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SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3 1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PROTEÇÃO ACIDENTÁRIA .......................... 4 2 INTERRUPÇÃO E SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO ............ 7 2.1 Aborto ............................................................................................................. 7 2.2 Faltas por motivo de saúde: Auxílio-doença ................................................... 7 2.3 Acidente de trabalho ....................................................................................... 9 2.4 Aposentadoria por invalidez ......................................................................... 10 3 ACIDENTE DE TRABALHO E DOENÇAS OCUPACIONAIS ..................... 11 3.1 Conceito ....................................................................................................... 11 3.2 Doenças ocupacionais .................................................................................. 15 3.3 Nexo causal e concausalidade ..................................................................... 17 3.4 Aspectos da proteção previdenciária à vítima de acidente ........................... 19 3.5 Comunicação do acidente de trabalho ......................................................... 20 3.6 Cessação do auxílio-doença (acidentário) .................................................... 20 3.7 Alta médica ................................................................................................... 20 3.8 Constitucionalidade do art. 118 da Lei 8.213/91 ........................................... 21 4 BENEFÍCIOS POR INCAPACIDADE LABORAL ........................................ 21 4.1 Auxílio-doença .............................................................................................. 22 4.1.1 Carência.. ..................................................................................................... 23 4.1.2 Data de início do benefício ........................................................................... 23 4.1.3 Renda mensal inicial ..................................................................................... 24 4.1.4 Processo de reabilitação .............................................................................. 24 4.1.5 Cessação do benefício ................................................................................. 25 4.1.6 Estabilidade provisória .................................................................................. 25 4.2 Aposentadoria por invalidez ou por incapacidade permanente .................... 26 4.3 Auxílio-acidente ............................................................................................ 29 5 BENEFÍCIOS DE PROTEÇÃO À FAMÍLIA E À MATERNIDADE ............... 32 5.1 Pensão por morte ......................................................................................... 32 5.1.1 Prazos de duração da pensão por morte ...................................................... 34 5.2 Auxílio-reclusão ............................................................................................ 36 5.3 Salário-maternidade ..................................................................................... 39 5.4 Salário-família ............................................................................................... 41 6 BENEFÍCIOS ASSISTENCIAIS ................................................................... 43 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 46 INTRODUÇÃO Prezado aluno, O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. 4 1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PROTEÇÃO ACIDENTÁRIA Sobre a evolução histórica da proteção acidentária Castro; Lazzari (2020) explicam que o surgimento da proteção do trabalhador mediante os riscos da perda da capacidade laborativa e de sua subsistência coincide, em grande parte, com o nascimento do Direito do Trabalho. Em uma síntese histórica do desenvolvimento do Direito do Trabalho, é observado que os primeiros testes referentes a legislação social foram feitos no meio dos acidentes e das moléstias profissionais. O primeiro diploma a tratar da matéria foi o Código Comercial (1850), que previa a garantia de pagamento de três meses de salários ao preposto que sofresse acidente em serviço. A Lei n. 3.724, de 15.1.1919 foi a primeira legislação geral sobre acidentes do trabalho baseada na teoria da responsabilidade objetiva do empregador, previa a responsabilidade do empregador nos acidentes de trabalho que decorriam de dolo ou culpa, ademais, de casos fortuitos; não havia tarifação da indenização, nem a obrigatoriedade de que o empregador fizesse seguro de acidente de trabalho para seus empregados. A Constituição de 1934 foi a primeira a tratar da proteção ao acidente de trabalho como prestação previdenciária, mantida em legislação à parte, e o seguro de natureza privada, a cargo da empresa. O Decreto n. 24.637, de 10.7.1934, dispôs sobre o direito à pensão para os herdeiros do acidentado. E o Decreto-lei n. 7.036, de 10.11.1944, ampliou a proteção do trabalhador urbano quanto a acidentes de trabalho para abarcar as concausas, o período in itinere e intervalos do trabalho; a partir da edição dessa norma, o seguro obrigatório passou a ser devido cumulativamente com as prestações previdenciárias. A Carta Política de 1946 faz menção a obrigação do empregador em manter o Seguro de Acidentes do Trabalho independente da previdência social. Já a Lei n. 5.316/1967 adotou a teoria do risco social e integrou o seguro de acidentes de trabalho na Previdência, além de englobar as doenças profissionais e do trabalho, e excluir a exploração deste ramo por seguradoras privadas, além disso, excluiu a carência para a aposentadoria e pensão acidentárias. A norma foi recepcionada pela Emenda n. 1/1969, que manteve a integração do SAT à 5 Previdência, mediante custeio tripartite. A Lei n. 6.195, de 19.12.1974, estendeu o SAT aos rurais, estando estes, a partir de então, amparados pelos benefícios acidentários. A Lei n. 6.367, de 19.10.1976, alterou a composição do tríplice custeio do SAT pela União, pelos trabalhadores e pelas empresas, estabelecendo um acréscimo de contribuição a cargo destas últimas. A Constituição de 1988 insere o acidente de trabalho como risco social, logo passível de proteção previdenciária (art. 201, I). O SAT volta a ser encargo somente do empregador (art. 7º, XXVIII), independentemente da indenização devida por dolo ou culpa. Adota-se, cumulativamente, a teoria do risco empresarial, com a do risco social. As Leis ns. 8.212 e 8.213/1991, em seus textos originais, tratam do acidente do trabalho com benefícios diferenciados, regulamentando o custeio pelo empregador (art. 22, II, da Lei de Custeio), mantida a exclusividade de oferecimento do SAT pela previdência estatal. A Lei n. 9.032, de 28.4.1995, dispôs que o benefício de prestação continuada de cunho acidentário seria equiparado ao benefício previdenciário, calculando-se a renda mensal com base no salário de benefício, não mais pelo salário de contribuição da data do acidente, que, na maioria das vezes, era mais vantajoso. Revogou, outrossim, o art. 123 da Lei n. 8.213/1991, que possibilitava a conversão da aposentadoria por tempo de serviço ou por idade em aposentadoria por invalidez acidentária, sempre que o aposentado apresentasse doença profissional ou do trabalho relacionada com as condições que exercia anteriormente à aposentadoria. A Lei n. 9.129/1995 alterou a forma de cálculo do auxílio-acidente, que passou a ser em percentual único, em vez dos três patamares de até então. A EC n. 20/1998 estabeleceu, de forma programática, a possibilidade de que o seguro de acidentes do trabalho a cargo da empresa pudesse ser objeto de cobertura pelo RGPS e pela iniciativa privada, de forma concorrente; todavia, a matéria não foi regulamentada, mantendo-se a fórmula da proteção acidentária por meio das regras de custeio da Seguridade Social – Lei n. 8.212/1991 e sua regulamentação. A EC n. 72/2013, que ampliou os direitos sociais da categoria dos empregados domésticos, estendeu a estes a cobertura acidentária, remetendo à lei a regulação do 6 tratamento tributário da matéria. A regulamentação da EC n. 72 sobreveio com a promulgação da Lei Complementar n. 150, de 01.06.2015, que alterou diversos dispositivos da Lei n. 8.213/1991 a fim de assegurar o devido tratamento ao empregado doméstico, estendendo a esta categoria a proteção acidentária. A EC n. 103/2019 alterou o art. 201, I, da CF, estabelecendo “cobertura dos eventos de incapacidade temporária ou permanente para o trabalho e idade avançada”. Até então, a previsão era de “cobertura de eventos de doença e invalidez”. Ou seja, a doença propriamente dita não terá mais cobertura, salvo quando provocar incapacidade laboral. Na prática, essa já era a análise feita pela perícia médica previdenciária, mas poderá provocar restrições na concessão de cobertura destinada aos segurados facultativos e desempregados em período de graça. Outra mudança introduzida pela EC n. 103/2019 se deu em relação ao coeficiente de cálculo. Somente a aposentadoria por incapacidade permanente decorrente de acidente de trabalho, de doença profissional e de doença do trabalho corresponderá a 100% do salário de benefício, que passou a levar em consideração todos os salários de contribuição. A aposentadoria por incapacidade permanente (não acidentária), passou a corresponder a 60% do salário de benefício, com acréscimo de dois pontos percentuais para cada ano de tempo de contribuição que exceder o tempo de 20 anos de contribuição, no caso dos homens, e de 15 anos, no caso das mulheres. E o art. 201, § 10, da CF ganhou nova redação pela EC n. 103/2019 para estipular a previsão de que “Lei complementar poderá disciplinar a cobertura de benefícios não programados, inclusive os decorrentes de acidente do trabalho, a ser atendida concorrentemente pelo Regime Geral de Previdência Social e pelo setor privado”. A modificação é mais ampla que aquela prevista na EC n. 20/1998, possibilitando disciplinar por lei complementar a cobertura de benefícios não programados de maneira geral, não apenas os decorrentes de acidente do trabalho. Por força disso, o auxílio-doença, a aposentadoria por invalidez, o auxílio-acidente, a pensão por morte, o auxílio-reclusão e até o salário-maternidade poderão ser concedidos também pelo setor privado, com base em planos de cobertura diferenciados e com contribuições que não irão para o RGPS. 7 2 INTERRUPÇÃO E SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO Ocorre a interrupção do contrato de trabalho quando apenas algumas partes das obrigações contratuais podem ser exigidas (cessação provisória e parcial), normalmente no que tange ao pagamento de salários e contagem de tempo de serviço. Por outro lado, na ocorrência da suspensão, as cláusulas do contrato encontram-se com seus efeitos provisoriamente suspensos (cessação provisória e total). O empregado não faz jus ao recebimento de salários nem à contagem de tempo de serviço. Em ambos os casos, como o contrato de trabalho continua em vigência, as demais cláusulas devem ser respeitadas: proibição de violar segredos da empresa, concorrência desleal etc. (JORGE NETO; CAVALCANTE, 2019). No presente material iremos nos atentar as situações mais relevantes para o tema em questão. 2.1 Aborto Em caso de aborto não criminoso, comprovado por atestado médico oficial, a mulher terá um repouso remunerado de duas semanas, ficando-lhe assegurado o direito de retornar à função que ocupava antes de seu afastamento (art. 395, CLT). A licença de duas semanas para o aborto não criminoso é interrupção do contrato de trabalho, já que haverá o pagamento da remuneração pela Previdência Social (art. 93, § 5º, Dec. 3.048/99), computando-se o tempo para todos os fins. No caso do aborto criminoso, o afastamento será de suspensão, não gerando nenhum efeito para o contrato de trabalho. (JORGE NETO; CAVALCANTE, 2019). 2.2 Faltas por motivo de saúde: Auxílio-doença Nos casos do auxílio-doença, o empregado é considerado em licença não remunerada enquanto perdurar o prazo desse benefício conforme o artigo 476, CLT. 8 Os primeiros 15 dias de afastamento do empregado em relação ao trabalho serão pagos pelo empregador (art. 60, § 3º, Lei nº 8.213/91). Para tanto, é necessária a apresentação do atestado médico. Em caso de a incapacidade laborativa ser superior ao limite de 15 dias, o trabalhador será encaminhado à perícia médica para fins de avaliação da necessidade quanto à percepção do auxílio-doença (Código 31, do INSS). No caso dos demais segurados, v. g empregado doméstico, o benefício auxílio- doença será pago pelo INSS a contar da data do início da incapacidade (art. 60, Lei 8.213). As faltas decorrentes de problemas de saúde são justificadas mediante a apresentação de atestado médico. Podemos, então, estabelecer que o atestado é um documento emitido pelo médico e cuja finalidade consiste na justificativa das faltas ou ausências ao trabalho, com base em situações que envolvam doença ou acidente do empregado. Eventuais faltas do empregado para a realização de exames médicos também devem ser comprovadas por atestado médico. Como documento, o atestado médico deve conter: tempo de dispensa concedida ao segurado, por extenso e numericamente; diagnóstico codificado, conforme o Código Internacional de Doenças (CID), desde que haja a expressa concordância do paciente; assinatura do médico ou dentista sobre carimbo do qual conste nome completo e registro no respectivo Conselho Profissional. Para que o atestado seja válido, deve ser emitido pelo médico na seguinte ordem: da empresa, do convênio fornecido pela empresa ou por profissional da Previdência Social (art. 60, § 4º, Lei 8.213; Súm. 15 e 282, TST). A partir do 16º dia de afastamento, o empregado irá receber o auxílio-doença pago pela Previdência Social. O período de afastamento por auxílio-doença de até 6 meses, contínuos ou descontínuos, é computado para as férias (arts. 131, III, e 133, IV, CLT), portanto, é um caso de interrupção do contrato de trabalho. Só será caso de suspensão se o auxílio-doença for superior a 6 meses, contínuos ou descontínuos, o que implicará início do cômputo de um novo período aquisitivo, após o retorno ao trabalho (art. 133, § 2º, CLT). (JORGE NETO; CAVALCANTE, 2019). Vejamos ainda outras considerações doutrinárias: 9 O art. 75, Decreto 3.048/99, que regulamenta a Lei 8.213/91, mencionam as seguintes regras quanto ao pagamento do período de 15 dias pelo empregador: se concedido novo benefício decorrente da mesma doença dentro de 60 dias contados da cessação do benefício anterior, a empresa fica dispensada do pagamento relativo aos quinze primeiros dias de afastamento, prorrogando-se o benefício anterior e descontando-se os dias trabalhados, se for o caso (§ 3º); se o empregado, por motivo de doença, afastar-se do trabalho durante 15 dias e retornar à empresa no 16º dia, e se dela voltar a se afastar dentro de 60 dias desse retorno, em decorrência da mesma doença, o trabalhador terá direito à percepção do auxílio-doença a partir da data do novo retorno (§ 4º); se o retorno a atividade ocorrer antes do 15º dia do afastamento, o segurado fará jus ao auxílio-doença a partir do dia seguinte ao que completar o período de 15 dias (§ 5º); a impossibilidade de atendimento pela Previdência Social ao segurado antes do término do período de recuperação indicado pelo médico assistente na documentação autoriza o retorno do empregado ao trabalho no dia seguinte à data indicada pelo médico assistente (§ 6º). Quando o empregado apresenta vários atestados sucessivos, indicativos da mesma doença e inferiores a 15 dias, dentro de um período de 60 dias, incumbe ao empregador proceder a soma dos dias de todos os atestados e encaminhar o trabalhador ao INSS, desde que a soma ultrapasse o período de 30 dias. Por exemplo: se o empregado, dentro do período de 60 dias, apresenta 4 atestados, respectivamente, de 14, 7, 13 e 10 dias, a partir do 2º atestado, como o trabalhador atingiu 15 dias, o empregador deve encaminhá- lo para o INSS, o qual é o responsável pelo pagamento do auxílio-doença. Nesta hipótese, o empregador paga 30 dias de atestados e o restante será pago pelo INSS a título de auxílio-doença; se o INSS não acatar os atestados, o empregado fica obrigado a retornar ao trabalho. (JORGE NETO; CAVALCANTE, 2019. p. 936). 2.3 Acidente de trabalho O dia do acidente, além dos 15 dias subsequentes, será pago pelo empregador, computando-se esse período para todos os fins, logo, trata-se de interrupção do contrato de trabalho. O auxílio-doença será pago pela Previdência Social a partir do 16º dia seguinte ao do afastamento da atividade ou a partir da data de entrada do requerimento, se entre o afastamento e a data de entrada do requerimento decorrerem mais de 45 dias (art. 60, § 1º, Lei 8.213/91) (código 91, INSS). Durante esse período, não se tem o pagamento de salários pelo empregador, porém, é o caso de interrupção do contrato de trabalho: a contagem do tempo de serviço para fins de indenização e estabilidade (art. 4º, § 1º, CLT); o cômputo para as férias (art. 131, III), exceto se o auxílio-doença exceder de 6 meses, contínuos ou descontínuos (art. 133, IV); a obrigação quanto ao recolhimento dos depósitos fundiários (art. 15, § 5º, Lei 8.036/90). 10 No caso dos demais segurados, empregado doméstico, o benefício auxílio- doença será pago pelo INSS a contar da data do início da incapacidade. (JORGE NETO; CAVALCANTE, 2019. p. 936) 2.4 Aposentadoria por invalidez O empregado que for aposentado por invalidez terá suspenso o seu contrato de trabalho durante o prazo fixado pelas leis de previdência social para a efetivação do benefício (art. 475, caput, CLT). Sobre a verificação da recuperação da capacidade de trabalho do aposentado por invalidez, vejamos o procedimento de acordo com o art. 47 da Lei 8.213/91: Quando a recuperação ocorrer dentro de 5 anos, contados da data do início da aposentadoria por invalidez ou do auxílio-doença que a antecedeu sem interrupção, o benefício cessará: de imediato, para o segurado-empregado, que tiver direito de retornar à função que desempenhava na empresa quando se aposentou, na forma da legislação trabalhista, valendo como documento, para tal fim, o certificado de capacidade fornecido pela Previdência Social; ou após tantos meses quantos forem os anos de duração do auxílio-doença ou da aposentadoria por invalidez, para os demais segurados; Quando a recuperação for parcial, ou ocorrer após o período da letra a supra, ou ainda quando o segurado for declarado apto para o exercício de trabalho diverso do qual habitualmente exercia, a aposentadoria será mantida, sem prejuízo da volta à atividade: no seu valor integral, durante 6 meses contados da data em que for verificada a recuperação da capacidade; com redução de 50%, no período seguinte de 6 meses; com redução de 75%, também por igual período de 6 meses, ao término do qual cessará definitivamente. (JORGE NETO; CAVALCANTE, 2019. p. 937). O contrato de trabalho ficará suspenso enquanto houver o pagamento total ou parcial da aposentadoria por invalidez, o que fica a critério do médico da Previdência Social (art. 42, caput, Lei 8.213). Enquanto o trabalhador estiver auferindo a aposentadoria por invalidez, o seu contrato de trabalho estará suspenso (Súm. 160, TST), não sendo, assim, aplicável o prazo de cinco anos previsto na Súm. 217 do STF (editada em 1963). Não devemos aplicar o prazo de cinco anos, visto que a Súmula do STF é anterior ao advento da Lei 8.213. Com a recuperação da capacidade de trabalho e o respectivo cancelamento da aposentadoria por invalidez, o empregado terá o direito de retornar à função que 11 ocupava ao tempo da aposentadoria, facultado, porém, ao empregador, o direito de indenizá-lo por rescisão do contrato de trabalho, nos termos dos arts. 477 e 478, exceto na hipótese de ser ele portador de estabilidade, quando a indenização deverá ser paga na forma do art. 497. Se o empregador houver admitido substituto para o aposentado, poderá rescindir, com este, o respectivo contrato de trabalho sem indenização, desde que tenha havido ciência inequívoca da interinidade ao ser celebrado o contrato (art. 475, § 2º). O aposentado por invalidez que retornar voluntariamente à atividade terá sua aposentadoria automaticamente cancelada, a partir da data do retorno (art. 46, Lei 8.213). Apesar de a aposentadoria por invalidez ser uma hipótese de suspensão do contrato de trabalho, a jurisprudência fixou o entendimento de que o trabalhador tem o direito à manutenção do plano de saúde ou de assistência médica oferecido pela empresa (Súm. 440, TST). (JORGE NETO; CAVALCANTE, 2019). 3 ACIDENTE DE TRABALHO E DOENÇAS OCUPACIONAIS 3.1 Conceito O acidente de trabalho está previsto na Lei 8.213/91, art. 59 c/c os arts. 60, § 4º, e 476 da CLT. A partir do 16º dia do acidente de trabalho o contrato fica suspenso, apesar do empregador continuar obrigado ao depósito do FGTS – art. 28 do Decreto 99.684/90. O tempo de serviço do período de suspensão é computado para todos os efeitos – art. 4º da CLT. (CASSAR, 2018). Vejamos a redação do artigo 19 da lei 8.213/91: Art. 19. Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço de empresa ou de empregador doméstico ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. (Redação dada pela Lei Complementar nº 150, de 2015) § 1º A empresa é responsável pela adoção e uso das medidas coletivas e individuais de proteção e segurança da saúde do trabalhador. 12 § 2º Constitui contravenção penal, punível com multa, deixar a empresa de cumprir as normas de segurança e higiene do trabalho. § 3º É dever da empresa prestar informações pormenorizadas sobre os riscos da operação a executar e do produto a manipular. § 4º O Ministério do Trabalho e da Previdência Social fiscalizará e os sindicatos e entidades representativas de classe acompanharão o fiel cumprimento do disposto nos parágrafos anteriores, conforme dispuser o Regulamento. (BRASIL, 1991). O artigo citado acima conceitua o acidente de trabalho típico, conforme expressa determinação legal, equiparam-se a acidentes de trabalho as doenças profissionais e/ou ocupacionais, os incisos do art. 20 da Lei nº 8.213/91 às conceitua: I - Doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social; II - Doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação mencionada no inciso I. Importante também a observância do § 2º referente ao artigo 20 lei nº 8.213/91 estabelece que, "em caso excepcional, constatando-se que a doença não incluída na relação prevista nos incisos I e II deste artigo resultou das condições especiais em que o trabalho é executado e com ele se relaciona diretamente, a Previdência Social deve considerá-la acidente do trabalho". Esse parágrafo surgiu mediante a inviabilidade de listar todas as hipóteses de doenças profissionais e/ou ocupacionais. O artigo 21 da lei em comento também apresenta situações que se equiparam ao acidente de trabalho: Art. 21. Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos desta Lei: I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação; II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em conseqüência de: 13 a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho; b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao trabalho; c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de companheiro de trabalho; d) ato de pessoa privada do uso da razão; e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior; III - a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade; IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho: a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa; b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito; c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiada por esta dentro de seus planos para melhor capacitação da mão-de-obra, independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado; d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado. § 1º Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou durante este, o empregado é considerado no exercício do trabalho. § 2º Não é considerada agravação ou complicação de acidente do trabalho a lesão que, resultante de acidente de outra origem, se associe ou se superponha às consequências do anterior. (BRASIL, 1991) Esses acidentes não causam repercussões apenas de ordem jurídica. Nos acidentes menos graves, em que o empregado tenha que se ausentar por período inferior a quinze dias, o empregador deixa de contar com a mão de obra temporariamente afastada em decorrência do acidente e tem que arcar com os custos 14 econômicos da relação de empregado. O acidente repercutirá ao empregador também no cálculo do Fator Acidentário de Prevenção - FAP da empresa, nos termos do art. 10 da Lei nº 10.666/2003. (TST). Os acidentes de trabalho geram custos também para o Estado. Incumbe ao Instituto Nacional do Seguro Social – INSS administrar a prestação de benefícios, tais como auxílio-doença acidentário, auxílio-acidente, habilitação e reabilitação profissional e pessoal, aposentadoria por invalidez e pensão por morte. Estima-se que a Previdência Social gastou, só em 2010, cerca de 17 bilhões de reais com esses benefícios. (TST). Castro; Lazzari (2020) explicam que o elemento objetivo para a caracterização do acidente do trabalho é a existência de lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. Lesão corporal se trata daquela que atinge a integridade física do indivíduo, causando um dano físico-anatômico, enquanto a perturbação funcional é a que, sem aparentar lesão física, apresenta dano fisiológico ou psíquico, relacionado com órgãos ou funções específicas do organismo humano. O acidente do trabalho não será caracterizado se ocorrido durante o trajeto que o segurado mediante interesse pessoal tiver interrompido ou alterado o percurso habitual. Se o acidente do trabalhador avulso ocorrer no trajeto do órgão gestor de mão de obra ou sindicato para a residência, o INSS entende ser indispensável para caracterização do acidente o registro de comparecimento ao órgão gestor de mão de obra ou ao sindicato. Em relação ao elemento subjetivo, é irrelevante para a caracterização do acidente do trabalho a existência de culpa do segurado ou de seu contratante. Pois nesse caso aplica-se a teoria do risco social, segundo a qual a sociedade arca com o ônus do indivíduo incapacitado, independentemente de quem causou o infortúnio. Apenas para os efeitos da responsabilidade civil interessa a existência ou inexistência de culpa do empregador ou tomador do serviço. Vejamos uma síntese doutrinária acerca do acidente de trabalho e os procedimentos que o sucedem: 15 3.2 Doenças ocupacionais As doenças ocupacionais são aquelas decorrentes da atividade laborativa desempenhada pelo indivíduo. São as que “resultam de constante exposição a agentes físicos, químicos e biológicos, ou mesmo do uso inadequado dos novos recursos tecnológicos, como os da informática”. (STEPHANES, apud CASTRO; LAZZARI. 2020. p. 905). Sua divisão consiste em doenças profissionais e do trabalho. No tocante a doença profissional trata-se daquelas decorrentes de situações comuns aos integrantes de determinada categoria de trabalhadores, encontram-se relacionadas no Decreto n. 3.048/1999, Anexo II, ou, mediante comprovação do nexo causal entre a doença e a lesão, aquela que seja reconhecida pela Previdência, independentemente de constar na relação. São também denominadas de idiopatias, tecnopatias ou ergopatias. Sendo comuns aos profissionais de certa atividade, exemplo, a pneumoconiose, entre os mineiros. Se tratando da doença do trabalho, ela se define como aquela adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, está arrolada no Anexo II do Decreto n. 3.048/1999, ou reconhecida pela Previdência. É o caso, verbi gratia, de um empregado de casa noturna cujo “som ambiente” supere os limites de tolerância; a atividade profissional que desempenha não geraria nenhuma doença ou perturbação funcional auditiva, porém, pelas condições em que exerce o seu trabalho, está sujeito ao agente nocivo à sua saúde – ruído excessivo. Também é o exemplo dos “Distúrbios do Sistema Osteomuscular Relacionados ao Trabalho” – DORT, dos quais as lesões por esforços repetitivos são o principal evento; são casos em que as condições inadequadas, sob o prisma da ergonomia, desenvolvem os problemas típicos. A prevenção, no caso, deve ser baseada na limitação do tempo de exposição (duração da jornada e concessão de pausas regulares), na alteração do processo e organização do trabalho (evitando excessos de demanda) e na adequação de máquinas, mobília, equipamentos e ferramental do trabalho às características ergonômicas dos trabalhadores. São as chamadas mesopatias. Nestas doenças, as características são diferenciadas em relação aos acidentes, pois, a exterioridade da causa permanece. Porém, mesmo que muitas 16 doenças sejam previsíveis e, certamente, não dependem de um evento violento e súbito; são as contingências do trabalho desempenhado ao longo do tempo que estabelecem o nexo causal entre a atividade laborativa e a doença. Mesmo que não conste na relação do Regulamento, cabe a Previdência reconhecer o acidente de trabalho quando comprovado que a doença foi ocasionada pelas condições especiais de trabalho a que estava submetido o segurado conforme está previsto no § 2º do art. 20 da Lei n. 8.213/1991. Em nosso ordenamento jurídico é exigido que uma doença, para ser considerada como ocupacional, decorra, necessariamente, do trabalho, sendo assim doenças diferentes daquelas inerentes a profissão, mesmo que adquiridas no decurso e no local de trabalho, tecnicamente, não são equiparáveis aos acidentes. Não são consideradas doenças do trabalho: a doença degenerativa – causada por agentes endógenos, com a perda gradativa da integridade física ou mental; a doença inerente a grupo etário (relacionadas à velhice, como a arteriosclerose e a osteoporose); a que não chegou a produzir incapacidade para o trabalho; a doença endêmica adquirida em função da região territorial em que se desenvolva (malária, febre amarela, dengue, cólera), salvo exposição ou contato direto em função do trabalho. Contudo, o agravamento de doença degenerativa, em função do trabalho, deve ser considerado como doença ocupacional. Há que se tomar extremo cuidado ao analisar as excludentes do § 1º do art. 20 da Lei n. 8.213/1991. É que nem toda doença degenerativa está desvinculada do trabalho. Note-se, por exemplo, a hipótese de neoplasia de cunho ocupacional, típica de determinadas profissões, devido a exposição a agentes carcinogênicos presentes no ambiente de trabalho. O Ministério da Saúde, por intermédio do Instituto Nacional de Câncer (INCA), vem desenvolvendo, desde 2004, o fortalecimento da Área de Vigilância do Câncer Ocupacional e Ambiental, por meio da elaboração e execução de projetos que visam a redução, a eliminação ou o controle de agentes cancerígenos presentes no meio ambiente e nos ambientes de trabalho. Entre os agentes cancerígenos já constatados pela ciência médica como de origem ocupacional, o referido estudo destaca: “o amianto, a sílica, solventes aromáticos como o benzeno, metais pesados como o níquel e cromo, a radiação 17 ionizante e alguns agrotóxicos, cujo efeito pode ser potencializado se for somada a exposição a outros fatores de risco para câncer como a poluição ambiental, dieta rica em gorduras trans, consumo exagerado de álcool, os agentes biológicos e o tabagismo. Os tipos mais frequentes de câncer relacionados ao trabalho são o câncer de pulmão, os mesoteliomas, o câncer de pele, o de bexiga e as leucemias. ” Há, ainda, os efeitos da radiação ultravioleta, sendo a principal fonte a solar, mas não a única, pois com o surgimento de fontes artificiais de radiação ocorreu um aumento na chance de exposição adicional. (CASTRO; LAZZARI. 2020). Vejamos a jurisprudência: A jurisprudência já tem dado guarida a tais pretensões, inclusive em sede de danos por ricochete, pelo falecimento de trabalhadores e o sofrimento causado a seus familiares: “RECURSO ORDINÁRIO DO DEMANDANTE. DOENÇA OCUPACIONAL. MORTE DO EMPREGADO POR CÂNCER. CONTATO COM NÉVOA DE ÁCIDO SULFÚRICO. ACIDENTE AMBIENTAL DO NAVIO ‘BAHAMAS’ NO PORTO DE RIO GRANDE. Diante da prova dos autos, conclui-se que o pai do autor (falecido ex-empregado da Superintendência do Porto de Rio Grande, autarquia vinculada ao Estado do Rio Grande do Sul), atuando como guarda portuário, manteve contanto com névoa de ácido sulfúrico, por laborar na guarnição do navio ‘Bahamas’, o qual vazou cerca de 12.000 toneladas de ácido sulfúrico para o canal do Porto de Rio Grande. Dois laudos médicos (um deles proveniente de Médica Oncologista), embasados por estudo patrocinado pela Agência Internacional de Pesquisa do Câncer (IARC), instituição ligada à Organização Mundial de Saúde (OMS), correlacionam a exposição à névoa do ácido sulfúrico ao surgimento de câncer na laringe, espécie de neoplasia que vitimou o pai do reclamante. Ademais, há prova de que outros guardas portuários também desenvolveram câncer de laringe ou de pulmão (outra espécie de neoplasia correlacionada à exposição à substância química em questão). Recurso do autor provido em parte, para condenar os réus ao pagamento de indenização por dano moral por ricochete. ” (TRT da 4ª Região, RO 0020173- 78.2016.5.04.012, 2ª Turma, Rel. Des. Alexandre Correa da Cruz, publ. 3.8.2018) (TRT, 2018 apud CASTRO; LAZZARI. 2020. p. 907) 3.3 Nexo causal e concausalidade Para que se caracterize o acidente de trabalho é necessário que a enfermidade, além de incapacitante, tenha relação com o exercício do trabalho. Denomina-se nexo causal essa relação entre o dano experimentado pela vítima e a atividade laborativa. Sendo assim, o nexo causal é o vínculo fático que liga o efeito (incapacidade para o trabalho ou morte) à causa (acidente de trabalho ou doença ocupacional). Decorre de uma análise técnica, a ser realizada, obrigatoriamente, por médico perito ou junta médica formada por peritos nesta matéria. 18 Cabe à perícia médica do INSS a investigação do nexo de causalidade entre a lesão, perturbação ou morte e o acidente ou doença, bem como tipificar o evento como sendo em decorrência do trabalho – Regulamento, art. 337. Equipara-se ao acidente de trabalho a chamada concausa, ou seja, a causa que, embora não tenha sido a única, colaborou de forma direta para a morte do segurado, ou para redução ou perda de sua capacidade laborativa, ou produziu lesão que exija atenção médica para a sua recuperação, conforme previsão do inciso I do art. 21 da Lei n. 8.213/1991. As concausas podem ser anteriores, simultâneas ou posteriores ao acidente. Para efeito de reconhecimento do direito a benefício por acidente de trabalho é irrelevante se a concausa é simultânea, anterior ou posterior ao evento; em todos os casos, o direito é assegurado. A investigação da concausalidade é também motivo de preocupação por parte de segurados, visto que nem sempre o perito – mesmo o judicial – aprofunda sua análise para verificar a existência de mais de um fator desencadeante da incapacidade. Incumbe às partes e ao juiz da causa formular quesitos ao perito no sentido de que este responda, conclusivamente, se há ou não multiplicidade de fatores causadores da incapacidade, e se algum deles está ligado ao trabalho, caracterizando (ou não) concausalidade. A perícia é, portanto, fundamental para o deslinde das questões ligadas aos benefícios por incapacidade – acidentários ou não – com maior ênfase para os primeiros, ante a necessidade de se analisar o nexo de causalidade entre a atividade laboral e a enfermidade. Não há como prescindir da prova técnica em matéria de nexo de causalidade, já que não há outro meio de prova que possa suprir a avaliação médica. Sobre o procedimento para realização de perícias – tanto no âmbito das empresas, no do INSS ou mesmo em sede de perícia judicial – deve o profissional da Medicina observar os ditames do Código de Ética da categoria, e especialmente em relação ao tema, a Resolução n. 2.183, de 2018, do Conselho Federal de Medicina, que dispõe sobre as normas específicas de atendimento a trabalhadores. (CASTRO; LAZZARI, 2020). 19 3.4 Aspectos da proteção previdenciária à vítima de acidente A proteção previdenciária não é plena, pois tarifada pela Lei de Benefícios. Não cobre, por exemplo, lucros cessantes e danos emergentes. Não há imposição de reparação do status quo ante, aliás, de impossibilidade material facilmente constatável, pois o que se encontra em discussão não são bens materiais, mas a vida ou a integridade física e psíquica do indivíduo. Mediante esta razão, A CF/88 manteve a responsabilidade pessoal do empregador, independentemente do seguro de acidentes de trabalho e a consequente proteção pelo regime previdenciário. Caso houver culpa do empregador, cabe ao indivíduo a possibilidade de postular em Juízo uma reparação maior, com pretensão de restitutio in integrum – incluindo então as perdas e danos decorrentes da morte, lesão corporal ou perturbação funcional. Para a proteção previdenciária, não há necessidade de existência de dolo ou culpa do empregador, sendo devido o benefício por incapacidade inclusive nos casos de culpa da vítima. Impõe-se que haja, sim, nexo causal entre o acidente ou a doença e a lesão ou a morte; caracteriza-se o nexo de causalidade se, abstraído o evento, a incapacidade para o trabalho não se tivesse verificado. Pode o empregado obter indenização - reparação dos danos pelo empregador -, quando a empresa, por seus prepostos, ou o empregador doméstico, ou ainda o tomador de serviços terceirizados tenha incorrido em conduta dolosa ou culposa que tenha causado o infortúnio (ou quando seja o caso de responsabilização objetiva), cabendo ao demandado provar a inexistência de dolo ou culpa. A matéria, via de regra, exige prova pericial, pois cumpre investigar a existência de dano e o nexo de causalidade entre o acidente ou doença e o trabalho, no acidente típico ou doença ocupacional. Os danos materiais envolvem a totalidade dos prejuízos sofridos pelo trabalhador. As regras do Código Civil dispõem sobre a reparação material, cumulativamente com a reparação de danos morais, tanto em caso de lesão corporal (com ou sem sequelas), como em caso de morte do trabalhador (quando será devida aos familiares do trabalhador falecido). 20 A ação de indenização é de competência material da Justiça do Trabalho a partir da EC 45/2004, observando-se o rito processual trabalhista, como será visto adiante neste mesmo capítulo. (CASTRO; LAZZARI, 2020). 3.5 Comunicação do acidente de trabalho A norma 8213/91 determina que o empregador deverá comunicar o acidente à Previdência Social até o primeiro dia útil seguinte ao acidente – CAT – art. 22. Na falta de comunicação pela empresa, poderão fazê-lo: o próprio empregado acidentado, seus dependentes, a entidade sindical, o médico que o assistiu ou qualquer autoridade pública. O fato de o empregador fornecer a CAT já comprova, por si só, que o patrão reconhece o acidente de trabalho ocorrido com seu empregado. Nos demais casos, a prova fica por conta do empregado. Uma vez provado o nexo causal entre o acidente e o trabalho, a responsabilidade do empregador pela estabilidade decorre da lei – art. 22, § 3º, desta lei. (CASSAR, 2018). 3.6 Cessação do auxílio-doença (acidentário) Para a aquisição da estabilidade é necessário, ainda, que o empregado tenha recebido auxílio-doença acidentário, isto é, que tenha sofrido lesão capaz de afastá- lo do trabalho por, pelo menos, 16 dias consecutivos – Súmula 378, II, do TST. O art. 59 da Lei 8.213/91 preconiza que o auxílio-doença é pago ao empregado que permanecer incapacitado para o trabalho por mais de 15 dias consecutivos, logo, a partir do 16º dia receberá o referido benefício previdenciário. (CASSAR, 2018). 3.7 Alta médica A estabilidade do acidentado começa a fluir após a cessação do benefício previdenciário, pois enquanto recebê-lo o contrato de trabalho do acidentado estará suspenso. A Lei Previdenciária refere-se ao empregado que se encontre nesta 21 situação (recebendo benefício) como licenciado. Ressalte-se, que durante esta suspensão contratual o empregador está obrigado aos depósitos do FGTS. Obtida a alta médica, o empregado terá a estabilidade de doze meses. (CASSAR, 2018). 3.8 Constitucionalidade do art. 118 da Lei 8.213/91 Afirmavam alguns que qualquer estabilidade não prevista na Constituição só poderia ser criada por meio de lei complementar, em face do comando contido no art. 7º, I, da CRFB. Não podemos compartilhar desta opinião, uma vez que o inc. I do art. 7º da CF referiu-se aos benefícios genéricos que visassem proteger a despedida arbitrária. Não é o caso, pois esta é uma estabilidade específica dirigida apenas àqueles que sofreram acidente. Assim também a Súmula 378, I, do TST. (CASSAR, 2018). 4 BENEFÍCIOS POR INCAPACIDADE LABORAL A proteção previdenciária, no que se refere à incapacidade laboral, abrange os benefícios de auxílio-doença, em casos de incapacidade temporária, aposentadoria por invalidez, nos casos em que a incapacidade for definitiva e total, impedindo a reabilitação profissional, e o auxílio-acidente, como indenização pela perda para sempre de parte da capacidade de trabalho. (AGOSTINHO, 2020). A EC n. 103/2019 passou a estabelecer no art. 201, I, da CF, a “cobertura dos eventos de incapacidade temporária ou permanente para o trabalho e idade avançada”. Pode-se extrair dessa mudança de redação que no texto anterior a cobertura atingia também eventos de doença, gerando proteção a todas as categorias de segurados. Na regulamentação da Reforma da Previdência de 2019, poderá ocorrer a exclusão do direito ao auxílio-doença em relação aos segurados facultativos (como donas de casa, estudantes e desempregados), sob o fundamento de que não exercem atividade laborativa remunerada. 22 As regras de exigibilidade dos benefícios por incapacidade possuem previsão na Lei n. 8.213/1991, mas no futuro poderão eleger novos critérios relacionados à carência, à prova da incapacidade laboral e aos coeficientes de cálculo, especialmente os do auxílio-doença e do auxílio-acidente. (CASTRO; LAZZARI, 2020). 4.1 Auxílio-doença O auxílio-doença se trata de um benefício concedido ao segurado impedido de trabalhar por doença ou acidente, ou por determinação médica. O auxílio-doença acidentário, era concedido pelo INSS aos segurados enquadrados como empregados (urbanos e rurais), trabalhadores avulsos e segurados especiais. A Lei Complementar n. 150/2015, estendeu aos empregados domésticos diversos direitos sociais, entre eles a proteção contra acidentes do trabalho, passando os domésticos a serem detentores do direito ao auxílio-doença, dada a natureza de direito fundamental de tal proteção. Para o auxílio-doença acidentário, deve-se observar: os segurados abrangidos; a carência, que no auxílio-doença acidentário é sempre incabível, em razão de sua causa (acidente de trabalho ou doença ocupacional), enquanto há previsão de prazo carencial no auxílio-doença previdenciário (12 contribuições mensais), salvo em caso de acidentes de qualquer outra natureza, doenças graves, contagiosas ou incuráveis previstas como situações em que a carência é incabível; e os efeitos trabalhistas decorrentes, já que apenas o auxílio-doença acidentário acarreta ao empregado a garantia de emprego prevista no art. 118 da Lei n. 8.213/91. Insta salientar que a concessão do auxílio-doença depende, em regra, da prova da incapacidade em exame realizado por médico perito da Previdência Social, quando excedido o lapso de 15 dias, cabendo à empresa que dispuser de serviço médico próprio ou em convênio o exame médico e o abono das faltas correspondentes aos primeiros 15 dias de afastamento conforme previsão legal do artigo 75, § 2º, do decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999. 23 O reconhecimento da incapacidade para concessão ou prorrogação do auxílio- doença decorre da realização de avaliação pericial ou da recepção da documentação médica do segurado, hipótese em que o benefício será concedido com base no período de recuperação indicado pelo médico assistente. A medida parece bastante acertada, pois em caso de prorrogações de benefício de segurado empregado, é o próprio médico da empresa ou conveniado a essa que atesta a incapacidade. (AGOSTINHO, 2020). 4.1.1 Carência Para que se tenha direito ao auxílio-doença, cabe ao segurado do RGPS o cumprimento da carência de 12 contribuições mensais, exceto na decorrência de acidente de qualquer natureza ou causa, ou na presença de uma das doenças especificadas no art. 151 da Lei n. 8.213/91, quando então a carência não é exigida. Importante observar que a falta de atualização do rol de doenças consideradas graves, a deficiência na observância de diversas enfermidades que poderiam assim ser enquadradas acarretam enorme risco de desproteção social às pessoas acometidas por tais doenças nos primeiros 12 meses de filiação previdenciária. É exigido a carência em situações não programadas pelo segurado – incapacidade laboral não é evento que esteja a critério do trabalhador decidir se irá ou não ocorrer. (AGOSTINHO, 2020). 4.1.2 Data de início do benefício “O auxílio-doença é devido a partir do 16º dia de afastamento da atividade. Durante os 15 primeiros dias do afastamento da atividade compete à empresa pagar o salário integral (art. 60, § 3º, da LBPS). Para os demais segurados (não empregados urbanos ou rurais), o benefício é devido a contar da data do início da incapacidade e enquanto ele permanecer incapaz. O segurado deverá procurar, de imediato, a Previdência Social, para verificação da incapacidade e pagamento do benefício. ” (AGOSTINHO, 2020. p. 519). 24 4.1.3 Renda mensal inicial A Lei n. 8.213/91 possuía em seu texto a previsão de que a renda mensal do auxílio-doença corresponderia a: 80% do salário de benefício, mais 1% deste, por grupo de 12 contribuições, até o limite de 92% do salário de benefício, para os benefícios decorrentes de causas não acidentárias; e 92% do salário de benefício ou do salário de contribuição vigente no dia do acidente, quando se tratasse de acidente do trabalho. Insta salientar que a Lei n. 9.032/95 constituiu nova redação ao dispositivo em questão, para fixar que o auxílio-doença, inclusive o decorrente de acidente do trabalho, consistirá numa renda mensal correspondente a 91% do salário de benefício. O salário de benefício consiste na média aritmética simples dos maiores salários de contribuição correspondentes a 80% do período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994 até a data do início do benefício. Para o segurado especial, o benefício será no valor de um salário mínimo; comprovando contribuições para o sistema, terá a renda mensal calculada com base no salário de benefício (média dos 80% maiores salários de contribuição desde julho de 1994, corrigidos monetariamente). (AGOSTINHO, 2020). 4.1.4 Processo de reabilitação O auxílio-doença é mantido enquanto não cessar a incapacidade do segurado para o trabalho, cabendo a possibilidade do INSS indicar o processo de reabilitação profissional, nos casos em que verificar necessário. O benefício continua sendo devido durante o processo de reabilitação, cessando somente ao final desse processo, com o retorno do segurado à atividade laboral. O segurado empregado – urbano ou rural –, em gozo de auxílio-doença, deve ser considerado pela empresa como licenciado. Não há suspensão do contrato de trabalho. A empresa que garantir ao segurado licença remunerada por força do contrato de trabalho, regulamento de empresa, convenção coletiva ou acordo coletivo, ficará obrigada a lhe pagar durante o período de auxílio-doença a eventual diferença entre o valor deste e a importância garantida pela licença. Sobre esse valor não incide 25 contribuição à Seguridade Social, já que a natureza jurídica desse pagamento é de mero complemento do benefício pago pela Previdência Social, este irrenunciável. O benefício será devido durante o curso de dissídio individual trabalhista relacionado com a rescisão do contrato de trabalho, ou após a decisão final, desde que implementadas as condições mínimas para a concessão do benefício. (AGOSTINHO, 2020). 4.1.5 Cessação do benefício “O auxílio-doença cessa pela recuperação da capacidade laboral, pela transformação em aposentadoria por invalidez ou auxílio-acidente de qualquer natureza; neste caso se resultar sequela que cause redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia. “ (AGOSTINHO, 2020. p. 522). 4.1.6 Estabilidade provisória “Art. 118. O segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantida, pelo prazo mínimo de doze meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa, após a cessação do auxílio-doença acidentário, independentemente de percepção de auxílio-acidente. ” (BRASIL, 1991). O Período Básico de Cálculo – PBC é fixado, conforme o caso, de acordo com a data do Afastamento da Atividade ou do Trabalho – DAT; e a data de Entrada do Requerimento – DER. Data de Início do Benefício de aposentadoria por invalidez para o segurado empregado: Quando precedido de auxílio-doença: a partir do dia seguinte ao da cessação daquele, por força de conclusão da perícia do INSS; Quando não precedido de auxílio-doença: a partir do 16º dia de incapacidade, caso requerido até o 30º dia de incapacidade; da data do requerimento, quando requerida após 30 dias do início da incapacidade. (AGOSTINHO, 2020). 26 4.2 Aposentadoria por invalidez ou por incapacidade permanente A Lei n. 8.213/1991 denominou o benefício decorrente da incapacidade laborativa permanente como aposentadoria por invalidez. Com a EC n. 103/2019, o nome utilizado passa a ser aposentadoria por incapacidade permanente, consoante nova redação do art. 201, I, da CF, Vejamos: Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma do Regime Geral de Previdência Social, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, na forma da lei, a: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) I - Cobertura dos eventos de incapacidade temporária ou permanente para o trabalho e idade avançada; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) (BRASIL, 1988). Aposentadoria por invalidez se conceitua como o benefício que decorre da incapacidade do segurado para o trabalho, na ausência de perspectiva de reabilitação para o exercício de atividade capaz de lhe assegurar a subsistência. Em conjunto com o auxílio-doença, a aposentadoria por invalidez é um benefício de pagamento continuado, de risco imprevisível, devido à incapacidade presente para o trabalho. É concedida, se o segurado se encontrar impossibilitado de trabalhar e insuscetível de reabilitar-se para a atividade garantidora da subsistência. Constitui em uma prestação provisória com relevante tendência à definitividade, geralmente deferida após a cessação do auxílio-doença conforme a redação prevista na norma nº 8.213, de 24 de julho de 1991- PBPS -, caput do art. 43. Nos termos do art. 42 da Lei n. 8.213/1991, a aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insuscetível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição. Nos termos do Manual de Perícias Médicas do INSS (2018), a invalidez pode ser conceituada como a incapacidade laborativa total, permanente ou com prazo indefinido, omniprofissional/multiprofissional e insuscetível de recuperação ou reabilitação profissional, em consequência de doença ou acidente. 27 O Perito Médico deverá considerar a gravidade e irreversibilidade da doença/lesão, a impossibilidade de se determinar um prazo de recuperação, sua repercussão sobre a capacidade laborativa, bem como a insuscetibilidade à reabilitação profissional. A aposentadoria por invalidez pode ter como causa acidente ou doença não relacionada ao trabalho, quando será considerada como previdenciária (espécie B 32). Quando for relacionada a acidente do trabalho ou doença ocupacional, será considerada como invalidez acidentária (B 92). Nem sempre, contudo, a incapacidade permanente é passível de verificação imediata, nesses casos, concede-se inicialmente ao segurado o benefício por incapacidade temporária – auxílio-doença – e, posteriormente, concluindo-se pela impossibilidade de retorno à atividade laborativa, transforma-se o benefício inicial em aposentadoria por invalidez. Por esse motivo, a lei menciona o fato de que o benefício é devido, estando ou não o segurado em gozo prévio de auxílio-doença. As regras gerais sobre a aposentadoria por invalidez estão disciplinadas no art. 201, I, da Constituição (com redação conferida pela EC n. 103/2019), nos arts. 42 a 47 da Lei n. 8.213/1991 e arts. 43 a 50 do Decreto n. 3.048/1999. O período de carência para a concessão da aposentadoria por invalidez é de 12 contribuições mensais. A concessão independe de carência no caso de o segurado ter ficado inválido em razão de acidente de qualquer natureza ou causa (inclusive o ligado ao trabalho), ou ser acometido de doença ocupacional ou alguma das doenças especificadas no art. 151 da Lei n. 8.213/1991. Quando a aposentadoria por invalidez decorrer de transformação de auxílio- doença, ela é devida a partir do dia imediato ao da cessação do auxílio-doença. Quando não decorrer de transformação de auxílio-doença, ela é devida nas seguintes datas de início do benefício: Quando se tratar dos segurados empregados (excluindo-se o doméstico): a contar do 16º dia de afastamento da atividade ou a partir da entrada do requerimento, quando postulado após o 30º dia do afastamento da atividade (os 15 primeiros dias de afastamento são de responsabilidade da empresa, que deverá pagar ao segurado empregado o salário); 28 Quando se tratar do segurado empregado doméstico, trabalhador avulso, contribuinte individual, especial, facultativo e intermitente: a partir da data do início da incapacidade, ou da data de entrada do requerimento, quando ocorrido após o 30º dia da incapacidade. Em todos os casos, o requerimento do benefício deve ser formulado no prazo fixado, de 30 dias a partir da data da incapacidade, sob pena de ser a data daquele o termo inicial do benefício. Evidentemente, se o segurado se encontra incapacitado não apenas para o trabalho, mas para quaisquer atos da vida civil, não se pode exigir tal prazo (por exemplo, quando o segurado tenha ficado em estado de coma, ou inconsciente), pois contra os totalmente incapazes não são oponíveis quaisquer prazos legais. Na hipótese em que a aposentadoria por invalidez é solicitada exclusivamente na via judicial, sem que exista prévia postulação administrativa, é a citação válida que deve ser considerada como termo inicial para a implantação do benefício. Isso porque a citação, além de informar o litígio, constitui o réu em mora quanto à cobertura do evento causador da incapacidade, tendo em vista a aplicação do art. 240 do CPC/2015. Até o advento da EC n. 103/2019, a aposentadoria por invalidez, inclusive a decorrente de acidente do trabalho, consistia numa renda mensal correspondente a 100% do salário de benefício, apurado com base na média aritmética simples dos maiores salários de contribuição correspondentes a 80% do período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994 até a data de início do benefício. No entanto, a EC n. 103/2019 estabeleceu (art. 26) novos coeficientes de cálculo. (CASTRO; LAZZARI, 2020). Vejamos: Aposentadoria por incapacidade permanente (não acidentária): corresponderá a 60% do salário de benefício, com acréscimo de dois pontos percentuais para cada ano de contribuição que exceder o tempo de 20 anos de contribuição, no caso dos homens, e dos 15 anos, no caso das mulheres. Por exemplo: segurado homem: 20 anos de tempo de contribuição = 60% do salário de benefício; 30 anos de tempo de contribuição = 80% do salário de benefício; 40 anos de tempo de contribuição = 100% do salário de benefício; segurada mulher: 15 anos de tempo de contribuição = 60% do salário de benefício; 30 anos de tempo de contribuição = 90% do salário de benefício; 35 anos de tempo de contribuição = 100% do salário de benefício. Aposentadoria por incapacidade permanente quando decorrer de acidente de trabalho, de doença profissional e de doença do trabalho: corresponderá a 29 100% do salário de benefício que leva em consideração todos os salários de contribuição (desde julho de 1994, ou desde o início da contribuição, se posterior àquela competência). (CASTRO; LAZARI, 2020. p. 1154). 4.3 Auxílio-acidente O auxílio-acidente se trata de um benefício previdenciário pago mensalmente ao segurado acidentado como forma de indenização, razão pela qual é recebido de forma cumulativa com o salário, após a consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza – e não somente de acidentes de trabalho –, resultarem sequelas que impliquem redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia conforme a previsão legal da Lei n. 8.213/1991, artigo 86, caput. Conforme a medida provisória n. 905/2019 prevê, será devido o auxílio- acidente somente enquanto persistirem as condições que ensejaram sua concessão. Na hipótese de manutenção das condições que ensejaram o reconhecimento do auxílio-acidente, este será devido até a véspera do início de qualquer aposentadoria ou até a data do óbito do segurado. Não há como confundi-lo com o auxílio-doença, pois este somente é devido enquanto o segurado se encontra incapaz, temporariamente, para o trabalho; já o auxílio-acidente, é devido após a consolidação das lesões ou perturbações funcionais de que foi vítima o acidentado, ou seja, após a “alta médica”, não sendo percebido juntamente com o auxílio-doença, mas somente após a cessação deste último, conforme a previsão legal da Lei n. 8.213/1991, art. 86, § 2º. Têm direito ao recebimento do auxílio-acidente o empregado (urbano, rural e doméstico), o trabalhador avulso e o segurado especial, conforme se observa dos arts. 18, § 1º, com a redação conferida pela LC n. 150/2015, e 39, I, da Lei n. 8.213/1991. O benefício em questão passou a ser devido em relação a acidentes de qualquer natureza (e não só acidentes do trabalho) a partir da redação conferida pela Lei n. 9.032/1995, não se aplicando a acidentes não ligados ao trabalho ocorridos até 29.4.1995. Em compensação, a redação original do art. 86 da Lei n. 8.213/1991 previa o cabimento de tal benefício a acidentes sofridos por presidiários que exercessem atividade remunerada, o que deixou de ser previsto com a redação dada pela Lei n. 9.032/1995. 30 A concessão do auxílio-acidente independe do número de contribuições pagas, mas é preciso ter a qualidade de segurado. Vale dizer, dependentes de pessoa que nunca tenha contribuído para o RGPS, ou tenha perdido a qualidade de segurado, não fazem jus a este benefício. O benefício tem início a partir do dia seguinte ao da cessação do auxílio- doença, independentemente de qualquer remuneração ou rendimento auferido pelo acidentado, ou, na data da entrada do requerimento (DER), quando não precedido de auxílio-doença. (CASTRO; LAZZARI, 2020). O cálculo da renda mensal inicial do auxílio-acidente deixou de ser feito com base no salário de benefício a partir de 12.11.2019, data da publicação da Medida Provisória n. 905, que alterou o art. 86 da Lei n. 8.213/91 (PBPS). Com a alteração, a renda mensal inicial do benefício, antes incidente sobre o salário de benefício, corresponderá a 50% do benefício de aposentadoria por invalidez a que o segurado teria direito. Ocorre que, com a EC n. 103/2019, a aposentadoria por invalidez, submetida ao cálculo do salário de benefício com base em 100% da média aritmética simples dos salários de contribuição a partir de julho/1994, terá renda mensal inicial com cálculo de 60% do salário de benefício, com alguns acréscimos dependendo do tempo de contribuição. Daí se vê que a base de cálculo do auxílio-acidente será sensivelmente reduzida. (SANTOS,2020). O recebimento de salário ou concessão de outro benefício, exceto de aposentadoria, não prejudicará a continuidade do recebimento do auxílio-acidente. Não é permitida a acumulação de auxílios-acidente. O valor do benefício, em qualquer caso, poderá ser inferior ao salário mínimo, uma vez que não se trata de benefício substitutivo do salário de contribuição. De acordo com a orientação do STJ, deve ser considerado, para fins de auxílio- acidente, o percentual estabelecido pela lei vigente no momento em que se dá o agravamento das lesões incapacitantes do beneficiário, e não o do momento em que o benefício foi concedido inicialmente. O agravamento da lesão incapacitante tem como consequência a alteração do auxílio-acidente, sendo considerado um novo fato gerador para a concessão do benefício. O auxílio-acidente deixou de ser vitalício passando a integrar o salário de contribuição para fins de cálculo do salário de benefício de qualquer aposentadoria, 31 conforme a regra disposta no art. 31 da Lei n. 8.213/1991, foi restabelecida pela Lei n. 9.528, de 10.12.1997. A MP n. 905/2019 alterou novamente a LBPS estabelecendo que, somente na hipótese de manutenção das condições que motivaram o reconhecimento do auxílio- acidente, o auxílio será devido até a véspera do início de qualquer aposentadoria ou até a data do óbito do segurado. Sendo assim, o segurado terá direito e será devido o benefício somente enquanto persistirem as sequelas, isso ocasiona em revisões periódicas efetuadas pelo INSS para verificar essas condições. O auxílio-acidente não se interrompe pelo recebimento de salários, nem mesmo pela condição de desemprego do beneficiário. No caso de novo auxílio-doença, ocasionado por outra enfermidade que não a causadora da sequela que deu origem ao auxílio-acidente, o segurado receberá os dois benefícios (auxílio-acidente e auxílio-doença) cumulativamente. Quando o segurado em gozo de auxílio-acidente fizer jus a um novo auxílio- acidente, em decorrência de outro acidente ou de doença, serão comparadas as rendas mensais dos dois benefícios e mantido o benefício mais vantajoso. O art. 129 do Decreto n. 3.048/1999 dispõe que “o segurado em gozo de auxílio- acidente terá o seu benefício encerrado na data da emissão da certidão de tempo de contribuição”. Com a devida vênia, a leitura do art. 86 da Lei do RGPS não autoriza tal interpretação. A Lei n. 9.528, de 10.12.1997, ao vedar a acumulação do auxílio-acidente com qualquer aposentadoria, estabeleceu como compensação que “O valor mensal do auxílio-acidente integra o salário de contribuição, para fins de cálculo do salário de benefício de qualquer aposentadoria, observado, no que couber, o disposto no art. 29 e no art. 86, § 5º” (art. 31 da Lei n. 8.213/1991, restabelecido com nova redação conferida pela Lei n. 9.528, de 10.12.1997). Dessa forma, o legislador procurou amenizar os efeitos da nova norma – que afastou o caráter de vitaliciedade ao auxílio-acidente – possibilitando ao segurado recuperar parte do prejuízo com a elevação do valor da aposentadoria a ser concedida pelo RGPS. Todavia, o INSS tem se excedido na interpretação da Lei n. 9.528/1997 e está cancelando o auxílio-acidente dos segurados que obtêm aposentadoria por outro 32 regime previdenciário. Ou seja, o INSS, tomando conhecimento de que o beneficiário de auxílio-acidente passou a gozar de aposentadoria por regime próprio, está cancelando o auxílio-acidente concedido pelo RGPS. Esse procedimento foge à lógica interpretativa em relação aos efeitos da Lei n. 9.528/1997. A referência a qualquer aposentadoria só pode ser entendida às concedidas pelo RGPS e não por outros regimes. Tanto é assim, que essa Lei previu a compensação pela cessação do auxílio-acidente com o incremento do valor da aposentadoria a ser deferida. A normatização interna do INSS prevê, também de modo ilegal, a cessação do benefício de auxílio-acidente “quando da emissão de certidão de tempo de contribuição”, situação que não guarda nenhuma congruência com a Lei n. 8.213/1991, tampouco com o Regulamento. (CASTRO; LAZZARI, 2020). 5 BENEFÍCIOS DE PROTEÇÃO À FAMÍLIA E À MATERNIDADE Família é o núcleo da sociedade, base legal da civilização. A proteção previdenciária voltada à proteção da família e à maternidade abrange os benefícios de pensão por morte, auxílio-reclusão, salário-maternidade e salário-família. (AGOSTINHO, 2020). 5.1 Pensão por morte A pensão por morte é o benefício com pagamento destinado aos dependentes do segurado, que falecer, aposentado ou não, conforme previsão expressa do art. 201, V, da CF. Se trata de prestação de pagamento continuado, substitutiva da remuneração do segurado falecido. A pensão por morte pode surgir de forma comum ou acidentária. Havendo óbito por acidente do trabalho ou doença ocupacional, a pensão por morte é acidentária. Caso o falecimento seja decorrente de causas diversas, a pensão é considerada como de origem comum. Essa diferenciação é relevante para definição da competência jurisdicional para concessão e revisão do benefício, a para os reflexos que podem gerar, entre eles a 33 indenização a ser exigida dos causadores do acidente do trabalho (competência da Justiça do Trabalho). Importante destacar que com a Lei n. 8.213/91, os benefícios de natureza acidentária passaram a ter o mesmo tratamento dispensado aos demais benefícios previdenciários. (AGOSTINHO, 2020). O risco social a ser coberto pela Previdência Social, no caso, é a subsistência de dependentes do segurado do RGPS, assim considerados os que estão arrolados no art. 16 da Lei de Benefícios. Assim, os requisitos para a concessão do benefício são: a qualidade de segurado do falecido; a morte real ou presumida deste; a existência de dependentes que possam se habilitar como beneficiários perante o INSS; para os óbitos ocorridos a partir de 15.1.2015, o cônjuge, companheiro ou companheira terá que comprovar que a morte ocorreu depois de vertidas 18 contribuições mensais e pelo menos dois anos após o início do casamento ou da união estável (na inexistência dessas provas, a pensão tem duração de quatro meses, salvo na hipótese de o óbito do segurado decorrer de acidente de qualquer natureza ou doença profissional ou do trabalho; ou se o cônjuge ou companheiro for portador de invalidez ou deficiência). Conforme disposição do art. 15, inciso I, da Lei do RGPS, a pensão por morte não será devida a pessoa que na data do óbito tiver perdido a sua qualidade de segurado, exceto se o falecido houver implementado os requisitos para obtenção de aposentadoria, ou mediante parecer médico-pericial reconhecer a existência de incapacidade permanente do falecido, dentro do período de graça. Tal regra se explica pelo fato de que, se o segurado já adquirira direito à aposentadoria, manter-se-ia nessa qualidade por força do. Assim, a lei transfere ao dependente do segurado esse direito adquirido, já que, se assim não fosse, perderia o direito à pensão, tão somente pela inércia do segurado. (CASTRO; LAZZARI, 2020). Importante a leitura da Súmula nº 416 do STJ: “É devida a pensão por morte aos dependentes do segurado que, apesar de ter perdido essa qualidade, preencheu os requisitos legais para a obtenção de aposentadoria até a data do seu óbito”. Agostinho (2020) ainda ressalta a importância de lembrar que, em se tratando de família, a manutenção do vínculo também independe do pedido de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez, desde que atendidos os demais requisitos legais. 34 A morte do segurado deve ser considerada um infortúnio, que impede o implemento da idade mínima, mas não pode afastar o fato gerador da pensão por morte de quem já cumpriu o período de carência para a concessão da aposentadoria por idade. Posicionamento contrário levaria à conclusão de que as contribuições feitas pelo segurado (acima de 180 meses) não reverterão em nenhum proveito aos dependentes em caso de óbito em data anterior ao preenchimento da idade mínima. A definição da data de início da pensão por morte está relacionada à legislação vigente no momento do óbito e à capacidade do dependente que requerer o benefício. O valor da renda mensal da pensão por morte, até a edição da Lei do RGPS vigente, era de 50% do salário de benefício, mais 10% por dependente, até o máximo de cinco. O cônjuge divorciado, separado judicialmente, ou apenas separado de fato, que recebia pensão de alimentos, terá direito à pensão por morte em igualdade de condições com os demais dependentes, não havendo direito adquirido a perceber pensão previdenciária igual ao percentual da pensão alimentícia concedida judicialmente, ou objeto de homologação pelo Juiz de Vara da Família. 5.1.1 Prazos de duração da pensão por morte Para um estudo sintático da alteração dos prazos da pensão por morte vejamos a nota técnica apresentada pelo IBDP (2021): O Ministério da Economia publicou uma Portaria de nº 424 em 29 de dezembro de 2020, que alterou o período que deve permanecer o recebimento da pensão por morte. Essa Portaria entrou em vigor a partir de 01 de janeiro de 2021, sendo assim ela produz efeitos nas pensões concedidas em decorrência dos óbitos ocorridos após esta data. A alteração decorre de autorização definida na própria Lei n.13.135/2015, com a inclusão do §2ºB no artigo 77 da Lei 8.213/91: Após o transcurso de pelo menos 3 (três) anos e desde que nesse período se verifique o incremento mínimo de um ano inteiro na média nacional única, para ambos os sexos, correspondente à expectativa de sobrevida da população brasileira ao nascer, poderão ser fixadas, em números inteiros, novas idades para os fins previstos na alínea “c” do inciso V do § 2º, em ato 35 do Ministro de Estado da Previdência Social, limitado o acréscimo na comparação com as idades anteriores ao referido incremento. Insta salientar que no ano da promulgação da Lei n. 13.135/2015, a expectativa de vida ao nascer era menor para ambos os sexos, tendo uma progressão considerável no ano de 2019, esse fator apresentado resultou na alteração da idade e no tempo de percepção do benefício de pensão por morte. Conforme dados do IBGE a expectativa de vida ao nascer no ano de 2015 para o homem é de 71,9 e para mulher: 79,1; referente ao ano de 2019 o homem possui a expectativa de vida de 73,1 e a mulher de 80,1. Por fim, é evidente que a razão do aumento dos prazos de duração da pensão por morte se deu por conta do aumento da expectativa de sobrevida do brasileiro, o que já era sabido, haja visto que a norma introdutória desse limite de prazo das pensões data do ano de 2015. Nestes termos, os prazos ficam assim a partir de 01-01-2021: Idade do cônjuge/companheiro na data do óbito: Menos de 22 anos, duração máxima do Benefício 3 anos. Idade do cônjuge/companheiro na data do óbito: entre 22 e 27 anos, duração máxima do Benefício: 6 anos. Idade do cônjuge/companheiro na data do óbito: entre 28 e 30 anos, duração máxima do Benefício: 10 anos. Idade do cônjuge/companheiro na data do óbito: entre 31 e 41 anos, duração máxima do Benefício: 15 anos. Idade do cônjuge/companheiro na data do óbito: entre 42 e 44 anos, duração máxima do Benefício: 20 anos. Idade do cônjuge/companheiro na data do óbito: com 45 ou mais anos, duração máxima do Benefício: vitalícia Ficam mantidos os demais requisitos para o reconhecimento do direito que são: as 18 (dezoito) contribuições mensais do segurado até o óbito e pelo menos 2 (dois) anos de união estável ou casamento. Essas regras são exigidas para cônjuge/companheiro e não para os filhos. 36 5.2 Auxílio-reclusão O auxílio-reclusão está previsto no inciso IV do art. 201 da Constituição Federal de 1988, que teve nova redação dada pela Emenda Constitucional n. 20/98 e Emenda Constitucional n. 103/19: “Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma do Regime Geral de Previdência Social, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, na forma da lei, a: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) ”. (BRASIL, 1988). Importante também a redação do art. 27 da EC 103/2019: “Até que lei discipline o acesso ao salário-família e ao auxílio-reclusão de que trata o inciso IV do art. 201 da Constituição Federal, esses benefícios serão concedidos apenas àqueles que tenham renda bruta mensal igual ou inferior a R$ 1.364,43 (mil trezentos e sessenta e quatro reais e quarenta e três centavos), que serão corrigidos pelos mesmos índices aplicados aos benefícios do Regime Geral de Previdência Social. ” (BRASIL, 2019). Como se pode observar o critério de baixa renda foi mantido pela EC n. 103/2019 também houve a limitação da renda em um salário mínimo e o disciplinamento de quais segurados são considerados de baixa renda. A Medida provisória nº 871/2019, convertida na Lei nº 13.846/2019, alterou substancialmente as regras de concessão do auxílio-reclusão para estabelecer a necessidade de: cumprimento de carência de vinte e quatro meses; prova do recolhimento do segurado à prisão em regime fechado; não receber remuneração da empresa nem estar em gozo de auxílio-doença, pensão por morte, salário- maternidade, aposentadoria ou abono de permanência em serviço. (CASTRO; LAZZARI, 2020). A reclusão deverá ter ocorrido no prazo de manutenção da qualidade de segurado. Ser segurado de baixa renda, cujo valor de renda bruta máxima pode ser consultado em tabela constante nos anexos desta obra (R$ 1.364,43 em 2019); Para o STJ e a TNU, o momento de avaliar o preenchimento dos requisitos necessários à concessão do auxílio-reclusão, deve ser considerada a legislação vigente à época em que ocorreu a prisão, e, ainda, 37 que o benefício também é devido aos dependentes do segurado que, na data do efetivo recolhimento, não possuía salário de contribuição – como no caso de desempregado – desde que mantida a qualidade de segurado (STJ, Repetitivo 896, PEDILEF 5000221-27.2012.4.04.7016, j. 8.10.2014). (CASTRO; LAZZARI, 2020. p. 1244). Como beneficiários estão os dependentes do segurado recolhido à prisão, terá direito também ao auxílio-reclusão o filho nascido durante o recolhimento do segurado à prisão, somente a partir da data do seu nascimento. Caso ocorra o casamento no momento em que o segurado se encontrar em recolhimento na prisão, o auxílio- reclusão não será devido, pois se considera dependência superveniente ao fato gerador. Em relação a carência não houve fixação pela norma 8.213/1991, a Lei n. 13.846/2019 estabeleceu o período de 24 meses. Se a perda da qualidade de segurado ocorrer anteriormente a prisão do agente, não será devida a concessão de auxílio-reclusão. O valor da renda mensal corresponde a 100% do salário de benefício (arts. 75 e 80 da Lei n. 8.213/1991). E, a partir da entrada em vigor da EC n. 103/2019, não poderá exceder o valor de um salário mínimo. Com relação ao período de graça e salário de contribuição temos a regra vigente até 17.1.2019: quando não houver salário de contribuição na data do efetivo recolhimento à prisão, será devido o auxílio-reclusão, desde que: não tenha havido perda da qualidade de segurado; e o último salário de contribuição, tomado em seu valor mensal, na data da cessação das contribuições ou do afastamento do trabalho seja igual ou inferior aos valores fixados como teto da baixa renda à época. Temos também a regra vigente a partir de 18.1.2019:
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