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Digestao em aves: Existem aproximadamente 9.700 espécies de aves, cada uma adaptada para sobreviver em seu ambiente específico. Os interesses veterinários em relação à diversidade das espécies estão relacionados à indústria de alimentos, aves de estimação e cuidados com animais selvagens. Embora as aves compartilhem algumas características comuns, há aspectos distintos em cada uma dessas áreas de interesse, resultando em especializações veterinárias. Este capítulo aborda principalmente as espécies domésticas associadas à indústria alimentícia. Tubo digestorio: O tubo digestório das aves domésticas difere significativamente do sistema digestivo dos mamíferos. Os intestinos são mais curtos para reduzir o peso total. Nas galinhas adultas, o tubo digestório pode ter 200 cm ou mais. As aves não possuem dentes e apresentam um estômago com duas câmaras, ceco duplo e um reto (colo) curto, que se conecta à cloaca. Esta última é responsável pelo descarte de resíduos excretórios, digestivos, e pelo sistema reprodutivo. Orofaringe: A orofaringe, que se estende do bico ao esôfago, inclui boca e faringe, cobertos pelo palato. A coana comunica-se com a cavidade nasal, e a fenda infundibular é curta, localizada caudal nas tubas auditivas. O assoalho da orofaringe é formado por mandíbula, língua e montículo laríngeo, localizado caudalmente à base da língua. A glote (montículo laríngeo) substitui a função da epiglote, ausente nas aves. A língua triangular movimenta o bolo alimentar, impulsionando-o para o esôfago durante a deglutição, com movimentos controlados pelos músculos hioides. Papilas gustativas estão distribuídas em várias áreas da orofaringe, podendo atingir até 300 papilas em galinhas. As glândulas salivares, bem desenvolvidas em galinhas e perus, secretam uma saliva com baixa concentração de amilase. Esôfago e Papo: O esôfago nas aves possuem dois seguimentos cervical e torácico, o esôfago é largo e dilatado assim consegue acomodar os alimentos volumoso não mastigados. Próximo à entrada do esôfago está localizado o papo que armazena o alimento, as glândulas mucosas são responsáveis pela lubrificação do alimento. Estomago: O estômago das aves é composto por duas câmaras: o proventrículo, conhecido como estômago glandular, e o ventrículo, também chamado de moela, que é um estômago muscular. O proventrículo é responsável pela secreção de enzimas digestivas, enquanto o ventrículo é responsável pela trituração mecânica dos alimentos. A superfície mucosa do ventrículo é revestida por uma cutícula espessa, chamada coilina, que se solidifica após a exposição ao pH ácido do ventrículo, protegendo- o contra ácidos e enzimas proteolíticas do proventrículo. A coloração esverdeada ou acastanhada é atribuída ao reflexo de pigmentos biliares do duodeno. Os grãos de areia presentes no ventrículo são utilizados pelas aves herbívoras e granívoras para triturar alimentos duros. Quando os músculos do ventrículo estão ausentes, a digestão dos alimentos duros é mais lenta, resultando em um tempo prolongado de retenção na moela. Intestino delgado: Está localizado em direção caudal do ventrículo para o deodeno e ileo estão bem demarcadas as aves possuem alça duodeno como nos mamíferos. O saco vitelino (diverticulo de meekel) está no terço intermediário do intestino delgado e é usado para transição de jejuns e ileo , composto por capilares sanguíneos , tecido conjuntivo, músculo liso e figuras nervosas presente na lamina são inexistentes ductos quiliferos . Seu término é com anel circular de tecido muscular projetado para dentro do lumen renal e funciona como válvula da junção ileocecocólica. o início do ceco é depois desse anel. Intestino grosso: O Intestino grosso inclui cecos e reto as aves possuem dois cecos direito e esquerdo unidos entre delgado e grosso e seguem até o ileo no qual ficam ligados pelas pregas ileocecais. Na galinha o ceco pode ser dividido em três regioes as vilosidades e da existência ou falta das pregas longitudinais ou transversais. Próximo a junção ileocecal as vilosidades são desenvolvidas e interagem formando um filtro que exclui conteúdo intestinal sólido e permite a entrada dos líquidos. A cecectomia diminui o metabolismo dos alimentos, reduz a digestibilidade das fibras e aumenta a perda de aminoácidos. Além disso a decomposição bactériana ocorrem nos cecos. Reto e Cloaca: O reto se liga do ileo ao compartimento da cloaca . O coprodio segue cranialmente pelo seguimentos uródio e proctodio . Os três são contínuos e separados por duas pregas , as pregas coprourodial e uroproctodial. Os ductos é reprodutivo abrem-se no uródio enquanto o protótipo abre-se por meio do anus(cloaca) . A bursa de fábricius tem função imuni, proteja-se em direção dorsal apartir do protótipo. Fígado e Pâncreas: O figado (lobos direito é esquerdo) e o pâncreas são órgãos acessórios da digestão das aves. O pâncreas está localizado na alça duodenal, são três ductos pancreáticos das galinhas domésticas até o seguimento distal do duodeno caudal. A vesícula biliar e encontrada nas galinhas, perus,patos,e gansos ela é transportada do duodeno por dois ductos de cada Lobo hepático o direito está ligado a vesícula biliar . Os ductos drenam para dentro do duodeno distal dos ductos pancreáticos. Preensão e deglutição: No processo de alimentação das aves, o alimento é agarrado pelo bico e introduzido na boca por movimentos repetitivos da cabeça. A deglutição ocorre em três fases: oral, faríngea e esofágica. Durante a fase oral, o bolo alimentar move-se caudalmente para a faringe por meio de movimentos rostrocaudais da língua, facilitados por papilas orientadas distalmente. Na fase faríngea, a glote e as fendas coanal e infundibular são fechadas, o esôfago move-se para frente, a língua para trás, e as partículas alimentares são empurradas para o esôfago. Na fase esofágica, a peristalse no esôfago move o bolo alimentar em direção ao estômago. Quando o ventrículo não está cheio, o bolo alimentar entra nele; quando está cheio, os músculos esofágicos relaxam, permitindo a entrada do alimento. As aves dependem da gravidade para auxiliar na deglutição da água. Motilidade: Motilidade gastroduodenal: Em galinhas e perus, ocorre uma sequência rítmica de contrações gastroduodenais, com cerca de três contrações por minuto. Durante esta sequência, o alimento move-se do bico para o duodeno, passando por contrações dos músculos ventriculares finos, ondas peristálticas no duodeno, contrações dos músculos ventriculares grossos e uma onda peristáltica no proventrículo. As contrações do proventrículo e do duodeno são controladas por conexões neurais intrínsecas com o ventrículo, com pouca influência da inervação extrínseca. Adicionalmente, ocorre ocasionalmente um movimento oral no qual os conteúdos do duodeno e jejuno superior são refluxados para o ventrículo, promovendo a remistura com as secreções gástricas. Motilidade ileal, cólica e cecal: Estudos radiográficos do íleo em perus mostraram a ocorrência de peristalse e contrações segmentares, ocorrendo em média quatro vezes por minuto e até seis vezes por minuto durante períodos de atividade intensa. O colo conecta o íleo ao compartimento coprodial da cloaca, onde movimentos antiperistálticos são contínuos. Essas contrações têm duas funções principais: movimentar a urina da cloaca para o colo e ceco para reabsorção de água, e preencher os cecos. As contrações antiperistálticas começam na cloaca, ocorrendo a uma frequência de 10 a 14 por minuto em galinhas e perus, cessando pouco antes da evacuação, quando todo o colo contrai para eliminar as fezes. No ceco, há contrações principais associadas às peristálticas do colo, sendo uma série delas ligada à evacuação cecal, enquanto uma única está associada à evacuação. As contrações secundárias têm o papel de misturar o bolo alimentar. As evacuações cecais têm cor marromachocolatada e textura homogênea, diferenciando-se das evacuações intestinais, que são esverdeadas e granulosas. Diariamente, ocorrem uma ou duas evacuações cecais, em comparação com 20 a 25 evacuações intestinais. Secreções salivares, ingluviais e esofágicas: As glândulas salivares das galinhas e dos perus consistem em células secretoras de muco, desempenhando principalmente a função de facilitar a lubrificação. Galinhas secretam entre 7 e 30 ml de saliva mucinosa por dia. O esôfago possui glândulas que secretam muco para lubrificar sua superfície. Em aves galináceas, o muco também é secretado pelo papo, embora não haja secreção de amilase. Uma parte significativa da digestão do amido ocorre no papo devido à ação bacteriana. Além disso, a digestão não bacteriana dos carboidratos ocorre no papo devido à atividade da amilase, que se origina do refluxo intestinal. No estômago e nos intestinos, ocorre uma digestão mecânica e química mais completa. Secreções gástricas: No proventrículo das aves, glândulas mucosas simples e compostas secretam muco, ácido clorídrico (HCl) e pepsinogênio. A pepsina, formada a partir do pepsinogênio em um ambiente ácido, inicia a quebra de moléculas proteicas em polipeptídios. O pH do suco gástrico é adequado para a atividade péptica eficaz (0,5 a 2,5), enquanto o pH do conteúdo gástrico é mais alto (4,8) devido ao bolo alimentar. O ventrículo (moela) realiza uma ação trituradora para reduzir as dimensões das partículas alimentares e misturar os líquidos digestivos. A presença de grãos, como areia, auxilia na trituração, sendo especialmente útil em dietas com partículas grandes. Em rações comerciais preparadas, a trituração é facilitada durante o processo de produção, eliminando a necessidade de grãos adicionais. Secreções intestinais, pancreáticas e biliares: A digestão química nas aves ocorre principalmente no intestino delgado, com o pâncreas exócrino secretando enzimas como lipase, amilase e precursores de enzimas proteolíticas. A ativação dessas enzimas ocorre no lúmen intestinal, evitando a autodigestão no pâncreas. Enzimas proteolíticas, como tripsina e quimotripsina, quebram moléculas proteicas, formando oligopeptídios, e carboxipeptidases no lúmen intestinal liberam aminoácidos. Aminopeptidases e dipeptidases na borda escovada do intestino realizam a hidrólise de oligopeptídios. Para carboidratos, a α-amilase pancreática hidrolisa amilose e amilopectina, formando maltose. Enzimas como maltase, isomaltase e sacarase convertem dissacarídeos em glicose e frutose. A digestão de gorduras envolve lipase pancreática, emulsificação por sais biliares e absorção de ácidos graxos e glicerol. O pâncreas exócrino secreta bicarbonato para neutralizar o quimo ácido, mantendo o pH ideal no intestino. A bile, secretada no duodeno, facilita a neutralização do quimo, enquanto os sais biliares são reciclados. Fatores que afetam a secreção: A secreção pancreática é controlada por componentes neurais e hormonais. O componente neural tem uma fase cefálica, por meio da qual a visão do alimento aumenta a secreção. A secreção aquosa do pâncreas é estimulada pelo peptídio intestinal vasoativo em resposta à entrada do quimo ácido no duodeno. A secreção de colecistoquinina inicia a secreção das enzimas pancreáticas. O PIV não estimula a secreção das enzimas pancreáticas. Além disso, a distensão do proventrículo por peptonas não apenas estimula a secreção das enzimas pancreáticas, como também do componente aquoso. A dieta pode afetar a taxa de secreção das enzimas pancreáticas. Função cecal: Os cecos são preenchidos pela atividade antiperistáltica do colo. Um anel muscular circular do íleo projeta-se adentro do colo e sua contração impede efetivamente o reflexo do material do colo para dentro do íleo. A urina é refluída da cloaca para dentro do colo e entra nos cecos por meio da atividade antiperistáltica do colo. Regulação da motilidade e da secreção: O texto explica como as diferentes fases da digestão das aves são reguladas por estímulos nervosos e hormonais. A fase cefálica envolve a visão do alimento e a hipoglicemia, que aumentam a motilidade e a secreção do estômago. A fase gástrica depende da ingestão do alimento e do teor de proteínas da dieta, que também estimulam a atividade gástrica. A fase duodenal é influenciada pela distensão do duodeno e pela presença de ácidos, proteínas e gorduras, que diminuem a motilidade gástrica e aumentam a secreção pancreática. A gastrina, a secretina, o CCQ e o PIV são hormônios que participam da regulação da digestão das aves. Absorção: O texto descreve como os nutrientes são absorvidos no intestino das aves. Os carboidratos e os aminoácidos são absorvidos no duodeno e no jejuno por transporte passivo ou ativo, dependendo da concentração de glicose. As gorduras são absorvidas na metade distal do jejuno e no ileo, depois de serem emulsificadas e reesterificadas em portomícrons. Os ácidos graxos voláteis são absorvidos no íleo e no ceco por transporte passivo, após serem produzidos pela decomposição microbiana do ácido úrico. Utilização da gema: O texto explica como os embriões das aves usam os lipídios da gema para obter energia durante a incubação. Os lipídios da gema são transportados para o sangue por endocitose e para o intestino por secreção do pedículo vitelino. No intestino, os lipídios são hidrolisados e absorvidos no duodeno, mas não no íleo e no ceco. O pedículo vitelino é fechado por linfócitos depois da eclosão e se transforma em tecido linfopoético. O pedículo vitelino é também chamado de divertículo de Meckel. Ontogenia gastrintestinal: O texto aborda como o sistema digestivo das aves se adapta à mudança de fonte alimentar depois da eclosão do ovo. O texto afirma que o tubo gastrintestinal das aves é imaturo na eclosão e precisa crescer e aumentar a atividade enzimática para digerir os alimentos exógenos. O texto também destaca que a superfície de absorção do intestino delgado se expande rapidamente por causa do desenvolvimento das vilosidades e das microvilosidades. Fatores associados à água e aos alimentos: O texto trata do equilíbrio hídrico e do sentido gustativo das aves domésticas. O texto explica que as aves mantêm o equilíbrio hídrico ingerindo água por via oral e regulando as perdas com as fezes e a urina. Os rins, o intestino e os hormônios são responsáveis por ajustar a absorção e a excreção de água e eletrólitos. O texto também aborda como as aves reagem a diferentes sabores, temperaturas e pH da água. O texto mostra que as aves são indiferentes aos sabores doce e amargo, mas podem preferir soluções de sacarose se a dieta for pobre em calorias. O texto também revela que as aves evitam a água quente e preferem a água fria, e que têm uma ampla tolerância à acidez e à alcalinidade da água.
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