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Residência Pediátrica; 2022: Ahead of Print.
Cirrose hepática secundária a doença hepática gordurosa não 
alcoólica em uma criança de 10 anos de idade: relato de caso e 
revisão da literatura
Resumo
Roberta de Pádua Borges1, Amanda Veiga Cheuiche2, Laís Janeczko1, Giovana Caroline Marx Becker1, Leila Cristina Pedroso de-Paula1,2
Liver cirrhosis secondary to nonalcoholic fatty liver disease in a 10-year-old child: a case report and 
review of the literature
1 Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Serviço de Endocrinologia - porto alegre - rio grande do sul - Brasil.
2 Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Serviço de Endocrinologia Pediátrica - porto alegre - rio grande do sul - Brasil.
Endereço para correspondência:
Leila Cristina Pedroso de Paula.
Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Rua Ramiro Barcelos, 2350, - Santa Cecília, Porto Alegre - RS, Brasil. CEP: 90035-903. E-mail: lpaula@hcpa.edu.br
A doença hepática gordurosa não alcoólica é uma das principais patologias hepáticas no mundo. Paralelamente ao 
aumento da prevalência de obesidade e outros componentes da síndrome metabólica, a patologia em pauta é cada 
vez mais reconhecida em crianças e se tornou um fenômeno preocupante. Embora fibrose seja comum em esteato-
hepatite não alcoólica pediátrica, cirrose é uma condição raramente relatada nesse grupo etário. O presente artigo 
relata o caso de uma criança com obesidade mórbida e diabetes tipo 2 que desenvolveu cirrose hepática a partir de 
esteato-hepatite não alcoólica aos 10 anos de idade, além de apresentar uma revisão da literatura acerca do tema.
Abstract
Nonalcoholic fatty liver disease is a major cause of liver disease worldwide. In parallel with the increasing prevalence of 
obesity and other components of the metabolic syndrome, it is increasingly recognized in children and has become a 
worrying phenomenon. Although fibrosis is common in pediatric nonalcoholic steatohepatitis, rarely cirrhosis has been 
reported in this age group. In this paper, a child was reported with morbid obesity and type 2 diabetes who developed 
liver cirrhosis from nonalcoholic steatohepatitis at the age of 10 years old, providing a review of the literature.
Palavras-chave:
Obesidade Pediátrica,
Doença Hepática 
Gordurosa Não 
Alcoólica,
Diabetes Mellitus,
Cirrose Hepática.
Keywords: 
Pediatric Obesity,
Non-alcoholic Fatty 
Liver Disease,
Diabetes Mellitus,
Liver Cirrhosis.
RELATO DE CASO
Data de Submissão: 15/08/2019
Data de Aprovação: 10/09/2019
DOI: 10.25060/residpediatr-2021.v11n3-181
Este trabalho está licenciado sob uma Creative Commons Attribution 
4.0 International License.
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Residência Pediátrica; 2022: Ahead of Print.
INTRODUÇÃO
A epidemia de obesidade infantil é um dos maiores 
problemas globais de saúde pública. A obesidade é um fator de 
risco para doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA), 
termo que se refere à esteatose hepática crônica (deposição 
de lípides em mais de 5% dos hepatócitos), após outras causas 
secundárias de esteatose (tais como hepatite viral, hepatite 
autoimune, medicamentos esteatogênicos, consumo de álcool 
ou erros inatos do metabolismo) terem sido descartadas1.
A DHGNA é a causa mais comum de doença hepática 
em crianças e sua prevalência tem crescido paulatinamente. 
A fisiopatologia, história natural e progressão da doença ainda 
requerem maiores esclarecimentos, mas a DHGNA pediátrica 
pode representar um fenótipo mais grave que se beneficia-
ria de identificação e manejo precoces, além de meticuloso 
monitoramento clínico2. O presente artigo relata o caso de 
uma criança com obesidade mórbida e diabetes tipo 2 que 
desenvolveu cirrose hepática a partir de esteato-hepatite não 
alcoólica aos 10 anos de idade.
RELATO DE CASO
O paciente era uma criança do sexo feminino nascida 
a termo, adequada para a idade gestacional, exclusivamente 
amamentada até os seis meses de idade, que desenvolveu 
obesidade durante o primeiro ano de vida. Aos oito anos de 
idade, a criança foi trazida ao hospital por conta de vômitos e 
foi diagnosticada com diabetes tipo 2 (cetoacidose diabética 
foi descartada e, à época, HbA1c estava em 10,6%, e insulina 
em 30,7 uUI/mL). O seguimento da paciente foi irregular. A 
criança faltou a várias consultas médicas e apresentou baixa 
adesão a intervenções de estilo de vida e farmacológicas. 
Aos 10 anos de idade ela foi trazida para uma consulta com o 
endocrinologista. Seu peso e estatura eram 86,6 kg e 152 cm 
(percentil 95 no gráfico de estatura para idade da OMS) e seu 
índice de massa corporal (IMC) era 37,48 kg/m2 (> percentil 
99 no gráfico de IMC por idade da OMS). Exame abdominal 
revelou discreta hipersensibilidade no quadrante superior 
direito e hepatoesplenomegalia. Ela também apresentava 
acantose nigricans nas fossas cervical, axilares e antecubitais. 
Seu histórico clínico era negativo para consumo de 
drogas, exposição parenteral a hemoderivados ou substâncias 
ilegais. Ela era não tinha dismorfismos e não apresentava sinais 
clínicos de distúrbios genéticos. A família não tinha histórico de 
doença hepática. Resultados dos exames laboratoriais: glicose 
288 mg/dL, HbA1c 10,7%, albuminúria 61,5 mg/L, aspartato 
aminotransferase (AST) 66 U/L, alanina aminotransferase (ALT) 
69 U/L, gama-glutamil transpeptidase 79 U/L, fosfatase alcalina 
157 U/L, bilirrubina total 0,6 mg/dL, lipase 45 U/L, creatinina 
0.4 mg/dL, colesterol total 147 mg/dL, HDL 27 mg/dL, triglicé-
rides 246 mg/dL, RNI 1.13, tempo de protrombina (TP) 15,3 s 
e atividade PT 81%. Outras causas de doença hepática crônica 
foram descartadas.
Ultrassonografia abdominal mostrou um fígado com 
21 cm no nível do lobo esquerdo, com contornos ligeiramen-
te serrilhados e bordas arredondadas, com ecogeneicidade 
extremamente elevada, grau III / III; o lobo direito media 18 
cm (Fig. 1); vias biliares não dilatadas e veia porta com calibre 
normal (0,7 cm); baço homogêneo com 19 cm; ausência de 
ascite ou adenomegalia. Biópsia hepática demonstrou cirrose 
micronodular com septos espessos e esteato-hepatite com 
atividade discreta - NAS (NAFLD Activity Score) 5 (esteatose 3, 
inflamação lobular 1, balonamento 1) (Fig. 2). Polissonografia 
revelou sinais compatíveis com disfunção respiratória obstru-
tiva moderada durante o sono. Os parâmetros da ecocardio-
grafia se situaram no limite da normalidade para a faixa etária. 
Videoesofagogastroduodenoscopia realizada para descartar 
varizes esofágicas apresentou achados normais.
Figura 2. Patologia - biópsia hepática.
Figura 1. Ultrassonografia abdominal.
Foi proposto um programa multidisciplinar para redu-
ção ponderal com a participação de psicólogo, nutricionista, 
médico, enfermeira e fisioterapeuta, que incluía dieta hipo-
calórica de 1000 kcal/dia, exercícios e tratamento farmaco-
lógico – topiramato 100 mg, fluoxetina 10 mg, metformina 
850 mg 3 vezes ao dia e enalapril 5 mg (para albuminúria). 
Foi atingida perda ponderal de 12,3% e a paciente chegou a 
pesar 75,9 kg no segundo mês de tratamento. À época, em 
comparação a ultrassonografia prévia, houve também redução 
da hepatomegalia (lobo esquerdo passou de 21 cm para 15,2 
cm e lobo direito de 18 cm para 16,4 cm); HbA1c 5,7%; ALT 
28 U/L; AST 30 U/L.
DISCUSSÃO
Estima-se que cerca de 25% da população mundial sofra 
de DHGNA. Embora a maioria dos casos ocorra em adultos, 
a DHGNA é atualmente a principal doença hepática crônica 
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Residência Pediátrica; 2022: Ahead of Print.
em populações pediátricas em todo o mundo3,4. Estimar a 
prevalência de DHGNA em crianças é difícil, principalmente 
por conta da variação no delineamento dos estudos, métodos 
de referência e limiares de detecção. Nos EUA, a prevalência 
varia de 7,6% na população geral, 34,2% em estudos base-
ados em clínicas para obesidade infantil, a 76% em estudos 
com pacientes pediátricos com obesidade grave submetidos 
a cirurgia bariátrica2,5. Além disso, a esteato-hepatite não al-
coólica (EHNA), um fenótipo mais grave de DHGNA definido 
por achados histológicos deinflamação, com ou sem lesão 
de balonamento nos hepatócitos e fibrose, é a indicação de 
maior crescimento nos casos de transplante hepático em 
jovens adultos nos EUA2,6.
A DHGNA resulta da combinação de influências am-
bientais e predisposição genética. Os fatores de risco incluem 
obesidade, diabetes, hiperlipidemia e pan-hipopituitarismo. 
Vários estudos exploraram sua associação a outros fatores 
como o microbioma intestinal, epigenética e determinantes 
de risco nutricionais, como frutose e adição de açucares1,7. A 
história natural dessa comorbidade em crianças não é bem 
descrita. Os casos são assintomáticos na maioria da popula-
ção pediátrica, mas, quando presentes, os sintomas incluem 
desconforto abdominal, fadiga e irritabilidade. A paciente do 
presente estudo apresentava acantose nigricans, um sinal 
frequente que reflete a associação entre DHGNA e resistência 
à insulina.
Em casos raros, a doença pode apresentar progressão 
rápida em crianças, levando a cirrose e complicações fatais1. 
Sharma et al. relataram um caso de cirrose hepática secun-
dária a DHGNA em uma menina do Oriente Médio com 12 
anos de idade com IMC de 52 kg/m2, diabetes, com apneia 
obstrutiva do sono grave e hipoventilação central8. Molleston 
JP descreveu o caso de um menino hispânico de 10 anos de 
idade com IMC de 32 kg/m2 que apresentava fadiga e amino-
transferases elevadas, com biópsia hepática compatível com 
cirrose9. Os mesmos autores também relataram o caso de 
um menino de 13 anos de idade que ganhou mais de 30 kg e 
desenvolveu diabetes mellitus após a ressecção de um grande 
craniofaringioma, com hipopituitarismo e diabetes insipidus 
no pós-operatório. Aos 14 anos de idade, ele desenvolveu 
sangramento varicoso, encefalopatia discreta e ascite, com 
histologia hepática compatível com cirrose9.
Exame de triagem para ALT é recomendado para crian-
ças a partir de nove anos de idade em casos de obesidade (IMC 
≥ percentil 95) ou sobrepeso (IMC ≥ percentil 85 e < percentil 
94) com fatores de risco adicionais. Triagem também é acon-
selhada para pacientes mais jovens com obesidade grave; 
com histórico familiar de DHGNA; ou com hipopituitarismo. 
Recomenda-se utilizar o limite superior da normalidade de 22 
U/L para meninas e 26 U/L para meninos. Em caso de resulta-
dos normais, o exame de ALT deve ser repetido a cada dois ou 
três anos caso os fatores de risco persistam ou se houver piora 
clínica. Ultrassonografia não é recomendada como exame de 
triagem para DHGNA na população pediátrica2.
Uma vez que a elevação crônica da ALT é detectada, é 
importante excluir outras causas de lesão hepática. Métodos 
baseados em ressonância magnética conseguem detectar e 
quantificar esteatose hepática em crianças e são mais preci-
sos que ultrassonografia. Biópsia hepática ainda é o padrão 
diagnóstico para DHGNA e de verificação da gravidade do 
acometimento2.
Controle ponderal com enfoque em modificações de 
estilo de vida é o tratamento estabelecido para DHGNA. Em 
muitos casos é recomendável evitar bebidas adoçadas com 
açúcar, consumir dietas balanceadas, realizar atividades físicas 
de intensidade moderada a alta diariamente, reduzir o tempo 
de tela (para não mais do que duas horas por dia) e estimular 
o engajamento familiar10. Os pacientes devem ser orientados a 
evitar o consumo de álcool e se vacinar contra hepatite A e B.
Nenhuma medicação ou suplemento é atualmente re-
comendado para o tratamento de rotina da DHGNA pediátrica. 
Estudos sobre terapias farmacológicas incluem metformina, 
bitartarato de cisteamina, ácido ursodesoxicólico, suplementos 
probióticos e de ômega-3, com resultados variáveis e inconclu-
sivos11. Tratamento com vitamina E parece melhorar alguns dos 
parâmetros histológicos da DHGNA em crianças, mas as evidências 
são limitadas; pode haver efeitos adversos de longo prazo e seu im-
pacto clínico ainda não foi estabelecido11. Em adultos que sofrem 
de diabetes mellitus e EHNA, pioglitazona e liraglutida melhoram 
fibrose, inflamação e esteatose, mas esses medicamentos não são 
aprovados para uso na população pediátrica.
Cirurgia para perda de peso é um possível tratamento 
a ser considerado para vários pacientes adolescentes obesos 
sem resposta a tratamento não cirúrgico, mas há poucos 
dados a respeito da melhora da EHNA após cirurgia bariátrica 
nessa população. Além disso, o seguimento de crianças e 
adolescentes submetidos a cirurgia bariátrica demonstrará 
seus desfechos clínicos na idade adulta12,13.
Embora mudanças na ALT não necessariamente se 
correlacionem com gravidade da doença, esse parâmetro deve 
ser avaliado em associação ao histórico clínico do paciente 
e exame físico para fins de monitoramento do tratamento. 
A normalização da ALT ou sua redução em mais de 50% são 
utilizados como parâmetro de melhora da DHGNA em ensaios 
clínicos. Particularmente em crianças com DHGNA avançada 
em biópsias anteriores ou com piora clínica, uma nova biópsia 
deve ser considerada.
Na população pediátrica, a DHGNA é subdiagnosticada 
e subtratada. Pesquisas futuras devem se concentrar em abor-
dagens farmacológicas inovadoras e no desenvolvimento de 
estratégias para o tratamento de comorbidades e promoção da 
aderência a modificações de estilo de vida. O presente relato 
de caso demonstra o rápido desenvolvimento da cirrose em 
uma criança obesa e diabética, enfatizando a importância do 
monitoramento cuidadoso de crianças com fatores de risco, 
uma vez que a EHNA pode não ocorrer de forma indolente 
nessa população; a progressão para cirrose, embora rara, pode 
ocorrer e implica em pior prognóstico.
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Residência Pediátrica; 2022: Ahead of Print.
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