento de dados dos títulos minerários da 
Agência Nacional de Mineração (ANM) com as poligonais das Terras Indígenas 
e das UCs na Amazônia Legal. O trabalho também considerou as informações 
encontradas nas bases de dados da ANM, da Fundação Nacional do Índio (FU-
NAI) e do Ministério do Meio Ambiente (MMA). O primeiro dado que chamou a 
atenção dos estudiosos é que somente uma parcela dos processos minerários 
encontra-se reconhecidamente bloqueada pela ANM, ente responsável por au-
torizara atividade mineral em todo o país. A pesquisa identificou que o bloqueio 
alcança 24% dos títulos nas UCs de proteção integral federais, 46%, nas UCs 
estaduais e 76% dos títulos nas Terras Indígenas. Existem requerimentos e até 
autorizações de pesquisa e concessões de lavra ainda ativos no banco de dados 
do órgão, além de áreas que poderão no futuro ser licitadas através do meca-
nismo de disponibilidade para novos interessados em realizar a atividade mineral 
na região amazônica. O estudo “Mineração na Amazônia Legal e Áreas Protegi-
das – Situação dos Direitos Minerários e Sobreposições” aponta a pressão que 
a mineração exerce na redução, recategorização, extinção e não criação dessas 
áreas. Tal estudo divulgado em 2018 identificou nas terras indígenas e UCs de 
proteção integral na Amazônia 5.675 processos de exploração mineral ativos, 
que vão de pedidos de pesquisa a autorizações de lavra. A sobreposição de um 
volume grande de títulos minerários em áreas protegidas dá a dimensão da pres-
são por redução de tamanho ou de status de proteção que essas áreas enfren-
tam, além da pressão por liberar a atividade, restrita hoje ao garimpo ilegal. 
 O estudo cruzou dados dos títulos minerários ativos da Agência 
Nacional de Mineração (ANM) com as poligonais das terras indígenas e das UCs 
na Amazônia Legal. O trabalho levou em conta informações constantes nas ba-
ses da ANM, da Fundação Nacional do Índio e do Ministério do Meio Ambiente. 
Apenas uma parcela dos títulos minerários encontra-se bloqueada pela ANM, 
responsável por autorizar a atividade mineral em todo o país. A legislação proíbe 
a exploração mineral em Terras Indígenas sem expressa autorização do Con-
gresso e em UCs de proteção integral, Reservas Extrativistas ou Reservas Pri-
vadas do Patrimônio Natural. Nas demais UCs de uso sustentável do país, a 
exploração de minérios depende de previsão nos planos de manejo. 
 A agência informou que o bloqueio de pedidos de pesquisa ou mesmo 
https://d3nehc6yl9qzo4.cloudfront.net/downloads/mineracao_na_amazonia_legal_web.pdf
https://d3nehc6yl9qzo4.cloudfront.net/downloads/mineracao_na_amazonia_legal_web.pdf
 
 
 
25 
autorizações de lavra já concedidas em Terras Indígenas e UCs de proteção 
integral é automático em seu banco de dados. Mas o estudo identificou que o 
bloqueio alcança 24% dos títulos nas UCs de proteção integral federais, 46%, 
nas UCs estaduais e 76% dos títulos nas Terras Indígenas. Há muitos requeri-
mentos de pesquisa e lavra ativos e áreas consideradas de futura disponibilidade 
para mineração. Análise complementar nas áreas protegidas vedadas à minera-
ção onde o estudo detectou autorizações de lavra ativas revelou que os títulos 
não correspondiam à exploração legal de recursos minerais. É o caso, por exem-
plo, do Parque Nacional Mapinguari, criado em 2008 numa área de quase 18 mil 
quilômetros quadrados na divisa do Amazonas com Rondônia, numa área de 
pressão por desmatamento. O estudo identificou autorizações para a exploração 
de minério de ouro e cassiterita concedidas a três empresas. O gestor do parque 
informou que os títulos caducaram, mas revelou a pressão sofrida pela explora-
ção mineral na borda da UC. A Fundação Nacional do Índio (FUNAI) reconhece 
que há várias autorizações de concessão de pesquisa mineral e autorizações de 
lavra dentro de terras indígenas. Mas alega que a efetiva exploração ou mesmo 
a pesquisa dependem da regulamentação do artigo 231 da Constituição. Esse 
artigo diz que a pesquisa e a lavra de minérios em terras indígenas só podem 
ser feitas mediante autorização do Congresso Nacional e ouvidas as comunida-
des na forma como a lei definir. A área mais extensa sob ameaça em UC é o 
Parque Nacional do Monte Roraima (Figura 10), na fronteira do Brasil com a 
Venezuela e a Guiana. A área impactada por títulos minerários em diferentes 
estágios é de 477 quilômetros quadrados, equivalente a 40% da área total da 
UC de proteção integral. 
 
 
 
26 
 
 Figura 10: Parque Nacional do Monte Roraima (Fonte: Google) 
No ranking, é seguido pelos parques nacionais do Jamanxim e Serra do 
Pardo, no Pará, onde foram registrados requerimentos e processos de pesquisa 
autorizada para a exploração de ouro, minério de ouro e cobre e minério de pla-
tina. A área indígena mais ameaçada em extensão é a Terra Indígena Yano-
mami, na fronteira com a Venezuela (Figura 11). Quase cem pedidos alcançam 
uma área de 11 mil quilômetros quadrados, pouco mais de 10% do território ho-
mologado em 1992 e onde já foi detectada a presença de garimpo ilegal. A lista 
de minérios cobiçados nessa área é grande. A Terra Indígena Raposa Serra do 
Sol, em Roraima, aparece na sequência no ranking das mais ameaçadas (Figura 
12). A abertura de terras indígenas à exploração mineral também é uma ameaça 
latente, começando em 1996, com o projeto de lei (PL) do senador Romero Jucá 
(MDB-RR) até os dias de hoje com a PL assinada pelo atual governo federal 
(tópico 2.2.1). 
 
 
 
27 
 
Figura 11: Terra Indígena Yanomami, localizada entre Roraima e Amazonas 
 (Fonte: https://www.survivalbrasil.org/ultimas-noticias/12162) 
 
 
Figura 12: Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima (Fonte: Google). 
Completa o quadro de ameaça, um estudo recente do Instituto Chico Men-
des de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), segundo o qual o garimpo ile-
gal se transformou num dos principais vetores de desmatamento nas UCs, inclu-
sive no Parque Nacional Mapinguari. O garimpo ilegal já é oficialmente reconhe-
cido como um importante vetor de desmatamento das áreas protegidas na 
 
 
 
28 
Amazônia. A indicação da presença de minérios em seus territórios pode esti-
mular a expansão do garimpo ilegal, que cada vez mais exige esforços na área 
de fiscalização e controle. Além dos danos ambientais e do risco de contamina-
ção, o garimpo ilegal financia a grilagem de terra e episódios de violência, como 
os registrados em 2017 em Humaitá (AM), após a fiscalização ambiental coibir o 
garimpo no rio Madeira. 
 
2.1.2 Mineração pode aumentar impacto em áreas de proteção 
 
Os danos ambientais gerados pela mineração implicam a supressão de 
vegetações, exposição do solo aos processos erosivos e alterações na quanti-
dade e qualidade dos recursos hídricos. No Brasil, os impactos causados pela 
atividade podem ser ainda maiores em um futuro próximo. 
 De acordo com uma pesquisa da Universidade Federal de Goiás (UFG), 
em apenas oito anos pode ocorrer a perda de cinco milhões de hectares de áreas 
protegidas, caso três projetos de lei, com potencial de retirar as restrições sobre 
a execução de mineração no País, sejam aprovados no Congresso. Os projetos 
permitem ou fornecem brechas para a atividade mineradora em UCs de uso sus-
tentável (PL 37/2011), em UCs de proteção integral (PL 3.682/2012) e em terras 
indígenas (PL 1.610/1996). Se aprovados, liberariam a mineração em 100% das 
áreas de uso sustentável e das terras indígenas e em 10% das UCs integral. 
 Os danos ambientais gerados pela mineração voltaram ao debate público 
com a tragédia em Brumadinho (MG), que ocorreu quatro anos depois do desas-
tre de Mariana (MG). Entre os impactos, há a exposição do solo aos processos 
erosivos, a supressão de vegetação e a alteração na quantidade e qualidade dos 
recursos hídricos. Ainda assim, no Brasil, há indícios de que a atividade minera-
dora pode avançar em áreas protegidas por lei. É o que observou uma pesquisa 
da UFG que avaliou todas as propostas de pedido de mineração registradas no 
Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). O estudo avaliou todas 
as propostas de mineração registradas no então Departamento Nacional de Pro-
dução Mineral (DNPM) e observou que algumas fariam que áreas protegidas 
fossem totalmente cobertas por atividades de extração, caso a legislação permi-
tir. Ao todo, são 2.400 propostas de mineração planejadas em áreas ondea ati-
vidade é proibida atualmente. Além de 11.200 projetos em Áreas de Proteção 
 
 
 
29 
Ambiental (APA), onde a mineração é permitida, e em Áreas de Relevante Inte-
resse Ecológico (Arie). No caso das Arie, a falta de consenso sobre a possibili-
dade de mineração pode facilitar sua exploração. Para se ter uma noção, se os 
projetos direcionados apenas às APA e Arie forem desenvolvidos, considerando 
a pressão das empresas nesse sentido, a extensão ocupada por mineração pode 
aumentar em 30 vezes. 
 Em áreas onde a mineração não é permitida hoje, são 46 projetos direci-
onados às UCs de uso sustentável, capazes de promover um impacto de 3,7 
milhões de hectares. Por sua vez, os 1.851 projetos direcionados às áreas de 
proteção integral impactariam 700 mil hectares. E, de outra forma, 114 milhões 
de hectares de terras indígenas ficariam à disposição dos interesses de minera-
doras. 
 A aprovação do PL 1.610/1996, por exemplo, significaria a vitória das em-
presas mineradoras sobre os interesses indígenas, após uma batalha legal de 
20 anos. Atualmente, 541 projetos têm sido direcionados a essas terras, cujo 
desenvolvimento custaria a perda de 600 mil hectares. 
 A pesquisa ainda mostra que existem diferentes graus de interesse das 
empresas mineradoras nas áreas protegidas. Enquanto as empresas não mos-
traram interesse em investir em algumas, outras poderiam ficar cobertas na sua 
totalidade por atividades mineradoras. Há 23 áreas protegidas no Brasil que se-
rão perdidas na sua totalidade em um futuro próximo se esses projetos de lei 
forem aprovados e os projetos de mineração planejados forem desenvolvidos. 
 
 
2.2 Instabilidade política 
 
A existência de propostas para minerar em áreas para as quais a atual 
legislação não permite mostra uma evidência de que as empresas apostam na 
instabilidade jurídica e na possibilidade de mudanças ao médio prazo. 
 A primeira versão do PL 37/2011 continha a permissão para a mineração 
em seu artigo 36. Atualmente o projeto, que foi retirado de avaliação pelos con-
gressistas, não contém mais essa permissão. O PL 3.682/2012 também foi ar-
quivado. Por enquanto, somente o PL 1.610/1996 está em tramitação no Con-
gresso. Mas em razão da instabilidade política do país, os projetos podem ser 
 
 
 
30 
recuperados a qualquer momento. 
 Mais do que recuperados, as alterações na legislação ambiental podem 
ocorrer via instrumento menos democrático, como, por exemplo, por meio de 
Medidas Provisórias (MP). O instrumento foi utilizado recentemente para alterar 
as regras de mineração no País. A revisão do Código Mineral Brasileiro, datado 
de 1967, foi proposta pelo Projeto de Lei 6.360/2013, que recebeu críticas nega-
tivas de todos os lados, seja de empresários, ambientalistas, consultores em mi-
neração, geólogos. Em 2017, as diversas revisões e mudanças de relator dei-
xaram o projeto sem condições de ser votado. Em junho, o presidente Temer 
alterou a estratégia,ao perceber o impasse. Retirou da discussão o PL e seus 
apensados e avisou que as alterações consideradas necessárias ocorreriam por 
MP. Assim, aprovou o que não conseguiu com o projeto de lei. 
 No dia 25 de julho, as três MP foram publicadas alterando a mineração 
no País. A MP 789/2017 alterou as alíquotas de recolhimento da Compensação 
Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM), com o objetivo de 
aumentar o recolhimento dos royalties minerais. A MP 790/2017 fez alterações 
referentes ao regime de concessão e licenciamento mineral. E a MP 791/2017 
extinguiu o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) e criou a Agên-
cia Nacional de Mineração (ANM) com a intenção de desburocratizar os proce-
dimentos, a gestão de informações e a fiscalização mineral. Trata-se de uma 
insegurança institucional, pois mudam uma lei gerada por um processo demo-
crático por meio de MP. Isso gera insegurança. 
 Segundo o estudo realizado pelo Laboratório de Teoria, Metacomunida-
des e Ecologia de Paisagens do Departamento de Ecologia da UFG, as mudan-
ças na legislação brasileira afetam a posição brasileira nos acordos internacio-
nais já assinados pelo Brasil, que se comprometeu a preservar 17% do seu ter-
ritório e reduzir o risco de extinção de espécies ameaçadas até 2020. Assim, a 
perda de área em UCs diretamente impede que essas metas sejam alcançadas. 
 
2.2.1 .Governo atual sobre Unidades de Conservação e mineração 
 
 
A Amazônia concentra 52,5% dos focos de queimadas de 2019, segundo os 
dados do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). 
https://g1.globo.com/tudo-sobre/inpe/
 
 
 
31 
O Cerrado é responsável por 30,1%, seguido pela Mata Atlântica, com 10,9%. Se-
gundo o INPE, foram registrados mais de 5,3 mil focos de incêndio no estado do 
Amazonas. No Pará, a cidade de Novo Progresso registrou mais de 120 focos 
de incêndio, enquanto Altamira registrou mais de 200, em agosto de 2019. As-
sim, o dia ficou conhecedido como o “Dia do fogo”. 
 Desde o lançamento da sua candidatura à presidência da República, a 
posição política contrária à manutenção de UCs se fortaleceu no Brasil. Bolso-
naro assumiu o governo colocando Ricardo Salles à frente do Ministério do Meio 
Ambiente e segue com a pretensão de acabar com mais de 60 UCs para a cons-
trução de estradas federais, ferrovias, portos e aeroportos.Para o ministro, as 
estratégias de conservação florestal são prejudiciais ao agronegócio, que deve-
ria se expandir na Amazônia. O discurso oficial é contrário à proteção garantida 
até este momento e por isso descumpre os compromissos firmados no âmbito 
da ONU sobre clima e biodiversidade. Desde as metas de Aichi e o Acordo de 
Paris, o Brasil se colocou como país que investiria em políticas de combate ao 
desmatamento e proteção a UC. A redução de orçamento dos órgãos ambientais 
responsáveis pelos mecanismos de comando e controle, como a perda de 45 
milhões do ICMBio, além da alteração dos espaços de debate sobre mudanças 
climáticas, só reforçaram o quanto do descaso com a Amazônia tem relação com 
uma nova governança ambiental. Somado a isso, o governo também optou por 
reconfigurar o uso do recurso do Fundo Amazônia para atender mais a demanda 
do agronegócio do que a regularização ambiental. 
 Pouco tempo antes de Bolsonaro assumir a presidência, o governo fede-
ral também demonstrou seu desejo de redução das UCs na Amazônia. Em 2012 
com Dilma e em 2016 com Temer, foram editadas MP para redução de UCs, 
atendendo a demanda do capital para hidrelétricas e ferrovias. Ano passado 
(2019), o presidente assinou o PL 191/2020, que regulamenta a exploração de 
minérios, hidrocarbonetos e o potencial hidrelétrico em Terras Indígenas (TIs) 
(Figura 13). A intenção de Bolsonaro em abrir as TIs brasileiras para a explora-
ção do subsolo e recursos hídricos não é nova. Desde que assumiu, o presidente 
deixou claro, em diferentes ocasiões, este seu desejo. 
https://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2019/08/22/mais-de-53-mil-focos-de-queimadas-ja-foram-registrados-no-am-em-agosto-de-2019.ghtml
 
 
 
32 
 
Figura 13: Área de garimpo ilegal dentro da Terra Indígena Munduruku, no Pará. Foto: Vinícius 
Mendonça/Ibama. 
Em linhas gerais, o PL 191 regulamenta a mineração – inclusive por meio 
de garimpos –, a geração de energia elétrica e a exploração e produção de pe-
tróleo, gás natural e outros hidrocarbonetos em terras indígenas. O projeto esta-
belece as condições específicas para a realização de pesquisa e exploração dos 
recursos naturais e regulamenta como se dará a indenização às comunidades 
indígenas cujos territórios receberem empreendimentos. Ele também altera leis 
anteriores que tratam de atividades econômicas permitidas em TIs, liberando o 
cultivo de organismos geneticamente modificados dentro destas áreas. 
O projeto foi elaborado pelos ministérios da Justiça e Segurança Públicae de Minas e Energia, sem a participação das comunidades indígenas na cons-
trução da proposta. O texto foi assinado pelo presidente Jair Bolsonaro durante 
solenidade oficial dos 400 dias de governo. A justificativa do Governo Federal é 
de que as terras indígenas devem ser aproveitadas economicamente. 
 No entanto, especialistas lembram que a exploração econômica – como 
agricultura, pecuária, extrativismo e turismo – de indígenas em seus territórios, 
já é permitida pela lei. O que falta é apoio e incentivo governamental para que 
ela seja realizada. Os índios não estão proibidos de fazer nenhum tipo de ativi-
dade dentro das terras deles. O que é proibido pelo Estatuto do Índio é o arren-
https://www.oeco.org.br/wp-content/uploads/2020/02/PL-191-2020-1.pdf
 
 
 
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damento, é a atividade de não-índio que cerceie a posse permanente e o usu-
fruto exclusivos das comunidades indígenas. A partir do momento que as ativi-
dades são praticadas pelos próprios índios, não existe nenhum tipo de problema, 
nem de comercialização, nem de extrativismo. Antes do PL 191/2020, outros 
projetos de lei já tentaram regulamentar a exploração mineral em Terras Indíge-
nas. Esse é o caso do PL 1610/1996, do senador Romero Jucá (MDB/RR). Este 
projeto ficou parado por 16 anos, mesmo aprovado no Senado. Em 2012, ele 
teve um substitutivo, de autoria do deputado Édio Lopes (MDB-RR), historica-
mente ligado ao garimpo. Em 2015 foi criada uma comissão especial para ana-
lisar a proposta, mas sua tramitação não teve prosseguimento. Além do PL de 
Jucá, ao menos outros cinco projetos de lei de diferentes parlamentares versa-
vam sobre o mesmo assunto. Apesar das diferenças de conteúdo, os projetos 
tratavam, de forma geral, da abertura das terras indígenas para a exploração 
econômica do subsolo. A diferença, segundo especialistas, é que o PL 191/2020 
traz a marca de Bolsonaro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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