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GESTÃO DE OBRA Gestão de Obra Priscila Maria Santiago Pereira Hudson Goto Rafaela Franqueto GESTÃO DE OBRA (Gestão de Obras) Priscila Maria Santiago Pereira Hudson Goto Rafaela Franqueto GRUPO SER EDUCACIONAL gente criando o futuro Nesta disciplina, você terá a oportunidade de obter uma visão geral de uma área que é de extrema importância na construção civil. Isso posto, pela óptica do planejamento de obras, de custos, da segurança e da gestão, conhecerá o passo a passo para que uma construção seja bem-sucedida. Os projetos e obras, muitas vezes com um grau elevado de complexidade, exigem pro- � ssionais preparados para tomar ações preventivas e corretivas, de maneira cons- ciente e embasados em conhecimentos técnicos consistentes. O material elaborado aborda, de maneira prática e clara, os principais conceitos e fer- ramentas necessários para planejar, programar, controlar e, se necessário, reprogra- mar, além de outros tópicos interligados ao tema e relevantes para sua formação. SER_ARQURB_GEOBRA_CAPA.indd 1,3 19/02/2021 17:34:21 © Ser Educacional 2021 Rua Treze de Maio, nº 254, Santo Amaro Recife-PE – CEP 50100-160 *Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal. Imagens de ícones/capa: © Shutterstock Presidente do Conselho de Administração Diretor-presidente Diretoria Executiva de Ensino Diretoria Executiva de Serviços Corporativos Diretoria de Ensino a Distância Autoria Projeto Gráfico e Capa Janguiê Diniz Jânyo Diniz Adriano Azevedo Joaldo Diniz Enzo Moreira Priscila Maria Santiago Pereira Hudson Goto Rafaela Franqueto DP Content DADOS DO FORNECEDOR Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design Instrucional, Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico e Revisão. SER_ARQURB_GEOBRA_UNID1.indd 2 19/02/2021 17:46:18 Boxes ASSISTA Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações comple- mentares ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado. CITANDO Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa relevante para o estudo do conteúdo abordado. CONTEXTUALIZANDO Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato; demonstra-se a situação histórica do assunto. CURIOSIDADE Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto tratado. DICA Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado. EXEMPLIFICANDO Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto. EXPLICANDO Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específica da área de conhecimento trabalhada. SER_ARQURB_GEOBRA_UNID1.indd 3 19/02/2021 17:46:19 Unidade 1 - Planejamento físico e financeiro na construção Objetivos da unidade ........................................................................................................... 14 Planejamento físico ............................................................................................................. 15 EAP ..................................................................................................................................... 17 Método do caminho crítico (Critical Path Method – CPM) ...................................... 19 Cronograma ...................................................................................................................... 21 Histograma de recursos ................................................................................................. 23 Curva S (para estimativa do progresso) ...................................................................... 26 Planejamento financeiro de execução de obras ........................................................... 30 Cronograma financeiro ................................................................................................... 30 Curva S: estimativa de custo ......................................................................................... 34 Curva ABC ......................................................................................................................... 34 Sintetizando ........................................................................................................................... 39 Referências bibliográficas ................................................................................................. 40 Sumário SER_ARQURB_GEOBRA_UNID1.indd 4 19/02/2021 17:46:19 Sumário Unidade 2 - Análise técnica construtiva e canteiro de obras Objetivos da unidade ........................................................................................................... 43 Análise técnica construtiva ............................................................................................... 44 Construtibilidade .............................................................................................................. 49 Racionalização da construção ...................................................................................... 55 Canteiro de obras ................................................................................................................. 57 Planejamento do canteiro de obras ............................................................................. 59 Arranjos e elementos do canteiro de obras ............................................................... 61 Sintetizando ........................................................................................................................... 69 Referências bibliográficas ................................................................................................. 70 SER_ARQURB_GEOBRA_UNID1.indd 5 19/02/2021 17:46:19 Sumário Unidade 3 - Segurança e higiene do trabalho e as normas da ABNT Objetivos da unidade ........................................................................................................... 73 Segurança, higiene e qualidade de vida no trabalho ................................................... 74 Riscos de acidente de trabalho .................................................................................... 74 Higiene do trabalho ......................................................................................................... 79 Qualidade de vida no trabalho ...................................................................................... 82 Normas: higiene e segurança do trabalho e construção civil .................................... 89 Programas de prevenção de riscos e acidentes ....................................................... 91 Sintetizando ........................................................................................................................... 94 Referências bibliográficas ................................................................................................. 95 SER_ARQURB_GEOBRA_UNID1.indd 6 19/02/2021 17:46:19 Sumário Unidade 4 - Composições unitárias e cronograma físico-financeiro de construção Objetivos da unidade .........................................................................................................100 Composições unitárias de preço ..................................................................................... 101 Composição de custos ................................................................................................. 101 Composição de custos unitários ................................................................................. 103 Orçamento............................................................................................................................ 105 Planejamento financeiro de execução de obras .....................................................106 Orçamento da obra ....................................................................................................... 108 Fontes de composição de custos unitários: bases orçamentárias ...................... 112 Cronograma físico-financeiro de construção ............................................................... 116 Cronograma físico-financeiro ..................................................................................... 117 Matriz de controles financeiros .................................................................................. 124 Sintetizando ......................................................................................................................... 127 Referências bibliográficas ............................................................................................... 128 SER_ARQURB_GEOBRA_UNID1.indd 7 19/02/2021 17:46:19 SER_ARQURB_GEOBRA_UNID1.indd 8 19/02/2021 17:46:19 Olá aluno(as)! Nesta disciplina, você terá a oportunidade de obter uma visão geral de uma área que é de extrema importância na construção civil. Isso posto, pela óptica do planejamento de obras, de custos, da segurança e da gestão, conhecerá o passo a passo para que uma construção seja bem-sucedida. Os projetos e obras, muitas vezes com um grau elevado de complexidade, exigem profi ssionais preparados para tomar ações preventivas e corretivas, de maneira consciente e embasados em conhecimentos técnicos consistentes. O material elaborado aborda, de maneira prática e clara, os principais con- ceitos e ferramentas necessários para planejar, programar, controlar e, se ne- cessário, reprogramar, além de outros tópicos interligados ao tema e relevan- tes para sua formação. Bons estudos! GESTÃO DE OBRA 9 Apresentação SER_ARQURB_GEOBRA_UNID1.indd 9 19/02/2021 17:46:19 Dedico este trabalho àqueles que amo muito e que preenchem os meus dias de cor, luz e calor: meu marido, Renato; meus fi lhos, Rafael e Pedro; e minha mãe, Zilda. A professora Priscila Maria Santiago Pe- reira é mestra em Engenharia de Constru- ção Civil e Urbana pela Escola Politécnica da USP (2001) e especialista em Gerenciamen- to de Operações em Construção Civil e em Gerenciamento da Empresa de Construção Civil pela FDTE/USP (1994). Graduada em Engenharia Civil pela Faculdade de Enge- nharia Civil de Itajubá (FECI, 1985), atua nos seguintes temas: gerenciamento de em- preendimentos habitacionais, verticalização de favelas, planejamento urbano, melhora- mento em hidrovias, gestão de resíduos e infraestrutura urbana. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/6303712299147774 GESTÃO DE OBRA 10 A autora SER_ARQURB_GEOBRA_UNID1.indd 10 19/02/2021 17:46:20 A todos aqueles que não se contentam com o século presente, mas buscam a transformação pela renovação da mente, ansiando pelo entendimento da boa, agradável e perfeita vontade divina. O professor Hudson Goto é mestre pelo programa de pós-graduação em Engenharia de Construção Civil da Universidade Federal do Paraná (UFPR) (2017), especialista em Patologia das Construções pela Universida- de Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) (2014) e possui MBA em Gerenciamento de Projetos pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) (2012). Graduado em Engenharia Ci- vil pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) (2005). Atua como engenheiro civil de manutenção de usinas hidrelétricas, com enfoque em segurança, manutenção e ins- peções de barragens. Possui experiência em elaboração de orçamentos e acompanha- mento de obras de pequeno e médio porte, com gerenciamento de mão de obra própria e terceirizada, elaboração de cronogramas físicos e negociação com fornecedores. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/6402604111910324 O autor GESTÃO DE OBRA 11 SER_ARQURB_GEOBRA_UNID1.indd 11 19/02/2021 17:46:20 Dedico a todos os queridos alunos e a quem acredita na educação e na ciência como agentes de transformação social. A professora Rafaela Franqueto é doutora em Engenharia Ambiental (2020) pela Uni- versidade Regional de Blumenau, mestra em Engenharia Sanitária e Ambiental pela Universidade Estadual do Centro-Oeste (2016) e graduada em Engenharia Ambiental pela Universidade Estadual do Centro-Oes- te (2014). É técnica em Análises Clínicas pelo Senac (2010). Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/7039997629117176 A autora GESTÃO DE OBRA 12 SER_ARQURB_GEOBRA_UNID1.indd 12 19/02/2021 17:46:21 PLANEJAMENTO FÍSICO E FINANCEIRO NA CONSTRUÇÃO 1 UNIDADE SER_ARQURB_GEOBRA_UNID1.indd 13 19/02/2021 17:46:35 Objetivos da unidade Tópicos de estudo Identificar a importância do planejamento físico e financeiro para a gestão de obras; Reconhecer as ferramentas e técnicas utilizadas no planejamento e programação física e financeira de obras; Elaborar e interpretar elementos como gráfico de Gantt, rede CPM e as curvas S e ABC. Planejamento físico EAP Método do caminho crítico (Critical Path Method – CPM) Cronograma Histograma de recursos Curva S (para estimativa do progresso) Planejamento financeiro de execução de obras Cronograma financeiro Curva S: estimativa de custo Curva ABC GESTÃO DE OBRA 14 SER_ARQURB_GEOBRA_UNID1.indd 14 19/02/2021 17:46:36 Planejamento físico Fazemos uso de planejamento em muitas atividades diárias e, muitas vezes, nem nos damos conta disso. A decisão sobre qual caminho esco- lheremos para chegar ao trabalho ou à faculdade ou, ainda, como nos organizaremos no fi nal de semana são fatores que nos levam a planejar nossas atividades. Assim, planejar signifi ca escolher a forma como iremos atingir determina- do objetivo, de que maneira chegaremos a ele: em quanto tempo, quais recur- sos serão utilizados e quanto isso custará. Para que esse planejamento seja efi - ciente, é fundamental a obtenção do maior número possível de informações – e que o planejado seja controlado, a fi m de que falhas ou problemas que venham a ocorrer sejam identifi cados o mais breve possível e corrigidos. Planejamento, segundo Formoso (1991 apud Bernardes, 2001, p. 17), pode ser defi nido como “o processo de tomada de decisão que envolve o estabe- lecimento de metas e dos procedimentos necessários para atingi-las, sendo efetivo quando seguido de um controle”. Na gestão de obras, o planejamento tem função extremamente importan- te. Um bom planejamento e controle podem ser a diferença entre o sucesso ou o fracasso do empreendimento. Gerenciar uma obra é fazer com que as coisas aconteçam por meio de terceiros, e implica acompanhar a execução técnica, controlar o cumprimento do cronograma, o planejamento fi nanceiro e todas as pessoas envolvidas direta e indiretamente. Durante a execução da obra, é muito comum que alguns imprevistos ocor- ram – e certamente eles irão! É preciso, no entanto, estar atento para agir rapi- damente e fazer as alterações necessárias, razão pela qual o controle na obra é indispensável. É importante destacar que o planejamento de uma obra ou de qualquer outro projeto envolve a participação de diversas áreas da empre- sa, como, por exemplo, a área de projetos, de obras, orçamento, suprimentos, meio ambiente, e os departamentos fi nanceiro e jurídico. GESTÃO DE OBRA 15 SER_ARQURB_GEOBRA_UNID1.indd 15 19/02/2021 17:46:37 Se essa participação não ocorrer desde o início, o planejamento será ineficiente e, certamente, vários problemas que poderiam ter sido pre- vistos poderão ocorrer durante a obra, acarretando atraso e desperdício de recursos, isso se não resultarem em algo ainda mais grave. Imagine que as obras estão prestes a serem iniciadas e, somente nesse momento, você é informado da necessidade de uma licença ambiental que não foi providenciada porque a área ambiental não participou da elaboração do planejamento? Como, porém, realizar um bom planejamento de obra? A definição deta- lhada, clara e objetiva do escopo da obra pode ser consideradao primeiro passo para um bom planejamento. Definido o objetivo a ser atingido, inicia-se a definição de “como” a obra será feita. Nessa fase, já com o conhecimento das características da obra, estabelece-se a estratégia a ser implementada para sua execução. EXPLICANDO Escopo pode ser entendido como “o que” vai ser feito. Há, em gestão de projetos, várias definições para esse termo. Segundo Carvalho e Rabechi- ni Jr. (2011, n.p.), “escopo, na verdade, refere-se ao trabalho a ser realiza- do no âmbito do projeto”. Pode haver necessidade de alteração do escopo durante o andamento da obra; por exemplo, na implantação de um projeto de urbanização, verifica-se que há uma adutora no local que interferirá no andamento da obra. Nesse caso, o planejamento precisa ser alterado (reprogramado), considerando as alterações necessárias. A definição e o detalhamento das estratégias que serão adotadas na obra, como tecnologias que serão utilizadas, os materiais, os equipamentos, entre ou- tros, possibilitam um maior conhecimento de todo o processo, tornando-o mais eficiente. Nessa etapa de elaboração do planejamento físico de uma obra, é ne- cessário o uso de algumas técnicas que auxiliarão tanto no planejamento quanto no controle do que será realizado. Algumas delas são: • EAP; • Método do caminho crítico (Critical Path Method – CPM); • Cronograma; • Histograma de recursos; • Curva S. GESTÃO DE OBRA 16 SER_ARQURB_GEOBRA_UNID1.indd 16 19/02/2021 17:46:37 EAP Segundo Carvalho e Rabechini Jr. (2011, p. 89), a estrutura analítica do projeto (EAP), ou Work Breakdown Structure (WBS), “é a representação do processo de desagregação (para baixo) e integração (para cima) do trabalho do projeto que vai ajudar o gerente de projetos na execução e controle das atividades do proje- to”. Esclarecendo: projeto, aqui, deve ser entendido como o empreendimento, a obra. Afi nal, toda obra é um projeto único e com datas de início e término defi ni- das, o que confi gura-se como as principais características de um projeto. A identifi cação das atividades necessárias para a execução e conclusão da obra é um trabalho muito importante e é a primeira etapa para a elaboração do planejamento de obra. Não é, porém, uma prática simples. Mesmo gerentes com grande experiência, dependendo do tipo de projeto ou obra, encontram di- fi culdades em sua elaboração. Informações de campo, opiniões de profi ssionais especializados, conhecimentos técnicos e obras similares podem contribuir para defi nição dessas atividades e elaboração da EAP. Desta maneira, a estrutura analítica do projeto (EAP) consiste em uma listagem de todas as atividades a serem executadas em ordem hierárquica e auxilia na mon- tagem dos cronogramas e no controle das atividades de obra. As atividades são de- compostas em componentes menores até chegarem em pacotes de trabalho, nos quais é possível fazer uma previsão mais confi ável de data e custo. Uma das van- tagens da EAP é possibilitar uma melhor estimativa da duração, recursos e custo da obra. Ademais, ela deve detalhar todo o trabalho necessário para execução do escopo e, dependendo da complexidade da obra, poderá ter diversos níveis. A Figura 1 representa uma EAP para a construção de uma casa. Observe que haveria possibilidade de colocar níveis mais baixos em alguns serviços dessa EAP, como no caso do revestimento. Esse serviço poderia ser “revestimento interno” e “revestimento externo”, por exemplo. O mais importante a ser considerado na elaboração da EAP é que seu uso possibilita a visão de todo o escopo da obra e, dessa maneira, torna-se fácil identifi car quais os responsáveis por cada etapa. ASSISTA Assista ao vídeo disponibilizado no canal Mario H. Trentim - Gestão & Projetos, que discorre sobre gerenciamento do escopo e estrutura analítica de um projeto. GESTÃO DE OBRA 17 SER_ARQURB_GEOBRA_UNID1.indd 17 19/02/2021 17:46:38 CASA Serviços preliminares Limpeza do terreno Alvenaria Água Estrutura do telhado LimpezaSapata Instalação do canteiro de obras Revestimento Esgoto Telhado Locação da obra Esquadrias Elétrica Telefonia Fundação Vedações edivisórias Instalações Cobertura Serviços complementares Figura 1. EAP de uma casa. A EAP pode também ser representada por meio de tabelas. O Quadro 1 a seguir mostra uma EAP em forma de tabela. CASA 01. Serviços preliminares 01.01. Limpeza 01.02. Água/Luz 01.03. Canteiro 02. Projeto 02.01. Planta 02.01.01. Arquitetura 02.01.02. Elétrica 02.01.03. Hidráulica 02.01.04. Estrutural 02.02. Aprovações 02.02.01. Plantas02.02.02. Alvarás 03. Construção 03.01. Fundação 03.02. Estrutura 03.03. Telhado 03.04. Esquadrias 03.05. Alvenaria 04. Sistemas 04.01. Água04.02. Elétrica 05. Acabamento 05.01. Pintura 05.01.01. Interna05.01.02. Externa 05.02. Revestimentos 05.02.01. Banheiros 05.02.02. Cozinha 05.02.03. Quartos 05.02.04. Outros 05.03. Vidros 05.04. Armários QUADRO 1. EAP EM FORMA DE TABELA GESTÃO DE OBRA 18 SER_ARQURB_GEOBRA_UNID1.indd 18 19/02/2021 17:46:38 CASA 06. Serviços complementares 06.01. Limpeza 06.02. Jardinagem 07. Gerência 07.01. Plano 07.02. Acompanhamento 07.03. Entrega/Encerramento Fonte: CARVALHO; RABECHINI JR., 2011, n.p. (Adaptado). Método do caminho crítico (Critical Path Method – CPM) Diagrama de rede, ou Critical Path Method (CPM), é a representação gráfi ca de um programa/projeto ou, no caso em estudo, uma obra. É uma ferramenta muito utilizada no setor de construção e apresenta a sequência lógica de um planejamento com as interdependências das atividades. Aqui, faz-se a representação da rede conectando-se todas as atividades. Para isso, é necessário caracterizar as interligações entre as atividades, ou seja, as relações de dependência entre elas e a sequência de execução, defi nindo qual atividade será executada primeiro (predecessora). As atividades podem ser representada por círculos que simbolizam a transição entre as atividades e por setas, que são as atividades a serem executadas. Outra forma é representar as atividades em nós. Neste caso, os nós são caixas e as fl echas são as relações de precedência, sendo essa a maneira mais usual de apresentação do CPM. Imagine, por exemplo, que, na obra de uma casa, você tenha a atividade “revestimento” e “pintura da parede interna da parede” para ser executada. A sequência das atividades seria: Execução do chapisco → Emboço → Reboco → Pintura As relações de precedência podem ser de vários tipos, conforme afi rmar Carvalho e Rabechini Jr. (2011): • Término/início: o início do trabalho da atividade sucessora depende do término da predecessora; • Término/término: o término do trabalho da atividade sucessora depende do término do trabalho da predecessora; • Início/início: o início do trabalho da atividade su- cessora depende do início da predecessora; • Início/término: o término do trabalho da ati- vidade sucessora depende do início do trabalho da predecessora. GESTÃO DE OBRA 19 SER_ARQURB_GEOBRA_UNID1.indd 19 19/02/2021 17:46:39 Para a elaboração da rede, é necessário conhecer bem as durações das ativi- dades e atribuir estimativas de tempo e recursos para cada uma delas. A dura- ção das atividades, que pode ser em horas, dias, semanas, meses, entre outros, está diretamente ligada à quantidade de recursos disponíveis, à quantidade de serviços que serão realizados e à produtividade (ADOMA; MAZUTTI, 2019). Lem- bre-se também de que a definição do processo construtivo ou do material esco- lhido para a realização das atividades terá impacto direto na duração. A escolha do material a ser utilizado na estrutura (concreto usinado ou concreto produzido na obra com betoneira) vai alterar a duração da atividade “concretagem da estrutura”. No caso de obras de manutenção em pontes e viadutos, a interferência do trânsito local também vai ter impacto na duração das atividades. Assim, a definição de como serão feitas as intervençõesdeve ocorrer na fase do planejamento. Além disso, a estimativa de duração das atividades deve levar em conta a região onde a obra será executada e também a época do ano. Obras similares já executadas anteriormente pela empresa podem servir de parâmetro para estabelecer as durações; porém, como o período de chuvas, a mão de obra e mesmo o clima têm implicações no andamento da obra, ao se fazer a estimati- va da duração, tudo isso deve ser considerado. No exemplo “revestimento e pintura da parede interna da parede”, imagine que a duração de cada uma das atividades seja de 1 (um) dia. A representação gráfica da rede seria: Chapisco 1 Emboço 1 Reboco 1 Pintura 1 Figura 2. Rede de precedência. Utilizamos o CPM (Critical Path Method, ou método do caminho crítico) para identificar as atividades que não podem atrasar, sob pena de prejudicar a du- ração do projeto. Essas atividades são chamadas de atividades críticas e são aquelas que não têm folga alguma. As demais atividades, não críticas, e, por- tanto, com folga, podem atrasar um pouco para começar ou para terminar (até o limite da folga especificada) sem que o projeto seja prejudicado. GESTÃO DE OBRA 20 SER_ARQURB_GEOBRA_UNID1.indd 20 19/02/2021 17:46:39 CURIOSIDADE Você vai ouvir sobre Program Evaluation and Review Technique – PERT, ou PERT/CPM. Na verdade, PERT e CPM são métodos de programação distintos. Embora ambos tenham sido desenvolvidos no mesmo ano (1958), o PERT, desenvolvido para a Equipe de Projetos Espaciais da Marinha Norte-Americana, teve aplicação no Sistemas de Mísseis Polaris e tem as- pectos probabilísticos. Já o CPM foi desenvolvido para a empresa DuPont para projetos de produtos químicos, com abordagem determinística para estimativas de duração das atividades. O caminho crítico é, portanto, a sequência de atividades que representa o caminho mais longo do projeto ou obra. É importante ressaltar que, em uma obra, pode haver mais de um caminho crítico. Já folga, segundo Pinheiro e Crivelaro (2014, p. 97), “é a dife- rença entre o intervalo de tempo existente para o início e o término de uma atividade e a sua duração prevista”. Cronograma A representação do cronograma físico é frequentemente realizada pelo grá- fi co de Gantt, ou diagrama de Gantt, ou gráfi co de barras. O gráfi co de Gantt é talvez uma das técnicas mais utilizadas para representar um cronograma de obra. A facilidade de elaboração, compreensão e alteração são as principais vantagens desse gráfi co. Ele é bastante utilizado nos relatórios e apresenta- ções para os clientes na exibição do progresso da obra. CURIOSIDADE Você sabia que o gráfi co de Gantt foi inicialmente elaborado pelo en- genheiro mecânico Henry Gantt para controle diário da produção? Em 1917, durante a Primeira Guerra Mundial, esse gráfi co foi utilizado para a construção de navios de guerra, segundo Pinheiro e Crivelaro em seu livro Planejamento e custos de obras, de 2014. Nele, as atividades que serão desenvolvidas são representadas em forma de barras horizontais com a identifi cação de início e fi m da atividade. Para con- trole, podem ser criadas barras paralelas com as atividades já realizadas. Como desvantagem, podemos citar o fato de não ser possível identifi car as interde- pendências das atividades. GESTÃO DE OBRA 21 SER_ARQURB_GEOBRA_UNID1.indd 21 19/02/2021 17:46:39 Depois de definida a sequência das atividades e sua duração, pode-se dar início à elaboração do cronograma de obra, estabelecendo a data de início e término de cada atividade. Recomenda-se começar pelas atividades críticas, que têm folga zero. Na sequência, as demais são programadas, que podem começar um pouco mais tarde do que a data mais cedo possível. No Quadro 2, temos a representação de cronograma físico. Atividades Duração (semanas) Duração (semanas) 1 2 3 Atividade A 1 Atividade B 1 Atividade C 1 QUADRO 2. REPRESENTAÇÃO DE UM CRONOGRAMA FÍSICO Pode-se optar por iniciar uma atividade não crítica mais tarde do que ela poderia em função da disponibilidade de recursos, por exemplo. Dessa forma, seria possível usar os recursos disponíveis – pessoas, materiais e equipamen- tos – da forma mais eficiente possível, com pouca ou nenhuma ociosidade. Por isso, às vezes, é interessante postergar o início de uma atividade para aguardar a liberação de um recurso que ainda está sendo utilizado em uma atividade em vias de ser concluída. Nesse momento, os histogramas de recurso são particularmente úteis, uma vez que eles mostram o consumo dos recursos-chave durante a execução do projeto. Isso nos permite identificar, a priori, quando um recurso estará escas- so (consumo acima da disponibilidade) e/ou sua ociosidade ao longo do tempo. Isso posto, é muito comum em relatórios gerenciais a apresentação do cro- nograma ou diagrama de marcos. Esse é bem semelhante ao cronograma de Gantt, mas é focado nos marcos da obra, ou seja, nas etapas importantes a serem atingidas. GESTÃO DE OBRA 22 SER_ARQURB_GEOBRA_UNID1.indd 22 19/02/2021 17:46:39 0 10 A At iv id ad es Tempo B C D E F G H 20 30 40 50 Figura 3. Diagrama de marcos. Há, no mercado, vários aplicativos específi cos para o gerenciamentos de obras, e muitos fazem uso dessas mesmas ferramentas. É importante, no entan- to, que o profi ssional conheça os conceitos e as técnicas nas quais o software se baseia para que possa utilizá-lo com conhecimento, discernimento e segurança. Histograma de recursos Histograma é uma ferramenta muito útil na obra, seja o histograma de pes- soal, seja o de material ou o de equipamento. Assim, “o histograma de recursos é um gráfi co de colunas que representa a quantidade requerida do recurso por unidade de tempo” (MATOS, 2010 apud ADOMA; MAZUTTI, 2019, n.p.). O histograma de pessoal permite o dimensionamento da mão de obra necessária para execução de cada atividade, facilitando prever com antecedência a neces- sidade ou o excesso de trabalhadores. Com o cronograma elaborado, as atividades a serem executadas estão dis- tribuídas ao longo do tempo. Assim, em um determinado período, é possível visualizar as atividades que estão sendo executadas em paralelo e estimar a equipe que será necessária para a sua execução no período específi co. GESTÃO DE OBRA 23 SER_ARQURB_GEOBRA_UNID1.indd 23 19/02/2021 17:46:40 Ademais, o histograma de materiais ajuda no planejamento dos materiais que serão necessários no canteiro de obras para a realização dos serviços. A instalação do canteiro de obras prevê local para armazenamento de materiais que serão utilizados, e os materiais serão entregues conforme a etapa em que a obra se encontra. Dessa maneira, o histograma de materiais pode ajudar no planejamento das compras e entregas desses materiais. No Quadro 3, é possível visualizar uma planilha com a relação de atividades, precedências, duração e recursos por atividade. Em seguida, são apresentados o cronograma físico correspondente e os histogramas de pessoal. Para facili- tar o entendimento, observe o período do cronograma entre 0 e 10, momento em que está sendo executada somente a atividade A. Para a realização dessa atividade, a quantidade de mão de obra necessária é: 3 de X, 2 de Y e 1 de Z. Nos histogramas apresentados na sequência, é fácil visualizar esses recursos. Atividade Atividade precedente Duração Dias Recurso X Recurso Y Recurso Z A - 10 3 2 1 B A 12 2 1 3 C A 5 2 1 2 D C 4 1 3 2 E C 6 3 2 2 F B, D 12 4 2 1 G D, E 5 0 2 2 H F, G 16 1 1 3 QUADRO 3. TABELA DE ATIVIDADES, PRECEDÊNCIAS, DURAÇÃO E RECURSOS GESTÃO DE OBRA 24 SER_ARQURB_GEOBRA_UNID1.indd 24 19/02/2021 17:46:40 5040302010 Tempo At iv id ad es H G F E D C B A 0 0 1 2 3 4 5 6 7 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51 0 1 2 3 4 5 6 7 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 4951 Figura 4. Gráfico de Gantt. GESTÃO DE OBRA 25 SER_ARQURB_GEOBRA_UNID1.indd 25 19/02/2021 17:46:41 0 1 2 3 4 5 6 7 8 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51 Figura 5. Histograma de pessoal – recurso X (verde), recurso Y (amarelo) e recurso Z (azul). Curva S (para estimativa do progresso) O desenvolvimento de um projeto não acontece de forma linear e cons- tante. Ele começa mais devagar, seu ritmo acelera e, ao se aproximar do fi nal, volta a cair. Por esse motivo, ao fazer um gráfi co de realização acumulada do projeto ao longo do tempo, temos uma curva que se assemelha a uma letra S. A curva S, criada durante o planejamento, é depois utilizada no monitoramento do projeto durante sua execução. Com ela, é possível ter uma visão mais clara da evolução física da obra e comparar o planejado e o realizado. Por essa razão, é bastante utilizada em relatórios gerenciais. O eixo horizontal representa o tempo e o vertical a quantidade executada acumulada, geralmente apresentada em porcentagem. Isso posto, analise a Fi- gura 6, que representa uma curva S. GESTÃO DE OBRA 26 SER_ARQURB_GEOBRA_UNID1.indd 26 19/02/2021 17:46:42 Curva S Período Pr ev ist o ac um ul ad o Figura 6. Curva S. Para melhor assimilação do conteúdo, observe o exercício a seguir, extraído de Pinheiro e Crivelaro (2014, adaptado). Consideremos a execução de uma obra residencial, conforme a tabela retratada no Quadro 4, na qual estão iden- tificadas atividades, durações e precedências: Numeração Atividades Duração Precedência 1 Locação da obra 6 - 2 Alvenaria 30 1 3 Cobertura 8 2 4 Piso 10 2 (II - 25) 5 Limpeza 6 3; 4 QUADRO 4. ATIVIDADES, DURAÇÃO E PRECEDÊNCIAS GESTÃO DE OBRA 27 SER_ARQURB_GEOBRA_UNID1.indd 27 19/02/2021 17:46:42 Elaborando a rede CPM para determinação do caminho crítico da obra: Locação da obra Início-início Atraso 25 Alvenaria 6 30 Limpeza 6 Cobertura 8 Piso 10 Figura 7. Rede CPM. Determinando a folga e o caminho crítico: Data mais cedo Data mais tarde Folga total Início Término Início Término 1 6 6 6 0 7 36 7 36 0 37 44 37 44 0 33 42 35 44 2 45 50 45 50 0 QUADRO 5. CÁLCULO DAS FOLGAS E CAMINHO CRÍTICO Podemos, agora, elaborar o gráfico de Gantt, já com o caminho crítico evi- denciado. Ou seja, a sequência de atividades que não têm folga: GESTÃO DE OBRA 28 SER_ARQURB_GEOBRA_UNID1.indd 28 19/02/2021 17:46:42 Considerando uma distribuição linear de execução para as atividades, e que todas tenham o mesmo peso no projeto (o que não é condizente com a realidade), é possível elaborar a curva S da obra: 0 10 20 30 40 50 60 Locação da obra Alvenaria Cobertura Piso Limpeza 0 10 100% 80% 60% 40% 20% 0% Pe rc en tu al p re vi st o Dias 20 30 40 50 60 Figura 8. Gráfico de Gantt – caminho crítico. Figura 9. Curva S – percentual previsto. GESTÃO DE OBRA 29 SER_ARQURB_GEOBRA_UNID1.indd 29 19/02/2021 17:46:43 Planejamento financeiro de execução de obras O planejamento e controle fi nanceiro da obra é também muito importante para o bom desempenho e sucesso do empreendimento. O aumento dos custos da obra implica em redução dos lucros da empresa; porém, com um planejamento fi nanceiro adequado, é possível prever a movi- mentação fi nanceira que ocorrerá durante a obra e, dessa maneira, realizar o gerenciamento de recursos fi nanceiros (ADOMA; MAZUTTI, 2019), adotando inclusive medidas corretivas, se necessárias. Adoma e Mazutti (2019) explicam que o planejamento fi nan- ceiro de obras consiste na adoção de medidas que possibili- tem gerenciar os custos decorrentes das diversas fases de implantação do empreendimento, de maneira que todas as empresas envolvidas tenham segurança fi nanceira. Cronograma financeiro Utiliza-se, para elaboração do planejamento fi nanceiro, o cronograma fi - nanceiro de obra (que é baseado no orçamento) e o fl uxo de caixa. A Tabela 1 mostra um cronograma fi nanceiro de uma obra hipotética, com o custo das atividades distribuídas ao longo do tempo. Na parte inferior, há o custo total da obra ao longo do tempo. Atividades Semanas 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Locação da obra 10 2 Alvenaria 16 20 20 20 20 20 4 Cobertura 8 8 Piso 10,8 18 7,2 Limpeza 2,5 12,5 Total (R$ · 10³) 10 18 20 20 20 20 30,8 30 17,7 12,5 Acumulado (R$ · 10³) 10 28 48 68 88 108 139 169 187 199 TABELA 1. EXEMPLO DE CRONOGRAMA FINANCEIRO GESTÃO DE OBRA 30 SER_ARQURB_GEOBRA_UNID1.indd 30 19/02/2021 17:46:43 Já o fluxo de caixa é um instrumento que permite a projeção das entradas e saídas de recursos financeiros em um determinado período de tempo. Segun- do Araújo, Teixeira e Licório (2015, p. 16): Sendo o fluxo de caixa uma ferramenta simples no controle ge- rencial, é de suma importância para a análise de controle, isso porque, com essa ferramenta, é possível não somente projetar as receitas financeiras da empresa, mas também utilizá-la para decisões de investimentos futuros. A seguir, um modelo de fluxo de caixa. Fluxo de caixa Empresa: DIAS Período: 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Outras receitas Recebimento sobre vendas Receita de prestação de serviços Outras receitas TOTAL DAS ENTRADAS 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 SAÍDAS Fornecedores Folha de pagamento INSS a recolher FGTS Retiradas sócios Impostos sem receitas Aluguéis Energia elétrica TABELA 2. MODELO DE FLUXO DE CAIXA GESTÃO DE OBRA 31 SER_ARQURB_GEOBRA_UNID1.indd 31 19/02/2021 17:46:43 Telefone Serviços contabilidade Combustíveis Manutenção de veículos Despesas diversas Férias 13º salário Empréstimos bancários Financiamentos de equipamentos Despesas financeiras Outros pagamentos TOTAL DAS SAÍDAS 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 SALDO ENTRADAS - SAÍDAS 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 SALDO ANTERIOR 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 SALDO ACUMULADO 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 Fonte: SIENGE, 2020. (Adaptado). Conforme destacam Adoma e Mazutti (2019), na construção civil, o fluxo de caixa tem uma importância vital, uma vez que as construtoras precisam ter capital dispo- nível para bancar a execução das obras. Empresas que não têm recursos financei- ros suficientes para executar inicialmente os serviços correm o risco de atrasar e, muitas vezes, de não conseguir concluir a obra, havendo necessidade de rescisão contratual, o que é ruim tanto para a contratada quanto para o contratante. Em obras públicas, esse cuidado precisa ser ainda maior, pois não é inco- mum que ocorram atrasos nos pagamentos para as construtoras – por uma série de motivos –, e a construtora precisa estar preparada para algum impre- visto que venha a ocorrer. GESTÃO DE OBRA 32 SER_ARQURB_GEOBRA_UNID1.indd 32 19/02/2021 17:46:43 O controle financeiro visa a acompanhar se as atividades realizadas na obra estão compatíveis com os gastos projetados e, caso sejam identificadas diferen- ças, devem-se determinar os motivos e fazer a intervenção necessária. Dessa forma, o controle financeiro é realizado paralelamente ao controle físico da obra. Como, porém, relacionar as contas da obra com as contas gerais da empre- sa? Halpin e Woodhead (2017) destacam que, para se estabelecer um sistema de controle de custos para uma construção, é necessária a definição de centros de custos de níveis de empreendimento. É preciso dividir toda a obra em unida- des de controle significativas, a partir da EAP, de tal forma que o trabalho possa ser medido no campo. Ainda conforme os autores (2017, n.p.): Uma vez estabelecidas as contas de custos de trabalhos, é atri- buído a cada conta um código identificador, que é chamado de código de custo. Ao serem separados por centros de custos as- sociados, todos os elementos de despesas (mão de obra direta, mão de obra indireta, materiais, suprimentos, custos de equipa- mentos etc.)que constituem unidades de trabalho podem ser apropriadamente registrados pelo código de custos. A Figura 10 apresenta uma estrutura de custos: Figura 10. Estrutura de custos. Fonte: HALPIN; WOODHEAD, 2017, n.p. GESTÃO DE OBRA 33 SER_ARQURB_GEOBRA_UNID1.indd 33 19/02/2021 17:46:45 Curva S: estimativa de custo A curva S pode ser utilizada também no planejamento fi nanceiro, com a fi na- lidade de acompanhamento dos gastos acumulados na obra ao longo do tempo. Sua representação gráfi ca é a somatória dos custos atribuídos às atividades do cronograma de barras, apresentando, dessa forma, uma previsão de gas- to acumulado, que pode ser comparado ao gasto previsto. O eixo horizontal representa o tempo, ao passo que o eixo vertical os gastos acumulados, geral- mente simbolizados em unidade monetária. Curva ABC A curva ABC permite identifi car os itens de maior importância na obra (aqueles de maior valor), ordenando-os de forma decrescente. Essa ferra- menta é muito útil, posto que a identifi cação dos insumos de maior valor ou mais utilizados na obra deve merecer uma atenção especial, visando assim um maior controle dos custos. Esse tipo de curva pode ser utilizada também para identifi car as atividades mais caras na obra. Va lo re s a cu m ul ad os Período Figura 11. Curva S. GESTÃO DE OBRA 34 SER_ARQURB_GEOBRA_UNID1.indd 34 19/02/2021 17:46:45 CITANDO “A ideia dessa curva surgiu na Itália em 1800, com Wilfredo Paretto, que a denominou lei 20 x 80. Ele mediu a distribuição de renda da popu- lação e constatou que poucos indivíduos da sociedade concentravam a maior parte das riquezas existentes, isto é, 20% da população absor- via 80% de renda. Os fundamentos do método Paretto foram colocados em prática na Segunda Guerra Mundial pela General Electric” (PINHEI- RO; CRIVELARO, 2014, p. 67). Os itens da curva ABC são sepa- rados em três classes, conforme o valor que representam no gasto total da obra. Segundo a especificação do Sienge (2017): • Classe A: são aqueles que têm um valor de demanda ou consumo alto; 20% dos itens são considerados classe A e representam 80% do valor da demanda ou consumo; • Classe B: são aqueles que têm um valor de demanda ou consumo inter- mediário; 30% dos itens são conside- rados classe B, representando 15% do valor da demanda ou consumo; • Classe C: são aqueles que têm um valor de demanda ou consumo baixo; 50% dos itens são considerados classe C e correspondem a 5% da demanda ou consumo. No dia a dia, a divisão entre as classes A, B e C é baseada no bom senso do gestor da obra. No caso de atividades de obra de construção, os percentuais adotados para cada região em relação ao custo total da obra são: • Região A – 53% do custo total; • Região B – 32% do custo total; • Região C – 15% do custo total. Para a redução de custos, é interessante priorizar os insumos da classe A, seja para negociação com seu fornecedores ou, se possível/viável, a substitui- ção de algum deles. GESTÃO DE OBRA 35 SER_ARQURB_GEOBRA_UNID1.indd 35 19/02/2021 17:46:47 20 50 80 95 100 100 Cu st o Itens A B C Figura 12. Representação da curva ABC de insumos. Fonte: SIENGE, 2017. (Adaptado). DICA A curva ABC pode ser feita, de forma muito simples, a partir de uma plani- lha em que constem todos os itens do orçamento. Há também aplicativos de gestão para um controle mais elaborado. Para uma melhor compreensão, considere a planilha orçamentária apresentada no Quadro 6, com macro atividades de uma obra de construção de conjuntos habitacionais que já fo- ram ordenadas de forma decrescente com base nos custos das atividades. A distinção entre as classes A, B e C foi feita em cores diferentes. GESTÃO DE OBRA 36 SER_ARQURB_GEOBRA_UNID1.indd 36 19/02/2021 17:46:48 CÓDIGO DESCRIÇÃO DOS SERVIÇOS TOTAL C/ BDI % EM RELAÇÃO AO CUSTO TOTAL % ACUMULADO CLASSE UNIDADES HABITACIONAIS 00-00-00 TIPOLOGIA A: 6 BLOCOS COM 6 PAVIMENTOS + 5 BLOCOS COM 7 PAVIMENTOS = 142 UHs 00-00-02 ESTRUTURA 1.844.956,34 21,42% 21,42% A 00-00-03 ALVENARIA 1.168.303,22 13,56% 34,98% 00-00-08 INSTALAÇÕES ELÉTRICAS 1.049.939,32 12,19% 47,17% 00-00-01 FUNDAÇÕES 965.602,06 11,21% 58,38% 00-00-09 INSTALAÇÕES HIDRÁULI- CAS E APARELHOS SANI- TÁRIOS 831.502,77 9,65% 68,03% B00-00-07 ESQUADRIAS METÁLICAS 774.661,66 8,99% 77,03% 00-00-10 REVESTIMENTOS 606.275,06 7,04% 84,07% 00-00-14 PINTURA 428.188,02 4,97% 89,04% 00-00-05 COBERTURAS 285.560,08 3,32% 92,35% C 00-00-12 PISOS 213.944,83 2,48% 94,84% 00-00-06 ESQUADRIAS DE MADEIRA E FERRAGENS 154.822,00 1,80% 96,63% 00-00-15 COMPLEMENTAÇÃO DA OBRA 114.471,32 1,33% 97,96% 00-00-04 IMPERMEABILIZAÇÕES 101.004,71 1,17% 99,13% 00-00-13 VIDROS 60.814,74 0,71% 99,84% 00-00-11 FORROS 13.756,01 0,16% 100,00% TOTAL 8.613.802,14 QUADRO 6. ORDENAÇÃO FINANCEIRA DAS ATIVIDADES As atividades “estrutura”, “alvenaria”, “instalações elétri- cas” e “fundações” são as atividades que deveriam receber mais atenção, por serem as mais caras nessa obra. Assim, a curva ABC resultante é apresentada a seguir: GESTÃO DE OBRA 37 SER_ARQURB_GEOBRA_UNID1.indd 37 19/02/2021 17:46:49 100,00% 80,00% 60,00% 40,00% 20,00% 00,00% Es tru tu ra Al ve na ria In st al aç õe s e lé tri ca s Co m pl em en ta çã o da o br a Im pe rm ea bi liz aç õe s Vi dr os Fo rro s Es qu ad ria s m et ál ica s Re ve st im en to s Pi nt ur a Co be rtu ra s Pi so s Es qu ad ria s d e m ad ei ra e fe rra ge ns Fu nd aç õe s In sa ta la çõ es h id ra ul ica s e ap ar el ho s s an itá rio s A B C Figura 13. Curva ABC de atividades. GESTÃO DE OBRA 38 SER_ARQURB_GEOBRA_UNID1.indd 38 19/02/2021 17:46:49 Sintetizando Nessa unidade, destacou-se a importância do planejamento físico e fi- nanceiro para uma boa gestão de obras. Em relação ao planejamento físico, foi discutido o que é escopo e foram apresentadas algumas das ferramentas mais utilizadas, como a estrutura analítica do projeto (EAP); e na progra- mação, como o cronograma físico, com destaque para o gráfico de Gantt, o Critical Path Method (CPM), o histograma de recursos e a curva S. Em relação ao planejamento financeiro, foram apresentadas as ferramen- tas utilizadas, como o cronograma financeiro (cuja base para elaboração é o orçamento de obras e o fluxo de caixa), a curva S e a curva ABC. Ainda no planejamento financeiro, analisou-se a definição de fluxo de caixa em conjunto com uma planilha-modelo e destacou-se a importância de uma es- trutura de custos, com a codificação, para o controle financeiro de obras. Por fim, por meio de um exercício, realizou-se o acompanhamento, passo a passo, de uma rede CPM para determinação do caminho crítico, elaboração de um gráfico de Gantt e de sua curva S correspondente. GESTÃO DE OBRA 39 SER_ARQURB_GEOBRA_UNID1.indd 39 19/02/2021 17:46:49 Referências bibliográficas ADOMA, D. L.; MAZUTTI, J. H. Gestão de obra. Porto Alegre: SAGAH, 2019. ARAÚJO, A.; TEIXEIRA, E. M.; LICÓRIO. A importância da gestão no planejamento do fluxo de caixa para o controle financeiro de micros e pequenas empresas. Redeca, São Paulo, v. 2, n. 2, p. 73-88, 2015. AULA 06 - Escopo e estrutura analítica do projeto. Postado por Mario H. Trentim - Gestão & Projetos. (8min. 26s.). son. color. port. Disponível em: <ht- tps://www.youtube.com/watch?v=LBq6wA9MOek>. Acesso em: 15 set. 2020. BERNARDES, M. M. S. Desenvolvimento de um modelo de planejamento e controle da produção para micro e pequenas empresas de construção. 2001. 310 f. Tese (Doutorado) – Escola de Engenharia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2001. CARVALHO, M. M.; RABECHINI JR., R. Fundamentos em gestão de projetos: construindo competências para gerenciar projetos. São Paulo: Atlas, 2011. HALPIN, D. 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GESTÃO DE OBRA 41 SER_ARQURB_GEOBRA_UNID1.indd 41 19/02/2021 17:46:49 ANÁLISE TÉCNICA CONSTRUTIVA E CANTEIRO DE OBRAS 2 UNIDADE SER_ARQURB_GEOBRA_UNID2.indd 42 19/02/2021 17:35:29 Objetivos da unidade Tópicos de estudo Identificar a importância da seleção adequada das técnicas construtivas adotadas e seus reflexos na execução de obras; Compreender a necessidade de planejamento simultâneo entre processos focados no produto final e na produção, visando a racionalização da obra; Entender e identificar os conceitos, métodos e componentes de um canteiro de obras; Análise técnica construtiva Construtibilidade Racionalização da construção Canteiro de obras Planejamento do canteiro de obras Arranjos e elementos do canteiro de obras GESTÃO DE OBRA 43 SER_ARQURB_GEOBRA_UNID2.indd 43 19/02/2021 17:35:29 Análise técnica construtiva Uma das etapas preliminares da gestão de obras, que tem infl uência no planejamento e execução da cons- trução, é a análise técnica construtiva, que deve ter como um de seus pilares as defi nições contidas na especifi ca- ção técnica da edifi cação. Pode-se di- zer que as defi nições na especifi cação técnica incidem de forma mais direta sobre (GOLDMAN, 2004): • Os custos fi nais da construção; • A seleção do método construtivo para o desenvolvimento das atividades na obra; • O cálculo e determinação do prazo de execução de obra; • O padrão de acabamento da edifi cação. A revisão detalhada das especifi cações técnicas de uma construção deve ser feita por todos os envolvidos: proprietário, projetistas, equipe técnica de obra (engenheiros) e demais pessoas ligadas ao processo construtivo. Por meio desse documento, pode-se ainda simplifi car etapas da obra, tornando-a mais efi ciente (O’CONNOR; RUSCH; SCHULZ, 1987). Assim, a especifi cação técnica é um documento que traz informações complementares aos projetos gráfi cos, devendo ser elaborada antes do iní- cio da construção. Portanto, não é incomum que, ao fi nalizar esse documento, o gestor da obra precise fazer ajustes no planejamento inicial da construção, visando a melhor compatibilidade entre técnica construtiva e a sequência das atividades em campo. Adicionalmente, os materiais e métodos defi nidos neste momento servirão de base para a elaboração do orçamento e do cronograma físico-fi nanceiro de acompanhamento da construção. Caso essas informações não sejam adequa- damente detalhadas ou não sejam levantadas, o orçamentista da obra poderá adotar premissas erradas, elaborando, assim, orçamentos que fogem da reali- dade da construção desejada. GESTÃO DE OBRA 44 SER_ARQURB_GEOBRA_UNID2.indd 44 19/02/2021 17:35:46 De forma geral, a especificação técnica faz referência aos seguintes itens (GOLDMAN, 2004): • Projetos: quanto maior o nível de detalhamento, melhores serão os resul- tados durante e após a execução da obra; • Investigação do solo: a quantidade adequada e a técnica utilizada para a coleta de amostras (informações) do solo auxiliarão na definição da melhor solução para o sistema de fundação; • Projeto do canteiro de obras: a determinação planejada da localização de barracões, almoxarifados, tapumes, área de circulação, acesso de caminhões e equipamentos, entre outros, pode aumentar a produtividade das equipes; • Equipe técnica: é o dimensionamento da equipe de obra, conforme ne- cessidade, que pode ser composta por engenheiros, mestre, pedreiro, carpin- teiro, encarregados, entre outros; • Movimentações de terra: dependendo da solução construtiva adotada, pode-se ter a necessidade ou não dessa etapa, que pode ser feita mecânica ou manualmente; • Tipo do sistema estrutural: tipos de formas, de escoramento, processo de execução do concreto e/ou concretagem, logística de execução de sistemas pré-moldados ou pré-fabricados (exemplo: aço, madeira, concreto pré-molda- do ou pré-fabricado etc.); • Definição dos tipos de acabamentos: revestimentos de pisos, paredes e tetos, detalhes construtivos, tipo de telhas de cobertura, modelos de esqua- drias e acabamentos hidráulicos e elétricos; • Definição do tipo de instalações hidrossanitárias e elétricas; Visualizando a construção propriamente dita, verifica-se que a análise técni- ca construtiva, ou análise do sistema de execução de obra, considera diversos fatores que devem estar presentes no canteiro de obras da edificação. De forma ilustrativa, se compararmos a execução de uma obra com um sistema de produ- ção fabril, o canteiro de obras pode ser considerado como uma “fábrica móvel”, diferenciando-se da fábrica convencional, pois no canteiro de obras o produto fi- nal é único, exclusivo e estacionário. Ou seja, os insumos, mão de obra, materiais e equipamentos são os que se deslocam em direção ao bem final. A técnica a ser utilizada para a execução da obra deve considerar a disponi- bilidade de equipamentos, mão de obra, bem como a necessidade de constru- GESTÃO DE OBRA 45 SER_ARQURB_GEOBRA_UNID2.indd 45 19/02/2021 17:35:46 ções auxiliares, conforme o processo estabelecido. Também influenciam, nes- se momento, as condições locais de trabalho, como as de origem da própria natureza (clima, ecologia, entre outros), que podem ser definidos como condi- ções locais e específicas da obra em questão (LIMMER, 1996). Assim, podemos considerar que a definição do arranjo de um canteiro de obras é importante neste processo, uma vez que consiste na junção e materialização de todas es- tas variáveis, sendo importante para o planejamento da obra. Portanto, podemos verificar que a técnica ou o sistema construtivo adotado influencia na etapa de planejamento de uma obra em dois aspectos básicos: operacional e econômico-financeiro, sendo necessárias algumas condições, como (LIMMER, 1996, p. 175): • Estabelecer diretrizes operacionais; • Escolher o processo de construção; • Determinar o arranjo do canteiro de obras; • Escolher os equipamentos para a execução da obra; • Definir as diferentes etapas da obra; • Detalhar os níveis de produção; • Prever as necessidades de mão de obra, quantitativa e qualitativamente; • Prever os recursos financeiros necessários. Em relação ao aspecto operacional, este cuida do processo de transforma- ção da mão de obra, materiais e equipamentos na edificação finalizada, cons- tituindo a “fábrica móvel” ou canteiro de obras. Nesta situação, várias linhas de produção são formadas e se deslocam ao longo da obra para produzir o produto final, que é fixo durante todo o processo. Para que a construção seja bem sucedida neste aspecto, é necessário (LIMMER, 1996): • Definir corretamente o escopoda construção; • Desenvolver o plano de execução da construção, com base na escolha de métodos possíveis de serem, de fato, executados, baseados em conceitos ope- racionais básicos; • Detalhar as fases da execução, definindo como serão executadas cada uma delas; • Definir as informações básicas necessárias para o início dos trabalhos de construção, ou seja, quais, em termos de engenharia (projetos detalhados), de- vem ser previamente elaborados em escritório; GESTÃO DE OBRA 46 SER_ARQURB_GEOBRA_UNID2.indd 46 19/02/2021 17:35:46 • Estabelecer a cronologia de execução da obra; • Estabelecer equipes, hierarquias e princípios de gerenciamento e controle do seu andamento. Dentre estes, o mais importante para a análise técnica construtiva é a de- finição do método de execução, que deve ser elaborado em etapas, sempre iniciando a partir de soluções abrangentes para específicas, com o estudo de alternativas de soluções possíveis. Como exemplo, a superestrutura de uma edi- ficação pode ser em concreto armado moldado in loco, concreto pré-fabricado ou pré-moldado, ou ainda, em material metálico. Outro exemplo é o sistema de fundações, que pode ser executado com diversas opções, adequadas ao tipo de solo que receberá os esforços provenientes da estrutura da edificação. Na Figura 1 são ilustrados alguns tipos de fundações rasas ou diretas. Bloco Sapata Grelha Raider Figura 1. Tipos de fundações rasas ou diretas em edificações. Fonte: VELLOSO; LOPES, 2011, p. 12. (Adaptado). GESTÃO DE OBRA 47 SER_ARQURB_GEOBRA_UNID2.indd 47 19/02/2021 17:35:46 A escolha do método ainda deve considerar (LIMMER, 1996, p. 176): • Fatores econômicos, devendo ser viável para o proprietário; • Custos da mão de obra, dos materiais e do uso dos equipamentos durante a construção; • O tipo de projeto, sendo que a repetitividade gera maior produtividade; • Características externas da obra, como cultura local, clima, ecologia, entre outros. Podemos dizer também que uma definição detalhada da técnica construti- va pode influenciar no valor final da edificação, diminuindo erros ou improvisos por parte do responsável técnico pela execução da obra. Ainda neste ponto, visando uma construção mais econômica, pode-se afirmar que a análise e de- finição técnica da construção resulta em melhores contratações de materiais e serviços, uma vez que se tem uma programação definida para todas as etapas construtivas. A descrição detalhada das atividades da obra deve ser feita de forma hie- rárquica, pois fará parte, posteriormente, de uma estrutura analítica de etapas executivas, guiando todos os responsáveis envolvidos (MATTOS, 2019). Logo, para que isto possa ocorrer, é imprescindível saber previamente a quantidade de serviço a ser realizada e a produtividade e quantidade de recursos disponí- veis, definidos durante a análise técnica da construção. Outro ponto que deve ser considerado é que a produção dentro de um canteiro de obras pode ser segmentada em centros de produção, compos- tos de estações de produção, onde ocorrem as atividades de produção pro- priamente ditas. Neste momento, deve ser analisada a forma de interligação entre estes centros, ou seja, a sua logística. A estrutura de transporte formada a partir desta análise pode contribuir para melhorar a pro- dutividade da construção. Assim, ao analisar a técnica a ser empregada em uma obra, deve-se considerar diversos fatores que tem como objetivo possibilitar a execução do pro- duto final, que é a edificação. Quanto mais inte- gradas estiverem as diversas especialidades e etapas de um planejamento e execução, melhor será o resultado técnico-econômico final. GESTÃO DE OBRA 48 SER_ARQURB_GEOBRA_UNID2.indd 48 19/02/2021 17:35:46 Construtibilidade Quando olhamos para os projetos convencionais elaborados na constru- ção civil, constatamos que grande parte deles enfatiza o produto ou edifi ca- ção fi nal, desconsiderando os aspectos e necessidades da etapa de produção ou de obra. Muitas vezes, estes projetos enfatizam critérios, como as formas geométricas, a confi guração dos elementos estruturais, as características dos elementos de vedação, e terminam por não avaliar o grau de complexidade construtiva resultante destas escolhas, o que pode causar situações técnico- econômicas inadequadas para o empreendimento. Assim, um conceito que pode ser empregado na construção civil, na etapa de análise técnica construtiva, visando minimizar estes efeitos, é o da constru- tibilidade, que pode ser defi nida como a facilidade com que uma edifi cação pode ser construída, considerando-se os requisitos de produção durante todas as etapas do processo de desenvolvimento do produto (RODRIGUES, 2005). Este conceito pode ser benéfi co para a gestão da obra, pois a facilidade construtiva a ser buscada pode resultar em menores tempos de execução das atividades, redução no número de operários, maior produtividade, redução nas perdas devido à descontinuidade de atividades, diminuição das incertezas e variabilidades durante a construção e, por fi m, maior qualidade na edifi cação. Fazendo uma análise ampla de toda a vida útil de uma edifi cação, pode-se dizer que o projeto do produto, em conjunto com o projeto do processo, deve ser elaborado de forma a contemplar desde a etapa de concepção até o perío- do de uso e manutenção da edifi cação, sendo que esta última tem como objeti- vo fornecer dados para alimentar novamente os futuros projetos e processos, melhorando a construtibilidade de novas obras. Porém, devemos pontuar que o limite de aplicação do conceito de constru- tibilidade é quando este começa a provocar a perda de valor para o cliente fi - nal, resultando em edifi cações apenas práticas, construtivamente falando, mas sem valor pessoal ou comercial (RODRIGUES, 2005). De forma objetiva, o conceito de construtibilidade deve ser aplicado na fase de planejamento, com maior efi ciência na etapa de projeto. Isso deve ser feito tendo em vista que é na etapa de projeto que as decisões tomadas exercem maior infl uência sobre o custo fi nal da edifi cação (Gráfi co 1). GESTÃO DE OBRA 49 SER_ARQURB_GEOBRA_UNID2.indd 49 19/02/2021 17:35:46 GRÁFICO 1. INFLUÊNCIA DAS FASES DE CONSTRUÇÃO DE UMA EDIFICAÇÃO NO SEU CUSTO FINAL Rodrigues (2005) complementa que, na etapa de elaboração do pro- jeto do processo, as decisões tomadas também podem contribuir na facilida- de de construir, como na definição da sequência construtiva e do arranjo do canteiro de obras. Mas, como aplicamos, efetivamen- te, este conceito em nossas obras, durante o período de construção? No Quadro 1 são propostos alguns prin- cípios que podem ser adotados, vi- sando viabilizar a aplicação da construtibilidade nos processos de produção. Fonte: RODRIGUES, 2005, p. 32. Estudo de viabilidade Projeto Contratação Execução Uso e manutenção TérminoTempoInício Baixa Alta Ca pa cid ad e de in flu en cia r o s cu st os d e em pr ee nd im en to GESTÃO DE OBRA 50 SER_ARQURB_GEOBRA_UNID2.indd 50 19/02/2021 17:35:50 QUADRO 1. PRINCÍPIOS PRÁTICOS DA CONSTRUTIBILIDADE QUE PODEM SER APLICADOS NAS TÉCNICAS CONSTRUTIVAS DE UMA OBRA Simplificar pela redução do número de partes e passos Padronizar elementos de projeto e processos construtivos Facilitar construção sob condições climáticas adversas Otimizar processos de construção Minimizar tempos de percepção, decisão e manipulação de operações de montagem manual Promover a manutenibilidade Fonte: RODRIGUES, 2005, p. 38. (Adaptado). Dentre os estudos elaborados sobre o assunto, a simplificação é um dos conceitos mais citados, que tem como objetivo tornar mais eficiente o proces- so, o qual também é um princípio da construção enxuta (lean construction), que se relaciona tanto com as atividades de conversão quanto com as de fluxo (KOSKELA, 1998). Ainda segundo o autor, a simplificação é a capacidadede re- dução do número de componentes de um produto e do número de passos no fluxo de materiais ou informações. A principal razão para esta simplificação está no fato de que produtos ou pro- cessos menos complexos tendem a ser mais confiáveis, pois a capacidade do ho- mem em lidar com a complexidade é aumentada neste modelo (KOSKELA, 1998). Assim, a seguir, podemos ver algumas recomendações efetuadas por di- versos autores, que podem ser aplicadas durante o processo construtivo de uma edificação (RODRIGUES, 2005): 1. Reduzir o número de etapas ou elementos de um produto, efetuando alterações no projeto; 2. Eliminar atributos ou funções de um produto que agregam valor para o cliente; 3. Reunir vários componentes ou funções em um único elemento, como por exemplo: ao executar um radier, utilizá-lo tanto como fundação da edifi- cação como laje de contrapiso; 4. Evitar o dimensionamento excessivo de recortes, ângulos, inclinações e superfícies curvas; 5. Analisar a viabilidade de utilização de elementos pré-fabricados, méto- dos de pré-montagem e modularização que possam ser contemplados ainda na fase de projeto; GESTÃO DE OBRA 51 SER_ARQURB_GEOBRA_UNID2.indd 51 19/02/2021 17:35:50 6. Especificar materiais e componentes com engates e conexões de fácil execução. Exemplo: adotar ligações parafusadas ao invés de ligações solda- das, demandando um número menor de profissionais especializados; 7. Empregar materiais e componentes que necessitem de poucos cuidados no armazenamento; 8. Especificar materiais com ampla disponibilidade no mercado, em caso de necessidade de substituição posterior; 9. Planejar e adotar soluções de projeto que reduzam a interdependência entre atividades, como por exemplo, usando partes pré-fabricadas que per- mitam o desenvolvimento de outras atividades em paralelo, dentro ou fora do canteiro; 10. Eliminar atividades que não agregam valor no processo construtivo. Exemplo: remanejamento de materiais dentro do canteiro de obras. Outro princípio que pode ser citado é o da padronização de componentes e processos, o qual pode trazer benefícios não apenas para a técnica construtiva adotada, mas também para o planejamento e orçamento da obra. As seguintes vantagens podem ser citadas (O’CONNOR; RUSCH; SCHULZ, 1987): • Repetição das atividades: proporciona o aumento do efeito aprendiza- do, aumentando a produtividade da mão de obra; • Menor diversificação de materiais: adotando-se esta prática, a compra e administração de materiais se simplificam, auxiliando no processo; • Maiores volumes de compra: resultado ainda do item anterior, tem-se uma maior quantidade de materiais iguais, que podem ser comprados em volumes maiores, obtendo-se, assim, maiores descontos. Novamente, é na etapa de projeto que este conceito pode ser aplicado. Logo, cabe ao projetista incorporar a padronização durante a elaboração de projetos e especificações, buscando identificar elementos com potencial de padronização. Alguns exemplos podem ser citados, como: padronizar posi- cionamento e tipos de esquadrias, especificar revestimentos de pisos e pare- des para diversos ambientes, entre outros. No entanto, deve-se avaliar a real viabilidade e necessidade de padronização de uma construção, pois, para que este conceito seja justificável, deve existir uma grande quantidade de elementos idênticos, resultando em produções em larga escala, tanto dentro como fora do canteiro de obras (RODRIGUES, 2005). GESTÃO DE OBRA 52 SER_ARQURB_GEOBRA_UNID2.indd 52 19/02/2021 17:35:50 Um fator bastante comum durante a execução de obras é a interferên- cia das condições climáticas, que pode ser minimizada com a facilitação da construção sob climas adversos. Isto ocorre porque, na maioria dos casos, os trabalhos são desenvolvidos ao ar livre, causado maior impacto nas obras horizontais quando comparadas às verticais. Dessa maneira, o planejamento adequado da técnica construtiva, sob estas condições, pode auxiliar na cons- trutibilidade da obra. Neste conceito, as seguintes ações práticas podem ser tomadas (O’CONNOR; RUSCH; SCHULZ, 1987): • Reduzir a quantidade de atividades efetuadas ao ar livre, que podem ser afetadas pelas condições climáticas. Uma alternativa seria a realização dos serviços de cobertura tão cedo quanto possível; • Aumentar o número de atividades que podem ser efetuadas fora do can- teiro de obras, como componentes pré-fabricados. Exemplo: estruturas de cobertura em perfis metálicos; • Minimização dos efeitos de chuvas no canteiro, com a execução, por exemplo, de drenagem provisórias. A otimização dos processos de construção, que também pode ser enten- dida como a capacidade de efetuar inovações nos métodos, é outra forma de contribuir para a construtibilidade do produto. Neste ponto, algumas práticas podem ser adotadas, como por exemplo (RODRIGUES, 2005): • Inovar nos materiais e nos sistemas de construção temporária, como por exemplo, a adoção de contêineres ou trailers como escritório de obra; • Substituir as ferramentas existentes ou implantar novas que reduzam a intensidade do trabalho, proporcionando ganhos em mobilidade e, conse- quentemente, produtividade; • Introduzir novos métodos para o uso de equipamentos ou modificar a sua utilização, visando ganhos de produtividade. Como muitas das operações em campo são realizadas de forma manual ou com a interação de trabalhadores, podemos dizer que a minimização dos tempos de percepção, decisão e manipulação destas operações é um fator a ser considerado. Assim, vejamos alguns exemplos para redução destes com- ponentes (RODRIGUES, 2005): • Minimização do tempo de percepção: facilita a visualização de todas as partes e ferramentas; identifica de forma tátil e visual áreas do canteiro; GESTÃO DE OBRA 53 SER_ARQURB_GEOBRA_UNID2.indd 53 19/02/2021 17:35:50 pode ser instalada uma sinalização com formas geométricas e cores variadas, facilitando o rápido entendimento da mensagem; • Minimização do tempo de decisão: facilita a visualização e consolidação de um modelo mental da tarefa de montagem; reduz o tempo de reação de escolha usando elementos simétricos ou integrados; • Minimização do tempo de manipulação: adota elementos que sejam de fácil manuseio ou pega durante os trabalhos manuais, evitando partes que possam se enroscar e dificultar o andamento da atividade. Pensando adiante, no período de uso e manutenção da edificação, po- demos citar a promoção da manutenibilidade da edificação. Este conceito pode ser entendido como a definição de características em projeto que pro- porcionarão facilidade, segurança e economia durante as atividades de ma- nutenção. Assim, a facilidade de manutenção também pode ser vista como uma extensão dos próprios conceitos de construtibilidade. De modo a ter uma visão mais ampla da aplicação dos conceitos de cons- trutibilidade e sua influência nas técnicas construtivas, são apresentadas no Quadro 2 algumas práticas adotadas em um sistema construtivo de uma construtora de pequeno porte localizada na cidade de Porto Alegre, especia- lizada na construção de empreendimentos residenciais (RODRIGUES, 2005). Elemento ou sistema construtivo Prática adotada Fundação • Adotado radier, funcionando também como contrapiso de concreto;• Uso de aço cortado e dobrado em fábrica. Alvenaria/ Superestrutura • Adotada alvenaria estrutural armada, funcionando como sistema estrutural e de vedação ao mesmo tempo; • Evita a execução de formas; • Tubulações hidrossanitárias podem ser embutidas na própria alvenaria, evitando rasgos posteriores. Superestrutura • Uso de lajes pré-fabricadas;• Uso de vergas e contravergas pré-fabricadas. Revestimentos argamassados • Uso de argamassa industrializada, sendo necessário apenas adicionar água no canteiro de obras, padronizando os traços. Acabamento externo • Uso de textura acrílica, reduzindo as etapas de aplicação de material para: aplicação de seladore textura. Pisos • Uso de blocos intertravados, necessitando apenas de base compactada e camada de areia para assentamento e rejunte. QUADRO 2. EXEMPLO DE BOAS PRÁTICAS DE CONSTRUTIBILIDADE APLICADAS NOS SISTEMAS CONSTRUTIVOS Fonte: RODRIGUES, 2005, p. 104. (Adaptado). GESTÃO DE OBRA 54 SER_ARQURB_GEOBRA_UNID2.indd 54 19/02/2021 17:35:50 Racionalização da construção Durante a análise das técnicas construtivas adotadas para a execução das obras, podemos considerar outro conceito que pode contribuir para ganhos na gestão de obras: a racionalização da construção. Este conceito também é bastante relacionado à construtibilidade, pois ambos convergem para a busca dos meios para aumento da efi ciência dos processos. Assim, podem ser implantadas desde a etapa de projeto, as tecnologias construtivas racionalizadas, que podem ser defi nidas como: Um conjunto sistematizado de conhecimentos científi cos e em- píricos, empregados na criação, produção e difusão de um modo específi co de se construir um edifício ou uma sua parte e orien- tado pela otimização do emprego dos recursos envolvidos em todas as fases da construção (BARROS; SABBATINI, 2003, p. 2). Sendo uma ferramenta conceitual, a racionalização pode ser aplicada a qualquer técnica ou sistema construtivo, não demandando altos investimentos e podendo ser implantada em empresas de qualquer porte. Um exemplo pode ser a aplicação de argamassa de assentamento de blocos cerâmicos com o uso de bisnagas, ao invés da utilização das ferramentas convencionais. Outro exemplo que pode ser men- cionado para dar suporte ao conceito de racionalização é, novamente, o de sistemas de alvenaria estrutural. A necessidade de planejar as paredes em módulos, para evitar que ocorram quebras e rasgos para a instalação de tubulações, por exemplo, evita o des- perdício de materiais e reduz o retra- balho. Seguindo a mesma linha, ao efetuar o assentamento dos blocos, pode-se executar simultaneamente as estruturas em concreto armado, como cintas, vergas, contravergas e pilares, conforme ilustrado na Figura 2. GESTÃO DE OBRA 55 SER_ARQURB_GEOBRA_UNID2.indd 55 19/02/2021 17:35:53 A A Cinta de amarração e verga Graute autoadensável Bloco tipo calha Barras de aço Meio bloco Contra verga Reforço estrutural: ponto onde o vazado dos blocos recebe ferragem e graute Corte AA Figura 2. Projeto de uma parede em alvenaria estrutural, com detalhes executivos dos elementos em concreto armado. Fonte: RODRIGUES, 2005, p. 49 A racionalização ainda é importante para evitar o desperdício de materiais durante a obra, que pode chegar a 33%, ou uma a cada três construções perdi- das, devido à falta de aplicação deste conceito. Para termos uma ideia dos impactos causados pela falta de racionalização, alguns tipos de perdas podem ser relacionados (SACOMANO e colaboradores, 2004), como: • Perdas por superprodução: resultado da produção em quantidades superiores às projetadas e/ou planejadas; • Por substituição de material: ocorrem quando um ma- terial de valor ou característica superior ao espe- cificado é executado em obra; • Por espera: estão relacionadas com a falta de sincronização entre fluxos de ma- teriais e atividades dos trabalhadores, re- sultando em déficit de mão de obra ou de equipamento; GESTÃO DE OBRA 56 SER_ARQURB_GEOBRA_UNID2.indd 56 19/02/2021 17:35:53 • Por transporte: em geral, associados à má programação das atividades ou layout de canteiro inadequado, resultando em trabalhos excessivos; • Perdas em estoques: resultado de estoques excessivos, por falta de pro- gramação adequada de pedidos de materiais; • Perdas por produtos defeituosos: ocorrem quando são executados pro- dutos que não atendem à qualidade mínima ou não estão de acordo com o projeto elaborado. Estes tipos de desperdícios gerados podem ser evitados durante a etapa de avaliação das técnicas que serão empregadas durante a construção. Con- forme vimos, caso a falta da adequada racionalização da construção ocorra, pode-se ter prejuízos orçamentários signifi cativos para os gestores e proprie- tários da edifi cação. Canteiro de obras A defi nição da confi guração do canteiro de obras é uma etapa importante dentro do planejamento de uma construção. Dependendo do tamanho do em- preendimento e da sua evolução neste período, desenhos detalhados da loca- lização de equipamentos e áreas destinadas às instalações provisórias devem ser elaborados. Assim, o objetivo principal do canteiro de obras é dar suporte adequado às atividades de produção ou construção. Para termos uma ideia acerca da importância que o canteiro de obras pode desempenhar, consideremos que, na construção da usina de fabricação de aço da empresa Açominas, alguns equipamentos precisaram ser manti- dos em ambientes controlados. O motivo foram as interrupções na obra devido à falta de recursos fi nanceiros (LIMMER, 1996). As dimensões e a quantidade de elementos que farão parte do canteiro de obras podem ser bastante variadas. De- penderão da defi nição de alguns elementos das téc- nicas construtivas, como: materiais a serem arma- zenados, logística de equipamentos e meios de transporte, dimensionamento das equipes, tem- po de obra, entre outros. Um exemplo de layout de canteiro de obras pode ser visto na Figura 3. GESTÃO DE OBRA 57 SER_ARQURB_GEOBRA_UNID2.indd 57 19/02/2021 17:35:53 Módulo 2 Módulo 3 Módulo 1 Módulo 4 Betoneira Ent. veículos Ent. pedestres Depósito Depósito Almoxarifado WC/Vestiário Serra Figura 3. Exemplo de layout de canteiro de obras de um complexo residencial composto por 15 torres. Fonte: DOURA- DO; BARBOSA; CASELLI, 2014, p. 4. Apesar do planejamento e projeto do canteiro de obras auxiliarem na cons- trutibilidade e racionalização do processo de construção, muitos empreendi- mentos ainda possuem canteiros feitos de maneira bastante aleatória, basea- dos apenas em experiências passadas dos seus responsáveis técnicos. CURIOSIDADE O arranjo de um canteiro de obras pode se mostrar como um assunto maior do que o imaginado em algumas situações. Se considerarmos, por exemplo, “n” elementos de produção, o número de configurações possíveis para o seu arranjo no canteiro é de n! Logo, para um pequeno canteiro com dez elementos (exemplo: barracão de obra, depósito de materiais de pequeno porte, central de concreto, almoxarifado, depósito de brita, depósito de areia, depósito de aço, depósito de madeiras, central de corte e dobra de aço e carpintaria), o número de arranjos possíveis é de n!=10!=3.628.800! (LIMMER, 1996). GESTÃO DE OBRA 58 SER_ARQURB_GEOBRA_UNID2.indd 58 19/02/2021 17:35:53 Planejamento do canteiro de obras Com base no escopo da construção e da técnica construtiva defi nida, po- de-se seguir para a etapa de planeja- mento e elaboração do projeto do can- teiro de obras ou da “fábrica móvel”. Neste momento, segundo Limmer (1996), alguns conceitos e itens devem ser considerados, como: • Integração: buscando evitar ine- fi ciências durante o andamento da obra, os elementos que compõem as linhas de produção devem estar har- monicamente integrados; • Distâncias reduzidas: sempre que possível, as distâncias entre cen- trais de produção devem ser reduzi- das, evitando deslocamentos desne- cessários. Neste quesito, algumas medidas podem ser adotadas, como: • Localizar no projeto as instalações fi xas, como centrais de preparação ou de transformação de materiais; • Defi nir o fl uxo de veículos, arranjos de guindastes e outros equipamen- tos móveis; • Especifi car a infraestrutura de vias de acesso, circulação interna, sinalização etc. Dependendo do porte da obra, pode-se prever trata- mentos das superfícies de rolagem que permita uma boa drenagem em dias de chuva; • Posicionar alojamentos, ofi cinas, depósitos, escritórios e similares; Assim, podemos imaginar que um canteiro bem pensado e projetado pode causar um impacto
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