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Caderno Abordagem da Filosofia

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Abordagem Filosófica da Ética e 
do Direito do Trabalho 
 
 
José dos Santos Filho
PEDAGOGIA
Filosofi a
da Educação
Filosofi a
da Educação
Filosofi a
período
º1
Montes Claros/MG - 2013
José dos Santos Filho
Filosofia da 
educação
2013
Proibida a reprodução total ou parcial.
Os infratores serão processados na forma da lei.
EDITORA UNIMONTES
Campus Universitário Professor Darcy Ribeiro
s/n - Vila Mauricéia - Montes Claros (MG)
Caixa Postal: 126 - CEP: 39.401-089
Correio eletrônico: editora@unimontes.br - Telefone: (38) 3229-8214
Catalogação: Biblioteca Central Professor Antônio Jorge - Unimontes
Ficha Catalográfica:
Copyright ©: Universidade Estadual de Montes Claros
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS - UNIMONTES
REITOR
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DIRETOR DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÕES
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Prof. Manuel Sarmento – Minho – Portugal.
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Prof. Fernando Lolas Stepke. – Univ. Chile.
Prof. José Geraldo de Freitas Drumond – Unimontes.
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Sandra ramos de oliveira
Chefe do Departamento de Educação/Unimontes
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rogério othon Teixeira Alves
Chefe do Departamento de Filosofi a/Unimontes
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Chefe do Departamento de Geociências/Unimontes
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Chefe do Departamento de História/Unimontes
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Chefe do Departamento de Política e Ciências Sociais/Unimontes
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Vice-Governador do Estado de Minas Gerais
Alberto Pinto Coelho Júnior
Secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior
nárcio rodrigues
Reitor da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes
João dos reis Canela
Vice-Reitora da Universidade Estadual de Montes Claros - 
Unimontes
maria ivete Soares de Almeida
Pró-Reitor de Ensino/Unimontes
João Felício rodrigues neto
Diretor do Centro de Educação a Distância/Unimontes
Jânio marques dias
Coordenadora da UAB/Unimontes
maria Ângela lopes dumont macedo
Autor
José dos Santos Filho
Possui graduação em Filosofia (1997) e Especialização em Sociologia pela Universidade 
Estadual de Montes Claros/MG (1998) e mestrado em Filosofia pela Universidade Federal de 
Goiás (2004). Atualmente é professor assistente na Universidade Estadual de Montes Claros/
MG onde coordena o Grupo de Estudos em Filosofia Política do Departamento de Filosofia. 
Tem experiência na área de Filosofia da Educação e Filosofia Política, atuando principalmente 
nos seguintes temas: Cidadania, Ética, Maquiavel, Rousseau e Hannah Arendt.
Sumário
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9
Unidade 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
Origens da Filosofia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
1.2 O que é Filosofia? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
1.3 O saber mítico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .12
1.4 O nascimento da Filosofia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .15
1.5 A relação: Filosofia Antiga e Filosofia Medieval . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .24
Unidade 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27
O mundo moderno: Racionalismo, Empirismo e Criticismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27
2.1 Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27
2.2 Epistemologia: O problema do conhecimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27
2.3 Racionalismo e modernidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .29
2.4 O empirismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .33
2.5 O criticismo: Immanuel Kant. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .35
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
Unidade 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .39
O problema da ação na filosofia contemporânea . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .39
3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .39
3.2 O que é pragmatismo? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .39
3.3 As origens do pragmatismo: Peirce e James . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
3.4 O Pragmatismo de John Dewey: principais caraterísticas e contribuições . . . . . . . . .41
3.5 Pragmatismo: educação, política e moral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .43
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
Unidade 4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .45
A reflexão filosófica na educação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .45
4.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . .45
4.2 A relação: Pedagogia e filosofia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .45
4.3 Sócrates: o modelo de pedagogo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
4.4 A reflexão filosófica sobre a educação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
4.5 A educação contemporânea: problemas estéticos, éticos e políticos . . . . . . . . . . . . . .52
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .57
Resumo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .59
Referências básicas e complementares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .61
Atividades de aprendizagem-AA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .65
9
Pedagogia - Filosofia da Educação
Apresentação 
Caro(a) acadêmico(a), estamos iniciando mais uma etapa em nossa caminhada rumo ao ob-
jetivo de nos tornar mais qualificados para enfrentar os desafios de nossa profissão. Agora dare-
mos um passo muito importante, pois iniciaremos o estudo da disciplina Filosofia da Educação. 
Você já deve estar se perguntado: O que é mesmo Filosofia? Se de fato você questionou sobre 
isso, então começamos bem, pois perguntar sobre o que é Filosofia já é uma questão filosófica 
de primeira grandeza. Aristóteles, filósofo que viveu entre 384 e 322 a.C, parece ter razão quando 
afirma que: “Todos os homens, por natureza, desejam conhecer.” E, se examinarmos um pouco a 
História da Filosofia, veremos que muitas foram as tentativas humanas de compreender a razão 
de ser do homem, do mundo e de tudo aquilo que é vivenciado pelo próprio homem. A necessi-
dade de compreensão levou o homem a desenvolver a linguagem. A mesma linguagem que traz 
um significado, que apresenta, que revela, também pode ser a que traz um encantamento, que 
esconde, que seduz. Aqui entra a Filosofia chamando para si a responsabilidade de não apenas 
decodificar essa linguagem, mas de vivenciá-la, de torná-la sensível, de trazê-la para o cotidiano 
dos homens. Homens que, em sua maioria, não podem ou não querem “parar e pensar”, porque 
estão imersos em inúmeras atividades mecânicas ou preferem deixar tudo como está. 
Para que você tenha um aproveitamento melhor do conteúdo da disciplina Filosofia da Edu-
cação, o nosso curso está dividido em quatro unidades e cada unidade apresenta quatro tópicos 
específicos, como se pode ver a seguir:
Unidade 1: Origens da Filosofia 
1.1 Introdução
1.2 O que é Filosofia? 
1.3 O saber mítico
1.4 O nascimento da Filosofia
1.5 A relação: Filosofia Antiga e Filosofia Medieval
Unidade 2: O mundo moderno: Racionalismo, Empirismo e Criticismo
2.1 Introdução
2.2 Epistemologia: O problema do conhecimento
2.3 Racionalismo e modernidade 
◄ Figura 1: Montagem 
de uma placa de 
transito que indica 
orientação e destino 
convidando para 
seguir pelas estradas 
da Filosofia. 
Fonte: Disponível em: 
<http://terapiadaedu-
cacao.blogspot.com.
br/2012/06/kant-impera-
tivo-e-categorico.html.> 
Acesso em 20 abr.2013.
10
UAB/Unimontes - 1º Período
2.4 O empirismo 
2.5 O criticismo: Immanuel Kant
Unidade 3: O problema da ação na Filosofia contemporânea
3.1 Introdução
3.2 O que é Pragmatismo?
3.3 As origens do Pragmatismo: Peirce e James 
3.4 O Pragmatismo de John Dewey: principais caraterísticas e contribuições 
3.5 Pragmatismo: educação, política e moral
Unidade 4: A reflexão filosófica na Educação
4.1 Introdução
4.2 A relação: Pedagogia e Filosofia 
4.3 Sócrates: o modelo de pedagogo
4.4 A reflexão filosófica sobre a educação
4.5 A educação contemporânea: problemas estéticos, éticos, e políticos
São quatro eixos temáticos que têm como objetivo refletir: 
•	 a tradição da filosofia clássica grega e sua íntima relação com um projeto pedagógico que 
se sustenta a partir dos ideais: bom, belo e justo, bem como a presença dessa tradição no 
pensamento medieval;
•	 o problema do conhecimento na modernidade, a partir da disputa entre os adeptos do ra-
cionalismo e empirismo; a reconstrução de um racionalismo crítico como síntese do racio-
nalismo e do empirismo;
•	 o pensamento pragmático e a primazia da ação no limiar do mundo contemporâneo;
•	 a presença da filosofia na educação e os desafios educacionais no campo estético-ético-po-
lítico.
A você que aceitou o desafio de se dedicar ao estudo da Filosofia, meu sincero respeito e 
admiração. Sucesso nessa nova empreitada!
O autor
11
Pedagogia - Filosofia da Educação
UnidAde 1
Origens da filosofia 
1.1 Introdução
Nessa unidade veremos primeiro o que 
se compreende por Filosofia, quais as pecu-
liaridades do conhecimento filosófico e por-
que a Filosofia está em busca de um saber 
que vai além do simples conhecimento co-
mum dos homens e também do sistemático 
conhecimento desenvolvido pelas chamadas 
ciências modernas. Analisaremos a impor-
tância da experiência mítica na construção 
do sentido da existência e particularmente 
os valores presentes na narrativa mítica gre-
ga que são largamente expostos nos poemas 
de Homero e Hesíodo. Em seguida apresenta-
remos a gênese do pensamento filosófico e 
os principais filósofos do período clássico da 
filosofia grega, Sócrates, Platão e Aristóteles. 
No final dessa unidade ainda discutiremos 
como as ideias suscitadas na sociedade gre-
ga dos séc. V e IV a.C exerceram significativa 
influência nos pensadores medievais, sobre-
tudo em Agostinho de Hipona e Tomás de 
Aquino.
1.2 O que é filosofia?
Como já foi dito na apresentação, você 
certamente já se questionou acerca do que 
vem a ser Filosofia. Seguramente não temos 
uma resposta satisfatória para essa questão. E, 
por mais incrível que possa parecer, esse é, de 
fato, um ponto positivo. Quando tratamos de 
questões filosóficas, muitas vezes, a finalida-
de última não é encontrar uma resposta clara 
e precisa. Muito mais importante nas questões 
filosóficas é exatamente o progresso que ex-
perimentamos na descoberta das inúmeras 
possibilidades de se responder ao problema 
que nos é apresentado. Para entendermos 
melhor essa afirmação, vou recorrer à autora 
Maura Iglesias que nos apresenta um exemplo 
bem interessante, como podemos ver a seguir: 
◄ Figura 2: Físicos e 
Filósofos. (2011). A 
charge de Doug Savage 
ilustra muito bem 
a diferença entre a 
Filosofia e Física. Essa 
diferença poderia se 
estender também às 
demais ciências. Aqui 
temos um diálogo 
entre o físico e um 
filósofo. O físico diz: 
Eu estudo a teoria da 
relatividade. E o filósofo 
responde: Eu estudo a 
relatividade da teoria. 
Neste caso, enquanto 
a ciência Física cuida 
do seu objeto que é o 
movimento no universo, 
a Filosofia investiga 
os fundamentos das 
teorias da Física.
Fonte: Disponível em: 
<http://www.humor-
naciencia.com.br/
blog/2011/11/fisicos-e-
-filosofos/.> Acesso em 30 
mar. 2013. 
12
UAB/Unimontes - 1º Período
“Se perguntarmos a dez físicos “o que é física”, eles responderão, provavelmen-
te, de maneira parecida. O mesmo se passará, provavelmente, se perguntás-
semos a dez químicos “o que é química”. Mas se perguntarmos a dez filósofos 
“o que é filosofia”, ouso dizer que três ficarão em silêncio, três darão respostas 
pela tangente, e as respostas dos outros quatro vão ser tão desencontradas 
que só mesmo outro filósofo para entender que o silêncio de uns e as respos-
tas dos outros são todas abordagens possíveis à questão proposta.” (IGLÉSIAS, 
1986, p. 12).
Então, como podemos notar, não há uma 
resposta única e satisfatória para a pergunta 
que foi feita. No entanto, é possível destacar 
aspectos específicos que são aceitos como ca-
racterísticas peculiares daquilo que compreen-
demos como Filosofia. Podemos começar pelo 
próprio termo Filosofia. Acredita-se que tenha 
sido Pitágoras o primeiro a utilizar a palavra Fi-
lósofo, que quer dizerliteralmente, amigo da 
sabedoria. Ele utilizou esse termo, pois entedia 
que era como um amante da sabedoria e que 
por isso estaria sempre em busca de novo sa-
ber. Diferente de quem se considerava um sá-
bio, que acreditava possuir a sabedoria plena. 
E como consequência veio a palavra Filosofia, 
(formada por dois vocábulos gregos Philo = 
amor + Sophia = sabedoria) quer dizer o amor 
pela sabedoria. A Filosofia seria então a ativi-
dade do filósofo, ou a busca pela sabedoria. 
Certa vez o filósofo Sócrates afirmou que 
uma vida sem reflexão não merecia ser vivida. 
Aqui temos outra característica sem a qual não 
podemos sequer falar de Filosofia. A reflexão 
é, portanto, uma característica que está inti-
mamente associada à compreensão do que 
vem a ser a Filosofia. Todavia é necessário des-
tacar que não se trata de uma reflexão comum 
ou um pensamento qualquer, pois, conforme 
observou Saviane (2007, p. 20): “Se toda refle-
xão é um pensamento, nem todo pensamen-
to é reflexão”. A reflexão filosófica, segundo o 
mesmo autor, deve conter alguns aspectos es-
pecíficos que são: 
a) radicalidade: ser radical nesse sentido 
quer dizer ir até a raiz das questões, buscar os 
fundamentos, ou como os gregos chamavam, 
arché (princípio); 
b) rigor: essa reflexão deve ser sistemáti-
ca, seguindo critérios rigorosos e metodológi-
cos com a finalidade de colocar em xeque to-
dos os tipos de verdade absoluta; 
c) globalidade: procura alcançar o con-
junto, expandindo o pensamento de modo 
a abarcar a maior quantidade de aspectos do 
problema em questão. 
Mais um aspecto específico da Filosofia 
que não poderíamos deixar de mencionar é 
a sua relação com os conceitos. Desta vez, é o 
filósofo Gilles Deleuze (1992, p.13) que nos aju-
da a compreender que: “A filosofia é a arte de 
formar, de inventar, de fabricar conceitos. (...) A 
filosofia, mais rigorosamente, é a disciplina que 
consiste em criar conceitos.” Assim podemos 
entender que a Filosofia, como criadora de con-
ceitos, representa algo de extrema importância 
na construção dos saberes que foram sendo 
elaborados ao longo da História. Conforme ob-
servou Bochenski (1975), o trabalho da filosofia 
é lidar com a realidade, não de modo arbitrário, 
mas sempre operando com os conceitos. 
Como vimos, embora haja pontos de vis-
tas e considerações diferentes a respeito da 
mesma questão, não podemos negar que os 
filósofos conformam com a ideia de que a Fi-
losofia é uma “atividade” imprescindível para 
aqueles que estão interessados no conheci-
mento acadêmico e profissional e também 
para todos aqueles que querem compreender 
melhor a vida e os desafios que ela nos apre-
senta. É claro que a compreensão do que é a 
Filosofia vai além do que foi dito. Mas, de ago-
ra em diante, vocês já estão, de certo modo, 
aptos a continuar a busca pelo sentido da Fi-
losofia, sem cair na armadilha da banalização. 
1.3 O saber mítico
Já se tornou um hábito comum se referir ao mito como uma lenda, como algo irreal, como 
uma criação imaginária, como algo ligado a uma realidade fantasiosa. Vejamos a definição que 
encontramos no dicionário Aurélio:
“Mito. s.m. Narrativa popular ou literária, que coloca em cena seres sobre-hu-
manos e ações imaginárias, para as quais se faz a transposição de aconteci-
mentos históricos, reais ou fantasiosos (desejados), ou nas quais se projetam 
determinados complexos individuais ou determinadas estruturas subjacentes 
das relações familiares. / Fig. Coisa fabulosa ou rara: a Fênix dos antigos é um 
mito. / Lenda, fantasia. / Fig. Coisa que não existe na realidade.” (DICIONÁRIO 
AURÉLIO, 2013)
▲
Figura 3: Busto de 
Pitágoras no museu 
do Vaticano. Pitágoras 
teria sido o primeiro 
a utilizar o termo 
‘Filósofo’ e definido 
a “Filosofia” como 
sendo a atividade dos 
filósofos. 
Fonte: Disponível em: 
<http://vidaeternocres-
cimento.blogspot.com.
br/2013/01/pitagoras.
html.> Acesso em 20 
abr./2013. 
GloSSário
reflexão: do latim re-
flectere: fazer retroceder, 
voltar atrás. Retomar o 
próprio pensamento, 
pensar o já pensado, 
voltar para si mesmo e 
questionar o já conheci-
do. (ARANHA, MARTINS, 
2009, p.20)
Conceito: do latim con-
ceptum: pensamento, 
ideia. No sentido geral, 
o conceito é uma noção 
abstrata ou uma ideia 
geral, que designa um 
objeto que suposmos 
ser único, como, por 
exemplo, o conceito de 
Deus; seja uma classe 
de objetos, como, por 
exemplo, o conceito de 
cão. (JAPIASSU, MAR-
CONDES, 2006, p. 50)
13
Pedagogia - Filosofia da Educação
Essa definição de mito não abarca a to-
talidade do conceito. Isso porque ela deixa 
de lado pelo menos dois aspectos essenciais 
da narrativa mítica. Primeiro podemos afirmar 
que toda narrativa mítica carrega consigo uma 
tentativa de explicar o sentido da realidade. 
Toda narrativa mítica fala de um princípio que 
originou este ou aquele ser. Outra característi-
ca fundamental para a compreensão do que é 
o mito é o seu caráter de sacralidade. Desde os 
tempos mais remotos, o mito é compreendido 
pelos homens como algo sagrado e, portanto, 
relacionado sempre com o divino. 
O historiador e filósofo Mircea Eliade 
(2006, p. 124) afirma que, sendo o mito algo 
sagrado, é somente por meio da experiência 
direta com o sagrado, “do encontro com uma 
realidade transumana, que nasce a idéia de 
que alguma coisa existe realmente”, ou seja, 
surge a ideia de que “existem valores absolu-
tos, capazes de guiar o homem e de conferir 
uma significação à existência humana”. Outro 
grande estudioso dos mitos, o antropólogo 
Malinowski, nos ajuda a compreender melhor 
essas afirmações feitas acima. Vejamos algu-
mas de suas considerações sobre o mito:
BOX 1
O mito, quando estudado ao vivo, não é uma explicação destinada a satisfazer uma curio-
sidade científica, mas uma narrativa que faz reviver uma realidade primeva, que satisfaz a pro-
fundas necessidades religiosas, aspirações morais, a pressões e a imperativos de ordem social, 
e mesmo a exigências práticas. Nas civilizações primitivas, o mito desempenha uma função in-
dispensável: ele exprime, enaltece e codifica a crença; salvaguarda e impõe os princípios mo-
rais; garante a eficácia do ritual e oferece regras práticas para a orientação do homem. O mito, 
portanto, é um ingrediente vital da civilização humana; longe de ser uma fabulação vã, ele é 
ao contrário uma realidade viva, à qual se recorre incessantemente; não é absolutamente uma 
teoria abstrata ou uma fantasia artística, mas uma verdadeira codificação da religião primitiva 
e da sabedoria prática (...).
Fonte: MALINOWSKI citado por JORGE. In: JORGE, J. Simões. Cultura religiosa: o homem e o fenômeno religioso. São 
Paulo: Loyola, 1998, p.62
Como podemos notar o mito vai além 
da simples curiosidade sobre deuses e for-
ças divinas. Isso porque o mito, como porta-
dor de sentido, também procura explicar os 
efeitos provocados pela interferência desses 
deuses, desses seres ou forças na vida de 
cada comunidade. (ANDERY, 1988, 20) Ele 
constitui, portanto, o tesouro de muitos po-
vos que ainda hoje exercem significativa in-
fluência sobre o processo de desenvolvimen-
to da nossa cultura.
Para avançarmos um pouco mais em 
nossos estudos sobre os saberes míticos, va-
mos voltar à antiguidade grega. Estamos no 
período entre os anos de 1600 a.C. e 1050 
a.C., mais conhecida como a Civilização Mi-
cênica da cultura grega. Os micênios desen-
volveram uma economia sustentada pela 
atividade mercantil, desenvolveram uma es-
crita silábica e nos transmitiram os primeiros 
documentos escritos em grego. Produziram 
vasos e estatuetas que narram os fatos acon-
tecidos e imaginários que formam um arca-
bouço cultural importantíssimo para o futuro 
surgimento da filosofia. 
Entre os gregos, como em todas as cul-
turas, os mitos constituíram-se por meio de 
uma tradição oral muito rica. Acredita-se que 
as narrativas míticas gregas ganharam regis-
tro pelas mãos dos aedos ou poetas-rapso-
dos como Homero e Hesíodo que, através de 
suas obras, deramao mundo monumentos 
da cultura grega: A “Ilíada”, a “Odisseia”, são 
dois poemas atribuídos a Homero ( viveu 
provavelmente entre os séculos IX e VIII a.C) 
e a “Teogonia” e “Os Trabalhos e os dias” que 
são outros dois poemas atribuídos a Hesíodo 
(2007) (acredita-se que tenha vivido prova-
velmente entre os séculos VIII e VII a.C). Na 
compreensão dos gregos, os poetas são esco-
lhidos pelas musas e por elas inspirados para 
cantar a existência como um todo: a origem 
dos deuses, a origem do mundo, a origem 
dos homens e de tudo que os cerca. Por isso 
as narrativas míticas são consideradas uma 
espécie de Cosmogonia.
GloSSário
Aedos: poetas que 
através do canto manti-
nham vivas as histórias 
dos heróis e dos deuses 
na Grécia arcaica.
Cosmogonia: mito ou 
doutrina referente à 
origem do mundo.
◄ Figura 4: A “Estela 
micênica com espirais 
e cena de caça”. Relevo 
de calcário encontrado 
acima do túmulo de 
poço V. Micenas, Círculo 
Tumular A . (Período 
micênico, por volta 
de 1550 ou 1500 a. C.). 
National Archaeological 
Museum em Atenas. 
Fonte: Disponível em: http://
greciantiga.org/img/index.
asp?num=0260. Acesso em: 
20 abr. 2013
14
UAB/Unimontes - 1º Período
A explicação mítica, conforme observa 
Chauí (2000), se dá principalmente de três 
modos:
Primeiro: Através da Criação 
•	 O mito procura narrar quem são os genito-
res (pai e mãe) das coisas e dos seres. Tudo 
o que existe é fruto de relações sexuais en-
tre forças divinas pessoais. A partir dessas 
relações surgem os demais deuses. 
•	 Narra também a origem das nossas pai-
xões.
Segundo: Por meio da Luta
•	 A narrativa mítica pressupõe uma luta, 
uma rivalidade ou um acordo, uma alian-
ça entre os deuses. E dessa luta ou dessa 
aliança surgirá alguma coisa no mundo. 
Nessa relação de conflito ou acordo entre 
as divindades algo acontecerá no mundo 
dos mortais.
•	 A própria guerra de Tróia teve início com 
uma rivalidade entre as deusas Hera, Ate-
na e Afrodite:
Terceiro: Estabelecendo prêmios e castigos
•	 O mito revela que há uma relação entre 
recompensas e castigos com a obediên-
cia ou não aos desígnios dos deuses. As-
sim os deuses podem castigar a quem os 
desobedece, assim como podem trazer 
recompensas a quem é obediente. 
•	 O mito de Prometeu nos ajuda a entender 
como a façanha de um Titã, que roubou o 
fogo dos deuses e deu de presente para 
os homens, trouxe o castigo não somente 
para si mesmo como também para os ho-
mens que foram beneficiados com esse 
ato de desobediência.
•	 O castigo dado aos homens explica como 
surgiram os males no mundo.
Como elemento indissociável de todas as 
culturas, o saber mítico se manteve presente 
também nas primeiras reflexões ditas filosófi-
cas do povo grego. Portanto, pelo menos no 
princípio, não há uma ruptura total entre o 
Mito e a Filosofia. Acredita-se que a Filosofia 
vai surgindo através de um processo gradati-
vo de racionalização das narrativas míticas e 
necessariamente da transformação do relato 
mítico cosmogônico em reflexão sobre o cos-
mos, ou em uma cosmologia. 
Afinal, o mito é coisa do passado ou ain-
da está presente em nossos dias? De acordo 
com Aranha e Martins (2009), ainda hoje a ex-
periência mítica é parte fundamental para a 
organização e compreensão do homem no 
mundo. Como elemento formador de uma 
cultura mítica, o rito ainda hoje prevalece em 
nossa sociedade. Estamos sempre envoltos em 
rituais, que mesmo não sendo especificamente 
religiosos revelam o quanto nós estamos, de al-
gum modo, ligados a algo que nos ajuda a en-
contrar um sentido para a nossa vida. Podemos 
citar alguns costumes que podem ser consi-
derados como “ritos de passagens”, tais como: 
comemorações de aniversários de debutantes, 
a recepção de um novo membro da família 
que acaba de nascer, festas de casamentos e 
formaturas, o trote de calouros nas universida-
des, etc. No Brasil ainda encontramos elemen-
tos míticos presentes em manifestações que já 
fazem parte de um imaginário nacional, como 
por exemplo, o carnaval e o futebol. 
ATividAde 
Converse com algumas 
pessoas sobre o que 
elas pensam a respeito 
dos ‘ritos de passagens’ 
descritos no texto ante-
rior. Escolha pelo menos 
três respostas e faça 
um comentário sobre 
cada uma em nossa sala 
virtual. 
Figura 5: Himeneu 
travestido assistindo à 
dança de honra a Príapo 
(1635). Óleo sobre tela, 
167 × 376 cm. Museu 
de Arte de São Paulo. 
Himeneu é o deus 
grego que representa o 
casamento. 
Fonte: Disponível em: 
http://medicineisart.
blogspot.com.br/2010/11/
anatomia-grega-expres-
sao-himen-para.html. 
Acesso em 20 abr. 2013
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15
Pedagogia - Filosofia da Educação
Agora que já sabemos o quanto a narrativa mítica é importante para a construção de um 
conhecimento, é hora de avançarmos um pouco mais rumo ao conhecimento filosófico. Embora 
o mito seja a base sobre a qual a Filosofia se desenvolveu, é importante destacar alguns aspectos 
específicos do pensamento mítico e do pensamento filosófico. Para Chauí (2000) podemos apon-
tar em linhas gerais três diferenças significativas entre o saber mítico e a Filosofia. Vejamos no 
quadro a seguir:
BOX 2 
O mito pretendia narrar como as coisas eram ou tinham sido no passado imemorial, lon-
gínquo e fabuloso, voltando-se para o que era antes que tudo existisse tal como existe no pre-
sente. A Filosofia, ao contrário, se preocupa em explicar como e por que, no passado, no pre-
sente e no futuro (isto é, na totalidade do tempo), as coisas são como são.
2. O mito narrava a origem através de genealogias e rivalidades ou alianças entre forças 
divinas sobrenaturais e personalizadas, enquanto a Filosofia, ao contrário, explica a produção 
natural das coisas por elementos e causas naturais e impessoais. O mito falava em Urano, Pon-
to e Gaia; a Filosofia fala em céu, mar e terra. O mito narra a origem dos seres celestes (os as-
tros), terrestres (plantas, animais, homens) e marinhos pelos casamentos de Gaia com Urano e 
Ponto. A Filosofia explica o surgimento desses seres por composição, combinação e separação 
dos quatro elementos - úmido, seco, quente e frio, ou água, terra, fogo e ar.
3. O mito não se importava com contradições, com o fabuloso e o incompreensível, não 
só porque esses eram traços próprios da narrativa mítica, como também porque a confiança e 
a crença no mito vinham da autoridade religiosa do narrador. A Filosofia, ao contrário, não ad-
mite contradições, fabulação e coisas incompreensíveis, mas exige que a explicação seja coe-
rente, lógica e racional; além disso, a autoridade da explicação não vem da pessoa do filósofo, 
mas da razão, que é a mesma em todos os seres humanos.
Fonte: CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 13ª ed. São Paulo: Moderna, 2000. p. 34
1.4 O nascimento da filosofia
No tópico anterior vimos que a Filosofia 
nasce como um processo gradativo de racio-
nalização das narrativas mitológicas. Vimos 
também que existem diferenças pontuais en-
tre o saber mítico e o pensamento filosófico. 
Agora vamos ver bem de perto como a Filoso-
fia surgiu e de que modo ela foi sendo aceita 
como um novo tipo de conhecimento sobre o 
cosmos e tudo que cerca o homem.
Estamos por volta do sec. VII a.C. onde as 
cidades gregas se formam em torno da ágora 
(a praça). Nesse espaço público cada cidadão 
pode participar do comércio, discutir sobre a 
política, ou simplesmente passar o tempo con-
versando amenidades. Já temos as primeiras 
constituições escritas e cada cidadão tem o 
direito de voto. Na Grécia já se estuda a ma-
temática, a astronomia, a geometria e esses 
novos saberes ainda convivem com os antigos 
relatos míticos. 
•	 Tales
Os historiadores da Filosofia acreditam 
que tenha sido entre os séculos VII e VI a.C, 
na cidade de Mileto (624-548 a.C), que tenha 
vivido aquele que é considerado o primeiro 
filósofo. Ele se chamava Tales. Tales de Mileto 
era matemático e astrônomo e se empenhou 
em buscar uma explicação para a origem do 
cosmos que fosse além dos relatos míticos. 
Então o problemapara Tales era responder, 
com base na observação e no raciocínio, a 
pergunta sobre a arché, ou seja, sobre o prin-
cípio primordial de tudo que existe na phÿsis 
(natureza).
Depois de observar que a água é o nu-
triente de todas as coisas, que “a terra está so-
bre a água”, que “o alimento de todas as coisas 
é úmido”, que “todo alimento é suculento”, 
que “a semente de todas as coisas são úmidas” 
e que todas “as coisas mortas ressecam-se”, 
Tales chegou à conclusão de que a “água” é a 
arché, ou o princípio primordial, ou, ainda, o 
elemento original de tudo que existe. Segun-
do ele a água, embora possa se transformar 
em diferentes estados, é o único elemento físi-
co que permanece basicamente o mesmo seja 
em forma de vapor, seja no estado líquido ou 
também no estado sólido. Essas observações 
de Tales apontam para uma nova relação do 
homem com o conhecimento. Aqui percebe-
Figura 6: Desenho 
com efígie de Tales de 
Mileto. 
Fonte: Disponível em: 
<http://www.brasilescola.
com/biografia/tales-de-
-mileto.htm.> Acesso em 
20 abr. 2013.
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16
UAB/Unimontes - 1º Período
mos que a narrativa mítica da origem dos deu-
ses e do cosmos não tem mais força suficiente 
para dar sentido pleno às questões colocadas 
pelo filósofo Tales. É necessário de agora em 
diante superar a explicação de uma “cosmogo-
nia” dos mitos em direção a uma “cosmologia”.
Na esteira de Tales vieram outros filósofos 
que se empenharam em continuar a reflexão 
filosófica em busca de um princípio primordial 
de todas as coisas com base na observação da 
natureza. Esses filósofos foram chamados de 
“pré-socráticos”. Com base no texto de Cotrim 
(2010), faremos uma relação breve de alguns 
filósofos e de suas respectivas teses acerca do 
elemento originário do cosmos:
•	 Anaxímandro de Mileto  (610-545 a.C.) 
chamou o princípio de “apeíron” (ilimita-
do).
Tese: “Principio dos seres... ele disse (que 
era) o ilimitado...”
•	 Anaxímenes de Mileto  (585-528 a.C.) 
elegeu o “ar” como elemento primordial.
Tese: “Como nossa alma, que é ar, sobe-
ranamente nos mantém unidos, assim todo o 
cosmo sopro e ar o mantém.”
•	 Heráclito de Éfeso (544-484 a.C.) acreditava 
ser o “fogo” causador da única realidade 
do ser que é o “devir” ou o vir-a-ser.
Tese: “Este mundo, o mesmo de todos os 
(seres), nenhum deus, nenhum homem o fez, 
mas era, é e será um fogo sempre vivo, acen-
dendo-se em medidas e apagando-se em 
medidas.”
•	 Empédocles de Agrigento (492 - 432 a.C.) 
acreditava que os quatro elementos: “ar, 
terra, água e fogo” constituíam as únicas 
substâncias do cosmos.
Tese: “Pois ora um foi crescido a ser um só 
de muitos, ora... a ser muitos de um só, fogo e 
água e terra, e de ar a infinita altura...”
•	 Parmênides de Elea (540 -470 a.C) defendia 
a unidade do “ser”como princípio. 
Tese: “Necessário é o dizer e pensar que 
(o) ente (ser) é... nem divisível é, pois é todo 
idêntico ...nem também algo menos, mas é 
todo cheio do que é...”
•	 Pitágoras de Samos  (570 - 496 a.C.) 
considerou que o “número” era a matriz 
de todas as coisas.
Tese: “no fundo de todas as coisas” a dife-
rença entre os seres consiste, essencialmente, 
em uma questão de números (limite e ordem 
das coisas). 
Não é difícil notar que a filosofia pré-so-
crática foi predominantemente uma filosofia 
voltada para a reflexão sobre o cosmos e suas 
origens. Também podemos perceber com cla-
reza que o filósofo Sócrates (469-399 a.c), dife-
rentemente dos seus antecessores, se dedicou 
a pensar exclusivamente sobre os problemas 
do homem consigo mesmo e com outros ho-
mens. A filosofia socrática surge então como 
um divisor de águas na história da filosofia 
exatamente porque o interesse agora é deslo-
cado do cosmos para o indivíduo. 
•	 Sócrates
Alguns fatos da história de Sócrates são 
curiosos. Ele não era da nobreza grega. Seu 
pai era um escultor e sua mãe uma parteira. 
Foi casado e teve vários filhos. E o mais inu-
sitado talvez tenha sido o fato de ele não ter 
deixado nenhum registro escrito dos seus 
ensinamentos. Graças ao filósofo Platão e ou-
tros discípulos é que temos ideia do que foi 
o pensamento socrático. É, sobretudo, atra-
vés dos diálogos escritos pelo seu discípulo 
Platão que tomamos conhecimento de que 
Sócrates foi considerado o homem mais sá-
bio de Atenas. Ele era considerado sábio não 
porque tinha a resposta para as perguntas 
que lhe eram feitas, mas ao contrário porque 
vivia sempre questionando acerca das res-
postas para questões tais como: O que é a es-
sência do homem? O que é o bem? O que é a 
virtude? O que é a justiça? Isso significa que 
o filósofo não se contentava com as respostas 
e queria ir em busca de mais conhecimento 
sobre o homem e seus valores. 
A reflexão socrática começa com a sen-
tença oracular no portal do templo de Delfos, 
dedicado ao Deus Apolo, onde está escrito: 
“Conhece-te a ti mesmo”. Sócrates fez des-
sa máxima a base de sua reflexão filosófica 
e, por isso, afirmava que os homens deve-
riam buscar primeiro o conhecimento de si 
mesmos, para depois ir à busca do conhe-
cimento de outras coisas. Acredita-se que 
ele tenha sido considerado o homem mais 
sábio entre os seus contemporâneos porque 
teria dito no templo de Apolo: “Só sei que 
nada sei.” Ao dar essa resposta, Sócrates se 
coloca como um homem que está aberto ao 
conhecimento e, portanto, precisa continuar 
questionando a opinião (doxa) de cada um. 
Deste modo, o filósofo pretende através de 
um diálogo levar os seus discípulos e interlo-
cutores a questionar eles mesmos suas pró-
prias opiniões, a fim de chegarem mais próxi-
mos do conhecimento verdadeiro (episteme) 
das coisas. 
Sócrates lançava uma pergunta e, a cada 
resposta que ouvia, uma nova questão era le-
vantada. Esse método utilizado pelo filósofo 
foi chamado de “maiêutica”,que quer dizer 
parto. O método maiêutico consistia, pois, 
em fazer com que cada participante do diá-
logo pudesse extrair de dentro de si mesmo 
suas opiniões, a fim de que chegassem eles 
GloSSário
Arché: é a origem, o 
princípio, o fundamento.
Phÿsis: natureza.
Cosmologia: (do grego. 
kosmos: mundo, e 
logos: ciência, teoria) 
estudo dos princípios 
e leis que governam o 
mundo natural. (JAPIAS-
SU, MARCONDES, 2006, 
p. 198)
17
Pedagogia - Filosofia da Educação
mesmos a uma definição a respeito do que 
foi questionado. Para Sócrates, por exemplo, 
cada um deveria refletir o bastante para ser 
capaz de chegar a compreender por si mes-
mo o que é ser justo. Vejamos uma passagem 
do texto platônico onde Sócrates fala de sua 
experiência e de seu projeto na busca pelo 
saber:
BOX 3
Depois de saber do fato, refleti comigo mesmo: o que o deus pretendia dizer e o que es-
condia sob os seus enigmas? Eu, pelo que me diz respeito, estou bem consciente de não ser 
sábio, nem muito nem pouco: e então o que ele quer dizer ao afirmar que sou o mais sábio 
de todos? Certamente não está mentindo, porque isso não é possível a um deus. Assim, fiquei 
muito tempo em dúvida quanto ao sentido da resposta. Depois me dediquei com todas as mi-
nhas energias a procurar resolver o enigma. Fui ter com um daqueles que têm fama de sábio 
com o intuito de encontrar elementos para refutar o oráculo, se isso fosse possível de alguma 
maneira, contrapondo o fato de que ele mesmo era com certeza mais sábio do que eu, quando 
o que se dizia era que o mais sábio de todos era eu. Interrogando, então, tal pessoa (...) e falan-
do-lhe, tive a impressão de que de fato parecia a ele (...) ser sábio, mas na verdade não o era. 
Então tentei demonstrar-lhe que ele se acreditava sábio, mas que na verdade não era assim. No 
entanto, ao ir embora refleti comigo mesmo que na verdade eu era mais sábio do que aquele 
homem: de fato, cada um de nós dois corre o risco de não saber absolutamente nada de belo 
e de bom, mas ele acredita saber alguma coisa, quando na verdade não sabe; eu, no entanto, 
não só não sei como não acredito saber. Portanto, parece-me que eu seja mais sábio do que ele 
justamente por esta pequenadiferença, de que não acredito saber aquilo que não sei.
Fonte: PLATÃO. Apologia de Sócrates. In: MARCONDES, Danilo. Textos Básicos de Filosofia: dos Pré- socráticos a 
Wittgenstein. 2ª ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, p. 19.
•	 Platão
Não se sabe bem ao certo até que pon-
to Sócrates tenha de fato dialogado com seus 
discípulos, conforme nos relata Platão (427-347 
a.C). O mais importante, porém, é saber que 
Platão desenvolveu o pensamento socrático a 
ponto de construir aquela que talvez tenha sido 
a mais influente das teorias filosóficas do Oci-
dente. Platão conheceu Sócrates quando ainda 
era jovem e se impressiona a tal ponto com o 
mestre que chega a abandonar sua futura car-
reira política para se dedicar a Filosofia. Após a 
morte de Sócrates, que foi condenado a tomar 
cicuta, Platão funda a “Academia”, uma espécie 
de “Faculdade” dedicada ao estudo dos proble-
◄ Figura 7: The Death 
of Socrates - A morte 
de Sócrates. (1787) 
Jacques-Louis David  
(French, Paris 1748–1825 
Brussels). Metropolitan 
Museum of Art 
em  Nova Iorque. A cena 
do momento em que 
Sócrates deve beber 
o veneno extraído da 
Cicuta mostra o filósofo 
tentando tranquilizar os 
seus discípulos, dentre 
eles Platão. 
Fonte: Disponível em: 
<http://www.metmu-
seum.org/Collections/
search-the-collec-
tions/110000543.> Acesso 
em 20 abr. 2013. 
18
UAB/Unimontes - 1º Período
mas filosóficos. A tese central defendida pelo fi-
lósofo fundador da Academia, conforme nos diz 
Nicola (2005, p. 63), é que ele “exclui a hipótese 
de que as idéias derivam dos sentidos; elas são 
pura visão intelectual, uma representação na tela 
da mente.” Acredita-se que Platão tenha escrito 
cerca 36 obras, das quais destacamos “A repú-
blica”, onde se encontra uma das mais famosas 
passagens da literatura filosófica do mundo 
ocidental: A alegoria da caverna, ou como ficou 
mais conhecido “o mito da caverna”, apresenta 
de modo metafórico o modo como podemos 
chegar ao conhecimento verdadeiro de todas 
as coisas. Para Platão todos nós homens deve-
ríamos nos esforçar para alcançarmos as ideias 
puras e essenciais de todas as coisas que vemos, 
ouvimos, sentimos e tocamos através dos nos-
sos sentidos. Vamos ao próprio texto de Platão 
para entendermos como o filósofo constrói a 
imagem da caverna e de seus habitantes:
BOX 4
A alegoria da caverna 
Sócrates: Agora imagine a nossa natureza, segundo o grau de educação que ela recebeu 
ou não, de acordo com o quadro que vou fazer. Imagine, pois, homens que vivem em uma 
morada subterrânea em forma de caverna. A entrada se abre para a luz em toda a largura da 
fachada. Os homens estão no interior desde a infância, acorrentados pelas pernas e pelo pes-
coço, de modo que não podem mudar de lugar nem voltar a cabeça para ver algo que não 
esteja diante deles. A luz lhes vem de um fogo que queima por trás deles, ao longe, no alto. 
Entre os prisioneiros e o fogo, há um caminho que sobe. Imagine que esse caminho é cortado 
por um pequeno muro, semelhante ao tapume que os exibidores de marionetes dispõem en-
tre eles e o público, acima do qual manobram as marionetes e apresentam o espetáculo.
Glauco: Entendo
Sócrates: Então, ao longo desse pequeno muro, imagine homens que carregam todo o 
tipo de objetos fabricados, ultrapassando a altura do muro; estátuas de homens, figuras de 
animais, de pedra, madeira ou qualquer outro material. Provavelmente, entre os carregadores 
que desfilam ao longo do muro, alguns falam, outros se calam.
Glauco: Estranha descrição e estranhos prisioneiros!
Sócrates: Eles são semelhantes a nós. Primeiro, você pensa que, na situação deles, eles 
tenham visto algo mais do que as sombras de si mesmos e dos vizinhos que o fogo projeta na 
parede da caverna à sua frente?
Glauco: Como isso seria possível, se durante toda a vida eles estão condenados a ficar 
com a cabeça imóvel?
Sócrates: Não acontece o mesmo com os objetos que desfilam?
Glauco: É claro.
Sócrates: Então, se eles pudessem conversar, não acha que, nomeando as sombras que 
veem, pensariam nomear seres reais? 
Glauco: Evidentemente.
Sócrates: E se, além disso, houvesse um eco vindo da parede diante deles, quando um 
dos que passam ao longo do pequeno muro falasse, não acha que eles tomariam essa voz 
pela da sombra que desfila à sua frente?
Glauco: Sim, por Zeus.
Sócrates: Assim sendo, os homens que estão nessas condições não poderiam considerar 
nada como verdadeiro, a não ser as sombras dos objetos fabricados.
Glauco: Não poderia ser de outra forma.
Sócrates: Veja agora o que aconteceria se eles fossem libertados de suas correntes e cura-
dos de sua desrazão. Tudo não aconteceria naturalmente como vou dizer? Se um desses ho-
mens fosse solto, forçado subitamente a levantar-se, a virar a cabeça, a andar, a olhar para o 
lado da luz, todos esses movimentos o fariam sofrer; ele ficaria ofuscado e não poderia dis-
tinguir os objetos, dos quais via apenas as sombras anteriormente. Na sua opinião, o que ele 
poderia responder se lhe dissessem que, antes, ele só via coisas sem consistência, que agora 
ele está mais perto da realidade, voltado para objetos mais reais, e que está vendo melhor? O 
que ele responderia se lhe designassem cada um dos objetos que desfilam, obrigando-o com 
perguntas, a dizer o que são? Não acha que ele ficaria embaraçado e que as sombras que ele 
via antes lhe pareceriam mais verdadeiras do que os objetos que lhe mostram agora?
Glauco: Certamente, elas lhe pareceriam mais verdadeiras.
Sócrates: E se o forçassem a olhar para a própria luz, não achas que os olhos lhe doeriam, 
que ele viraria as costas e voltaria para as coisas que pode olhar e que as consideraria verda-
deiramente mais nítidas do que as coisas que lhe mostram?
19
Pedagogia - Filosofia da Educação
Glauco: Sem dúvida alguma. Sócrates: E se o tirarem de lá à força, se o fizessem subir o íngre-
me caminho montanhoso, se não o largassem até arrastá-lo para a luz do sol, ele não sofreria e se 
irritaria ao ser assim empurrado para fora? E, chegando à luz, com os olhos ofuscados pelo brilho, 
não seria capaz de ver nenhum desses objetos, que nós afirmamos agora serem verdadeiros.
Glauco: Ele não poderá vê-los, pelo menos nos primeiros momentos.
Sócrates: É preciso que ele se habitue, para que possa ver as coisas do alto. Primeiro, ele 
distinguirá mais facilmente as sombras, depois, as imagens dos homens e dos outros objetos 
refletidas na água, depois os próprios objetos. Em segundo lugar, durante a noite, ele poderá 
contemplar as constelações e o próprio céu, e voltar o olhar para a luz dos astros e da lua mais 
facilmente que durante o dia para o sol e para a luz do sol.
Glauco: Sem dúvida.
Sócrates: Finalmente, ele poderá contemplar o sol, não o seu reflexo nas águas ou em outra 
superfície lisa, mas o próprio sol, no lugar do sol, o sol tal como é.
Glauco: Certamente.
Sócrates: Depois disso, poderá raciocinar a respeito do sol, concluir que é ele que produz 
as estações e os anos, que governa tudo no mundo visível, e que é, de algum modo, a causa de 
tudo o que ele e seus companheiros viam na caverna.
Glauco: É indubitável que ele chegará a essa conclusão.
Sócrates: Nesse momento, se ele se lembrar de sua primeira morada, da ciência que ali se 
possuía e de seus antigos companheiros, não acha que ficaria feliz com a mudança e teria pena 
deles?
Glauco: Claro que sim.
Sócrates: Quanto às honras e louvores que eles se atribuíam mutuamente outrora, quanto 
às recompensas concedidas àquele que fosse dotado de uma visão mais aguda para discernir 
a passagem das sombras na parede e de uma memória mais fiel para se lembrar com exatidão 
daquelas que precedem certas outras ou que lhes sucedem, as que vêm juntas, e que, por isso 
mesmo, era o mais hábil para conjeturar a que viria depois, acha que nosso homem teria inveja 
dele, que as honras e a confiança assim adquiridas entre os companheiros lhe dariam inveja? Ele 
não pensaria antes, como o herói de Homero, que mais vale“viver como escravo de um lavrador” 
e suportar qualquer provação do que voltar à visão ilusória da caverna e viver como se vive lá?
Glauco: Concordo com você. Ele aceitaria qualquer provação para não viver como se vive lá.
Sócrates: Reflita ainda nisto: suponha que esse homem volte à caverna e retome o seu anti-
go lugar. Desta vez, não seria pelas trevas que ele teria os olhos ofuscados, ao vir diretamente do 
sol?
Glauco: Naturalmente.
Sócrates: E se ele tivesse que emitir de novo um juízo sobre as sombras e entrar em compe-
tição com os prisioneiros que continuaram acorrentados, enquanto sua vista ainda está confusa, 
seus olhos ainda não se recompuseram, enquanto lhe deram um tempo curto demais para acos-
tumar-se com a escuridão, ele não ficaria ridículo? Os prisioneiros não diriam que, depois de ter 
ido até o alto, voltou com a vista perdida, que não vale mesmo a pena subir até lá? E se alguém 
tentasse retirar os seus laços, fazê-los subir, você acredita que, se pudessem agarrá-lo e executá
-lo, não o matariam?
Glauco: Sem dúvida alguma, eles o matariam.
Sócrates: E agora, meu caro Glauco, é preciso aplicar exatamente essa alegoria ao que disse-
mos anteriormente. Devemos assimilar o mundo que apreendemos pela vista à estada na prisão, 
à luz do fogo que ilumina a caverna à ação do sol. Quanto à subida e à contemplação do que há 
no alto, considera que se trata da ascensão da alma até o lugar inteligível, e não te enganarás 
sobre minha esperança, já que desejas conhecê-la. Deus sabe se há alguma possibilidade de que 
ela seja fundada sobre a verdade. Em todo o caso eis o que me aparece tal como me aparece; nos 
últimos limites do mundo inteligível aparece-me a idéia do Bem, que se percebe com dificulda-
de, mas que não se pode ver sem concluir que ela é a causa de tudo o que há de reto e de belo. 
No mundo visível, ela gera a luz e o senhor da luz, no mundo inteligível ela própria é a sobera-
na que dispensa a verdade e a inteligência. Acrescento que é preciso vê-la se quer comportar-se 
com sabedoria, seja na vida privada, seja na vida pública.
Glauco: Tanto quanto sou capaz de compreender-te, concordo contigo.
Fonte: PLATÃO. A República. 514a-517c. In: MARCONDES, Danilo. Textos Básicos de Filosofia: dos Pré- socráticos a 
Wittgenstein. 2ª ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, p.39
20
Para o filósofo, é necessário sair da caverna, que representa a realidade sensível onde só co-
nhecemos as imagens e as sombras e irmos rumo ao sol que representa a luz da razão. É por 
meio dessa alegoria que Platão quer justificar a sua tese de que há uma realidade inteligível que 
só é alcançada pela razão e que é vedada aos sentidos. 
•	 Aristóteles 
O mais ilustre dos discípulos de Platão foi 
sem dúvida Aristóteles (384-322 a.C) que, se-
gundo a tradição, chegou a escrever mais de 
cem obras que infelizmente foram perdidas ao 
longo do tempo, restando apenas quarenta e 
sete. A grande preocupação do nosso filósofo 
se refere à capacidade humana de conhecer. 
No Livro I, de sua obra “Metafísica”, Aristóteles 
(1969, p. 36) afirma: “Todos os homens, por na-
tureza, desejam conhecer.” Mas o que significa 
conhecer para ele? 
Ao contrário do seu mestre, conforme ob-
servou Cotrim (2010), Aristóteles rejeita a teo-
ria das ideias de Platão quando afirma que o 
Figura 8: A caverna de 
Platão. (2002). Maria 
Tomaselli Cirne Lima. 
Acrílico, chumbo, vidro, 
200x160cm. A obra de 
Tomaselli mostra as 
imagens disformes que 
nos dá a ideia de que 
no interior da caverna 
não podemos ter a real 
dimensão de cada ser.
Fonte: Disponível em: 
<http://to.plugin.com.
br/pinturas-atuais.htm.> 
Acesso em: 20 abr.2013. 
►
Figura 9: Foto do 
Shopping City Centre, 
na cidade de Bahrain, 
na Arábia. Para o 
escritor português 
José Saramago, o 
Shopping Center é 
um tipo de caverna 
contemporânea.
Fonte: Disponível em: 
<http://inaier.blogspot.
com.br/2010_06_01_ar-
chive.html.> Acesso em 20 
abr. 2013. 
►
PArA SABer mAiS
Para refletir sugiro a lei-
tura do livro A caverna, 
do escritor português 
José Saramago. Nessa 
obra o autor compara 
os Shoppings atuais 
com uma caverna 
platônica no mundo 
contemporâneo. SARA-
MAGO, José. A caverna. 
3ed. São Paulo: Cia. das 
Letras, 2000. 
21
Pedagogia - Filosofia da Educação
conhecimento pode partir da realidade múlti-
pla dos seres que são percebidos pelos nossos 
sentidos. Por isso ele afirma que existem dois 
tipos de ciências pelas quais os homens che-
gam ao conhecimento das coisas. As ciências 
teóricas constituídas pela metafísica, a mate-
mática e a física que investigam o que é neces-
sário e universal. E as ciências ditas práticas ou 
empíricas, como, por exemplo, a medicina, a 
ética, a política e outras, que cuidam da expe-
riência particular e social dos indivíduos. O fi-
lósofo reconhece que, embora as ciências prá-
ticas sejam capazes de produzir saberes com 
resultados notáveis, elas não podem prescin-
dir da ciência metafísica. 
Por isso, a ciência metafísica, conforme 
afirma Nicola (2005, p.87), é a “única capaz de 
analisar em nível puramente teórico aquilo 
que todas as outras formas particulares do sa-
ber têm em comum, ou seja, a noção de ser.” 
Ela é considerada como a filosofia primeira 
porque estuda o verdadeiro ser de cada coisa. 
O verdadeiro ser de uma coisa corresponde, 
pois, a sua substância, ou seja, com aquilo que 
não pode deixar de estar presente. Aristóteles 
entende então que é através da metafísica que 
descobrimos a necessidade de haver um prin-
cípio de que sua essência seja sua própria ati-
vidade. Este princípio, sendo um movimento 
primeiro, é também causa do movimento que 
observamos em tudo que existe na natureza. 
Segundo Aristóteles, tudo o que se move 
deve ter sido levado ao movimento pela for-
ça de outra coisa que o fez mover. E essa outra 
coisa certamente se movimentou por causa 
de outra força que a impulsionou. Logo, se se-
guirmos o raciocínio, teríamos necessariamen-
te uma cadeia infinita de sucessivas causas do 
movimento. Mas como um ser finito pode pros-
seguir numa cadeia infinita de sucessões? Seria 
impossível. Por isso Aristóteles está convicto de 
que deve haver um primeiro motor que é a cau-
sa do movimento de todos os seres, mas que 
não está em movimento. A essa causa primeira 
ele chamou de “primeiro motor”.
Em busca de uma razão para explicar as 
mais diversas alterações que se observam em 
todos os seres da natureza, Aristóteles então 
formula a teoria das quatro causas. Como ob-
serva Chauí (2000), o filósofo acredita que é 
possível entender como um ser veio a existir, 
porque sofre alterações ao longo de sua exis-
tência e porque cada ser existe, ou seja, qual a 
finalidade de cada ser no mundo. Isso porque 
Aristóteles defende a tese de que há em todos 
os corpos: 
•	 Primeiro: uma causa material, que está re-
lacionada à matéria pela qual um corpo é 
constituído. Por exemplo: A madeira é a 
causa material da mesa. 
•	 Segundo: causa formal, ou seja, a forma 
que a matéria possui para constituir um 
corpo determinado, assim a forma da 
mesa é a causa formal da madeira. 
•	 Terceiro: causa motriz ou eficiente, que 
seria a ação responsável pela forma de-
terminada de uma matéria, a ação do 
marceneiro ao fabricar a mesa. 
•	 Quarto: causa final, ou seja, é o motivo 
ou a razão que fez com que uma matéria 
passasse a ter uma determinada forma. 
Por exemplo: a madeira ganha forma de 
mesa para ser usada com esta ou aquela 
finalidade. 
Quadro do programa meta_Aristóteles
As quatro 
causas ou os 
fundamentos
O que você quer saber o que é? Lápis
Qual a causa material? (De que é feito?)
Qual a causa formal? (Qual a forma?)
Qual a causa eficiente, ou quem une a 
forma com a matéria? (Quem fez?)
Qual a causa final? (Por que foi feito?)
Como veremos a seguir, a teoria aristotélica influenciou sobremaneira muitos outros filóso-
fos que se dedicaram ao estudo da metafísica como caminho para o conhecimento. Entre esses 
destacamos os pensadores medievaisque encontraram na filosofia grega clássica uma fonte 
abundante de argumentos para sustentar suas teologias.
GloSSário
metafísica: a ciência 
dos primeiros princípios 
e das primeiras causas. 
A ciência que estuda 
o ser e seus atributos 
essenciais. (STIRN, 2006, 
p.103)
◄ Figura 10: Caderno 
do aluno- Filosofia- 
Secretaria da Educação 
do Estado de São Paulo. 
Fonte: Disponível em: < 
http://basedafilosofia.
blogspot.com.br/2010/04/
conhecimento-missao-14-
-aristoteles.html.> Acesso 
em 20 abr.2013. 
ATividAde
Observe bem a figura 
10 ao lado
Agora você deverá 
montar um quadro 
semelhante a esse e es-
colher pelo menos cinco 
objetos ou seres para 
responder quais são as 
causas material, formal, 
eficiente e final de cada 
um e em seguida postar 
sua atividade em nossa 
sala virtual.
22
UAB/Unimontes - 1º Período
1.5 A relação: filosofia antiga e 
filosofia medieval
Uma das tarefas mais importantes do 
período medieval foi, sem dúvida, a necessi-
dade de constituir e solidificar uma Teologia 
cristã. Já é sabido que, nesse esforço intelec-
tual, a máxima era philosophia ancilla theolo-
giae, ou seja, a filosofia deveria ser a escrava 
da teologia, estar ao seu serviço, auxiliar na 
argumentação das verdades reveladas. En-
tre os vários pensadores do medievo estão 
Boécio (475-524), Duns Escoto (810-877), Abe-
lardo (1079-1142), e outros. Para o nosso pro-
pósito daremos atenção maior a dois outros, 
Santo Agostinho (354-430) e Santo Tomás de 
Aquino (1225-1274), que foram os expoentes 
dos movimentos basilares do pensamento 
cristão: A Patrística e a Escolástica. 
Estamos entre os séculos V e XV, perío-
do da decadência do Império Romano, da 
ascensão da Igreja Católica no mundo e da 
consequente cristianização da Europa. Os ter-
ritórios europeus são divididos em reinos e 
governados por reis absolutistas. Surgem as 
primeiras Universidades. A teologia ocupa o 
centro do debate entre os filósofos cristãos.
•	 A Patrística
A Patrística, conforme atesta Chauí (2006), 
é fruto de um esforço que teve início com os 
apóstolos Paulo e João e foi seguido pelos pri-
meiros padres da Igreja. O grande objetivo da 
filosofia patrística era conciliar a nova religião 
que acabara de surgir, ou seja, o cristianis-
mo com o pensamento filosófico dos gregos. 
Conforme Abbagnano (1970), a intenção era 
com isso se defender dos ataques polêmicos 
e converter os pagãos para aceitarem a ver-
dade cristã. Ideias estranhas aos filósofos an-
tigos, como a de pecado original, apocalipse 
e ressurreição foram introduzidas na doutri-
na como verdades reveladas por Deus. Essas 
ideias eram os chamados dogmas que não po-
deriam ser questionados, uma vez que eram 
decretos de inspiração divina. 
O expoente maior da Patrística foi Agos-
tinho, que introduziu a noção de “homem in-
terior”, ou seja, a noção de uma consciência 
moral, de um livre-arbítrio da vontade huma-
na. Segundo Agostinho é por causa do livre
-arbítrio que o homem pode escolher entre o 
bem e o mal, e, portanto, se tornar um único 
responsável por vir a existir o mal no mundo. 
A máxima de Agostinho que se segue revela 
a grande preocupação do pensador cristão 
com o conhecimento da verdade. Para ele a 
verdade está na alma do homem: “Entra den-
tro de ti mesmo, pois no homem interior resi-
de a verdade.” (AGOSTINHO, citado por RO-
CHA, 1989, p. 178) 
Aqui é possível notar também a forte 
influência do platonismo. Assim como Pla-
tão, na esteira de Sócrates, pressupunha que 
o conhecimento só seria alcançado por via 
da razão e não dos sentidos, também Agos-
tinho aposta no voltar para si mesmo e no 
abandono dos sentidos e em direção a Deus 
que habita a alma humana. A obra de Santo 
Agostinho, mesmo tentando conservar al-
gumas características originais da teologia, 
como, por exemplo, o dogma da Trindade, vai 
se aproximar da filosofia grega e, na perspec-
tiva de Cambi (1999, p.135), reativar “no cris-
tianismo o princípio da filosofia platônica (o 
inatismo da verdade; o dualismo alma/corpo; 
a ascese ética e mística típica, sobretudo, do 
neoplatonismo).” 
Nas palavras do próprio Agostinho, é 
claramente perceptível a força tanto da filo-
sofia platônica como da mensagem cristã, 
vejamos:
“No que diz respeito a todas as coisas que compreendemos, não consultamos 
a voz de quem fala, a qual soa por fora, mas a verdade que está dentro de nós 
preside à própria mente, incitados talvez pelas palavras a consultá-la. Quem é 
consultado ensina verdadeiramente, e esse é Cristo que habita no homem inte-
rior, isto é: a virtude incomutável de Deus e a sempiterna Sabedoria, que toda 
alma racional consulta, mas que se revela a cada um quanto é permitido.” 
(AGOSTINHO, citado por ROCHA, 1989, p. 56) 
23
•	 A escolástica 
As questões mais candentes desse pe-
ríodo conhecido como escolástica foram de-
terminantes para o surgimento e o desenvol-
vimento do que hoje nós conhecemos como 
Teologia. O que está em pauta nas discussões 
filosóficas dos doutores da Igreja remete tam-
bém aos problemas da filosofia grega, sobre-
tudo, às questões suscitadas por Platão e Aris-
tóteles. Temas como as categorias de infinito e 
finito, razão e fé, corpo e matéria são discuti-
dos nas primeiras Universidades. O destaque 
maior da escolástica é, sem duvida, Tomás 
de Aquino (1225-1274) que retomou as ideias 
aristotélicas para solidificar a doutrina cristã. 
Seguindo os passos de Aristóteles, o filósofo 
medieval destaca a importância dos sentidos 
para o conhecimento e também se baseia em 
princípios de causalidade para a construção 
do processo de conhecimento da realidade.
Cambi (1999) observa que Tomás de 
Aquino, em toda sua obra, se esforçou na ten-
tativa de harmonizar a razão e a fé. A tentati-
va de provar a existência de Deus demonstra 
o quanto o filósofo medieval estava interes-
sado em justificar racionalmente sua fé. São 
três vias pelas quais é possível provar a exis-
tência de Deus: Primeiro: Deus como a causa 
do movimento. Segundo: Deus como a causa 
das causas. Terceiro: Deus como a causa da 
ordem. Para Tomás de Aquino o estudo da fi-
losofia não tem como função principal saber 
o que os homens pensaram, mas em desco-
brir realmente em que consiste a verdade. 
Mas, afirma o filósofo, a única autoridade ab-
soluta para garantir a verdade é sem dúvida a 
palavra de Deus. (NICOLAS, 2001, p.32.) 
Nas palavras de Tomás de Aquino po-
demos notar o peso da tradição filosófica 
e cristã ao mesmo tempo: “Ó deus que qui-
seste que só os puros conheçam a verdade. 
Podemos responder que muitos, mesmo os 
não puros, conhecem muitas verdades, a sa-
ber, pela razão natural.”(TOMÁS DE AQUINO, 
2001, p. 281) 
◄ Figura 11: Santo 
Agostinho. Detalhe de 
Vitral. Flórida. EUA. 
Fonte: Disponível em: < 
http://sanfilosofia.wor-
dpress.com/2011/09/23/
agostinho-de-hipona/.> 
Acesso em 20 abr. 2013.
PArA SABer mAiS
Para ajudá-lo na com-
preensão das ideias 
discutidas aqui, nesse 
tópico assista ao filme 
“Santo Agostinho” do 
diretor Roberto Ros-
sellini. O filme conta a 
história de Agostinho 
depois que se tornou 
bispo da cidade de Hi-
pona e está empenhado 
na defesa da fé cristã. “O 
filme num geral é uma 
grande aula. Uma aula 
de duas horas sobre a 
decadência do Império 
Romano, sobre Santo 
Agostinho e sobre a 
Igreja Católica com os 
seus valores morais e 
fundamentos filosó-
ficos, que o pensador 
que dá nome ao filme 
tanto contribui para 
interpretá-los tal como 
os conhecemos hoje. 
Afinal, se a Igreja Católi-
ca na história foi a base 
de nossa civilização e 
Santo Agostinho teve 
um papel fundamental 
no desenvolvimento 
histórico do Cristianis-
mo, este é um filme 
imprescindível.” MARI-
NHO, André. 3º Ensaio 
Cultural: Os Filósofos de 
Rossellini (parte 2: Santo 
Agostinho). Disponível 
em: <ww.ligadosfm.
com/2012/01/1-ensaio-
cultural-os-filosofos-de.
html.> Acesso em 20 
abr.2013. Em seguida 
acesse a nossa sala 
virtual e poste alguns 
comentários acerca das 
teses de Agostinho.
24
UAB/Unimontes - 1º Período
ReferênciasABBAGNANO, N. História da filosofia. 14v. Lisboa: Presença, 1970.
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: Introdução à filoso-
fia. 4ª ed. São Paulo: Moderna, 2009.
ARISTOTELES. metafísica. Trad. Leonel Valandro. Porto Alegre: Ed. Globo, 1969.
BOCHENSKI, I M. A filosofia contemporânea ocidental. São Paulo: EPU/EUSP, 1975.
CAMBI, Franco. História da pedagogia. Trad. Álvaro Lorencini. São Paulo: Ed.Unesp, 1999.
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 6ª ed. São Paulo: Moderna, 2000.
CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. 13ª ed. São Paulo: Ática, 2006.
COTRIM, Gilberto. Fundamentos de Filosofia. São Paulo: Saraiva, 2010.
DELEUZE, G.; GUATTARI, F. o que é a filosofia? Trad. Bento Prado Jr. e Alberto Alonso Muñoz. Rio 
de Janeiro: Ed. 34, 1992. 
diCionário AUrÉlio. Mito. Disponível em: <http://www.dicionariodoaurelio.com/Mito.> 
Acesso: em 02 de mar. 2013.
Figura 12: Santo Tomás 
de Aquino. 
Fonte: Disponível em: 
<http://www.biografia.
inf.br/santo-tomas-de-
-aquino-filosofo.html..> 
Acesso em 20 abr. 2013.
►
PArA SABer mAiS
Assista ao vídeo “Filóso-
fos e a educação - Santo 
Agostinho e Santo 
Tomás de Aquino”. No 
vídeo é tratado, resumi-
damente, da relação en-
tre os dois pensadores 
medievais, a influência 
dos pensadores gregos 
e a proposta educacio-
nal de cada um. O vídeo 
tem cerca de 30 minu-
tos de duração e está 
disponível em: http://
www.youtube.com/wat-
ch?v=WKdKxsp8LhY. Em 
seguida acesse a nossa 
sala virtual e comente 
suas impressões sobre 
o vídeo.
25
Pedagogia - Filosofia da Educação
ELIADE, Mircea. mito e realidade. São Paulo: Editora Perspectiva, 2006.
IGLÉSIAS, Maura. O que é filosofia e para que serve. In: REZENDE, Antônio. Curso de filosofia: 
para professores e alunos de ensino médio e de graduação. Rio de Janeiro: Zahar, 1986.
JAPIASSU, Hilton; MARCONDES, Danilo. dicionário básico de Filosofia. Rio de Janeiro: Ed. Jorge 
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JORGE, J. Simões. Cultura religiosa. O homem e o fenômeno religioso. São Paulo: Loyola, 1998.
MARCONDES, Danilo. Textos Básicos de Filosofia: dos Pré- socráticos a Wittgenstein. 2ª ed. Rio 
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NICOLA, Ubaldo. Antologia ilustrada. Das origens à Idade Moderna. São Paulo: Globo, 2005.
NICOLAS, Marie-Joseph. Introdução à Suma teológica. In: TOMAS DE AQUINO. Suma teológica. 
Vol I. São Paulo: Loyola, 2001.
ROCHA, Hilton Miranda. Pelos caminhos de Santo Agostinho. São Paulo: Loyola, 1989. 
SARAMAGO, José. A caverna. 3ed. São Paulo: Cia. das Letras, 2000.
SAVIANE, Dermeval. educação: do senso comum à consciência filosófica. 17ª ed. São Paulo: Au-
tores Associados, 2007.
STIRN, François. Compreender Aristóteles. Trad. Ephraim F. Alves. Petrópolis/RJ: Vozes, 2006.
TOMAS DE AQUINO. Suma teológica. Vol I. São Paulo: Loyola, 2001.
27
Pedagogia - Filosofia da Educação
UnidAde 2
O mundo moderno: racionalismo, 
empirismo e criticismo
2.1 Introdução
Nessa unidade iremos estudar um dos pe-
ríodos mais férteis da História da Filosofia. Gran-
de parte da reflexão filosófica desenvolvida na 
modernidade se refere à questão epistemoló-
gica, ou seja, aos problemas relacionados à ca-
pacidade humana de conhecer, de fazer ciên-
cia. Iniciaremos com uma breve abordagem do 
pensamento de Guilherme de Ockham (1285-
1349). Em seguida nos deteremos com a maior 
atenção ao pensamento de Francis Bacon (1561-
1626), René Descartes (1596-1650), John Locke 
(1632-1704) passando por David Hume (1711-
1776) e concluindo a unidade com Immanuel 
Kant (1724-1804). Duas correntes filosóficas, o 
Racionalismo e o Empirismo, constituirão o eixo 
temático dessa unidade. 
Estamos entre os séculos XV e XIX. A 
Europa vive o período das grandes descober-
tas, das grandes navegações e do desenvol-
vimento das chamadas ciências biológicas. 
Enquanto na Europa inicia-se um movimento 
da Reforma protestante contra os dogmas da 
Igreja Católica, na recém-descoberta Améri-
ca, inicia-se o processo de cristianização dos 
povos nativos. No campo da ciência astronô-
mica, muitas descobertas a partir da inven-
ção do telescópio. A teoria do geocentrismo 
é colocada em xeque. Ganha destaque a teo-
ria do heliocentrismo. É a chamada revolução 
copernicana que se tornará o paradigma do 
pensamento moderno. 
2.2 Epistemologia: o problema 
do conhecimento 
•	 Guilherme de ockham 
Antes mesmo de iniciarmos os nossos es-
tudos sobre o mundo moderno é necessário 
ressaltar que, durante o período medieval e 
durante o chamado Renascimento, algumas 
ideias ‘modernas’ já vinham sendo gestadas. Ci-
tamos como exemplo o escolástico Guilherme 
de Ockham (1285-1349), que insistia na distin-
ção entre a Teologia e a Filosofia como modos 
diferentes de conhecimento. Vejamos o que Mi-
guel Spinelli, num artigo intitulado “Guilherme 
de Ockham: o anfitrião da Filosofia Moderna”, 
escreve sobre o filósofo medieval: A filosofia 
de Ockham desponta num contexto histórico 
onde o conceito “conhecer” exige muito mais 
do que uma base teológica. “Conhecer” deve 
ser associado a uma noção epistêmica que está 
voltada para um tipo específico de conheci-
mento com base no processo de saber neces-
sariamente humano e não divino. A sua atitude 
crítica é clara e objetiva e por isso todo o seu 
trabalho intelectual intenta recuperar o exercí-
cio do livre pensamento, que é uma caracterís-
tica própria do ato de filosofar. Para Spinelli, o 
pensamento de Ockham demonstra claramen-
te que, apesar de sua filiação religiosa, ele esta-
va livre do princípio de autoridade: 
“Dito de outro modo: cada um deve cultivar, no estudo e na pesquisa, um 
espírito livre, capaz de ajuizar a verdade (claro que em matéria de conheci-
mento e não em matéria de fé) com inteira liberdade de pensamento. Era 
preciso, além disso, (e nesse ponto Ockham se serve de expressões que serão 
GloSSário
Geocentrismo: do 
grego geo: terra, e do 
latim centrum: centro. 
“Teoria astronômica, de 
inspiração aristotélico
-ptolomaica, segundo a 
qual não somente a Ter-
ra é imóvel, mas situa-se 
no centro do mundo 
(teoria derrubada pela 
teoria heliocêntrica de 
Copérnico e de Galileu).” 
(JAPIASSU, MARCON-
DES, 2006, p. 121)
Heliocentrismo: do 
grego helios: sol, e 
latim centrum: centro. 
“Sistema astronômico 
de Copérnico e de 
Galileu segundo o qual 
não é a Terra, mas o 
Sol, o centro de nosso 
sistema planetário; a 
Terra, como os demais 
planetas, giraria em tor-
no do Sol (revolução) e 
em torno de si mesma 
(rotação).” (JAPIASSU, 
MARCONDES, 2006, p. 
129).
28
UAB/Unimontes - 1º Período
muito caras a Descartes), que se rompesse com os preconceitos ou, mais pre-
cisamente, com os “maus princípios adquiridos”... Eis aí as razões porque em 
Ockham está presente o lume do pensamento moderno. Porque, em síntese, 
ele cultivou um ideal de liberdade inerente ao pensamento e à expressão; 
porque ao servir-se da própria inteligência teve coragem de exercitar o seu 
próprio juízo, sem dogmatismos, e, portanto, com a disposição de rever, além 
dos propósitos, sobretudo os princípios.” (SPINELLI, 2005, P.106) .
•	 Francis Bacon
Outro grande precursor da modernidade 
foi o renascentista Francis Bacon (1561-1626), 
que teria cunhado a famosa frase: “Saber é po-
der.” Bacon empreende uma verdadeira revi-
são dos saberes. Por isso ele se empenha numa 
espécie de “restauração” da ciência por meio 
de suas obras. Em 1620 ele publica o Novo Or-
ganon e nesta obra afirma que a nova ciência 
deveria corrigir primeiramente os erros, ou os 
“fantasmas” (ídolos). Esses “ídolos” são as falsas 
noções, tais como crença, opiniões, preconcei-
tos que estão arraigadas e presentes no intelec-
to humano.
De acordo com o filósofo inglês, a ciência 
deveria começar por eliminar os “ídolos” que se 
interpõem no caminho do conhecimento e nos 
impedem de ter acesso direto à realidade como 
ela é de fato. Vejamos quais são esses ídolos: 
BOX 5
Ídolos da tribo: são os erros da raça humana, em que o intelecto baseia-se nos sentidos 
para conhecer, sendoque os sentidos distorcem e corrompem as coisas. Isso significa que 
muitos dos nossos enganos derivam da tendência ao antropomorfismo, considerando 
verdadeiras as percepções obtidas mediante os sentidos, generalizando-as;
Ídolos da caverna: sãos os erros advindos de nossa leitura e interpretação dos dados da 
realidade, seja devido à natureza própria e singular de cada um; seja devido à educação ou 
conversação com os outros, o que quer dizer que cada pessoa possui sua própria caverna 
particular, que interpreta e distorce a luz da natureza;
Ídolos do foro: são os erros originários de nossas relações e discussões com os outros, 
em que as palavras se vulgarizam, se impõem e se tornam inapropriadas, ineptas, blo-
queando o intelecto e arrastando os homens a inúmeras e inúteis controvérsias e fantasias;
Ídolos do teatro: são os erros oriundos de nossa aceitação e permissão em ser 
conduzidos pelas teorias e escolas filosóficas que recorrem a uma ordenação e elegância 
que mais retratam um mundo imaginário e cênico do que a realidade. 
Fonte: CARVALHO, Alonso Bezerra de. A filosofia da educação moderna: Bacon e Descartes. Disponível em: <http://
www.acervodigital.unesp.br/bitstream/123456789/127/3/01d07t02.pdf.> Acesso em 17 de mar. 2013
Bacon foi considerado o primeiro filóso-
fo a elaborar um método para o conhecimen-
to que mais se aproxima do método científico 
moderno. Resumidamente, podemos dizer 
que o método baconiano consiste em descre-
ver de modo detalhado as circunstâncias nas 
quais um fenômeno ocorre e, por outro lado, 
avaliar aquelas circunstâncias em que o mes-
mo fenômeno não ocorre. Em seguida é ne-
cessário proceder metodicamente ao exame 
mais detalhado possível de ambos os casos 
e estabelecer uma relação entre eles. A partir 
daí pode-se se chegar a uma conclusão geral. 
Essa conclusão geral seria então um novo co-
nhecimento. (CARVALHO, 2013) 
Assim são descritos os quatro passos e as 
características do método proposto por Bacon:
a. Observação com base na experiência: O 
próprio Bacon elaborou uma lista de exem-
plos de corpos quentes. Ele queria desen-
volver um estudo científico sobre calor. 
b. As observações são neutras: O observa-
PArA SABer mAiS
Para conhecer mais 
um pouco a teoria do 
filósofo Bacon, acesse 
o endereço eletrônico 
http://prezi.com/b6kzv-
k58oaay/francis-bacon/. 
Lá você encontrará um 
trabalho digital, feito 
por Patricia Delavy, mui-
to interessante sobre o 
filósofo Francis Bacon 
e suas teorias. Após 
acessar o sítio entre 
em nossa sala virtual 
e poste algum comen-
tário sobre o tema do 
trabalho.
Figura 13: Retrato de 
Francis Bacon (1731) 
de John Vanderbank. 
National Portrait 
Gallery em Londres. 
Fonte: Disponí-
vel em:<http://
pt.wikipedia.org/wiki/
Ficheiro:Francis_Ba-
con,_Viscount_St_Al-
ban_from_NPG_(2).jpg.> 
Acesso em: 20 abr.2013.
►
29
Pedagogia - Filosofia da Educação
dor deve ter a mente livre de todas as 
ideias que ele aprendeu de seus mestres: 
educadores, teólogos, filósofos e até de 
cientistas.
c. Indução: Constituir proposições gerais 
(como as leis científicas) a partir de pro-
posições particulares (como os relatos 
observacionais). (CHIBENI, 2013)
2.3 Racionalismo e modernidade
A chamada Idade Moderna (historica-
mente vai de meados do século XV a fins do 
século XVIII) é marcada essencialmente pelo 
apelo filosófico ao racionalismo. Muitas mu-
danças ocorriam no mundo; elas influenciaram 
significativamente os filósofos na construção 
de suas teorias do conhecimento. Entre os fa-
tos mais importantes que ocorreram nesse 
momento histórico é importante destacar: 
a. A passagem do regime feudal para o regi-
me capitalista que alavancou o comércio 
e elevou o status da chamada classe bur-
guesa. 
b. A formação dos Estados Nacionais que 
exigiam mudanças políticas com a con-
centração de poder nas monarquias ab-
solutas e mudanças econômicas provin-
das do desenvolvimento do chamado 
mercantilismo. 
c. O movimento de Reforma responsável 
pela cisão na Igreja Católica e, conse-
quentemente, um aumento da possibili-
dade de um pensamento mais livre e au-
tônomo dos homens. 
d. O desenvolvimento da ciência natural 
que utilizava novos métodos de pesquisa 
científica com base exclusivamente na ra-
zão humana. 
e. A invenção da imprensa que possibilitou 
a circulação e divulgação de textos filo-
sóficos e científicos, aumentando assim 
o círculo daqueles que questionavam os 
dogmas impostos pela Igreja.
Esses acontecimentos foram decisivos 
para o surgimento de uma nova mentalida-
de que colocou a razão humana no centro 
do debate sobre as possibilidades de se che-
gar ao conhecimento das coisas. É nesse ce-
nário de mudanças que se desenvolve um 
movimento de revalorização do homem e de 
sua capacidade racional. Os filósofos até en-
tão estavam preocupados com o problema 
do conhecimento sobre o ser, mas, agora na 
modernidade, o foco do problema filosófico 
é: Como se pode conhecer? Restava então 
encontrar o método que fosse mais adequa-
do para servir de base para as ciências que a 
cada dia ocupavam o lugar dos outros sabe-
res. Nessa busca pelo método ideal, surgem 
pelo menos duas correntes filosóficas que 
disputam a primazia do verdadeiro método 
pelo qual os homens devem encontrar o co-
nhecimento. Uma é a corrente do “racionalis-
mo”, que enfatiza o papel da razão no proces-
so de conhecimento, e a outra é a corrente do 
“empirismo”, onde a experiência deve ocupar 
esse papel. (ARANHA E MARTINS, 2009, p.168)
•	 rené descartes
O principal representante do raciona-
lismo é o filosofo francês René Descartes 
(1596-1650). Descartes é considerado o pai da 
filosofia moderna porque empreendeu uma 
reviravolta no campo do saber, colocando no 
centro do seu projeto epistemológico a ra-
zão humana. Ele foi fortemente influenciado 
pelos filósofos Kepler e Galileu. Ambos acre-
ditavam que o mundo era estruturado sob 
caracteres matemáticos. Descartes também 
acredita que, através do pensamento mate-
mático, seria possível chegar à compreensão 
da harmonia do universo. O projeto da filoso-
fia cartesiana era conceber uma matemática 
universal que, ao se livrar dos números e das 
figuras da matemática tradicional, se ancorava 
agora sob um novo método baseado na geo-
metria analítica. Podemos notar essa orienta-
ção presente na sua obra intitulada “Discurso 
do método”, quando Descartes afirma que:
◄ Figura 14: René 
Descartes. 
Considerado o 
maior expoente 
do racionalismo 
moderno. 
Fonte: Disponível em 
em:<http://www.filoinfo.
bem-vindo.net/Rene-
-Descartes.> Acesso em: 
15 mar.2013
30
UAB/Unimontes - 1º Período
“Aquela longa cadeia de raciocínios, todos simples e fáceis, de que os geôme-
tras têm o hábito de se servir para chegar às suas difíceis demonstrações me 
haviam possibilitado imaginar que todas as coisas de que o homem pode ter 
conhecimento derivam do mesmo modo e que, desde apenas que se abste-
nha de aceitar como verdadeira uma coisa que não o é e respeite sempre a 
ordem necessária para deduzir uma coisa da outra, não haverá nada de tão 
distante que ele não possa alcançar nem de tão oculto que ele não possa 
descobrir.” (DESCARTES citado por REALE, ANTISERI, 1990, p. 359)
Ele está tão convicto de que não há outro 
caminho para se chegar ao que se considera 
um conhecimento científico, que resolve des-
crever a regras do método:
Regras do método 
1. Regra da evidência: Nunca aceitar algo 
como verdadeiro que eu não conhecesse 
claramente como tal; ou seja, evitar cui-
dadosamente a pressa e a prevenção, e 
de nada fazer constar de meus juízos que 
não se apresentasse tão clara e distinta-
mente a meu espírito que eu não tivesse 
motivo algum de duvidar dele.
2. Regra da análise: Dividir cada uma das 
dificuldades que eu analisasse em tantas 
parcelas quantas fossem possíveis e ne-
cessárias, a fim de melhor solucioná-las.
3. Regra da síntese: Conduzir por ordem 
meus pensamentos, iniciando pelos obje-
tos mais simples e mais fáceis de conhe-
cer,

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