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APS DE DIREITO CONSTITUCIONAL Francine Aparecida Matos da Conceição/ RA: 2579500 – Turma: B – Noturno – Liberdade Situação para a atividade prática supervisionada: Considere o caso seguinte: um deputado federal, um deputado estadual e um vereador estão sendo investigados, pois, há indícios de que, sem ligação entre si, cometeram crimes no exercício de suas funções. O Ministério Público pede que os parlamentares sejam afastados cautelarmente dos seus mandatos, para evitar que prejudiquem as investigações. Como juiz competente para a causa, considerando as regras constitucionais e as funções das imunidades parlamentares, bem como as posições do Supremo Tribunal Federal a respeito do tema, decida fundamentadamente sobre a possibilidade de afastamento de cada um dos membros do Poder Legislativo, nas três esferas federativas. Textos sugeridos: STF, AC 4.327 Agr-terceito- AgR, rel. p. acórdão min. Roberto Barroso, j. 28-9-2017, 1ª Turma, DJ de 26-10-2017; STF, ADI 5.526, rel. p. acórdão min. Alexandre de Moraes, j. 11-10-2017, P. (Disponíveis em: http://www.stf.jus.br). Dessa forma, quantos aos deputados: Segundo o art. 53 da Constituição Federal, deputados são invioláveis civil e penalmente por seus votos, ações e palavras, dando aos mesmos direito de ter julgamentos feitos pelo Supremo Tribunal Federal desde a expedição de seus diplomas eleitorais e em caso da necessidade de prisão só caberá nas hipóteses do seguinte artigo: Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. § 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão. Mesmo com a hipótese trazida no caput do artigo acima, tal conduta ainda deve ser avaliada e votadas pela Câmara de Deputados para decidir se será mantido ou não o afastamento do parlamentar investigado. No caso trazido nos autos, posto a conduta dos respectivos parlamentares, o pedido do Ministério Público Federal opta pelo afastamento dos parlamentares, para que não haja uma interferência por parte destes na investigação. Como tal pedido vista apenas o afastamento das funções, o caso dos deputados é amparado por lei e até mesmo por jurisprudência, posto que é completamente possível o afastamento de deputados de suas funções caso estes sejam flagrados praticando crimes inafiançáveis, como pode ser visto no julgado abaixo: AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. DEPUTADO ESTADUAL. AFASTAMENTO DO CARGO DE PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA. FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO. COMPETÊNCIA DO JUIZ DE PRIMEIRO GRAU. PRECEDENTE DO STF. CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. 1) Aduz o agravante pela impossibilidade de aplicação da lei de improbidade administrativa em desfavor de parlamentar. Nesse ponto, há que se ressaltar, por definição do Supremo Tribunal Federal, o seguinte: “Esta Suprema Corte tem advertido que, tratando-se de ação civil por improbidade administrativa (Lei n. 8.429/92), mostra-se irrelevante, para efeito de definição da competência originária dos Tribunais, que se cuide de ocupante de cargo público ou de titular de mandato eletivo ainda no exercício das respectivas funções, pois a ação civil em questão deverá ser ajuizada perante magistrado de primeiro grau.” (RE 705.687-RN). 2) Em relação à formação da prova pelo órgão acusador, que no dizer do agravante encontra-se fundada em confecção unilateral e por isso viola os postulados da ampla defesa e do contraditório, tal alegação não procede, uma vez que, em admitida a ação civil pública por improbidade administrativa, as partes terão as mesmas oportunidades de produção de prova, no momento processual pertinente, sendo o anterior baseados em indícios suficientes para compreender a inicial em forma, de modo que desde o momento de manifestação preliminar, o requerido já poderá instruir o feito com documentos e justificações que entender pertinentes. No tocante aos demais argumentos, entre os quais o de inimizade capital do agravante com o Promotor responsável pela confecção da prova, também essa questão passa pelo princípio da ampla defesa, possibilidade pela qual o recorrente terá a seu dispor todos os mecanismos legais da contraprova e dos incidentes processuais. 3) No ponto em que alega o agravante acerca da decisão hostilizada ser ressentida de motivação idônea, pelo afastamento preventivo da função e com prazo indeterminado, há que se ressaltar o dispositivo legal que autoriza a medida, quando a mesma se fizer necessária à instrução processual. Nesse sentido, dá-se conta, inclusive, em ausência de ofensa ao postulado da separação dos Poderes, que na espécie não causa qualquer obstrução ao exercício da administração de um Poder Constituído, pois, mais uma vez afirma-se, o afastamento é apenas do exercício da função de Presidente da 1 Assembleia Legislativa, e não do mandato eletivo. 4) agravo de instrumento desprovido. Nº do processo: 0000949-78.2014.8.03.0000 AGRAVO DE INSTRUMENTO CÍVEL Agravante: MOISES REATEGUI DE SOUZA Advogado(a): JOSE SEVERO DE SOUZA JUNIOR - 1488AP Agravado: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO AMAPÁ Relator: Desembargadora STELLA SIMONNE RAMOS Respeitando os princípios constitucionais que guardam os direitos dos respectivos deputados e diante do enquadramento da situação nos termos do inciso 2º do art. 53 da Constituição, os autos serão enviados para as respectivas casas para que o voto da maioria resolva sobre a decisão do judiciário em acatar o pedido do MP em afastar os respectivos deputados de suas funções . Quanto ao vereador: Vereadores também são amparados pelo art. 53 da Constituição Federal, no entanto, sua imunidade é formal, utilizada pelo princípio da simetria, onde o mesmo fica protegido e com certas imunidades quando está dentro dos limites dos municípios. No entanto, apesar de sua prerrogativa de imunidade parlamentar dentro do município, este também não está completamente imune de ser afastado de suas funções caso cometa algum crime e seja preso em flagrante pelo mesmo, a grande diferença é que este será julgado na justiça comum. Os autos e o pedido do MP devem ser encaminhados ao Tribunal de Justiça de competência, ficando a cargo do Juiz de primeiro piso decidir pela prisão do mesmo, de acordo com a jurisprudência.
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