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ACIDENTE-DE-TRABALHO-E-BENEFÍCIOS-PREVIDENCIÁRIOS

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SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3 
1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PROTEÇÃO ACIDENTÁRIA .......................... 4 
2 INTERRUPÇÃO E SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO ............ 7 
2.1 Aborto ............................................................................................................. 7 
2.2 Faltas por motivo de saúde: Auxílio-doença ................................................... 7 
2.3 Acidente de trabalho ....................................................................................... 9 
2.4 Aposentadoria por invalidez ......................................................................... 10 
3 ACIDENTE DE TRABALHO E DOENÇAS OCUPACIONAIS ..................... 11 
3.1 Conceito ....................................................................................................... 11 
3.2 Doenças ocupacionais .................................................................................. 15 
3.3 Nexo causal e concausalidade ..................................................................... 17 
3.4 Aspectos da proteção previdenciária à vítima de acidente ........................... 19 
3.5 Comunicação do acidente de trabalho ......................................................... 20 
3.6 Cessação do auxílio-doença (acidentário) .................................................... 20 
3.7 Alta médica ................................................................................................... 20 
3.8 Constitucionalidade do art. 118 da Lei 8.213/91 ........................................... 21 
4 BENEFÍCIOS POR INCAPACIDADE LABORAL ........................................ 21 
4.1 Auxílio-doença .............................................................................................. 22 
4.1.1 Carência.. ..................................................................................................... 23 
4.1.2 Data de início do benefício ........................................................................... 23 
4.1.3 Renda mensal inicial ..................................................................................... 24 
4.1.4 Processo de reabilitação .............................................................................. 24 
4.1.5 Cessação do benefício ................................................................................. 25 
4.1.6 Estabilidade provisória .................................................................................. 25 
4.2 Aposentadoria por invalidez ou por incapacidade permanente .................... 26 
4.3 Auxílio-acidente ............................................................................................ 29 
5 BENEFÍCIOS DE PROTEÇÃO À FAMÍLIA E À MATERNIDADE ............... 32 
5.1 Pensão por morte ......................................................................................... 32 
 
5.1.1 Prazos de duração da pensão por morte ...................................................... 34 
5.2 Auxílio-reclusão ............................................................................................ 36 
5.3 Salário-maternidade ..................................................................................... 39 
5.4 Salário-família ............................................................................................... 41 
6 BENEFÍCIOS ASSISTENCIAIS ................................................................... 43 
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 46 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Prezado aluno, 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora 
que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
 
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1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PROTEÇÃO ACIDENTÁRIA 
Sobre a evolução histórica da proteção acidentária Castro; Lazzari (2020) 
explicam que o surgimento da proteção do trabalhador mediante os riscos da perda 
da capacidade laborativa e de sua subsistência coincide, em grande parte, com o 
nascimento do Direito do Trabalho. Em uma síntese histórica do desenvolvimento do 
Direito do Trabalho, é observado que os primeiros testes referentes a legislação social 
foram feitos no meio dos acidentes e das moléstias profissionais. 
O primeiro diploma a tratar da matéria foi o Código Comercial (1850), que previa 
a garantia de pagamento de três meses de salários ao preposto que sofresse acidente 
em serviço. 
A Lei n. 3.724, de 15.1.1919 foi a primeira legislação geral sobre acidentes do 
trabalho baseada na teoria da responsabilidade objetiva do empregador, previa a 
responsabilidade do empregador nos acidentes de trabalho que decorriam de dolo ou 
culpa, ademais, de casos fortuitos; não havia tarifação da indenização, nem a 
obrigatoriedade de que o empregador fizesse seguro de acidente de trabalho para 
seus empregados. 
A Constituição de 1934 foi a primeira a tratar da proteção ao acidente de 
trabalho como prestação previdenciária, mantida em legislação à parte, e o seguro de 
natureza privada, a cargo da empresa. 
O Decreto n. 24.637, de 10.7.1934, dispôs sobre o direito à pensão para os 
herdeiros do acidentado. E o Decreto-lei n. 7.036, de 10.11.1944, ampliou a proteção 
do trabalhador urbano quanto a acidentes de trabalho para abarcar as concausas, o 
período in itinere e intervalos do trabalho; a partir da edição dessa norma, o seguro 
obrigatório passou a ser devido cumulativamente com as prestações previdenciárias. 
A Carta Política de 1946 faz menção a obrigação do empregador em manter o 
Seguro de Acidentes do Trabalho independente da previdência social. 
Já a Lei n. 5.316/1967 adotou a teoria do risco social e integrou o seguro de 
acidentes de trabalho na Previdência, além de englobar as doenças profissionais e do 
trabalho, e excluir a exploração deste ramo por seguradoras privadas, além disso, 
excluiu a carência para a aposentadoria e pensão acidentárias. A norma foi 
recepcionada pela Emenda n. 1/1969, que manteve a integração do SAT à 
 
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Previdência, mediante custeio tripartite. A Lei n. 6.195, de 19.12.1974, estendeu o 
SAT aos rurais, estando estes, a partir de então, amparados pelos benefícios 
acidentários. 
A Lei n. 6.367, de 19.10.1976, alterou a composição do tríplice custeio do SAT 
pela União, pelos trabalhadores e pelas empresas, estabelecendo um acréscimo de 
contribuição a cargo destas últimas. 
A Constituição de 1988 insere o acidente de trabalho como risco social, logo 
passível de proteção previdenciária (art. 201, I). O SAT volta a ser encargo somente 
do empregador (art. 7º, XXVIII), independentemente da indenização devida por dolo 
ou culpa. Adota-se, cumulativamente, a teoria do risco empresarial, com a do risco 
social. 
As Leis ns. 8.212 e 8.213/1991, em seus textos originais, tratam do acidente do 
trabalho com benefícios diferenciados, regulamentando o custeio pelo empregador 
(art. 22, II, da Lei de Custeio), mantida a exclusividade de oferecimento do SAT pela 
previdência estatal. 
A Lei n. 9.032, de 28.4.1995,
dispôs que o benefício de prestação continuada 
de cunho acidentário seria equiparado ao benefício previdenciário, calculando-se a 
renda mensal com base no salário de benefício, não mais pelo salário de contribuição 
da data do acidente, que, na maioria das vezes, era mais vantajoso. Revogou, 
outrossim, o art. 123 da Lei n. 8.213/1991, que possibilitava a conversão da 
aposentadoria por tempo de serviço ou por idade em aposentadoria por invalidez 
acidentária, sempre que o aposentado apresentasse doença profissional ou do 
trabalho relacionada com as condições que exercia anteriormente à aposentadoria. 
A Lei n. 9.129/1995 alterou a forma de cálculo do auxílio-acidente, que passou 
a ser em percentual único, em vez dos três patamares de até então. 
A EC n. 20/1998 estabeleceu, de forma programática, a possibilidade de que o 
seguro de acidentes do trabalho a cargo da empresa pudesse ser objeto de cobertura 
pelo RGPS e pela iniciativa privada, de forma concorrente; todavia, a matéria não foi 
regulamentada, mantendo-se a fórmula da proteção acidentária por meio das regras 
de custeio da Seguridade Social – Lei n. 8.212/1991 e sua regulamentação. 
A EC n. 72/2013, que ampliou os direitos sociais da categoria dos empregados 
domésticos, estendeu a estes a cobertura acidentária, remetendo à lei a regulação do 
 
6 
 
tratamento tributário da matéria. A regulamentação da EC n. 72 sobreveio com a 
promulgação da Lei Complementar n. 150, de 01.06.2015, que alterou diversos 
dispositivos da Lei n. 8.213/1991 a fim de assegurar o devido tratamento ao 
empregado doméstico, estendendo a esta categoria a proteção acidentária. 
A EC n. 103/2019 alterou o art. 201, I, da CF, estabelecendo “cobertura dos 
eventos de incapacidade temporária ou permanente para o trabalho e idade 
avançada”. Até então, a previsão era de “cobertura de eventos de doença e invalidez”. 
Ou seja, a doença propriamente dita não terá mais cobertura, salvo quando provocar 
incapacidade laboral. Na prática, essa já era a análise feita pela perícia médica 
previdenciária, mas poderá provocar restrições na concessão de cobertura destinada 
aos segurados facultativos e desempregados em período de graça. 
Outra mudança introduzida pela EC n. 103/2019 se deu em relação ao 
coeficiente de cálculo. Somente a aposentadoria por incapacidade permanente 
decorrente de acidente de trabalho, de doença profissional e de doença do trabalho 
corresponderá a 100% do salário de benefício, que passou a levar em consideração 
todos os salários de contribuição. 
A aposentadoria por incapacidade permanente (não acidentária), passou a 
corresponder a 60% do salário de benefício, com acréscimo de dois pontos 
percentuais para cada ano de tempo de contribuição que exceder o tempo de 20 anos 
de contribuição, no caso dos homens, e de 15 anos, no caso das mulheres. 
E o art. 201, § 10, da CF ganhou nova redação pela EC n. 103/2019 para 
estipular a previsão de que “Lei complementar poderá disciplinar a cobertura de 
benefícios não programados, inclusive os decorrentes de acidente do trabalho, a ser 
atendida concorrentemente pelo Regime Geral de Previdência Social e pelo setor 
privado”. 
A modificação é mais ampla que aquela prevista na EC n. 20/1998, 
possibilitando disciplinar por lei complementar a cobertura de benefícios não 
programados de maneira geral, não apenas os decorrentes de acidente do trabalho. 
Por força disso, o auxílio-doença, a aposentadoria por invalidez, o auxílio-acidente, a 
pensão por morte, o auxílio-reclusão e até o salário-maternidade poderão ser 
concedidos também pelo setor privado, com base em planos de cobertura 
diferenciados e com contribuições que não irão para o RGPS. 
 
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2 INTERRUPÇÃO E SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO 
Ocorre a interrupção do contrato de trabalho quando apenas algumas partes 
das obrigações contratuais podem ser exigidas (cessação provisória e parcial), 
normalmente no que tange ao pagamento de salários e contagem de tempo de 
serviço. 
Por outro lado, na ocorrência da suspensão, as cláusulas do contrato 
encontram-se com seus efeitos provisoriamente suspensos (cessação provisória e 
total). O empregado não faz jus ao recebimento de salários nem à contagem de tempo 
de serviço. 
Em ambos os casos, como o contrato de trabalho continua em vigência, as 
demais cláusulas devem ser respeitadas: proibição de violar segredos da empresa, 
concorrência desleal etc. (JORGE NETO; CAVALCANTE, 2019). 
No presente material iremos nos atentar as situações mais relevantes para o 
tema em questão. 
2.1 Aborto 
Em caso de aborto não criminoso, comprovado por atestado médico oficial, a 
mulher terá um repouso remunerado de duas semanas, ficando-lhe assegurado o 
direito de retornar à função que ocupava antes de seu afastamento (art. 395, CLT). 
A licença de duas semanas para o aborto não criminoso é interrupção do 
contrato de trabalho, já que haverá o pagamento da remuneração pela Previdência 
Social (art. 93, § 5º, Dec. 3.048/99), computando-se o tempo para todos os fins. 
No caso do aborto criminoso, o afastamento será de suspensão, não gerando 
nenhum efeito para o contrato de trabalho. (JORGE NETO; CAVALCANTE, 2019). 
2.2 Faltas por motivo de saúde: Auxílio-doença 
Nos casos do auxílio-doença, o empregado é considerado em licença não 
remunerada enquanto perdurar o prazo desse benefício conforme o artigo 476, CLT. 
 
8 
 
Os primeiros 15 dias de afastamento do empregado em relação ao trabalho 
serão pagos pelo empregador (art. 60, § 3º, Lei nº 8.213/91). Para tanto, é necessária 
a apresentação do atestado médico. Em caso de a incapacidade laborativa ser 
superior ao limite de 15 dias, o trabalhador será encaminhado à perícia médica para 
fins de avaliação da necessidade quanto à percepção do auxílio-doença (Código 31, 
do INSS). 
No caso dos demais segurados, v. g empregado doméstico, o benefício auxílio-
doença será pago pelo INSS a contar da data do início da incapacidade (art. 60, Lei 
8.213). 
As faltas decorrentes de problemas de saúde são justificadas mediante a 
apresentação de atestado médico. 
Podemos, então, estabelecer que o atestado é um documento emitido pelo 
médico e cuja finalidade consiste na justificativa das faltas ou ausências ao trabalho, 
com base em situações que envolvam doença ou acidente do empregado. Eventuais 
faltas do empregado para a realização de exames médicos também devem ser 
comprovadas por atestado médico. 
Como documento, o atestado médico deve conter: tempo de dispensa 
concedida ao segurado, por extenso e numericamente; diagnóstico codificado, 
conforme o Código Internacional de Doenças (CID), desde que haja a expressa 
concordância do paciente; assinatura do médico ou dentista sobre carimbo do qual 
conste nome completo e registro no respectivo Conselho Profissional. 
Para que o atestado seja válido, deve ser emitido pelo médico na seguinte 
ordem: da empresa, do convênio fornecido pela empresa ou por profissional da 
Previdência Social (art. 60, § 4º, Lei 8.213; Súm. 15 e 282, TST). 
A partir do 16º dia de afastamento, o empregado irá receber o auxílio-doença 
pago pela Previdência Social. O período de afastamento por auxílio-doença de até 6 
meses, contínuos ou descontínuos, é computado para as férias (arts. 131, III, e 133, 
IV, CLT), portanto, é um caso de interrupção do contrato de trabalho. 
Só será caso de suspensão se o auxílio-doença for superior a 6 meses, 
contínuos ou descontínuos, o que implicará início do cômputo de um novo período 
aquisitivo, após o retorno ao trabalho (art. 133, § 2º, CLT). (JORGE NETO; 
CAVALCANTE, 2019). Vejamos ainda outras considerações doutrinárias: 
 
9 
 
O art. 75, Decreto 3.048/99, que regulamenta a Lei 8.213/91, mencionam as 
seguintes regras quanto ao pagamento do período de 15 dias pelo 
empregador: se concedido novo benefício decorrente da mesma doença 
dentro de 60 dias contados da cessação do benefício anterior,
a empresa fica 
dispensada do pagamento relativo aos quinze primeiros dias de afastamento, 
prorrogando-se o benefício anterior e descontando-se os dias trabalhados, se 
for o caso (§ 3º); se o empregado, por motivo de doença, afastar-se do 
trabalho durante 15 dias e retornar à empresa no 16º dia, e se dela voltar a 
se afastar dentro de 60 dias desse retorno, em decorrência da mesma 
doença, o trabalhador terá direito à percepção do auxílio-doença a partir da 
data do novo retorno (§ 4º); se o retorno a atividade ocorrer antes do 15º dia 
do afastamento, o segurado fará jus ao auxílio-doença a partir do dia seguinte 
ao que completar o período de 15 dias (§ 5º); a impossibilidade de 
atendimento pela Previdência Social ao segurado antes do término do 
período de recuperação indicado pelo médico assistente na documentação 
autoriza o retorno do empregado ao trabalho no dia seguinte à data indicada 
pelo médico assistente (§ 6º). 
Quando o empregado apresenta vários atestados sucessivos, indicativos da 
mesma doença e inferiores a 15 dias, dentro de um período de 60 dias, 
incumbe ao empregador proceder a soma dos dias de todos os atestados e 
encaminhar o trabalhador ao INSS, desde que a soma ultrapasse o período 
de 30 dias. Por exemplo: se o empregado, dentro do período de 60 dias, 
apresenta 4 atestados, respectivamente, de 14, 7, 13 e 10 dias, a partir do 2º 
atestado, como o trabalhador atingiu 15 dias, o empregador deve encaminhá-
lo para o INSS, o qual é o responsável pelo pagamento do auxílio-doença. 
Nesta hipótese, o empregador paga 30 dias de atestados e o restante será 
pago pelo INSS a título de auxílio-doença; se o INSS não acatar os atestados, 
o empregado fica obrigado a retornar ao trabalho. (JORGE NETO; 
CAVALCANTE, 2019. p. 936). 
2.3 Acidente de trabalho 
O dia do acidente, além dos 15 dias subsequentes, será pago pelo empregador, 
computando-se esse período para todos os fins, logo, trata-se de interrupção do 
contrato de trabalho. 
O auxílio-doença será pago pela Previdência Social a partir do 16º dia seguinte 
ao do afastamento da atividade ou a partir da data de entrada do requerimento, se 
entre o afastamento e a data de entrada do requerimento decorrerem mais de 45 dias 
(art. 60, § 1º, Lei 8.213/91) (código 91, INSS). Durante esse período, não se tem o 
pagamento de salários pelo empregador, porém, é o caso de interrupção do contrato 
de trabalho: a contagem do tempo de serviço para fins de indenização e estabilidade 
(art. 4º, § 1º, CLT); o cômputo para as férias (art. 131, III), exceto se o auxílio-doença 
exceder de 6 meses, contínuos ou descontínuos (art. 133, IV); a obrigação quanto ao 
recolhimento dos depósitos fundiários (art. 15, § 5º, Lei 8.036/90). 
 
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No caso dos demais segurados, empregado doméstico, o benefício auxílio-
doença será pago pelo INSS a contar da data do início da incapacidade. (JORGE 
NETO; CAVALCANTE, 2019. p. 936) 
2.4 Aposentadoria por invalidez 
O empregado que for aposentado por invalidez terá suspenso o seu contrato 
de trabalho durante o prazo fixado pelas leis de previdência social para a efetivação 
do benefício (art. 475, caput, CLT). 
Sobre a verificação da recuperação da capacidade de trabalho do aposentado 
por invalidez, vejamos o procedimento de acordo com o art. 47 da Lei 8.213/91: 
Quando a recuperação ocorrer dentro de 5 anos, contados da data do início 
da aposentadoria por invalidez ou do auxílio-doença que a antecedeu sem 
interrupção, o benefício cessará: de imediato, para o segurado-empregado, 
que tiver direito de retornar à função que desempenhava na empresa quando 
se aposentou, na forma da legislação trabalhista, valendo como documento, 
para tal fim, o certificado de capacidade fornecido pela Previdência Social; ou 
após tantos meses quantos forem os anos de duração do auxílio-doença ou 
da aposentadoria por invalidez, para os demais segurados; 
Quando a recuperação for parcial, ou ocorrer após o período da letra a supra, 
ou ainda quando o segurado for declarado apto para o exercício de trabalho 
diverso do qual habitualmente exercia, a aposentadoria será mantida, sem 
prejuízo da volta à atividade: no seu valor integral, durante 6 meses contados 
da data em que for verificada a recuperação da capacidade; com redução de 
50%, no período seguinte de 6 meses; com redução de 75%, também por 
igual período de 6 meses, ao término do qual cessará definitivamente. 
(JORGE NETO; CAVALCANTE, 2019. p. 937). 
O contrato de trabalho ficará suspenso enquanto houver o pagamento total ou 
parcial da aposentadoria por invalidez, o que fica a critério do médico da Previdência 
Social (art. 42, caput, Lei 8.213). 
Enquanto o trabalhador estiver auferindo a aposentadoria por invalidez, o seu 
contrato de trabalho estará suspenso (Súm. 160, TST), não sendo, assim, aplicável o 
prazo de cinco anos previsto na Súm. 217 do STF (editada em 1963). Não devemos 
aplicar o prazo de cinco anos, visto que a Súmula do STF é anterior ao advento da 
Lei 8.213. 
Com a recuperação da capacidade de trabalho e o respectivo cancelamento da 
aposentadoria por invalidez, o empregado terá o direito de retornar à função que 
 
11 
 
ocupava ao tempo da aposentadoria, facultado, porém, ao empregador, o direito de 
indenizá-lo por rescisão do contrato de trabalho, nos termos dos arts. 477 e 478, 
exceto na hipótese de ser ele portador de estabilidade, quando a indenização deverá 
ser paga na forma do art. 497. 
Se o empregador houver admitido substituto para o aposentado, poderá 
rescindir, com este, o respectivo contrato de trabalho sem indenização, desde que 
tenha havido ciência inequívoca da interinidade ao ser celebrado o contrato (art. 475, 
§ 2º). 
O aposentado por invalidez que retornar voluntariamente à atividade terá sua 
aposentadoria automaticamente cancelada, a partir da data do retorno (art. 46, Lei 
8.213). 
Apesar de a aposentadoria por invalidez ser uma hipótese de suspensão do 
contrato de trabalho, a jurisprudência fixou o entendimento de que o trabalhador tem 
o direito à manutenção do plano de saúde ou de assistência médica oferecido pela 
empresa (Súm. 440, TST). (JORGE NETO; CAVALCANTE, 2019). 
3 ACIDENTE DE TRABALHO E DOENÇAS OCUPACIONAIS 
3.1 Conceito 
O acidente de trabalho está previsto na Lei 8.213/91, art. 59 c/c os arts. 60, § 
4º, e 476 da CLT. A partir do 16º dia do acidente de trabalho o contrato fica suspenso, 
apesar do empregador continuar obrigado ao depósito do FGTS – art. 28 do Decreto 
99.684/90. O tempo de serviço do período de suspensão é computado para todos os 
efeitos – art. 4º da CLT. (CASSAR, 2018). Vejamos a redação do artigo 19 da lei 
8.213/91: 
Art. 19. Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a 
serviço de empresa ou de empregador doméstico ou pelo exercício do 
trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, 
provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a 
perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o 
trabalho. (Redação dada pela Lei Complementar nº 150, de 2015) 
§ 1º A empresa é responsável pela adoção e uso das medidas coletivas e 
individuais de proteção e segurança da saúde do trabalhador. 
 
12 
 
§ 2º Constitui contravenção penal, punível com multa, deixar a empresa de 
cumprir as normas de segurança e higiene do trabalho. 
§ 3º É dever da empresa prestar informações pormenorizadas sobre os riscos 
da operação a executar e do produto a manipular. 
§ 4º O Ministério do Trabalho e da Previdência Social fiscalizará e os 
sindicatos e entidades representativas de classe acompanharão o fiel 
cumprimento do disposto nos parágrafos anteriores, conforme dispuser o 
Regulamento. (BRASIL, 1991). 
O artigo citado acima conceitua o acidente de trabalho típico, conforme 
expressa determinação legal, equiparam-se a acidentes de trabalho as doenças 
profissionais e/ou ocupacionais, os incisos do art. 20 da Lei nº 8.213/91 às
conceitua: 
I - Doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo 
exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva 
relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social; 
II - Doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em 
função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione 
diretamente, constante da relação mencionada no inciso I. 
Importante também a observância do § 2º referente ao artigo 20 lei nº 8.213/91 
estabelece que, "em caso excepcional, constatando-se que a doença não incluída na 
relação prevista nos incisos I e II deste artigo resultou das condições especiais em 
que o trabalho é executado e com ele se relaciona diretamente, a Previdência Social 
deve considerá-la acidente do trabalho". Esse parágrafo surgiu mediante a 
inviabilidade de listar todas as hipóteses de doenças profissionais e/ou ocupacionais. 
O artigo 21 da lei em comento também apresenta situações que se equiparam ao 
acidente de trabalho: 
Art. 21. Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos desta 
Lei: 
I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, 
haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou 
perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija 
atenção médica para a sua recuperação; 
II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em 
conseqüência de: 
 
13 
 
a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou 
companheiro de trabalho; 
b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa 
relacionada ao trabalho; 
c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de 
companheiro de trabalho; 
d) ato de pessoa privada do uso da razão; 
e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes 
de força maior; 
III - a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no 
exercício de sua atividade; 
IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de 
trabalho: 
a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da 
empresa; 
b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar 
prejuízo ou proporcionar proveito; 
c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiada 
por esta dentro de seus planos para melhor capacitação da mão-de-obra, 
independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de 
propriedade do segurado; 
d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, 
qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do 
segurado. 
§ 1º Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da 
satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou 
durante este, o empregado é considerado no exercício do trabalho. 
§ 2º Não é considerada agravação ou complicação de acidente do trabalho a 
lesão que, resultante de acidente de outra origem, se associe ou se 
superponha às consequências do anterior. (BRASIL, 1991) 
Esses acidentes não causam repercussões apenas de ordem jurídica. Nos 
acidentes menos graves, em que o empregado tenha que se ausentar por período 
inferior a quinze dias, o empregador deixa de contar com a mão de obra 
temporariamente afastada em decorrência do acidente e tem que arcar com os custos 
 
14 
 
econômicos da relação de empregado. O acidente repercutirá ao empregador também 
no cálculo do Fator Acidentário de Prevenção - FAP da empresa, nos termos do art. 
10 da Lei nº 10.666/2003. (TST). 
Os acidentes de trabalho geram custos também para o Estado. Incumbe ao 
Instituto Nacional do Seguro Social – INSS administrar a prestação de benefícios, tais 
como auxílio-doença acidentário, auxílio-acidente, habilitação e reabilitação 
profissional e pessoal, aposentadoria por invalidez e pensão por morte. Estima-se que 
a Previdência Social gastou, só em 2010, cerca de 17 bilhões de reais com esses 
benefícios. (TST). 
Castro; Lazzari (2020) explicam que o elemento objetivo para a caracterização 
do acidente do trabalho é a existência de lesão corporal ou perturbação funcional que 
cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para 
o trabalho. Lesão corporal se trata daquela que atinge a integridade física do indivíduo, 
causando um dano físico-anatômico, enquanto a perturbação funcional é a que, sem 
aparentar lesão física, apresenta dano fisiológico ou psíquico, relacionado com órgãos 
ou funções específicas do organismo humano. 
O acidente do trabalho não será caracterizado se ocorrido durante o trajeto que 
o segurado mediante interesse pessoal tiver interrompido ou alterado o percurso 
habitual. 
Se o acidente do trabalhador avulso ocorrer no trajeto do órgão gestor de mão 
de obra ou sindicato para a residência, o INSS entende ser indispensável para 
caracterização do acidente o registro de comparecimento ao órgão gestor de mão de 
obra ou ao sindicato. 
Em relação ao elemento subjetivo, é irrelevante para a caracterização do 
acidente do trabalho a existência de culpa do segurado ou de seu contratante. Pois 
nesse caso aplica-se a teoria do risco social, segundo a qual a sociedade arca com o 
ônus do indivíduo incapacitado, independentemente de quem causou o infortúnio. 
Apenas para os efeitos da responsabilidade civil interessa a existência ou 
inexistência de culpa do empregador ou tomador do serviço. Vejamos uma síntese 
doutrinária acerca do acidente de trabalho e os procedimentos que o sucedem: 
 
15 
 
3.2 Doenças ocupacionais 
As doenças ocupacionais são aquelas decorrentes da atividade laborativa 
desempenhada pelo indivíduo. São as que “resultam de constante exposição a 
agentes físicos, químicos e biológicos, ou mesmo do uso inadequado dos novos 
recursos tecnológicos, como os da informática”. (STEPHANES, apud CASTRO; 
LAZZARI. 2020. p. 905). Sua divisão consiste em doenças profissionais e do trabalho. 
No tocante a doença profissional trata-se daquelas decorrentes de situações 
comuns aos integrantes de determinada categoria de trabalhadores, encontram-se 
relacionadas no Decreto n. 3.048/1999, Anexo II, ou, mediante comprovação do nexo 
causal entre a doença e a lesão, aquela que seja reconhecida pela Previdência, 
independentemente de constar na relação. São também denominadas de idiopatias, 
tecnopatias ou ergopatias. Sendo comuns aos profissionais de certa atividade, 
exemplo, a pneumoconiose, entre os mineiros. 
Se tratando da doença do trabalho, ela se define como aquela adquirida ou 
desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e 
com ele se relacione diretamente, está arrolada no Anexo II do Decreto n. 3.048/1999, 
ou reconhecida pela Previdência. É o caso, verbi gratia, de um empregado de casa 
noturna cujo “som ambiente” supere os limites de tolerância; a atividade profissional 
que desempenha não geraria nenhuma doença ou perturbação funcional auditiva, 
porém, pelas condições em que exerce o seu trabalho, está sujeito ao agente nocivo 
à sua saúde – ruído excessivo. Também é o exemplo dos “Distúrbios do Sistema 
Osteomuscular Relacionados ao Trabalho” – DORT, dos quais as lesões por esforços 
repetitivos são o principal evento; são casos em que as condições inadequadas, sob 
o prisma da ergonomia, desenvolvem os problemas típicos. A prevenção, no caso, 
deve ser baseada na limitação do tempo de exposição (duração da jornada e 
concessão de pausas regulares), na alteração do processo e organização do trabalho 
(evitando excessos de demanda) e na adequação de máquinas, mobília, 
equipamentos e ferramental do trabalho às características ergonômicas dos 
trabalhadores. São as chamadas mesopatias. 
Nestas doenças, as características são diferenciadas em relação aos 
acidentes, pois, a exterioridade da causa permanece. Porém,
mesmo que muitas 
 
16 
 
doenças sejam previsíveis e, certamente, não dependem de um evento violento e 
súbito; são as contingências do trabalho desempenhado ao longo do tempo que 
estabelecem o nexo causal entre a atividade laborativa e a doença. Mesmo que não 
conste na relação do Regulamento, cabe a Previdência reconhecer o acidente de 
trabalho quando comprovado que a doença foi ocasionada pelas condições especiais 
de trabalho a que estava submetido o segurado conforme está previsto no § 2º do art. 
20 da Lei n. 8.213/1991. 
Em nosso ordenamento jurídico é exigido que uma doença, para ser 
considerada como ocupacional, decorra, necessariamente, do trabalho, sendo assim 
doenças diferentes daquelas inerentes a profissão, mesmo que adquiridas no decurso 
e no local de trabalho, tecnicamente, não são equiparáveis aos acidentes. 
Não são consideradas doenças do trabalho: a doença degenerativa – causada 
por agentes endógenos, com a perda gradativa da integridade física ou mental; a 
doença inerente a grupo etário (relacionadas à velhice, como a arteriosclerose e a 
osteoporose); a que não chegou a produzir incapacidade para o trabalho; a doença 
endêmica adquirida em função da região territorial em que se desenvolva (malária, 
febre amarela, dengue, cólera), salvo exposição ou contato direto em função do 
trabalho. Contudo, o agravamento de doença degenerativa, em função do trabalho, 
deve ser considerado como doença ocupacional. 
Há que se tomar extremo cuidado ao analisar as excludentes do § 1º do art. 20 
da Lei n. 8.213/1991. É que nem toda doença degenerativa está desvinculada do 
trabalho. Note-se, por exemplo, a hipótese de neoplasia de cunho ocupacional, típica 
de determinadas profissões, devido a exposição a agentes carcinogênicos presentes 
no ambiente de trabalho. 
O Ministério da Saúde, por intermédio do Instituto Nacional de Câncer (INCA), 
vem desenvolvendo, desde 2004, o fortalecimento da Área de Vigilância do Câncer 
Ocupacional e Ambiental, por meio da elaboração e execução de projetos que visam 
a redução, a eliminação ou o controle de agentes cancerígenos presentes no meio 
ambiente e nos ambientes de trabalho. 
Entre os agentes cancerígenos já constatados pela ciência médica como de 
origem ocupacional, o referido estudo destaca: “o amianto, a sílica, solventes 
aromáticos como o benzeno, metais pesados como o níquel e cromo, a radiação 
 
17 
 
ionizante e alguns agrotóxicos, cujo efeito pode ser potencializado se for somada a 
exposição a outros fatores de risco para câncer como a poluição ambiental, dieta rica 
em gorduras trans, consumo exagerado de álcool, os agentes biológicos e o 
tabagismo. Os tipos mais frequentes de câncer relacionados ao trabalho são o câncer 
de pulmão, os mesoteliomas, o câncer de pele, o de bexiga e as leucemias. ” 
Há, ainda, os efeitos da radiação ultravioleta, sendo a principal fonte a solar, 
mas não a única, pois com o surgimento de fontes artificiais de radiação ocorreu um 
aumento na chance de exposição adicional. (CASTRO; LAZZARI. 2020). Vejamos a 
jurisprudência: 
A jurisprudência já tem dado guarida a tais pretensões, inclusive em sede de 
danos por ricochete, pelo falecimento de trabalhadores e o sofrimento 
causado a seus familiares: “RECURSO ORDINÁRIO DO DEMANDANTE. 
DOENÇA OCUPACIONAL. MORTE DO EMPREGADO POR CÂNCER. 
CONTATO COM NÉVOA DE ÁCIDO SULFÚRICO. ACIDENTE AMBIENTAL 
DO NAVIO ‘BAHAMAS’ NO PORTO DE RIO GRANDE. Diante da prova dos 
autos, conclui-se que o pai do autor (falecido ex-empregado da 
Superintendência do Porto de Rio Grande, autarquia vinculada ao Estado do 
Rio Grande do Sul), atuando como guarda portuário, manteve contanto com 
névoa de ácido sulfúrico, por laborar na guarnição do navio ‘Bahamas’, o qual 
vazou cerca de 12.000 toneladas de ácido sulfúrico para o canal do Porto de 
Rio Grande. Dois laudos médicos (um deles proveniente de Médica 
Oncologista), embasados por estudo patrocinado pela Agência Internacional 
de Pesquisa do Câncer (IARC), instituição ligada à Organização Mundial de 
Saúde (OMS), correlacionam a exposição à névoa do ácido sulfúrico ao 
surgimento de câncer na laringe, espécie de neoplasia que vitimou o pai do 
reclamante. Ademais, há prova de que outros guardas portuários também 
desenvolveram câncer de laringe ou de pulmão (outra espécie de neoplasia 
correlacionada à exposição à substância química em questão). Recurso do 
autor provido em parte, para condenar os réus ao pagamento de indenização 
por dano moral por ricochete. ” (TRT da 4ª Região, RO 0020173-
78.2016.5.04.012, 2ª Turma, Rel. Des. Alexandre Correa da Cruz, publ. 
3.8.2018) (TRT, 2018 apud CASTRO; LAZZARI. 2020. p. 907) 
3.3 Nexo causal e concausalidade 
Para que se caracterize o acidente de trabalho é necessário que a enfermidade, 
além de incapacitante, tenha relação com o exercício do trabalho. Denomina-se nexo 
causal essa relação entre o dano experimentado pela vítima e a atividade laborativa. 
Sendo assim, o nexo causal é o vínculo fático que liga o efeito (incapacidade 
para o trabalho ou morte) à causa (acidente de trabalho ou doença ocupacional). 
Decorre de uma análise técnica, a ser realizada, obrigatoriamente, por médico perito 
ou junta médica formada por peritos nesta matéria. 
 
18 
 
Cabe à perícia médica do INSS a investigação do nexo de causalidade entre a 
lesão, perturbação ou morte e o acidente ou doença, bem como tipificar o evento como 
sendo em decorrência do trabalho – Regulamento, art. 337. 
Equipara-se ao acidente de trabalho a chamada concausa, ou seja, a causa 
que, embora não tenha sido a única, colaborou de forma direta para a morte do 
segurado, ou para redução ou perda de sua capacidade laborativa, ou produziu lesão 
que exija atenção médica para a sua recuperação, conforme previsão do inciso I do 
art. 21 da Lei n. 8.213/1991. 
As concausas podem ser anteriores, simultâneas ou posteriores ao acidente. 
Para efeito de reconhecimento do direito a benefício por acidente de trabalho é 
irrelevante se a concausa é simultânea, anterior ou posterior ao evento; em todos os 
casos, o direito é assegurado. 
A investigação da concausalidade é também motivo de preocupação por parte 
de segurados, visto que nem sempre o perito – mesmo o judicial – aprofunda sua 
análise para verificar a existência de mais de um fator desencadeante da 
incapacidade. Incumbe às partes e ao juiz da causa formular quesitos ao perito no 
sentido de que este responda, conclusivamente, se há ou não multiplicidade de fatores 
causadores da incapacidade, e se algum deles está ligado ao trabalho, caracterizando 
(ou não) concausalidade. 
A perícia é, portanto, fundamental para o deslinde das questões ligadas aos 
benefícios por incapacidade – acidentários ou não – com maior ênfase para os 
primeiros, ante a necessidade de se analisar o nexo de causalidade entre a atividade 
laboral e a enfermidade. Não há como prescindir da prova técnica em matéria de nexo 
de causalidade, já que não há outro meio de prova que possa suprir a avaliação 
médica. 
Sobre o procedimento para realização de perícias – tanto no âmbito das 
empresas, no do INSS ou mesmo em sede de perícia judicial – deve o profissional da 
Medicina observar os ditames do Código de Ética da categoria, e especialmente em 
relação ao tema, a Resolução n. 2.183, de 2018, do Conselho Federal de Medicina, 
que dispõe sobre as normas específicas de atendimento a trabalhadores. (CASTRO; 
LAZZARI, 2020). 
 
19 
 
3.4 Aspectos da proteção previdenciária à vítima de acidente 
A proteção previdenciária não é plena, pois tarifada pela Lei de Benefícios. Não 
cobre, por exemplo, lucros cessantes e danos emergentes. Não há imposição de 
reparação do status quo ante, aliás, de impossibilidade material facilmente 
constatável, pois o que se encontra em discussão não são bens materiais, mas a vida 
ou a integridade física e psíquica do indivíduo. 
Mediante esta razão, A CF/88 manteve
a responsabilidade pessoal do 
empregador, independentemente do seguro de acidentes de trabalho e a consequente 
proteção pelo regime previdenciário. Caso houver culpa do empregador, cabe ao 
indivíduo a possibilidade de postular em Juízo uma reparação maior, com pretensão 
de restitutio in integrum – incluindo então as perdas e danos decorrentes da morte, 
lesão corporal ou perturbação funcional. 
Para a proteção previdenciária, não há necessidade de existência de dolo ou 
culpa do empregador, sendo devido o benefício por incapacidade inclusive nos casos 
de culpa da vítima. Impõe-se que haja, sim, nexo causal entre o acidente ou a doença 
e a lesão ou a morte; caracteriza-se o nexo de causalidade se, abstraído o evento, a 
incapacidade para o trabalho não se tivesse verificado. 
Pode o empregado obter indenização - reparação dos danos pelo empregador 
-, quando a empresa, por seus prepostos, ou o empregador doméstico, ou ainda o 
tomador de serviços terceirizados tenha incorrido em conduta dolosa ou culposa que 
tenha causado o infortúnio (ou quando seja o caso de responsabilização objetiva), 
cabendo ao demandado provar a inexistência de dolo ou culpa. A matéria, via de 
regra, exige prova pericial, pois cumpre investigar a existência de dano e o nexo de 
causalidade entre o acidente ou doença e o trabalho, no acidente típico ou doença 
ocupacional. 
Os danos materiais envolvem a totalidade dos prejuízos sofridos pelo 
trabalhador. As regras do Código Civil dispõem sobre a reparação material, 
cumulativamente com a reparação de danos morais, tanto em caso de lesão corporal 
(com ou sem sequelas), como em caso de morte do trabalhador (quando será devida 
aos familiares do trabalhador falecido). 
 
20 
 
A ação de indenização é de competência material da Justiça do Trabalho a 
partir da EC 45/2004, observando-se o rito processual trabalhista, como será visto 
adiante neste mesmo capítulo. (CASTRO; LAZZARI, 2020). 
3.5 Comunicação do acidente de trabalho 
A norma 8213/91 determina que o empregador deverá comunicar o acidente à 
Previdência Social até o primeiro dia útil seguinte ao acidente – CAT – art. 22. Na falta 
de comunicação pela empresa, poderão fazê-lo: o próprio empregado acidentado, 
seus dependentes, a entidade sindical, o médico que o assistiu ou qualquer autoridade 
pública. 
O fato de o empregador fornecer a CAT já comprova, por si só, que o patrão 
reconhece o acidente de trabalho ocorrido com seu empregado. Nos demais casos, a 
prova fica por conta do empregado. Uma vez provado o nexo causal entre o acidente 
e o trabalho, a responsabilidade do empregador pela estabilidade decorre da lei – art. 
22, § 3º, desta lei. (CASSAR, 2018). 
3.6 Cessação do auxílio-doença (acidentário) 
Para a aquisição da estabilidade é necessário, ainda, que o empregado tenha 
recebido auxílio-doença acidentário, isto é, que tenha sofrido lesão capaz de afastá-
lo do trabalho por, pelo menos, 16 dias consecutivos – Súmula 378, II, do TST. O art. 
59 da Lei 8.213/91 preconiza que o auxílio-doença é pago ao empregado que 
permanecer incapacitado para o trabalho por mais de 15 dias consecutivos, logo, a 
partir do 16º dia receberá o referido benefício previdenciário. (CASSAR, 2018). 
3.7 Alta médica 
A estabilidade do acidentado começa a fluir após a cessação do benefício 
previdenciário, pois enquanto recebê-lo o contrato de trabalho do acidentado estará 
suspenso. A Lei Previdenciária refere-se ao empregado que se encontre nesta 
 
21 
 
situação (recebendo benefício) como licenciado. Ressalte-se, que durante esta 
suspensão contratual o empregador está obrigado aos depósitos do FGTS. Obtida a 
alta médica, o empregado terá a estabilidade de doze meses. (CASSAR, 2018). 
3.8 Constitucionalidade do art. 118 da Lei 8.213/91 
Afirmavam alguns que qualquer estabilidade não prevista na Constituição só 
poderia ser criada por meio de lei complementar, em face do comando contido no art. 
7º, I, da CRFB. Não podemos compartilhar desta opinião, uma vez que o inc. I do art. 
7º da CF referiu-se aos benefícios genéricos que visassem proteger a despedida 
arbitrária. Não é o caso, pois esta é uma estabilidade específica dirigida apenas 
àqueles que sofreram acidente. Assim também a Súmula 378, I, do TST. (CASSAR, 
2018). 
4 BENEFÍCIOS POR INCAPACIDADE LABORAL 
A proteção previdenciária, no que se refere à incapacidade laboral, abrange os 
benefícios de auxílio-doença, em casos de incapacidade temporária, aposentadoria 
por invalidez, nos casos em que a incapacidade for definitiva e total, impedindo a 
reabilitação profissional, e o auxílio-acidente, como indenização pela perda para 
sempre de parte da capacidade de trabalho. (AGOSTINHO, 2020). 
A EC n. 103/2019 passou a estabelecer no art. 201, I, da CF, a “cobertura dos 
eventos de incapacidade temporária ou permanente para o trabalho e idade 
avançada”. 
Pode-se extrair dessa mudança de redação que no texto anterior a cobertura 
atingia também eventos de doença, gerando proteção a todas as categorias de 
segurados. 
Na regulamentação da Reforma da Previdência de 2019, poderá ocorrer a 
exclusão do direito ao auxílio-doença em relação aos segurados facultativos (como 
donas de casa, estudantes e desempregados), sob o fundamento de que não exercem 
atividade laborativa remunerada. 
 
22 
 
As regras de exigibilidade dos benefícios por incapacidade possuem previsão 
na Lei n. 8.213/1991, mas no futuro poderão eleger novos critérios relacionados à 
carência, à prova da incapacidade laboral e aos coeficientes de cálculo, 
especialmente os do auxílio-doença e do auxílio-acidente. (CASTRO; LAZZARI, 
2020). 
4.1 Auxílio-doença 
O auxílio-doença se trata de um benefício concedido ao segurado impedido de 
trabalhar por doença ou acidente, ou por determinação médica. 
O auxílio-doença acidentário, era concedido pelo INSS aos segurados 
enquadrados como empregados (urbanos e rurais), trabalhadores avulsos e 
segurados especiais. 
A Lei Complementar n. 150/2015, estendeu aos empregados domésticos 
diversos direitos sociais, entre eles a proteção contra acidentes do trabalho, passando 
os domésticos a serem detentores do direito ao auxílio-doença, dada a natureza de 
direito fundamental de tal proteção. 
Para o auxílio-doença acidentário, deve-se observar: os segurados abrangidos; 
a carência, que no auxílio-doença acidentário é sempre incabível, em razão de sua 
causa (acidente de trabalho ou doença ocupacional), enquanto há previsão de prazo 
carencial no auxílio-doença previdenciário (12 contribuições mensais), salvo em caso 
de acidentes de qualquer outra natureza, doenças graves, contagiosas ou incuráveis 
previstas como situações em que a carência é incabível; e os efeitos trabalhistas 
decorrentes, já que apenas o auxílio-doença acidentário acarreta ao empregado a 
garantia de emprego prevista no art. 118 da Lei n. 8.213/91. 
Insta salientar que a concessão do auxílio-doença depende, em regra, da prova 
da incapacidade em exame realizado por médico perito da Previdência Social, quando 
excedido o lapso de 15 dias, cabendo à empresa que dispuser de serviço médico 
próprio ou em convênio o exame médico e o abono das faltas correspondentes aos 
primeiros 15 dias de afastamento conforme previsão legal do artigo 75, § 2º, do 
decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999. 
 
23 
 
O reconhecimento da incapacidade para concessão ou prorrogação do auxílio-
doença decorre da realização de avaliação pericial ou da recepção da documentação 
médica do segurado, hipótese em que o benefício será concedido com base no 
período de recuperação indicado pelo médico assistente. 
A medida parece bastante acertada, pois em caso de prorrogações de benefício 
de segurado empregado, é o próprio médico da empresa ou conveniado a essa que 
atesta a incapacidade. (AGOSTINHO, 2020). 
4.1.1 Carência 
Para que se tenha direito ao auxílio-doença, cabe ao segurado do RGPS o 
cumprimento
da carência de 12 contribuições mensais, exceto na decorrência de 
acidente de qualquer natureza ou causa, ou na presença de uma das doenças 
especificadas no art. 151 da Lei n. 8.213/91, quando então a carência não é exigida. 
Importante observar que a falta de atualização do rol de doenças consideradas 
graves, a deficiência na observância de diversas enfermidades que poderiam assim 
ser enquadradas acarretam enorme risco de desproteção social às pessoas 
acometidas por tais doenças nos primeiros 12 meses de filiação previdenciária. 
É exigido a carência em situações não programadas pelo segurado – 
incapacidade laboral não é evento que esteja a critério do trabalhador decidir se irá 
ou não ocorrer. (AGOSTINHO, 2020). 
4.1.2 Data de início do benefício 
“O auxílio-doença é devido a partir do 16º dia de afastamento da atividade. 
Durante os 15 primeiros dias do afastamento da atividade compete à empresa pagar 
o salário integral (art. 60, § 3º, da LBPS). Para os demais segurados (não empregados 
urbanos ou rurais), o benefício é devido a contar da data do início da incapacidade e 
enquanto ele permanecer incapaz. 
O segurado deverá procurar, de imediato, a Previdência Social, para verificação 
da incapacidade e pagamento do benefício. ” (AGOSTINHO, 2020. p. 519). 
 
24 
 
4.1.3 Renda mensal inicial 
A Lei n. 8.213/91 possuía em seu texto a previsão de que a renda mensal do 
auxílio-doença corresponderia a: 80% do salário de benefício, mais 1% deste, por 
grupo de 12 contribuições, até o limite de 92% do salário de benefício, para os 
benefícios decorrentes de causas não acidentárias; e 92% do salário de benefício ou 
do salário de contribuição vigente no dia do acidente, quando se tratasse de acidente 
do trabalho. 
Insta salientar que a Lei n. 9.032/95 constituiu nova redação ao dispositivo em 
questão, para fixar que o auxílio-doença, inclusive o decorrente de acidente do 
trabalho, consistirá numa renda mensal correspondente a 91% do salário de benefício. 
O salário de benefício consiste na média aritmética simples dos maiores 
salários de contribuição correspondentes a 80% do período contributivo decorrido 
desde a competência julho de 1994 até a data do início do benefício. 
Para o segurado especial, o benefício será no valor de um salário mínimo; 
comprovando contribuições para o sistema, terá a renda mensal calculada com base 
no salário de benefício (média dos 80% maiores salários de contribuição desde julho 
de 1994, corrigidos monetariamente). (AGOSTINHO, 2020). 
4.1.4 Processo de reabilitação 
O auxílio-doença é mantido enquanto não cessar a incapacidade do segurado 
para o trabalho, cabendo a possibilidade do INSS indicar o processo de reabilitação 
profissional, nos casos em que verificar necessário. O benefício continua sendo 
devido durante o processo de reabilitação, cessando somente ao final desse 
processo, com o retorno do segurado à atividade laboral. 
O segurado empregado – urbano ou rural –, em gozo de auxílio-doença, deve 
ser considerado pela empresa como licenciado. Não há suspensão do contrato de 
trabalho. A empresa que garantir ao segurado licença remunerada por força do 
contrato de trabalho, regulamento de empresa, convenção coletiva ou acordo coletivo, 
ficará obrigada a lhe pagar durante o período de auxílio-doença a eventual diferença 
entre o valor deste e a importância garantida pela licença. Sobre esse valor não incide 
 
25 
 
contribuição à Seguridade Social, já que a natureza jurídica desse pagamento é de 
mero complemento do benefício pago pela Previdência Social, este irrenunciável. 
O benefício será devido durante o curso de dissídio individual trabalhista 
relacionado com a rescisão do contrato de trabalho, ou após a decisão final, desde 
que implementadas as condições mínimas para a concessão do benefício. 
(AGOSTINHO, 2020). 
4.1.5 Cessação do benefício 
“O auxílio-doença cessa pela recuperação da capacidade laboral, pela 
transformação em aposentadoria por invalidez ou auxílio-acidente de qualquer 
natureza; neste caso se resultar sequela que cause redução da capacidade para o 
trabalho que habitualmente exercia. “ (AGOSTINHO, 2020. p. 522). 
4.1.6 Estabilidade provisória 
“Art. 118. O segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantida, pelo 
prazo mínimo de doze meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa, 
após a cessação do auxílio-doença acidentário, independentemente de percepção de 
auxílio-acidente. ” (BRASIL, 1991). 
O Período Básico de Cálculo – PBC é fixado, conforme o caso, de acordo com 
a data do Afastamento da Atividade ou do Trabalho – DAT; e a data de Entrada do 
Requerimento – DER. 
Data de Início do Benefício de aposentadoria por invalidez para o segurado 
empregado: Quando precedido de auxílio-doença: a partir do dia seguinte ao da 
cessação daquele, por força de conclusão da perícia do INSS; Quando não precedido 
de auxílio-doença: a partir do 16º dia de incapacidade, caso requerido até o 30º dia 
de incapacidade; da data do requerimento, quando requerida após 30 dias do início 
da incapacidade. (AGOSTINHO, 2020). 
 
26 
 
4.2 Aposentadoria por invalidez ou por incapacidade permanente 
A Lei n. 8.213/1991 denominou o benefício decorrente da incapacidade 
laborativa permanente como aposentadoria por invalidez. Com a EC n. 103/2019, o 
nome utilizado passa a ser aposentadoria por incapacidade permanente, consoante 
nova redação do art. 201, I, da CF, Vejamos: 
 Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma do Regime Geral 
de Previdência Social, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, 
observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e 
atenderá, na forma da lei, a: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 
103, de 2019) 
I - Cobertura dos eventos de incapacidade temporária ou permanente para o 
trabalho e idade avançada; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 
103, de 2019) (BRASIL, 1988). 
Aposentadoria por invalidez se conceitua como o benefício que decorre da 
incapacidade do segurado para o trabalho, na ausência de perspectiva de reabilitação 
para o exercício de atividade capaz de lhe assegurar a subsistência. 
Em conjunto com o auxílio-doença, a aposentadoria por invalidez é um 
benefício de pagamento continuado, de risco imprevisível, devido à incapacidade 
presente para o trabalho. É concedida, se o segurado se encontrar impossibilitado de 
trabalhar e insuscetível de reabilitar-se para a atividade garantidora da subsistência. 
Constitui em uma prestação provisória com relevante tendência à definitividade, 
geralmente deferida após a cessação do auxílio-doença conforme a redação prevista 
na norma nº 8.213, de 24 de julho de 1991- PBPS -, caput do art. 43. 
Nos termos do art. 42 da Lei n. 8.213/1991, a aposentadoria por invalidez, uma 
vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, 
estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insuscetível de 
reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á 
paga enquanto permanecer nesta condição. Nos termos do Manual de Perícias 
Médicas do INSS (2018), a invalidez pode ser conceituada como a incapacidade 
laborativa total, permanente ou com prazo indefinido, 
omniprofissional/multiprofissional e insuscetível de recuperação ou reabilitação 
profissional, em consequência de doença ou acidente. 
 
27 
 
O Perito Médico deverá considerar a gravidade e irreversibilidade da 
doença/lesão, a impossibilidade de se determinar um prazo de recuperação, sua 
repercussão sobre a capacidade laborativa, bem como a insuscetibilidade à 
reabilitação profissional. 
A aposentadoria por invalidez pode ter como causa acidente ou doença não 
relacionada ao trabalho, quando será considerada como previdenciária (espécie B 
32). Quando for relacionada a acidente do trabalho ou doença ocupacional, será 
considerada como invalidez
acidentária (B 92). 
Nem sempre, contudo, a incapacidade permanente é passível de verificação 
imediata, nesses casos, concede-se inicialmente ao segurado o benefício por 
incapacidade temporária – auxílio-doença – e, posteriormente, concluindo-se pela 
impossibilidade de retorno à atividade laborativa, transforma-se o benefício inicial em 
aposentadoria por invalidez. Por esse motivo, a lei menciona o fato de que o benefício 
é devido, estando ou não o segurado em gozo prévio de auxílio-doença. 
As regras gerais sobre a aposentadoria por invalidez estão disciplinadas no art. 
201, I, da Constituição (com redação conferida pela EC n. 103/2019), nos arts. 42 a 
47 da Lei n. 8.213/1991 e arts. 43 a 50 do Decreto n. 3.048/1999. 
O período de carência para a concessão da aposentadoria por invalidez é de 
12 contribuições mensais. A concessão independe de carência no caso de o segurado 
ter ficado inválido em razão de acidente de qualquer natureza ou causa (inclusive o 
ligado ao trabalho), ou ser acometido de doença ocupacional ou alguma das doenças 
especificadas no art. 151 da Lei n. 8.213/1991. 
Quando a aposentadoria por invalidez decorrer de transformação de auxílio-
doença, ela é devida a partir do dia imediato ao da cessação do auxílio-doença. 
Quando não decorrer de transformação de auxílio-doença, ela é devida nas 
seguintes datas de início do benefício: 
Quando se tratar dos segurados empregados (excluindo-se o doméstico): a 
contar do 16º dia de afastamento da atividade ou a partir da entrada do requerimento, 
quando postulado após o 30º dia do afastamento da atividade (os 15 primeiros dias 
de afastamento são de responsabilidade da empresa, que deverá pagar ao segurado 
empregado o salário); 
 
28 
 
Quando se tratar do segurado empregado doméstico, trabalhador avulso, 
contribuinte individual, especial, facultativo e intermitente: a partir da data do início da 
incapacidade, ou da data de entrada do requerimento, quando ocorrido após o 30º dia 
da incapacidade. 
Em todos os casos, o requerimento do benefício deve ser formulado no prazo 
fixado, de 30 dias a partir da data da incapacidade, sob pena de ser a data daquele o 
termo inicial do benefício. Evidentemente, se o segurado se encontra incapacitado 
não apenas para o trabalho, mas para quaisquer atos da vida civil, não se pode exigir 
tal prazo (por exemplo, quando o segurado tenha ficado em estado de coma, ou 
inconsciente), pois contra os totalmente incapazes não são oponíveis quaisquer 
prazos legais. 
Na hipótese em que a aposentadoria por invalidez é solicitada exclusivamente 
na via judicial, sem que exista prévia postulação administrativa, é a citação válida que 
deve ser considerada como termo inicial para a implantação do benefício. Isso porque 
a citação, além de informar o litígio, constitui o réu em mora quanto à cobertura do 
evento causador da incapacidade, tendo em vista a aplicação do art. 240 do 
CPC/2015. 
Até o advento da EC n. 103/2019, a aposentadoria por invalidez, inclusive a 
decorrente de acidente do trabalho, consistia numa renda mensal correspondente a 
100% do salário de benefício, apurado com base na média aritmética simples dos 
maiores salários de contribuição correspondentes a 80% do período contributivo 
decorrido desde a competência julho de 1994 até a data de início do benefício. No 
entanto, a EC n. 103/2019 estabeleceu (art. 26) novos coeficientes de cálculo. 
(CASTRO; LAZZARI, 2020). Vejamos: 
Aposentadoria por incapacidade permanente (não acidentária): 
corresponderá a 60% do salário de benefício, com acréscimo de dois pontos 
percentuais para cada ano de contribuição que exceder o tempo de 20 anos 
de contribuição, no caso dos homens, e dos 15 anos, no caso das mulheres. 
Por exemplo: segurado homem: 20 anos de tempo de contribuição = 60% do 
salário de benefício; 30 anos de tempo de contribuição = 80% do salário de 
benefício; 40 anos de tempo de contribuição = 100% do salário de benefício; 
segurada mulher: 15 anos de tempo de contribuição = 60% do salário de 
benefício; 30 anos de tempo de contribuição = 90% do salário de benefício; 
35 anos de tempo de contribuição = 100% do salário de benefício. 
Aposentadoria por incapacidade permanente quando decorrer de acidente de 
trabalho, de doença profissional e de doença do trabalho: corresponderá a 
 
29 
 
100% do salário de benefício que leva em consideração todos os salários de 
contribuição (desde julho de 1994, ou desde o início da contribuição, se 
posterior àquela competência). (CASTRO; LAZARI, 2020. p. 1154). 
4.3 Auxílio-acidente 
O auxílio-acidente se trata de um benefício previdenciário pago mensalmente 
ao segurado acidentado como forma de indenização, razão pela qual é recebido de 
forma cumulativa com o salário, após a consolidação das lesões decorrentes de 
acidente de qualquer natureza – e não somente de acidentes de trabalho –, resultarem 
sequelas que impliquem redução da capacidade para o trabalho que habitualmente 
exercia conforme a previsão legal da Lei n. 8.213/1991, artigo 86, caput. 
Conforme a medida provisória n. 905/2019 prevê, será devido o auxílio-
acidente somente enquanto persistirem as condições que ensejaram sua concessão. 
Na hipótese de manutenção das condições que ensejaram o reconhecimento do 
auxílio-acidente, este será devido até a véspera do início de qualquer aposentadoria 
ou até a data do óbito do segurado. 
Não há como confundi-lo com o auxílio-doença, pois este somente é devido 
enquanto o segurado se encontra incapaz, temporariamente, para o trabalho; já o 
auxílio-acidente, é devido após a consolidação das lesões ou perturbações funcionais 
de que foi vítima o acidentado, ou seja, após a “alta médica”, não sendo percebido 
juntamente com o auxílio-doença, mas somente após a cessação deste último, 
conforme a previsão legal da Lei n. 8.213/1991, art. 86, § 2º. 
Têm direito ao recebimento do auxílio-acidente o empregado (urbano, rural e 
doméstico), o trabalhador avulso e o segurado especial, conforme se observa dos arts. 
18, § 1º, com a redação conferida pela LC n. 150/2015, e 39, I, da Lei n. 8.213/1991. 
O benefício em questão passou a ser devido em relação a acidentes de 
qualquer natureza (e não só acidentes do trabalho) a partir da redação conferida pela 
Lei n. 9.032/1995, não se aplicando a acidentes não ligados ao trabalho ocorridos até 
29.4.1995. Em compensação, a redação original do art. 86 da Lei n. 8.213/1991 previa 
o cabimento de tal benefício a acidentes sofridos por presidiários que exercessem 
atividade remunerada, o que deixou de ser previsto com a redação dada pela Lei n. 
9.032/1995. 
 
30 
 
A concessão do auxílio-acidente independe do número de contribuições pagas, 
mas é preciso ter a qualidade de segurado. Vale dizer, dependentes de pessoa que 
nunca tenha contribuído para o RGPS, ou tenha perdido a qualidade de segurado, 
não fazem jus a este benefício. 
O benefício tem início a partir do dia seguinte ao da cessação do auxílio-
doença, independentemente de qualquer remuneração ou rendimento auferido pelo 
acidentado, ou, na data da entrada do requerimento (DER), quando não precedido de 
auxílio-doença. (CASTRO; LAZZARI, 2020). 
O cálculo da renda mensal inicial do auxílio-acidente deixou de ser feito com 
base no salário de benefício a partir de 12.11.2019, data da publicação da Medida 
Provisória n. 905, que alterou o art. 86 da Lei n. 8.213/91 (PBPS). Com a alteração, a 
renda mensal inicial do benefício, antes incidente sobre o salário de benefício, 
corresponderá a 50% do benefício de aposentadoria por invalidez a que o segurado 
teria direito. Ocorre que, com a EC n. 103/2019, a aposentadoria por invalidez, 
submetida ao cálculo do salário de benefício com base em 100% da média aritmética 
simples dos salários de contribuição a partir de julho/1994, terá renda mensal inicial 
com cálculo de 60% do salário de benefício, com alguns acréscimos dependendo do 
tempo
de contribuição. Daí se vê que a base de cálculo do auxílio-acidente será 
sensivelmente reduzida. (SANTOS,2020). 
O recebimento de salário ou concessão de outro benefício, exceto de 
aposentadoria, não prejudicará a continuidade do recebimento do auxílio-acidente. 
Não é permitida a acumulação de auxílios-acidente. O valor do benefício, em qualquer 
caso, poderá ser inferior ao salário mínimo, uma vez que não se trata de benefício 
substitutivo do salário de contribuição. 
De acordo com a orientação do STJ, deve ser considerado, para fins de auxílio-
acidente, o percentual estabelecido pela lei vigente no momento em que se dá o 
agravamento das lesões incapacitantes do beneficiário, e não o do momento em que 
o benefício foi concedido inicialmente. O agravamento da lesão incapacitante tem 
como consequência a alteração do auxílio-acidente, sendo considerado um novo fato 
gerador para a concessão do benefício. 
O auxílio-acidente deixou de ser vitalício passando a integrar o salário de 
contribuição para fins de cálculo do salário de benefício de qualquer aposentadoria, 
 
31 
 
conforme a regra disposta no art. 31 da Lei n. 8.213/1991, foi restabelecida pela Lei 
n. 9.528, de 10.12.1997. 
A MP n. 905/2019 alterou novamente a LBPS estabelecendo que, somente na 
hipótese de manutenção das condições que motivaram o reconhecimento do auxílio-
acidente, o auxílio será devido até a véspera do início de qualquer aposentadoria ou 
até a data do óbito do segurado. Sendo assim, o segurado terá direito e será devido 
o benefício somente enquanto persistirem as sequelas, isso ocasiona em revisões 
periódicas efetuadas pelo INSS para verificar essas condições. 
O auxílio-acidente não se interrompe pelo recebimento de salários, nem mesmo 
pela condição de desemprego do beneficiário. 
No caso de novo auxílio-doença, ocasionado por outra enfermidade que não a 
causadora da sequela que deu origem ao auxílio-acidente, o segurado receberá os 
dois benefícios (auxílio-acidente e auxílio-doença) cumulativamente. 
Quando o segurado em gozo de auxílio-acidente fizer jus a um novo auxílio-
acidente, em decorrência de outro acidente ou de doença, serão comparadas as 
rendas mensais dos dois benefícios e mantido o benefício mais vantajoso. 
O art. 129 do Decreto n. 3.048/1999 dispõe que “o segurado em gozo de auxílio-
acidente terá o seu benefício encerrado na data da emissão da certidão de tempo de 
contribuição”. Com a devida vênia, a leitura do art. 86 da Lei do RGPS não autoriza 
tal interpretação. 
A Lei n. 9.528, de 10.12.1997, ao vedar a acumulação do auxílio-acidente com 
qualquer aposentadoria, estabeleceu como compensação que “O valor mensal do 
auxílio-acidente integra o salário de contribuição, para fins de cálculo do salário de 
benefício de qualquer aposentadoria, observado, no que couber, o disposto no art. 29 
e no art. 86, § 5º” (art. 31 da Lei n. 8.213/1991, restabelecido com nova redação 
conferida pela Lei n. 9.528, de 10.12.1997). 
Dessa forma, o legislador procurou amenizar os efeitos da nova norma – que 
afastou o caráter de vitaliciedade ao auxílio-acidente – possibilitando ao segurado 
recuperar parte do prejuízo com a elevação do valor da aposentadoria a ser concedida 
pelo RGPS. 
Todavia, o INSS tem se excedido na interpretação da Lei n. 9.528/1997 e está 
cancelando o auxílio-acidente dos segurados que obtêm aposentadoria por outro 
 
32 
 
regime previdenciário. Ou seja, o INSS, tomando conhecimento de que o beneficiário 
de auxílio-acidente passou a gozar de aposentadoria por regime próprio, está 
cancelando o auxílio-acidente concedido pelo RGPS. 
Esse procedimento foge à lógica interpretativa em relação aos efeitos da Lei n. 
9.528/1997. A referência a qualquer aposentadoria só pode ser entendida às 
concedidas pelo RGPS e não por outros regimes. Tanto é assim, que essa Lei previu 
a compensação pela cessação do auxílio-acidente com o incremento do valor da 
aposentadoria a ser deferida. 
A normatização interna do INSS prevê, também de modo ilegal, a cessação do 
benefício de auxílio-acidente “quando da emissão de certidão de tempo de 
contribuição”, situação que não guarda nenhuma congruência com a Lei n. 
8.213/1991, tampouco com o Regulamento. (CASTRO; LAZZARI, 2020). 
5 BENEFÍCIOS DE PROTEÇÃO À FAMÍLIA E À MATERNIDADE 
Família é o núcleo da sociedade, base legal da civilização. A proteção 
previdenciária voltada à proteção da família e à maternidade abrange os benefícios 
de pensão por morte, auxílio-reclusão, salário-maternidade e salário-família. 
(AGOSTINHO, 2020). 
5.1 Pensão por morte 
A pensão por morte é o benefício com pagamento destinado aos dependentes 
do segurado, que falecer, aposentado ou não, conforme previsão expressa do art. 
201, V, da CF. Se trata de prestação de pagamento continuado, substitutiva da 
remuneração do segurado falecido. 
A pensão por morte pode surgir de forma comum ou acidentária. Havendo óbito 
por acidente do trabalho ou doença ocupacional, a pensão por morte é acidentária. 
Caso o falecimento seja decorrente de causas diversas, a pensão é considerada como 
de origem comum. 
Essa diferenciação é relevante para definição da competência jurisdicional para 
concessão e revisão do benefício, a para os reflexos que podem gerar, entre eles a 
 
33 
 
indenização a ser exigida dos causadores do acidente do trabalho (competência da 
Justiça do Trabalho). 
Importante destacar que com a Lei n. 8.213/91, os benefícios de natureza 
acidentária passaram a ter o mesmo tratamento dispensado aos demais benefícios 
previdenciários. (AGOSTINHO, 2020). 
O risco social a ser coberto pela Previdência Social, no caso, é a subsistência 
de dependentes do segurado do RGPS, assim considerados os que estão arrolados 
no art. 16 da Lei de Benefícios. Assim, os requisitos para a concessão do benefício 
são: a qualidade de segurado do falecido; a morte real ou presumida deste; a 
existência de dependentes que possam se habilitar como beneficiários perante o 
INSS; para os óbitos ocorridos a partir de 15.1.2015, o cônjuge, companheiro ou 
companheira terá que comprovar que a morte ocorreu depois de vertidas 18 
contribuições mensais e pelo menos dois anos após o início do casamento ou da união 
estável (na inexistência dessas provas, a pensão tem duração de quatro meses, salvo 
na hipótese de o óbito do segurado decorrer de acidente de qualquer natureza ou 
doença profissional ou do trabalho; ou se o cônjuge ou companheiro for portador de 
invalidez ou deficiência). 
Conforme disposição do art. 15, inciso I, da Lei do RGPS, a pensão por morte 
não será devida a pessoa que na data do óbito tiver perdido a sua qualidade de 
segurado, exceto se o falecido houver implementado os requisitos para obtenção de 
aposentadoria, ou mediante parecer médico-pericial reconhecer a existência de 
incapacidade permanente do falecido, dentro do período de graça. Tal regra se explica 
pelo fato de que, se o segurado já adquirira direito à aposentadoria, manter-se-ia 
nessa qualidade por força do. Assim, a lei transfere ao dependente do segurado esse 
direito adquirido, já que, se assim não fosse, perderia o direito à pensão, tão somente 
pela inércia do segurado. (CASTRO; LAZZARI, 2020). 
Importante a leitura da Súmula nº 416 do STJ: “É devida a pensão por morte 
aos dependentes do segurado que, apesar de ter perdido essa qualidade, preencheu 
os requisitos legais para a obtenção de aposentadoria até a data do seu óbito”. 
Agostinho (2020) ainda ressalta a importância de lembrar que, em se tratando 
de família, a manutenção do vínculo também independe do pedido de auxílio-doença 
ou aposentadoria por invalidez, desde que atendidos os demais requisitos legais. 
 
34 
 
A morte do segurado deve ser considerada um infortúnio, que impede o 
implemento da idade mínima, mas não pode afastar o fato gerador da pensão por 
morte de quem já cumpriu o período de carência para a concessão
da aposentadoria 
por idade. Posicionamento contrário levaria à conclusão de que as contribuições feitas 
pelo segurado (acima de 180 meses) não reverterão em nenhum proveito aos 
dependentes em caso de óbito em data anterior ao preenchimento da idade mínima. 
A definição da data de início da pensão por morte está relacionada à legislação 
vigente no momento do óbito e à capacidade do dependente que requerer o benefício. 
O valor da renda mensal da pensão por morte, até a edição da Lei do RGPS 
vigente, era de 50% do salário de benefício, mais 10% por dependente, até o máximo 
de cinco. 
O cônjuge divorciado, separado judicialmente, ou apenas separado de fato, que 
recebia pensão de alimentos, terá direito à pensão por morte em igualdade de 
condições com os demais dependentes, não havendo direito adquirido a perceber 
pensão previdenciária igual ao percentual da pensão alimentícia concedida 
judicialmente, ou objeto de homologação pelo Juiz de Vara da Família. 
5.1.1 Prazos de duração da pensão por morte 
Para um estudo sintático da alteração dos prazos da pensão por morte vejamos 
a nota técnica apresentada pelo IBDP (2021): 
O Ministério da Economia publicou uma Portaria de nº 424 em 29 de dezembro 
de 2020, que alterou o período que deve permanecer o recebimento da pensão por 
morte. Essa Portaria entrou em vigor a partir de 01 de janeiro de 2021, sendo assim 
ela produz efeitos nas pensões concedidas em decorrência dos óbitos ocorridos após 
esta data. 
A alteração decorre de autorização definida na própria Lei n.13.135/2015, com 
a inclusão do §2ºB no artigo 77 da Lei 8.213/91: Após o transcurso de pelo menos 3 
(três) anos e desde que nesse período se verifique o incremento mínimo de um ano 
inteiro na média nacional única, para ambos os sexos, correspondente à expectativa 
de sobrevida da população brasileira ao nascer, poderão ser fixadas, em números 
inteiros, novas idades para os fins previstos na alínea “c” do inciso V do § 2º, em ato 
 
35 
 
do Ministro de Estado da Previdência Social, limitado o acréscimo na comparação 
com as idades anteriores ao referido incremento. 
Insta salientar que no ano da promulgação da Lei n. 13.135/2015, a expectativa 
de vida ao nascer era menor para ambos os sexos, tendo uma progressão 
considerável no ano de 2019, esse fator apresentado resultou na alteração da idade 
e no tempo de percepção do benefício de pensão por morte. 
Conforme dados do IBGE a expectativa de vida ao nascer no ano de 2015 para 
o homem é de 71,9 e para mulher: 79,1; referente ao ano de 2019 o homem possui a 
expectativa de vida de 73,1 e a mulher de 80,1. 
Por fim, é evidente que a razão do aumento dos prazos de duração da pensão 
por morte se deu por conta do aumento da expectativa de sobrevida do brasileiro, o 
que já era sabido, haja visto que a norma introdutória desse limite de prazo das 
pensões data do ano de 2015. 
Nestes termos, os prazos ficam assim a partir de 01-01-2021: 
Idade do cônjuge/companheiro na data do óbito: Menos de 22 anos, duração 
máxima do Benefício 3 anos. 
Idade do cônjuge/companheiro na data do óbito: entre 22 e 27 anos, duração 
máxima do Benefício: 6 anos. 
Idade do cônjuge/companheiro na data do óbito: entre 28 e 30 anos, duração 
máxima do Benefício: 10 anos. 
Idade do cônjuge/companheiro na data do óbito: entre 31 e 41 anos, duração 
máxima do Benefício: 15 anos. 
Idade do cônjuge/companheiro na data do óbito: entre 42 e 44 anos, duração 
máxima do Benefício: 20 anos. 
Idade do cônjuge/companheiro na data do óbito: com 45 ou mais anos, duração 
máxima do Benefício: vitalícia 
Ficam mantidos os demais requisitos para o reconhecimento do direito que são: 
as 18 (dezoito) contribuições mensais do segurado até o óbito e pelo menos 2 (dois) 
anos de união estável ou casamento. Essas regras são exigidas para 
cônjuge/companheiro e não para os filhos. 
 
36 
 
5.2 Auxílio-reclusão 
O auxílio-reclusão está previsto no inciso IV do art. 201 da Constituição Federal 
de 1988, que teve nova redação dada pela Emenda Constitucional n. 20/98 e Emenda 
Constitucional n. 103/19: “Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma 
do Regime Geral de Previdência Social, de caráter contributivo e de filiação 
obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e 
atenderá, na forma da lei, a: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 
2019) 
IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de 
baixa renda; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) ”. (BRASIL, 
1988). 
Importante também a redação do art. 27 da EC 103/2019: “Até que lei discipline 
o acesso ao salário-família e ao auxílio-reclusão de que trata o inciso IV do art. 201 
da Constituição Federal, esses benefícios serão concedidos apenas àqueles que 
tenham renda bruta mensal igual ou inferior a R$ 1.364,43 (mil trezentos e sessenta 
e quatro reais e quarenta e três centavos), que serão corrigidos pelos mesmos índices 
aplicados aos benefícios do Regime Geral de Previdência Social. ” (BRASIL, 2019). 
Como se pode observar o critério de baixa renda foi mantido pela EC n. 
103/2019 também houve a limitação da renda em um salário mínimo e o 
disciplinamento de quais segurados são considerados de baixa renda. 
A Medida provisória nº 871/2019, convertida na Lei nº 13.846/2019, alterou 
substancialmente as regras de concessão do auxílio-reclusão para estabelecer a 
necessidade de: cumprimento de carência de vinte e quatro meses; prova do 
recolhimento do segurado à prisão em regime fechado; não receber remuneração da 
empresa nem estar em gozo de auxílio-doença, pensão por morte, salário-
maternidade, aposentadoria ou abono de permanência em serviço. (CASTRO; 
LAZZARI, 2020). 
A reclusão deverá ter ocorrido no prazo de manutenção da qualidade de 
segurado. Ser segurado de baixa renda, cujo valor de renda bruta máxima 
pode ser consultado em tabela constante nos anexos desta obra (R$ 1.364,43 
em 2019); Para o STJ e a TNU, o momento de avaliar o preenchimento dos 
requisitos necessários à concessão do auxílio-reclusão, deve ser 
considerada a legislação vigente à época em que ocorreu a prisão, e, ainda, 
 
37 
 
que o benefício também é devido aos dependentes do segurado que, na data 
do efetivo recolhimento, não possuía salário de contribuição – como no caso 
de desempregado – desde que mantida a qualidade de segurado (STJ, 
Repetitivo 896, PEDILEF 5000221-27.2012.4.04.7016, j. 8.10.2014). 
(CASTRO; LAZZARI, 2020. p. 1244). 
Como beneficiários estão os dependentes do segurado recolhido à prisão, terá 
direito também ao auxílio-reclusão o filho nascido durante o recolhimento do segurado 
à prisão, somente a partir da data do seu nascimento. Caso ocorra o casamento no 
momento em que o segurado se encontrar em recolhimento na prisão, o auxílio-
reclusão não será devido, pois se considera dependência superveniente ao fato 
gerador. 
Em relação a carência não houve fixação pela norma 8.213/1991, a Lei n. 
13.846/2019 estabeleceu o período de 24 meses. 
Se a perda da qualidade de segurado ocorrer anteriormente a prisão do agente, 
não será devida a concessão de auxílio-reclusão. 
O valor da renda mensal corresponde a 100% do salário de benefício (arts. 75 
e 80 da Lei n. 8.213/1991). E, a partir da entrada em vigor da EC n. 103/2019, não 
poderá exceder o valor de um salário mínimo. 
Com relação ao período de graça e salário de contribuição temos a regra 
vigente até 17.1.2019: quando não houver salário de contribuição na data do efetivo 
recolhimento à prisão, será devido o auxílio-reclusão, desde que: não tenha havido 
perda da qualidade de segurado; e o último salário de contribuição, tomado em seu 
valor mensal, na data da cessação das contribuições ou do afastamento do trabalho 
seja igual ou inferior aos valores fixados como teto da baixa renda à época. Temos 
também a regra vigente a partir de 18.1.2019:

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