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TRIBUTÁRIO

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PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO E 
INFRAÇÕES TRIBUTÁRIAS
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Edmo Colnaghi Neves
São Paulo
Platos Soluções Educacionais S.A 
2022
 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO E INFRAÇÕES 
TRIBUTÁRIAS
1ª edição
3
2022
Platos Soluções Educacionais S.A
Alameda Santos, n° 960 – Cerqueira César
CEP: 01418-002— São Paulo — SP
Homepage: https://www.platosedu.com.br/
Head de Platos Soluções Educacionais S.A
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Coordenador
Gislaine Denisale Ferreira
Revisor
Ana Paula da Costa
Editorial
Beatriz Meloni Montefusco
Carolina Yaly
Márcia Regina Silva
Paola Andressa Machado Leal
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)_____________________________________________________________________________ 
Neves, Edmo Colnaghi
Planejamento tributário e infrações tributárias / Edmo 
Colnaghi Neves. – São Paulo: Platos Soluções Educacionais 
S.A., 2022.
34 p.
ISBN 978-65-5356-342-1
1.Planejamento tributário. 2. Grupo econômicos.
3. Aspectos. I. Título.
CDD 343.04 
_____________________________________________________________________________ 
 Evelyn Moraes – CRB: 010289/O
N518p 
© 2022 por Platos Soluções Educacionais S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou 
transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo 
fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de 
informação, sem prévia autorização, por escrito, da Platos Soluções Educacionais S.A.
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SUMÁRIO
Apresentação da disciplina __________________________________ 05
Planejamento Tributário. Conceito, formas de atuação e limites 
_______________________________________________________________ 06
Aspectos societários do planejamento e operações 
preocupantes ________________________________________________ 18
Dolo, fraude e simulação em matéria tributária _____________ 30
Grupos econômicos e qualificação das infrações ____________ 42
PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO E INFRAÇÕES TRIBUTÁRIAS
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Apresentação da disciplina
Seja bem-vindo à disciplina Planejamento tributário e infrações tributárias! 
Durante nossas aulas, vamos abordar as operações societárias que 
podem otimizar a redução de custos com tributos para pessoas e 
empresas e os limites legais estabelecidos pelo planejamento para não 
incorrer em operações preocupantes, infrações e crimes tributários. 
Vamos explorar e analisar as diversas condutas que podem caracterizar 
os crimes contra a ordem tributária a fim de que o planejamento seja 
bem-sucedido e não se transforme de elisão em evasão fiscal.
Faremos uma abordagem prática, ilustrada com muitos casos concretos, 
jurisprudência e legislação, sempre tendo em vista os princípios 
constitucionais e as orientações da melhor doutrina. As temáticas de 
dolo, fraude e simulação recebem no curso uma especial atenção para 
que você possa ter conhecimento claro dos limites do planejamento 
tributário, com especial relevância para as diretrizes estabelecidas pelo 
tribunal administrativo responsável por julgar os recursos nos temas 
tributários.
Bons estudos! 
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Planejamento Tributário. 
Conceito, formas de atuação e 
limites
Autoria: Edmo Colnaghi Neves
Leitura crítica: Ana Paula da Costa
Objetivos
• Abordar de forma panorâmica o sistema tributário.
• Identificar os princípios mais importantes.
• Conhecer os tributos mais relevantes para a 
atividade empresária.
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1. Introdução
Adotamos aqui o termo tributo em seu sentido técnico como gênero, 
haja vista o fato de que no Brasil há cinco espécies de tributos, a saber: 
impostos, taxas, contribuições de melhoria, empréstimos compulsórios 
e contribuições sociais de interesse das categorias profissionais e 
econômicas, de intervenção no domínio econômico e de financiamento 
da seguridade social.
2. Sistema Tributário
Ressalte-se aqui que o fato de ser uma obrigação legal, em termos 
jurídicos, distingue-se de obrigação contratual ou volitiva. Nesta última, 
a empresa e o cidadão assumem uma obrigação por vontade própria, 
mediante um instrumento contratual, que tem caráter mandatório 
(pacta sunt servanda), lembrando que o contrato é lei entre partes.
De outro lado, a obrigação legal decorre diretamente da lei, seja uma 
lei ordinária, complementar ou qualquer outra norma emanada pelo 
Estado. Tributos são criados por leis ordinárias e, em alguns casos, por 
lei complementar. Mais adiante, trataremos do Princípio da Legalidade e 
teremos a oportunidade para aprofundar o tema. Por enquanto, fixemos 
o conceito de que tributo é uma obrigação legal.
Essa obrigação legal deve ser cumprida em dinheiro, como dispõe o 
artigo 3º do Código Tributário Nacional:
Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou 
cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, 
instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente 
vinculada.
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A redundância da linguagem do artigo é objeto de crítica de Paulo de 
Barros Carvalho, como apresentado a seguir:
A linguagem natural de que falamos fica bem evidenciada nessa 
estipulação, prescindível e redundante, em que o político, despreocupado 
com o rigor, comete dois erros grosseiros: primeiro, ao repetir o caráter 
pecuniário da prestação. Se já dissera que se trata de uma prestação, para 
que insistir na locução “ em moeda” ? Segundo, ao agregar a cláusula “ou 
cujo valor nela se possa exprimir” , pois com isso ampliou exageradamente 
o âmbito das prestações tributárias. Note-se que quase todos os bens são 
suscetíveis de avaliação pecuniária, principalmente o trabalho humano 
que ganharia a possibilidade de formar o substrato de relação de natureza 
fiscal. Com base nessa premissa alguns entenderam que o serviço militar, 
o trabalho nas mesas eleitorais e aquele desempenhado pelos jurados 
realizariam o conceito de tributo, já que satisfazem às demais condições 
postas pelo citado preceito. (CARVALHO, 2017, p. 56)
O pagamento do tributo deve ser em dinheiro, não existindo, em 
princípio, a possibilidade de pagamento em bens. No entanto, questão 
distinta diz respeito às situações de inadimplência e execução fiscal em 
que, após a citação e a falta de pagamento, bens dos executados são 
penhorados e levados à leilão e o produto da arrematação desses bens 
é convertido em dinheiro para pagamento dos tributos.
Outro aspecto importante é que o tributo não é uma sanção pecuniária, 
como é o caso das multas, que decorrem da prática de um ilícito que 
o Direito busca reprimir determinando que o autor pague um valor. 
Ele decorre de uma atividade cujo conceito se subsome ao conceito 
legal escolhido pelo legislador, constitucionalmente autorizado, para 
arrecadar receita para o Estado cumprir seus fins, os quais naturalmente 
indicam um signo presuntivo de riqueza, como asseverava Alfredo 
Augusto Becker:
133. FATO-SIGNO PRESUNTIVO DE RENDA OU CAPITAL NA COMPOSIÇÃO 
DA HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA DAS REGRAS JURÍDICAS TRIBUTÁRIAS. 
A política fiscal discrimina diferentes espécies econômicas de renda e de 
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capital para sofrerem diferentes incidências econômicas de tributação, no 
intuito de alcançar seus objetivos econômico-sociais. 
A fim de aquelas diversas espécies econômicas de renda e capital poderem 
ser atingidas pela tributação, o legislador desenvolve a sua atividade 
criadora do mundo jurídico, construindo as regras jurídicas que formam o 
Direito Tributário. (BECKER, 1998, p. 503)
O conceito de tributo inclui ainda a discriminação de que é cobrado 
mediante atividade administrativa plenamente vinculada. As atividades 
administrativas do Poder Público, segundo as classificações clássicas, 
estão divididasem: a) atividades vinculadas – o administrador tem 
todas as suas iniciativas e seu poder de decisão determinados de modo 
específico, com detalhes, não lhe sendo permitido fazer juízo se deve 
ou não praticar o ato; e b) atividades discricionárias – o administrador 
público pode decidir, com base em critérios de conveniência e 
oportunidade, como deve proceder. Uma desapropriação, por exemplo, 
passará pelo crivo da conveniência e da oportunidade, já a decisão 
se o tributo deve ser cobrado ou não é vinculada, não cabendo ao 
administrador decidir se é conveniente ou oportuno cobrá-lo.
3. Espécies de Tributos
Definido o que é tributo e, consequentemente, o que não é tributo, 
cabe esclarecer que no Brasil existem cinco espécies de tributos: 
impostos, taxas, contribuições de melhorias, empréstimos compulsórios 
e contribuições sociais, estas subdivididas em contribuições de 
intervenção no domínio econômico, contribuições de interesse das 
categorias profissionais e econômicas e contribuições para a seguridade 
social. Vale lembrar que as taxas também se subdividem em duas 
categorias: taxas de fiscalização ou em decorrência do exercício do 
poder de polícia e taxas em decorrência da prestação de serviços 
públicos.
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Determina a Constituição Federal:
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão 
instituir os seguintes tributos: 
I–impostos; 
II–taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, 
efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados 
ao contribuinte ou postos a sua disposição; 
III–contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.
Essa divisão dos tributos em cinco espécies não é só de interesse 
acadêmico, teórico ou didático. Na verdade, influencia na vida social, 
causando várias consequências na administração da receita tributária 
pelo Estado e, consequentemente, na vida da população, como o IPVA 
(Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores).
De modo diverso da taxa, o IPVA, sendo um imposto, diferentemente 
das outras espécies tributárias, é por determinação legal um tributo 
não vinculado, ou seja, sua receita não pode nem deve estar vinculada a 
nenhuma atividade estatal específica, tampouco pode ou deve custear 
as despesas de uma ação específica do Governo. Deve, portanto, ser 
destinado aos cofres públicos, permitindo ao Governo repartir sua 
alocação conforme as prioridades legais.
De outro lado, temos as taxas, que são tributos vinculados. Sua cobrança 
é a remuneração por uma ação específica do Estado, seja a taxa de 
prestação de serviços públicos, que é paga por aqueles que demandam 
um serviço determinado do Estado, ou a taxa em razão do exercício do 
poder de polícia.
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4. Impostos
Observe-se que o texto positivado da Lei Maior, artigo 145, não 
estabelece maiores detalhes quanto aos impostos, definindo somente 
a competência legislativa tributária de cada ente da Federação, como 
segue:
• União Federal: II – importação de produtos estrangeiros; 
IE – exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou 
nacionalizados; IR – renda e proventos de qualquer natureza; 
II– produtos industrializados; IOF – operações de crédito, câmbio 
e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários; ITR – 
propriedade territorial rural; e IGF – grandes fortunas, nos termos 
de lei complementar.
• Estados e Distrito Federal: ITCMD – transmissão causa mortis e 
doação, de quaisquer bens ou direitos; ICMS – operações relativas 
à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de 
transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda 
que as operações e as prestações se iniciem no exterior; e IPVA – 
propriedade de veículos automotores.  
• Municípios: IPTU – propriedade predial e territorial urbana; ITBI 
sobre transmissão “intervivos”, a qualquer título, por ato oneroso, 
de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos 
reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de 
direitos a sua aquisição; e ISS – serviços de qualquer natureza, não 
compreendidos no art. 155, II, definidos em lei complementar. 
Os impostos são uma espécie tributária definida como tributo sem 
nenhuma vinculação com uma atividade estatal específica, como se 
observa a seguir no artigo 16 da Lei n. 5.176, de 1º de dezembro de 
1966: “O imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma 
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situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa 
ao contribuinte”.
5. Taxas
A Constituição Federal, ao referir-se às taxas, determina suas duas 
subespécies, antes mencionadas, taxas em razão do exercício do 
poder de polícia e taxas pela utilização de serviços públicos. Estabelece 
também, quanto às taxas, que essa utilização de serviços públicos 
poderá ser efetiva ou potencial e estes devem ser específicos e divisíveis, 
reiterando ao final que podem ser prestados ao contribuinte ou 
somente postos à sua disposição. Referidas qualificações são muito 
importantes, pois, no decorrer das décadas, houve muita controvérsia 
e milhares de ações judiciais e julgados devido a serviços públicos 
que não eram efetivamente prestados, mas que estavam à disposição 
do contribuinte, bem como serviços genéricos que não podiam ser 
divididos, identificando-se os efetivos beneficiários.
6. Contribuição de Melhoria
Em referido artigo, em que consta o artigo sobre as espécies tributárias 
e que inaugura o capítulo da Constituição Federal destinado ao sistema 
constitucional tributário, já aponta também a terceira espécie tributária: 
as contribuições de melhoria, em razão de obras públicas. Não se 
trata de um tributo muito usual, havendo poucas situações em que o 
legislador tenha decidido pela sua criação, por vários motivos, entre 
eles as dificuldades operacionais para estabelecer seus parâmetros 
e suas regras de cálculo. É um tributo cobrado daqueles que tiveram 
valorização imobiliária em virtude de obra pública.
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Observa-se, assim, dois limites à instituição da cobrança da contribuição 
de melhoria: o limite total, sendo a despesa realizada com a obra 
pública, e o limite individual, como o acréscimo individual que o 
administrado-contribuinte obteve com a obra. No entanto, como se trata 
de um tributo pouco usual, retornamos ao tema dos impostos e das 
taxas, agora no âmbito infraconstitucional, do CTN.
Além daquelas três espécies tributárias, há outras duas, conforme 
denunciam os seguintes dispositivos constitucionais.
7. Empréstimos Compulsórios
Trata-se de um tributo em que alguns aspectos podem ser ressaltados. 
O primeiro deles é sua criação para que o Estado possa fazer frente a 
situações extraordinárias, como calamidade pública, guerra externa e 
investimento público de caráter urgente e relevante interesse nacional. 
Outro aspecto é o fato de se tratar de um “empréstimo” ou seja, o valor 
arrecadado terá de ser devolvido ao contribuinte após determinado 
período. Para o Estado, portanto, é uma entrada, mas não é uma receita, 
devido a seu caráter provisório.
A doutrina tem debatido se seria um contrato ou um tributo, mas tem 
prevalecido esse último entendimento, nos termos do artigo 148 da 
Constituição Federal, de 5 de outubro de 1988. A União, mediante lei 
complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios:
I–para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade 
pública, de guerra externa ou sua iminência; 
II–no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante 
interesse nacional, observado o disposto no art. 150, 
III, “b”. 
Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo 
compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição.
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8. Contribuições Sociais
São tributos atribuídos à competência legislativa tributária federal 
da União Federal relativos a interesses de categorias profissionais 
ou econômicas, financiamento da seguridade social e de intervenção 
no domínio econômico, conforme previsto nos artigos 149 e 195 da 
ConstituiçãoFederal de 1988.
9. Princípios Constitucionais
Os Princípios Constitucionais regem a competência legislativa tributária, 
a criação de tributos, os limites à referida criação, o fato gerador, a 
obrigação tributária, o lançamento, o crédito tributário, sua extinção, 
sua suspensão, sua exclusão, os privilégios, a administração tributária 
e ainda a restituição dos tributos. Espraiam seus comandos e sua força 
por todo o sistema jurídico. Assim, uma vez esclarecido o que é tributo 
e suas espécies, passamos a discorrer sobre os princípios a que estão 
submetidos.
Estabelece o artigo 1º da Constituição Federal que o Brasil é uma 
República Federativa e daí já decorrem princípios fundamentais para 
se entender a tributação no Brasil: o Princípio Republicano e o Princípio 
Federativo. O termo “república” deriva de res publica, a coisa pública, 
a soberania popular, a emanação do poder diretamente do povo ou 
indiretamente pelos seus representantes, que no exercício de seus 
mandatos produzem leis, fonte única das obrigações dos cidadãos, 
inclusive das obrigações tributárias. A Lei Maior estabelece que ninguém 
será obrigado a fazer ou deixar de fazer algo senão em virtude de lei, 
fundamento do Estado de Direito.
Há leis federais, estaduais, municipais e nacionais, uma vez que há a 
União Federal, os Estados e os Municípios compondo a Federação, cada 
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qual com sua competência legislativa discriminada, que tem elementos 
essenciais: pluralidade de entes, equipotência e autonomia política 
(mas não soberania, eis que esta somente tem o Estado brasileiro). 
Ao exercerem essa autonomia política, ou seja, ao produzirem leis, 
submetem-se à Constituição Federal. Essas leis tratam de todos os 
temas, inclusive sobre a criação e a extinção de tributos e sobre a 
restituição de tributos pagos indevidamente.
Escreve Geraldo Ataliba:
3. Princípios republicano e federal
Alguns princípios constitucionais foram tradicionalmente postos pelos 
sucessivos legisladores constituintes como fundamentais a todo o sistema 
e, por isso, em posição de eminência relativamente a outros. No Brasil, 
os princípios mais importantes são os da Federação e da República. 
Por isso, exercem função capitular da mais transcendental importância, 
determinando inclusive como se deve interpretar os demais, cuja exegese 
e aplicação jamais poderão ensejar menoscabo ou detrimento para a 
força, eficácia e extensão dos primeiros. (ATALIBA, 1995, p. 9)
Estabelecidos estes dois princípios, Princípio Republicano e Princípio 
Federativo, que irradiam sua força por todo o ordenamento jurídico e, 
consequentemente, por todo o sistema tributário, abordaremos alguns 
dos princípios constitucionais tributários. Destes, os mais importantes 
são o Princípio da Estrita Legalidade, da Isonomia Fiscal, da Capacidade 
Contributiva, da Irretroatividade, da Anterioridade Anual e Nonagesimal, 
da Vedação de Confisco, da Não Cumulatividade, da Uniformidade 
Geográfica, entre outros.
O Princípio da Estrita Legalidade tem sua base positivada no artigo 
150, II, da Constituição Federal e deste decorre que o tributo somente 
pode ser criado ou aumentado por lei – aqui estamos nos referido à lei 
ordinária, em princípio, uma vez que existem tributos que demandam 
lei complementar. A lei ordinária é aprovada pelo legislativo, por maioria 
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simples, ou seja, metade mais um dos presentes na sessão legislativa, 
que, por sua vez, tem um quórum mínimo para se instalar.
Já a lei complementar é aprovada pelo legislativo por maioria absoluta, 
ou seja, metade mais um da totalidade do congresso, e é prevista para 
temas especificamente determinados pela Constituição Federal. Na 
área tributária, por exemplo, é exigência para a criação de empréstimo 
compulsório. Porém, não havendo exigência específica da Lei Maior, o 
tributo será criado por lei ordinária.
A Constituição Federal não cria tributos, mas sim a lei ordinária. Esse 
rigor específico para a criação de tributos pode ser esclarecido tomando-
se como exemplo o imposto sobre grandes fortunas. Na Lei Maior, entre 
os impostos federais, no artigo 153, encontramos que compete à União 
Federal criar impostos sobre grandes fortunas, porém estes ainda não 
existem, uma vez que não foi criada sua respectiva lei.
Outro aspecto importante relativo ao Princípio da Estrita Legalidade é 
relembrar que decorre de outro princípio importantíssimo, fundamento 
do próprio Estado de Direito, que é o Princípio da Legalidade. Ele 
determina que ninguém será obrigada a fazer ou deixar de fazer algo 
senão em virtude de lei, elencado entre os direitos e as garantias 
fundamentais.
Assim, observa-se que o sistema constitucional tributário é presidido 
por vários princípios constitucionais gerais e princípios constitucionais 
tributários. Eles estabelecem a observância dos comandos que devem 
estar presentes no planejamento tributário para garantir os direitos 
dos contribuintes, a fim de lhes dar segurança jurídica para operações e 
iniciativas que possam reduzir a carga tributária e justificar seus planos 
de ação.
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Referências
ANDRADE FILHO, Edmar Oliveira. Planejamento Tributário. São Paulo: Saraiva, 
2016.
ATALIBA, Geraldo. Hipótese de Incidência Tributária. 2. ed. São Paulo: Revista dos 
Tribunais, 1975.
ATALIBA, Geraldo. República e Constituição. São Paulo: RT, 1995.
BECKER, Alfredo Augusto. Teoria Geral do Direito Tributário. Saraiva, São Paulo, 
1998.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1998. Brasília: 
Presidência da República, 1988.
BRASIL. Lei n. 5172, de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário 
Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e 
Municípios. Brasília: Presidência da República, 1966.
CARVALHO, Paulo de Barros. Compliance no Direito Tributário. São Paulo: 
Thomson Reuters, 2018.
CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 28. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2017.
SCHOUERI, Luis Eduardo. Planejamento Tributário e o “Propósito Negocial”. São 
Paulo: Quartier Latin, 2010.
18
Aspectos societários do 
planejamento e operações 
preocupantes
Autoria: Edmo Colnaghi Neves
Leitura crítica: Ana Paula da Costa
Objetivos
• Compreender as operações societárias legais.
• Identificar oportunidades de economia tributária 
com operações societárias.
• Avaliar operações societárias punidas por 
autoridades tributárias.
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1. Operações societárias legais
As operações societárias representam iniciativas das sociedades, em 
especial das sociedades empresárias, com o objetivo de reorganizar os 
negócios tendo em vista a otimização dos resultados e o aprimoramento 
de sua estrutura para atingir os objetivos dos sócios e acionistas, 
podendo também incluir redução da carga tributária. No Brasil há 
muitas empresas familiares, e uma operação societária pode, muitas 
vezes, decorrer da necessidade de criar empresas distintas a serem 
lideradas por herdeiros diferentes do empreendedor que criou e 
desenvolveu a empresa originária, sob o controle de uma outra 
empresa, denominada holding.
Outras vezes a empresa desenvolve negócios diferentes, envolvendo a 
fabricação de produtos e a prestação de serviços que se especializam, 
demandando administrações diferentes. Pode acontecer também 
de a empresa ter um crescimento elevado e ver a oportunidade de 
incorporar outras empresas ao seu patrimônio, seja por uma questão 
de concentração de capital ou de verticalização do modelo de negócios. 
Como podemos ver, há inúmeros motivos para realizar operações 
societárias, podendo ocorrer entre eles também a oportunidade de 
economia de tributos, tema que desenvolveremos a seguir, fazendo-se o 
planejamento tributário com operações societárias.
Uma das operações societárias mais comuns é a incorporação de 
empresas. Nesse tipo de negócio, a empresa incorporada deixa de 
existir e passa a fazer parte da empresa incorporadora, que passa 
a assumir todos os seus direitos e obrigações, inclusive aqueles de 
natureza tributária. Essaoperação é diferente da operação de fusão de 
empresas, menos comum, em que duas ou mais empresas deixam de 
existir, passando a formar uma nova empresa, que sucede as empresas 
fusionadas em direitos e obrigações.
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Podemos ainda citar as cisões societárias, que podem ser totais 
ou parciais. Nas cisões parciais, uma parte da empresa é cindida, 
constituindo seu patrimônio respectivo uma nova empresa e 
remanescendo a empresa original com o que não foi cindido. Já na cisão 
total, a empresa originária deixa de existir e seu capital passa a constituir 
duas ou mais empresas novas.
Essas operações visam aproveitar o prejuízo fiscal, de crédito tributário, 
de incentivo fiscal, aquisição de investimento, dedutibilidade do ágio 
comprador, problemas dos passivos, sucessão tributária, entre outros. É 
dever legal dos administradores das empresas aumentar o faturamento, 
diminuir as despesas e consequentemente aumentar os lucros. Como 
os tributos estão entre as maiores despesas das empresas, elas devem 
dar especial atenção ao pagamento destes a partir das alternativas 
estabelecidas pela própria legislação.
As pessoas físicas, por exemplo, quando do preparo e da entrega da 
declaração anual do imposto de renda, deparam-se com os formulários 
eletrônicos dando opção de declaração simples ou completa, com 
deduções padronizadas ou completas. Nesse momento, a pessoa 
deverá analisar seus rendimentos e suas despesas dedutíveis (eis que 
nem todas as despesas são dedutíveis) e tomar uma decisão embasada 
sobre a melhor alternativa que a levará a pagar menos imposto. Para as 
pessoas jurídicas, também existem alternativas, mas em geral em uma 
escala bem mais complexa.
As empresas devem pagar o IRPJ (Imposto de Renda da Pessoa Jurídica) 
e a (CSLL – Contribuição Social sobre o Lucro Líquido), segundo o regime 
do lucro real ou o regime do lucro presumido. Se a empresa tiver um 
faturamento dentro dos limites legais, como veremos mais adiante, 
poderá ainda pagar seus tributos pelo regime do Simples. A opção 
por um desses regimes, que se dá uma vez por ano, somente pode 
ser alterada no ano seguinte, devendo cumprir durante o ano todo a 
apuração e o recolhimento dos tributos conforme a opção realizada.
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2. Oportunidade de economia tributária
No regime de apuração do lucro real, inicialmente se faz a apuração 
contábil do lucro, fazendo o balanço mensal e a DRE (Demonstração do 
Resultado do Exercício). Então, calculam-se todas as despesas e custos 
e apura-se o lucro líquido. Sobre esse valor apurado, paga-se o IRPJ 
(Imposto de Renda da Pessoa Jurídica).
No que se refere às contribuições ao PIS/COFINS, temos que, na 
contribuição ao PIS, as alíquotas de tributação são: 0,65% ou 1,65% em 
relação ao faturamento da empresa. Já a COFINS é composta por duas 
alíquotas: 3% ou 7,6% sobre o lucro bruto da empresa. No lucro real são 
adotadas as alíquotas maiores, 1,65% para o PIS e 7,6% para COFINS, 
porém serão permitidas compensações com créditos de operações 
anteriores.
Nesse regime, as empresas prestadoras de serviços irão pagar o ISS 
conforme a alíquota definida por lei municipal, que pode variar até 
a alíquota de 5% incidente sobre o valor total da nota fiscal. Caso a 
empresa também venda mercadorias, terá que pagar o ICMS (Imposto 
sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) de transporte interestadual, 
intermunicipal e comunicação, cujas alíquotas variam em média de 4% a 
18%.
O ICMS, como vimos anteriormente, segue o Princípio da Não 
Cumulatividade, em que são tomados créditos das operações anteriores 
de aquisição de mercadorias, são lançados débitos nas operações de 
saídas de mercadorias, e posteriormente é feito um confronto entre os 
créditos e os débitos e pago o tributo pela diferença positiva. Caso a 
diferença seja negativa, ou seja, se empresa teve mais créditos do que 
débitos no período, não pagará tributo, e o saldo é transferido para o 
período seguinte de apuração.
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O IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) também segue o 
Princípio da Não Cumulatividade, lançando-se créditos das aquisições 
e débitos nas vendas e pagando-se o imposto sobre as diferenças 
positivas, naturalmente se estivermos tratando de empresas industriais. 
Incide se a empresa tiver algum processo que se enquadre no conceito 
legal de industrialização, que abrange várias atividades, inclusive o 
simples processo de inserir as mercadorias em embalagens.
Há uma longa lista de produtos definidos em normas infralegais, cada 
qual com alíquotas diferentes, o que se denomina de classificação fiscal. 
O contribuinte deve consultar essa longa lista e indicar a classificação e 
a alíquota aplicável. A adoção da alíquota errada levará à autuação e à 
cobrança de multa, além da diferença do tributo se a alíquota adotada 
for menor do que a devida.
Há ainda a contribuição ao INSS (Instituto Nacional da Seguridade 
Social), calculada sobre o valor da folha de salários, pró-labore e avulsos, 
com alíquotas que variam conforme o código de atividade da empresa, a 
classificação do grau de risco e o fator acidentário previdenciário.
Fazendo uma breve conclusão sobre esse regime do lucro real, devemos 
reiterar que é possível tomar créditos de IPI, ICMS e PIS/COFINS, o que 
pode parecer em princípio sempre vantajoso, mas isso nem sempre é 
verdadeiro, visto que nem todas as aquisições dão direito a crédito. Há 
restrições legais sobre alguns produtos, especialmente aqueles insumos 
que não integram fisicamente o produto final que será vendido. Isso é o 
que se denomina de sistema de crédito físico em oposição a um sistema 
mais amplo, adotado pela maioria dos países, o sistema de crédito 
financeiro, em que tudo o que a empresa adquire gera direito de crédito 
para compensação. O sistema de crédito físico tem aberto oportunidade 
para algumas exceções.
O regime do lucro real é mais conveniente para as empresas que têm 
uma grande quantidade de custos e despesas, que, confrontadas 
23
com o faturamento, indicam uma pequena margem de lucro e 
consequentemente uma base de cálculo menor para o IRPJ e a CSLL. 
Nesse regime, será necessário considerar todas as despesas para se 
chegar à base de cálculo do imposto. Operações societárias podem 
possibilitar uma melhor reestruturação das empresas para viabilizar os 
regimes tributários que assegurem uma maior economia tributária, o 
que deve ser analisado caso a caso.
Já no regime do lucro presumido, a situação é diversa. A própria 
legislação estabelece percentuais para se apurar o lucro que será a 
base de cálculo do IRPJ e da CSLL. Esses percentuais variam conforme 
a atividade da empresa, seja comércio, serviços ou indústria, conforme 
veremos mais adiante. Há um limite de faturamento anual de R$ 78 
milhões para se escolher esse regime. Se o faturamento anual for acima 
desse valor, a empresa necessariamente deverá optar pelo lucro real.
Nesse caso, novamente tem lugar a oportunidade de realizar operações 
de incorporações, fusões ou cisões societárias, ajustando a empresa 
ou as empresas e seus respectivos faturamentos às respectivas 
condicionantes da legislação tributária. Para isso, há duas regras, uma 
relativa a empresas de serviços e outra para empresas de produtos e 
mercadorias.
No regime do lucro presumido, as alíquotas das contribuições ao PIS/
COFINS são menores, 0,65% para o PIS e 3% para a COFINS. Porém, o 
sistema não permite compensação com créditos dos tributos incidentes 
sobre os insumos.
Diante do que foi apresentado, qual seria então a melhor alternativa? 
Isso vai depender do tipo de negócio da empresa, que deve ser 
estudado e planejado a partir de estimativas e projeções, entrando em 
cena o planejamento tributário.
24
É necessário destacar também que a legislação nesse regime estabelece 
uma presunção legal de quanto seria o lucro, a depender da atividade 
exercida pela empresa, ou seja, se é uma prestação de serviços, venda 
de mercadorias ou produtos. O RIR (Regulamento do Imposto de Renda), 
aprovado pelo Decreton. 9.580, de 2018, define percentuais a serem 
calculados sobre a receita bruta para se apurar o lucro. Seguem alguns 
exemplos:
• Atividade de revenda de derivado de petróleo para combustível: 
1,6%.
• Serviços de transporte: 16%.
• Prestação de serviços em geral: 32%.
• Empresas em geral: 8%.
A escolha de uma das opções para o recolhimento do IRPJ e da 
CSLL afetará a possibilidade ou não de se escolher o regimento de 
recolhimento de outros tributos, a COFINS e a Contribuição ao PIS, 
que passaremos aqui a denominar simplesmente de PIS/COFINS. Essa 
contribuição pode ser apurada e recolhida pelo sistema cumulativo ou 
pelo sistema não cumulativo. No sistema cumulativo, não é permitido 
tomar créditos das operações anteriores e fazer uma compensação com 
o valor incidente na operação seguinte, mas as alíquotas são menores 
do que no regime não cumulativo.
Por outro lado, no regime não cumulativo é permitido tomar créditos 
dos tributos incidentes nas operações anteriores com a aquisição de 
insumos. No entanto, as alíquotas incidentes são maiores.
Então, qual é a melhor alternativa? É sempre possível escolher qualquer 
um desses regimes de apuração e recolhimento de PIS/COFINS? Uma 
vez feita a escolha, é possível alterá-la? A qualquer momento?
25
A melhor alternativa dependerá do tipo de negócio da empresa. Se 
tem em seus insumos uma proporção considerável em comparação 
ao faturamento, poderá gerar muitos créditos a serem compensados 
com os valores devidos nas vendas, e, então, valerá a pena o sistema 
não cumulativo, ainda que neste as alíquotas sejam muito mais altas do 
que no outro regime. Por outro lado, se os insumos representam uma 
pequena proporção em relação ao faturamento, a empresa terá poucos 
créditos a serem compensados com os débitos, e nesse caso seria mais 
interessante o sistema cumulativo, em que não são tomados créditos 
das operações anteriores, mas as alíquotas são menores.
Esse planejamento também deve entrar em cena antes de se pensar 
nas contribuições ao PIS/COFINS, porque esses regimes são definidos 
conforme a escolha dos regimes de apuração e recolhimento do IRPJ/
CSLL. Assim, se a empresa optou por apurar e recolher o IRPJ/CSLL pelo 
regime do lucro real, a contribuição ao PIS/COFINS deve ser apurada 
com base no regime não cumulativo, salvo algumas exceções. Por outro 
lado, se o regime escolhido foi o do lucro presumido, a apuração e o 
recolhimento da contribuição ao PIS/COFINS serão o sistema cumulativo, 
necessariamente.
Nesse sentido, podemos dizer que existem variáveis a serem 
consideradas conjuntamente no planejamento tributário quando da 
escolha do regime de apuração. Em outras palavras, além dos efeitos 
sobre o IRPJ e a CSLL, também é necessário avaliar as contribuições ao 
PIS/COFINS.
Diante das operações societárias anteriormente mencionadas, 
incorporação e cisão, total ou parcial, empresas podem ser criadas, 
transformadas e extintas, sendo possível adequá-las de uma melhor 
forma a um regime tributário menos oneroso.
26
3. Operações preocupantes
Se a empresa tem uma receita bruta anual até o limite de R$ 4,8 milhões, 
poderá optar pelo regime do Simples Nacional. Com efeito, a Lei 
Complementar n. 123, de 14 de dezembro de 2006, em seus artigos 1º e 
3º, prescreve esses parâmetros.
Como se observa, essa lei estabelece o regime diferenciado para 
o recolhimento e o cumprimento de obrigações acessórias para 
microempresas e para empresas de pequeno porte, que são 
conceituadas a partir de valores máximos de receita bruta. Para tais 
empresas, em princípio, será mais vantajoso adotar o regime do 
Simples. No entanto, a legislação define certas situações que impedem 
certas pessoas jurídicas de o adotarem.
A lei citada impede as seguintes pessoas jurídicas: aquelas que tenham 
em seu capital outra pessoa jurídica; pessoas jurídicas que sejam filial, 
sucursal, agência ou representação, no País, de pessoa jurídica com sede 
no exterior; e aquelas de cujo capital participe pessoa física que esteja 
inscrita como empresária ou seja sócia de outra empresa que receba 
tratamento jurídico diferenciado nos termos dessa Lei Complementar. 
Temos ainda: a pessoa jurídica cujo titular ou sócio participe com mais 
de 10% (dez por cento) do capital de outra empresa não beneficiada 
pela Lei Complementar; aquela cujo sócio ou titular seja administrador 
ou equiparado de outra pessoa jurídica com fins lucrativos; as pessoas 
jurídicas constituídas sob a forma de cooperativas, salvo as de consumo; 
pessoas jurídicas que participem do capital de outra pessoa jurídica; 
aquelas que exerçam atividade de banco comercial, de investimentos 
e de desenvolvimento, de caixa econômica, de sociedade de crédito, 
financiamento e investimento ou de crédito imobiliário, de corretora ou 
de distribuidora de títulos, valores mobiliários e câmbio, de empresa 
de arrendamento mercantil, de seguros privados e de capitalização 
ou de previdência complementar; pessoas jurídicas resultantes ou 
27
remanescentes de cisão ou qualquer outra forma de desmembramento 
de pessoa jurídica que tenha ocorrido em um dos 5 (cinco) anos-
calendário anteriores; aquelas constituídas sob a forma de sociedade 
por ações; pessoas jurídicas cujos titulares ou sócios guardem, 
cumulativamente, com o contratante do serviço relação de pessoalidade, 
subordinação e habitualidade, conforme previsto no art. 3º, § 4º.
Operações societárias muitas vezes são realizadas para transformar uma 
empresa que tinha um faturamento acima do limite de faturamento do 
Simples Nacional em várias empresas cujos faturamentos individuais 
fiquem dentro do limite, a fim de se beneficiarem dessa tributação mais 
favorecida. Trata-se de operações societárias preocupantes, uma vez 
que as autoridades tributárias não reconhecem tais operações como 
sendo legítimas, por falta do que se denomina de “propósito negocial”. 
Assim, é determinada sua ilegalidade, com o pagamento de multas, 
e são exigidos impostos como se a operação societária nunca tivesse 
existido.
Assim sendo, de acordo com o CARF (Conselho Administrativo de 
Recursos Fiscais), as operações societárias não podem ter como único 
objetivo a redução da carga tributária. Dessa forma, devem ter também 
outros objetivos, como uma reorganização dos negócios, para fins de 
sucessão ou aprimoramento dos processos produtivos, separando 
empresas de produtos de empresas de serviços, por exemplo.
No regime do Simples, vários tributos são pagos de modo conjunto 
a partir de determinadas alíquotas conforme faixas de faturamento 
definidas por lei, segundo também os ramos de atividade de indústria, 
comércio ou serviços. Para os serviços, a lei estabelece três tabelas 
distintas (conforme o tipo de serviço prestado, com alíquotas distintas). 
Assim, nos anexos à Lei Complementar n. 123/2006, temos cinco tabelas, 
divididas conforme faixas de faturamentos e indicando respectivamente 
percentuais que, uma vez aplicados e recolhidos, indicarão que a 
28
empresa pagou, conjuntamente: IRPJ, CSLL, PIS, COFINS, IPI, ICMS, ISS e 
contribuição ao INSS.
As três tabelas relativas a empresas de serviços indicam serviços 
diferentes com cargas tributárias distintas. A tabela menos onerosa é a 
Tabela III. No entanto, uma empresa poderá ser reclassificada para um 
tabela mais onerosa caso a folha de salários represente um percentual 
menor do que 28% do faturamento, indicando aí um objetivo extrafiscal 
do legislador, que busca estimular a contratação de mão de obra.
Esses últimos serviços, constantes da Tabela V, poderão ser 
enquadrados na Tabela III, a menos onerosa, caso a folha de salários 
venha a representar mais de 28% do faturamento da empresa. Observa-
se aí novamente a extrafiscalidade, buscando-se o aumento do 
emprego.
Nota-se, assim, que o regime do Simples, apesar do nome, apresenta 
complexidade, e o planejamento tributário precisará considerar todos 
esses aspectos para saber se a empresa pode adotá-lo. Uma vez 
adotado, deverá monitorar seufaturamento para averiguar se em algum 
momento não excederá o limite, bem como adotar estratégias para se 
enquadrar na tabela menos onerosa, em se tratando de serviços.
A adoção de um dos três regimes, quando legalmente permitido, 
é o início do planejamento tributário e, tendo em vista a dinâmica 
dos negócios, em constante transformação, requererá seu contínuo 
gerenciamento, que inclui atualizações sobre a legislação. No momento 
em que se escreve este texto, tem-se notícia de que está em curso uma 
reforma tributária que poderá estar em vigor no próximo ano, com 
algumas modificações, incluindo a questão da tributação dos dividendos 
e a diminuição das alíquotas do IRPJ, entre outras modificações.
29
Referências
ATALIBA, Geraldo. Hipótese de Incidência Tributária. 2. ed. São Paulo: Revista dos 
Tribunais, 1975.
ATALIBA, Geraldo. República e Constituição. São Paulo: RT, 1995.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília: 
Presidência da República, 1988.
BRASIL. Lei Complementar n. 123, de 14 de dezembro de 2006. Institui o 
Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte [...]. Brasília: 
Presidência da República, 2006.
BRASIL. Lei n. 5.172, de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário 
Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e 
Municípios. Brasília: Presidência da República, 1966.
MACHADO, Hugo de Brito. Introdução ao Planejamento Tributário. 2. ed. São 
Paulo: Malheiros, 2019.
30
Dolo, fraude e simulação em 
matéria tributária
Autoria: Edmo Colnaghi Neves
Leitura crítica: Ana Paula da Costa
Objetivos
• Aprender sobre situações de dolo em matéria 
tributária.
• Verificar planejamentos que podem se caracterizar 
como fraudes tributárias.
• Identificar simulações em planejamentos tributários.
31
1. Introdução
O CTN (Código Tributário Nacional), Lei n. 5.172, de 25 de outubro de 
1966, foi criado originalmente como lei ordinária. No entanto, tendo em 
vista que estabelece normas gerais de direito tributário, foi recepcionado 
quando da promulgação da atual Constituição Federal, em 5 de outubro 
de 1988, e continua em vigor atualmente em grande parte de seus 
artigos. Porém, assumiu o status de lei complementar, tendo em vista 
que na atual ordem constitucional normas gerais de direito tributário 
são matéria de lei complementar, e não de lei ordinária. De fato, no 
art. 146 da Constituição de 1988, consta “Cabe à lei complementar: 
III–estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, 
especialmente sobre (...).”.
Assim, há várias normas sobre dolo, fraude e simulação no CTN, que 
analisaremos adiante. De início, cabe esclarecer que um ato praticado 
com dolo é um ato em que o agente desejou ou assumiu o risco de 
praticar um delito. Na fraude, temos um ato ardiloso com o objetivo de 
enganar alguém usando de má-fé a fim de obter uma vantagem indevida 
e, no caso de temas tributários, de deixar de cumprir a obrigação 
principal e a acessória. Por fim, na simulação, duas ou mais pessoas 
estabelecem um acordo para criar uma situação aparente que lhes 
traz benefícios de redução ou supressão da carga tributária, mas que 
efetivamente não corresponde à realidade, caracterizando-se assim 
como um ilícito.
Outra referência importante ao tratarmos de dolo, fraude e simulação 
é a lei de crimes tributários, Lei Ordinária Federal n. 8.137, de 27 de 
dezembro de 1990. Ela define crimes contra a ordem tributária, a ordem 
econômica e as relações de consumo, além de dar outras providências, 
como veremos mais adiante.
32
Além disto, há milhares de leis municipais e dezenas de leis estaduais, 
federais e nacionais que tratam desses temas quando normatizam os 
tributos de suas competências. Estas não serão abordadas neste texto, 
mas deverão ser pesquisadas por aqueles que farão planejamento 
tributário envolvendo tributos específicos.
As obrigações tributárias, principal e acessória, são definidas por lei. A 
violação das leis mediante dolo, fraude e simulação, naturalmente, é 
ilícita e objeto de penalizações. E o que podemos destacar sobre as leis 
que definem as obrigações tributárias e as penas para o dolo, a fraude e 
a simulação?
2. Princípio da Legalidade
Inicialmente, temos no CTN a fiel observância ao Princípio da Legalidade, 
no artigo 97, que estabelece que somente a lei pode criar penalidades 
por atos ou omissões que venham se caracterizar como violação 
da legislação tributária. Esse princípio consta entre os direitos e as 
garantias fundamentais assegurados pela CF e estabelece que ninguém 
é obrigado a fazer ou deixar de fazer algo senão em virtude de lei (aqui 
nos referimos à lei no sentido estrito, como sendo a espécie normativa 
aprovada pela casa legislativa).
É de se notar, a título de exemplo, que o Código Penal também 
estabelece, logo em seu primeiro artigo, que não há crime sem lei que o 
defina e que essa definição deve ser prévia à sua ocorrência, criando-se 
assim segurança jurídica pela previsibilidade da conduta dos cidadãos e 
das empresas que administram.
Mais adiante, o CTN estabelece algumas regras de interpretação na 
aplicação de penalidades às infrações tributárias. Determina em seu 
artigo que a interpretação deve ser mais favorável ao acusado, no 
33
caso de haver dúvidas sobre a capitulação legal do fato, a natureza 
ou circunstâncias materiais do fato, a natureza ou extensão dos seus 
efeitos; a autoria, imputabilidade ou punibilidade; a natureza da 
penalidade aplicável ou a sua graduação. Assim, ao intérprete, juiz ou 
autoridade, que vai decidir e aplicar a lei, o CTN estabelece critérios de 
interpretação para os casos de infrações tributárias.
3. Dolo, fraude e simulação no CTN
Outro tema que vem a ser abordado pelo CTN diz respeito à intenção, 
ou seja, o dolo do agente ou do responsável quando do cometimento de 
infrações tributárias. Sua intenção é relevante? Tem efeitos jurídicos? A 
caracterização da infração depende dessa intenção? O CTN estabelece 
que não é relevante, salvo se houver disposições expressas em alguma 
lei para situações específicas. Feitas essas ressalvas, a intenção do 
agente, o dolo, é irrelevante.
O CTN também prescreve que a responsabilidade por infrações à 
legislação tributária independe da efetividade, natureza ou extensão do 
ato, da mesma forma ressalvando a existência de disposição de lei em 
contrário.
Outro tema que é objeto de normatização pelo CTN quanto às 
infrações tributárias diz respeito à pessoalidade da responsabilidade 
por crimes ou contravenções. Aqui naturalmente estamos tratando de 
administradores, pessoas físicas que atuam em nome e no interesse de 
pessoas jurídicas, pondo-se uma problemática que terá vários efeitos na 
própria legislação, na doutrina e na jurisprudência, como veremos mais 
adiante.
Agindo o administrador de acordo com a lei, o estatuto ou o contrato 
social da empresa, a responsabilidade será da pessoa jurídica. Por 
34
outro lado, ultrapassando os limites do que estabelece a lei, bem 
como os documentos societários em alguns casos e os mandatos, a 
responsabilidade passa a ser pessoal pelas infrações tributárias.
Além dessas situações, nos casos em que exista dolo específico, intenção 
do agente, naturalmente a responsabilidade será pessoal. Então, o 
CTN passa a listar quem seriam essas pessoas com responsabilidade 
pessoal: mandatários, prepostos ou empregados, diretores, gerentes ou 
representantes de pessoas jurídicas de direito privado, entre outros.
A instituição da “denúncia espontânea” é mais um tema que vem a ser 
legislado pelo CTN. Ele estabelece, por assim dizer, um incentivo àqueles 
contribuintes que voluntariamente informam à autoridade tributária 
que deixaram de cumprir suas obrigações tributárias. Para estimular 
essa prática, determina a exclusão da responsabilidade, porém institui 
algumas condições: pagamento do tributo devido com juros de mora, 
além do fato de ser uma denúncia efetivamente espontânea.
Noentanto, se o contribuinte já está sendo objeto de um procedimento 
específico de fiscalização, já tem o receio de que em breve a violação 
será descoberta. Nesses casos, a denúncia não será mais espontânea, 
deixando de existir a possibilidade de exclusão da responsabilidade.
Outro tema relativo às infrações tributárias, dentro da âmbito de 
normas gerais estabelecidas pelo CTN, é aquele relativo à anistia. Obriga 
o Código que sejam alcançados pela anistia somente os fatos ocorridos 
antes da publicação da lei que a concede e determina sua não aplicação 
nos seguintes casos: atos que sejam praticados com dolo, fraude ou 
simulação pelo sujeito passivo ou por terceiro em benefício daquele; e 
infrações resultantes de conluio entre duas ou mais pessoas naturais ou 
jurídicas. Além disso, a anistia pode abranger somente as infrações a um 
determinado tributo ou as infrações dentro de um certo limite de valor, 
definidos pela própria lei.
35
4. Evasão e sonegação fiscal
Tratando de planejamento tributário, é importante estabelecer de 
modo claro que as expressões evasão e sonegação fiscal são adotadas 
pelos doutrinadores para abranger as práticas ilícitas tributárias que 
ilegalmente buscam a eliminação ou a redução da carga tributária, 
mediante a prática de ilícitos tributários, contravenções e crimes 
tributários. A delimitação do conceito de evasão fiscal é muito 
importante quando se trata de gerenciamento e planejamento 
tributário, visto que é um termo que se opõe ao conceito de elisão 
tributária. A evasão fiscal é a prática ilícita de redução ou eliminação do 
tributo, enquanto a elisão fiscal é a prática lícita, de acordo com a lei, de 
redução ou eliminação da carga tributária.
Várias iniciativas são adotadas pelos contribuintes para a eliminação 
ou a redução da carga tributária em conformidade com a lei, tendo a 
própria legislação alternativas para que possam se programar e assim 
pagar menos tributos. Veja-se o exemplo dos regimes tributários do 
lucro real, do lucro presumido e do Simples.
Uma vez por ano, no mês de janeiro, os contribuintes têm a 
oportunidade de optar sobre como farão o pagamento do imposto de 
renda durante todo o resto do exercício. Assim, podem determinar 
se farão por meio do cálculo detalhado de despesas e faturamento, 
chegando assim ao lucro, ou adotando um lucro presumido, definido 
por lei.
Para cada empresa, deve ser feita uma estimativa, uma análise de 
negócios, uma projeção dos negócios, a fim de avaliar a melhor 
alternativa. Tomada a decisão correta, durante o ano, a empresa 
pagará menos tributos, e isso é a chamada elisão fiscal. Por outro 
lado, se uma empresa deliberadamente faz cisões, subdividindo-se em 
várias empresas idênticas de tal forma que cada uma delas tenha um 
36
faturamento anual abaixo de R$ 4,8 milhões e assim todas paguem 
os tributos pelo regime do Simples (que tem esse limite legal de 
faturamento anual), então teremos uma situação de ilegalidade, uma 
evasão fiscal.
5. Crimes tributários
O artigo 1º do Código Penal, Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 
1940, estabelece que não há crime sem lei anterior que o defina. Não há 
pena sem prévia cominação legal.
A importância desse dispositivo é enorme e por isso vale a pena reiterá-
lo aqui ao iniciarmos a abordagem sobre crimes tributários. Primeiro 
porque assegura que a lei não irá retroagir, colhendo de surpresa o 
cidadão ou a entidade ao determinar que um determinado ato que 
não era crime passe a ser crime antes que assim seja determinado; e 
segundo porque, para se caracterizar um ato ou um fato como crime, é 
necessário que exista uma lei votada e aprovada nas casas legislativas 
em que estão os representantes eleitos pelo próprio povo que irá 
obedecer a essas leis, fundamentando-se assim a democracia e o 
estado de direito. Se não fosse assim, autoridades arbitrárias poderiam 
considerar como criminosas práticas segundo seu subjetivismo ou 
mesmo alcançar fatos passados, criando insegurança jurídica.
Vale ressaltar que isso abrange todos os crimes, inclusive os crimes 
tributários, cujo conhecimento é fundamental para o gerenciamento 
e o planejamento de tributos. Isso porque, se não forem pensados de 
acordo a legislação, poderão caracterizar infração tributária ou crime 
tributário; por outo lado, se forem pensados de acordo com a lei, 
poderão otimizar o pagamento, com redução da carga tributária e sem o 
risco de penalidades.
37
5.1 Crimes tributário materiais
A Lei de Crimes Tributários (Lei Ordinária Federal n. 8.137, de 27 de 
dezembro de 1990) estabelece que é crime reduzir ou suprimir a 
obrigação de pagar tributos, se isso ocorrer em virtude de determinadas 
práticas que discrimina em seu artigo 1º. Essas práticas têm implícitas 
atividades realizadas com dolo, fraude ou simulação. Dessa forma, 
são crimes tributários (denominados de crimes materiais) desde que 
resultem na redução ou na supressão de tributos ou de obrigações 
acessórias:
• Omissão ou prestação de informações falsas: omitir informação ou 
prestar declaração falsa às autoridades fazendárias.
• Fraudes: fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos 
inexatos ou omitindo operação de qualquer natureza, em 
documento ou livro exigido pela lei fiscal.
• Falsificação de documentos: falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, 
duplicata, nota de venda, ou qualquer outro documento relativo à 
operação tributável.
• Elaboração de documentos inexatos: elaborar, distribuir, fornecer, 
emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber falso ou 
inexato.
• Recusa no fornecimento de informações ou documentos: negar ou 
deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal, ou documento 
equivalente, relativa à venda de mercadoria ou à prestação de 
serviço, efetivamente realizada, ou fornecê-la em desacordo com a 
legislação.
No caso desses crimes, o Ministério Público, ao promover a ação penal, 
deverá comprovar que existiu o resultado, ou seja, houve a redução 
38
ou a supressão do tributo ou da obrigação acessória. Caso não seja 
comprovado, não teremos caracterizado o ilícito penal tributário.
5.2 Crimes tributários formais
Além desses crimes materiais, que dependem de um resultado (no 
caso, a redução ou a supressão do tributo), a Lei de Crimes Tributários 
também estabelece, em seu artigo 2º, crimes formais (que independem 
de um resultado). Essas práticas criminosas (que trazem implícitas ações 
com dolo, fraude e simulação) são as seguintes:
• Declaração falsa ou omissão: fazer declaração falsa ou omitir 
declaração sobre rendas, bens ou fatos, ou empregar outra fraude, 
para eximir-se, total ou parcialmente, de pagamento de tributo.
• Não recolhimento aos cofres públicos de tributo descontado ou 
cobrado de terceiros: deixar de recolher, no prazo legal, valor 
de tributo ou de contribuição social, descontado ou cobrado, na 
qualidade de sujeito passivo de obrigação e que deveria recolhê-lo 
aos cofres públicos.
• Exigência de benefícios em casos de benefício fiscal: exigir, pagar 
ou receber, para si ou para o contribuinte beneficiário, qualquer 
percentagem sobre a parcela dedutível ou deduzida de imposto ou 
de contribuição como incentivo fiscal.
• Não aplicação de incentivo fiscal: deixar de aplicar, ou aplicar em 
desacordo com o estatuído, incentivo fiscal ou parcelas de imposto 
liberadas por órgão ou entidade de desenvolvimento.
• Contabilidade paralela: utilizar ou divulgar programa de 
processamento de dados que permita ao sujeito passivo da 
obrigação tributária ter informação contábil diversa daquela que é, 
por lei, fornecida à Fazenda Pública.
39
Essas práticas, definidas como crimes tributários, são assim 
caracterizadas independentemente dos resultados que acarretem, 
sendo chamadas de crimes formais. Uma vez praticadas, bastará ao 
Ministério Público em ação penal comprovar sua materialidade e sua 
autoria para obter a condenação em juízo.
5.3 Penalidades tributárias
A falta de pagamento, pagamento a menor ou descumprimentodas 
denominadas obrigações acessórias acarretam várias penalidades, 
de várias naturezas, conforme dispõe a legislação de cada imposto 
e a unidade federativa, nos casos de tributos estaduais, municipais 
e do Distrito Federal. No caso dos crimes tributários anteriormente 
mencionados, há penas de multa e reclusão, sendo mais graves aquelas 
que se referem a crimes materiais e menos graves aquelas que se 
referem a crimes formais.
A título meramente exemplificativo, trazemos aqui que a legislação em 
geral sobre as demais infrações tributárias também estabelecem multas, 
além de outros tipos de penalidades, como penas de perdimento de 
bens e perdas de incentivos fiscais, entre outras. O RIR (Regulamento do 
Imposto de Renda) (Decreto n. 9.580, de 2018), por exemplo, estabelece 
uma longa lista de penalidades, como segue:
Art. 998. Nas hipóteses de lançamento de ofício, serão aplicadas as 
seguintes multas (Lei nº 9.430, de 1996, art. 44, caput , incisos I e II ):I–de 
setenta e cinco por cento sobre a totalidade ou a diferença de imposto 
sobre a renda, nas hipóteses de: a) falta de pagamento ou recolhimento; b) 
falta de declaração; e c) declaração inexata; (...).
Dessa forma, ao fazer o planejamento tributário, é importante 
considerar o que são infrações tributárias, crimes tributários, violações 
com base em dolo, em que há a intenção de causar um delito ou 
se assume que existe esse risco. Também é importante entender o 
40
que configura a fraude, em que deliberadamente documentos são 
falsificados para viabilizar o cometimento do delito, e a simulação, 
em que situações são criadas para dar uma aparência de legalidade 
e licitude, em situações efetivamente delituosas, que conduzirão 
ilegalmente à redução ou à supressão das obrigações tributárias. 
Reitera-se que essas práticas não são planejamento tributário, elisão 
fiscal, mas são antes evasão fiscal e podem acarretar penalizações com 
multas e até prisão em algumas situações.
Referências
ANDRADE FILHO, Edmar Oliveira. Planejamento Tributário. 2. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2016.
BORGES, Humberto Bonavides. Planejamento Tributário, IPI, ICMS, ISS e IR. 11. 
ed. São Paulo: Atlas, 2011.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília: 
Presidência da República, 1988.
BRASIL. Decreto n. 9.580, de 22 de novembro de 2018. Regulamenta a tributação, 
a fiscalização, a arrecadação e a administração do Imposto sobre a Renda e 
Proventos de Qualquer Natureza. Brasília: Presidência da República, 2018.
BRASIL. Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Brasília: 
Presidência da República, 1940.
BRASIL. Lei n. 5.172, de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário 
Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e 
Municípios. Brasília: Presidência da República, 1966.
BRASIL. Lei n. 8.137, de 27 de dezembro de 1990. Define crimes contra a ordem 
tributária, econômica e contra as relações de consumo, e dá outras providências. 
Brasília: Presidência da República, 1990.
CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 28. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2017.
FABRETTI, Láudio Camargo. Incorporação, Fusão, Cisão e Outros Eventos 
Societários: Tratamento Jurídico, Tributário e Contábil. São Paulo: Atlas, 2001.
GOYOS JÚNIOR, Durval de Noronha et al. Paraísos Fiscais, Planejamento 
Tributário Internacional. São Paulo: Observador Legal, 1988.
GRECO, Marco Aurelio. Planejamento Tributário. 3. ed. São Paulo: Dialética, 2011.
41
GUBERT, Pablo Andrez Pinheiro. Planejamento Tributário: análise jurídica e ética. 
Curitiba: Juruá, 2001.
GUTIERREZ, Miguel Delgado. Elisão e Simulação Fiscal. Revista Dialética de Direito 
Tributário, São Paulo, n. 66, p. 88-94, mar. 2001.
MALKOWSKI, Almir. Planejamento Tributário e a questão da elisão tributária. 
São Paulo: LED, 2000.
42
Grupos econômicos e qualificação 
das infrações
Autoria: Edmo Colnaghi Neves
Leitura crítica: Ana Paula da Costa
Objetivos
• Compreender a relevância dos grupos econômicos 
para a solidariedade tributária.
• Identificar as condições e as consequências da 
responsabilidade tributária nos grupos econômicos.
• Analisar as qualificações das infrações tributárias.
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1. Grupos econômicos – Conceito
Grupos econômicos são grupos de sociedades empresárias que podem 
ter reflexos ou não em matéria tributária, como veremos mais adiante. 
A seguir trazemos o conceito estabelecido pela doutrina de Direito 
Comercial, que institui um foco na questão relativa ao esforço comum:
São as sociedades das sociedades, que, apesar de se manterem 
independentes, unem recursos e esforços para a realização de objetivos 
comuns. Os grupos societários podem apresentar inúmeras vantagens 
para as sociedades envolvidas, como, por exemplo o aumento da 
produtividade dos membros, o aumento da capacidade de comercializar 
e produzir em grande quantidade seus produtos, o aumento de lucros. 
(CREPALDI, 2010 p. 10)
Outro doutrinador também destaca a importância estratégica da 
combinação de esforços no grupo econômico:
2.Grupo de sociedades
A sociedade controladora e suas controladas podem constituir um grupo 
de sociedades. Para tanto, deverão estabelecer uma convenção, por meio 
do qual se obrigam a combinar recursos ou esforços para a realização 
dos respectivos objetos, ou participar de empreendimentos comuns. 
(MAMEDE, 2020, p. 203)
2. Grupos econômicos – Reflexo no Direito 
Tributário
Para tratar do tema de grupos econômicos em Direito Tributário, é 
importante explorar o que estabelece o artigo 124 do CTN (Código 
Tributário Nacional), Lei n. 5.172, de 25 de outubro de 1966:
44
Art. 124. São solidariamente obrigadas:
I–as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o 
fato gerador da obrigação principal; 
II–as pessoas expressamente designadas por lei. 
Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta 
benefício de ordem.
Observa-se de início que esses dispositivos legais estão inseridos 
em uma secção intitulada “solidariedade”, que é um conceito legal. 
Ele estabelece ao credor de uma obrigação o direito de exigir o 
cumprimento da integralidade dessa obrigação de qualquer um dos 
devedores desta.
3. Conceito jurídico de solidariedade – Direito 
Civil e Direito Tributário
O Direito Civil também prevê o instituto da solidariedade, estabelecendo 
várias normas nesse sentido. Entre elas, destacam-se os artigos do 
Código Civil, Lei n. 10.406. de 10 de janeiro de 2002, que passamos a 
transcrever.
• Art. 264. Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre 
mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, 
ou obrigado, à dívida toda.
Nesse artigo, observamos que o conceito do Direito Civil do que 
é solidariedade, no sentido jurídico do termo, tem o mesmo 
direcionamento do conceito do Direito Tributário.
• Art. 265. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da 
vontade das partes.
45
Nesse artigo, fica claro que não há presunção de solidariedade. 
Esta deve estar expressa em uma lei, o que se coaduna com a 
reiterada importância do Princípio da Legalidade em matéria 
tributária, ou ainda é decorrente de uma declaração de vontade 
das partes.
• Art. 266. A obrigação solidária pode ser pura e simples para um 
dos cocredores ou codevedores, e condicional, ou a prazo, ou 
pagável em lugar diferente, para o outro.
Nesse artigo, destacam-se modalidades de obrigação de 
solidariedade, que podem variar se houver distinção sobre o lugar 
do pagamento, o prazo ou alguma outra condição.
A referência aos dispositivos do Código Civil é importante neste ponto 
sobre grupos econômicos e sua importância em matéria tributária, 
pois o próprio CTN determina que, na interpretação e na integração 
de conceitos de direito privado, estes não podem ser alterados pela 
legislação tributária, como segue:
Art. 110. A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o 
alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados,expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições 
dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, 
para definir ou limitar competências tributárias.
Estabelecidos esses conceitos fundamentais sobre solidariedade, nome 
da seção do CTN em que se insere o artigo 124 anteriormente transcrito, 
passemos a explorar o conteúdo deste artigo. Em seu inciso I, consta 
que são solidariamente obrigadas as pessoas que tenham interesse 
comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal.
46
4. Solidariedade e cumprimento da obrigação 
tributária
Obrigação principal é a de pagar o tributo, diferentemente da 
obrigação acessória, que constitui o dever de registrar dados, preparar 
documentos e informar às autoridades tributárias. Fato gerador, por sua 
vez, é o fato que materializa aquela hipótese legal descrita na norma, 
consistente com seu aspecto material (uma atividade tributável, como 
adquirir renda, circular mercadorias, ter propriedade imóvel, entre 
outras), seu aspecto espacial (o local onde ocorre a atividade) e seu 
aspecto temporal (o momento em que a atividade ocorre).
Nesses termos, as pessoas que tiverem interesse comum na situação 
que constitua fato gerador da obrigação tributária são obrigadas 
a satisfazer a obrigação de pagar o tributo, cada uma delas, em 
sua integralidade. Cabe aqui destacar que, embora essa obrigação 
não esteja expresso na norma, consta de modo implícito. Assim, 
exemplificativamente, se várias pessoas jurídicas formam um grupo 
econômico, entende-se que têm um interesse em comum. Então, 
se uma dessas pessoas pratica um fato gerador e passa a ter uma 
obrigação tributária, cada uma delas pode ser obrigada a pagar o tributo 
pelo seu valor inteiro, não podendo opor à autoridade tributária uma 
proporcionalização da dívida, por exemplo, conforme sua participação 
no grupo econômico.
5. Cumprimento da obrigação tributária – 
Consequências
Uma vez satisfeita a obrigação tributária por um dos codevedores, 
todos ficam adimplidos com relação a ela. Eventualmente, em uma ação 
de iniciativa de direito civil, aquele que cumpriu a obrigação tributária 
47
poderá ser reembolsado pelos demais, conforme o caso, mas isso está 
além da análise e da incidência tributária.
Sobre a satisfação da obrigação tributária por um dos devedores 
solidários, escreve Paulo de Barros Carvalho:
Para efeitos jurídico-tributários tais obrigações são indivisíveis, de modo 
que, havendo solidariedade passiva, cada um dos devedores solidários, em 
princípio, é obrigado pelo total da dívida e o pagamento feito por qualquer 
deles, aproveita aos demais (125, I). (CARVALHO, 2017, p. 331)
Devermos destacar também que os grupos econômicos são grupos de 
pessoas jurídicas em que uma empresa tem participação societária na 
outra. Porém, outras vezes, surgem grupos econômicos de fato, em 
que várias empresas atuam em conjunto, com interesses econômicos 
comuns, sem terem necessariamente participação societária umas nas 
outras.
O interesse da satisfação da obrigação tributária e consequentemente 
do crédito tributário, pelo Estado e por suas autoridades tributárias, 
com base nesse dispositivo legal (art. 124, I, do CTN), leva muitas vezes 
à pretensão de que se cobre a dívida tributária de qualquer uma das 
pessoas jurídicas que formam um grupo econômico, ainda que seja 
um grupo econômico de fato. Sem dúvida, a existência de um grupo 
econômico juridicamente constituído, com participações societárias, é 
uma decorrência necessária. Já a existência de um grupo econômico de 
fato demandará uma comprovação mais elaborada em uma autuação 
fiscal por uma autoridade tributária ou em uma ação judicial, uma 
execução fiscal, por exemplo.
De uma forma ou de outra, sendo um grupo econômico juridicamente 
constituído ou um grupo de fato, não basta essa presunção, conforme 
jurisprudência sobre o tema. Também é necessário que as empresas 
solidariamente obrigadas ao pagamento do tributo tenham contribuído 
48
para a conformação do fato gerador. Vejamos o que dispõe o artigo 128 
do CTN:
Art. 128. Sem prejuízo do disposto neste capítulo, a lei pode atribuir 
de modo expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira 
pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo 
a responsabilidade do contribuinte ou atribuindo-a a este em caráter 
supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação.
O artigo 128 do CTN inaugura o Capítulo V do referido diploma legal 
dedicado justamente a disciplinar a “responsabilidade tributária”. Em 
princípio, quem deve pagar o tributo é o contribuinte, aquele que 
realiza o fato gerador; no entanto, várias situações podem e levam o 
legislador a criar a obrigação de fazer o pagamento a outras pessoas 
distintas do contribuinte. São os chamados “responsáveis tributários”. 
Há responsabilidade tributária por sucessão, por substituição e por 
transferência.
Por fim, cabe destacar também que a solidariedade tributária 
disciplinada no artigo 124 do CTN, mencionada anteriormente, deve 
observar algumas regras, dispostas no artigo 125, que estabelece:
Art. 125. Salvo disposição de lei em contrário, são os seguintes os efeitos 
da solidariedade: 
I–o pagamento efetuado por um dos obrigados aproveita aos demais; 
II–a isenção ou remissão de crédito exonera todos os obrigados, salvo 
se outorgada pessoalmente a um deles, subsistindo, nesse caso, a 
solidariedade quanto aos demais pelo saldo; 
III–a interrupção da prescrição, em favor ou contra um dos obrigados, 
favorece ou prejudica aos demais.
Dessa forma, conforme apresentado nesse dispositivo de lei, se uma 
das pessoas solidariamente responsáveis quitar a dívida tributária, nada 
mais poderá ser cobrado das demais pessoas.
49
Temos também as situações de exclusão do crédito tributário, a isenção, 
ou sua extinção, no caso da remissão, abrangendo todos aqueles 
que estão solidariamente obrigados. Ressalva-se a situação em que 
a outorga tenha sido feita de modo pessoal, caso em que os demais 
continuarão responsáveis pela diferença do valor da dívida.
No inciso III, transcrito anteriormente, temos que, se uma pessoa 
do grupo econômico, que venha a ser caracterizado como um grupo 
solidariamente responsável no tema tributário, for prejudicada ou 
beneficiada pela interrupção da prescrição, isso também alcançará as 
demais pessoas, com o mesmo efeito.
6. Infrações tributárias e sua qualificação
Infrações tributárias, sua qualificação e suas consequências devem ser 
compreendidas por aqueles que fazem o planejamento tributário, para 
que este seja efetivamente um meio lícito de redução ou eliminação da 
carga tributária, nos termos da lei, e não uma prática com infrações que 
acarretarão penalidades ao contribuinte ou ao responsável tributário. 
Deve-se destacar, desde logo, que a responsabilidade por infrações 
tributárias é objetiva, o que significa dizer que a intenção do agente não 
deve ser levada em consideração na sua apreciação. Tendo o agente 
desejado ou não cometer a infração, uma vez que esta ocorreu, em 
princípio, deverá haver a penalidade.
Outro aspecto que também não afeta a apreciação da infração tributária 
é a natureza dos efeitos desta ou ainda a extensão de seus efeitos. 
Ainda que sejam de pouco valor, a infração estará caracterizada e 
deverá ocorrer a punição do transgressor. Tais qualificações da infração 
constam do artigo 136 do CTN, como se observa a seguir: “Art. 136. 
Salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da 
50
legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável 
e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato.”.
Sobre o tema, o renomado professor Hugo de Brito Machado faz uma 
interpretação diversa da literalidade do texto, como se observa a seguir:
O artigo 136 do CTN não estabelece a responsabilidade objetiva em 
matéria de penalidades tributárias, mas a responsabilidade por culpa 
presumida. A diferençaé simples. Na responsabilidade objetiva não se 
pode questionar sobre a intenção do agente. Já na responsabilidade 
por culpa presumida tem-se que a responsabilidade independe da 
intenção apenas no sentido de que não há necessidade de se demonstrar 
a presença de dolo ou de culpa, mas o interessado pode excluir a 
responsabilidade fazendo prova de que, além de não ter a intenção de 
infringir a norma, teve a intenção de obedecer a ela, o que não lhe foi 
possível fazer por causas superiores à sua vontade. (MACHADO, 2014, p. 
167)
Dessa forma, a infração e sua responsabilização não dependerão 
de prova de dolo ou de culpa, mas poderá o infrator defender-se 
demonstrando a existência de causas que poderão eliminar ou reduzir a 
penalidade.
As infrações tributárias podem ser crimes, conforme estabelecido na 
Lei n. 8.137, de 27 de dezembro de 1990, em seus artigos 1º e 2º, e 
contravenções, conforme discriminado nas dezenas de leis e decretos 
instituidores e regulamentadores, respectivamente, dos tributos pela 
União Federal, pelos Estados, pelos Municípios e pelo Distrito Federal, 
como o pagamento do tributo em atraso, que acarreta o pagamento de 
multa.
As empresas que se beneficiam do regime de apuração e pagamento 
de tributos pelo Simples Nacional devem estar atentas às restrições 
impostas pela Lei Complementar n. 123, de 14 de dezembro de 2006, 
em seu artigo 4º, parágrafo 3º. Entre as várias restrições, consta que 
51
as empresas do Simples Nacional não podem adotar esse regime se 
tiverem como sócias outras pessoas jurídicas ou se participarem de 
outras pessoas jurídicas como sócias, ou seja, a participação em grupos 
econômicos de empresas do Simples pode vir a ser caracterizada como 
infração tributária.
Por fim, cabe destacar que as sanções administrativas por infrações 
tributárias podem consistir em multa; apreensão de mercadorias, 
veículos ou documentos; perda de mercadorias; proibição de contratar 
com o Poder Público; perda de incentivo fiscal; perda do direito de optar 
por um determinado regime de apuração; pagamento dos tributos; e 
sujeição ao regime especial de fiscalização.
Referências
ATALIBA, Geraldo. Hipótese de Incidência Tributária. 2. ed. São Paulo: Revista dos 
Tribunais, 1975.
ATALIBA, Geraldo. República e Constituição. São Paulo: RT, 1995.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília: 
Presidência da República, 1988.
BRASIL. Lei n. 5.172, de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário 
Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e 
Municípios. Brasília: Presidência da República, 1966.
BRASIL. Lei n. 8.137, de 27 de dezembro de 1990. Define crimes contra a ordem 
tributária, econômica e contra as relações de consumo, e dá outras providências. 
Brasília: Presidência da República, 1990.
BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Brasília: 
Presidência da República, 2002.
CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 28. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2017.
CREPALDI, Silvio Aparecido. Direito empresarial, teoria e prática: questões 
objetivas, discursivas e peças profissionais com respostas. Curitiba: Juruá, 2010.
MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 35. ed. São Paulo: 
Malheiros, 2014.
52
MACHADO, Hugo de Brito. Introdução ao Planejamento Tributário. 2. ed. São 
Paulo: Malheiros, 2019.
MAMEDE, Gladston. Manual de Direito Empresarial. 14. ed. São Paulo: Atlas, 
2020.
53
	Sumário
	Apresentação da disciplina 
	Planejamento Tributário. Conceito, formas de atuação e limites
	Objetivos 
	1. Introdução 
	2. Sistema Tributário 
	3. Espécies de Tributos 
	4. Impostos 
	5. Taxas 
	6. Contribuição de Melhoria 
	7. Empréstimos Compulsórios 
	8. Contribuições Sociais 
	9. Princípios Constitucionais 
	Referências 
	Aspectos societários do planejamento e operações preocupantes
	Objetivos
	1. Operações societárias legais 
	2. Oportunidade de economia tributária 
	3. Operações preocupantes 
	Referências 
	Dolo, fraude e simulação em matéria tributária
	Objetivos 
	1. Introdução 
	2. Princípio da Legalidade 
	3. Dolo, fraude e simulação no CTN 
	4. Evasão e sonegação fiscal 
	5. Crimes tributários 
	Referências 
	Grupos econômicos e qualificação das infrações
	Objetivos 
	1. Grupos econômicos - Conceito 
	2. Grupos econômicos - Reflexo no Direito Tributário
	3. Conceito jurídico de solidariedade - Direito Civil e Direito Tributário
	4. Solidariedade e cumprimento da obrigação tributária
	5. Cumprimento da obrigação tributária - Consequências 
	6. Infrações tributárias e sua qualificação 
	Referências

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