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Resenha A Cor Purpura

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Resenha – A Cor Púrpura 
Gabriel Manges Coelho
Teoria da Constituição
A Cor Púrpura, filme baseado na literatura clássica de Alice Walker, um tanto quanto pesado. 
Retrata logo nas primeiras cenas, Celie, que é abusada sexualmente pelo próprio pai, tem seu filho recém-nascido vendido e é dada em casamento a um fazendeiro que a maltrata.
O Filme, assim como o livro, é baseado nas cartas que Celie escrevia pra Deus, com uma linguagem simplória e com alguns erros, a personagem principal utilizava da escrita para conter sua solidão. Ao desenrolar da história surge uma crescente empatia pela personagem, com a qual desenvolvemos uma relação de intimidade.
Celie é a mais velha entre vários irmãos e, na tentativa de proteger a irmã mais nova, ela sofre constantes abusos sexuais do pai. Suas duas gravidezes não desejadas terminam com os bebês sendo retirados de seu convívio, entregues para outras famílias. Quando sua mãe morre, o pai decide tirá-la terminantemente de casa, na tentativa de afastá-la da irmã mais nova, Nettie, dando-a em casamento para Albert, um fazendeiro da região que também cortejava sua irmã, que decide fugir em busca de uma vida diferente.
Inicialmente, Celie se afunda um uma profunda depressão, por conta dos abusos do pai e maus tratos do marido, se concentra apenas em trabalhar e cuidar dos vários filhos do primeiro casamento de Albert.
Com a chegada de Sofia (Avery Shung, no livro), uma ex-namorada de Albert que está muito doente, a história começa a mudar. No começo as duas se estranham. Sofia faz questão de deixar explícito como Celie é realmente feia, e a mesma se sento pouco à vontade em sua insignificância perto da exuberância da mulher, que emana calor e decisão do alto de suas roupas e de sua confiança.
Celie é obrigada pelo marido a cuidar de sua amante Sofia, e com o passar dos dias elas acabam por se tornarem amigas, e Celie começa a descobrir que tem uma certa atração sexual por Sofia. A relação entre as duas se torna mais próxima. O desgastado termo sonoridade poderia ser aplicado aqui sem problemas. É Sofia que vai contribuir para a reviravolta na vida de Celie, lhe garantindo autonomia, independência e até mesmo felicidade.
Esse caminho, claro, é tortuoso, mas o filme fica cada vez mais empolgante a cada passo dado por Celie em direção à liberdade.
O livro, assim como o filme de forma alguma é um manifesto feminista ou racial, mas é um forte discurso sobre raça e gênero, ao mostrar o poder devastador da opressão sobre a vida de seres humanos comuns, com vontades, desejos e dramas pessoais.
A lição de amor, contudo, é o que fica. Celie aprende a amar a si mesma e aos outros, com a ajuda de Sofia. E até mesmo Albert tem uma segunda chance, quando fica sozinho e tem que aprender, aos trancos, como se cuidar. A lição mais bonita vem de Sofia, claro, a personagem mais esclarecida sobre seu papel no mundo.
De certa forma, o que podemos ver de um filme relativamente antigo, é a maneira como ele é incrivelmente atual. Infelizmente os abusos e maus-tratos retratados no filme, são uma realidade dos dias de hoje, e mesmo com todos os direitos adquiridos pelas mulheres com o passar de vários anos, os mesmos são simplesmente ignorados, tendo a mulher que se subordinar ao homem.

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