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Filosofia - 3º PERÍODO - Multivix

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1
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
FilosoFia
SUMÁRIO
FILOSOFIA
2
FilosoFia
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO
A Faculdade Multivix está presente de norte a sul 
do Estado do Espírito Santo, com unidades em 
Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova 
Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. 
Desde 1999 atua no mercado capixaba, des-
tacando-se pela oferta de cursos de gradua-
ção, técnico, pós-graduação e extensão, com 
qualidade nas quatro áreas do conhecimen-
to: Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, sem-
pre primando pela qualidade de seu ensino 
e pela formação de profissionais com cons-
ciência cidadã para o mercado de trabalho.
Atualmente, a Multivix está entre o seleto 
grupo de Instituições de Ensino Superior que 
possuem conceito de excelência junto ao 
Ministério da Educação (MEC). Das 2109 institui-
ções avaliadas no Brasil, apenas 15% conquistaram 
notas 4 e 5, que são consideradas conceitos 
de excelência em ensino.
Estes resultados acadêmicos colocam 
todas as unidades da Multivix entre as 
melhores do Estado do Espírito Santo e 
entre as 50 melhores do país.
 
MissÃo
Formar profissionais com consciência cida-
dã para o mercado de trabalho, com ele-
vado padrão de qualidade, sempre mantendo a 
credibilidade, segurança e modernidade, visando 
à satisfação dos clientes e colaboradores.
 
VisÃo
Ser uma Instituição de Ensino Superior reconheci-
da nacionalmente como referência em qualidade 
educacional.
GRUPO
MULTIVIX
3
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
FilosoFia
SUMÁRIO
BiBlioTECa MUlTiViX (Dados de publicação na fonte)
As imagens e ilustrações utilizadas nesta apostila foram obtidas no site: http://br.freepik.com
Santos, Aloísio Andre dos.
Sistema de Informação / Aloísio Andre dos Santos. – Serra: Multivix, 2018.
EDiToRial
FaCUlDaDE CaPiXaBa Da sERRa • MUlTiViX
Catalogação: Biblioteca Central Anisio Teixeira – Multivix Serra
2017 • Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei.
Diretor Executivo 
Tadeu Antônio de Oliveira Penina
Diretora Acadêmica
Eliene Maria Gava Ferrão Penina
Diretor Administrativo Financeiro
Fernando Bom Costalonga
Diretor Geral
Helber Barcellos da Costa
Conselho Editorial 
Eliene Maria Gava Ferrão Penina (presidente 
do Conselho Editorial)
Kessya Penitente Fabiano Costalonga
Carina Sabadim Veloso
Patrícia de Oliveira Penina
Roberta Caldas Simões
Revisão de Língua Portuguesa
Leandro Siqueira Lima 
Revisão Técnica
Alexandra Oliveira
Alessandro Ventorin
Graziela Vieira Carneiro
Juliana Lima Barboza 
Tatiana de Santana Vieira
Design Editorial e Controle de Produção de Conteúdo
Carina Sabadim Veloso
Maico Pagani Roncatto
Ednilson José Roncatto
Aline Ximenes Fragoso
Genivaldo Felix Soares
NEAD – Núcleo de Educação à Distância
Gestão Acadêmica - Coord. Didático Pedagógico
Gestão Acadêmica - Coord. Didático Semipresencial
Gestão de Materiais Pedagógicos e Metodologia
Coordenação Geral de EAD
4
FilosoFia
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO
Aluno (a) Multivix,
Estamos muito felizes por você agora fazer parte 
do maior grupo educacional de Ensino Superior do 
Espírito Santo e principalmente por ter escolhido a 
Multivix para fazer parte da sua trajetória profissional.
A Faculdade Multivix possui unidades em Cachoei-
ro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, 
São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. Desde 1999, 
no mercado capixaba, destaca-se pela oferta de 
cursos de graduação, pós-graduação e extensão 
de qualidade nas quatro áreas do conhecimento: 
Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, tanto na mo-
dalidade presencial quanto a distância.
Além da qualidade de ensino já comprova-
da pelo MEC, que coloca todas as unidades do 
Grupo Multivix como parte do seleto grupo das 
Instituições de Ensino Superior de excelência no 
Brasil, contando com sete unidades do Grupo en-
tre as 100 melhores do País, a Multivix preocupa-
-se bastante com o contexto da realidade local e 
com o desenvolvimento do país. E para isso, pro-
cura fazer a sua parte, investindo em projetos so-
ciais, ambientais e na promoção de oportunida-
des para os que sonham em fazer uma faculdade 
de qualidade mas que precisam superar alguns 
obstáculos. 
Buscamos a cada dia cumprir nossa missão que é: 
“Formar profissionais com consciência cidadã para o 
mercado de trabalho, com elevado padrão de quali-
dade, sempre mantendo a credibilidade, segurança 
e modernidade, visando à satisfação dos clientes e 
colaboradores.”
Entendemos que a educação de qualidade sempre 
foi a melhor resposta para um país crescer. Para a 
Multivix, educar é mais que ensinar. É transformar o 
mundo à sua volta.
Seja bem-vindo!
APRESENTAÇÃO 
DA DIREÇÃO 
EXECUTIVA
Prof. Tadeu Antônio de Oliveira Penina 
Diretor Executivo do Grupo Multivix
5
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
FilosoFia
SUMÁRIO
lisTa DE FiGURas
 > FIGURA 1 - Pablo Picasso 12
 > FIGURA 2 - O Homem primitivo 15
 > FIGURA 3 - Teorema de Pitágoras 17
 > FIGURA 4 - Cena da mitologia grega na antiguidade 19
 > FIGURA 5 - Cena da mitologia grega na antiguidade 22
 > FIGURA 6 - Acelerador de partículas, Suíça 28
 > FIGURA 9 - Castelo medieval na Itália 39
 > FIGURA 8 - Thomas Hobbes 39
 > FIGURA 10 - Monge escrevendo 40
 > FIGURA 11 - Enciclopédias 47
 > FIGURA 12 - Leonardo Da Vinci (1452 – 1519) 54
 > FIGURA 13 - Linha de produção 64
 > FIGURA 15 - Homens primitivos Neanderthals, nossos ancestrais 69
 > FIGURA 17 - Professor ensinando para crianças 74
 > FIGURA 18 - A socialização é um Fator Determinante 
no Processo Educativo 76
 > FIGURA 19 - Pensar fora da caixa 79
 > FIGURA 20 - Estátua do deus grego Apolo 80
 > FIGURA 22 - O corpo como um objeto de estudo 86
 > FIGURA 23 - Sala de aula medieval em BUNRATTY, Irlanda. 88
 > FIGURA 24 - Jean Paul Sartre 93
 > FIGURA 25 - Vacas na rua na Índia 99
 > FIGURA 26 - Mulheres de burca na Turquia 100
 > FIGURA 27 - Arma 102
 > FIGURA 28 - Kant 104
 > FIGURA 29 - Família real britânica 106
 > FIGURA 30 - Casal homoafetivo 108
 > FIGURA 31 - O Papa 109
 > FIGURA 32 - Thomas Hobbes 110
 > FIGURA 33 - Rousseau 111
 > FIGURA 34 - Primatas 112
6
FilosoFia
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO
sUMÁRio
2UNIDADE
3UNIDADE
1UNIDADE 1 o QUE É FilosoFia? 12
1.1 O FILÓSOFO QUE CAIU NO POÇO 13
1.2 AMOR À SABEDORIA 14
1.3 NECESSIDADE E CONTINGÊNCIA 16
1.4 O SENSO CRÍTICO 18
1.4.1 O SENSO CRÍTICO E A ATUALIDADE 18
1.5 MITO E FILOSOFIA 19
1.6 FILOSOFIA E IDEOLOGIA 21
CoNClUsÃo 24
2 a FilosoFia aTRaVÉs Da HisTÓRia: PRiNCiPais 
CoRRENTEs FilosÓFiCas (FilosoFia aNTiGa E MEDiEVal) 27
2.1 A ANTIGUIDADE GREGA: O INÍCIO DE TUDO 27
2.1.1 DO ÁTOMO DE DEMÓCRITO AO BÓSON DE HIGGS 27
2.1.2 CONHECE-TE A TI MESMO 29
2.1.3 HERÁCLITO VERSUS PARMÊNIDES 30
2.1.4 DAR À LUZ AS IDEIAS 32
2.1.5 SÓ SEI QUE NADA SEI 33
2.1.6 PLATÃO E A CAVERNA 35
2.2 O DECLÍNIO DA RAZÃO 38
CoNClUsÃo 42
3 a FilosoFia aTRaVÉs Da HisTÓRia: PRiNCiPais CoRRENTEs 
FilosÓFiCas E a EDUCaÇÃo (FilosoFia MoDERNa 
E CoNTEMPoRaNEiDaDE) 45
3.1 IDADE MODERNA 45
3.1.1 MODERNIDADE E DEMOCRATIZAÇÃO DO CONHECIMENTO 45
3.2 DESCARTES E O MÉTODO 47
3.2.1 COGITO ERGO SUM 48
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FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
FilosoFia
SUMÁRIO
4UNIDADE
5UNIDADE
3.2.2 DEMOLINDO A CASA 49
3.3 ILUMINISMO E EDUCAÇÃO 51
3.4 FILOSOFIA, ARTE E EDUCAÇÃO 53
3.5 O QUE É O CONTEMPORÂNEO? 55
3.5.1 A REVOLUÇÃODIGITAL 57
CoNClUsÃo 59
4 o CoNTEÚDo E a FoRMa Da EDUCaÇÃo. 
EDUCaÇÃo PRoBlEMaTiZaDoRa. 63
4.1 RAZÃO E SENSIBILIDADE 63
4.1.1 A ESCOLA E A LINHA DE PRODUÇÃO 64
4.2 NIETZSCHE E O CONCEITO DE VERDADE 67
4.2.1 A EXPULSÃO DOS POETAS 71
4.3 O PROFESSOR E A SENSIBILIDADE 74
CoNClUsÃo 77
5 FilosoFia, CoRPoREiDaDE E EDUCaÇÃo 80
5.1 O CORPO DA FILOSOFIA 80
5.1.1 O CORPO NA IDADE ANTIGA 80
5.1.2 AGOSTINHO E A “CRISTIANIZAÇÃO” DE PLATÃO 83
5.1.3 DESCARTES E A DESSACRALIZAÇÃO DO CORPO 85
5.2 SALA DE AULA: ESPAÇO PARA O FILOSOFAR 88
5.2.1 OS PERIPATÉTICOS 89
5.2.2 A FILOSOFIA É PARA POUCOS 90
5.2.3 OS FILÓSOFOS MIDIÁTICOS 93
CoNClUsÃo 95
8
FilosoFia
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Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO
6 ÉTiCa, MoRal E soCiaBiliDaDE 98
6.1 ÉTICA E MORAL 98
6.1.1 ÉTICA, MORAL E FILOSOFIA 98
6.1.2 ÉTICA, MORAL E ESTADO LAICO 99
6.1.3 ÉTICA UNIVERSAL E MORAL CAMBIANTE 100
6.1.4 DEMOCRACIA, VIOLÊNCIA, PUDOR E SEXUALIDADE 101
6.2 KANT E O ESCLARECIMENTO 104
6.2.1 ÉTICA PROFISSIONAL 107
6.2.2 RELIGIÃO E RELIGIOSIDADE 109
6.3 ÉTICA, NATUREZA E CULTURA 110
CoNClUsÃo 114
GlossÁRio 115
REFERÊNCias 117
6UNIDADE
9
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
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FilosoFia
SUMÁRIO
iCoNoGRaFia
ATENÇÃO 
PARA SABER
SAIBA MAIS
ONDE PESQUISAR
DICAS
LEITURA COMPLEMENTAR
GLOSSÁRIO
ATIVIDADES DE
APRENDIZAGEM
CURIOSIDADES
QUESTÕES
ÁUDIOSMÍDIAS
INTEGRADAS
ANOTAÇÕES
EXEMPLOS
CITAÇÕES
DOWNLOADS
10
FilosoFia
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Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO DA UNIDADE
Nesta unidade discutiremos o significado do termo ‘Filosofia’. Por se tratar de um 
termo que não tem uma única definição, desenhamos um itinerário conceitual, que 
começa nas possibilidades de percepção da filosofia na experiência cotidiana, até a 
compreensão da filosofia como origem de todo o pensamento científico, passando 
por temas como a do sujeito filosofante, a admiração ou espanto como princípio da 
filosofia e a relação entre filosofia e ideologia. 
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FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
FilosoFia
SUMÁRIO
OBJETIVO 
Ao final desta 
unidade, 
esperamos 
que possa:
> Explicar os conceitos 
de mito e filosofia.
> Diferenciar os 
conceitos de 
necessidade e 
contingência.
> Explicar a importância 
da filosofia para sua 
formação.
> Explicar a relação 
entre a filosofia e 
ciência.
> Problematizar sobre a 
relação entre filosofia 
e ideologia.
UNIDADE 1
12
FilosoFia
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 
Quando entramos para uma faculdade, passamos a ter contato com a ciência, seus 
métodos e sua história. Todas as diversas formas de fazer ciência que conhecemos 
hoje, têm uma origem em comum: a Filosofia. Por isso, esta disciplina está presente 
em praticamente todos os cursos superiores, desde Medicina, Engenharia até Peda-
gogia e Administração, por exemplo. É importante lembrar que esta divisão atual 
das ciências em exatas, biológicas e humanas é algo relativamente recente que ocor-
reu no séc. XIX. Antes disso todas as ciências se confundiam com a própria filosofia. 
Acessar o ensino superior é se tornar um acadêmico, ou seja, entrar em contato com 
a produção científica, e há uma trajetória histórica percorrida por todo este conheci-
mento que tem seu início coincidindo com o advento da Filosofia. Por isso, dizemos 
que a Filosofia é a mãe de todas as ciências. 
Compreender o que é a Filosofia é de suma importância para qualquer formação 
acadêmica e esta unidade vai problematizar estas questões, a fim de fornecer subsí-
dios teóricos, de modo que sua formação permita uma visão crítica e reflexiva de sua 
profissão, no intuito de formar sujeitos pensantes e não apenas técnicos. A Filosofia 
é capaz de te mostrar a origem do próprio pensamento científico, além de estar na 
base de muitas teorias de áreas específicas, ou seja, quem conhece um pouco de 
filosofia tem facilidade com muitas teorias de sua própria área. A Filosofia tem a capa-
cidade de aprimorar o pensamento, estimulando a reflexão, desenvolvendo o senso 
crítico e promovendo criatividade e inovação. A Filosofia tem a capacidade de te fazer 
pensar “fora da caixa” e te levar para um lugar diferenciado. Apaixone-se pela Filosofia 
e se torne um amante do conhecimento!
13
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
FilosoFia
SUMÁRIO
1 O QUE É FILOSOFIA?
Você, alguma vez, já “parou para pensar”? Em nossa vida diária estamos imersos na 
realidade de tal modo, que nossas ações tendem a uma automatização. Acordamos, 
tomamos banho, café, saímos de casa, pegamos o ônibus, chegamos ao trabalho e 
nem percebemos como fizemos tudo isso. O cotidiano se impõe e os dias vão se so-
brepondo, repletos de demandas de toda ordem. Estamos imersos nesse turbilhão de 
coisas que fazem a expressão: “parar para pensar” ter todo o sentido. De fato, o pensa-
mento é algo inerente ao ser humano, mas podemos dizer que existem formas de 
pensar que são diferentes umas das outras. Aqui já podemos começar a definir a filo-
sofia como uma forma específica de pensar o mundo, ou como uma busca por uma 
melhor maneira de pensar. Afinal, tanto faz como se pensa ou existe a melhor manei-
ra de pensar? Normalmente, quando “paramos para pensar” estamos em busca de um 
tipo de pensamento mais reflexivo, ou seja, aquele que volta-se para si mesmo. 
Uma reflexão é um gesto essencialmente filosófico, mas a filosofia é mais que isso. 
Platão, famoso filósofo grego da anti-
guidade, afirma que a filosofia nasce 
do espanto, da admiração. O que ele 
quer dizer com isso? Segundo Platão, o 
filósofo seria aquele que consegue ver 
o que poucos veem, conseguindo até 
mesmo se admirar com algo simples e 
banal. Como uma criança de dois anos 
de idade, que fica encantada com o 
fato de uma torneira lançar esse tubo 
mágico de água que cai e se dissipa 
provocando uma poça. Para nós, adul-
tos, o fato de sair água de uma torneira 
é algo óbvio e banal, porém, as crianças 
conservam este espanto pela eterna 
novidade do mundo e se deixam levar 
por ele. Nós, adultos, tendemos a per-
der esse modo de percepção do mun-
do e a filosofia busca recuperá-lo. O famoso pintor espanhol Pablo Picasso sempre 
afirmava que demorou a vida inteira para conseguir desenhar como uma criança. 
Nesse sentido a filosofia seria esse exercício de sensibilização que humaniza e é capaz 
de desautomatizar nossos gestos. Mas a Filosofia ainda é mais que isso.
FIGURA 1 - PABLO PICASSO
FONTE: SHUTTERSTOCK, 2018
14
FilosoFia
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
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1.1 O FILÓSOFO QUE CAIU NO POÇO
Como você pode perceber, a definição de filosofia é algo complexo, ou seja, ela não 
pode ser definida em uma única resposta. A Filosofia é um campo do conhecimento 
humano que lida com as perguntas desprovidas de respostas simples ou que têm 
muitas possibilidades de serem respondidas de formas diferentes. À Filosofia inte-
ressa muito mais a pergunta que a própria resposta, pois esta acaba por encerrar a 
atitude filosófica que, para se manter ativa, sempre desconfia e duvida das respostas 
definitivas. Na verdade, a resposta que dá um fim à uma questão acaba com a pró-
pria filosofia, que busca muito mais formular perguntas, problematizar e questionar 
do que apenas responder. Nesse sentido a Filosofia é uma atitude diante do mundo, 
mas sua definição não se limita a essa resposta. A Filosofia ainda é mais que isso.
Na história do pensamento ocidental, a Filosofia surgecomo o momento em que o 
homem rompe com o mito e busca respostas próprias para suas inquietações. O filó-
sofo é aquele que tenta enxergar a realidade de uma maneira diferente da maioria, 
buscando a totalidade, a universalidade. Existe, em nosso imaginário, um estereótipo 
de filósofo que é aquela pessoa desligada das coisas cotidianas, que fica imerso em 
pensamentos e não se importa tanto com questões materiais, preferindo as questões 
abstratas e reflexivas. Pensemos em nosso cotidiano, repleto de pequenas urgências 
como contas a pagar, compras de mantimentos, cuidar dos filhos, etc. Quando esta-
mos nesse grau de envolvimento com a realidade, normalmente não conseguimos 
uma condição adequada para uma reflexão sobre o sentido das coisas, então a maio-
ria das pessoas estabelece uma relação com a vida que implica essa proximidade 
com os afazeres diários que pode ser simbolizada pela imagem de uma pessoa com 
o nariz encostado em uma parede. O filósofo é aquele que tenta se afastar da parede 
no intuito de ter uma visão mais ampla do todo e, consequentemente, se afasta da 
própria realidade cotidiana. O filósofo grego Platão, nos diz, em um de seus diálogos, 
que Tales de Mileto, considerado o primeiro filósofo e um dos sete sábios da antigui-
dade, teria se distraído ao olhar para o céu e caído em um poço: 
“Foi o caso de Tales, quando observava os astros; porque olhava para o céu, 
caiu num poço. Contam que uma decidida e espirituosa rapariga da Trácia 
zombou dele, com dizer-lhe que ele procurava conhecer o que passava no 
céu, mas não via o que estava junto dos próprios pés. Essa pilhéria se aplica a 
todos os que vivem para a filosofia. ” (Platão, 2001)
Talvez por isso este estereótipo do filósofo como alguém que fica “viajando” sobre as 
coisas, mas a filosofia ainda é mais que isso. 
15
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Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
FilosoFia
SUMÁRIO
1.2 AMOR À SABEDORIA
A palavra filosofia vem dos termos gregos philo e sophia e tem um significado muito 
interessante. Philo vem de philia, que significa amor, amizade, identificação.
O termo em português ‘filiação’ tem origem etimológica no termo 
grego philia, portanto quando você se filia a um partido ou a uma 
torcida organizada você está compartilhando interesses, valores, 
etc. ou seja, está se identificando com isto.
Já o termo sophia significa sabedoria. Portanto, filosofia significa amor à sabedoria. 
Este termo foi utilizado pela primeira vez pelo filósofo grego Pitágoras de Samos, que 
viveu no séc. V a.C. Pitágoras dizia que o verdadeiro sábio nunca teria a sabedoria por 
completo, nunca seria dono da sabedoria, mas sim deveria desejá-la, amá-la. Por isso, 
ao ser chamado de sábio por seus contemporâneos, Pitágoras recusou este título, se 
dizendo, não um sábio, mas sim, um amante da sabedoria. Este termo ganhou noto-
riedade com Sócrates, famoso filósofo grego que o adotou e o consagrou até os dias 
de hoje.
Mas, antes mesmo de existir o termo ‘filosofia’, ou essa atitude específica de lidar 
com o pensamento, podemos dizer que, isto que veio a se chamar filosofia, teve uma 
época e um lugar de nascimento distintos: a Grécia antiga, no séc. VI a.C. Mais preci-
samente no dia 28 de maio do ano de 585 a.C., mas como é possível sabermos essa 
data tão precisa? Na verdade, a filosofia nasce com uma previsão de um eclipse e, 
como a física contemporânea consegue prever todos os eclipses por meio de cálcu-
los, podemos saber exatamente como ocorreu este famoso episódio. 
Tales de Mileto, filósofo grego do séc. VI a.C, nasceu em um contexto no qual as coisas 
eram explicadas pelas narrativas míticas. O mito é esse conjunto de narrativas que 
oferece explicações para questões difíceis, tais como a origem do mundo, a vida após 
a morte, a existência das divindades etc. O mito foi a primeira forma que o homo sa-
piens criou para tentar explicar o mundo e, de certo modo, é também uma forma de 
iniciar uma relação de domínio da natureza. Podemos inferir que o homem primitivo 
estava muito mais sujeito às forças da natureza e, por isso, as temia. As explicações 
mitológicas são uma forma de tentar dar conta desses fenômenos e, de certo modo, 
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FilosoFia
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tentar dominá-los. O mito é uma característica de todas as formas de existência hu-
mana no planeta terra em todas as épocas, desde as hordas mais primitivas, tribos e 
civilizações mais diversas, até a atualidade, na qual a mitologia cristã, por exemplo, 
ainda é muito importante para nossa cultura ocidental.
FIGURA 2 - O HOMEM PRIMITIVO
FONTE: SHUTTERSTOCK, 2018
Hoje temos, ao mesmo tempo, as explicações mitológicas, como o criacionismo cris-
tão, as explicações filosóficas e as explicações científicas convivendo concomitante-
mente. Mas Tales, em sua época, só tinha a mitologia grega. Portanto, todas as pes-
soas com as quais Tales convivia, confiavam nas explicações mitológicas e uma dessas 
explicações dizia que o eclipse seria provocado por Zeus, o principal deus da mitolo-
gia grega, que, ao reprovar algo nos homens, taparia o sol com sua mão para expres-
sar esta reprovação. Tales, em uma atitude diferente de todos seus contemporâneos, 
busca uma explicação alternativa e, por meio da matemática (sim! Este é o mesmo 
Tales do teorema!), de muita disciplina e de muita observação dos movimentos dos 
astros, Tales levanta uma possibilidade, uma hipótese: Será que luz da lua provém 
do próprio sol? Será que o eclipse é a lua passando na frente do sol? E busca com-
preender este fenômeno por meio de sua possibilidade de ser previsto, a partir de sua 
ciclicidade, repetição, ou seja, de sua necessidade.
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SUMÁRIO
1.3 NECESSIDADE E CONTINGÊNCIA
Aqui podemos entrar com dois conceitos muito importantes para a filosofia nascente, 
são eles: necessidade e contingência. Necessidade é aquilo que necessariamente vai 
acontecer, ou seja que tem um ciclo, que tem um padrão de repetição, diferente do 
significado de contingência, que está ligado ao acaso, ou seja, aquilo que é imprevisí-
vel. Por exemplo: todos nós vamos morrer, necessariamente. Isto é uma necessidade, 
é inevitável, vai acontecer, mas o modo como vamos morrer é uma contingência, é 
algo não previsível, é algo que não pode ser calculado. Ou ainda, se eu soltar um vaso 
pela janela do sétimo andar, necessariamente ele vai cair, mas se vai acertar alguém, 
aí já é uma contingência. A questão é que, para a mitologia, todos os fenômenos da 
natureza eram contingências, pois dependiam da vontade dos deuses, por exemplo, 
se uma chuva de granizo devasta uma plantação, isso seria um castigo divino, ou se 
um ipê amanhece florido, isto seria uma dádiva dos deuses, mas ambos fenômenos 
poderiam acontecer a qualquer momento, sendo considerados imprevisíveis, assim 
como o eclipse. O que Tales fez foi demonstrar que o eclipse era algo possível de ser 
previsto, já que se tratava de um ciclo natural passível de compreensão por meio da 
razão. O eclipse é algo necessário e não contingente, ou seja, acontece necessaria-
mente, de tanto em tanto tempo, e a matemática aliada à observação sistemática, 
deu a Tales a possibilidade de prever este acontecimento.
A matemática já era um instrumento amplamente utilizado por várias civilizações 
antes de Tales, por exemplo, os egípcios, que surgem antes dos gregos, já dominavam 
técnicas impressionantes de construção de pirâmides alinhadas com o movimento 
dos astros, ou os maias, que aqui nas américas, já haviam formulado um calendário 
de treze meses que resolveu a questão do ano bissexto muito antes dos europeus. 
Porém, nestas civilizações, a matemática era considerada sempreuma espécie de 
conhecimento divino, estava sempre relacionada a um ritual. A construção de uma 
pirâmide, por exemplo, além de levar gerações para ser concluída, estava totalmente 
ligada a uma questão que transcende todos os homens. Uma pirâmide é o túmulo de 
um faraó, que era considerado um deus encarnado. Ou seja, o conhecimento mate-
mático de sua construção estava totalmente vinculado a este fato e somente pessoas 
específicas, espécies de sacerdotes, tinham acesso a esse conhecimento matemático, 
que tinha sua utilidade restrita a esta função divina. Não havia autonomia nem inte-
resse no uso da matemática para outros fins. Não era qualquer um que a utilizava do 
modo que quisesse, mas sim, apenas os indivíduos específicos que a tratavam como 
algo mágico, que teria uma função determinada pelos deuses. 
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TEoREMa DE PiTÁGoRas
FIGURA 3 - TEOREMA DE PITÁGORAS
o TEoREMa DE PiTÁGoRas
FONTE: SHUTTERSTOCK, 2018
Portanto, Tales de Mileto promove uma ruptura inédita na história do pensamen-
to ocidental. Tales tem uma atitude antropocêntrica ao utilizar a matemática como 
uma ferramenta de modo autônomo e, por meio dela, desmistificar um fenômeno 
que era tido como algo misterioso e repleto de maus presságios. O eclipse agora po-
deria ser visto como um fenômeno natural e previsível, por meio de um gesto huma-
no de compreensão de seu mecanismo. Assim, Tales inaugura a filosofia e a própria 
ciência. Por isso, a maioria dos filósofos gregos era formada também de matemáticos, 
pois este recurso se mostrou muito poderoso no processo de compreensão de ques-
tões da natureza e do próprio homem. A escola filosófica de Platão, a Academia, tinha 
em sua entrada a inscrição: “Não entre aqui quem não souber matemática”.
É claro que quando Tales fez a previsão do eclipse e esse ocorreu conforme previsto, 
a maioria das pessoas de Mileto, cidade de Tales, certamente não conseguiu com-
preender como Tales havia conseguido aquele feito, pois para esse entendimento, se 
fazia necessário um conhecimento de matemática, de astronomia e muita discipli-
na, esforço e dedicação. Então, podemos inferir que a maioria das pessoas preferiu 
respostas mais simples de assimilar, tais como considerar Tales um semideus, dizer 
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SUMÁRIO
que foi Zeus que contou para Tales quando o eclipse aconteceria, dizer que Tales fre-
quentava o Olimpo quando estava aparentemente desaparecido em suas constantes 
e sistemáticas noites de observações do firmamento. Há uma tendência do senso 
comum em optar pelas formas mais simples de entendimento das coisas e a filosofia 
já nasce abrindo esta nova perspectiva de compreensão. 
1.4 O SENSO CRÍTICO 
Porém Tales sempre se mostrou aberto e disposto a ensinar seu método para quem 
estivesse também disposto a se dedicar aos estudos e, naturalmente, a grande maio-
ria das pessoas preferiu continuar acreditando que Tales era uma espécie de “semi-
deus”, do que se esforçar para compreender este fenômeno com a profundidade que 
Tales alcançou. De qualquer forma, os poucos que se aproximaram de Tales se torna-
ram seus discípulos e Tales, ao invés de se dizer o dono da verdade, estimula seus alu-
nos a pensarem por si mesmos, inclusive discordando do próprio Tales, inaugurando 
também o senso crítico, elemento fundamental da filosofia e da ciência até os dias 
de hoje. Você já deve ter ouvido que algum colega vai ‘defender’ seu TCC (trabalho 
de conclusão de curso) ou sua dissertação de mestrado ou tese de doutorado. O ter-
mo ‘defesa’ explicita esse senso crítico, por meio do qual os pesquisadores podem e 
devem questionar uns aos outros buscando sempre, por meio da comprovação, de-
monstração e método, a veracidade de suas ideias.
1.4.1 O SENSO CRÍTICO E A ATUALIDADE
Atualmente vivenciamos uma situação semelhante entre o conhecimento aprofun-
dado e as opiniões das pessoas no âmbito do senso comum. Ainda mais em um 
mundo que está presenciando a revolução digital, repleto de fake news, que as pes-
soas compartilham e reproduzem sem nenhum critério. Por isso, a filosofia se faz mais 
necessária do que nunca nesse mundo pós-moderno, no qual a mídia nos fornece 
as informações já processadas e prontas, com uma opinião já formada. Pensemos 
em um telejornal que, antes mesmo de anunciar o assunto de determinada notí-
cia, já induz o espectador a receber esta notícia com sentimentos pré-estabelecidos. 
Por exemplo, o jornal anuncia o mote: Corrupção! Já aparece uma imagem de um 
uma tubulação repleta de notas sujas, sugerindo o dinheiro sujo de propinas, e tudo 
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isso antes mesmo de dizer quem é o político ou quais são as circunstâncias disso. 
Em outro exemplo o apresentador anuncia, por meio de seu semblante, uma notí-
cia ruim: “Os pátios das montadoras estão lotados, as vendas de carros caíram” Esta 
notícia é ruim para os empresários, mas para a maioria da população que utiliza 
transporte público, seria mais interessante que houvesse menos carros nas ruas e 
um transporte público acessível e de qualidade. Portanto, o estudo da filosofia é 
capaz de promover a cidadania e a consciência crítica necessárias para a prática da 
legítima democracia.
1.5 MITO E FILOSOFIA
O mito é um modo de compreensão do mundo que envolve a crença, mais que 
a razão, mas não deixando de tê-la em certa medida, pois somente o homem se-
ria capaz de inventar mitos. O mito está associado a uma tradição que já existe em 
uma sociedade. O mito tende a ser dogmático, ou seja, não há como questioná-lo. 
Os mitos mudam de lugar para lugar e de época para época. 
FIGURA 4 - CENA DA MITOLOGIA GREGA NA ANTIGUIDADE
FONTE: SHUTTERSTOCK, 2018
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SUMÁRIO
Já a filosofia também é um modo de compreensão do mundo, mas, ao nascer no seio 
do mito, tenta se desvencilhar dele buscando uma ruptura. A filosofia coincide com 
a invenção da razão, esta busca pela comprovação, demonstração, pelo pensamento 
sistemático, pela verdade objetiva e universal das coisas. A filosofia, diferentemente 
do mito que está sempre ligado a uma tradição, nasce de uma atitude antropocêntri-
ca. É Tales de Mileto que se coloca no centro do mundo e afirma que o eclipse é algo 
passível de previsão, por meio de cálculos e observações sistemáticas. Tales rompe 
com toda uma tradição, inventando este novo modo de compreensão do mundo 
que veio a se chamar filosofia. Tales, desde o início de suas pesquisas, sempre incen-
tivou seus discípulos a pensarem por si próprios. Tales já exercitava o senso crítico, ou 
seja, o direito de questionar tudo, sem se prender a dogmas. A filosofia busca respos-
tas que sejam universais, diferentemente dos mitos, que mudam de lugar para lugar 
e de época para época, a filosofia busca verdades que possam valer em qualquer 
época e lugar.
A filosofia, portanto, é esse modo de compreensão do mundo que nasce em contra-
posição ao mito, mas com o mesmo intuito de busca por respostas para os fenôme-
nos da natureza e para as questões humanas. A filosofia originou o que hoje conhe-
cemos como ciência. Na verdade, ciência e filosofia eram uma coisa só até o século 
XIX, quando se separam em decorrência da Revolução Industrial, por meio da qual a 
ciência se aproxima da técnica e do mundo prático, gerando tecnologia e produtos 
a partir de uma perspectiva utilitária, enquanto a filosofia se mantém nesse lugar 
especulativo e reflexivo, inclusive vendo com desconfiança os movimentos da ciência 
na modernidade.Normalmente mito e filosofia são apresentados de modo antitético, ou seja, como 
opostos, mas trata-se de um recurso didático para facilitar a compreensão, porém, 
aqui, já é possível problematizarmos esta questão e reconhecermos as diferenças e 
semelhanças entre mito, filosofia e ciência, lembrando que é descabido falarmos em 
hierarquia, no sentido de dizer que uma forma de compreender o mundo é superior 
à outra, ou melhor que a outra. A própria filosofia problematiza esta questão, ao apon-
tar as limitações do conhecimento científico, como faz a Epistemologia, este campo 
do conhecimento filosófico que tem como objeto de estudo o próprio conhecimen-
to, suas limitações e aplicações e, até mesmo, o irracionalismo, corrente filosófica que 
critica a própria racionalidade, ressaltando o modo como a filosofia e a ciência se 
tornaram demasiadamente racionalistas em uma pretensiosa ilusão de domínio da 
natureza, como afirmou o filósofo alemão do séc. XIX, Friedrich Nietzsche, ao valorizar 
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a linguagem poética e metafórica, assim como eram os mitos na antiguidade. O filó-
sofo Paulo Ghiraldelli Junior, ao comentar a função social do mito, afirma que:
O papel do mito é o de informar as pessoas e dar sentido à existência delas, 
as que creem nele, mas, principalmente, o mito deve socializar os que vivem 
em uma comunidade que é mantida unida, em grande parte, por tal função 
de agregação que ele proporciona. A comunidade que forma o “nós”, os que 
se organizam socialmente da mesma forma e se tomam como “semelhantes”, 
possui em comum, exatamente, o mito. Assim, o mito é um elemento forte na 
Grécia Antiga porque fornece cimento interno e, além disso, é a narrativa (única) 
que diz o que é comum para este “nós” – os gregos. (Ghiraldelli Junior, 2003.)
A filosofia mantém um diálogo intenso com o mito, principalmente em seu início. 
Este diálogo se reflete no estilo de escrita da produção de ideias filosóficas. O mito 
sempre se utiliza de uma linguagem metafórica, repleta de símbolos e imagens. 
A filosofia inicial é escrita em versos poéticos, assim como a mitologia, porém vale 
ressaltar a ruptura que a filosofia provoca, pois, no caso do mito, essas alegorias vêm 
de uma tradição que é maior que qualquer indivíduo, que só pode acreditar nelas 
e reproduzi-las sem a possibilidade de questioná-las. Já a filosofia permite que um 
indivíduo formule suas próprias ideias, seja em forma de alegorias ou com a lógica 
e, individualmente, proponha sua explicação. Platão, por exemplo, é um filósofo que 
rompe com o mito ao buscar respostas por meio da razão, mas seu estilo de escrita 
se assemelha ao mito no que tange à forma, pois Platão utiliza-se de uma linguagem 
alegórica em vários momentos de seus diálogos, como na famosa passagem do livro 
VII da A República, mais conhecida como o “Mito da Caverna”.
1.6 FILOSOFIA E IDEOLOGIA
O termo ideologia pode ser definido como um conjunto de convicções filosóficas, 
sociais, políticas, estéticas etc. de um indivíduo ou grupo de indivíduos. Atualmente 
nosso país vive um momento conturbado em termos ideológicos. Desde as jornadas 
de junho de 2013, nossas redes sociais passaram a ter o elemento político presente 
de modo eminente e as ideologias emergiram nesse contexto de revolução digital. 
Direita, esquerda, conservadorismo, liberalismo, socialismo, anarquismo, comunismo 
e tantos outros “ismos” passaram a integrar as postagens e compartilhamentos. 
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SUMÁRIO
FIGURA 5 - CENA DA MITOLOGIA GREGA NA ANTIGUIDADE
FONTE: SHUTTERSTOCK, 2018
A filosofia nos mostra que a história não necessariamente segue uma linha reta, em 
uma direção progressista, pois há sempre momentos de reacionarismo que nos dão a 
impressão que a sociedade também recua em certos aspectos. Na verdade, o próprio 
conceito de progresso pode ser considerado uma espécie de ideologia, pois, desde 
a revolução industrial, no séc. XIX, ouviu-se que a modernidade estaria se efetivando 
e que as sociedades percorreriam um caminho pelo viés do progresso até o desen-
volvimento. Um exemplo disso é o fato de que, na década de 80 do século passado, 
era comum a utilização de uma nomenclatura que classificava os países em desen-
volvidos e subdesenvolvidos, porém atualmente, o termo ‘progresso’ está desgastado 
e já não corresponde mais às nossas demandas e anseios do séc. XXI. Em nome do 
progresso se fez muitas coisas consideradas hoje desastrosas, como destruição de 
florestas, aterros e até destruição da memória por meio de atitudes que podem ser 
sintetizadas em frases como: Vamos derrubar essa mata em nome do progresso, ou 
aterrar este pântano em nome do progresso, ou derrubar este prédio para construir-
mos um novo e mais moderno, tudo em nome do progresso. 
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Hoje o termo mais adequado para pensarmos o futuro não é mais progresso, mas sim 
sustentabilidade. Por meio dela estamos enfrentando este desafio de nos compreen-
dermos parte do ecossistema e do meio ambiente, não encarando a natureza como 
algo a ser vencido ou dominado, mas sim, nos compreendendo como integrantes da 
natureza, mais uma espécie que depende de outras espécies e necessita do mesmo 
oxigênio, dos mesmos nutrientes e do mesmo planeta. 
A filosofia nos auxilia a questionar, perceber e buscar atitudes que possibilitem as-
similar as ideologias de nosso tempo e a utilizá-las como lentes de aumento para a 
compreensão do mundo e não como fatores limitadores e bitolantes.
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SUMÁRIO
CONCLUSÃO
Nesta unidade, começamos a compreender o significado do termo Filosofia, seu sur-
gimento e sua importância para sua formação acadêmica e também para sua pró-
pria vida como um todo. Como você pôde perceber, os temas tratados na disciplina 
de Filosofia não são técnicos, aplicáveis diretamente em sua profissão, nem procedi-
mentos que serão de imediato colocados em prática. O curso de filosofia almeja te 
despertar para este lugar que você, na condição de acadêmico, passa a ocupar em 
nossa sociedade, fornecendo novas perspectivas de leitura do mundo, ampliando 
sua capacidade de lidar com a complexidade dos saberes, no sentido de humanizar 
sua prática profissional. Um curso superior não forma apenas técnicos, mas bacharéis 
e licenciados, que devem ser capazes, não apenas de executar técnicas e procedi-
mentos, mas sim, de pensá-las e, até mesmo, reinventar sua própria profissão. Ter um 
curso superior é acessar a origem de determinado conhecimento e, como você pôde 
perceber, a origem de todo o conhecimento científico é a filosofia.
O percentual de pessoas que estão no ensino superior no Brasil ainda é muito pe-
queno e você certamente está em uma condição privilegiada por ter este acesso. 
Você será visto como uma referência e passará a ser um formador de opinião, pois, 
na condição de graduando, você passa a ter acesso ao conhecimento científico e a 
compreender seus métodos, conquistas e limites. Sua capacidade de discernimento 
e senso crítico serão, certamente, ampliados e a disciplina de Filosofia é a porta de 
entrada para esse universo de novas perspectivas e visões de mundo. 
Portanto os temas tratados aqui te ajudarão inicialmente a compreender de onde 
veio a perspectiva científica, como sua profissão se relaciona com isso e como você 
vai construir este profissional dentro de você. Apaixone-se pela sabedoria e venha ser 
também um filósofo! 
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OBJETIVO 
Ao final desta 
unidade, 
esperamos 
que possa:
> Explique a guinada 
antropológica de 
Sócrates.
> Explique o conceito 
de maiêutica.
> Identifique o lugar 
que a filosofia ocupa 
em nosso tempo.
> Interprete as 
metáforas da “A 
alegoria da caverna”, 
de Platão.
> Descreva a guinada 
teológica medieval.
UNIDADE 2
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 
A filosofia antiga é marcada por uma multiplicidade de pensadores que vivenciaram 
uma efervescência cultural a que chamamos de período clássico. Esse período se 
transformou em uma referência para toda a história ocidental. São os filósofos gregos 
a base da teologia medieval, depois, na renascença, temos o classicismo, que é um 
movimento cultural que valoriza e resgata elementos artísticos da cultura clássica 
(greco-romana) que inspirou o iluminismo no séc. XVIII. Este é a base de todas as nos-
sas instituições contemporâneas, desde as ideias de democracia, república, estado 
laico e divisão de poderes até o liberalismo e a liberdade de expressão. 
Compreender essa trajetória histórica que nos traz até os dias de hoje é de suma 
importância para uma formação profissional abrangente, que permita ao estudante 
conciliar seus conhecimentos com as circunstâncias históricas nas quais está inseri-
do, de modo que se possa pensar o mundo criticamente, ser inovador e ter uma visão 
ampla de seu próprio tempo. Perceber esse itinerário conceitual que se estabeleceu 
no decorrer da história da filosofia é de suma importância para uma formação aca-
dêmica sólida. Nesta unidade, veremos algumas das principais ideias filosóficas da 
antiguidade e da idade média.
A filosofia antiga e a filosofia medieval apresentam um diálogo muito explícito. 
Podemos dizer que a filosofia medieval é um desdobramento da filosofia antiga, mas 
por um caminho bem diferente do que aquele que os gregos iniciaram. Os gregos in-
ventaram a razão, e a filosofia grega apresenta, como característica indelével, o senso 
crítico e a postura antropocêntrica. As circunstâncias históricas da idade média aca-
bam por retirar essas características, colocando a filosofia a serviço da teologia. Mas a 
base dessa teologia é, nitidamente, a filosofia antiga.
Há uma nítida relação entre a corrente filosófica medieval intitulada patrística, 
que tem como principal representante o filósofo Agostinho, e a filosofia platônica. 
Ou, ainda, entre a escolástica, corrente filosófica da alta idade média, que tem como 
principal representante São Tomás de Aquino, e a filosofia aristotélica.
Nesta unidade, perpassaremos algumas das principais ideias filosóficas da idade an-
tiga e comentaremos a transição para a idade média. Prepare-se para esta inesque-
cível viagem no tempo!
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2 A FILOSOFIA ATRAVÉS 
DA HISTÓRIA: PRINCIPAIS 
CORRENTES FILOSÓFICAS 
(FILOSOFIA ANTIGA E 
MEDIEVAL)
Veremos nesta unidade as principais correntes filosóficas da antiguidade e da ida-
de média por meio de dois momentos considerados cruciais: a antiguidade clássica, 
com Sócrates, Platão e Aristóteles, e a idade média, com Agostinho.
2.1 A ANTIGUIDADE GREGA: O INÍCIO DE TUDO
2.1.1 DO ÁTOMO DE DEMÓCRITO AO BÓSON DE HIGGS
A filosofia inicia-se com Tales de Mileto, que, por meio da previsão de um eclipse, deu 
início a um novo modo de explicar os fenômenos naturais, antes compreendidos pelo 
viés do mito, encontraram então uma outra possibilidade de interpretação. Tales fez 
isso de um modo profundamente inovador. Além de abrir essa outra janela para ver-
mos o mundo, Tales também se perguntou pela essência de todas as coisas, em gre-
go arché. Tales buscou esse elemento essencial que seria a base de toda a existência, 
partindo do pressuposto segundo o qual tudo é um. Existiria uma única substância, 
base de todas as outras existentes? Aquela a partir da qual tudo é feito? Por detrás dos 
quatro elementos essenciais, água, fogo, terra e ar, haveria algo que estaria em todos 
esses outros elementos? A partir dessas perguntas, a filosofia tem seu início e os pri-
meiros filósofos, conhecidos como pré-socráticos, tentam responder a esta questão: 
qual é a arché do mundo? Ou, de modo mais direto: do que o mundo é feito? 
Pode parecer uma pergunta simples ou pueril, mas trata-se de uma questão 
muito profunda e desprovida ainda de resposta. Demócrito de Abdera, filósofo 
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SUMÁRIO
pré-socrático, por exemplo, desenvolveu uma teoria que, até hoje, é a base da física 
contemporânea: o atomismo (CHAUÍ, 2005). Demócrito parte do seguinte pressuposto: 
se dividirmos a matéria em partículas cada vez menores e repetirmos essa operação 
até o infinito, as partículas deixariam de existir e se tornariam o nada? Segundo ele, 
para que o mundo seja como ele é, a divisão da matéria não poderia ser infinita. Cer-
tamente existiria um limite indivisível, que ele chamou de átomo, ou seja, a menor 
partícula divisível. Depois de vinte e seis séculos de pensamento filosófico e científico, 
esta pergunta ainda não foi respondida. Passamos pela física aristotélica, por Newton, 
Einstein e a física quântica atual, que também não respondeu a essa pergunta feita 
pelos pré-socráticos. Hoje os aceleradores de partículas, gigantescas construções que 
têm o objetivo de fazer com que micropartículas se choquem na velocidade da luz, 
foram construídas com a mesma verve indagadora de Demócrito: descobrir essa me-
nor partícula da matéria.
FIGURA 6 - ACELERADOR DE PARTÍCULAS, SUÍÇA
Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.
Pesquise sobre os aceleradores de partículas. Há uma organi-
zação chamada “European Organization for Nuclear Research”. 
Você vai encontrar informações incríveis!
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2.1.2 CONHECE-TE A TI MESMO
Por todas as cidades gregas, vários filósofos se dedicam a essa tarefa e desenvolvem 
suas teorias, sempre com aqueles princípios que distinguiram a filosofia do mito: sen-
so crítico, atitude antropocêntrica, busca pela universalidade e a razão começando a 
se tornar um elemento crucial nessas novas formas de leitura do mundo. Os primei-
ros filósofos são chamados de naturalistas, por se dedicarem a buscar a essência das 
coisas na natureza. 
Essa classificação feita pelos historiadores da filosofia, por meio da qual chamamos 
os primeiros filósofos de pré-socráticos, se deve ao advento de Sócrates em Atenas. 
Sócrates se tornou um marco divisório no pensamento ocidental pelo fato de redi-
recionar os questionamentos, que antes tinham a natureza como objeto de estudo, 
para o homem como centro das reflexões. Enquanto os filósofos pré-socráticos esta-
vam se dedicando a essa busca pela essência da natureza, Sócrates considerou essas 
questões menores e se dedicou a conhecer a si mesmo. Perguntas, como: o que é a 
coragem? O que é a justiça? Qual a melhor maneira de se viver? São muito importan-
tes para Sócrates. Paul Strathern, em seu livro intitulado “Sócrates”, afirma que:
Em vez de questionar o mundo, Sócrates preferia acreditar que faríamos mui-
to melhor questionando primeiramente a nós mesmos, tendo adotado a cé-
lebre máxima gnothi seauton (conhece-te a ti mesmo). Esse ditado é algumas 
vezes erroneamente atribuído a Sócrates. Na verdade, pode ter sido divulgado 
pelo primeiro de todos os filósofos, Tales; sabe-se também que estava inscrito 
no Oráculo de Delfos (STRATHERN, 1997).
Essa divisão histórica da filosofia antiga em pré e pós-socráticos encontra muitosopo-
sitores que veem nela uma simplificação. Por exemplo, o próprio Demócrito foi con-
temporâneo de Sócrates e não escreveu apenas sobre a natureza, pois há relatos de 
que ele também escreveu sobre temas ligados à ética. De qualquer forma, o que acon-
teceu depois de Sócrates influenciou sobremaneira todo o pensamento ocidental até 
os dias de hoje. Sócrates foi mestre de Platão, que foi mestre de Aristóteles. Essa tríade 
representa as mais importantes e influentes correntes filosóficas da antiguidade.
leitura complementar
Leia o livro intitulado “Sócrates em 90 minutos”, de Paul Strathern!
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2.1.3 HERÁCLITO VERSUS PARMÊNIDES
Para começarmos a conhecer o pensamento filosófico da antiguidade, é importante 
compreendermos os motivos das desavenças entre dois dos principais pré-socráticos: 
Heráclito de Éfeso e Parmênides de Eléia.
Heráclito, assim como seus contemporâneos pré-socráticos, também buscou respon-
der qual seria a essência de todas as coisas e, para ele, essa essência seria o fogo. 
Mas você pode se perguntar: o fogo não é um dos quatro elementos? A busca não é 
por aquele elemento que estaria por detrás de todos os outros? Na verdade, quando 
Heráclito fala do fogo, ele está se referindo a uma outra coisa, que tem o fogo como 
um símbolo. Heráclito utilizou uma metáfora. Diferentemente de Tales, que se refere 
à água de modo literal, Heráclito utilizou a figura do fogo para representar aquilo que 
ele considerava a característica essencial do mundo: o devir. Devir significa mudança 
constante. Aquilo que nunca permanece da mesma forma. Aquilo que está se trans-
formando constantemente. Segundo Heráclito, tudo o que existe está sujeito ao devir. 
Em um dos famosos fragmentos de sua obra, Heráclito afirma, em um verso, que “não 
se pode entrar duas vezes no mesmo rio”, ou seja, pelo fato de o rio ser um constante 
fluxo de água, ele nunca é idêntico a si mesmo, então quando entramos uma vez no 
rio, ele é um, quando entramos novamente, ele já é outro completamente diferente. 
Isso vale também para o nosso próprio pensamento, que, segundo Heráclito, tam-
bém é fluxo. Portanto, Heráclito afirma que o ser não existe. 
O termo ser, nesse contexto filosófico, tem um significado mais 
profundo que apenas o verbo no particípio. Ser aqui significa a 
existência. Aquilo por meio do qual somos capazes de perceber o 
mundo, ou seja, o fato de existirmos no mundo. Chamamos esse 
campo do conhecimento filosófico de ontologia ou metafísica. 
Onto, em grego, quer dizer ser, e logia significa estudo aprofun-
dado, portanto ontologia é o estudo aprofundado da existência 
como um todo. O termo metafísica também se refere ao mesmo 
objeto de estudo: meta sugere que algo está além, e física vem do 
termo grego physis e quer dizer natureza. Metafísica estuda o que 
está além da natureza, ou, no senso comum, o sobrenatural.
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Para Heráclito, essa imutabilidade do ser não existe, pois, segundo ele, tudo é um vir 
a ser. Na medida em que nada é idêntico a si mesmo, essa ideia de algo que é igual 
a si mesmo, portanto, seria impossível. Sua tese parte do pressuposto que as coisas 
sempre estão em mudança e mudam de acordo com seus opostos. 
Por exemplo: o devir faz com que o seu café quente sempre 
tenda a esfriar e sua água gelada sempre tenda a esquentar.
Ouça a canção de Lulu Santos e Nelson Motta “Como uma onda 
no mar” e preste atenção na letra! Essa canção trata justamente 
do tema heraclitiano do devir!
Aqui entra Parmênides, em oposição a Heráclito. Segundo Parmênides, o ser é idên-
tico a si mesmo, e essa impressão de que as coisas estão em constante mudança 
seria uma ilusão de nossos sentidos. Por meio do pensamento, seríamos capazes 
de chegar a uma ideia que é idêntica a si mesma, mas não por meio dos sentidos. 
Aqui temos a primeira grande questão epistemológica da filosofia: o que é mais ver-
dadeiro, o que eu vejo ou o que eu penso? O que é físico, sensível, perceptível pelos 
sentidos - tato, olfato, audição, visão e paladar -, ou o que eu penso, minha consciên-
cia das coisas, as abstrações que a mente humana é capaz de fazer? Paul Strathern 
nos fala sobre a aproximação entre Sócrates e Parmênides
Sócrates logo compreendeu que tais especulações a respeito da natureza do 
mundo não traziam benefício algum para a humanidade. Para um pensador 
ostensivamente apoiado na razão, Sócrates era curiosamente anticientífico. 
Neste ponto é bastante provável que tenha sido influenciado por um dos mais 
importantes filósofos pré-socráticos, Parmênides de Eléia. Diz-se que, em sua 
juventude, Sócrates encontrou-se muitas vezes com o ancião Parmênides, 
“com quem muito aprendeu”. Parmênides solucionou o conflito entre aqueles 
que acreditavam ser o mundo feito de uma única substância (como água ou 
fogo) e os que, como Anaxágoras, defendiam que ele consistia em uma grande 
variedade de substâncias. Superou esse conflito simplesmente ignorando-o. 
Segundo Parmênides, o mundo como o conhecemos não passa de mera ilu-
são. Não importa de quantas coisas pensamos que é feito, porque ele não 
existe. A verdade única consiste no Ser eterno, que é infinito, imutável e indivi-
sível. Para este Ser não existe passado nem futuro. Ele inclui todo o universo e 
tudo o que nele possa acontecer. “Tudo é um” era o princípio fundamental de 
Parmênides. A constante multiplicidade que somos capazes de observar é tão 
somente a aparência desse Ser estático, onipresente. Tal atitude em relação 
ao mundo não traz nenhum benefício para a ciência. Por que então devería-
mos nos preocupar com as transformações do mundo se não passam de mera 
ilusão? (STRATHERN, 1997).
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SUMÁRIO
Sócrates, influenciado por Parmênides, inaugura um tipo de pensamento filosófico: 
o racionalismo. Portanto, Sócrates foi um herdeiro dos filósofos que o antecederam 
e levou às últimas consequências o senso crítico, afirmando nada saber. Colocou-se 
antropocentricamente, ou seja, como homem, colocou-se no centro do mundo, ne-
gando a tradição para responder às questões filosóficas que ele, de modo original e 
inédito até então, redirecionou da natureza para o homem. Mas, ao mesmo tempo, 
Sócrates se diferenciava da maioria dos pensadores anteriores a ele, pois estes esta-
vam interessados em descobrir a essência das coisas da natureza. Já a Sócrates, in-
teressam as questões sobre a vida, virtudes, vícios, coragem, sabedoria, honestidade, 
etc., ou seja, questões sempre relativas ao homem. É nesse sentido que Paul Stra-
thern afirma que Sócrates era anticientífico.
2.1.4 DAR À LUZ AS IDEIAS
Sócrates inventou um modo próprio de fazer filosofia, que ele intitulou de “maiêutica”. 
Em grego, pode ser traduzido literalmente por “dar à luz as ideias”. A mãe de Sócra-
tes era uma parteira, e ele ficava maravilhado com o fato de, do ventre das mulheres, 
pela mão de sua mãe, saírem novas pessoas, totalmente desconhecidas e inéditas. 
Ele imaginou que o mesmo poderia acontecer com as ideias. Por meio de um diá-
logo questionador, seria possível chegar a ideias que ninguém nunca pensou, ideias 
inéditas, assim como as pessoas que sua mãe fazia nascer por seu gesto obstétrico. 
Portanto, maiêutica seria uma espécie de parto de ideias. Mas como Sócrates fazia 
esse parto? 
A maiêutica consiste em um processo de desconstrução. Desconstruir é diferente de 
destruir. Pensemos em um muro. Para destruí-lo, bastam alguns golpes de marreta 
e ele vai ao chão, mas para desconstruí-lo seria necessário retirar, tijolo por tijolo, 
cuidadosamente, lentamente, perfazendo o próprio gestoda construção, porém ao 
inverso. O gesto da destruição é violento e rápido. Já a desconstrução envolve uma 
série de sutilezas que Sócrates desenvolveu como ninguém. A maiêutica é uma des-
construção dos argumentos doxológicos, das opiniões, certezas ligadas às tradições e 
costumes dos gregos. Sócrates combinava um misto de ironia e talento retórico para 
demonstrar que seus interlocutores, apesar de se dizerem sabedores dos assuntos 
que tratavam, não os conheciam a fundo. 
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Sócrates nunca propunha uma tese, ele deixava que seus interlocutores a propuses-
sem e a desconstruía com questionamentos de teor legitimamente filosófico, por 
serem profundos e chegarem ao limite do conhecimento humano. Por meio de sua 
técnica, Sócrates chegou à conclusão que todos seus contemporâneos não tinham o 
conhecimento que afirmavam ter. Inclusive o próprio Sócrates reconhecia sua igno-
rância, se dizendo sempre alguém que não detinha a sabedoria, cunhando o termo 
philo sophos (filósofo: amante da sabedoria).
Em um dos diálogos platônicos, Sócrates recebe dois nobres interessados em saber 
se aulas de esgrima seriam uma prática eficiente para a formação de jovens corajosos. 
A coragem era uma virtude muito admirada pelos gregos. Todo ateniense deveria estar 
disposto a morrer por sua cidade. Nas guerras, a coragem era crucial. Sócrates, antes 
de responder sobre a eficiência da esgrima, faz uma pergunta aparentemente sim-
ples aos seus interlocutores: o que é a coragem? Ambos respondem com convicção 
coisas como: a coragem seria pular de um penhasco sem se machucar, ou dizer o que 
pensa, ou não ter medo da morte e tal. Sócrates ouve calmamente cada argumento 
e, depois, vem desconstruindo cada um deles. Por exemplo, Sócrates diz que pular de 
um penhasco pode ser algo corajoso se for uma situação de guerra, para honrar sua 
cidade, mas, pular sem motivos e se machucar, seria ignorância, e não coragem. Dessa 
forma, os nobres reconhecem sua ignorância no que tange o conceito de coragem, e 
Sócrates demonstra a dificuldade de responder sobre a esgrima. Quando questiona-
do sobre o conceito de coragem, Sócrates afirmava ser ignorante e nada saber. 
Sócrates nunca escreveu. Tudo o que sabemos sobre ele foi escrito por contemporâ-
neos seus, como Platão (aluno dedicado que escreveu toda uma obra filosófica tendo 
Sócrates como um personagem), Aristófanes (comediante que escreveu uma peça de 
teatro que ridicularizava Sócrates) e Xenofontes (general do exército que também es-
creveu uma apologia de Sócrates quando ele foi condenado à morte pelos atenienses).
2.1.5 SÓ SEI QUE NADA SEI
A famosa assertiva “só sei que nada sei” é fruto, justamente, da aplicação da maiêutica, 
que revelou para Sócrates o fato de todos seus contemporâneos serem ignorantes, 
assim como ele se considerava. Houve um episódio muito importante na vida de 
Sócrates, no qual o Oráculo de Delphos – local onde se faziam oferendas ao deus 
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SUMÁRIO
Apolo, e, por meio do qual, o referido deus fazia revelações usando pessoas que di-
ziam ter uma sensibilidade extraordinária – foi consultado com a seguinte questão: 
existe alguém mais sábio que Sócrates? A resposta foi: não. Sócrates, portanto, seria o 
mais sábio de toda a Grécia.
Diante do exposto paradoxo – este, segundo o qual Sócrates se dizia ignorante, mas 
era tido como o mais sábio – Sócrates encarou essa questão como se fosse uma es-
pécie de enigma. Na cultura grega, baseada na mitologia, o tema do enigma é recor-
rente. Por exemplo, Édipo tem de desvendar o enigma da esfinge.
O significado do termo enigma se diferencia do significado do termo mistério. 
Enigma é algo que pode ser desvendado, e mistério é algo, por excelência, indecifrá-
vel. No cristianismo, o conceito de fé envolve a questão da aceitação do mistério como 
indecifrável e da incapacidade da razão de dar conta de explicar a existência. 
Sócrates, que era um seguidor 
do deus Apolo, aceitou sua co-
locação, mas entendeu que o 
deus estaria tentando pregar-
-lhe uma peça. Dessa forma, Só-
crates buscou desvendar esse 
paradoxo e entrevistou, utilizan-
do a maiêutica, todos as pessoas 
tidas como sábias em Atenas, 
desde poderosos políticos, pas-
sando por poetas e artesãos, 
e chegou à conclusão de que 
nenhum homem era detentor 
da sabedoria. Esse gesto gerou 
muitos inimigos, que acabaram por condenar Sócrates à morte em Atenas por corrom-
per a juventude, inventar novos deuses e não acreditar nos deuses oficiais. Sócrates teve 
um julgamento que, apesar de seguir à risca a lei ateniense, foi injusto. Mesmo sabendo 
de sua inocência e da injustiça de seu julgamento, Sócrates se recusou a fugir para se 
exilar, pois, segundo ele, não se poderia responder a uma injustiça com outra injustiça. 
As leis são a base da sociedade e Sócrates sempre teve um estilo de vida impecável em 
termos éticos. Recusá-las, portanto, seria colocar em jogo a própria civilização, e não era 
esse o legado que Sócrates gostaria de deixar para a humanidade.
FIGURA 7 - “A MORTE DE SÓCRATES”, DE JACQUES 
LOUIS DAVID, 1787.
Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.
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Não deixe de assistir ao filme “Sócrates”, de Roberto 
Rossellini. Fácil de encontrar no YouTube!
2.1.6 PLATÃO E A CAVERNA
Sócrates então inaugurou o racionalismo, e seu discípulo mais famoso, Platão, entrou em 
cena e escreveu o primeiro grande sistema filosófico. Lembra-se daquela disputa entre 
Heráclito e Parmênides da qual falamos? A questão que estava em jogo nessa disputa 
era: o que é mais verdadeiro, o que eu penso, ou o que eu vejo? Heráclito dizia que a es-
sência das coisas era justamente o fato de tudo no mundo estar em constante mudança, 
nunca permanecer idêntico a si mesmo, e Parmênides dizia que tem de existir algo que 
prevalece, do qual tudo provém. Este algo seria imutável. A grosso modo, podemos dizer 
que Parmênides entendia que é impossível “desintegrar” a matéria. Por mais que tente-
mos destruir algo até que este passe a inexistir, sempre haverá algo que sobra e persiste. 
Por exemplo, se tentarmos destruir uma mesa, podemos atear fogo, esmagar as cin-
zas, mas estas irão para a terra e servirão de adubo para uma semente que gerará 
outra árvore, que será a matéria-prima de outra mesa. 
Nesse sentido há, por detrás da transformação, algo que prevalece. Parmênides vai 
dizer que todo o movimento é ilusório e que os sentidos nos enganam. Portanto, para 
ele, o que nós pensamos é mais verdadeiro do que o que vemos.
Platão, diante dessa querela, criou uma teoria que divide a existência em dois mun-
dos. Chamamos isso de dualismo psicofísico, ou seja, divisão de corpo e mente. 
O mundo das ideias (alma/mente/consciência) seria o mundo verdadeiro, e o mundo 
sensível (corpo) seria o mundo das cópias imperfeitas dessas verdades ideais. Aquilo 
que Heráclito colocou sobre a impermanência de todas as coisas e seres, se aplicaria 
ao mundo sensível, este, segundo Platão, perceptível pelo corpo, que passa a ser con-
siderado uma prisão da alma. E a imutabilidade, aquela característica essencial que 
Parmênides reivindicava para o ser, Platão afirma ser acessível apenas por meio do 
intelecto. Ela pertenceria ao mundo das ideias. 
leitura complementar
Leia o texto “A alegoria da caverna”, de Marilena Chauí, em: CHAUÍ, 
Marilena. Convite à filosofia. 13. ed. São Paulo: Ática, 2005.
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SUMÁRIO
No livro VII de “A república”, obra fundamental da filosofiaplatônica, existe uma pas-
sagem na qual Sócrates está conversando com Glauco, um irmão mais novo de Pla-
tão, músico, que faz uma pergunta, pedindo uma espécie de síntese dos assuntos 
tratados por Sócrates anteriormente. Esse livro contém uma exposição do que Platão 
chamava de cidade ideal, aquela organização política que seria perfeita. A pergunta 
que Glauco faz à Sócrates versa sobre o conhecimento e a ignorância. Para responder, 
Sócrates recorreu a uma alegoria e narrou uma história estranha, mas repleta de sig-
nificados muito profundos.
Imagine uma caverna na qual estão acorrentados prisioneiros de costas para a en-
trada e de frente para o fundo da caverna. Estes estão acorrentados de tal forma que 
não podem se mexer. Na entrada existe um feixe de luz que projeta no fundo da 
caverna uma série de sombras. Essas sombras são produzidas por estatuetas carrega-
das por pessoas que estão do lado de fora e que, ao passarem na entrada, fazem com 
que o sol projete uma sombra no fundo da caverna. 
Após descrever esse estranho cenário, Sócrates questiona Glauco sobre o conceito de 
realidade. Se os prisioneiros nunca saíram, estão acorrentados ali desde sempre e a 
vida inteira só viram as sombras, o que seria a realidade para eles? Glauco responde: 
as sombras. Se nunca viram nada diferente, eles terão convicção de que aquelas som-
bras distorcidas, efêmeras e fugazes são a única realidade possível.
Sócrates prossegue pedindo a Glacou para imaginar: se um dos prisioneiros conse-
gue se desacorrentar e, com muito esforço se levanta, para onde ele iria? Certamente 
seguiria a luz do sol e subiria a rampa íngreme que leva à entrada da caverna. Depois 
de enfrentar toda a dor dos músculos atrofiados, conseguir se equilibrar para andar, 
enfrentar a luz intensa do sol, que também provocaria dor nos olhos, e sua pupila se 
adaptar à intensidade luminosa, ele teria uma esplêndida experiência, vislumbrando 
as estatuetas em sua perfeição, cada detalhe daquele objeto iluminado pelo sol ali, 
imóvel, na frente dele. Imediatamente ele reconheceria que o que viu a vida inteira 
foram apenas sombras e que agora ele estaria enxergando a essência dessas som-
bras, uma realidade primeira, uma espécie de matriz única que origina aquilo que 
eles viam dentro da caverna.
Seu desejo é voltar à caverna e contar a seus antigos companheiros tudo o que viu e 
viveu. Ele retornaria à caverna com a novidade e chamaria seus companheiros para 
saírem também, porém, sair da caverna é algo doloroso e os prisioneiros nem sequer 
sabem que estão presos. Eles têm convicção que as sombras que veem são a única 
realidade possível e inicialmente zombaram do prisioneiro fugitivo. Ele insiste e diz 
que todos estão presos, que só veem sombras, que a realidade é outra, que ele a 
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conhece, que ele a viu e que lá fora é mais bonito, melhor e mais verdadeiro. Aqui 
chegamos a um conceito importante da filosofia platônica, segundo o qual, belo, 
bom e verdadeiro coincidem. Ao insistir, o ex-prisioneiro acabaria se tornando um 
incômodo e seria até mesmo morto por seus companheiros. 
Certamente, Platão, ao escrever esse 
texto, faz uma menção ao próprio 
Sócrates, que foi condenado injusta-
mente em Atenas e se tornou uma 
espécie de mártir da filosofia. Mas, 
mais do que denunciar a injustiça 
cometida contra Sócrates, Platão, 
com essa alegoria, consegue sinte-
tizar sua filosofia dualista. Segundo 
Platão, este mundo que percebe-
mos por meio dos sentidos de nos-
so corpo é um mundo ilusório, cópia 
imperfeita do mundo ideal, acessí-
vel apenas por meio do intelecto. A 
tarefa do filósofo seria desapegar deste mundo material em busca do verdadeiro sen-
tido das coisas, que seria aquilo que está fora do tempo e do espaço, fora da mutabili-
dade, do devir. Por isso, Platão tinha muito gosto pela matemática, pois, por meio dela, 
somos capazes de chegar a verdades imutáveis. 
Portanto, para Platão, existe um mundo ideal, origem de tudo o que existe. Esse mun-
do seria acessível somente por meio do intelecto e da razão. A dialética seria o ins-
trumento do filósofo para acessar esse mundo. O pensamento platônico influencia 
sobremaneira nossa forma de perceber o mundo ainda hoje, pois, nós, ocidentais, 
vemos o mundo a partir desse dualismo. É fácil perceber que, em nossa cultura, há 
essa divisão entre o exterior e interior do ser humano, como se a aparência fosse me-
nos verdadeira que a essência. Há vários ditados populares que corroboram essa ideia 
como: “Por fora bela viola, por dentro pão bolorento”, ou ainda “Beleza não põe mesa”. 
Esses ditados sugerem que a sedução exercida pela beleza física é ilusória e a verda-
deira essência estaria em elementos menos explícitos, como o caráter, valores, etc. 
Fica clara aqui a divisão entre corpo e alma e a hierarquia que se impõe colocando 
a alma como algo mais verdadeiro e, portanto mais importante que o corpo. Qual-
quer semelhança com o cristianismo não é mera coincidência. A filosofia platônica é 
a base da teologia cristã e, consequentemente, a base da própria cultura ocidental. 
Nietzsche afirmou no prólogo de seu texto intitulado “Além do bem e do mal” que o 
cristianismo seria uma espécie de platonismo para as massas.
A soma dos ângulos internos de um 
triângulo é 180 graus. Essa verdade, 
segundo Platão, transcende tempo e 
espaço. Vale em qualquer época e lu-
gar, ou seja, é universal, essa categoria 
tão desejada pelos primeiros filósofos.
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SUMÁRIO
2.2 O DECLÍNIO DA RAZÃO 
Aquela efervescência cultural, política e artística vivida pela Grécia no período clás-
sico tem sua decadência com uma série de fatores, como guerras dos gregos com 
outros povos, guerras entre gregos e gregos, como a guerra entre Esparta e Atenas, 
e a invasão romana no séc. III a.C, por meio da qual a península grega é anexada ao 
império. Há uma grande influência da cultura grega entre os romanos, desde a arqui-
tetura até a correspondência de deuses em suas mitologias por meio de complexos 
sincretismos. Por exemplo, é possível associarmos o deus grego Dionísio ao deus ro-
mano Baco, ou a deusa grega Atena à romana Minerva. Como o império romano se 
estendeu por quase toda a Europa, oeste da Ásia e norte da África, a cultura grega 
acabou se tornando o berço da civilização ocidental. Ideias como a própria demo-
cracia, nossa base linguística e nossa forma mais essencial de ver o mundo têm uma 
influência inegável desse legado greco-romano.
No séc. V d.C. assistimos à queda do império romano do ocidente. Várias etnias inva-
diram o império e provocaram seu colapso. A este episódio chamamos de invasões 
bárbaras. O termo bárbaro significa estrangeiro. Etnias, como hunos, os vândalos, os 
visigodos, os ostrogodos, os francos, os lombardos e os anglo-saxões invadiram siste-
maticamente as principais cidades do império até que não houve mais como resistir, 
e o império deixou de existir como uma organização social. É o que chamamos de 
barbárie, ou seja, a falência da civilização, uma espécie de retorno a uma condição 
anterior ao próprio pacto social.
O termo barbárie se diferencia do termo selvageria. Entende-
mos por selvageria aquele momento de existência do homem 
que antecede a civilização, ou seja, é o homem inserido na 
natureza, em estado de natureza, como diria Thomas Hobbes, 
para o qual o homem seria o lobo do homem nessa condição. 
Em algum momento, o homem cria a civilização por meio do 
pacto social. A barbárie seria o fracasso da civilização.
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Nessa condição, a filosofiase viu 
em um momento de decadên-
cia, pois foi concebida em pleno 
auge da civilização, nas cidades, 
nas praças públicas. E com esse 
movimento de êxodo urbano, 
por meio do qual as pessoas 
abandonaram as cidades, que 
são normalmente os alvos das 
invasões bárbaras, e se dirigiram 
para o campo, onde existiam os 
feudos. Também haviam gran-
des latifúndios administrados 
por nobres, que estavam demandando pessoas para comporem seus exércitos pró-
prios e se protegerem, pois, na ausência do estado com a decadência do império, não 
havia, oficialmente, mais leis a serem seguidas. Então a sociedade se fragmentou em 
propriedades privadas que se tornaram o cerne do sistema medieval. 
Observe este castelo medieval e repare na necessidade de proteção com altos mu-
ros, torres de vigilância, etc. Em nosso imaginário e em desenhos animados, temos 
sempre a imagem de castelos com lagos circundantes com crocodilos saltitantes e 
pontes levadiças.
FIGURA 9 - CASTELO MEDIEVAL NA ITÁLIA
Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.
FIGURA 8 - THOMAS HOBBES
Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.
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SUMÁRIO
Mas uma instituição prevaleceu com a queda do império romano: a Igreja Católica 
Apostólica Romana, que herdou do império a organização hierárquica em torno de 
um único papa, que, lentamente foi se tornando hegemônica e onipresente em to-
dos os feudos, organizando a vida social e impondo os valores cristãos de modo tru-
culento e opressivo no decorrer dos dez séculos de idade média.
A filosofia, nesse contexto medieval, perdeu sua característica mais essencial: o sen-
so crítico. Assim, se tornou teologia. Inicialmente, com esse contexto de invasões 
bárbaras, insegurança e violência, os pensadores se isolaram do mundo e buscaram 
as respostas em si mesmos. O termo monge vem do latim monachus, que quer 
dizer solitário. 
FIGURA 10 - MONGE ESCREVENDO
Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.
Os filósofos se isolam do mundo e buscam respostas em suas imersões individuais. 
Agostinho é um bom exemplo de filósofo medieval. Canonizado pela igreja católica, 
Santo Agostinho era um neoplatônico que promoveu o que chamamos de “cristiani-
zação de Platão”, ou seja, mesclou os conceitos platônicos ao cristianismo nascente. 
O próprio Agostinho, antes de se converter ao cristianismo, considerava essa uma 
religião vulgar, desprovida de embasamento, baseada em textos contraditórios re-
unidos na Bíblia. Agostinho fez essa tarefa intelectual de embasar filosoficamente o 
cristianismo, dando a essa doutrina uma linha racionalista, mas que reconhecia um 
déficit da razão que, segundo ele, só poderia ser preenchido pela fé.
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A grosso modo, a filosofia medieval ficou presa ao dogmatismo cristão e partia-se do 
pressuposto de que toda verdade filosófica só poderia decorrer da verdade revelada 
por deus aos homens por meio de Cristo. Esse fato impediu que a filosofia prosseguis-
se por aquele caminho esboçado na antiguidade e fez com que a historiografia tra-
dicional compreendesse a idade média como a idade das trevas, pelo fato de a razão 
ficar submetida à fé. Por isso, no séc. XV, quando a estrutura social e a fragmentação 
política da idade média começaram a se dissolver, o grande movimento artístico, 
cultural, político e econômico que temos é o renascimento. Quando dizemos renas-
cimento, estamos nos referindo à antiguidade clássica. É uma proposta de retorno ao 
antropocentrismo e ao racionalismo da antiguidade que está em jogo. Também foi 
assim com o termo iluminismo, que, no séc. XVIII, sugeriu essa ideia de luzes da razão 
contra as trevas da idade média.
leitura complementar
Leia o romance de Umberto Eco intitulado “O nome da rosa”. 
Há também uma famosa versão cinematográfica dessa obra.
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SUMÁRIO
CONCLUSÃO
A idade antiga foi um momento crucial para nossa cultura ocidental. Compreender 
suas principais ideias filosóficas é muito importante para se conseguir uma visão am-
pla de nossa própria condição civilizatória. Como você pôde perceber, há um nítido 
itinerário conceitual que a filosofia traçou desde Tales de Mileto até os nossos dias. 
Nesta unidade, pudemos verificar o início dessa trajetória, dos gloriosos tempos clás-
sicos até a grande crise que a queda do império romano do ocidente causou, origi-
nando a idade média.
O que chamamos de idade média, foi um período repleto de complexos aconteci-
mentos e transformações que resumimos nessa expressão. Um período enorme de 
tempo, que durou mil anos na Europa e que, certamente, ainda tem seus legados nos 
dias de hoje, mesmo aqui em nosso país. Quando observamos uma cidadezinha do 
interior, que tem aquela igreja matriz no final da rua principal e uma praça na qual 
praticamente todos os ritos sociais acontecem, vemos nitidamente uma herança me-
dieval, pois este é o formato de uma vila na idade média. A força do cristianismo e 
a culpa cristã que ainda permeiam nossa moral, também são outro legado nítido 
desse período. Compreender as relações que se estabelecem entre os conceitos e 
pensadores desses períodos nos auxilia a perceber melhor o nosso próprio tempo.
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OBJETIVO 
Ao final desta 
unidade, 
esperamos 
que possa:
> Adquirir subsídios teóricos 
para pensar criticamente a 
modernidade
> Explicar o cogito cartesiano
> Identificar os paradigmas da 
educação
> Apreciar a arte como um vetor 
de quebra de paradigmas
> Explicar a contemporaneidade 
a partir de Giorgio Agamben
UNIDADE 3
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FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
FilosoFia
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO DA UNIDADE
O que é ser contemporâneo? O que é a modernidade? Como a filosofia lida com estas 
questões? Nesta unidade veremos a transição da idade média para a modernidade, 
a partir de René Descartes (1596 - 1650), discutiremos os paradigmas da educação 
oriundos do racionalismo cientificista e refletiremos a contemporaneidade por meio 
do pensamento do filósofo italiano Giorgio Agamben (1942). 
Nosso objetivo, nesta unidade, é trazer a filosofia para a nossa realidade, de modo 
que os conceitos filosóficos possam ser utilizados como ferramentas intelectuais de 
pensamento do tempo que estamos vivendo. Faremos uma reflexão sobre a moder-
nidade, a partir de Descartes e seu método e veremos como seu pensamento ainda 
influencia muito a nossa época. Faremos uma crítica ao cartesianismo, demonstran-
do sua influência na educação contemporânea e a necessidade de quebrar paradig-
mas da educação tradicional, ainda vigentes. Discutiremos a contemporaneidade, 
passando pela revolução digital e a diversidade de identidades, discursos e ideologias 
que marcam a nossa época. Preparado para mais uma viagem?
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FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO
3 A FILOSOFIA ATRAVÉS 
DA HISTÓRIA: PRINCIPAIS 
CORRENTES FILOSÓFICAS 
E A EDUCAÇÃO 
(FILOSOFIA MODERNA E 
CONTEMPORANEIDADE)
O que é a modernidade? Como lidar com este termo tão desgastado na atualidade? 
Como relacionar modernidade e contemporaneidade? Como se dá a ruptura entre 
medieval e moderno? E como podemos pensar a transição entre moderno e pós mo-
derno? Como fica a educação diante de tantas mudanças? Esta unidade busca refle-
tir nossa condição histórica no sentido de busca por pertencimento em uma época 
de fragmentação, descontinuidade e diversidade.
3.1 IDADE MODERNA
3.1.1

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