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Resumo P1 – Geotectônica Só o essencial 1. Métodos diretos e indiretos Os métodos diretos de investigação, como o próprio nome diz, referem-se àqueles nos quais os materiais do interior da Terra estão disponíveis na superfície ou próximos desta, permitindo uma análise direta destes. Os métodos diretos incluem o estudo de afloramentos rochosos, o estudo do material das partes mais profundas da litosfera trazidas à superfície pela atividade vulcânica e a análise de dados de minas e sondagens. Métodos diretos ▪ Em Terra Análise de afloramentos rochosos Análises de erupções vulcânicas Análise de dados de minas e dados de sondagens: Estas atividades permitem atingir e trazer à superfície materiais do interior da Terra. No entanto, a sondagem mais profunda realizada na província de Kola (Rússia) atingiu apenas cerca de 12 km de profundidade. Se compararmos este valor com o raio da Terra (cerca de 6.370 km), verificamos que apenas 0,19% do interior da Terra foi atingido. Além da obtenção de amostras das sondagens para a análise, os cientistas podem utilizar o buraco da sondagem para inserir e baixar instrumentos para testar as propriedades elétricas das várias camadas; introduzir um gerador sônico para produzir fontes sonoras; baixar sensores para registrar diferenças entre as radioatividades naturais das camadas etc. Ao introduzir, porém, instrumentos no furo da sondagem, passa a ser um método indireto. ▪ No mar: Dragagens Batiscafos, ROV’S (remotly operated Vehicle) Perfurações Métodos indiretos Sismologia: É a ciência que estuda as ondas sísmicas produzidas pelos terremotos, ou por outros métodos sísmicos baseados na geração de ondas elásticas por meio de explosões, ar comprimido ou vibrações. → Instrumentação: Estas ondas são captadas por geofones localizados nas estações sismológicas espalhadas pelo mundo e que serão lidas a partir dos sismógrafos, o qual são constituídos de um sismômetro que nada mais é um transdutor que percebe os movimentos do solo e um registrador que registra esse movimento. → Aquisição: É adquirido um sismograma onde são registradas as amplitudes dos diferentes tipos de ondas sísmicas, a sua velocidade de propagação e o tempo em que levou para se propagar. → O que se obtém: São obtidas as descontinuidades presentes no interior da Terra, é possível delimitar os limites das placas litosféricas, é possível delimitar as zonas de reativação de terremotos, além de ser possível mapear os terremotos, além de saber sua magnitude e seu tempo de propagação. → Unidade de medida: Unidade de velocidade de propagação das ondas sísmicas = Km/s, magnitude de terremotos = escala Richter (1 a 10). → Produtos: Imageamento sísmico; Descrição de terremotos; Perfilagem sísmica e Tomografia sísmica. - Perfilagem sísmica: Uma fonte acústica submersa produz oscilações na partículas (pulsos). Quando os pulsos são emitidos, atingem a interface entre duas camadas com propriedades mecânicas diferentes, assim parte da energia é refletida de volta para à superfície onde é captada pelo receptor. Conhecendo a velocidade de propagação das ondas sísmicas no meio e o tempo de trânsito entre a fonte, a interface e o receptor, é possível calcular a profundidade do alvo. - Tomografia sísmica: A tomografia sísmica, combina informações de um grande número de ondas cruzadas para construir imagens tridimensionais do interior da Terra, fazendo assim o uso dos tempos de viagem registrados das ondas sísmicas através dos terremotos geograficamente distribuídos em um conjunto de estações sismográficas. Os muitos caminhos de viagem de terremotos até os receptores se cruzam muitas vezes. Se houver regiões de anomalia sísmica, a velocidade no espaço percorrido pelos raios e o tempo de viagem das ondas que atravessam esta região são afetados. A interpretação simultânea das anomalias de tempo de viagem para os muitos caminhos cruzados, permitem então delinear as regiões anômalas, fornecendo um modelo tridimensional do espaço de velocidade. Tanto as ondas corporais quanto as ondas superficiais podem ser usadas na análise tomográfica. Com ondas corporais, os tempos reais de viagem das fases P ou S são utilizados. (1) Distribuição de terremotos, ondas sísmicas e mecanismos dos terremotos Muitos dos conhecimentos que se tem atualmente sobre a constituição interna da Terra é dada pelo estudos das ondas sísmicas que geram os terremotos. Essas ondas seguem por vários caminhos pelo interior da Terra e através da medida do seu tempo de viagem entre esses diferentes caminhos é possível determinar em larga escala cada camada. Também é possível fazer inferências sobre as propriedades físicas dessas camadas levando em consideração essas velocidades de transmissão da onda sísmica. Descrição do Terremoto : Normalmente assume-se que os terremotos são originados de um único ponto conhecido como o foco ou hipocentro, que está invariavelmente a cerca de 700 km da superfície. Na realidade, porém, a maioria dos terremotos são gerados por movimentos ao longo de um plano de falha, de modo que a região focal pode se estender por vários quilômetros. O ponto sobre a Terra no qual a superfície é verticalmente acima do foco é o epicentro. O ângulo subtendido no centro da Terra pelo epicentro e o ponto em que as ondas sísmicas estão detectados é conhecido como o ângulo epicentral Δ. A magnitude de um terremoto é uma medida de sua liberação de energia em uma escala logarítmica; uma mudança de magnitude de um na escala Richter implica um aumento de 30 vezes na energia de liberação. Propagação das ondas sísmicas: A energia de tensão liberada por um terremoto é transmitida através da Terra por vários tipos de ondas sísmicas, que se propagam por deformação elástica da rocha pela qual elas percorrem. Ondas que penetram o interior da Terra são conhecidos como ondas corporais, e consistem em dois tipos correspondentes as duas possíveis formas de deformar um meio sólido. Ondas P, também conhecidas como ondas longitudinais ou de compressão, correspondem a deformação elástica (sua velocidade de propagação é maior, por isso é a primeira a ser detectada) por compressão/dilatação, nessas ondas as partículas da rocha transmissora oscila na direção de propagação da onda, o que faz com que a perturbação continue como uma série de compressões e rarefações. As ondas S, também conhecidas como ondas de cisalhamento ou transversais, correspondem à deformação elástica do meio de transmissão de forma a provocar a oscilação das partículas da rocha em ângulos retos em relação à direção de propagação. Como a rigidez de um fluido é zero, as ondas S não podem ser transmitido por tal meio. Uma consequência das equações de velocidade para as ondas P e S, é que a velocidade da onda P é cerca de 1,7 vezes maior do que a velocidade S no mesmo meio. Consequentemente, para um caminho de viagem idêntico, as ondas P chegam antes das ondas S. A passagem das ondas corporais através da Terra está em conformidade com as leis da ótica geométrica, na medida em que podem ser ambas refratadas e refletidas nas descontinuidades de velocidade. Ondas sísmicas cujos caminhos de viagem são restritos a proximidade de uma superfície livre, como a superfície da Terra, são conhecidas como ondas de superfície. As ondas de R ou Rayleigh são transversais, elípticas (causam nas partículas do meio de transmissão uma elipse em um plano vertical contendo a direção de propagação) e se deslocam no chão, acompanhando a direção de propagação, são responsáveis pelos tremores que sentimos. As ondas L ou Love são transversais e são essencialmente ondas de cisalhamento polarizadas horizontalmente, e se propagam por reflexão múltipla, são as ondas superficiais mais rápidas. As ondas superficiais viajam a velocidades mais baixas do que a das ondas corporais no mesmo meio. Ao contrário das ondas corporais, a superfíciedessas ondas são dispersivas, ou seja, seus componentes de comprimentos de onda viajam em diferentes velocidades. Dispersão surge por causa da estratificação de velocidade da Terra em seu interior, comprimentos de onda mais longos penetrando até maiores profundidade e, portanto, a amostragem de velocidades mais altas. Como resultado, estudos de dispersão de ondas de superfície proporcionam um importante método para determinar a estrutura de velocidade e características de atenuação sísmica dos 600 km superiores da Terra. O mecanismo dos terremotos: Acredita-se que a maioria dos terremotos ocorra de acordo com a teoria do rebote elástico, que foi desenvolvida depois do terremoto em San Francisco, 1906. Nesta teoria, um terremoto representa uma súbita liberação de energia de tensão que é desenvolvido ao longo de um período. Em (a), um bloco de rocha através de uma fratura (ou falha) está sendo estressada de tal forma que eventualmente irá causar movimentos relativos ao longo do plano de falha. A linha AB é um marcador que indica o estado de tensão do sistema, e a linha tracejada o local de falha. Quantidades relativamente pequenas de stress podem ser acomodado pela rocha. Eventualmente, no entanto, o stress atinge o nível em que excede as forças friccionais e de cimentação se opõem ao movimento ao longo do plano de falha (c). Neste ponto, o movimento de falha ocorre instantaneamente (d). O terremoto de San Francisco resultou de um deslocamento de 6,8 m ao longo da Falha de San Andreas. Neste modelo, a falha reduz a tensão no sistema a praticamente zero, mas se as forças de torque persistissem, o stress voltaria ao ponto em que ocorre o movimento da falha. A teoria do rebote elástico implica consequentemente que atividade sísmica representa uma resposta gradual a um stress persistente. Distribuição de terremotos: Com o desenvolvimento dos sismógrafos no início do século XX, os cientistas perceberam que os terremotos se concentravam preferencialmente ao longo das trincheiras oceânicas (fossas abissais) e dorsais meso-oceânicas. Assim, foi possível notar que: - Nas dorsais oceânicas, havia a criação de crosta por acresção de material do manto às bordas das placas; esta construção de placas era evidenciada pela idade progressiva da placa ao se afastar da dorsal, ao padrão magnético e à concentração de terremotos nestas regiões. - Nas trincheiras oceânicas, havia destruição da placa oceânica; a concentração de terremotos nestas regiões, associados a vulcanismo e evidência de material oceânico no alto de montanhas (como no caso dos Andes, por exemplo), são evidências deste fato. Obs: Um grande número de dados sísmicos permitem descobrir o movimento de uma falha geológica. Obs: Sismologia vs sísmica - Sismologia = Terremotos => NATURAL - Sísmica = Perfilagem sísmica => ARTIFICIAL O levantamento sísmico leva em consideração duas propriedades físicas, a refração e a reflexão. A refração identifica as ondas refretadas em profundidade no solo, já a reflexão identificas as ondas refletidas em profundidades mais rasas do solo. Assim, no levantamento é medido o tempo de resposta das ondas refletidas e refratadas. Esse método é muito utilizado para a identificação de rochas e fraturas, identificação de HC’S na explotação de petróleo, caracterização geológica. Tem como produto perfis sísmicos, mapas topobatimétricos, perfis vetorizados e rasters, amarração sísmica e sondagens. Unidade é kHz. Gravimetria: Estuda a distribuição da massa na Terra, a partir das informações fornecidas pelo campo de gravidade terrestre. → Instrumentação: Estruturas com diferentes densidades no interior terrestre causam modificação no campo de gravidade; estas variações são muito pequenas, mas possíveis de serem medidas por equipamentos muito sensíveis denominados gravímetros. → Aquisição: análise gravimétrica adquire o valor da intensidade do campo gravitacional terrestre, a partir da diferença de densidades entre as massas identificadas e caracterizadas, a fim de entender as irregularidades que surgem nesse campo. → O que se obtém: A partir da distribuição da massa na Terra é possível se obter o geoide, que nada mais é uma superfície isopotencial gravimétrica da Terra. → Produtos: Mapas de anomalia Bouguer, perfil Bouguer, mapas de espessura crustal, ainda auxilia na prospecção mineral, na determinação da geometria de potenciais aquíferos e na descoberta de corpos ígneos intrusivos. → Unidades: mGal/m/s2 e g/cm3. Obs: Quanto mais densa for uma rocha, maior será a velocidade sísmica nessa rocha. Obs: A rocha quando é aquecida tem seu volume aumentado, assim, em consequência sua densidade será menor. Por esse motivo em mapas de magnetometria e gravimetria quanto mais frio, mais densa é a rocha e assim mais positiva será a anomalia magnética gerada. Magnetometria: A Terra possui um campo magnético, gerado pela interação entre o material do núcleo externo (metálico e fluido) e do núcleo interno (metálico e sólido). A presença de material com diferentes características magnéticas próximas à superfície causa uma distorção nas linhas de campo (anomalias magnéticas). Conhecendo-se as leis físicas que regem o processo de interação com o campo geomagnético, e as propriedades magnéticas das rochas, é possível determinar a distribuição do material em subsuperfície. → Instrumentação: Os dados magnéticos são obtidos a partir do uso de magnetômetros, nos oceanos colocados em navios offshore e aéreos, onde são utilizados magnetômetros portáteis que são aerotransportados. → Aquisição: É adquirida a susceptibilidade magnética dos diferentes tipos de minerais presentes nas rochas, a magnetização remanescente que ficou armazenada nas rochas ricas em minerais magnéticos e as anomalias referentes ao campo magnético terrestre, além da intensidade do campo magnético terrestre. → Produtos: Paleomagnetismo, magnetoestratigrafia, levantamentos magnetométricos, prospecção mineral, caracterização do embasamento de bacias, arqueologia e vulcanismo. → O que se obtém: a intensidade dos campos magnéticos, tanto do campo magnético atual quanto dos paleocampos magnéticos, além disso, analisa suas intensidades e a frequência em que esses campos mudavam. Permite também classificar os minerais a partir de suas propriedades magnéticas, medida através da susceptibilidade magnética. → Unidade: nT Obs: Métodos magnetotelúricos são os métodos nos quais são utilizadas as correntes magnéticas da Terra. Obs: O paleomagnetismo estuda o campo magnético terrestre no passado, a partir das informações registradas nas rochas. Obs: Os métodos magnéticos tornaram possível a tectônica de placas e com sua utilização foi descoberto o padrão zebrado simétrico dos oceanos. Obs: O “padrão zebrado” do assoalho oceânico A evidência do padrão simétrico de anomalias magnéticas trazia uma questão importante: “qual o processo de formação da crosta oceânica que explica este padrão?” As teorias da época diziam que as dorsais meso-oceânicas eram zonas de fraqueza da crosta, onde o material do manto subjacente se incorporava às placas, afastando-as. Este processo, denominado espalhamento do assoalho oceânico, duraria milhões de anos, formando as cadeias oceânicas observadas. Os fatos que comprovam a teoria do espalhamento do assoalho oceânico são: 1º) As rochas nas proximidades da dorsal são muito jovens, aumentando sua idade com o afastamento da dorsal 2º) As rochas mais jovens, próximas da dorsal, sempre apresentavam polaridade positiva (idêntica ao do campo geomagnético atual) 3º) Havia um padrão de magnetização que apresentava simetria em relação à dorsal (rochas à mesma distância da dorsal apresentavam polaridade idêntica). Isto mostrava a simetria do espalhamento, e a frequência de inversão da magnetização. Métodos radiométricos: Utilizam detectores que captam o sinal de três elementos, os quais são os mais radioativosda Terra, são eles Th, U e K. → Aquisição: é produzido um diagrama ternário em cores que mostram as concentrações relacionadas estes três elementos a partir da cor que a amostra recebe de seu diagrama. Obs: Th está presente na Allanita e U no zircão. Métodos elétricos/eletromagnéticos: → Instrumentação: Esse método funciona com a utilização de duas bobinas, uma para emissão e a outra para recepção. A bobina transmissora emite um campo magnético primário, que induz em subsuperfície correntes elétricas que geram um campo secundário. A combinação desses dois campos é medida pela bobina receptora, sendo assim lida de forma direta a condutividade a susceptibilidade. → Aquisição: Os dados de condutividade podem ser plotado em perfis, que ao obter- se um conjunto desses perfis é confeccionado um mapa de condutividade aparente que possibilita a localização e mapeamento da extensão dos corpos. → O que se obtém: a resistividade aparente, a condutividade elétrica, a permissividade dielétrica, a constante dielétrica no meio, a permeabilidade magnética e a resistividade elétrica. → Produtos: São muito utilizados na arqueologia, na agricultura e na mineração, além disso, a partir dos métodos elétricos é possível inferir a localização e o mapeamento da extensão dos corpos que estão sendo investigados. Métodos Geoquímicos/Isotópicos: A partir das análises parcial e total da composição química das rochas (litogeoquímica) e dos isótopos, pode se obter informações sobreas paragêneses minerais e sobre os xenólitos do manto por exemplo. Métodos Geotérmicos: A partir dos fluxos térmicos na crosta terrestre, podendo esse estudo ser realizado em água ou em rochas. → Aquisição: A partir dos métodos geotérmicos é adquirido as propriedades térmicas geradas pelo fluxo de calor da Terra, sendo eles a condutividade térmica, a difusividade térmica, o calor específico e o calor radiogênico, permitindo as informações sobre os diferentes gradientes geotérmicos do planeta. → Instrumentação: As medidas da temperatura que são utilizadas pela geotermia são medidas a partir de termômetros que apresentam sensores, sendo introduzidos em furos de centenas de metros de profundidade. → O que se obtém: A partir dos métodos geotérmicos é possível inferir os valores dos gradientes geotérmicos da Terra, além dos valores de fluxo de calor proporcionados por diferentes ambientes geológicos e influenciados por diferentes litologias. → Unidade: Gradiente geotérmico = oC/Km e fluxo térmico = Cal/m2; HFU. → Produto: A partir dos métodos geotérmicos é possível inferir os valores dos gradientes geotérmicos da Terra, além dos valores de fluxo de calor proporcionados por diferentes ambientes geológicos e influenciados por diferentes litologias. Métodos de alta pressão: Experimentos de fusão, cristalização, recristalização e reações metamórficas em pressões e temperaturas crustais ou mantélicas. → Instrumentação: Prensas à diamante (Diamond anvils), cilindros hidráulicos (piston cylinders) e bombas hidrotermais. → Unidade: Gpa, Mpa. 2. A tectônica de placas A teoria das placas tectônicas é um modelo unificador que tem o intuito de explicar a origem dos padrões de deformação que ocorrem na crosta, além de tentar entender a distribuição de terremotos, os driftes continentais e as dorsais meso oceânicas, como também dando uma ideia do mecanismo de resfriamento que a Terra utilizou para resfriar. As duas principais premissas para a tectônica de placas são: ▪ A camada mais externa da Terra, conhecida como litosfera, tem um comportamento tão forte quanto uma substância rígida que descansa sobre uma região mais fraca do manto conhecida como astenosfera. ▪ A litosfera é quebrada em numerosos segmentos ou placas que estão em movimento, uma em relação a outra e estão em contínua mudança no seu formato e tamanho, conhecidas como placas litosféricas. A teoria precursora à tectônica de placas foi a do espalhamento do assoalho oceânico, a qual constatou que uma nova litosfera é formada nas dorsais oceânicas, onde o movimento delas é dado se afastando do eixo da dorsal e se movimentando como uma esteira, à medida que nova litosfera vai sendo preenchida, ocorre rifteamentos. O mosaico das placas abrange um range que vai de 50 Km até 200 Km de espessura e são limitadas por dorsais oceânicas, zonas de subducção (nos limites colisionais) e falhas transformantes (nos limites ao longo do movimento lateral entre duas placas). Assim, a teoria do espalhamento do assoalho oceânica foi dada por Harry Hess, em 1962 e a ideia de placa tectônica foi proposta por Jason Morgan em 1968. Drifte Continental e à deriva continental O pioneiro da teoria da deriva continental é geralmente reconhecido como Alfred Wegener, que, recolheu grande parte dos dados geológicos mais antigos, prévios à deriva, e manteve que a continuidade das estruturas, formações e faunas e oras fósseis mais antigas através do presente as linhas costeiras continentais foram mais facilmente compreendidas em uma reconstrução pré- drifte. Ainda hoje, estes pontos são as principais características do registro geológico dos continentes que favorecem a hipótese de deriva continental. Novas informações, que Wegener trouxe para a sua tese, era a presença de uma glaciação generalizada na época permo-carbonífera que tinha afetado a maior parte dos continentes do sul, enquanto o norte da Europa e a Groenlândia tinham experimentado condições tropicais. Wegener postulou que, nesta altura, os continentes estavam unidos em uma única massa terrestre, com os atuais continentes do sul centradas no polo e nos continentes do norte que se encontram no equador. Wegener denominou este conjunto continental Pangea (literalmente "toda a Terra"). A ideia de Du Toit é constituída por dois supercontinentes (du Toit, 1937), quanto mais a norte destes é denominada Laurasia (de uma combinação de Laurentia, uma região do Canadá, e Ásia) e consistia em Norte América, Groenlândia, Europa e Ásia. O supercontinente é chamado de Gondwana (literalmente "terra de todos Gonds" depois de uma antiga tribo do norte da Índia), e consistia na América do Sul, Antártida, África, Madagáscar, Índia e Australásia. Separando os dois supercontinentes a leste era um antigo mar "mediterrânico" denominado Oceano paleo- Tethys (depois do deusa grega do mar), enquanto rodeia Pangea, foi o proto oceano Pacífico ou Panthalassa (literalmente "all-ocean"). Porém a teoria de Wegener (e de Toit posteriormente), apesar de ter sido a precursora e ter aberto o caminho para entender a deriva continental, não estava correta. Assim, Holmes, no período 1927-29, desenvolveu uma nova teoria do mecanismo do movimento continental. Ele propôs que os continentes fossem movidos por correntes de convecção alimentadas pelo calor do decaimento radioativo. Embora difiram consideravelmente dos atuais conceitos de convecção e oceano criação do assoalho oceânico, Holmes lançou as bases a partir das quais ideias modernas desenvolvidas. Na década de 1950, utilizando a metodologia sugerida por P.M.S. Blackett, o método paleomagnético foi desenvolvido e S.K. Runcorn e o seus colegas de trabalho demonstraram que os movimentos relativos tinham ocorrido entre a América do Norte e a Europa. O trabalho foi estendido por K.M. Creer para a América do Sul e por E. Irving na Austrália. Resultados paleomagnético tornaram-se mais amplamente aceitos quando a técnica de limpeza magnética foi desenvolvida na qual a limpeza primária da magnetização poderia ser isolada. Juntamente com a datação por métodos radiométricos faunísticos ou recentemente desenvolvidos, os dados paleomagnéticos para o Mesozoico a tempos recentes mostrou que tinha havido diferenças significativas, para além da margem de erro, no movimento entre vários continentes. Espalhamento do assoalho oceânico e o nascimento da tectônica de placas Se houver a possibilidade de as áreas continentais teremsido estiradas e afastadas, em conjunto, então presumivelmente deve haver algum registro disto dentro das bacias oceânicas. Acontece que, em contraste com os continentes, as bacias oceânicas geologicamente muito jovens (provavelmente não maiores de 200 M.a em idade) é aquela onde os movimentos horizontais ou laterais, têm sido muito importantes durante a sua história de formação. Em 1961, na sequência de um levantamento topográfico intensivo do assoalho oceânico durante os anos do pós-guerra, R.S. Dietz propôs o mecanismo de "propagação do assoalho do mar" para explicar à deriva continental. Apesar de Dietz ter cunhado o termo "propagação do assoalho oceânico", o conceito foi concebido um ano ou dois anteriormente por H.H. Hess. Ele sugeriu que os continentes se movem em resposta ao crescimento das bacias oceânicas, onde a crosta oceânica é criada a partir do manto terrestre na crista do sistema de espalhamento do assoalho, onde o hot spot de um vulcão submarino ou sua erupção ocupa uma posição média em muitos do oceano do mundo. A crosta oceânica é muito mais fina do que a continental, com uma espessura média de cerca de 7 km, em comparação com a espessura média continental de cerca de 40 km; é quimicamente diferente; e é estruturalmente muito menos complexa. O movimento lateral da crosta oceânica se acredita ser movido por correntes de convecção no manto superior, semelhante a uma esteira. Em ordem para manter constante a área da superfície da Terra, propôs ainda que a crosta oceânica é empurrada de volta para dentro do manto e reabsorvida em trincheiras oceânicas. Trata-se de vastas depressões batimétricas, situadas em certas margens oceânicas e associadas a intensa atividade vulcânica e sísmica. Dentro deste quadro os continentes são elementos bastante passivos - jangadas de material menos denso que se encontram afastados e juntos por efémeras águas do oceano. Os próprios continentes são uma escória de material geralmente muito mais antigo que são derivados ou separados do interior da Terra, em uma fase muito precoce da sua história ou pelo menos em parte, de uma forma constante ao longo do tempo geológico. Ao em vez de blocos de crosta, pensamos agora no termos de "placas", onde o manto superior rígido e a crosta, talvez abrangendo no total de 50-100 km de espessura é chamada agora de litosfera. As placas litosféricas podem ser de duas origens, composta por crosta continental ou oceânica. A teoria da propagação do assoalho oceânico foi confirmada no período de 1963-66, seguindo a sugestão de F.J. Vine e D.H. Matthews, onde foi visto que as linhas magnéticas vistas sobre o assoalho oceânico podem explicar o espalhamento ocorrido (a partir dessas linhas podemos ver a idade da crosta oceânica gerada e a velocidade com que a dorsal é criada) além disso, pode também explicar a inversão magnética sofrida pelos campos magnéticos da Terra. Um outro precursor do desenvolvimento do teoria da tectônica de placas veio com o reconhecimento, por J.T. Wilson, em 1965, de uma nova classe de falhas denominadas transformantes foi descoberta e elas teriam a função de ligar essa correias lineares que são as placas litosféricas com a atividade tectônica que é sofrida. Teoria Geossinclinal Antes da aceitação da tectônica de placas, o modelo da Terra estática englobava a formação dos cinturões tectonicamente ativos, formados essencialmente por movimentos verticais, no local dos geossinclinais. Uma revisão do desenvolvimento da hipótese geossinclinal e a sua explicação em termos da tectônica de placas é fornecida por Mitchell & Reading (1986). A teoria geossinclinal acreditava e previa que os cinturões alongados e geograficamente fixados de profunda subsidência e sedimentos espessos como os precursores das cadeias de montanhas, em que os estratos foram expostos por dobramentos e elevação relativa dos sedimentos geossinclinais (Dickinson, 1971). A maior falha da teoria geossinclinal foi que as características tectônicas foram classificadas sem que houvesse uma compreensão da sua origem. A nomenclatura geossinclinal representou consequentemente um impedimento para o reconhecimento de um mecanismo causal comum. A relação da sedimentação com o mobilista mecanismo da tectônica de placas permitiu o reconhecimento de dois ambientes específicos em que as geossinclinais se formaram, a saber, as geossinclinais estiradas que são as margens continentais ativas ou margens continentais onde a crosta oceânica estão sendo consumidas nas trincheiras. Estas últimas são agora conhecidas como zonas de subducção. 3. Estrutura da Terra a) Estrutura interna da Terra A estrutura interna da terra é revelada principalmente por ondas de compressão (onda P) e ondas de cisalhamento (onda S) que passam através da Terra em resposta aos terremotos. As Figura Conceito de espalhamento do assoalho oceânico após o Hess, 1962. velocidades das ondas sísmicas variam com a pressão (profundidade), temperatura, mineralogia, composição química, e grau de fusão parcial. Embora as características gerais das distribuições da velocidade das ondas sísmicas são conhecidas há já algum tempo, o refinamento de dados tem sido possível nos últimos dez anos. As velocidades das ondas sísmicas e a densidade aumentam rapidamente na região entre 200 e 700 km de profundidade. Três descontinuidades sísmicas de primeira ordem dividem a Terra em crosta, manto e núcleo: a descontinuidade Mohorovic, ou Moho, definindo a base da crosta; a descontinuidade de Gutemberg na interface manto-núcleo a 2900 km e a cerca de 5200 km a interface que divide o núcleo interior do núcleo exterior, que é a descontinuidade de Lehman. As principais regiões da Terra podem ser resumidas como: ▪ A crosta é constituída pela região acima do Moho e varia em espessura de cerca de 3 km a 8 km, na parte oceânica, a cerca de 70 km em orógenos colisionais, compostos por crosta continental. ▪ A litosfera (50-300 km de espessura) é a forte camada exterior da Terra, incluindo a crosta, que reage a muitas tensões com comportamento rúptil. A astenosfera, que se estende a partir da base da litosfera à descontinuidade de 660-km, é, por comparação, um ponto fraco da camada, pois ela que dá o movimento da litosfera. Uma região de baixa velocidade de onda sísmica e alta atenuação de energia das ondas sísmicas, a zona de baixa velocidade (LVZ), ocorre no topo da astenosfera e é de 50-100 km de espessura. Variações laterais significativas em densidade e em velocidades de ondas sísmicas são comuns a profundidades inferiores a 400 km. ▪ O manto superior estende-se desde o Moho até a descontinuidade de 660 km, e inclui a parte inferior da Iitosfera e a parte superior da astenosfera. A região desde os 4l0 km até aos 660 km é conhecida como a zona de transição. Estas duas descontinuidades, são causados por duas importantes transformações de estado sólido: de olivina a wollastonita a 410 km e espinélio a peroviskita + magnesiowustite a 660 km. ▪ O manto inferior estende-se desde a descontinuidade de 660-km até à descontinuidade de 2900-km no limite manto-núcleo. Na sua maioria, é caracterizado por aumentos bastante constantes de velocidade e densidade, em resposta à crescente compressão hidrostática. Entre 220-250 km acima da interface manto-núcleo há um achatamento de gradientes de velocidade e densidade ocorre, numa região conhecida como a camada "D", denominada após a onda sísmica utilizada para definir a camada. O manto inferior é também referido como a mesosfera, uma região que é forte, mas relativamente passiva em termos de processos deformacionais. ▪ O núcleo exterior não transmitirá as ondas S e é interpretado como sendo líquido. Estende-se a partir dos 2900km para a descontinuidade de 5200-km. O núcleo interior, que se estende da descontinuidade de 5200 km até ao centro da Terra, transmite as ondasS, embora em velocidades muito baixas, sugerindo que está perto do ponto de fusão. Existem apenas duas camadas na Terra com anomalias de baixos gradientes de velocidade sísmica: a LVZ na base da litosfera e a camada "D" imediatamente acima do núcleo. Estas camadas coincidem com gradientes de temperatura muito íngremes e, por conseguinte, são camadas de fronteira térmica dentro da Terra. A tectônica de placas não poderia existir sem a LVZ. A camada "D" é importante na medida em que pode ser o local do manto em que são geradas as plumas. Obs: A parte superior do manto e a crosta sobrejacente constituem a LITOSFERA, a camada externa rígida que varia de 70 a 100 km de profundidade nos oceanos, e de 100 a 150 km de profundidade nas regiões continentais. O manto terrestre: O manto constitui a maior subdivisão interna da Terra, tanto em massa como em volume, e estende-se desde a Moho, a uma profundidade média de cerca de 25 km, até ao limite manto- núcleo a uma profundidade de 2900 km. A mineralogia e a estrutura dos silicatos mudam com profundidade e dá origem para uma zona de transição entre 410 e 600 km e outra zona de transição entre 660 e 700 km de profundidade, que separa o manto superior do inferior. Os materiais do manto são raramente trazidos para a superfície, vistos em complexos ofiolitos, em kimberlitos e como xenólitos em álcalis basaltos. Consequentemente, a maior parte da nossa informação sobre o manto é indireta e baseada na variação de velocidades sísmicas com profundidade combinadas com estudos de comportamento mineral a altas temperaturas e pressões e em experiências de ondas de choque. Estudos geoquímicos de meteoritos e rochas ultramáficas também são utilizados para fazer previsões sobre o manto. Estrutura sísmica do manto A parte superior do manto superior constitui uma cobertura de alta velocidade, tipicamente presentando 80-160 km de espessura na qual as velocidades sísmicas se mantem constantes no valor de 7,9 km/s ou podem aumentar de pouco a pouco à medida que a profundidade aumenta. Essa parte do manto constitui a porção que está na parte inferior da litosfera. Abaixo da litosfera se encontra uma zona de baixa velocidade sísmica (LVZ), que se estende até aproximadamente 300 km. Essa zona está aparentemente presente em toda parte do globo terrestre com exceção do manto abaixo das áreas cratônicas. Sabe-se que a LVZ apresenta a sua velocidade de propagação da onda sísmica aumentando devagarmente até uma descontinuidade maior, que é alcançada nos 410 km de profundidade, que marca a primeira zona de transição do manto superior. No manto inferior, as velocidades aumentam bem devagar com a profundidade, porém uns 200 – 300 km antes de alcançar sua base, os gradientes diminuem e outra zona de baixa velocidade está presente. Essa camada de baixa velocidade está bem na interface manto-núcleo e é conhecida como Camada D. Estudos sísmicos mostram que há uma forte heterogeneidade lateral e a presença de finas (5-50 km) zonas de ultrabaixa velocidade na base da camada D. Composição química do Manto: A composição química do manto é peridotítico, composta por 15% de granada e olivina em abundância. As zonas de transição marcam a mudança sofrida pela olivina em altas pressões, sendo assim: Há duas grandes descontinuidades de velocidade no manto, uma na profundidade de 410 km e a outra a 660 km. As descontinuidades são raramente acentuadas e ocorrem em uma faixa de finita de profundidade, por isso acredita-se geralmente que elas representam mudanças de fase em vez de mudanças químicas. Embora estas descontinuidades possam ser devido a mudanças na composição química do manto a estas profundidades, mudanças de fase induzidas por pressão são consideradas como a explicação mais provável. Estudos de alta pressão têm mostrado que a olivina, é o mineral dominante no manto peridotítico, sofrendo assim transformações na estrutura do espinélio nas condições de pressão/temperatura a 410 km de profundidade e depois para perovskita mais magnesiowüstite a 660 km. Dentro da subducção da litosfera, onde a temperatura a estas profundidades é mais fria do que no normal no manto, nas profundezas em que estas descontinuidades ocorrem são deslocados. Isto empresta excelente suporte para a hipótese de que a parte superior e os limites inferiores da zona de transição são desafiados por transformações de fase. Os outros componentes do manto peridotítico são, piroxênio e granada, também sofrem fase nesta faixa de profundidade, mas elas são graduais e não produzem descontinuidades na variação de velocidade sísmica com profundidade. O piroxênio se transforma na estrutura da granada a pressões correspondentes a 350 - 500 km de profundidade; a cerca de 580 km de profundidade Ca-perovskita começa a exsolver da granada, e a 660-750 km a granada restante se dissolve na fase perovskita derivados da transformação da olivina. Assim, o manto inferior consiste principalmente de fases com perovskita na sua estrutura. A zona de baixa velocidade do manto: A zona de baixa velocidade é caracterizada por baixas velocidades sísmicas, alta atenuação sísmica, e uma alta condutividade elétrica. Os efeitos sísmicos são mais pronunciados para as ondas S do que para as ondas P. As baixas velocidades sísmicas poderiam surgir a partir de uma série de diferentes mecanismos, incluindo um mecanismo anormalmente elevado temperatura, uma mudança de fase, uma mudança de composição, a presença de fissuras abertas e fissuras entre os grãos, além disso, a fusão parcial. Todos, exceto este último, parecem ser improváveis, e é geralmente aceito que as velocidades sísmicas mais baixas surgem por causa da presença de material fundido. Esse provável derretimento que ocorre nesta região é apoiado pelo fato de ser neste nível que o material manto se aproxima mais de seu ponto de fusão. Apenas uma quantidade muito pequena de derretimento é necessária para baixar a velocidade sísmica do manto, uma fração líquida de menos de 1% seria se distribuída ao longo de uma rede de fissuras nos limites dos grãos, possível de produzir este efeito. A fusão parcial também pode ser responsável pela alta condutividade desta zona. Pois para a fusão parcial ocorrer, é provável que uma pequena quantidade de água seja necessária para baixar o ponto de fusão dos silicatos, e que este é fornecido a partir da ruptura das fases do manto hidratado. A base da zona de baixa velocidade e até mesmo sua existência pode ser controlada pela disponibilidade de água no manto superior. A zona de baixa velocidade do manto é de grande importância para a tectônica de placas, pois representa uma camada de baixa viscosidade ao longo da qual os movimentos relativos da litosfera e astenosfera podem ser acomodadas. 1 Resumo de Geotectônica – P1 I. Métodos indiretos de avaliação do interior da Terra Sismologia/sísmica Conhecendo-se o comportamento das ondas elásticas em diversos materiais, pode-se inferir as propriedades dos materiais atravessados pelas ondas de um abalo sísmico. Conhecendo-se as leis de propagação das ondas, a localização dos geofones, e o tempo de emissão do sinal, é possível mapear a estrutura em subsuperfície. Os métodos sísmicos baseiam-se na geração de ondas elásticas por meio de explosões, ar comprimido, quedas ou vibrações. Estas ondas são detectadas por geofones dispostos de acordo com a estrutura que se deseja estudar. Unidade: m/s. Exemplo: Tomografia Sísmica, descrição de terremotos etc. Gravimetria O campo de gravidade terrestre fornece importantes informações sobre a distribuição de massa do planeta. Estruturas com diferentes densidades no interior terrestre causam modificação no campo de gravidade; estas variações são muito pequenas, mas possíveis de serem medidas por equipamentos muito sensíveis denominados gravímetros. Conhecendo-se as leis físicas que atuam no processo, é possível, apartir da medição da aceleração de gravidade em diversos pontos, inferir a distribuição de massa em subsuperfície Magnetometria/paleomagnetismo A Terra possui um campo magnético, gerado pela interação entre o material do núcleo externo (metálico e fluido) e do núcleo interno (metálico e sólido). A presença de material com diferentes características magnéticas próximo à superfície causa uma distorção nas linhas de campo (anomalias magnéticas). Conhecendo-se as leis físicas que regem o processo de interação com o campo geomagnético, e as propriedades magnéticas das rochas, é possível determinar a distribuição do material em subsuperfície. O Paleomagnetismo estuda o campo magnético terrestre no passado, a partir das informações registradas nas rochas. Métodos elétricos/eletromagnéticos São métodos que se baseiam em diversas propriedades físicas de determinadas rochas (condutividade elétrica, potencial eletroquímico, propriedades eletromagnéticas). Fornecem informações sobre as camadas superficiais, sendo muito utilizados na busca de água subterrânea, determinação de salinidade de lençóis de água, busca de minerais metálicos. Alguns métodos utilizam uma fonte de energia e determinam a condutividade elétrica das camadas; outros métodos baseiam-se na oxidação de minerais que originam correntes elétricas que podem ser detectadas na superfície. Geodinâmica química Os elementos naturais U, Th e K emitem radiação que pode ser detectada por equipamentos especiais. Conhecendo-se as leis físicas do decaimento radioativo e a mineralogia das rochas, pode-se determinar como as camadas em subsuperfície se apresentam. O estudo da distribuição dos elementos químicos (especialmente os elementos traços) nas rochas permite elaborar modelos de gênese das rochas, e estudar a evolução de estruturas geológicas. Conhecendo-se os processos 2 de migração dos elementos nos diversos ambientes, e estudando sua distribuição nas rochas, é possível elaborar modelos de origem, evolução e estrutura de províncias tectônicas. Geotermia A determinação do fluxo de calor na superfície terrestre permite obter informações importantes sobre as grandes províncias geológicas e processos tectônicos. II. Teoria das placas tectônicas A teoria das placas tectônicas é um modelo unificador que tem o intuito de explicar a origem dos padrões de deformação que ocorrem na crosta, além de tentar entender a distribuição de terremotos, os driftes continentais e as dorsais meso oceânicas, como também dando uma ideia do mecanismo de resfriamento que a Terra utilizou para resfriar. As duas principais premissas para a tectônica de placas são: ▪ A camada mais externa da Terra, conhecida como litosfera, tem um comportamento tão forte quanto uma substância rígida que descansa sobre uma região mais fraca do manto conhecida como astenosfera. ▪ A litosfera é quebrada em numerosos segmentos ou placas que estão em movimento, uma em relação a outra e estão em contínua mudança no seu formato e tamanho, conhecidas como placas litosféricas. A teoria precursora à tectônica de placas foi a do espalhamento do assoalho oceânico, a qual constatou que uma nova litosfera é formada nas dorsais oceânicas, onde o movimento delas é dado se afastando do eixo da dorsal e se movimentando como uma esteira, à medida que nova litosfera vai sendo preenchida, ocorre rifteamentos. O mosaico das placas abrange um range que vai de 50 Km até 200 Km de espessura e são limitadas por dorsais oceânicas, zonas de subducção (nos limites colisionais) e falhas transformantes (nos limites ao longo do movimento lateral entre duas placas). Assim, a teoria do espalhamento do assoalho oceânica foi dada por Harry Hess, em 1962 e a ideia de placa tectônica foi proposta por Jason Morgan em 1968. Drifte Continental e à deriva continental Embora a teoria da nova tectônica global, ou tectônica de placas, tem sido largamente desenvolvida desde 1967, a história das ideias relativas a uma visão mobilista da Terra estende- se por um período consideravelmente mais longo. Desde então as linhas costeiras dos continentes à volta do oceano Atlântico foi a primeira vez que se fez um mapa, as pessoas ficaram intrigadas com a semelhança das linhas costeiras das Américas e da Europa e África. Possivelmente o primeiro a notar a semelhança e a sugerir uma antiga separação foi Abraão Ortelius em 1596 (Romm, 1994). Em 1620, Francis Bacon, no seu Novum Organum, comentou sobre a forma semelhante das costas ocidentais de África e da América do Sul: isto é, a costa atlântica de África e a costa Pacífico do Sul América. Ele também notou as configurações semelhantes de o Novo e o Velho Mundo, "que são ambos amplos e estendido para o norte, estreito e pontiagudo em direção ao sul". Talvez devido a estas observações, pois parece não haver outras, o Bacon é frequentemente erroneamente creditado por ter sido o primeiro a ser notado a semelhança ou "fit" das linhas costeiras atlânticas da América do Sul e África e mesmo tendo sugerido que uma vez estavam juntos e tinham-se afastado. Em 1668, François Placet, um prior francês, relatou a separação das Américas ao Dilúvio de Noé. Notando a partir do bíblia que antes do diabo a Terra era uma só e indivisível, postulou que as Américas foram formadas pela conjunção de ilhas de aplanamento ou separadas da Europa e África através da destruição de um interveniente terra, "Atlântida". Há que lembrar, é claro, que durante os séculos XVII e XVIII a geologia, como a maioria das ciências, foi realizada por 3 clérigos e teólogos que sentiram que as suas observações, tais como a ocorrência de fósseis marinhos e de sedimentos de lã de água em terra, foram explicáveis em termos da Inundação e outros catástrofes bíblicas. Em 1858 um americano, Antonio Snider, fez as mesmas observações, mas postulou "deriva" e relacionou-a com "catástrofes múltiplas", sendo a Inundação a última catástrofe de grandes proporções. Assim Snider sugeriu o drifte sensu stricto, e ele até foi assim ao ponto de sugerir uma reconstrução pré-drifte. O século XIX assistiu à substituição gradual de o conceito de catastrofismo pelo conceito de "uniformitarismo" ou "realismo", tal como proposto pelos britânicos os geólogos James Hutton e Charles Lyell. O pioneiro da teoria da deriva continental é geralmente reconhecido como Alfred Wegener, que, recolheu grande parte dos dados geológicos mais antigos, prévios à deriva, e manteve que a continuidade das estruturas, formações e faunas e oras fósseis mais antigas através do presente as linhas costeiras continentais foram mais facilmente compreendidas em uma reconstrução pré-drifte. Ainda hoje, estes pontos são as principais características do registro geológico dos continentes que favorecem a hipótese de deriva continental. Novas informações, que Wegener trouxe para a sua tese, era a presença de uma glaciação generalizada na época permo-carbonífera que tinha afetado a maior parte dos continentes do sul, enquanto o norte da Europa e a Groenlândia tinham experimentado condições tropicais. Wegener postulou que, nesta altura, os continentes estavam unidos em uma única massa terrestre, com os atuais continentes do sul centrada no polo e nos continentes do norte que se encontram no equador. Wegener denominou este conjunto continental Pangea (literalmente "toda a Terra"). A ideia de Toit é constituída por dois supercontinentes (du Toit, 1937), quanto mais a norte destes é denominada Laurasia (de uma combinação de Laurentia, uma região do Canadá, e Ásia) e consistia em Norte América, Gronelândia, Europa e Ásia. O supercontinente é chamado de Gondwana (literalmente "terra de todos Gonds" depois de uma antiga tribo do norte da Índia), e consistia na América do Sul, Antártida, África, Madagáscar, Índia e Australásia. Separando os dois supercontinentes a leste era um antigo mar "mediterrânico" denominado Oceano paleo- Tethys (depois do deusa grega do mar), enquantorodeia Pangea, foi o proto oceano Pacífico ou Panthalassa (literalmente "all-ocean"). Porém a teoria de Wegener (e de Toit posteriormente), apesar de ter sido a precursora e ter aberto o caminho para entender a deriva continental, não estava correta. Assim, Holmes, no período 1927-29, desenvolveu uma nova teoria do mecanismo do movimento continental. Ele propôs que os continentes fossem movidos por correntes de convecção alimentadas pelo calor do decaimento radioativo. Embora difiram consideravelmente dos atuais conceitos de convecção e oceano criação do assoalho oceânico, Holmes lançou as bases a partir das quais ideias modernas desenvolvidas. Na década de 1950, utilizando a metodologia sugerida por P.M.S. Blackett, o método paleomagnético foi desenvolvido e S.K. Runcorn e o seus colegas de trabalho demonstraram que os movimentos relativos tinham ocorrido entre a América do Norte e a Europa. O trabalho foi estendido por K.M. Creer para a América do Sul e por E. Irving na Austrália. Resultados paleomagnético tornou-se mais amplamente aceitos quando a técnica de limpeza magnética foi desenvolvida na qual a limpeza primária da magnetização poderia ser isolada. Juntamente com a datação por métodos radiométricos faunísticos ou recentemente desenvolvidos, os dados paleomagnéticos para o Mesozoico a tempos recentes mostrou que tinha havido diferenças significativas, para além da margem de erro, no movimento entre vários continentes. 4 Figura 2 O conceito de convecção tal como sugerido por Holmes (1928), quando se acreditava que a crosta oceânica era uma espessa continuação da "camada basáltica" continental. (a) Correntes que sobem em A espalhadas lateralmente, colocam um continente sob tensão e dividi-lo, desde que a obstrução do velho oceano possa ser ultrapassada. Isto é conseguido pela formação de eclogito em B e C, onde as correntes subcontinentais se encontram com as correntes suboceânicas e se voltam para baixo. A alta densidade do eclogito faz com que se afunde e abra espaço para os continentes avançarem. (b) O afundamento do eclogito em B e C contribui para a circulação convectiva principal. O eclogito derrete em profundidade para formar o magma basáltico, que se eleva em correntes ascendentes em A, cura as fendas no continente perturbado e forma um novo assoalho do oceano. Locais onde há hot spot, tais como a Islândia, seriam formados a partir do antigo SIAL abandonado. Sistemas de corrente menores, iniciados pela flutuação do magma basáltico, ascendem por baixo dos continentes e alimentam os basaltos do assoalho ou, por baixo dos "velhos" oceânos, alimentam as efusões responsáveis pelas ilhas vulcânicas e montes submarinos (redesenhadas a partir de Holmes, 1928). Teoria Geossinclinal Antes da aceitação da tectônica de placas, o modelo da Terra estática englobava a formação dos cinturões tectonicamente ativos, formados essencialmente por movimentos verticais, no local dos geossinclinais. Uma revisão do desenvolvimento da hipótese geossinclinal e a sua explicação em termos da tectônica de placas é fornecida por Mitchell & Reading (1986). A teoria geossinclinal acreditava e previa que os cinturões alongados e geograficamente fixados de profunda subsidência e sedimentos espessos como os precursores das cadeias de montanhas, em que os estratos foram expostos por dobramentos e elevação relativa dos Figura 1 Reconstrução dos continentes de Wegener (Pangea), com indicadores paleoclimáticos, e paleopolos e equador para (a) Carbonífero e (b) tempo Permiano. I, gelo; C, carvão; S, sal; G, gesso; D, arenito do deserto; áreas hachuradas são as zonas áridas. 5 sedimentos geossinclinais (Dickinson, 1971). A maior falha da teoria geossinclinal foi que as características tectônicas foram classificadas sem que houvesse uma compreensão da sua origem. A nomenclatura geossinclinal representou consequentemente um impedimento para o reconhecimento de um mecanismo causal comum. A relação da sedimentação com o mobilista mecanismo da tectônica de placas permitiu o reconhecimento de dois ambientes específicos em que as geossinclinais se formaram, a saber, as geossinclinais estiradas que são as margens continentais ativas ou margens continentais onde a crosta oceânica estão sendo consumidas nas trincheiras. Estas últimas são agora conhecidas como zonas de subducção. Embora alguns trabalhadores retenham terminologia geossinclinal para descrever associações sedimentares (por exemplo, os termos eugeosyncline e miogeosyncline para sedimentos com e sem membros vulcânicos, respectivamente), esta utilização não é recomendada, e o termo geossinclinal deve ser reconhecido como já não relevante para os processos tectônicos de placas. Espalhamento do assoalho oceânico e o nascimento da tectônica de placas Se houver a possibilidade de as áreas continentais terem sido estiradas e afastadas, em conjunto, então presumivelmente deve haver algum registro disto dentro das bacias oceânicas. No entanto, é apenas a partir Segunda Guerra Mundial que dados suficientes têm sido obtido a partir dos 60% da superfície da Terra coberta por águas profundas para uma compreensão da origem e história das bacias oceânicas terem emergido. Acontece que, em contraste com os continentes, as bacias oceânicas geologicamente muito jovens (provavelmente não maiores de 200 M.a em idade) é aquela onde os movimentos horizontais ou laterais, têm sido muito importantes durante a sua história de formação. Em 1961, na sequência de um levantamento topográfico intensivo do assoalho oceânico durante os anos do pós-guerra, R.S. Dietz propôs o mecanismo de "propagação do assoalho do mar" para explicar à deriva continental. Apesar de Dietz ter cunhado o termo "propagação do assoalho oceânico", o conceito foi concebido um ano ou dois anteriormente por H.H. Hess. Ele sugeriu que os continentes se movem em resposta ao crescimento das bacias oceânicas, onde a crosta oceânica é criada a partir do manto terrestre na crista do sistema de espalhamento do assoalho, onde o hot spot de um vulcão submarino ou sua erupção ocupa uma posição média em muitos do oceano do mundo. A crosta oceânica é muito mais fina do que a continental, com uma espessura média de cerca de 7 km, em comparação com a espessura média continental de cerca de 40 km; é quimicamente diferente; e é estruturalmente muito menos complexa. O movimento lateral da crosta oceânica se acredita ser movido por correntes de convecção no manto superior, semelhante a uma esteira. Em ordem para manter constante a área da superfície da Terra, propôs ainda que a crosta oceânica é empurrada de volta para dentro do manto e reabsorvida em trincheiras oceânicas. Trata-se de vastas depressões batimétricas, situadas em certas margens oceânicas e associadas a intensa atividade vulcânica e sísmica. Dentro deste quadro os continentes são elementos bastante passivos - jangadas de material menos denso que se encontram afastados e juntos por efémeras águas do oceano. Os próprios continentes são uma escória de material geralmente muito mais antigo que são derivados ou separados do interior da Terra, em uma fase muito precoce da sua história ou pelo menos em parte, de uma forma constante ao longo do tempo geológico. Ao em vez de blocos de crosta, pensamos agora no termos de "placas", onde o manto superior rígido e a crosta, talvez abrangendo no total de 50-100 km de espessura é chamada agora de litosfera. As placas litosféricas podem ser de duas origens, composta por crosta continental ou oceânica. A teoria da propagação do assoalho oceânico foi confirmada no período de 1963-66, seguindo a sugestão de F.J. Vine e D.H. Matthews, onde foi visto que as linhas magnéticas vistas sobre o assoalho oceânico podem explicar o espalhamento ocorrido (a partir dessas linhas 6 podemos ver a idade da crosta oceânica gerada e a velocidade com que a dorsal é criada) além disso, pode também explicar a inversão magnéticasofrida pelos campos magnéticos da Terra. Um outro precursor do desenvolvimento do teoria da tectônica de placas veio com o reconhecimento, por J.T. Wilson, em 1965, de uma nova classe de falhas denominadas transformantes foi descoberta e elas teriam a função de ligar essa correias lineares que são as placas litosféricas com a atividade tectônica que é sofrida. A Terra foi então vista como um mosaico de seis placas maiores e várias placas menores em movimento relativo. A teoria tem sido consideravelmente amplificada por estudos intensivos dos processos geológicos e geofísicos que afetam as margens das placas. Provavelmente o aspecto sobre a qual existe atualmente a maior controvérsia é a natureza do mecanismo que provoca os movimentos das placas. Embora a teoria básica da tectônica de placas esteja bem estabelecida, o entendimento não está de modo algum completo. Investigar as implicações da tectônica de placas irá ocupar plenamente os cientistas da Terra durante muitas décadas. Obs: O “padrão zebrado” do assoalho oceânico A evidência do padrão simétrico de anomalias magnéticas trazia uma questão importante: “qual o processo de formação da crosta oceânica que explica este padrão?” As teorias da época (1961) diziam que as dorsais meso-oceânicas eram zonas de fraqueza da crosta, onde o material do manto subjacente se incorporava às placas, afastando-as. Este processo, denominado espalhamento do assoalho oceânico, duraria milhões de anos, formando as cadeias oceânicas observadas. Os fatos que comprovam a teoria do espalhamento do assoalho oceânico são: 1º) As rochas nas proximidades da dorsal são muito jovens, aumentando sua idade com o afastamento da dorsal 2º) As rochas mais jovens, próximas da dorsal, sempre apresentavam polaridade positiva (idêntica ao do campo geomagnético atual) 3º) Havia um padrão de magnetização que apresentava simetria em relação à dorsal (rochas à mesma distância da dorsal apresentavam polaridade idêntica). Isto mostrava a simetria do espalhamento, e a frequência de inversão da magnetização. Obs: Foram levantadas hipóteses contra a teoria do espalhamento oceânico, que justamente criticavam essa constante produção de novas crosta, o que gerou o pensamento de como então Figura 3 Conceito de espalhamento do assoalho oceânico após o Hess, 1962. 7 era mantida o equilíbrio, ou seja, onde era destruída essa crosta. Assim, o Dietz e o Hess, postularam que, nas trincheiras oceânicas (faixas estreitas ao longo do cinturão do Pacífico muito profundas), a crosta oceânica estaria sendo consumida, em contraposição com a criação da crosta nas dorsais oceânicas. Distribuição de terremotos, ondas sísmicas e mecanismos dos terremotos Muitos dos conhecimentos que se tem atualmente sobre a constituição interna da Terra é dada pelo estudos das ondas sísmicas que geram os terremotos. Essas ondas seguem por vários caminhos pelo interior da Terra e através da medida do seu tempo de viagem entre esses diferentes caminhos é possível determinar em larga escala cada camada. Também é possível fazer inferências sobre as propriedades físicas dessas camadas levando em consideração essas velocidades de transmissão da onda sísmica. Descrição do Terremoto : Normalmente assume-se que os terremotos são originados de um único ponto conhecido como o foco ou hipocentro, que está invariavelmente a cerca de 700 km da superfície. Na realidade, porém, a maioria dos terremotos são gerados por movimentos ao longo de um plano de falha, de modo que a região focal pode se estender por vários quilômetros. O ponto sobre a Terra no qual a superfície é verticalmente acima do foco é o epicentro. O ângulo subtendido no centro da Terra pelo epicentro e o ponto em que as ondas sísmicas estão detectados é conhecido como o ângulo epicentral Δ. A magnitude de um terremoto é uma medida de sua liberação de energia em uma escala logarítmica; uma mudança de magnitude de um na escala Richter implica um aumento de 30 vezes na energia de liberação. Propagação das ondas sísmicas: A energia de tensão liberada por um terremoto é transmitida através da Terra por vários tipos de ondas sísmicas, que se propagam por deformação elástica da rocha pela qual elas percorrem. Ondas que penetram o interior da Terra são conhecidos como ondas corporais, e consistem em dois tipos correspondentes as duas possíveis formas de deformar um meio sólido. Ondas P, também conhecidas como ondas longitudinais ou de compressão, correspondem a deformação 8 elástica por compressão/dilatação, nessas ondas as partículas da rocha transmissora oscila na direção de propagação da onda, o que faz com que a perturbação continue como uma série de compressões e rarefações. As ondas S, também conhecidas como ondas de cisalhamento ou transversais, correspondem à deformação elástica do meio de transmissão de forma a provocar a oscilação das partículas da rocha em ângulos retos em relação à direção de propagação. Como a rigidez de um fluido é zero, as ondas S não podem ser transmitido por tal meio. Uma consequência das equações de velocidade para as ondas P e S, é que a velocidade da onda P é cerca de 1,7 vezes maior do que a velocidade S no mesmo meio. Consequentemente, para um caminho de viagem idêntico, as ondas P chegam antes das ondas S. A passagem das ondas corporais através da Terra está em conformidade com as leis da ótica geométrica, na medida em que podem ser ambas refratadas e refletidas nas descontinuidades de velocidade. Ondas sísmicas cujos caminhos de viagem são restritos a proximidade de uma superfície livre, como a superfície da Terra, são conhecidas como ondas de superfície. As ondas de Rayleigh causam nas partículas do meio de transmissão uma elipse em um plano vertical contendo a direção de propagação. Elas podem ser transmitidas na superfície de um meio- espaço uniforme ou um meio em que a velocidade muda com profundidade. As ondas love são transmitidas sempre que a velocidade da onda S da camada superficial é menor do que o da camada subjacente. As ondas love são essencialmente ondas de cisalhamento polarizadas horizontalmente, e se propagam por reflexão múltipla dentro desta camada de baixa velocidade, que atua como um guia de ondas. As ondas superficiais viajam a velocidades mais baixas do que a das ondas corporais no mesmo meio. Ao contrário das ondas corporais, a superfície dessas ondas são dispersivas, ou seja, seus componentes de comprimentos de onda viajam em diferentes velocidades. Dispersão surge por causa da estratificação de velocidade da Terra em seu interior, comprimentos de onda mais longos penetrando até maiores profundidade e, portanto, a amostragem de velocidades mais altas. Como resultado, estudos de dispersão de ondas de superfície proporcionam um importante método para determinar a estrutura de velocidade e características de atenuação sísmica dos 600 km superiores da Terra. O mecanismo dos terremotos Acredita-se que a maioria dos terremotos ocorra de acordo com a teoria do rebote elástico, que foi desenvolvida depois do terremoto em San Francisco, 1906. Nesta teoria, um terremoto representa uma súbita liberação de energia de tensão que é desenvolvido ao longo de um período. Em (a), um bloco de rocha através de uma fratura (ou falha) está sendo estressada de tal forma que eventualmente irá causar movimentos relativos ao longo do plano de falha. A linha AB é um marcador que indica o estado de tensão do sistema, e a linha quebrada o local de falha. Quantidades relativamente pequenas de stress podem ser acomodado pela rocha. Eventualmente, no entanto, o stress atinge o nível em que excede as forças friccionais e de cimentação se opõem ao movimento ao longo do plano de falha (c). Neste ponto, o movimento de falha ocorre 9 instantaneamente (d). O terremoto de San Francisco resultou de um deslocamento de 6,8 m ao longo da Falha de San Andreas.Neste modelo, a falha reduz a tensão no sistema a praticamente zero, mas se as forças de torque persistissem, o stress voltaria ao ponto em que ocorre o movimento da falha. A teoria do rebote elástico implica consequentemente que atividade sísmica representa uma resposta gradual a um stress persistente. Distribuição de terremotos Com o desenvolvimento dos sismógrafos no início do século XX, os cientistas perceberam que os terremotos se concentravam preferencialmente ao longo das trincheiras oceânicas e dorsais meso-oceânicas. Assim, foi possível notar que: Nas dorsais oceânicas, havia a criação de crosta por acresção de material do manto às bordas das placas; esta construção de placas era evidenciada pela idade progressiva da placa ao se afastar da dorsal, ao padrão magnético e à concentração de terremotos nestas regiões. Nas trincheiras oceânicas, havia destruição da placa oceânica; a concentração de terremotos nestas regiões, associados a vulcanismo e evidência de material oceânico no alto de montanhas (como no caso dos Andes, por exemplo), são evidências deste fato. A tomografia sísmica A tomografia sísmica faz uso dos tempos de viagem registrados das ondas sísmicas através dos terremotos geograficamente distribuídos em um conjunto de estações sismográficas. Os muitos caminhos de viagem de terremotos até os receptores se cruzam muitas vezes. Se houver regiões de anomalia sísmica, a velocidade no espaço percorrido pelos raios e o tempo de viagem das ondas que atravessam esta região são afetados. A interpretação simultânea das anomalias de tempo de viagem para os muitos caminhos cruzados, permitem então delinear as regiões anômalas, fornecendo um modelo tridimensional do espaço de velocidade. Tanto as ondas corporais quanto as ondas superficiais podem ser usadas na análise tomográfica. Com ondas corporais, os tempos reais de viagem das fases P ou S são utilizados. O procedimento com ondas de superfície é mais complexo, no entanto, como são dispersivos, ou seja, sua velocidade depende do comprimento de onda. A profundidade de penetração das ondas superficiais também é dependente do comprimento de onda, com os comprimentos de onda mais longos se é alcançada maiores profundidades. Como a velocidade sísmica geralmente aumenta com a profundidade, os comprimentos de onda mais longos viajam mais rapidamente. Assim, quando as ondas de superfície são utilizadas, é 10 necessário medir as velocidades de fase ou de grupo de suas diferentes comprimentos de onda dos componentes. Devido a sua baixa frequência, as ondas de superfície proporcionam uma resolução menor do que a das ondas corporais. No entanto, eles provam a Terra de uma maneira diferente e, uma vez que Rayleigh ou Ondas Love podem ser usadas, restrições adicionais sobre velocidade de cisalhamento e sua anisotropia são fornecidas. III. Estrutura da Terra a) Estrutura interna da Terra A estrutura interna da terra é revelada principalmente por ondas de compressão (onda P) e ondas de cisalhamento (onda S) que passam através da Terra em resposta aos terremotos. As velocidades das ondas sísmicas variam com a pressão (profundidade), temperatura, mineralogia, composição química, e grau de fusão parcial. Embora as características gerais das distribuições da velocidade das ondas sísmicas são conhecidas há já algum tempo, o refinamento de dados tem sido possível nos últimos dez anos. As velocidades das ondas sísmicas e a densidade aumentam rapidamente na região entre 200 e 700 km de profundidade. Três descontinuidades sísmicas de primeira ordem dividem a Terra em crosta, manto e núcleo: a descontinuidade Mohorovic, ou Moho, definindo a base da crosta; a descontinuidade de Gutemberg na interface manto-núcleo a 2900 km e a cerca de 5200 km a interface que divide o núcleo interior do núcleo exterior, que é a descontinuidade de Lehman. O núcleo compreende cerca de dezesseis por cento da Terra em volume e trinta e dois por cento em massa. Estas descontinuidades refletem alterações na composição ou fase minerálica, ou ambas. Menores, mas mudanças de velocidade muito importantes a 50-200 km, 410 km, e 660 km proporcionam uma base para uma subdivisão adicional do manto. As principais regiões da Terra podem ser resumidas como: ▪ A crosta é constituída pela região acima do Moho e varia em espessura de cerca de 3 km a 8 km, na parte oceânica, a cerca de 70 km em orógenos colisionais, compostos por crosta continental. ▪ A litosfera (50-300 km de espessura) é a forte camada exterior da Terra, incluindo a crosta, que reage a muitas tensões com comportamento ruptil. A astenosfera, que se estende a partir da base da litosfera à descontinuidade de 660-km, é, por comparação, um ponto fraco da camada, pois ela que dá o movimento da litosfera. Uma região de baixa velocidades de onda sísmica e alta atenuação de energia das ondas sísmicas, a zona de baixa velocidade (LVZ), ocorre no topo da astenosfera e é de 50-100 km de espessura. Figura mostrando a distribuição percentual das ondas compressionais (Vp) e das ondas cisalhantes (Vs) e a porcentagem calculada em função da densidade da Terra (p). Além disso, também é mostrada a temperatura para todo a convecção do manto (Tw). 11 Variações laterais significativas em densidade e em velocidades de ondas sísmicas são comuns a profundidades inferiores a 400 km. ▪ O manto superior estende-se desde o Moho até a descontinuidade de 660 km, e inclui a parte inferior da Iitosfera e a parte superior da astenosfera. A região desde os 4l0 km até aos 660 km é conhecida como a zona de transição. Estas duas descontinuidades, são causados por duas importantes transformações de estado sólido: de olivina a wollastonita a 410 km e espinélio a peroviskita + magnesiowustite a 660 km. ▪ O manto inferior estende-se desde a descontinuidade de 660-km até à descontinuidade de 2900-km no limite manto-núcleo. Na sua maioria, é caracterizado por aumentos bastante constantes de velocidade e densidade, em resposta à crescente compressão hidrostática. Entre 220-250 km acima da interface manto-núcleo há um achatamento de gradientes de velocidade e densidade ocorre, numa região conhecida como a camada "D", denominada após a onda sísmica utilizada para definir a camada. O manto inferior é também referido como a mesosfera, uma região que é forte, mas relativamente passiva em termos de processos deformacionais. ▪ O núcleo exterior não transmitirá as ondas S e é interpretado como sendo líquido. Estende-se a partir dos 2900km para a descontinuidade de 5200-km. O núcleo interior, que se estende da descontinuidade de 5200 km até ao centro da Terra, transmite as ondas S, embora em velocidades muito baixas, sugerindo que está perto do ponto de fusão. Existem apenas duas camadas na Terra com anomalias de baixos gradientes de velocidade sísmica: a LVZ na base da litosfera e a camada "D" imediatamente acima do núcleo. Estas camadas coincidem com gradientes de temperatura muito íngremes e, por conseguinte, são camadas de fronteira térmica dentro da Terra. A tectônica de placas não poderia existir sem a LVZ. A camada "D" é importante na medida em que pode ser o local do manto em que são geradas as plumas. Existe uma incerteza considerável em relação à distribuição da temperatura na Terra. Depende de tais características da história da Terra como: 1º) a distribuição inicial da temperatura 2º) a quantidade de calor gerada em função de ambos 3º) profundidade e tempo 4º) a natureza da convecção do manto 5º) o processo de formação do núcleo. A maioria das estimativas sobre a distribuição da temperatura na Terra são baseadas em duas abordagens, ou numa combinação de ambos: modelos da história térmica da Terra envolvendo vários mecanismos de formação de núcleos, e modelos que envolvem a redistribuição de fontes de calor radioativo na Terra por derretimento e processos de convecção. As estimativas que utilizamvários modelos parecem convergir para uma temperatura na interface manto-núcleo de cerca de 4500 ± 500 °C e o centro do núcleo 6700 a 7000 °C. O modelo de convecção em camadas mostra também uma grande variação de temperatura perto da descontinuidade de 660-km, uma vez que esta é a fronteira entre os sistemas de convecção superficial e profunda neste modelo. A distribuição da temperatura para convecção integral, o que é preferido pela maioria cientistas, mostra uma diminuição bastante suave a partir do topo da camada "D" para a LVZ. Obs: A parte superior do manto e a crosta sobrejacente constituem a LITOSFERA, a camada externa rígida que varia de 70 a 100 km de profundidade nos oceanos, e de 100 a 150 km de profundidade nas regiões continentais. 12 a) O manto terrestre O manto constitui a maior subdivisão interna da Terra, tanto em massa como em volume, e estende-se desde a Moho, a uma profundidade média de cerca de 21 km, até ao limite manto- núcleo a uma profundidade de 2891 km. Numa escala bruta, acredita-se que seja quimicamente homogênea, para além das abundâncias de elementos menores e vestígios, e formado de minerais silicatos. A mineralogia e a estrutura dos silicatos muda com profundidade e dá origem para uma zona de transição entre 410 e 660 km de profundidade, que separa o manto superior do inferior. Os materiais do manto são raramente trazidos para a superfície, vistos em complexos ofiolitos, em kimberlitos e como xenólitos em álcalis basaltos. Consequentemente, a maior parte da nossa informação sobre o manto é indireta e baseada na variação de velocidades sísmicas com profundidade combinadas com estudos de comportamento mineral a altas temperaturas e pressões e em experiências de ondas de choque. Estudos geoquímicos de meteoritos e rochas ultramáficas também são utilizados para fazer previsões sobre o manto. Estrutura sísmica do manto A parte superior do manto superior constitui uma cobertura de alta velocidade, tipicamente presentando 80-160 Km de espessura na qual as velocidades sísmicas se mantem constantes no valor de 7,9 km/s ou podem aumentar de pouco a pouco à medida que a profundidade aumenta. Essa parte do manto constitui a porção que está na parte inferior da litosfera. Abaixo da litosfera se encontra uma zona de baixa velocidade sísmica (LVZ), que se estende até aproximadamente 300 Km. Essa zona está aparentemente presente em toda parte do globo terrestre com exceção do manto abaixo das áreas cratônicas. Sabe-se que a LVZ apresenta a sua velocidade de propagação da onda sísmica aumentando devagarmente até uma descontinuidade maior, que é alcançada nos 410 Km de profundidade, a qual marca a região do manto superior em que está ocorrendo uma zona de transição. Há uma outra descontinuidade dada pela mudança de velocidade das ondas sísmicas na profundidade de 660 Km, que marca também outra zona de transição. No manto inferior, as velocidades aumentam bem devagar com a profundidade, porém uns 200 – 300 km antes de alcançar sua base, os gradientes diminuem e outra zona de baixa velocidade está presente. Essa camada de baixa velocidade está bem na interface manto-núcleo e é conhecida como Camada D. Estudos sísmicos mostram que há uma forte heterogeneidade lateral e a presença de finas (5-50 km) zonas de ultrabaixa velocidade na base da camada D. Composição do manto O fato de grande parte da crosta oceânica ser composta de material de uma composição basáltica derivada do manto superior, sugere que o manto superior é composto de peridotito ou eclogito. A principal diferença entre essas dois tipos de rochas é que a peridotito contém olivina abundante e menos de 15% de granada, enquanto o eclogito contém pouca ou nenhuma olivina e pelo menos 30% de granada. Ambos possuem uma velocidade sísmica que corresponde à observada no valor do manto superior de cerca de 8 km.s-1. Várias linhas de evidência sugerem agora muito fortemente que o manto superior é peridotítico. Debaixo do oceano a velocidade do Pn é frequentemente anisotrópica, com velocidades mais de 15% superiores perpendiculares às dorsais oceânicas. Isto pode ser explicado pela orientação preferencial dos cristais de olivina, cujos [100] eixos longos acredita-se que esteja nesta direção. Nada de comum minerais de eclogito exibem o alongamento de cristal necessário. Uma composição do peridotito também é indicada por estimativas da relação de Poisson a partir das 13 velocidades P e S, e a presença de peridotitos nas seções basais de sequências de ofiolitos e como nódulos em basaltos alcalinos. A densidade do eclogito também é muito alta para explicar a Topografia da Moho de crosta isostática compensada por estruturas. A composição em massa do manto pode ser estimada de várias maneiras: utilizando as composições de vários tipos de rochas ultramáficas, de cálculos geoquímicos, de várias misturas de meteoritos, e por fim utilizando dados de estudos experimentais. É necessário distinguir entre o manto não depletado e o manto depletado que sofreu derretimento parcial, onde muitos dos elementos que não são substituídos facilmente dentro do manto foram removidos e combinados na crosta. Estes últimos, são chamados de "incompatíveis", foram removidos, incluem os elementos produtores de calor K, Th, e U. Está claro pela composição dos basaltos de cadeia oceânica (MORB), no entanto, que o manto é derivado da fusão parcial e é relativamente esgotados nos elementos incompatíveis. Assim, se o manto tivesse esses elementos em sua composição, representariam apenas uma pequena fração do calor na superfície terrestre que emana do manto. Esta, e outras linhas de provas geoquímicas, levaram os geoquímicos a concluir que todos ou a maioria do manto inferior deve ser mais enriquecido em incompatíveis do que o manto superior e que é tipicamente não envolvido na produção de derretimentos que atingem a superfície. Entretanto, evidências sismológicas relacionadas com o destino da litosfera oceânica subduzida e a heterogeneidade lateral da camada D″ sugere manto ampla convecção e, portanto, mistura. A zona de baixa velocidade do manto A zona de baixa velocidade é caracterizada por baixas velocidades sísmicas, alta atenuação sísmica, e uma alta condutividade elétrica. Os efeitos sísmicos são mais pronunciados para as ondas S do que para as ondas P. As baixas velocidades sísmicas poderiam surgir a partir de uma série de diferentes mecanismos, incluindo um mecanismo anormalmente elevado temperatura, uma mudança de fase, uma mudança de composição, a presença de fissuras abertas e fissuras entre os grãos além disso, a fusão parcial. Todos, exceto este último, parecem ser improváveis, e é geralmente aceito que as velocidades sísmicas mais baixas surgem por causa da presença de material fundido. Esse provável derretimento que ocorre nesta região é apoiado pelo fato de ser neste nível que o material manto se aproxima mais de seu ponto de fusão. Apenas uma quantidade muito pequena de derretimento é necessária para baixar a velocidade sísmica do manto, uma fração líquida de menos de 1% seria, se distribuída ao longo de uma rede de fissuras nos limites dos grãos, possível de produzir este efeito. A fusão parcial também pode ser responsável pela alta condutividade desta zona. Pois para a fusão parcial ocorrer, é provável que uma pequena quantidade de água seja necessário para baixar o ponto de fusão dos silicatos, e que este é fornecido a partir da ruptura das fases do manto hidratado. A base da zona de baixa velocidade e até mesmo sua existência pode ser controlada pela disponibilidade de água no manto superior. A zona de baixa velocidade do manto é de grande importância para a tectônica de placas, pois representa uma camada de baixa viscosidade ao longo da qual os movimentos relativos da litosfera e astenosfera podem ser acomodadas. A zona de transição do manto Há duas grandes descontinuidades de velocidade no manto, uma
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