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CUIDADO INTEGRAL À SAÚDE DO ADULTO II CUIDADO INTEGRAL À SAÚDE DO ADULTO II ORGANIZADOR WENDEL MOMBAQUE DOS SANTOS ORGANIZADOR WENDEL MOMBAQUE DOS SANTOS Cuidado Integral à Saúde do Adulto II GRUPO SER EDUCACIONAL Este livro aborda os cuidados com a saúde do adulto e todos os aspectos que envolvem o trabalho dos pro�ssionais da enfermagem. Uma obra didaticamente preparada para oferecer os principais temas do cuidado dos adultos pela equipe de enfermagem, onde serão apresentados aspectos epidemiológicos, preventivos, �siopatológicos e terapêuticos das doenças mais prevalentes nessa faixa etária, assim como alterações nos padrões de adoecimento, prevalência e causas do adoecimento, características das doenças crônicas e as fases da doença crônica, no sistema endócrino e no sistema hematopoético, principais tipos de anemias que mais acometem a população, sistema renal e geniturinário. A obra é bastante abrangente e ainda trata das alterações do sistema digestivo e do sistema musculoesquelético, focando também em condi- ções como fraturas, complicações das fraturas, amputação, mobilidade física e artrite reumatoide. Sucesso nos seus estudos! gente criando futuro I SBN 9786555581478 9 786555 581478 > C M Y CM MY CY CMY K CUIDADO INTEGRAL À SAÚDE DO ADULTO Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, do Grupo Ser Educacional. Diretor de EAD: Enzo Moreira Gerente de design instrucional: Paulo Kazuo Kato Coordenadora de projetos EAD: Manuela Martins Alves Gomes Coordenadora educacional: Pamela Marques Equipe de apoio educacional: Caroline Guglielmi, Danise Grimm, Jaqueline Morais, Laís Pessoa Designers gráficos: Kamilla Moreira, Mário Gomes, Sérgio Ramos,Tiago da Rocha Ilustradores: Anderson Eloy, Luiz Meneghel, Vinícius Manzi Santos, Wendel Mombaque dos. Cuidado Integral à Saúde do Adulto II / Wendel Mombaque dos Santos. – São Paulo: Cengage, 2020. Bibliografia. ISBN 9786555581478 1. Saúde - Enfermagem. 2. Enfermagem – Clínica Geral/Geriatria. Grupo Ser Educacional Rua Treze de Maio, 254 - Santo Amaro CEP: 50100-160, Recife - PE PABX: (81) 3413-4611 E-mail: sereducacional@sereducacional.com “É através da educação que a igualdade de oportunidades surge, e, com isso, há um maior desenvolvimento econômico e social para a nação. Há alguns anos, o Brasil vive um período de mudanças, e, assim, a educação também passa por tais transformações. A demanda por mão de obra qualificada, o aumento da competitividade e a produtividade fizeram com que o Ensino Superior ganhasse força e fosse tratado como prioridade para o Brasil. O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego – Pronatec, tem como objetivo atender a essa demanda e ajudar o País a qualificar seus cidadãos em suas formações, contribuindo para o desenvolvimento da economia, da crescente globalização, além de garantir o exercício da democracia com a ampliação da escolaridade. Dessa forma, as instituições do Grupo Ser Educacional buscam ampliar as competências básicas da educação de seus estudantes, além de oferecer- lhes uma sólida formação técnica, sempre pensando nas ações dos alunos no contexto da sociedade.” Janguiê Diniz PALAVRA DO GRUPO SER EDUCACIONAL Autoria Wendel Mombaque dos Santos Graduação em Enfermagem pela Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), especialista em Enfermagem do Trabalho pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), especialista em Ciências da Saúde pela Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), MBA em Gestão em Saúde pela Universidade de São Paulo (USP), mestrE em Enfermagem pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), doutor em Enfermagem pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e doutor em Enfermagem em Saúde do Adulto pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente é enfermeiro do trabalho da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, colaborador GRADE Center do Joanna Briggs Institute (Australia), pesquisador do Joanna Briggs Institute (Australia) e consultor de Avaliação de Tecnologias em Saúde. SUMÁRIO Prefácio .................................................................................................................................................8 UNIDADE 1 - Aspectos epidemiológicos e assistência em enfermagem aos adultos ........................9 Introdução.............................................................................................................................................10 1 A Enfermagem e as Doenças Mais Prevalentes em Nossa Sociedade................................................11 2 Alterações nos Padrões de Adoecimento .......................................................................................... 12 3 Prevalência e Causas do Adoecimento .............................................................................................. 15 4 Características das Doenças Crônicas ................................................................................................ 18 5 As fases da Doença Crônica e o Cuidado de Enfermagem .................................................................22 PARA RESUMIR ..............................................................................................................................27 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................28 UNIDADE 2 - Alterações no sistema endócrino e no sistema hematopoético ..................................31 Introdução.............................................................................................................................................32 1 Diabetes Mellitus ............................................................................................................................... 33 2 Função Tireoide Anormal ................................................................................................................... 36 3 Síndrome de Cushing ......................................................................................................................... 39 4 Sistema Hematopoético ..................................................................................................................... 41 5 Anemia ...............................................................................................................................................42 PARA RESUMIR ..............................................................................................................................49 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................50 UNIDADE 3 - Cuidado de enfermagem em pacientes com alterações no sistema renal, geniturinário e digestivo................................................................................................................53 Introdução.............................................................................................................................................54 1 Diálise .................................................................................................................................................55 2 Doenças Glomerulares Primárias ....................................................................................................... 59 3 Diarreia ..............................................................................................................................................62 4 Distúrbios Gastrointestinais ............................................................................................................... 64 5 Distúrbios Anorretais .........................................................................................................................68 PARA RESUMIR ..............................................................................................................................71 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................72 UNIDADE 4 - Cuidado de enfermagem em pacientes com alterações no sistema musculoesquelético......................................................................................................75 Introdução.............................................................................................................................................76 1 Contusões, Distensões e Entorses ...................................................................................................... 77 2 fraturas ...............................................................................................................................................80 3 Fraturas de Ossos Específicos ............................................................................................................ 82 4 Amputação .........................................................................................................................................89 5 Artrite Reumatoide ............................................................................................................................ 91 PARA RESUMIR ..............................................................................................................................94 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................95 Este livro aborda os cuidados com a saúde do adulto e todos os aspectos que envolvem o trabalho dos profissionais da enfermagem. Na primeira unidade, abordaremos os aspectos epidemiológicos, preventivos, fisiopatológicos e terapêuticos das doenças mais prevalentes em nosso meio, assim como a assistência em enfermagem aos adultos com afecções agudas e crônicas em diferentes especialidades. Explicaremos os aspectos importantes sobre a enfermagem e as doenças mais prevalentes em nossa sociedade, alterações nos padrões de adoecimento, prevalência e causas do adoecimento, características das doenças crônicas e as fases da doença crônica. Na sequência, trataremos das alterações no sistema endócrino e no sistema hematopoético, assim como a assistência em enfermagem aos adultos com afecções agudas e crônicas em diferentes especialidades. Os principais aspectos clínicos e sobre a enfermagem, epidemiológicos, psicossociais que fundamentam o cuidar, o cuidado de enfermagem nas doenças relacionadas aos sistemas citados antes. Finalizaremos com os principais tipos de anemias que mais acometem a população. A unidade três abordará as alterações do sistema renal e geniturinário, assim como as alterações do sistema digestivo. Os principais pontos a serem estudados sobre o cuidar em glomerulonefrite, procedimentos dialíticos, distúrbios hidroeletrolíticos e balanço hídrico, assim como diarreias, desnutrição, distúrbios gastrointestinais, distúrbios biliares, distúrbios pancreáticos, distúrbios hepáticos e distúrbios anorretais serão amplamente discutidos nesta unidade. A quarta unidade 4, cuidado de enfermagem em pacientes com alterações no sistema musculoesquelético, vai tratar da enfermagem na paracentese, assim como alterações do sistema musculoesquelético. Discutiremos o papel da enfermagem no cuidado dos adultos com doenças musculoesqueléticas, focando também em condições como fraturas, complicações das fraturas, amputação, mobilidade física, artrite reumatoide. Esta obra é essencial para seus estudos na área de enfermagem com foco nos cuidados com adultos II. Bons estudos! PREFÁCIO UNIDADE 1 Aspectos epidemiológicos e assistên- cia em enfermagem aos adultos Olá, Você está na unidade Aspectos epidemiológicos e assistência em enfermagem aos adultos. Conheça aqui os aspectos epidemiológicos, preventivos, fisiopatológicos e terapêuticos das doenças mais prevalentes em nosso meio, assim como a assistência em enfermagem aos adultos com afecções agudas e crônicas em diferentes especialidades. Iremos aprender aspectos importantes sobre a enfermagem e as doenças mais prevalentes em nossa sociedade, alterações nos padrões de adoecimento, prevalência e causas do adoecimento, características das doenças crônicas e as fases da doença crônica e o cuidado de enfermagem. Bons estudos! Introdução 11 1 A ENFERMAGEM E AS DOENÇAS MAIS PREVALENTES EM NOSSA SOCIEDADE A enfermagem está inserida em todos os contextos da atenção à saúde do paciente, desde a atenção básica até a atenção em serviços de alta complexidade. Nesse contexto, podemos observar as mudanças que a nossa população está enfrentando, principalmente no que tange às doenças mais prevalentes. Atualmente, nos deparamos com um aumento das patologias crônicas nos serviços de saúde, as quais podem ser acompanhadas de fases agudas provadas por diferentes patologias. Nesse contexto, os Enfermeiros devem compreender quais as mudanças no cuidado de saúde são necessárias, assim como as alterações na sociedade e seu impacto nas doenças crônicas e agudas. A compreensão destes fatores irá auxiliar a prestar um cuidado de Enfermagem de forma mais integral e adequada aos nossos pacientes. 1.1 Mudanças no Cuidado em Saúde O sistema de prestação de cuidados de saúde está mudando rapidamente à medida que a população e as suas necessidades e expectativas de cuidados de saúde estão alterando ao longo dos últimos anos (BARROS et al., 2006; SMELTZER; BARE, 2012). A mudança demográfica da população, o aumento de doenças crônicas e agudas, a maior ênfase na economia e os avanços tecnológicos resultaram em mudanças de ênfase na prestação de serviços de saúde e na enfermagem (SMELTZER; BARE, 2012). As mudanças na população, em geral, estão afetando a necessidade e a prestação de cuidados de saúde enfermagem (BARROS et al., 2006; SMELTZER e BARE, 2012). Não apenas a população está aumentando, mas também a composição da população está mudando, como o declínio na taxa de natalidade e o aumento da expectativa de vida relacionados à melhoria da assistência à saúde que resultaram em menos crianças em idade escolar e mais idosos, em sua maioria mulheres (BARROS et al., 2006; CAMPOLINA et al., 2013, SMELTZER; BARE, 2012). Adicionalmente, a população se tornou mais diversificada culturalmente à medida que um número crescente de pessoas de diferentes origens nacionais entra no país (BARROS et al., 2006; CAMPOLINA et al., 2013; SEMELTZER, BARE, 2012). Devido a essas mudanças populacionais, a necessidade de cuidados de saúde para grupos etários específicos, mulheres e um grupo diversificado de pessoas em localizações geográficas específicas está alterando a eficácia dos meios tradicionais de prestação de cuidados de saúde e está exigindo mudanças de longo alcance na população. (BARROS et al., 2006; CAMPOLINA et al., 2013; SMELTZER; BARE, 2012). 12 1.2 Alterações na Sociedade e seu Impacto nas Doenças Crônicas e Agudas A população mundial continuará a crescer nos próximos anos e espera-se que o número de pessoas com mais de 65 anos chegue a 20% da população até 2030. Além disso, as pessoas com 85 anos ou mais constituem um dos segmentos da população que mais cresce (BARROS et al., 2006; CAMPOLINA et al., 2013; SMELTZER; BARE, 2012). Nesse sentido, muitos idosos sofrem de múltiplas condições crônicas que são exacerbadas por episódios agudos (Barros et al., 2006; CAMPOLINA et al., 2013; SMELTZER; BARE,, 2012). As necessidades de cuidados de saúde dos idosos são complexas e exigem investimentos significativos, tanto profissionais quanto financeiros pelo setor de saúde (BARROS et al., 2006; CAMPOLINA et al., 2013; SMELTZER; BARE,, 2012). Uma apreciação pelas diversas características e necessidades de indivíduos de origens étnicas e culturais variadas é importante nos cuidados desaúde e na enfermagem (SMELTZER; BARE, 2012). À medida que a composição cultural da população muda, torna-se cada vez mais importante abordar considerações culturais na prestação de cuidados de saúde (CAMPOLINA et al., 2013; SMELTZER; BARE, 2012). Pacientes de diversos grupos socioculturais trazem para o ambiente de saúde diferentes crenças, valores e práticas de saúde, bem como diferentes fatores de risco para algumas doenças e reações únicas ao tratamento (SMELTZER; BARE, 2012). Para promover um relacionamento eficaz entre enfermeiro e paciente objetivando resultados positivos do cuidado, o cuidado de enfermagem deve ser culturalmente competente, apropriado e sensível às diferenças culturais (SMELTZER; BARE, 2012). Todas as tentativas devem ser feitas para ajudar o indivíduo a manter suas características culturais únicas e fornecer alimentos especiais que tenham significado, e providenciar observâncias religiosas especiais pode permitir ao paciente manter um sentimento de inteireza quando ele ou ela se sentir isolado da família e da comunidade (SMELTZER; BARE, 2012). Conhecer o significado cultural e social que situações específicas têm para cada paciente ajuda a enfermeira a evitar impor um sistema de valores pessoais quando o paciente tem um ponto de vista diferente (SMELTZER; BARE, 2012). Na maioria dos casos, a cooperação com o plano de assistência é maior quando a comunicação entre a enfermeira, o paciente e a família do paciente são direcionados para entender a situação ou o problema e respeitar os objetivos um do outro (BARROS et al., 2006; CAMPOLINA et al., 2013; SMELTZER; BARE, 2012). 2 ALTERAÇÕES NOS PADRÕES DE ADOECIMENTO As alterações no padrão de adoecimento da nossa sociedade estão intimamente ligadas na forma que a nossa sociedade está vivendo. Atualmente, temos vivenciado uma evolução no aparecimento de doenças crônicas, devido principalmente à maior expectativa de vida associada 13 à ingesta de alimento calóricos e baixa atividade física. Esses fatores impactam diretamente no trabalho do Enfermeiro, uma vez que essa evolução de doenças crônicas e agudas impacta diretamente no gerenciamento em enfermagem. Como primeira etapa do gerenciamento de Enfermagem, devemos compreender a evolução das doenças crônicas e agudas ao longo dos últimos anos, desta forma iremos conseguir adequar as nossas ações buscando a prevenção e promoção à saúde dos pacientes que iremos atender. Vale lembrar que grande parte das atividades que iremos desenvolver com os pacientes com doenças crônicas consiste na educação em saúde para que eles possam desenvolver atividades de maneira adequada visando à redução dos aspectos limitantes de sua patologia. 2.1 Evolução de Doenças Crônicas e Agudas Nos últimos 50 anos, os problemas mudaram significativamente, uma vez que muitas doenças infecciosas foram controladas ou erradicadas e por outro lado outras como tuberculose, síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) e doenças sexualmente transmissíveis estão em ascensão (CHIESA WESTPHAL, AKERMAN, 2008; Lessa, 2004; SMELTZER, BARE, 2012; VERAS, 2011). Um número crescente de agentes infecciosos está se tornando resistente à antibioticoterapia como resultado do uso inadequado e disseminado de antibióticos (CHIESA WESTPHAL, AKERMAN, 2008; Lessa, 2004; SMELTZER, BARE, 2012; Veras, 2011). Portanto, condições que antes eram facilmente tratadas tornaram-se complexas e com maior risco de vida do que nunca (SMELTZER, BARE, 2012). A cronicidade de doenças e incapacidades está aumentando devido ao prolongamento da vida e à expansão de opções de tratamento bem-sucedidas para condições, como câncer, infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) e espinha bífida; muitas pessoas com essas condições vivem décadas a mais do que nos anos anteriores (CAMPOLINA et al., 2013; CHIESA WESTPHAL, AKERMAN, 2008; Lessa, 2004; SMELTER, BARE, 2012; Veras, 2011). Como a maioria dos problemas de saúde vistos hoje é de natureza crônica, muitas pessoas estão aprendendo a proteger e maximizar sua saúde dentro dos limites de doenças e incapacidades crônicas (CAMPOLINA et al., 2013; Lessa, 2004; SMELTZER, BARE, 2012). FIQUE DE OLHO Os enfermeiros devem estar atentos para a evolução das patologias crônicas na nossa população, pois a cada ano há um aumento na quantidade de idosos. Nesse sentindo, os serviços de saúde deverão se adaptar para atender a uma quantidade maior de pacientes com doenças crônicas em detrimento às doenças agudas. 14 À medida que as condições crônicas aumentam, os cuidados de saúde se ampliam, com foco na cura e erradicação de doenças, incluindo a prevenção ou tratamento rápido de exacerbações de condições crônicas (Campolina et al., 2013; Lessa, 2004; Smeltzer e Bare, 2012). A enfermagem, que sempre incentivou os pacientes a assumir o controle de suas condições, desempenha um papel proeminente no foco atual no gerenciamento de doenças e incapacidades crônicas (Lessa, 2004; Smeltzer e Bare, 2012; Veras, 2011). 2.2 Gerenciamento em Enfermagem Frente às Alterações Crônicas e Agudas Trabalhar com pessoas com doenças ou deficiências crônicas e/ou agudas requer não apenas lidar com os aspectos médicos de seu distúrbio, mas também trabalhar com toda a pessoa, física, emocional e socialmente (FRANZEN et al., 2007; MONTEFUSCO, BACHION, 2011; SMELTZER, BARE, 2012; TORRES, MONTEIRO, 2006). Essa abordagem holística do cuidado exige que os enfermeiros utilizem todo o seu repertório de conhecimentos e habilidades, incluindo conhecimentos das ciências sociais, em particular da psicologia (FRANZEN et al., 2007; MONTEFUSCO, BACHION, 2011; SMELTER, BARE, 2012; TORRES, MONTEIRO, 2006). As pessoas frequentemente respondem a doenças, ensino de saúde e esquemas de maneiras diferentes das expectativas dos profissionais de saúde (FRANZEN et al., 2007; MONTEFUSCO, BACHION, 2011; SMELTZER, BARE, 2012; TORRES, MONTEIRO, 2006). Embora a qualidade de vida seja geralmente afetada por doenças crônicas, especialmente se a doença for grave, as percepções dos pacientes sobre o que constitui qualidade de vida frequentemente direcionam seus comportamentos de gestão (SMELTZER, BARE, 2012; TORRES, MONTEIRO, 2006). Enfermeiros e outros profissionais de saúde precisam reconhecer isso, mesmo que seja difícil ver os pacientes tomarem decisões, e decisões imprudentes sobre estilos de vida e manejo da doença (FRANZEN et al., 2007; MONTEFUSCO, BACHION, 2011; SMELTZER, BARE, 2012; TORRES, MONTEIRO, 2006). Os indivíduos têm o direito de receber cuidados sem temer o ridículo ou a recusa de tratamento, mesmo que tenham causado suas condições médicas por meio de suas próprias indiscrições, como fumar ou não seguir os esquemas terapêuticos (FRANZEN et al., 2007; MONTEFUSCO, BACHION, 2011; SMELTZER, BARE, 2012; TORRES, MONTEIRO, 2006). 15 Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: A trajetória de uma doença também pode ser dividida em fases que permitem um pensamento mais preciso sobre a condição de uma pessoa (SMELTZER, BARE, 2012). Isso permite que o enfermeiro coloque a situação atual no contexto do que poderia ter acontecido com o paciente no passado. Dessa maneira, poderemos abordar mais prontamente os problemas e questões subjacentes (FRANZEN et al., 2007; MONREFUSCO, BACHION, 2011; SMELTZER, BARE, 2012; TORRES, MONTEIRO, 2006). Cada fase da doença traz consigo diferentes problemas, tanto médicos quanto psicossociais (SMELTZER, BARE, 2012). Ao pensar em termos de fases e pacientes dentro de uma fase, os enfermeiros podem direcionar seus cuidados mais especificamente para cada pessoa (SMELTZER, BARE, 2012). Nem toda condição crônica ou aguda é necessariamente fatal, e nem todo paciente passa por cada fase possível de uma doença (FRANZEN et al., 2007; MONTEFUSCO, BACHION, 2011; SMELTZER, BARE, 2012; Torres e Monteiro, 2006). 3 PREVALÊNCIA E CAUSAS DO ADOECIMENTO O enfermeiro deve compreender a prevalência e as causas do adoecimento, uma vez que devemos basearnossa conduta com base nas perspectivas que o adoecimento ocorre em nossa população, esse aspecto é fundamental na tomada de decisão da atenção básica, pois devemos realizar ações preventivas evitando as principais causas de adoecimento na população. Adicionalmente, devemos compreender essa prevalência nas unidades de média e alta complexidade, de forma a estarmos preparados para o atendimento deste tipo de paciente. Desta forma, os enfermeiros devem estar atentos ao contexto geral de adoecimento mais prevalente na população em que atua, uma vez que a probabilidade de atendimento de determinada patologia pode variar conforme o local de atuação. Por exemplo, possuímos locais 16 de doenças endêmicas no Brasil que ocorrem no ano inteiro em determinada região e devemos nos planejar para o atendimento deste tipo de paciente, assim como devemos estar atentos a compreender quais os motivos que levam ao aumento de determinada patologia. 3.1 Perspectivas de Adoecimento As condições crônicas ocorrem em pessoas de todas as faixas etárias, nível socioeconômico e cultura, desta forma estima-se que até 2030 cerca de 150 milhões de pessoas serão afetadas (ALVES et al., 2007; DUNCAN et al., 2012; REGO et al., 1990; SMELTZER, BARE, 2012; Veras, 2011). Devemos lembrar que nem toda condição crônica é incapacitante e algumas causam apenas pequenos inconvenientes na vida do paciente (ALVES et al., 2007; DUNCAN et al., 2012; MALTA et al., 2014; MALTA, MERHY , 2010; REGO et al., 1990; SMELTZER, BARE, 2012). No entanto, muitas doenças apresentam alterações severas o suficiente para causar grandes limitações de atividade (ALVES et al., 2007; DUNCAN et al., 2012; Rego et al., 1990; SMELTZER, BAREE, 2012; Veras, 2011). As limitações da atividade não se limitam aos adultos, ou seja, estima-se que 6,5% de todas as crianças experimentam algum grau de deficiência (ALVES et al., 2007; DUNCAN et al., 2012; REGO et al., 1990; SMELTZER, BARE, 2012; VERAS, 2011). As condições incapacitantes mais comuns em crianças são doenças respiratórias e deficiência mental (DUNCAN et al., 2012; REGO et al., 1990; SMELTZER, BARE, 2012). Pessoas com limitações de atividades precisam de assistência com suas atividades da vida diária (ALVES et al., 2007; DUNCAN et al., 2012; REGO et al., 1990; SMELTZER, BARE, 2012; Veras, 2011). Pessoas com limitações de atividade cujas necessidades de assistência médica e pessoal de serviços podem não ser atendidos por vários motivos (ALVES et al., 2007; DUNCAN et al., 2012; Rego et al., 1990; SMELTZER, BARE, 2012; Veras, 2011). Eles podem ser incapazes de executar seus esquemas terapêuticos conforme prescritos ou ter suas prescrições preenchidas a tempo, assim como podem perder as consultas médicas e as visitas ao consultório e podem ser incapazes de realizar as atividades da vida diária (SMELTZER, BARE, 2012). As condições crônicas se tornaram a principal causa de problemas relacionados à saúde nos países desenvolvidos, e mesmo os países em desenvolvimento estão experimentando um aumento nas condições crônicas, dando a esses países a dupla carga de tentar erradicar doenças infecciosas enquanto aprendem a gerenciar condições crônicas (ALVES et al., 2007; DUNCAN et al., 2012; MALTA, MERHY, 2010; SMELTZER, BARE, 2012). 3.2 Motivos para Aumento das Doenças Crônicas Algumas das razões pelas quais tantas pessoas sofrem de condições crônicas incluem: 17 • Uma diminuição na mortalidade por doenças infecciosas, como varíola, difteria e outras condições graves. • Triagem aprimorada e procedimentos de diagnóstico, permitindo a detecção e o trata- mento precoces de doenças. • Tratamento rápido e agressivo de condições agudas, como infarto do miocárdio e infec- ções relacionadas à AIDS. • Tendência a desenvolver doenças crônicas únicas ou múltiplas com o avanço da idade. • Fatores modernos de estilo de vida, como tabagismo, estresse crônico e obesidade, que aumentam o risco de doenças crônicas, como doença pulmonar, hipertensão e doença cardiovascular. • Vida útil mais longa devido a avanços em tecnologia e farmacologia, melhoria da nutri- ção, condições de trabalho mais seguras e maior acesso aos cuidados de saúde. Um grande problema das condições crônicas é que as alterações fisiológicas no corpo geralmente ocorrem antes das manifestações sintomáticas da doença, como no caso da hipertensão (ALVES et al., 2007; BARROS et al., 2006; CAMPOLINA et al., 2013; DUNCAN et al., 2012; LESSA, 2004; MALTA, MERHY, 2010; MONTEFISCO, BACHION, 2011; REGO et al., 1990; SMELTZER, BAREE, 2012; TORRES, MONTEIRO, 2006; Veras, 2011). Recentemente, foi dada maior ênfase à adoção de estilos de vida saudáveis, começando na infância (DUNCAN et al., 2012; MALTA et al., 2014; MONTEFISCO, BACHION, 2011; SMELTZER, BAREE, 2012). Figura 1 - Título: Devemos incentivar aos nossos pacientes a adoção de hábitos saudáveis. Fonte: iStock, 2020 #ParaCegoVer: A imagem mostra duas pessoas idosas realizando uma corrida em um parque. 18 Apesar da atenção da mídia sobre os benefícios de manter um estilo de vida saudável, há o aumento de pessoas que estão acima do peso, fumam e levam uma vida sedentária (BARROS et al., 2006; DUNCAN et al., 2012; MALTA et al., 2014; MONTEFUSCO, BACHION, 2011; SMELTZER, BARE, 2012). As consequências de estilos de vida pouco saudáveis incluem um aumento alarmante na incidência de diabetes, hipertensão, obesidade e distúrbios respiratórios cardíacos e crônicos (BARROS et al., 2006; DUNCAN et al., 2012; FRANZEN et al., 2007; MALTA et al., 2014; MALTA, MERHY, 2010; MONTEFUSCO, BACHION, 2011; SMELTZER, BAREE, 2012; Veras, 2011). 4 CARACTERÍSTICAS DAS DOENÇAS CRÔNICAS As doenças crônicas estão frequentemente presentes nas atividades dos Enfermeiro, atualmente nos deparamos com uma ampla variedade desse tipo de doença e das complicações que estas podem gerar. Nesse sentido, devemos compreender as características principais das doenças crônicas, bem como entender a adesão, tratamento e remissão que estão frequentemente relacionadas a esse tipo de patologia. 4.1 Características Principais Devemos compreender que embora cada doença crônica tenha suas próprias características fisiológicas específicas, as condições crônicas compartilham qualidades comuns (SMELTZER, BARE, 2012). Muitas condições crônicas podem apresentam dor e fadiga, por exemplo, sintomas associados, assim como algum grau de incapacidade geralmente está presente em doenças crônicas graves ou avançadas, limitando a participação do paciente nas atividades (SMELTZER, BARE, 2012). Diferente do termo “agudo”, que implica um curso curável e relativamente curto da doença, o crônico descreve um longo curso da doença e condições que podem ser incuráveis (ALVEZ et al., 2007; DUNCAN et al., 2012; GUALANO, TINUCCI, 2011; MALTA et al., 2014; MALTA, MERHY, 2010; MALTA, SILVA JR, 2013; REGO et al., 1990; SMELTER, BARE, 2012; TADDEO et al., 2012). É essa característica da duração que muitas vezes dificulta o gerenciamento de condições crônicas para quem precisa morar com elas (SMELTZER, BARE, 2012). As pessoas que desenvolvem condições crônicas podem reagir com choque, descrença, depressão, raiva, ressentimento ou várias outras emoções (SMELTZER, BARE, 2012). O modo como as pessoas reagem e lidam com as condições crônicas geralmente é semelhante ao modo como reagem a outros eventos em suas vidas, dependendo, em parte, de sua compreensão da condição e de suas percepções de seu potencial impacto na vida de si e da família (ALVES et al., 2007; DUNCAN et al., 2012; GUALANO, TINUCCI, 2011; MALTA et al., 2014; MALTA, MERHY, 2010; MALTA, SILVA JR, 2013; Rego et al., 1990; SMELTZER, BARE, 2012; TADDEO et al., 2012). 19 Os sintomas associados a doenças crônicas são geralmente imprevisíveis, e alguns são percebidos como eventos de crise pelos pacientes e suas famílias, que devem enfrentar a incerteza de doenças crônicas e as mudanças que isso traz para suas vidas (ALVES et al., 2007; DUNCANet al., 2012; GUALANO, TINUCCI, 2011; MALTA et al., 2014; MALTA, MERHY, 2010; MALTA, SILVA JR, 2013; REGO et al., 1990; SMELTZER, BARE, 2012; TADDEO et al., 2012). Desta forma, às vezes, é difícil para quem não tem doenças entender como as vidas podem ser mudadas, geralmente para sempre, por causa de condições crônicas (ALVEZ et al., 2007; DUNCAN et al., 2012; GUALANO, TINUCCI, 2011; MALTA et al., 2014; MALTA, MERHY, 2010; MALTA, SILVA JR, 2013; REGO et al., 1990; SMELTZER, BARE, 2012; TADDEO et al., 2012). Também é fácil para os profissionais de saúde se concentrarem no tratamento da doença enquanto negligencia a pessoa que a tem (ALVES et al., 2007; DUNCAN et al., 2012; MALTA, MERHY, 2010; SMELTZER, BARE, 2012). Em todas as doenças, mas ainda mais com condições crônicas, a doença não pode ser separada da pessoa (Alves et al., 2007; Duncan et al., 2012; GUALANO, TINUCCI, 2011; MALTA et al., 2014; MALTA, MERHY, 2010; MALTA, SILVA JR, 2013; REGO et al., 1990; SMELTZER, BARE, 2012; TADDEO et al., 2012). A doença crônica é algo que as pessoas devem enfrentar diariamente e os enfermeiros são incapazes de se relacionar com o que as pessoas estão enfrentando ou planejam intervenções eficazes, a menos que compreendam completamente o que significa ter uma doença crônica (SMELTZER, BARE, 2012). Gerenciar doenças crônicas envolve mais do que gerenciar problemas clínicos, os problemas psicológicos e sociais associados também devem ser abordados, pois viver por longos períodos com sintomas de doença e incapacidade pode ameaçar a identidade, provocar mudanças de papel, alterar a imagem corporal e prejudicar o estilo de vida (ALVES et al., 2007; DUNCAN et al., 2012; GUALANO, TINUCCI, 2011; MALTA et al., 2014; MALTA, MERHY, 2010; MALTA, SILVA JR, 2013; REGO et al., 1990; SMELTZER, BARE, 2012; TADDEO et al., 2012). Isso significa que são necessárias adaptações e acomodações contínuas, dependendo da idade e da situação da vida e cada grande mudança ou diminuição da capacidade funcional requer adaptação física, emocional e social adicional para os pacientes e suas famílias (DUNCAN et al., 2012; MALTA et al., 2014; MALTA, SILVA JR, 2013; MONTEFUSCO, BACHION, 2011; SMELTZER, BARE, 2012; TADDEO et al., 2012; VERAS, 2011). As condições crônicas geralmente envolvem muitas fases diferentes ao longo da vida de uma pessoa, na qual pode haver períodos agudos, períodos estáveis e instáveis, crises e remissões (ALVES et al., 2007; DUNCAN et al., 2012; GUALANO, TINUCCI, 2011; MALTA et al., 2014; MALTA, MERHY, 2010; MALTA, SILVA JR, 2013; REGO et al., 1990; SMELTZER, BARE, 2012; TADDEO et al., 2012). Cada fase traz seu próprio conjunto de problemas físicos, psicológicos e sociais, e cada um exige diferentes regimes e tipos de gerenciamento (SMELTZER, BAREE, 2012) 20 4.2 Adesão, Tratamento e Remissão Manter as condições crônicas sob controle requer adesão persistente aos esquemas terapêuticos e deixar de aderir a um plano de tratamento ou de seguir um regime de maneira consistente aumenta os riscos de desenvolver complicações e acelerar o processo da doença (ALVES et al., 2007; DUNCAN et al., 2012; GUALANO, TINUCCI, 2011; MALTA et al., 2014; MALTA, MERHY, 2010; MALTA, SILVA JR, 2013; REGO et al., 1990; SMELTZER, BARE, 2012; TADDEO et al., 2012). No entanto, as realidades da vida cotidiana – incluindo o impacto da cultura, valores e fatores socioeconômicos – afetam o grau em que as pessoas aderem a um regime de tratamento (SMELTZER, BARE, 2012). O gerenciamento de uma doença crônica leva tempo, requer conhecimento e planejamento e pode ser desconfortável e inconveniente (ALVES et al., 2007; DUNCAN et al., 2012; GUALANO, TINUCCI, 2011; MALTA et al., 2014; MALTA, MERHY, 2010; MALTA, SILVA JR, 2013; REGO et al., 1990; SMELTZER, BARE, 2012; TADDEO et al., 2012). Não é incomum os pacientes interromperem o uso de medicamentos ou alterar as doses devido a efeitos colaterais mais perturbadores do que os sintomas da doença (ALVES et al., 2007; DUNCAN et al., 2012; GUALANO, TINUCCI, 2011; MALTA et al., 2014; MALTA, MERHY, 2010; MALTA, SILVA JR, 2013; REGO et al., 1990; SMELTZER, BARE, 2012; TADDEO et al., 2012). As pessoas também frequentemente cortam tratamentos que consideram excessivamente demorados, fatigantes ou dispendiosos (ALVES et al., 2007; DUNCAN et al., 2012; SMELTZER, BARE, 2012; TADDEO et al., 2012). Uma doença crônica pode levar ao desenvolvimento de outras condições crônicas (Alves et al., 2007; Duncan et al., 2012; GUALANO, TINUCCI, 2011; MALTA et al., 2014; MALTA, MERHY, 2010; MALTA, SILVA JR, 2013; REGO et al., 1990; SMELTZER, BARE, 2012; TADDEO et al., 2012). O diabetes pode eventualmente levar a alterações neurológicas e vasculares que podem resultar em visão, doença cardíaca e renal e disfunção erétil (ALVES et al., 2007; DUNCAN et al., 2012; GUALANO, TINUCCI, 2011; MALTA et al., 2014; MALTA, MERHY, 2010; Malta e Silva Jr, 2013; Rego et al., 1990; SMELTZER, BARE, 2012; TADDEO et al., 2012). A doença crônica afeta toda a família, a qual pode ser dramaticamente alterada como resultado de inversões de papéis, papéis não preenchidos, perda de renda, tempo gasto no gerenciamento FIQUE DE OLHO Devemos lembrar que toda doença crônica pode levar ao aparecimento de patologias agudas associadas. Nesse sentindo, o Enfermeiro deve estar atento aos sintomas apresentados pelo paciente, pois além dos cuidados necessários devido à cronicidade da patologia de base, pode ser necessário medidas adicionais de cuidados de enfermagem. 21 de doenças, diminuição das atividades de socialização familiar e custos de tratamento (SMELTZER, BARE, 2012). Estresse e fadiga do cuidador são comuns em condições crônicas graves, e toda a família, e não apenas o indivíduo, precisa de cuidados (ALVES et al., 2007; DUNCAN et al., 2012; GUALANO, TINUCCI, 2011; MALTA et al., 2014; MALTA, MERHY, 2010; MALTA, SILVA JR, 2013; REGO et al., 1990; SMELTZER, BARE, 2012; TADDEO et al., 2012). A principal responsabilidade pelo manejo diário das doenças recai sobre os ombros dos doentes crônicos e suas famílias (SMELTZER, BAREe, 2012). No sistema de saúde de hoje, especialmente com condições crônicas, gestão cotidiana ou autocuidado, tornou-se cada vez mais uma parte importante do papel do paciente ou da família (ALVES et al., 2007; DUNCAN et al., 2012; GUALANO, TINUCCI, 2011; MALTA et al., 2014; MALTA, MERHY, 2010;MALTA, SILVA JR, 2013; REGO et al., 1990; SMELTZER, BARE, 2012; TADDEO et al., 2012). O lar, e não o hospital, é o centro de atendimento em condições crônicas, pois é nesse local que ocorre o gerenciamento diário (SMELTZER, BARE, 2012). O gerenciamento de condições crônicas é um processo de descoberta. As pessoas podem ser ensinadas a gerenciar suas condições (ALVES et al., 2007; DUNCAN et al., 2012; GUALANO, TINUCCI, 2011; MALTA et al., 2014; MALTA, MERHY, 2010; MALTA, SILVA JR, 2013; REGO et al., 1990; SMELTZER, BARE, 2012; TADDEO et al., 2012). Ensinar sobre sintomas, no entanto, não é o mesmo que experimentá-los e cada pessoa deve descobrir como seu próprio corpo reage sob condições variadas (SMELTZER, BARE, 2012; Taddeo et al., 2012). Gerenciar condições crônicas é um processo colaborativo e os problemas médicos, sociais e psicológicos associados a problemas crônicos tendem a ser complexos, especialmente em condições severas (ALVES et al., 2007; DUNCAN et al., 2012; GUALANO, TINUCCI, 2011; MALTA et al., 2014; MALTA, MERHY, 2010; MALTA, SILVA JR, 2013; REGO et al., 1990; SMELTZER, BARE, 2012; TADDEO et al., 2012). Portanto, o gerenciamento de condições crônicas deve ser pensado como um processo colaborativo que envolve muitos profissionais de saúde trabalhando em conjunto com os pacientes e suas famílias para fornecer toda a gama de serviços que muitas vezes são necessários para gerenciar em casa (DUNCAN et al., 2012; GUALANO, TINUCCI, 2011; Montefusco e Bachion, 2011; SMELTZER, BARE, 2012). O gerenciamento de condições crônicas é caro, umavez que o dinheiro paga por hospitalizações e compra de equipamentos, medicamentos e serviços de apoio (ALVES et al., 2007; CAMPOLINA et al., 2013; DUNCAN et al., 2012; FRANZEN et al., 2007; GUALANO, TINUCCI, 2011; MALTA et al., 2014; MALTA, MERHY, 2010; Malta e Silva Jr, 2013; REGO et al., 1990; SMELTZER, BARE, 2012; TADDEO et al., 2012). Por exemplo, o tempo de internação e os encargos hospitalares são mais altos para condições pediátricas agudas se uma criança também tiver uma condição crônica (DUNCAN et al., 2012; GUALANO, TINUCCI, 2011; MONTEFUSCO, BACHION, 2011; SMELTZER, BARE, 2012). Não é provável que os custos gerais de assistência médica diminuam até que haja uma tendência 22 substancial de queda na incidência de condições crônicas e nos custos de assistência médica crônica (ALVES et al., 2007; CAMPOLINA et al., 2013; DUNCAN et al., 2012; FRANZEN et al., 2007; GUALANO, TINUCCI, 2011; MALTA et al., 2014; MALTA, MERHY, 2010; MALTA, SILVA JR, 2013; REGO et al., 1990; SMELTZER, BARE, 2012; TADDEO et al., 2012). As condições crônicas levantam questões éticas difíceis para o paciente, profissionais de saúde e sociedade (GUALANO, TINUCCI, 2011; Malta et al., 2014; SMELTZER, BARE, 2012; Torres e Monteiro, 2006). Não existem soluções fáceis para problemas como estabelecer controles de custos, como alocar recursos escassos, como determinar o que constitui qualidade de vida e quando interromper o suporte à vida (SMELTZER, BARE, 2012). Pacientes, famílias e sociedade respondem a questões éticas de acordo com seus próprios padrões morais e definições de qualidade de vida (DUNCAN et al., 2012; GUALANO, TINUCCI, 2011; SMELTZER, BARE, 2012; TADDEO et al., 2012). Viver com doença crônica significa “viver com”, e embora os profissionais de saúde tenham alguma noção sobre a progressão usual de uma doença crônica, como a doença de Parkinson, muitas variáveis específicas entram em cada caso que ninguém pode prever com certeza o curso da doença de um indivíduo (DUNCAN et al., 2012; GUALANO, TINUCCI, 2011; SMELTZER, BARE, 2012; TADDEO et al., 2012). Além disso, mesmo quando um paciente está “em remissão” ou “livre de doença”, ele ou ela sente uma dúvida persistente e teme que a doença seja reativada (ALVES et al., 2007; CAMPOLINA et al., 2013; DUNCAN et al., 2012; FRANZEN et al., 2007; GUALANO, TINUCCI, 2011; MALTA et al., 2014; MALTA, MERHY, 2010; MALTA, SILVA JR, 2013; REGO et al., 1990; SMELTZER, BARE, 2012; TADDEO et al., 2012). 5 AS FASES DA DOENÇA CRÔNICA E O CUIDADO DE ENFERMAGEM O enfermeiro deve compreender as fases da doença crônicas e quais os cuidados de enfermagem que devemos e podemos realizar em cada uma das fases. Diferentemente de uma doença aguda, as fases da doença crônica podem levar vários anos até sofrer alguma alteração, sendo fundamental que por meio dos cuidados de Enfermagem que o paciente não suba as fases apresentadas a seguir. Nesse contexto, o enfermeiro deve atuar de maneira preventiva e de promoção à saúde nas fases iniciais, já nas fases finais também é necessário atuar de maneira curativa. 5.1 Fases da Doença Crônicas As condições crônicas podem ser caracterizadas por nove fases diferentes (ALVES et al., 2007; CAMPOLINA et al., 2013; DUNCAN et al., 2012; FRANZEN et al., 2007; GUALANO, TINUCCI, 2011; 23 MALTA et al., 2014; MALTA, MERHY, 2010; MALTA, SILVA JR, 2013; REGO et al., 1990; SMELTZER, BARE, 2012; TADDEO et al., 2012). Primeira Fase A primeira consiste na fase pré-setorial, a qual descreve o estágio em que a pessoa corre o risco de desenvolver uma condição crônica devido a fatores genéticos ou comportamentos de estilo de vida que aumentam a suscetibilidade a doenças crônicas (SMELTZER, BARE, 2012) Segunda Fase A segunda fase, ou fase da trajetória, é caracterizada pelo aparecimento de sintomas ou incapacidade associada a uma condição crônica (SMELTZER, BARE, 2012). Como os sintomas estão sendo avaliados e os testes de diagnóstico são realizados, essa fase geralmente é acompanhada de incertezas, à medida que a pessoa aguarda um diagnóstico (SMELTZER, BARE, 2012). O cuidado de enfermagem geralmente envolve preparar os pacientes para testes de diagnóstico e oferecer apoio emocional (ALVES et al., 2007; CAMPOLINA et al., 2013; DUNCAN et al., 2012; FRANZEN et al., 2007; GUALANO, TINUCCI, 2011; MALTA et al., 2014; MALTA, NERHY, 2010; MALTA, SILVA JR, 2013; REGO et al., 1990; SMELTZER, BARE, 2012; TADDEO et al., 2012). Terceira Fase A fase estável da trajetória (3ª fase) indica que os sintomas e a incapacidade estão sendo gerenciados adequadamente (SMELTZER, BARE, 2012). Embora o paciente esteja indo bem, os cuidados de enfermagem ainda são importantes neste momento para reforçar comportamentos positivos e oferecer monitoramento contínuo (SMELTZER, BARE, 2012). Quarta Fase A fase instável (4ª fase) é caracterizada por uma exacerbação dos sintomas da doença, desenvolvimento de complicações ou reativação de uma doença em remissão (SMELTZER, BARE, 2012). Durante esta fase, as atividades diárias de uma pessoa podem ser interrompidas temporariamente porque os sintomas não são bem controlados e durante esse período de incerteza, os pacientes buscam orientação e apoio nos enfermeiros (ALVES et al., 2007; CAMPOLINA et al., 2013; DUNCAN et al., 2012; FRANZEN et al., 2007; GUALANO, TINUCCI, 2011; MALTA et al., 2014; MALTA, MERHY, 2010; MALTA, SILVA JR, 2013; REGO et al., 1990; SMELTZER, BARE, 2012; TADDEO et al., 2012). Quinta Fase A fase aguda (5ª fase) é caracterizada pelo aparecimento repentino de sintomas ou complicações graves ou não aliviados que requerem hospitalização para seu manejo (SMELTZER, 24 BARE, 2012). Essa fase pode exigir uma grande modificação das atividades habituais da pessoa por um período (SMELTZER, BARE, 2012). Os enfermeiros estão intensamente envolvidos no atendimento ao paciente com doença crônica durante esse período, prestando atendimento direto e apoio emocional ao paciente e familiares (SMELTZER, BARE, 2012). Sexta Fase A fase de crise (6ª fase) é caracterizada por uma situação crítica ou com risco de vida que requer tratamento ou cuidados de emergência (ALVES et al., 2007; CAMPOLINA et al., 2013; DUNCAN et al., 2012; FRANZEN et al., 2007; GUALANO, TINUCCI, 2011; MALTA et al., 2014; MALTA, MERHY, 2010; MALTA, SILVA JR, 2013; REGO et al., 1990; SMELTZER, BARE, 2012; TADDEO et al., 2012). Durante esta fase, os pacientes e suas famílias dependem da habilidade, conhecimento e apoio de enfermeiros e outros profissionais para estabilizar suas condições (SMELTZER, BARE, 2012). Sétima Fase A fase de retorno (7ª fase) é o período na trajetória marcada pela recuperação após um período agudo (SMELTZER, BARE, 2012). Inclui aprender a conviver com ou superar deficiências e o retorno a um modo de vida aceitável dentro das limitações impostas pela condição crônica (SMELTZER, BARE, 2012). Embora aspectos do cuidado possam mudar para outros prestadores de cuidados de saúde durante a fase de reabilitação, o papel dos enfermeiros como organizadores do cuidado e colaboradores na recuperação dos pacientes é essencial (SMELTZER, BARE, 2012). Oitava Fase A fase descendente (8ª fase) marca o agravamento de uma condição (SMELTZER, BARE, 2012). Os sintomas e a incapacidade continuam a progredir, apesar das tentativas de obter algum controle por meio de regimes de tratamento e manejo (ALVES et al., 2007; CAMPOLINA et al., 2013; DUCNAN et al., 2012; FRANZEN et al., 2007; GUALANO, TINUCCI, 2011; MALTA et al., 2014; MALTA, MERHY, 2010; MALTA, SILVA JR, 2013; REGO et al., 1990; SMELTZER, BARE, 2012; TADDEO et al., 2012). Como os pacientes ainda não estão agudos, mas geralmente moram em casa durante esse período, seu contato com os enfermeiros costuma ser limitado e a presença de apoio dos enfermeiros é necessária, no entanto, devido a problemas de ajuste (SMELTZER, BARE, 2012). Nona Fase A fase da morte (9ª fase) é caracterizada pelo declínio gradual ou rápidona trajetória, apesar dos esforços para deter o distúrbio ou retardar o declínio por meio do manejo da doença e é caracterizada pelo fracasso das funções corporais que mantêm a vida (SMELTZER, BARE, 2012). Durante esta fase, os enfermeiros prestam cuidados diretos e de suporte aos pacientes e suas famílias por meio de programas de cuidados paliativos (ALVES et al., 2007; CAMPOLINA et al., 25 2013; DUNCAN et al., 2012; FRANZEN et al., 2007; GUALANO, TINUCCI, 2011; MALTA et al., 2014; MALTA, MERHY, 2010; MALTA, SILVA JR, 2013; REGO et al., 1990; SMELTZER, BARE, 2012; TADDEO et al., 2012) 5.2 Cuidados de Enfermagem O cuidado de enfermagem a pacientes com condições crônicas é variado e pode incluir a prestação de cuidados diretos ou de suporte ao paciente (FRANZEN et al., 2007; SMELTZER, BARE, 2012; TADDEO et al., 2012). Esses cuidados geralmente são prestados na ambulatorialmente, no hospital ou na casa do paciente, dependendo do status e fase da doença (BARROS et al., 2006; REGO et al., 1990; SMELTZER, BARE, 2012). Os cuidados diretos podem incluir a avaliação do status físico do paciente, o fornecimento de cuidados em feridas, o gerenciamento e a supervisão de regimes de medicamentos (ALVES et al., 2007; CAMPOLINA et al., 2013; DUNCAN et al., 2012; FRANZEN et al., 2007; GUALANO, TINUCCI, 2011; MALTA et al., 2014; MALTA, MERHY, 2010; MALTA, SILVA JR, 2013; REGO et al., 1990; SMELTZER, BARE, 2012; TADDEO et al., 2012). Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: A disponibilidade da assistência de enfermagem é um dos principais motivos pelos quais os pacientes podem permanecer em casa e retornar a uma vida um tanto normal após um episódio agudo de doença (Barros et al., 2006; Rego et al., 1990; SMELTZER, BARE, 2012). Como grande parte da responsabilidade cotidiana pelo gerenciamento de condições crônicas recai sobre o paciente e a família, os enfermeiros geralmente prestam cuidados de suporte, a menos que o paciente seja hospitalizado (BARROS et al., 2006; MALTA, SILVA JR, 2013; REGO et al., 1990; SMELTZER, BARE, 2012; TADDEO et al., 2012). 26 Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: Os cuidados de suporte podem incluir monitoramento contínuo, ensino, aconselhamento (BARROS et al., 2006; MALTA, SILVA JR, 2013; REGO et al., 1990; SMELTZER, BARE, 2012; TADDEO et al., 2012). A prestação de cuidados de suporte é tão importante quanto a realização de cuidados técnicos, e por meio do monitoramento contínuo que pode ocorrer em casa ou em uma clínica de enfermagem, o enfermeiro pode detectar complicações iminentes, como sinais de insuficiência cardíaca, assim devemos detectar esses sinais antes que eles sejam perceptíveis para o paciente e pode fazer um encaminhamento para avaliação médica, impedindo assim uma hospitalização (ALVES et al., 2007; CAMPOLINA et al., 2013; DUNCAN et al., 2012; FRANZEN et al., 2007; GUALANO, TINUCCI, 2011; MALTA et al., 2014; MALTA MERHY, 2010; MALTA, SILVA JR, 2013; Rego et al., 1990; SMELTZER, BARE, 2012; TADDEO et al., 2012). 27 Nesta unidade, você teve a oportunidade de: • compreender as fases da doença crônica e o cuidado de enfermagem; • compreender o processo de enfermagem frente às doenças mais prevalentes em nossa sociedade; • identificar características das doenças crônicas; • identificar a prevalência e as causas do adoecimento; • identificar as alterações nos padrões de adoecimento. PARA RESUMIR ALVES, L. C. et al. A influência das doenças crônicas na capacidade funcional dos idosos do Município de São Paulo, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, v. 23, p. 1924–1930, 2007. BARROS, M. B. DE A. et al. Desigualdades sociais na prevalência de doenças crônicas no Brasil, PNAD-2003. Ciência & Saúde Coletiva, v. 11, p. 911–926, 2006. CAMPOLINA, A. G. et al. A transição de saúde e as mudanças na expectativa de vida saudável da população idosa: possíveis impactos da prevenção de doenças crônicas. Cadernos de Saúde Pública, v. 29, n. 6, p. 1217–1229, 2013. CHIESA, A. M.; WESTPHAL, M. F.; AKERMAN, M. Doenças respiratórias agudas: um estu- do das desigualdades em saúde. Cadernos de Saúde Pública, v. 24, n. 1, p. 55–69, 2008. DUNCAN, B. B. et al. Doenças crônicas não transmissíveis no Brasil: prioridade para en- frentamento e investigação. Revista de saúde pública, v. 46, p. 126–134, 2012. FRANZEN, E. et al. 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Iremos aprender aspectos importantes sobre a enfermagem e os aspectos clínicos, epidemiológicos, psicossociais que fundamentam o cuidar, o cuidado de enfermagem nas doenças relacionadas aos sistemas citados anteriormente, assim como a abordagem dos principais tipos de anemias que mais acometem a população. Bons estudos! Introdução 33 1 DIABETES MELLITUS Diabetes mellitus é um grupo de doenças metabólicas caracterizadas por hiperglicemia resultantes de defeitos na secreção de insulina, ação da insulina ou ambos (SMELTZER; BARE, 2012). Normalmente, uma certa quantidade de glicose circula no sangue e as principais fontes dessa glicose são a absorção de alimentos ingeridos em trato gastrointestinal e formação de glicose pelo fígado a partir de substâncias alimentares ( SMELTZER; BARE , 2012). A insulina, que é um hormônio produzido pelo pâncreas, controla o nível de glicose no sangue, regulando a produção e armazenamento de glicose (SMELTZER; BARE, 2012). No caso dos pacientes diabéticos, as células podem parar de responder à insulina ouo pâncreas pode parar de produzir insulina inteiramente, ou seja, isso leva à hiperglicemia, que pode resultar em quadros agudos de complicações metabólicas, como cetoacidose diabética e síndrome hiperosmolar hiperglicêmica (SMELTZER; BARE , 2012). Além disso, os efeitos a longo prazo da hiperglicemia contribuem para a doença macrovascular, podendo levar a complicações gerais, complicações microvasculares crônicas e complicações neuropáticas (SMELTZER; BARE , 2012). 1.1 Diabetes Tipo 1 O diabetes tipo 1 é caracterizado pela destruição de células beta do pâncreas, o qual pode ter origem por uma combinação genética, imunológica e, possivelmente, fatores ambientais (ASSOCIATION, 2014; SARAIVA et al., 2019; SMELTZER; BARE, 2012). Embora os eventos que levam à destruição das células beta não sejam totalmente compreendidos, é geralmente aceito que uma suscetibilidade genética seja um fator subjacente comum no desenvolvimento de diabetes tipo 1, ou seja, as pessoas herdam uma predisposição genética, ou tendência ao desenvolvimento de diabetes tipo 1 (ASSOCIATION, 2014; SARAIVA et al., 2019; SARTORELLI; FRANCO, 2003). A tendência genética é comumente encontrada em pessoas com certos HLA (humanos antígeno leucocitário) e cerca de 95% dos caucasianos com diabetes tipo 1 apresentam tipos específicos de HLA (DR3 ou DR4) e o risco de desenvolver esse tipo de diabetes aumenta três a cinco vezes em pessoas que têm um desses dois tipos de HLA e o risco aumenta 10 a 20 vezes nas pessoas que têm os tipos DR3 e DR4 HLA (SMELTZER; BARE, 2012). Independentemente da etiologia específica, a destruição das células beta resulta em diminuição da produção de insulina, produção não controlada de glicose pelo fígado e hiperglicemia em jejum (SARAIVA et al., 2019; SARTORELLI; FRANCO, 2003; SMELTZER; BARE, 2012). Além disso, a glicose derivada dos alimentos não pode ser armazenada no fígado, mas permanece na corrente sanguínea e contribui para a hiperglicemia pós-prandial (SMELTZER; BARE , 2012). Se a concentração de glicose no sangue exceder o limiar renal de glicose, geralmente 180 34 a 200 mg/dL, os rins não podem reabsorver toda a glicose filtrada e a glicose aparece na urina (SARAIVA et al., 2019; SMELTZER; BARE, 2012). Quando o excesso de glicose é excretado na urina, é acompanhado por perda excessiva de líquidos e eletrólitos (SMELTZER; BARE, 2012). Como a insulina normalmente inibe a glicogenólise e a gliconeogênese, em pessoas com deficiência de insulina, esses processos ocorrem de forma irrestrita e contribuem ainda mais para a hiperglicemia (SARAIVA et al., 2019; SARTORELLI; FRANCO, 2003; SMELTZER; BARE, 2012). Além disso, ocorre a quebra de gordura, resultando em um aumento na produção de corpos cetônicos, que são os subprodutos da quebra de gordura (SMELTZER; BARE, 2012). 1.2 Diabetes Tipo 2 Os dois principais problemas relacionados à insulina no diabetes tipo 2 são resistência à insulina e secreção diminuída de insulina, na qual a resistência a insulina refere-se a uma sensibilidade diminuída do tecido à insulina (SARTORELLI; FRANCO, 2003; SMELTZER; BARE, 2012). Normalmente, a insulina se liga a receptores especiais nas superfícies celulares e inicia uma série de reações envolvidas no metabolismo da glicose e no diabetes tipo 2, essas reações intracelulares são diminuídas, tornando insulina menos eficaz em estimular a captação de glicose pelos tecidos e na regulação da liberação de glicose pelo fígado (SARTORELLI; FRANCO, 2003; SMELTZER; BARE, 2012). Os mecanismos exatos que levam à resistência à insulina e diminuição da insulina na secreção na diabetes tipo 2 é desconhecida e para superar a resistência à insulina e impedir o acúmulo de glicose no sangue, quantidades aumentadas de insulina devem ser secretadas para manter o nível de glicose em um nível normal ou ligeiramente elevado nível (SARAIVA ET AL., 2019; SARTORELLI; FRANCO, 2003; SMELTZER; BARE, 2012). No entanto, se as células beta não conseguirem acompanhar o aumento da demanda por insulina, o nível de glicose aumenta e o tipo 2 de diabetes se desenvolve (ASSOCIATION, 2014; SARAIVA et al., 2019; SARTORELLI; FRANCO, 2003; SMELTZER; BARE, 2012). Apesar da diminuição da secreção de insulina, característica da diabetes tipo 2, existe insulina suficiente para prevenir a repartição da gordura e produção associada de cetona corpos (SMELTZER; BARE, 2012). Para a maioria dos pacientes, o diabetes tipo 2 é detectado incidentalmente e uma consequência da não detecção de diabetes é que complicações a longo prazo podem se desenvolver antes que o diagnóstico real de diabetes seja feito (SARTORELLI; FRANCO, 2003; SMELTZER; BARE, 2012). Como a resistência à insulina está associada à obesidade, o principal tratamento da diabetes tipo 2 é a perda de peso, e a prática de exercício físico também é importante para melhorar a eficácia da insulina; nesse sentido, há o uso de antidiabético oral que agentes que podem ser 35 adicionados se a dieta e o exercício não forem bem-sucedidos no controle dos níveis de glicose no sangue (JOVANOVIC; PETTITT, 2001; SARTORELLI; FRANCO, 2003; SMELTZER; BARE, 2012). A insulina pode ser adicionada à terapia com agentes orais, ou os pacientes podem passar para terapia com insulina inteiramente e alguns pacientes necessitam de insulina continuamente, além disso outros podem necessitar de insulina temporariamente durante períodos de estresse fisiológico agudo, como doença ou cirurgia (JOVANOVIC; PETTITT, 2001; SARTORELLI; FRANCO, 2003; SMELTZER; BARE, 2012). • O diabetes tipo 2 pode ser prevenido ou atrasado em pessoas com alto risco de contrair a doença, por meio da redução de peso e aumento da participação em exercícios mode- rados, assim como a metformina também impede ou atrasa o início • diabetes tipo 2, mas em menor grau (SMELTZER; BARE, 2012). 1.3 Diabetes Gestacional O diabetes gestacional é qualquer grau de intolerância à glicose com seu início durante a gravidez, desta forma a hiperglicemia se desenvolve durante a gravidez por causa da secreção de hormônios da placenta, que causa resistência à insulina (JOVANOVIC; PETTITT, 2001; SMELTZER; BARE, 2012). O diabetes gestacional ocorre em até 14% das mulheres grávidas e aumenta o risco de distúrbios hipertensivos durante a gravidez (JOVANOVIC; PETTITT, 2001; SMELTZER; BARE, 2012). O gerenciamento inicial inclui modificação na dieta e monitoramento da glicemia e se persistir a hiperglicemia, é prescrita insulina (JOVANOVIC; PETTITT, 2001; SMELTZER; BARE, 2012). Após o parto, os níveis de glicose no sangue na mulher com diabetes gestacional retornam ao normal (JOVANOVIC; PETTITT, 2001; SMELTZER; BARE, 2012). No entanto, muitas mulheres que tiveram diabetes gestacional desenvolvem diabetes tipo 2 mais tarde e, portanto, todas as mulheres que tiveram diabetes gestacional devem ser aconselhadas a manter seu peso corporal ideal e a exercite-se regularmente para reduzir o risco de diabetes tipo 2 (JOVANOVIC; PETTITT, 2001; SMELTZER; BARE, 2012). FIQUE DE OLHO A avaliação dos exames de glicemia deve ser realizada no pré-natal de todas as gestantes, devido ao risco do desenvolvimento de diabetes. No puerpério, deve ser mantida essa rotina a fim de avaliar a possibilidade de manutenção do diabetes após o período gestacional, uma vez que essa população apresenta um risco elevado de desenvolvimento desta patologia. 36 2 FUNÇÃO TIREOIDE ANORMAL A secreção inadequada do hormônio tireoidiano durante o desenvolvimento fetal e neonatal resulta em crescimento físico e mental atrofiado devido à depressão geral da atividade metabólica (DOUGLAS; DOUGLAS, 2002; MACIEL, 2007; SMELTZER; BARE, 2012). Nos adultos, o hipotireoidismo se manifesta como letargia, pensamento lento e lentidão generalizada das funções do corpo (SMELTZER; BARE, 2012). A secreção excessiva de hormônios da tireoide se manifesta por uma taxa metabólica bastante aumentada e muitas outras características do hipertireoidismo resultam do aumentoda resposta das catecolaminas circulantes (GUYTON et al., 2006; HORMONAL, 2009; MACIEL, 2007; SMELTZER; BARE, 2012). A secreção excessiva de hormônios da tireoide geralmente está associada a um aumento da glândula tireoide (GUYTON et al., 2006; HORMONAL, 2009; MACIEL, 2007; SMELTZER; BARE, 2012). O bócio também ocorre comumente com deficiência de iodo e nesta última condição, a falta de iodo resulta em baixos níveis de hormônios tireoidianos circulantes, o que causa aumento na liberação de TSH, o qual causa superprodução de tireoglobulina e hipertrofia da glândula tireoide (GUYTON et al., 2006; HORMONAL, 2009; MACIEL, 2007; SMELTZER; BARE, 2012). O termo eutireoideo refere-se à produção de hormônios da tireoide que está dentro dos limites normais (GUYTON et al., 2006; HORMONAL, 2009; MACIEL, 2007; SMELTZER; BARE, 2012). Nesse sentindo, iremos atender diferentes pacientes com os mais diversos tipos de alterações da função tireoide. Para as alterações que podemos presenciar aos nossos pacientes, devemos estar atentos às características do hipotireoidismo, hipertireoidismo e tireoidite. Figura 1 - Tireoide Fonte: FatCamera, Shutterstock, 2020. #ParaCegoVer: Na imagem, uma mulher está no consultório do médico e ela está fazendo um exame de tireoide. 37 Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 2.1 Hipotireoidismo O hipotireoidismo resulta de níveis abaixo do ideal do hormônio da tireoide, a qual pode afetar todas as funções do corpo e pode variar de formas subclínicas leves a uma forma avançada (ISOLAN-CURY et al., 2007; KNOBEL, NOGUEIRA; MEDEIROS-NETO, 2001; NASCIMENTO et al., 2003; SMELTZER; BARE, 2012). A causa mais comum de hipotireoidismo em adultos é a tireoidite autoimune (doença de Hashimoto), na qual o sistema imunológico ataca a glândula tireoide (ISOLAN-CURY et al., 2007; KNOBEL, NOGUEIRA; MEDEIROS-NETO, 2001; NASCIMENTO et al., 2003; SMELTZER; BARE, 2012). Os sintomas de hipertireoidismo podem ser seguidos posteriormente pelos de hipotireoidismo e mixedema (ISOLAN-CURY et al., 2007; NASCIMENTO et al., 2003; SMELTZER; BARE, 2012). O hipotireoidismo também ocorre comumente em pacientes com hipertireoidismo anterior que foram tratados com medicamentos com iodo ou antitireoidiano ou que foram submetidos a cirurgia e ocorre com mais frequência em mulheres mais velhas (SMELTZER; BARE, 2012). A radioterapia para câncer de cabeça e pescoço também pode causar hipotireoidismo em homens mais velhos e portanto, o teste da função da tireoide é recomendado para todos os pacientes que recebem esse tratamento (MACIEL, 2007; SMELTZER; BARE, 2012). 2.2 Hipertireoidismo O hipertireoidismo é o segundo distúrbio endócrino mais prevalente, depois do diabetes mellitus, sendo que a doença de Graves, o tipo mais comum de hipertireoidismo que resulta de uma produção excessiva de hormônios da tireoide causada por estimulação anormal da glândula tireoide por imunoglobulinas circulantes (ANDRADE, GROSS E MAIA, 2001; OLIVEIRA E MALDONADO, 2014; SANDRINI et al., 2001; SANTOS et al., 2002; SMELTZER; BARE, 2012). 38 O hipertireoidismo afeta as mulheres oito vezes mais frequentemente que os homens, com início geralmente entre a segunda e a quarta década (ANDRADE, GROSS E MAIA, 2001; OLIVEIRA E MALDONADO, 2014; SANDRINI et al., 2001; SANTOS et al., 2002; SMELTZER; BARE, 2012). Pode aparecer após um choque emocional, estresse ou infecção, mas o significado exato desses relacionamentos não é compreendido (SMELTZER; BARE, 2012). Outras causas comuns de hipertireoidismo incluem tireoidite e ingestão excessiva de hormônio da tireoide (OLIVEIRA; MALDONADO, 2014; SANDRINI et al., 2001; SANTOS et al., 2002; SMELTZER; BARE, 2012). Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 2.3 Tireoidite A tireoidite, inflamação da glândula tireoide, pode ser aguda, subaguda ou crônica e cada tipo de tireoidite é caracterizada por inflamação, fibrose ou infiltração linfocítica da glândula tireoide (SMELTZER; BARe, 2012). A tireoidite aguda é um distúrbio raro causado pela infecção da glândula tireoide por bactérias, fungos, micobactérias ou parasitas (SETIAN et al., 2014; SMELTZER; BARE, 2012; YAMASHIRO et al., 2007). A infecção geralmente causa dor e inchaço no pescoço anterior, febre, disfagia e disfonia, assim como faringite ou dor faríngea estão frequentemente presentes (SMELTZER; BARE, 2012). A tireoidite subaguda pode ser tireoidite granulomatosa subaguda ou tireoidite indolor, assim como é um distúrbio inflamatório da glândula tireoide que afeta predominantemente mulheres entre 40 e 50 anos (ANDRADE, GROSS, MAIA, 2001; SETIAN et al., 2014; SMELTZER; BARE, 2012; YAMASHIRO et al., 2007). A condição se apresenta como um inchaço doloroso no pescoço anterior, que dura 1 a 2 meses e, depois, desaparece espontaneamente, sem efeito residual (SMELTZER; BARE, 2012). A tireoide aumenta simetricamente e pode ser dolorosa e a pele subjacente é frequentemente avermelhada e quente, assim como a deglutição pode ser difícil e desconfortável. Irritabilidade, 39 nervosismo, insônia e perda de peso – manifestações de hipertireoidismo – são comuns e muitos pacientes também sofrem calafrios e febre (SANDRINI et al., 2001; SANTOS et al., 2002; SMELTZER; BARE, 2012; YAMASHIRO et al., 2007). Os agentes antitireoidianos, que bloqueiam a síntese de T3 e T4, não são eficazes na tireoidite porque a tireotoxicose associada resulta da liberação de hormônios da tireoide armazenados e não do aumento da síntese (SMELTZER; BARE, 2012). Em casos mais graves, corticosteroides orais podem ser prescritos para reduzir o inchaço e aliviar a dor e em alguns casos, o hipotireoidismo temporário pode se desenvolver e pode exigir terapia hormonal da tireoide, na qual o monitoramento de acompanhamento é necessário para documentar o retorno do paciente ao estado eutireoideo (SMELTZER; BARE, 2012). A tireoidite indolor geralmente ocorre no período pós-parto e acredita-se ser um processo autoimune, na qual sintomas de hipertireoidismo ou hipotireoidismo são possíveis (ANDRADE, GROSS, MAIA, 2001; SMELTZER; BARE, 2012; YAMASHIro et al., 2007). O tratamento é direcionado aos sintomas, e o acompanhamento anual é recomendado para determinar a necessidade do paciente de tratamento de hipotireoidismo subsequente (SMELTZER; BARE, 2012). A tireoidite crônica, que ocorre com mais frequência em mulheres entre 30 e 50 anos, foi denominada doença de Hashimoto, ou tireoidite linfocítica crônica e seu diagnóstico é baseado na aparência histológica da glândula inflamada (SMELTZER; BARE, 2012). Ao contrário da tireoidite aguda, as formas crônicas geralmente não são acompanhadas de dor, sintomas de pressão ou febre, e a atividade da tireoide é normalmente normal ou baixa, em vez de aumentada (SETIAN et al., 2014; SMELTZER; BARE, 2012). 3 SÍNDROME DE CUSHING A síndrome de Cushing resulta de atividade adrenocortical excessiva, e não deficiente (CASTRO; MOREIRA, 2002; GUTIÉRREZ RESTREPO, LATORRE SIERRA, CAMPUZANO MAYA, 2009; PEREIRA, ARAÚJO; BISI, 2001; ROLLIN; CZEPIELEWSKI, 2003; SMELTZER; BARE, 2012). A síndrome pode resultar da administração excessiva de corticosteroides ou da hiperplasia do córtex adrenal (SMELTZER; BARE, 2012). FIQUE DE OLHO A avaliação da tireoide deve fazer parte do exame físico de todos os pacientes, uma vez que ela pode apresentar alterações no seu tamanho e forma. Essa alteração pode indicar alterações fisiológicas no desenvolvimento da mesma e deve ser observado os sinais e sintomas do paciente fazendo uma possível relação com a alteração da tireoide. 40 Nesse sentindo, devemos compreender que os medicamentos que podemos administrar aos pacientes podem causar patologias adicionais. Dessa forma, devemos estar atentos ao histórico de enfermagem para procurar identificar os fatores que podem contribuir para a ocorrência dessa síndrome. 3.1 Fisiopatologia A síndrome de Cushing é comumente causada pelo uso de medicamentos com corticosteroides e raramente ocorre devidoà produção excessiva de corticosteroides pelo córtex adrenal (CASTRO; MOREIRA, 2002; GUTIÉRREZ RESTREPO, LATORRE SIERRA, CAMPUZANO MAYA, 2009; PEREIRA, ARAÚJO; BISI, 2001; ROLLIN; CZEPIELEWSKI, 2003; SMELTZER; BARE, 2012). No entanto, a superprodução de corticosteroides endógenos pode ser causada por vários mecanismos, incluindo um tumor da hipófise que produz ACTH e estimula o córtex adrenal a aumentar sua secreção hormonal, apesar da produção de quantidades adequadas (CASTRO; MOREIRA, 2002; GUTIÉRREZ RESTREPO, LATORRE SIERRA, CAMPUZANO MAYA, 2009; PEREIRA, ARAÚJO; BISI, 2001; ROLLIN; CZEPIELEWSKI, 2003; SMELTZER; BARE, 2012). A hiperplasia primária das glândulas suprarrenais na ausência de um tumor hipofisário é menos comum (CASTRO; MOREIRA, 2002; GUTIÉRREZ RESTREPO, LATORRE SIERRA, CAMPUZANO MAYA, 2009; PEREIRA, ARAÚJO; BISI, 2001; ROLLIN; CZEPIELEWSKI, 2003; SMELTZER; BARE, 2012). Outra causa menos comum da síndrome de Cushing é a produção ectópica de ACTH por malignidades e o carcinoma broncogênico é o tipo mais comum dessas neoplasias. Independentemente da causa, os mecanismos normais de feedback que controlam a função do córtex adrenal tornam-se ineficazes, e o padrão diurno usual do cortisol é perdido (CASTRO; MOREIRA, 2002; GUTIÉRREZ RESTREPO, LATORRE SIERRA, CAMPUZANO MAYA, 2009; PEREIRA, ARAÚJO; BISI, 2001; ROLLIN; CZEPIELEWSKI, 2003; SMELTZER; BARE, 2012). Os sinais e sintomas da síndrome de Cushing são principalmente resultado da secreção excessiva de glicocorticóides e andrógenos, embora a secreção de mineralocorticóides também possa ser afetada (CASTRO; MOREIRA, 2002; GUTIÉRREZ RESTREPO, LATORRE SIERRA, CAMPUZANO MAYA, 2009; PEREIRA, ARAÚJO; BISI, 2001; ROLLIN; CZEPIELEWSKI, 2003; SMELTZER; BARE, 2012). 3.2 Manifestações Clínicas Quando ocorre a superprodução do hormônio cortical adrenal, a interrupção do crescimento, a obesidade e as alterações musculoesqueléticas ocorrem juntamente com a intolerância à glicose (CASTRO; MOREIRA, 2002; GUTIÉRREZ RESTREPO, LATORRE SIERRA; CAMPUZANO MAYA, 2009; SMELTZER; BARE, 2012). A imagem clássica da síndrome de Cushing no adulto é a da obesidade do tipo central, com uma “corcova de búfalo” gordurosa no pescoço e nas áreas supraclaviculares, um tronco pesado e extremidades relativamente finas (CASTRO; MOREIRA, 2002; GUTIÉRREZ RESTREPO, LATORRE SIERRA, CAMPUZANO MAYA, 2009; PEREIRA, ARAÚJO, BISI, 2001; ROLLIN; CZEPIELEWSKI, 2003; SMELTZER. BARE, 2012). 41 O paciente desenvolve uma aparência de “face da lua” e pode experimentar um aumento da oleosidade da pele e acne, assim como há maior suscetibilidade à infecção. Hiperglicemia ou diabetes evidente podem se desenvolver (CASTRO; MOREIRA, 2002; GUTIÉRREZ RESTREPO, LATORRE SIERRA, CAMPUZANO MAYA, 2009; PEREIRA, ARAÚJO, BISI, 2001; ROLLIN; CZEPIELEWSKI, 2003; SMELTZER. BARE, 2012). O paciente também pode relatar ganho de peso, cicatrização lenta de pequenos cortes e contusões (GUTIÉRREZ RESTREPO, LATORRE SIERRA, CAMPUZANO MAYA, 2009; SMELTZER; BARE, 2012). Mulheres de 20 a 40 anos têm cinco vezes mais chances do que os homens de desenvolver a síndrome de Cushing e, em mulheres de todas as idades, pode ocorrer como resultado do excesso de andrógenos (CASTRO; MOREIRA, 2002; GUTIÉRREZ RESTREPO, LATORRE SIERRA, CAMPUZANO MAYA, 2009; PEREIRA, ARAÚJO, BISI, 2001; ROLLIN; CZEPIELEWSKI, 2003; SMELTZER. BARE, 2012). A virilização é caracterizada pelo aparecimento de traços masculinos e pela recessão de traços femininos (GUTIÉRREZ RESTREPO, LATORRE SIERRA, CAMPUZANO MAYA, 2009; SMELTZER; BARE, 2012). Há um crescimento excessivo de pelos no rosto, as mamas atrofiam, a menstruação cessa, o clitóris aumenta e a voz se aprofunda (GUTIÉRREZ RESTREPO, LATORRE SIERRA, CAMPUZANO MAYA, 2009; SMELTZER; BARE, 2012). As mudanças ocorrem no humor e na atividade mental, e a psicose pode se desenvolver, assim como a angústia e depressão são comuns e são aumentadas pela severidade das alterações físicas que ocorrem com essa síndrome (GUTIÉRREZ RESTREPO, LATORRE SIERRA, CAMPUZANO MAYA, 2009; SMELTZER; BARE, 2012). Se a síndrome de Cushing é uma consequência do tumor da hipófise, podem ocorrer distúrbios visuais devido à pressão do crescimento do tumor no quiasma óptico (GUTIÉRREZ RESTREPO, LATORRE SIERRA, CAMPUZANO MAYA, 2009; SMELTZER; BARE, 2012). 4 SISTEMA HEMATOPOÉTICO A maioria das doenças hematológicas reflete um defeito no sistema hematopoiético ou hemostático (SMELTZER; BARE, 2012). O defeito pode ser quantitativo (por exemplo, aumento ou diminuição da produção de células), qualitativa (por exemplo, as células produzidas com defeito em sua capacidade funcional normal), ou ambos (SMELTZER; BARE, 2012). 4.1 Considerações Gerontológicas Em pacientes idosos, um problema comum é a diminuição da capacidade do medula óssea para responder à necessidade do corpo de células sanguíneas (hemácias, leucócitos e plaquetas) (SMELTZER; BARE, 2012). Essa incapacidade é resultado de muitos fatores, incluindo diminuição da produção dos fatores de crescimento necessários para hematopoiese por células estromais na medula ou uma diminuição resposta aos fatores de crescimento (no caso 42 da eritropoietina) (SMELTZER; BARE, 2012). Devemos lembrar que quando uma pessoa idosa precisa de mais células sanguíneas (por exemplo, leucócitos em hemácias na anemia), a medula óssea pode não ser capaz de aumentar a produção dessas células adequadamente (SMELTZER; BARE, 2012). Nos idosos, a medula óssea pode ser mais suscetível à doença mielossupressora devido a efeitos de medicamentos (SMELTZER; BARE, 2012). A anemia é a condição hematológica mais comum que afeta pacientes idosos e a cada década sucessiva de vida, a incidência de anemia aumenta, assim como a anemia resulta frequentemente de deficiência de ferro ou de uma deficiência nutricional, particularmente deficiência de folato ou B12 ou desnutrição proteico-calórica, fato que também pode resultar de inflamação ou doença crônica (SMELTZER; BARE, 2012). A gestão do distúrbio varia dependendo da etiologia e, portanto, é importante identificar a causa da anemia, em vez de considere uma consequência inevitável do envelhecimento (SMELTZER; BARE, 2012). Pessoas idosas com problemas cardíacos ou pulmonares concomitantes podem não tolerar anemia muito bem, e é necessária uma avaliação completa e imediata (SMELTZER; BARE, 2012). 4.2 Tratamento de Distúrbio Hematológicos Os distúrbios sanguíneos comumente encontrados são anemia, policitemia, leucopenia e neutropenia, leucocitose, linfoma, mieloma, leucemia e vários distúrbios hemorrágicos e de coagulação ( SMELTZER; BARE, 2012). O manejo de enfermagem de pacientes com esses transtornos requer habilidades, avaliação e monitoramento, bem como cuidados e ensino meticulosos para prevenir deterioração e complicações (SMELTZER; BARE, 2012). Nesse sentido, devemos compreender todos os fatores envolvidos na origem e possíveis complicações que esses distúrbios podem causar, para que possamos atuar de forma eficiente para a tomada de decisão em saúde (SMELTZER; BARE, 2012). 5 ANEMIA A anemia, por si só, não é um estado específico da doença, mas um sinal de um distúrbio subjacente e vale ressaltar que é de longe a condição hematológica mais comum (SMELTZER; BARE, 2012). A anemia é uma condição na qual a concentração de hemoglobina é menor do que o normal, reflete a presença de menos glóbulos vermelhos do que o normal na circulação (SMELTZER; BARE, 2012). Como resultado, a quantidade de oxigênio fornecida aos tecidos do corpo também é diminuída (SMELTZER; BARE, 2012). 43 As anemias podem ser classificadas em perda de hemácias, diminuição da produção de hemácias e maior distribuição de glóbulos vermelhos (SMELTZER; BARE, 2012). Uma conclusão sobre se a anemia é causada por destruição ou produção inadequada de hemácias geralmente pode ser alcançada com base na capacidade da medula de responder aos glóbulos vermelhos diminuídos, no grau em que os hemácias jovens proliferam
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