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1 A TECNOLOGIA QUE FACILITA O CONTROLE SOCIAL VALTER MOURA DO CARMO RealizaçãoApoio TCE Educação e Cidadania Controle social das contas públicas MÓDULO 5 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA (FDR) Presidente Luciana Dummar Diretor Administrativo-Financeiro André Avelino de Azevedo Gerente-Geral Marcos Tardin Gerente Editorial Lia Leite Gerente de Marketing e Design Andréa Araújo Gerente de Audiovisual Chico Marinho Gerente de Criação de Projetos Raymundo Netto Analistas de Projetos Aurelino Freitas e Fabrícia Góis Analista de Contas Narcez Bessa UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE (UANE) Gerente Educacional Deglaucy Jorge Coordenadora Pedagógica Jôsy Braga Cavalcante Coordenadora de Cursos e Secretária Escolar Marisa Ferreira Desenvolvedora Front-End Isabela Marques TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO CEARÁ (TCE) Presidente José Valdomiro Távora de Castro Júnior Vice-Presidente Edilberto Carlos Pontes Lima Corregedora Patrícia Lúcia Mendes Saboya Ouvidor Ernesto Saboia de Figueiredo Júnior Conselheiros Luís Alexandre Albuquerque Figueiredo de Paula Pessoa Soraia Thomaz Dias Victor Rholden Botelho de Queiroz Conselheiros Substitutos Itacir Todero Paulo César de Souza David Santos Matos Fernando Antônio Costa Lima Uchôa Júnior Manassés Pedrosa Cavalcante Ministério Público junto ao TCE/CE Procurador-Geral de Contas Leilyanne Brandão Feitosa Procuradores de Contas Gleydson Antônio Pinheiro Alexandre Eduardo de Sousa Lemos José Aécio Vasconcelos Filho Júlio César Rola Saraiva Cláudia Patrícia Rodrigues Alves Cristino Diretor-presidente do Instituto Plácido Castelo Ernesto Saboia de Figueiredo Júnior Diretor Geral do Instituto Plácido Castelo Luis Eduardo de Menezes Lima TCE - Educação e Cidadania Concepção e Coordenador Geral Cliff Villar Coordenadora de Operações Vanessa Fugi Coordenadora de Projetos e Relacionamento Larissa Viegas Coordenador de Conteúdo Daniel Oiticica Coordenadora Editorial Lia Leite Revisora May Freitas Projeto Gráfico e Editora de Design Andréa Araújo Designer Gráfico Welton Travassos Ilustrador Carlus Campos Analista de Marketing Henri Dias Analista de Projetos Hérica Paula Morais Social Media Letícia Frota T249 TCE Educação e Cidadania / vários autores ; ilustrado por Carlus Campos. - Fortaleza : Fundação Demócrito Rocha, 2023. 372 p. : il. ; 1080px x 1920px. – (TCE Educação e Cidadania ; 10 v.) Inclui índice e bibliografia. ISBN: 978-65-5383-088-2 1. Administração pública. 2. Prestação de contas. 3. Orçamento público. I. Campos, Carlus. II. Título. III. Série. CDD 350 2023-2807 CDU 35 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com ISBD Elaborado por Vagner Rodolfo da Silva - CRB-8/9410 Índice para catálogo sistemático: 1. Administração pública 350 2. Administração pública 35 5 SUMÁRIO 1. Introdução ................................................................6 2. A importância do Controle Social para a transparência e a responsabilidade das instituições ...............................................................9 3. O conceito de Controle Social .......................... 12 4. A evolução tecnológica e a sociedade .......... 15 5. Ferramentas tecnológicas para o Controle Social ...................................................... 19 6. A transparência e o acesso à informação ... 21 7. Alguns desafios e possíveis limitações .........27 8. Casos de sucesso em que a tecnologia fortaleceu o Controle Social ............................ 32 9. O futuro do controle social: avanço e aprimoramento da interação entre tecnologia e Controle Social ............................36 10. Maximizando os benefícios da tecnologia e do Controle Social. ..............................................39 Perfil do autor ...................................................... 42 Bibliografia ............................................................ 43 Glossário ................................................................ 45 6 1. INTRODUÇÃO Atualmente, não podemos ignorar o impacto profundo que a tecnologia tem exercido sobre todos os aspectos de nossas vidas. Em um mundo onde a inovação digital é a palavra do momento, as tecnologias emergentes têm dado forma às nossas vidas, moldando a maneira como nos comunicamos, interagimos e acessamos informações. Este avanço ininterrupto tem moldado o nosso modo de viver, interagir e entender o mundo. A rapidez com que a tecnologia tem evoluído, nos surpreende e suas consequências têm afetado todos os setores da sociedade. É inegável que a disseminação da tecnologia digital gerou mudanças profundas na dinâmica social, afetando desde a economia até a esfera pessoal. A maneira como nos comunicamos, por exemplo, sofreu grandes mudanças. Plataformas de mídia social (Instagram, YouTube, Facebook, X, TikTok, entre outros) e aplicativos de mensagens instantâneas (SMS, WhatsApp, Telegram, entre outros) conectam indivíduos ao redor do globo 7 em questão de segundos, transcendendo fronteiras geográficas e culturais. Com a popularização de smartphones e acesso à internet, nos encontramos em um cenário onde informações e comunicação são acessíveis a qualquer momento e em qualquer lugar. Redes sociais, aplicativos de mensagens e plataformas de compartilhamento de conteúdo têm alterado a maneira como nos conectamos e expressamos nossas opiniões. Essa acessibilidade pode trazer um maior senso de comunidade e permite uma interação, em escala global, entre pessoas de diferentes origens e ideais. Contudo, essa evolução tecnológica também gera desafios que precisamos considerar. A proliferação de informações digitais levanta questões sobre a veracidade e a confiabilidade do que consumimos online. Muitas vezes nos deparamos com as fake news, notícias falsas que confundem e manipulam a opinião pública. Enquanto a tecnologia oferece oportunidades significativas, ela também desperta preocupações sobre privacidade e segurança. A coleta constante de dados pessoais por parte de empresas e governos levanta questionamentos. Um deles é se o tratamento dos dados pessoais está restrito à finalidade pretendida. O acesso à informação é outro aspecto transformado pela tecnologia. Bibliotecas digitais, mecanismos de busca e cursos online permitem a disseminação do conhecimento de forma mais ampla e democrática. A educação à distância, no período da pandemia de Covid-19, por exemplo, ganhou o nosso cotidiano e proporcionou oportunidades de aprendizado a um público que estava impedido de ir pessoalmente para o ambiente escolar. 8 No entanto, é importante discutirmos a questão da acessibilidade digital para garantir que todos possam usufruir dos benefícios citados. A economia também experimentou uma revolução tecnológica. Startups e empresas de tecnologia estão redefinindo setores tradicionais como transporte e varejo. A automação e a inteligência artificial estão moldando a indústria do trabalho, o que exige uma adaptação contínua das habilidades dos trabalhadores. Toda essa contextualização do avanço tecnológico na sociedade é fundamental para você compreender o cenário em constante transformação ao nosso redor. A tecnologia está presente em nossas vidas de maneira profunda e complexa, moldando a forma como nos comunicamos, aprendemos, trabalhamos e interagimos uns com os outros. É necessário, portanto, um equilíbrio cuidadoso entre a adoção responsável da tecnologia e a consideração dos desafios éticos, sociais e econômicos que ela apresenta. Neste módulo, você vai aprender um pouco mais sobre Controle Social e sua importância em uma sociedade democrática, a evolução tecnológica e suas ferramentas para o Controle Social, desafios, casos de sucesso em que a tecnologia fortaleceu esse controle e um pouco mais sobre o futuro do Controle Social. Que essa jornada para conhecer um pouco mais sobre o Controle Social das contas públicas sejaenriquecedora rumo ao aprimoramento da gestão pública e à construção de uma relação sólida e confiável entre os gestores e a sociedade à qual eles servem. Boa leitura! 9 No cenário atual, a busca por uma governança eficiente e ética em instituições de todos os âmbitos nunca foi tão importante. Nesse contexto, aflora a importância do Controle Social como uma ferramenta fundamental para garantir a transparência e a responsabilidade das organizações. Você está aprendendo neste curso que, independentemente de formação, todos nós podemos compreender o papel que o Controle Social desempenha na construção de uma sociedade mais justa e igualitária. DICA DE ESTUDO Para saber mais sobre Controle Social, estude o Módulo 4 (Controle social: cidadãos empoderados). O Controle Social ocorre quando os cidadãos comuns têm o poder de acompanhar e verificar o que as instituições públicas e privadas estão fazendo. Ele possibilita que a sociedade exerça vigilância sobre o uso 2. A IMPORTÂNCIA DO CONTROLE SOCIAL PARA A TRANSPARÊNCIA E A RESPONSABILIDADE DAS INSTITUIÇÕES 10 de recursos, tomada de decisões e conduta ética por parte dessas entidades. Isso não apenas promove a transparência, mas também cria uma cultura de prestação de contas, em que as organizações se sentem responsáveis por suas ações e seus impactos na comunidade. O Controle Social, em sua essência, representa o engajamento ativo dos cidadãos na supervisão das atividades públicas e privadas que impactam suas vidas. Através desse mecanismo, a população ganha a capacidade de monitorar as ações das instituições, seja do governo ou setor privado, assegurando que seus interesses sejam levados em consideração. EM RESUMO Controle Social como contrapeso Em todos os setores, seja na administração pública, nas empresas privadas ou nas organizações não governamentais, o Controle Social atua como um contrapeso para evitar abusos de poder, corrupção e tomada de decisões arbitrárias. A participação cidadã em processos de fiscalização e monitoramento contribui para que os interesses da sociedade sejam respeitados e atendidos. Quando a população exerce seu direito de questionar, fiscalizar e exigir prestação de contas, as instituições são incentivadas a agir de maneira ética e em conformidade com as leis e normas. Isso não apenas previne abusos de poder, mas também promove uma cultura de eficiência e eficácia. 11 Qualquer pessoa pode participar do Controle Social, mesmo sem precisar de um conhecimento técnico muito avançado. Independente do nível de conhecimento acadêmico, todos podem reconhecer a importância de um ambiente no qual as instituições são responsáveis por suas ações. O Controle Social capacita cada indivíduo a se tornar um defensor da ética e da justiça, contribuindo para uma sociedade mais justa e equitativa. Isso pode ocorrer por meio do engajamento em conselhos consultivos, audiências públicas, denúncias de irregularidades ou pelo acompanhamento de relatórios de desempenho institucional. O simples ato de questionar e buscar informações já é um passo em direção a uma maior transparência. Portanto, a importância do Controle Social reside em sua capacidade de construir uma sociedade mais justa e consciente. Ao empoderar os cidadãos a desempenharem um papel ativo na supervisão das instituições, ele contribui para a formação de uma cultura de integridade e responsabilidade. Todos têm o poder de serem agentes de mudança ao se envolverem no Controle Social, colaborando para a construção de um futuro mais transparente e confiável. 12 3. O CONCEITO DE CONTROLE SOCIAL O termo “Controle Social” pode parecer complexo à primeira vista, mas sua essência é fundamental para o bom funcionamento de qualquer sociedade. De maneira simples, o Controle Social se refere ao envolvimento ativo dos cidadãos na supervisão das atividades de instituições públicas e privadas. Esse princípio é como uma luz que ilumina os bastidores das ações das organizações, assegurando que seus passos sejam transparentes e alinhados com o interesse público. Na prática, o Controle Social é uma ferramenta de empoderamento para os cidadãos. Ele permite que indivíduos de todas as origens e formações desempenhem um papel ativo na tomada de decisões e na avaliação do desempenho de instituições. Isso não exige uma formação específica, mas sim uma disposição para fazer perguntas, buscar informações e participar ativamente da construção de uma sociedade mais justa. A relevância do Controle Social se estende para além do âmbito local. Em níveis maiores, influencia a governança que “envolve a colaboração entre o governo e a sociedade na procura de respostas e conquistas para desafios compartilhados” (Gonçalves, 2005, p. 14). Quando cidadãos se engajam no Controle Social, eles contribuem para a prestação de contas das instituições e influenciam a adoção de políticas que beneficiem a coletividade. Assim, a governança se torna mais representativa e responsiva às necessidades da população. 13 É um mecanismo que contribui para prevenir abusos de poder e corrupção, garantindo que os recursos sejam direcionados para o bem comum. Em um mundo complexo, onde a informação é valiosa, o Controle Social é a lente pela qual os cidadãos podem observar o funcionamento interno das instituições e participar de maneira informada. Para Silva, Cançado e Santos (2017, p. 54) o Controle Social da sociedade sobre o Estado refere-se ao processo de aprimoramento da democracia deliberativa, em que a sociedade exerce efetivamente sua cidadania para supervisionar as ações do Estado. Isso inclui todos os meios e iniciativas usados pela sociedade para fortalecer o poder local e outras esferas de governo. Em última análise, o Controle Social representa o estabelecimento do domínio da sociedade sobre as decisões e ações do Estado por meio da gestão social. O conceito de Controle Social é tão simples quanto poderoso. Para todos os cidadãos, compreender a sua importância é abraçar o papel ativo que cada um pode desempenhar na construção de uma sociedade justa, transparente e responsável. O papel do Controle Social na promoção do bem comum No cerne da prevenção de abusos, o Controle Social atua como um escudo que protege a integridade das instituições. Ao demandar transparência e responsabilidade, os cidadãos exercem um papel crucial na detecção e correção de desvios. Esse engajamento não apenas reduz o poder desmedido, mas também promove uma cultura de 14 respeito pelas normas e princípios éticos. Logo, o controle social desempenha um papel vital na promoção do bem comum. Através da participação informada nas decisões públicas, os cidadãos moldam políticas e iniciativas que beneficiam toda a sociedade. A diversidade de perspectivas trazida pelo Controle Social enriquece o processo de tomada de decisão, permitindo soluções mais abrangentes e inclusivas. Todos nós podemos perceber o valor do Controle Social como um escudo contra injustiças e um motor para a coletividade. É um princípio que capacita cada indivíduo a se tornar um defensor da integridade e da justiça. E não depende da sua formação acadêmica. A compreensão do papel do Controle Social na prevenção de abusos e promoção do bem comum é tão acessível quanto vital. Representando uma rede de segurança ética, ele garante que os interesses individuais não subjuguem os interesses da comunidade e, ao mesmo tempo, capacita cada cidadão a contribuir para um ambiente social mais equitativo e harmonioso. 15 4. A EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA E A SOCIEDADE Agora que você já entendeu a importância do Controle Social na nossa sociedade, vamos aprender um pouco sobre tecnologia e como ela impacta nos conceitos vistos anteriormente. Para começar, é importante que você perceba que, nos últimos anos, testemunhamos uma transformação profunda e acelerada que está redefinindo todos os aspectos da nossa vida cotidiana.Essa transformação afeta a forma como nos comunicamos, como trabalhamos e até mesmo como nos divertimos. Essa mudança radical é resultado da Revolução Tecnológica, um fenômeno que está moldando o nosso presente e delineando o futuro de maneiras que antes pareciam inimagináveis. No centro dessa revolução está a conectividade. A internet e a computação em nuvem tornaram-se a espinha dorsal da nossa sociedade digital, permitindo que dados e informações fluam livremente pelo mundo, sem fronteiras físicas. Isso não apenas democratizou o acesso à informação, mas também deu origem a inovações revolucionárias em áreas como inteligência artificial, automação, realidade virtual e blockchain. 16 PARA ENTENDER MELHOR O que é um blockchain? Segundo definição da Amazon, uma das maiores empresas de tecnologia do mundo, a tecnologia blockchain “é um mecanismo de banco de dados avançado que permite o compartilhamento transparente de informações na rede de uma empresa. Um banco de dados blockchain armazena dados em blocos, interligados em uma cadeia. Os dados são cronologicamente consistentes porque não é possível excluir nem modificar a cadeia sem o consenso da rede”. A inteligência artificial está transformando indústrias inteiras. Capacita máquinas a aprender e a tomar decisões de maneira autônoma. A automação está redefinindo o mercado de trabalho, com máquinas realizando tarefas repetitivas e permitindo que os seres humanos se concentrem em trabalhos mais criativos e estratégicos. A realidade virtual está mudando a forma como experimentamos entretenimento, educação e até mesmo viagens. Além disso, a blockchain está revolucionando as finanças e a segurança da informação, fornecendo novos meios de transações seguras e transparentes. No entanto, com essa revolução também surgem desafios importantes. Questões de privacidade, segurança cibernética, acesso à internet e desigualdade digital precisam ser enfrentadas. 17 É crucial que a sociedade trabalhe para garantir que os benefícios da revolução tecnológica sejam compartilhados de forma igualitária. À medida que continuamos a percorrer esses caminhos de inovação, é importante lembrar que a Revolução Tecnológica atual é apenas o começo. As possibilidades são infinitas, e cabe a nós moldarmos esse futuro para que seja mais inclusivo, ético e sustentável. O impacto das tecnologias na comunicação, acesso à informação e participação cidadã Em um mundo cada vez mais conectado, as tecnologias digitais desempenham um papel fundamental na redefinição da forma como nos comunicamos, acessamos informações e participamos ativamente da sociedade. A revolução digital trouxe consigo mudanças profundas e impactantes, moldando a maneira como interagimos com o mundo e uns com os outros. A Comunicação nunca foi tão acessível e instantânea. Com as atuais tecnologias é possível nos conectarmos com pessoas em todo o planeta com apenas alguns toques na tela. Essa conectividade global aproximou amigos e familiares separados por grandes distâncias, mas também abriu novos canais para a disseminação de informações, opiniões e experiências. Agora, qualquer pessoa pode ser um comunicador em potencial, compartilhando histórias e conhecimentos para pessoas de todo o mundo. 18 O acesso à informação tornou-se ilimitado. A internet democratizou a disponibilidade de conhecimento, permitindo que qualquer pessoa, em qualquer lugar, acesse uma vasta gama de informações, desde notícias e pesquisas acadêmicas até tutoriais e cursos. Isso empoderou as pessoas com a capacidade de se manterem informadas, aprenderem novas habilidades e tomarem decisões mais embasadas. No entanto, também destacou a importância de desenvolver habilidades críticas de discernimento para navegar em um mar de informações. A participação cidadã foi ampliada. As tecnologias digitais forneceram ferramentas poderosas para o engajamento cívico. Movimentos sociais, defensores de causas e ativistas encontraram nas redes sociais uma plataforma para mobilizar apoiadores, criar conscientização e pressionar por mudanças sociais. Além disso, a participação política evoluiu com a possibilidade de engajar-se em debates online, votar em eleições, opinar em proposições legislativas, participar de petições e campanhas políticas, tornando a política mais acessível e inclusiva. No entanto, esse progresso não vem isento de desafios. A disseminação de desinformação e notícias falsas compromete a confiabilidade da informação online, minando a capacidade das pessoas de tomar decisões informadas. A questão da privacidade também se tornou necessária, com preocupações sobre o uso indevido de dados pessoais e vigilância online. 19 5. FERRAMENTAS TECNOLÓGICAS PARA O CONTROLE SOCIAL Agora que você já refletiu sobre o impacto das tecnologias na forma como nos comunicamos e acessamos informações, chegou a hora de começar a entender o impacto dessas transformações na forma como podemos exercer o Controle Social. Em um mundo cada vez mais conectado, as plataformas digitais e redes sociais desempenham um papel fundamental na maneira como as pessoas se expressam, compartilham pensamentos e se organizam para causas importantes. Essas ferramentas tecnológicas proporcionaram um cenário revolucionário para a expressão individual e coletiva, bem como para a mobilização social. As redes sociais oferecem a indivíduos de todas as esferas da vida a oportunidade de se expressarem de maneira única e criativa. De postagens de texto a imagens, vídeos e histórias em tempo real, as plataformas digitais são um espaço onde as pessoas podem compartilhar suas opiniões, paixões e experiências. A liberdade de expressão tornou-se mais acessível e ampla do que nunca, permitindo que as vozes sejam ouvidas em escala global. Além da expressão pessoal, as redes sociais tornaram- se ferramentas poderosas para a organização social. Movimentos sociais, ativistas e grupos de interesse podem usar plataformas online para mobilizar 20 apoiadores, criar conscientização e coordenar ações em prol de causas específicas. O ativismo digital se tornou uma extensão vital das lutas por direitos civis, justiça social e meio ambiente. A amplificação da Participação Cidadã A participação cidadã também foi amplificada pelas plataformas digitais. As pessoas agora podem se envolver em debates políticos, votar em pesquisas e assinar petições online para solicitar diversos direitos. Podem até mesmo interagir diretamente com seus representantes eleitos. Isso torna a política mais acessível e envolve um público mais amplo em questões governamentais. No entanto, é importante reconhecer que essa exploração das plataformas digitais e redes sociais também apresenta desafios. A capacidade de influenciar massas pode ser usada de maneira negativa, alimentando o ódio e a divisão. Para evitá-lo, à medida em que continuamos a explorar esses meios de expressão e organização, é crucial promover o letramento digital, incentivar a responsabilidade online e garantir que essas ferramentas sejam usadas para o bem comum. A exploração das plataformas digitais e redes sociais como meios de expressão e organização é uma parte fundamental do contexto contemporâneo. O equilíbrio entre a liberdade de expressão e a responsabilidade é essencial para um futuro digital mais justo e inclusivo. 21 6. A TRANSPARÊNCIA E O ACESSO À INFORMAÇÃO A tecnologia, ao longo das últimas décadas, transformou fundamentalmente a maneira como os governos interagem com seus cidadãos e como estes se envolvem com os órgãos governamentais. Uma das áreas em que essa transformação é mais visível é o acesso a dados e informações governamentais. A digitalização e a conectividade democratizaram o acesso a informações anteriormente confinadas em prateleiras empoeiradas de arquivos públicos. Hoje, o governo eletrônico, ou E-gov, é uma realidade que torna a governançamais transparente, participativa e eficiente. 22 PARA ENTENDER MELHOR O que é o governo eletrônico? O governo eletrônico consiste em uma infraestrutura de comunicação compartilhada por diversos órgãos públicos. Por meio dessa infraestrutura, a tecnologia da informação e da comunicação é amplamente utilizada para aprimorar a gestão pública e o atendimento ao cidadão. O objetivo principal do governo eletrônico é tornar o governo acessível a todos, aumentando a transparência de suas ações e promovendo a participação cidadã (Rover, 2006). Ainda segundo Rover (2006, p. 99): o governo eletrônico tem duas faces. Do ponto de vista do Estado, é uma forma puramente instrumental de administração das funções do Estado (Poder Executivo, Poder Legislativo e Poder Judiciário) e de prestação dos serviços públicos. Do ponto de vista da sociedade, é uma das formas de realização dos fins estabelecidos pelo Estado Democrático de Direito, utilizando as novas tecnologias da informação e comunicação como instrumento de interação com os cidadãos. A disponibilidade de dados governamentais online tem permitido aos cidadãos uma maior transparência sobre como o governo funciona. Anteriormente, a obtenção de informações sobre políticas públicas, gastos governamentais e funcionamento interno era um processo muito lento e burocrático. 23 Agora, com apenas alguns cliques, qualquer pessoa pode acessar uma riqueza de informações governamentais, desde orçamentos até dados demográficos e estatísticas. Essa transparência não apenas permite que os cidadãos monitorem ações governamentais, mas também fomenta a responsabilização. Os governos agora são mais facilmente responsabilizados por suas decisões e ações, já que as informações estão disponíveis para o exame público. Isso cria um ambiente mais propício para a democracia, onde os governantes são incentivados a prestar contas por suas políticas e ações. Além disso, a tecnologia proporciona uma maior participação cidadã na tomada de decisões governamentais. Plataformas de consulta pública online, fóruns de discussão e redes sociais são utilizados para envolver os cidadãos em debates e discussões sobre política. Os governos podem coletar feedback em tempo real e usar essas informações para tomar decisões. Isso torna o processo democrático mais inclusivo e permite que uma variedade de vozes seja ouvida, não apenas aquelas com acesso privilegiado aos corredores do poder. 24 No Brasil, nossa Constituição, que você vem conhecendo ao longo dos módulos, prevê que “todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado”. Esse direito foi regulado pela Lei de Acesso à Informação, de 18 de novembro de 2011. A principal finalidade da lei foi a de proporcionar uma maior transparência nas ações do governo, permitindo que os cidadãos tenham acesso às informações sobre as atividades e gastos do setor público. Além disso, a lei busca fortalecer a participação da sociedade no processo democrático, permitindo que os cidadãos exerçam um controle mais efetivo sobre as ações do governo. DICA DE ESTUDO Para conhecer mais sobre a Lei de Acesso à Informação, estude o Módulo 2 (Acesso à informação pública, um direito de todos). Exemplos de portais de transparência e bases de dados públicas que promovem o Controle Social Existem diversos portais de transparência e bases de dados públicas em todo o mundo que promovem o Controle Social e fornecem acesso a informações governamentais. Está na hora de você conhecer alguns deles. Acesse, explore, estude! Data.gov (Estados Unidos) https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm https://data.gov/ 25 Este é o portal de dados abertos dos Estados Unidos. Ele fornece acesso a uma ampla variedade de conjuntos de dados do governo federal dos EUA, abrangendo tópicos como saúde, educação e transporte. Portal da Transparência (Brasil) O Brasil tem seu próprio Portal da Transparência, que disponibiliza informações como gastos governamentais, contratos, convênios e salários de funcionários públicos. Dados Abertos da União Europeia (UE) A União Europeia mantém um portal de dados abertos que oferece acesso aos conjuntos de dados de várias agências e instituições da UE, abrangendo questões como agricultura, comércio e ambiente. Open Data (Reino Unido) O governo do Reino Unido disponibiliza uma ampla variedade de dados abertos através do Open Data UK, incluindo informações sobre gastos governamentais, transporte público e muito mais. Dados Abertos (ONU) A Organização das Nações Unidas disponibiliza dados abertos relacionados a uma variedade de questões globais, como mudança climática, desenvolvimento sustentável e direitos humanos. Transparency International’s Corruption Perceptions Index (Internacional) Esta organização internacional classifica os países com base em sua percepção de corrupção. Esses índices são acessíveis ao público e usados para monitorar a transparência e a integridade global. https://portaldatransparencia.gov.br/ https://data.europa.eu/data/datasets?locale=pt-pt https://www.data.gov.uk/ http://data.un.org/Default.aspx https://www.transparency.org/en/ https://www.transparency.org/en/ 26 Plataforma de Dados Abertos do Banco Mundial (Internacional) O Banco Mundial disponibiliza uma ampla variedade de dados econômicos e sociais de todo o mundo, incluindo indicadores de desenvolvimento, estatísticas de pobreza e muito mais. DICA DE ESTUDO Para aprender mais sobre o Portal da Transparência, estude o Módulo 4 (Controle social: cidadãos empoderados). Esses são apenas alguns exemplos de portais de transparência e bases de dados públicas que promovem o Controle Social. Eles permitem que os cidadãos acessem informações governamentais, monitorem as atividades do governo e participem de debates públicos. Muitos outros países e organizações também mantêm iniciativas semelhantes para promover a transparência e a responsabilidade. https://databank.worldbank.org/ 27 7. ALGUNS DESAFIOS E POSSÍVEIS LIMITAÇÕES V ivemos em tempos em que a informação flui livremente pela internet, proporcionando acesso a uma riqueza de conhecimento, notícias e perspectivas. No entanto, com essa abundância de informações, surgem preocupações fundamentais relacionadas à veracidade e à privacidade dos dados online. Como sociedade, enfrentamos o desafio de encontrar o equilíbrio entre a livre circulação de informações e a proteção da integridade e privacidade dos indivíduos. A veracidade das informações online é uma questão crítica. Com a disseminação de notícias falsas, desinformação e teorias da conspiração, a confiabilidade das fontes de informação tornou-se uma preocupação central. Agências de verificação de fatos, como Agência Lupa, Aos Fatos, Comprova e Fato ou Fake e esforços de educação pública desempenham um papel importante na promoção da educação digital e na conscientização sobre a importância de verificar as fontes antes de compartilhar informações. Além disso, as plataformas de mídia social e os mecanismos de pesquisa têm a responsabilidade de implementar políticas que desincentivem a disseminação de informações enganosas e promovam a transparência na origem das informações. https://lupa.uol.com.br/ https://www.aosfatos.org/ https://projetocomprova.com.br/ https://g1.globo.com/fato-ou-fake/ 28 A privacidade online é outra preocupação crescente. À medida que as pessoas compartilham mais informações pessoais e comerciais, a proteção desses dados se torna crítica. Os escândalos de vazamento de dados e o uso indevido de informações pessoais por empresas e governos levaram a um aumentonas preocupações com a privacidade. Leis de proteção de dados, como o Regulamento Geral de Proteção de Dados (GDPR) da União Europeia, foram promulgadas para dar aos indivíduos maior controle sobre suas informações pessoais e impor obrigações mais rigorosas às organizações que as coletam. No Brasil, temos a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), promulgada em 2018 e que entrou em vigor em setembro de 2020 (à exceção das sanções administrativas, que passaram a ser exigíveis a partir de 1º agosto de 2021, nos termos da Lei nº 14.010/2020). Ela representa um marco importante na regulamentação da proteção de dados pessoais no país e segue uma tendência global de legislação de privacidade de dados. A LGPD foi inspirada no Regulamento Geral de Proteção de Dados da União Europeia e tem como objetivo estabelecer direitos e princípios para o tratamento de dados pessoais no Brasil. Ela também cria obrigações para as organizações que lidam com esses dados (Lannes, 2020). A proteção de dados pessoais também consta no rol de direitos e garantias fundamentais (Art. 5, LXXIX), a partir da promulgação da Emenda Constitucional n.115/2022. É importante reconhecer que o equilíbrio entre a veracidade e a privacidade online não é simples. https://commission.europa.eu/law/law-topic/data-protection/data-protection-eu_pt#:~:text=Regulamento%20Geral%20sobre%20a%20Prote%C3%A7%C3%A3o%20de%20Dados%20(RGPD),-Regulamento%20(UE)%202016&text=Este%20regulamento%20constitui%20uma%20medida,p%C3%BAblicos%20no%20mercado%20%C3%BAnico%20digital https://commission.europa.eu/law/law-topic/data-protection/data-protection-eu_pt#:~:text=Regulamento%20Geral%20sobre%20a%20Prote%C3%A7%C3%A3o%20de%20Dados%20(RGPD),-Regulamento%20(UE)%202016&text=Este%20regulamento%20constitui%20uma%20medida,p%C3%BAblicos%20no%20mercado%20%C3%BAnico%20digital https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/l13709.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/l13709.htm 29 Medidas destinadas a combater a desinformação podem ser vistas como censura, prejudicando a liberdade de expressão. Da mesma forma, medidas estritas de privacidade podem dificultar a investigação de atividades criminosas e a proteção da segurança pública. Portanto, encontrar soluções que respeitem a liberdade de expressão e a privacidade é um desafio complexo. A educação digital desempenha um papel importante na abordagem dessas preocupações. Os indivíduos precisam ser capacitados para diferenciar informações confiáveis de enganosas e entender os riscos e benefícios da divulgação de informações pessoais online. Além disso, as empresas de tecnologia e os governos devem trabalhar juntos para desenvolver políticas e regulamentações que promovam a veracidade e a privacidade, enquanto ainda permitem a inovação e a livre circulação de informações. Em última análise, a abordagem das preocupações sobre a veracidade e a privacidade das informações online requer uma colaboração cuidadosa entre governos, empresas, sociedade civil e indivíduos. A tecnologia continuará a evoluir, e nossa capacidade de equilibrar a liberdade de expressão com a proteção dos dados pessoais determinará o futuro da sociedade digital. A inclusão digital e a necessidade de garantir acesso equitativo às tecnologias Com o avanço tecnológico, a inclusão digital emergiu como uma questão crítica que afeta todas as camadas da sociedade. O acesso à tecnologia deixou de ser apenas uma conveniência e tornou-se uma necessidade para 30 o pleno engajamento na vida moderna. No entanto, a realidade é que nem todos têm igualdade de acesso a essas ferramentas vitais. O que é a inclusão digital? Ela se refere ao direito de todos os indivíduos acessarem e utilizarem as tecnologias da informação e comunicação (TICs) de maneira significativa. Isso abrange desde a disponibilidade de infraestrutura tecnológica até as habilidades necessárias para navegar na era digital. A inclusão digital não é apenas sobre a disponibilidade de dispositivos e acesso à internet, mas também sobre a capacidade de as pessoas usarem essas ferramentas para melhorar suas vidas. Segundo Mattos e Chagas (2008, p. 89): “A formulação de políticas públicas, no Brasil, deve abarcar não apenas uma decisão de investimento em bens materiais (compra de equipamentos, ampliação de linhas telefônicas etc.). Ela deve representar também uma contínua melhoria das condições do ensino básico, que possa dotar a população em idade escolar de capacidade cognitiva para compreender e processar as informações e símbolos disponibilizados pelo acesso dessas pessoas à internet. Ou seja, para que também as camadas de baixa renda possam ter cada vez maior capacidade de exploração, de interpretação e de uso do enorme mundo de informações disponibilizado pela internet”. A necessidade de garantir acesso equitativo às tecnologias é uma preocupação essencial em nossa sociedade. Sem acesso igualitário, as disparidades sociais e econômicas podem se agravar. Os benefícios da inclusão digital são vastos, abrangendo áreas como educação, saúde, emprego e participação cívica. Portanto, garantir que todos tenham 31 oportunidades iguais de participar da revolução digital é uma questão de justiça social e econômica. O acesso às tecnologias também está estreitamente ligado à educação digital. A capacitação das pessoas com as habilidades necessárias para aproveitar ao máximo a tecnologia é essencial. Isso inclui a alfabetização digital, que vai além de saber usar um computador ou smartphone, envolvendo a compreensão de questões como segurança online. Governos, empresas e organizações da sociedade civil desempenham um papel importante na promoção da inclusão digital. Isso envolve a criação de políticas que promovam o acesso universal à internet, a oferta de programas de capacitação digital acessíveis e a garantia de que as comunidades marginalizadas não sejam deixadas à margem na revolução digital. 32 8. CASOS DE SUCESSO EM QUE A TECNOLOGIA FORTALECEU O CONTROLE SOCIAL A tecnologia desempenhou um papel significativo no fortalecimento do controle social em vários contextos ao redor do mundo. Você vai conhecer agora alguns exemplos de casos em que a tecnologia facilitou a capacidade das pessoas de monitorar, influenciar e responsabilizar instituições e governos. Primavera Árabe (2010-2012) Durante os levantes populares na região do Oriente Médio e Norte da África, as redes sociais desempenharam um papel central na organização e mobilização dos manifestantes. Plataformas como o Facebook e o Twitter (agora X) permitiram que as pessoas compartilhassem informações, coordenassem protestos e documentassem abusos dos direitos humanos em tempo real, aumentando a conscientização global sobre os movimentos. Protestos em Hong Kong (2019-2020) Os protestos em Hong Kong contra a legislação de extradição controversa foram amplamente organizados e documentados online. Os manifestantes usaram aplicativos de mensagens criptografadas, como o 33 Telegram, para coordenar atividades e proteger sua identidade. As mídias sociais desempenharam um papel crucial na divulgação de informações sobre a situação em Hong Kong para uma audiência global. Monitoramento eleitoral no Brasil Em eleições recentes no Brasil, aplicativos como o “Detector de Ficha de Político” permitiram que os eleitores verificassem as informações sobre os candidatos, incluindo processos judiciais e condenações criminais. Isso empoderou os eleitores com informações relevantes para tomar decisões informadas nas urnas. Plataforma de dados abertos em Taiwan O governo de Taiwan lançou a plataforma “Digital Minister” para fornecer acesso a dados governamentais em tempo real, permitindo que o público monitore o uso de recursos públicos e participe ativamente da tomada de decisões. Esses exemplos destacam como a tecnologia pode capacitar os cidadãos a desempenhar um papelativo no Controle Social, na defesa dos Direitos Humanos, na transparência governamental e na responsabilização das autoridades. À medida que a tecnologia continua a evoluir, é provável que seu impacto no fortalecimento do controle social continue a crescer em escala global. Exemplos de movimentos e campanhas online que geraram mudanças significativas A partir de agora, você vai conhecer alguns exemplos de movimentos e campanhas online que geraram mudanças significativas nas sociedades: 34 Movimento #MeToo Este movimento começou como uma hashtag nas redes sociais em 2017, quando as mulheres começaram a compartilhar suas experiências de assédio sexual e abuso. O #MeToo rapidamente se tornou um movimento global que trouxe à tona questões de assédio sexual, desigualdade de gênero e cultura de silêncio. Isso levou a discussões mais amplas sobre o tema, demissões de figuras públicas acusadas e mudanças nas políticas corporativas em muitos setores. Campanha Black Lives Matter O movimento Black Lives Matter começou em 2013, mas ganhou grande visibilidade nas redes sociais em 2020, após a morte de George Floyd. Protestos massivos ocorreram em todo o mundo, exigindo justiça e igualdade para as comunidades negras. A campanha levou a discussões sobre brutalidade policial, racismo estrutural e reforma das forças policiais. Campanha #FridaysForFuture (Greve pelo Clima) A ativista sueca Greta Thunberg iniciou a campanha #FridaysForFuture em 2018, fazendo greves escolares para chamar a atenção para a crise climática. O movimento se espalhou globalmente, mobilizando jovens em todo o mundo para exigir ação climática. Isso levou a debates políticos, mudanças na legislação e um aumento na conscientização sobre as questões climáticas. 35 Campanha #IceBucketChallenge Esta campanha de conscientização sobre a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) se tornou viral em 2014. As pessoas foram desafiadas a despejar baldes de gelo sobre si mesmas e doar para a pesquisa da ELA. A campanha arrecadou milhões de dólares para a causa e aumentou a conscientização sobre a doença. Esses são alguns casos de como as redes sociais e as campanhas online podem desencadear mudanças significativas na sociedade, mobilizando pessoas, conscientizando sobre questões importantes e pressionando por ações e reformas. 36 9. O FUTURO DO CONTROLE SOCIAL: AVANÇO E APRIMORAMENTO DA INTERAÇÃO ENTRE TECNOLOGIA E CONTROLE SOCIAL No cenário atual, é inegável que a interação entre tecnologia e Controle Social tem desempenhado um papel crucial em nossa sociedade. À medida que a tecnologia continua a evoluir rapidamente, é importante refletir sobre as possibilidades de avanço e aprimoramento dessa relação e como ela pode moldar nosso futuro coletivo. Um dos aspectos mais notáveis dessa interação é a ampliação da participação cidadã. Você já aprendeu que a tecnologia democratizou a voz das pessoas, permitindo que compartilhem opiniões, preocupações e críticas de maneira ampla e imediata. As redes sociais, fóruns online e plataformas de petição digital deram poder às vozes individuais, possibilitando o ativismo em massa e o controle social mais direto. 37 Além disso, a transparência governamental atingiu níveis sem precedentes. A disponibilidade de dados públicos, informações governamentais e orçamentos online permite que os cidadãos monitorem as ações do governo e exijam responsabilidade. Isso fortalece a democracia ao permitir que os governos prestem contas aos cidadãos de maneira mais eficaz. A vigilância digital é uma faceta dessa interação que levanta preocupações, mas também oferece oportunidades. A coleta de dados em grande escala por parte das empresas e governos levanta questões sobre privacidade, mas também pode ser usada para melhorar a prestação de serviços públicos e a segurança. O desafio é encontrar um equilíbrio entre a coleta de dados necessária e a proteção da privacidade. A inteligência artificial (IA) é uma tecnologia que promete avançar ainda mais com a interação entre tecnologia e Controle Social. A IA pode analisar grandes volumes de dados para identificar tendências, prever problemas e otimizar recursos. Isso tem o potencial de melhorar a eficiência dos serviços públicos, desde a saúde até a educação, e de auxiliar na tomada de decisões baseadas em evidências. Porém, com a IA também surgem questões éticas, como a possibilidade de discriminação algorítmica e a necessidade de regulamentação adequada (Lara, 2019). Portanto, o avanço da IA deve ser acompanhado por salvaguardas que garantam que seu uso seja justo e transparente. 38 Como você pode perceber, as possibilidades de avanço e aprimoramento da interação entre tecnologia e controle social são vastas. Cabe a nós, como sociedade, moldar essa interação de maneira responsável, garantindo que a tecnologia sirva ao bem comum, promova a igualdade e respeite os direitos individuais. O futuro está em nossas mãos, e a tecnologia é uma ferramenta poderosa para moldar o mundo que queremos criar. 39 10. MAXIMIZANDO OS BENEFÍCIOS DA TECNOLOGIA E DO CONTROLE SOCIAL A colaboração entre governos e sociedade é fundamental para maximizar os benefícios da harmonia entre tecnologia e Controle Social. Você vai aprender agora sobre algumas sugestões de como essa colaboração pode ser eficaz. Transparência e abertura de dados Os governos podem promover a transparência tornando dados públicos em formatos abertos e acessíveis. Isso permite que a sociedade civil e empresas utilizem esses dados para criar aplicativos e soluções que beneficiem a comunidade. Parcerias Público-Privadas (PPPs) Colaborações entre o setor público e empresas privadas podem acelerar o desenvolvimento de tecnologias e serviços que atendam às necessidades da sociedade. As PPPs podem abranger áreas como saúde, educação e infraestrutura. 40 Consultas Públicas e Participação Cidadã Os governos podem envolver ativamente a sociedade civil em processos de tomada de decisão por meio de consultas públicas, fóruns online e outros métodos. Isso permite que os cidadãos contribuam com suas opiniões e experiências, influenciando políticas e iniciativas. Educação Digital Investir na educação digital é essencial. Governos podem colaborar com escolas e instituições de ensino para garantir que os alunos desenvolvam habilidades digitais desde cedo. Isso inclui alfabetização digital, programação e compreensão ética da tecnologia. Regulamentação Responsável É importante que os governos criem regulamentações que incentivem a inovação tecnológica, ao mesmo tempo em que protegem os direitos dos cidadãos. No caso brasileiro, é necessário novas regulamentações sobre segurança cibernética e uso ético da inteligência artificial. Treinamento e Capacitação Oferecer programas de treinamento e capacitação para a sociedade civil, especialmente para grupos sub- representados, é crucial. Isso pode incluir programas de capacitação em habilidades digitais, empreendedorismo social e liderança. 41 Monitoramento e Avaliação Governos e sociedade podem colaborar na criação de mecanismos de monitoramento e avaliação para medir o impacto das tecnologias e iniciativas de controle social. Isso permite ajustes e melhorias contínuas. Incentivos Fiscais e Financeiros Governos podem oferecer incentivos fiscais e financeiros para empresas e organizações que desenvolvam tecnologias e soluções inovadoras que tenham um impacto positivo na sociedade. Essas sugestões destacam a importância da colaboração ativa entre governos, empresas e sociedade para garantir que a sinergia entre tecnologia e controle social beneficie a todos. É um esforço conjunto que pode impulsionar o progresso social, econômico e tecnológico de maneira sustentável e inclusiva. 42 PERFIL DO AUTOR Valter Moura do Carmo Possui graduação em Direito pela UNIFOR, mestrado em Direito Constitucional pela UNIFOR e doutoradoem Direito pela UFSC, tendo realizado o doutorado sanduíche na Universidade de Zaragoza (Espanha). Atualmente é professor visitante do mestrado em Direito da UFERSA e professor colaborador do mestrado em Prestação Jurisdicional e Direitos Humanos da UFT em convênio com a Esmat/TJTO. 43 BIBLIOGRAFIA BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Presidência da República, 2023. Disponível em: http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao. htm. Acesso em: 20 set. 2023. BRASIL. Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011. Regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5º, no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do art. 216 da Constituição Federal; altera a Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990; revoga a Lei nº 11.111, de 5 de maio de 2005, e dispositivos da Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991; e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 2022. Disponível em: https://www.planalto. gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12527.htm. Acesso em: 20 set. 2023. BRASIL. Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018. Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD). Brasília, DF: Presidência da República, 2022. Disponível em: https:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/ l13709.htm. Acesso em: 20 set. 2023. GONÇALVES, Alcindo. O conceito de Governança. In: Congresso Nacional do CONPEDI, XIV., 2005, Fortaleza. Anais [...]. Florianópolis: CONPEDI, 2005. p. 1-16. Disponível em: http://www.publicadireito.com.br/ conpedi/manaus/arquivos/anais/XIVCongresso/078.pdf. 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Direitos Humanos: direitos básicos e universais que todas as pessoas têm, independentemente de sua raça, religião, gênero etc. Normalmente esses Direitos são positivados nas Constituições e recebem o nome de Direitos Fundamentais. Incluem direitos como liberdade de expressão, igualdade, o direito à vida, à educação etc. Fake News: notícias falsas ou desinformação deliberada que é disseminada, muitas vezes pela internet, com o objetivo de enganar ou influenciar o público. Normalmente essas notícias são de caráter político, mas podem ser observadas em outras áreas como saúde e economia. As Fake News podem criar confusão, pânico, desinformação e prejudicar a capacidade das pessoas de obter informações precisas e confiáveis. Governo Eletrônico (E-Gov): uso da tecnologia digital, como a internet, para melhorar a prestação de serviços públicos e a interação entre o governo e os cidadãos. Inteligência Artificial: campo de pesquisa multidisciplinar que congrega várias áreas do conhecimento e se concentra em criar sistemas de computador que podem executar tarefas que normalmente requerem inteligência humana, como aprender, raciocinar e tomar decisões. 46 Organização Não Governamental (ONG): organizações sem fins lucrativos que trabalham para causas sociais, ambientais ou humanitárias. Proteção de Dados: medidas e práticas para garantir que as informações pessoais das pessoas sejam tratadas de maneira segura e de acordo com as leis de privacidade. Realidade virtual: tecnologia que cria um ambiente simulado por computador que pode ser explorado e interagido por uma pessoa, muitas vezes usando óculos especiais. Redes sociais: plataformas online que permitem que as pessoas se conectem, compartilhem informações e interajam com outras pessoas, como o Facebook, Instagram e X. Sociedade Civil: organizações, grupos e cidadãos que não fazem parte do governo ou do setor privado, mas que desempenham um papel ativo na sociedade, muitas vezes em questões de interesse público. Startups: empresas emergentes, geralmente de tecnologia, que estão no início de sua jornada e geralmente buscam inovação e crescimento rápido. Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs): termo abrangente que se refere a tecnologias usadas para processar, armazenar e transmitir informações, incluindo computadores, internet, telecomunicações e software. Realização Apoio 1. Introdução 2. A importância do controle social para a transparência e a responsabilidade das instituições 3. O conceito de controle social 4. A evolução tecnológica e a sociedade 5. Ferramentas tecnológicas para o controle social 6. A transparência e o acesso à informação 7. Alguns desafios e possíveis limitações 8. Casos de sucesso em que a tecnologia fortaleceu o controle social 9. O futuro do controle social: avanço e aprimoramento da interação entre tecnologia e controle social
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