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1 MAIOR CONTROLE, MAIS DEMOCRACIA MÓDULO 10 HÉLIO LEITÃO RealizaçãoApoio Controle Social das Contas Públicas FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA (FDR) Presidente Luciana Dummar Diretor Administrativo-Financeiro André Avelino de Azevedo Gerente-Geral Marcos Tardin Gerente Editorial Lia Leite Gerente de Marketing e Design Andréa Araújo Gerente de Audiovisual Chico Marinho Gerente de Criação de Projetos Raymundo Netto Analistas de Projetos Aurelino Freitas e Fabrícia Góis Analista de Contas Narcez Bessa UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE (UANE) Gerente Educacional Deglaucy Jorge Coordenadora Pedagógica Jôsy Braga Cavalcante Coordenadora de Cursos e Secretária Escolar Marisa Ferreira Desenvolvedora Front-End Isabela Marques TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO CEARÁ (TCE) Presidente José Valdomiro Távora de Castro Júnior Vice-Presidente Edilberto Carlos Pontes Lima Corregedora Patrícia Lúcia Mendes Saboya Ouvidor Ernesto Saboia de Figueiredo Júnior Conselheiros Luís Alexandre Albuquerque Figueiredo de Paula Pessoa Soraia Thomaz Dias Victor Rholden Botelho de Queiroz Conselheiros Substitutos Itacir Todero Paulo César de Souza David Santos Matos Fernando Antônio Costa Lima Uchôa Júnior Manassés Pedrosa Cavalcante Ministério Público junto ao TCE/CE Procurador-Geral de Contas Leilyanne Brandão Feitosa Procuradores de Contas Gleydson Antônio Pinheiro Alexandre Eduardo de Sousa Lemos José Aécio Vasconcelos Filho Júlio César Rola Saraiva Cláudia Patrícia Rodrigues Alves Cristino Diretor-presidente do Instituto Plácido Castelo Ernesto Saboia de Figueiredo Júnior Diretor Geral do Instituto Plácido Castelo Luis Eduardo de Menezes Lima TCE - Educação e Cidadania Concepção e Coordenador Geral Cliff Villar Coordenadora de Operações Vanessa Fugi Coordenadora de Projetos e Relacionamento Larissa Viegas Coordenador de Conteúdo Daniel Oiticica Coordenadora Editorial Lia Leite Revisora May Freitas Projeto Gráfico e Editora de Design Andréa Araújo Designer Gráfico Welton Travassos Ilustrador Carlus Campos Analista de Marketing Henri Dias Analista de Projetos Hérica Paula Morais Social Media Letícia Frota T249 TCE Educação e Cidadania / vários autores ; ilustrado por Carlus Campos. - Fortaleza : Fundação Demócrito Rocha, 2023. 372 p. : il. ; 1080px x 1920px. – (TCE Educação e Cidadania ; 10 v.) Inclui índice e bibliografia. ISBN: 978-65-5383-093-6 1. Administração pública. 2. Prestação de contas. 3. Orçamento público. I. Campos, Carlus. II. Título. III. Série. CDD 350 2023-2807 CDU 35 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com ISBD Elaborado por Vagner Rodolfo da Silva - CRB-8/9410 Índice para catálogo sistemático: 1. Administração pública 350 2. Administração pública 35 5 SUMÁRIO 1. Introdução ................................................................6 2. A Lei de Acesso à Informação e seus objetivos ......................................................9 3. Sociedade Civil: Mecanismos que possibilitam a transparência .......................... 19 4. Controle Externo e Interno da Administração Pública .......................................27 5. Desafios do Controle das Contas Públicas no Brasil ................................................30 Perfil do autor ...................................................... 33 Bibliografia ............................................................ 34 Glossário ................................................................36 6 1. INTRODUÇÃO Desde a promulgação da Constituição Federal de 1988, conhecida como a Carta Cidadã, um novo modelo de administração pública começa também a ser desenvolvido no país. Entre as diretrizes que pautavam esse processo de redemocratização, estava uma maior participação da sociedade nas ações de governo. Tal Direito passou a ser garantido em diversos artigos da Constituição, legitimando o exercício da fiscalização e do controle dos cidadãos sobre as ações da administração pública e de seus agentes. Quer ver um exemplo? O texto constitucional do artigo 5º, inciso XXXIII: “Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado”. 7 Outro exemplo vem do inciso II do parágrafo 3 do artigo 37 que fala sobre a regulação do acesso dos usuários a registros administrativos e a informações sobre atos de governo. Ou ainda o parágrafo 2 do artigo 216, que determina “cabe à administração pública, na forma da lei, a gestão da documentação governamental e as providências para franquear sua consulta a quantos dela necessitem”. No entanto, a existência de artigos constitucionais, por mais que significasse um grande avanço naquele período, não eram suficientes. Lembre-se que estamos falando de 1988, logo depois do fim da Ditadura Militar. Por que não eram suficientes? Porque a legislação, e consequentemente a sociedade, carecia de uma norma mais específica, que não somente garantisse à população essa participação mais direta, mas, principalmente, que tornasse mais eficiente a administração pública e suas políticas de Estado, por meio da transparência. Somente depois de 23 anos de promulgada a nossa Constituição, o Brasil avançou neste sentido, com a implementação da Lei de Acesso à Informação, conhecida como LAI, em 18 de novembro de 2011. Lembra dela? Você a estudou bastante neste curso. Marco para a transparência, a LAI foi criada com a finalidade de ampliar e facilitar a fiscalização e o controle por parte da população. Assim, sua implementação se consolidou como base legal para a elaboração, o monitoramento, a fiscalização e o controle de políticas públicas no Estado Democrático de Direito. Neste módulo, você vai aprender sobre a importância do controle social das contas públicas como um dos pilares para a nossa democracia. Vai entender um pouco 8 mais sobre a Lei de Acesso à Informação, e conhecer os mecanismos que possibilitam a transparência, além de ver os desafios para aprimorar o controle das contas públicas no Brasil. Que essa jornada seja enriquecedora rumo ao aprimoramento da gestão pública e à construção de uma relação sólida e confiável entre os gestores e a sociedade que eles servem. Boa leitura! 9 2. A LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO E SEUS OBJETIVOS A Lei de Acesso à Informação passou a determinar como obrigação aos órgãos públicos, do Executivo, Legislativo e Judiciário, a adoção de mecanismos que possibilitassem a divulgação de informações, de maneira ativa e passiva. E assim, o Estado brasileiro passou a oferecer segurança jurídica aos cidadãos, a fim de que houvesse uma participação de maneira mais direta e objetiva na administração pública. Este instrumento legal possibilitou que o acesso a informações e o uso de instrumentos de controle auxiliassem o Estado a cumprir com o papel de servir à sociedade de forma transparente. Com a LAI, o exercício do accountability social foi institucionalizado com mais concretude, permitindo a influência da população nas atividades e decisões dos agentes públicos por meio da transparência, controles e a responsabilização. Vamos reforçar o conceito da palavra accountability, que você aprendeu nos outros módulos? Na administração pública, a palavra accountability significa a responsabilidade dos agentes públicos em prestar contas de suas ações e decisões, garantindo transparência e responsabilização. 10 Mais adiante, nesta aula, você vai aprender um pouco mais sobre accountability. É motivo de celebração, então, que o controle da sociedade tenha vindo para consolidar a ideia de que os agentes públicos devem ter a obrigação de prestar contas por suas ações e omissões. E que a administração pública deve ser entendida, tantopela população quanto pelos agentes públicos, como todo o sistema de governo, no qual o conjunto de atitudes, normas, processos, instituições - por meio da conduta humana - determinem a forma de distribuir e exercer a autoridade política para atender os interesses públicos. A Lei de Acesso à Informação surgiu com o objetivo de regulamentar um direito já previsto constitucionalmente, que é aquele concedido aos cidadãos e cidadãs de terem acesso às informações públicas. A LAI, mecanismo de controle fundamental à consolidação democrática, é aplicável aos três Poderes da União, Distrito Federal, Unidades Federativas e Municípios. É inquestionável sua importância para a democracia. Ela viabiliza de maneira legal uma maior participação popular e, portanto, um maior controle social das ações de governo e das políticas públicas. Contribui para uma maior transparência das contas públicas e, assim, possibilita uma gestão mais eficiente. 11 PARA ENTENDER MELHOR A transparência no Brasil e no mundo Apesar da grande conquista que a LAI significou, o direito ao acesso à informação no Brasil aconteceu tardiamente, se comparado a outros países no mundo. Os Estados Unidos, por exemplo, criaram sua própria lei em 1966, chamada de Freedom of Information Act. Na América Latina, por sua vez, o atraso na implantação de leis ou regras que possibilitasse o acesso a documentos que antes estavam nas mãos de instituições públicas e autoridades só foi possível a partir da década de 1980, com o fim das ditaduras militares que persistiram no continente por um longo período. Foi apenas no século XXI que a maior parte da América Latina conseguiu aprovar leis de acesso à informação (MOTA; SOUZA, 2014, p. 3). Desta maneira, muitos dos países latino-americanos criaram suas leis de acesso à informação alinhadas ao processo de redemocratização. Dentre os países da América Latina, a Colômbia foi vanguardista em estabelecer um documento oficial que autorizasse o acesso aos documentos oficiais, ainda em 1888. 12 E um pouco mais recente o México. Em 2002, o país se tornou uma referência no acesso à informação, quando, por meio de sua legislação, institucionalizou um rápido mecanismo de acesso, sob a supervisão de um órgão independente. Os Estados Unidos foram seguidos pela Dinamarca (1970), Noruega (1970), França (1978), Países Baixos (1978), Austrália (1982), Canadá (1982) e Nova Zelândia (1982) (MENDEL, 2009, p. 26). Compreendida como uma necessidade específica, que vai além de diretrizes constitucionais de muitos países, a Assembleia Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), por meio de uma Lei Modelo, estabeleceu em 2010 padrões mínimos para que as nações pudessem criar suas próprias leis de acesso à informação, utilizando a Lei Modelo como escopo para direcionar essas construções. 13 PARA ENTENDER MELHOR O que é a OEA? A Organização dos Estados Americanos é o principal fórum regional para o diálogo, análises de políticas e sobre tomadas de decisões com relação aos assuntos do Hemisfério Ocidental. A OEA promove a liderança entre as Nações pelas Américas, a fim de identificar os problemas e oportunidades do hemisfério. Juntas, estas lideranças constroem a cooperação entre os Estados e preparam uma agenda de assuntos do governo democrático, direitos humanos, segurança multidimensional e desenvolvimento sustentável. Contudo, precedendo tal modelo, outros países tomaram como referência algumas decisões da Corte Interamericana de Direitos Humanos e da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, sendo ambas estruturas ligadas à OEA, e formularam suas leis antes mesmo do estabelecimento da Lei Modelo. No caso do Brasil, antes mesmo da criação da LAI, a Carta Constitucional Democrática de 1988, em seu artigo 5º, inciso XXXIII, já dispunha do Direito à Informação, como você já aprendeu no início deste módulo. No entanto, a ausência da especificidade na lei levou o país a uma condenação pela Corte da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), no caso Gomes Lund e outros vs. Brasil (2010), mais conhecido como o caso da Guerrilha do Araguaia. 14 Sem o direito à busca e ao conhecimento de informações, bem como, às verdades que envolvessem o caso do Araguaia, numa busca pelo direito à informação, à memória e à verdade, o Executivo e o Legislativo compreenderam a importância e urgência de abrir uma agenda para a questão da transparência no Brasil. PARA ENTENDER MELHOR O que foi a Guerrilha do Araguaia e o caso Gomes Lund e outros A Guerrilha do Araguaia foi uma tentativa de ação revolucionária comunista no Brasil que transcorreu entre 1967 e 1974, na região conhecida como “Bico do Papagaio”, situada na fronteira entre os estados do Pará, Maranhão e Tocantins (então Goiás). A guerrilha levou esse nome pelo fato de essa região ser entrecortada pelo rio Araguaia. A época do seu desenvolvimento foi a do Regime Militar, instaurado em 1964 com o golpe de 31 de março, embora as raízes ideológicas de seu planejamento remontem ao início dos anos 1960. Este grupo político tinha a meta de armar um exército popular, por meio da mobilização dos camponeses. O objetivo era montar uma guerrilha rural na região e derrubar o regime militar vigente. Entre 1972 e 1974, militares das Forças Armadas do Brasil dizimaram a Guerrilha do Araguaia, promovendo tortura, desaparecimento forçado e execução extrajudicial de ao menos algumas dezenas de militantes e camponeses da região. 15 Em 1995, o Centro pela Justiça e o Direito Internacional (Cejil) e a Human Rights Watch/ Americas, junto com outras organizações da sociedade civil entraram com petição na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), denunciando as violações sofridas pelas vítimas da Guerrilha do Araguaia e seus familiares. Em 2010, a Corte da CIDH condenou o Brasil pela violação dos direitos ao reconhecimento da personalidade jurídica, à vida, à integridade pessoal, às garantias judiciais, à liberdade de pensamento e de expressão e à proteção judicial, em relação com a obrigação de respeitar e garantir os direitos, e o dever de adotar disposições de direito interno, previstos na Convenção Americana. É muito importante que você entenda que a LAI não invalida o já previsto na Constituição Federal, mas aprofunda o referido direito, 23 anos após a promulgação da Carta Magna. Com as atenções da agenda pública voltadas à transparência e ao direito à informação, no mesmo dia em que foi assinada a Lei de Acesso à Informação, a Lei nº 15.528 teve também sua subscrição, instituindo a criação da Comissão Nacional da Verdade, colegiado instituído pelo governo para investigar as graves violações de direitos humanos ocorridas entre 18 de setembro de 1946 e 5 de outubro de 1988 no Brasil. Sob essa perspectiva, a norma jurídica surge para atender uma demanda social, a fim de gerar organização e controle social, como preceitua Martins e Almeida (2012): o Direito é reflexo do contexto social, político 16 e econômico da sociedade na qual está inserido. É o espelho do modo de vida das diferentes sociedades e grupos sociais existentes. Ele emerge da sociedade para regular as atividades humanas e para que o convívio social seja possível. Onde há sociedade, o Direito sempre estará presente (MARTINS; ALMEIDA, 2012, p.146). O ideal do controle e organização, por meio da LAI, está condicionado ao ideal de que as informações, tuteladas pelo Estado, não podem nem devem ser omitidas, uma vez que um dos preceitos de um Estado Democrático de Direito é que todas as informações, sejam elas produzidas, administradas, protegidas pelo Estado, são parte do bem público que, por conseguinte, é um bem coletivo, devendo elas estarem disponíveis à população. Mas não se esqueça de que algumas informações podem ser restritas em sua disponibilidade. EM RESUMO Quando as informações são restritas 1. Defesa e soberania nacional; 2. Vida,saúde e segurança da população; 3. Estabilidade econômica, financeira ou monetária; 4. Negociações ou relações internacionais do país que não ponham em xeque o Estado Democrático de Direito. Você também deve saber que o Direito à informação não deve comprometer as garantias individuais, a liberdade, a intimidade, a vida privada e/ou a imagem de qualquer cidadão. 17 Constituído sob as bases de democracia representativa, o Estado Democrático brasileiro concede poder ao povo, para que este delegue poderes aos representantes escolhidos para gerir a organização da coisa pública, por meio das políticas que devem atender às demandas da população. Então, veja bem, se tais representantes são escolhidos pelo povo, detentores do poder político de escolha, e esses representantes têm como objetivo organizar o Estado, o acesso à informação é condicionante a esse processo democrático. Isto porque, somente por meio da informação é que há a possibilidade de fiscalização e controle do funcionamento do Estado. Fica claro, portanto, à medida que é permitido o conhecimento da informação aos cidadãos, isso possibilita o acesso a outros direitos essenciais e fundamentais. A informação é um mecanismo de ação e transformação social. Ela auxilia a sociedade a transpor obstáculos sociais e permite o acompanhamento nas decisões políticas. Para Fachin (2014): o acesso à informação também está relacionado aos princípios sociais como algo essencial, parte da vivência, considerado fundamental para a sociedade moderna. Pode ser um elemento empoderador, dar poder de escolha, poder informacional, tornar o povo autônomo de suas decisões, representando uma ruptura nas bases fundamentais da sociedade moderna (FACHIN, 2014, p. 34). Por meio desta autonomia concedida ao povo, haverá uma condução para uma governança responsável e transparente, que institucionalize uma maior 18 participação da sociedade e uma maior inclusão da população, promovida pelo despertar do interesse público, impulsionado pelo acesso à informação. Assim, a Lei de Acesso à Informação, compreendendo a demanda cidadã de maneira legítima, também autoriza o cidadão a solicitar informações sem uma prévia justificativa, com regras e procedimentos claros. É sob essa perspectiva que a Lei de Acesso à Informação aprofunda e consolida o que está previsto nas diretrizes constitucionais. O direito à informação não é mais visto como a simples liberdade de externar pensamento, de expressar-se, mas sim como um direito fundamental de participação da sociedade. Esse direito se traduz em três camadas: no direito de informar (de veicular informação), no direito de ser informado (de receber informações) e de se informar (de recolher informações), consistindo desta forma como a base para a democracia (LIMA et al.2012,p 08). A LAI fornece transparência de maneira ativa e passiva. A forma ativa ocorre quando não há solicitação, publicizando espontaneamente as informações do governo por meio eletrônico, atuando como uma prestação de contas do governo com a sociedade. Já sua atuação passiva diz respeito à solicitação específica, realizada por pessoas físicas ou jurídicas. Como você já aprendeu, tais informações só não poderão ser disponibilizadas, de acordo com a LAI, quando se tratar de dados pessoais ou sigilosos, ou quando estiverem seguramente protegidos por outras legislações. 19 3. SOCIEDADE CIVIL: MECANISMOS QUE POSSIBILITAM A TRANSPARÊNCIA São vários os mecanismos de controle democrático. O accountability é um deles. Vamos aprofundar um pouco mais no estudo deste termo. Sem uma tradução nominal para o português, esta palavra se refere à fiscalização e responsabilização dos agentes públicos. É fato que existe na literatura autores que limitam a compreensão do accountability, excluindo a imprensa ou organizações da sociedade civil que atuem no monitoramento e denúncia de abusos cometidos por agentes na administração pública. Porém, a literatura que amplia o conceito de democracia além dos mecanismos eleitorais, entende que os agentes externos à administração, aqueles para quem a administração pública deve funcionar e ser eficaz, também têm a capacidade de promover sanção aos agentes públicos. Este conceito amplia as perspectivas do termo accountability. Accountability vertical, horizontal e social De que forma os agentes externos à administração podem promover sanção aos agentes públicos? Existem três formas que são chamadas de vertical, horizontal e social. A forma vertical está ligada às eleições, e esta sanção é exercida quando são institucionalizadas eleições 20 razoavelmente livres e justas. As eleições concedem aos cidadãos a capacidade de punir ou beneficiar os mandatários no processo eleitoral. A forma horizontal é executada por poderes do mesmo nível. Operacionaliza a fiscalização entre eles, por meio de um mecanismo de pesos e contrapesos, no qual um poder fiscaliza o outro, envolvendo, além do Executivo e do Legislativo, os partidos políticos de oposição, as controladorias, instituições supranacionais e a mídia. Para que esse tipo de accountability horizontal seja efetivo deve haver agências estatais autorizadas e dispostas a supervisionar, controlar, retificar e/ou punir ações ilícitas de autoridades localizadas em outras agências estatais. As primeiras devem ter não apenas autoridade legal para assim proceder, mas também autonomia suficiente com respeito às últimas. Estamos falando aqui do velho tema da divisão dos poderes e dos controles e equilíbrios entre eles. Esses mecanismos incluem as instituições clássicas do Executivo, do Legislativo e do Judiciário, mas nas poliarquias contemporâneas também se estende por várias agências de supervisão, como os ombudsman e as instâncias responsáveis pela fiscalização das prestações de contas (Ó,DONNELL, 1988, on-line). 21 DEFINIÇÕES Poliarquia O cientista político norte-americano Robert Alan Dahl define o termo poliarquia como um sistema político em que uma pluralidade de organizações compete pela influência e, especificamente, em que os eleitores – cidadãos adultos considerados politicamente iguais – podem escolher entre vários partidos em eleições. A existência de diversos grupos ou diversas minorias garante o caráter poliárquico desse regime. Ao envolver a mídia e/ou os ombudsman nos processos que envolvem o accountability horizontal as denúncias e reivindicações de punição se tornam públicas e compartilhadas entre a sociedade. Contudo, tais procedimentos públicos não necessariamente geram transparência à sociedade. Muitas vezes, por um sentimento generalizado de insatisfação, as sociedades buscam uma maior clareza das ações governamentais e das políticas públicas. É aí que se abre espaço para o accountability social, a terceira forma para promover a sanção sobre os agentes públicos. Neste caso, quem passa a exercer o controle das ações do Estado são as entidades da sociedade civil, como Conselhos, Organizações Não Governamentais (ONGs), associações ou grupos da sociedade civil organizada que busquem clareza da administração pública. 22 Portanto, o accountability social é um espaço aberto à população para o exercício saudável do accountability vertical, aquele relacionado ao voto, que você aprendeu anteriormente. Isto porque se o controle social não for exercido, haverá desmesurados problemas de informação, monitoramento e responsabilização. Neste sentido, a Lei de Acesso à Informação é um forte instrumento para que a sociedade, seja de maneira individual ou por meio de grupos populares ou Conselhos, de modo ativo ou passivo, exerça seu poder de fiscalização. A vigilância por parte da população sobre os agentes públicos, sejam eles atuantes em cargos eletivos ou não, aumenta a capacidade de eficiência das instituições e do caráter público do Estado. E nessa relação entre o accountability social e a Lei de Acessoà Informação, as ineficiências e mesmo as ausências das políticas públicas podem ser mapeadas. Também é possível monitorar a ação dos agentes atuantes nessas estruturas. E nessa estreita ligação entre a LAI e o mecanismo do accountability que é concedido ao povo o poder de fiscalizar, medir e punir políticas, atores e gestões ineficientes. Implementada a cultura da transparência e da prestação de contas, as políticas mal desenvolvidas e os atos ilícitos e/ou irregulares de seus agentes terão a possibilidade de serem “punidos” por efetivamente quem detém o poder democrático. Desta maneira, o engajamento da sociedade civil em organizações é um dos mecanismos para o exercício dessa responsabilização. 23 As organizações como espaço coletivo de controle também desenvolvem produção de poder e do exercício do direito. Nas palavras de Boaventura de Sousa Santos esses espaços coletivos de controle devem ser classificados como “espaço doméstico”, “espaço do mercado”, “espaço da comunidade”, “espaço da cidadania” e “espaço mundial”. Vamos nos concentrar em dois deles: enquanto a dinâmica do espaço da cidadania é organizada pela obrigação vertical (relação Estado/cidadão), a dinâmica do espaço da comunidade organiza-se a partir de obrigações políticas horizontais (SANTOS, 2007, p.283). As organizações da sociedade civil, que por meio de Conselhos e Associações, ou mesmo outros tipos de organização atuam a partir das informações recebidas e coletadas, ampliam o espaço da cidadania democrática, não limitando a ideia da participação da sociedade apenas ao exercício democrático do voto. A legitimidade dessa participação é operacionalizada quando a sociedade tem o acesso ao funcionamento do Estado e o poder constitucional de se organizar para exercitar suas fiscalização e monitoramento. Os mecanismos de participação social, por exemplo, que atuam sobre o funcionamento das contas públicas permitem a inclusão dos cidadãos nos assuntos estatais. 24 Os Conselhos da Sociedade Civil Os Conselhos da Sociedade Civil ativam a participação cidadã, por meio da conexão entre os órgãos administrativos do Estado e os representantes da sociedade civil organizada. Estes Conselhos atuam junto ao serviço público, atentos ao processo de tomada de decisões sobre as políticas públicas, operando com caráter consultivo e autônomo. Eles promovem a prática do accountability, a responsividade e a inclusão política por meio do aprofundamento entre o Estado e a sociedade. Viabilizam a construção da cidadania através da integração entre a administração pública e os cidadãos. Tais Conselhos, regulamentados pela LAI, podem ter abrangência nacional, nas Unidades Federativas e nos municípios. Eles são importantes na liberação de recursos para Estados e Municípios aos quais estão ligados. Como exemplos podemos citar o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), Programa Saúde da Família (PSF) e o Fundo de Educação Básica (Fundeb). Nesse mecanismo, no qual a democracia participativa é exercida, a lei que institui cada conselho deve ser clara quanto a suas atribuições, mandatos e duração. O ideal é que a construção dessas estruturas também seja oxigenada e transparente. Que esteja aberta a uma ampla participação da sociedade civil, sendo a paridade uma de suas diretrizes. Isso possibilita que diferentes segmentos sociais possam ser representados e atuantes. 25 Existem hoje na sociedade infinitos debates sobre a estruturação dos Conselhos, sua autonomia financeiro- tributária e sua articulação com outras instituições de controle social, sobretudo com aquelas que atuam na transparência e no acesso a documentos e a informações. PARA ENTENDER MELHOR As principais ações dos Conselhos Ação fiscalizadora, na qual há o acompanhamento e o controle das ações dos governantes. Ação mobilizadora, que atua no estímulo à participação popular na gestão pública e às contribuições para formulação e disseminação de estratégias de informação acerca das políticas públicas. Ação deliberativa, que diz respeito à prerrogativa dos Conselhos em auxiliar na resolução das estratégias usadas nas políticas públicas de sua competência. Ação consultiva, que está ligada à emissão de apreciações e propostas sobre assuntos de interesse do conselho. Ação de paridade, baseada na constituição da composição do grupo, respeitando uma divisão igual na representação. Podem ser metades entre governo e sociedade civil. Essa divisão também pode ser tripartite entre governo, empresários e trabalhadores. O ideal é equilibrar os representantes. 26 Talvez o maior desafio dos Conselhos seja o de ampliar a participação da sociedade e fortalecer esse vínculo, uma vez que um maior engajamento poderá resultar num maior controle social. Nesse contexto, as diretrizes/propostas necessitam ser priorizadas para o cumprimento do Plano Nacional sobre Transparência e Controle Social e a Lei de Acesso à Informação. Assim, os Conselhos se tornam mais robustos e consolidam suas atuações como instâncias de controle. Os Conselhos também podem servir como facilitadores em outro aspecto da relação entre Estado e Sociedade, o da compreensão da sociedade frente à dificuldade no entendimento da informação recepcionada pelo cidadão. Isso porque, muitas vezes, essas informações assumem um vocábulo próprio, não comum ao cotidiano da população. Você já aprendeu que a disponibilidade da informação é imprescindível ao controle social, mas sua efetividade depende da decodificação dessa informação pela população. Para o exercício do controle social é importante não só a quantidade de informações, mas também sua disponibilidade em linguagem de simples entendimento para o cidadão. Criar um grupo de trabalho, com representantes de organizações sociais, professores e jornalistas, para definir o tipo de informação e a forma como ela será disseminada, permitirá que cada cidadão se transforme, efetivamente, em um fiscal do Estado (LIRA, 2003, p. 71). 27 4. CONTROLE EXTERNO E INTERNO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA A Lei de Acesso à Informação abrange o controle interno, o controle externo e o controle social da administração pública. Você aprendeu no capítulo anterior que a accountability é um dos mecanismos que possibilitam tal controle. Controle interno Apesar do amplo debate acerca da participação popular e do controle social, não podemos esquecer da importância dos controles internos. Você aprendeu no Módulo 6 que o controle interno ocorre quando exercido por um Poder sobre ele mesmo. Quando a estrutura controladora integra a mesma estrutura controlada. Neste caso, a disponibilidade de informação também é imprescindível. Pode-se conceituar controle interno como um processo planejado, implementado e mantido pelos responsáveis da governança, administração e outros para o fornecimento de uma segurança razoável. Essa segurança tem uma ligação direta quanto à realização dos objetivos da entidade no que se refere: à confiabilidade dos relatórios financeiros; à efetividade 28 e eficiência das operações; à conformidade com leis e regulamentos aplicáveis (MONTANHOLI; SANTOS, 2020, on-line). Esse controle interno está diretamente ligado ao constante desenvolvimento e melhoria dos procedimentos padrões, por meio da avaliação dos processos de governança. Tais órgãos devem preservar sua independência, sem atribuições de gestão. Nessa prática de accountability horizontal, a eficácia da Governança Pública está condicionada às informações dispostas e disponibilizadas para o controle. De acordo com Nardes, Altounian e Vieira (2016, p.153), a Governança Pública pode ser compreendida como “a capacidade que os governos têm de avaliar, direcionar e monitorar a gestão das políticas e serviços públicos para atender de forma efetiva as necessidades e demandas da população”. Essa prerrogativa reitera a necessidade de aprimorar, cada vez mais, a transparênciae o controle dos entes públicos. Por isso, dados e relatórios disponibilizados acerca da governança de uma determinada instituição são imprescindíveis de informações que devem auxiliar o processo de tomadas de decisões dos gestores públicos. Desta maneira, a transparência e as informações tendem a desenvolver melhores práticas de decisões públicas, uma vez que orientam a ação dos agentes públicos. E, assim, o controle interno é um desafio e a boa governança, um objetivo. 29 Controle externo Depois de aprovada a Lei Orçamentária Anual (LOA), fundamental à administração pública, a Lei de Acesso à Informação (LAI) deve atuar no sentido de evidenciar os gastos previstos e as determinações para tais gastos. Para isso, tanto as previsões de gastos quanto a prestação de contas baseadas na LOA devem guiar o controle externo. Os Tribunais de Contas atuam em dois momentos: na análise dos editais para aquisição de um produto e/ ou serviço; e no final, quando por meio desse controle fiscaliza e audita o processo. Para todo esse trajeto de controle, a transparência e as informações são fundamentais. E não é possível falar em eficiência do controle externo sem falar em acesso à informação. Nas palavras de Di Pietro (2010), pode-se assegurar que o controle externo é uma espécie de gênero que controla a Administração Pública, previsto de forma imperativa no artigo 71 da Constituição Federal brasileira (BRASIL, 1988). https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10631209/artigo-71-da-constituicao-federal-de-1988 30 5. DESAFIOS DO CONTROLE DAS CONTAS PÚBLICAS NO BRASIL Elevar o nível de transparência pública é uma das mais importantes tarefas da Administração Pública em ambiente democrático. São muitos os desafios em relação ao controle das contas públicas no Brasil. Sem dúvida, um dos grandes complicadores é a criação de uma cultura de controle. Que a população possa entender a importância do controle. Um dos objetivos deste curso, que chega ao fim com este módulo, é justamente disseminar informações para que os cidadãos entendam que em uma sociedade democrática o exercício da cidadania não se restringe apenas ao dever de votar a cada eleição. Muito além do voto, controlar como os gestores públicos aplicam os recursos oriundos dos impostos cobrados da população é outra condição essencial ao exercício da cidadania. De fato, existem muitos desafios que precisam ser enfrentados pelos poderes responsáveis por criar as normas e, também, por aqueles responsáveis por fiscalizar sua aplicação. Podemos citar, por exemplo, a busca pelo equilíbrio entre punir e orientar. Dito de outra forma, impõe-se a indagação sobre até que ponto as funções punitivas e as de orientação são harmônicas ou são contraditórias. Se um gestor público desviou milhões de reais, não é possível pedir para que um tribunal o oriente a não 31 fazê-lo novamente, por óbvio. De outra banda, não é razoável que se puna com rigor excessivo um gestor que cometeu um mero erro formal na prestação de contas, por exemplo. Uma maior rapidez na tramitação processual e julgamentos é fundamental. Racionalizar os trâmites processuais, na busca de uma maior celeridade, é tema da ordem do dia, desde que isso não implique sacrifício das garantias constitucionais da defesa ampla e do contraditório. O uso de portais da internet para disponibilização de informações públicas no Brasil teve início com a lei 9.755 de 1998. Representou um marco na transparência das contas públicas. Esse instrumento obrigou o Tribunal de Contas da União a criar uma homepage com o título “contas públicas”, divulgando diversas informações de natureza contábil, financeira e orçamentária. Até os dias de hoje, 25 anos depois da promulgação daquela lei, a informatização dos sistemas, que ganhou muito impulso durante a pandemia, continua sendo uma meta a perseguir com vistas à permanente otimização dos processos de controle das contas públicas. O acesso à informação exige o desenvolvimento de redes de telecomunicação e, principalmente o acesso democrático a elas. Neste sentido, não podemos deixar de citar também a educação digital da população, isto é, a sua capacitação para o uso destes novos meios de comunicação. A LAI foi um grande passo dado pelo Brasil para normatizar e garantir o acesso às informações públicas, mas ela também precisa superar uma série de desafios: 1. A falta de organização, planejamento e 32 sistematização das informações de cada área; 2. A limitada capacidade de resposta em caso de aumento significativo da demanda por informações; 3. A baixa interoperabilidade dos sistemas e bancos de dados das diferentes áreas e até mesmo dentro de um mesmo órgão; 4. A baixa confiabilidade das bases de dados existentes, motivando temores de que os erros dos sistemas venham a ser utilizados de forma inadequada e danosa para o Estado ou para o governo; 5. A carência de recursos humanos destinados ao atendimento das solicitações de dados e informações (DAMATTA, 2011). Estamos no caminho certo. E você, que chegou até aqui, neste Módulo 10 do curso Controle Social das Contas Públicas do projeto TCE Educação e Cidadania, está agora muito mais preparado para entender os mecanismos de controle e o seu papel no exercício da cidadania nesta nossa sociedade democrática. 33 PERFIL DO AUTOR Hélio das Chagas Leitão Neto é advogado há 33 anos. Sempre militou na política de classe, tendo sido presidente da OAB Ceará nos triênios 2004-2006 e 2007- 2009. Foi o segundo presidente mais jovem da história da OAB estadual, aos 35 anos. Está em seu segundo mandato como Conselheiro Federal da OAB. Presidiu a Comissão Nacional de Direitos Humanos do Conselho Federal e hoje representa a entidade no Conselho Nacional de Direitos Humanos, órgão de assessoramento do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. Foi assessor para Assuntos Internacionais do Governo do Estado do Ceará nos anos 2013 e 2014 e secretário de estado da Justiça e Cidadania (2015 e 2016). Em 2017 participou do XXXV Curso Interdisplinar em Direitos Humanos, cujo eixo temático principal era “Gestões Institucionais Transparentes e Luta contra a Corrupção - um enfoque a partir dos direitos humanos”, promovido pelo Instituto Interamericano de Direitos Humanos, em San José, Costa Rica. 34 BIBLIOGRAFIA BRASIL. Lei n°. 12.527/11, de 18 de novembro de 2011. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm. Acesso em: 15 de agosto de 2023. BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil, 1988. CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. Imprenta: São Paulo, Atlas, 2019. Di Pietro. Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo Imprenta: Rio de Janeiro, Forense, 2022. FACHIN, Juliana. Acesso à informação pública nos arquivos públicos estaduais. 2014. 164f. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) Centro de Ciências da Educação, Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, 2014. Disponível em: http://repositorio. ufsc.br/bitstream/handle/123456789/129179/328379. pdf?sequence =. Acesso em: 17 de agosto 2023. LIMA, Marcia H. T. de Figueredo et al. Uma análise do Estatuto princípio epistemológico do direito à informação na Lei de Acesso à Informação. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, XIII ENANCIB 2012. Rio de Janeiro. GT 1: Estudos Históricos e Epistemológicos da Ciência da Informação. Rio de Janeiro: UFF, 2012. p01-21. MARTINS, Rúbia; ALMEIDA, Carlos Cândido de. Direito e Ciência da Informação: uma possibilidade de interface interdisciplinar. Ibersid. 2012, p145-151. 7p. Disponível em: <http://ibersid.eu/ojs/index.php/ibersid/article/ 35 download/3953/3678>. Acesso em: 6 de agosto de 2023. MENDEL, Toby. Liberdade de informação: um estudo de direito comparado. 2ª ed., Brasília: UNESCO, 2009. MOTA, M. A.; DESOUZA, R. M. V. Lei de Acesso à informação na América Latina: Impactos na Produção de Jornal. XII Congreso de la Asociación Latinoamericana de Investigadores de la Comunicación (ALAIC). Lima: 2014. Disponível em: /congreso.pucp.edu.pe/alaic2014/ wp-content/uplo- ads/2013/11/vGT18-Mota-de-Souza. pdf. Acesso em: 15 de agosto de 2023 MONTANHOLI, Márcia; SANTOS, Fernando de Almeida. Governança pública: controle externo e administração. Rev. do Cejur: Prestação Jurisdicional, Florianópolis | v.8 n.1| e357| 1-15 | jan./dez. 2020. NARDES, João Augusto Ribeiro; ALTOUNIAN, Cláudio Sarian; VIEIRA, Luis Afonso Gomes. Governança Pública: O Desafio do Brasil. 2ª ed. Belo Horizonte: Fórum, 2016. O ‘DONNELL, G. Accountability horizontal e novas poliarquias. Lua Nova: Revista de Cultura e Política, n. 44, p. 27–54, 1998. SANTOS, Boaventura de Sousa. A crítica da razão indolente: contra desperdício da experiência. 2ª ed.: São Paulo. Cortez, 2007. 36 GLOSSÁRIO Ato ilícito: conceito jurídico que descreve qualquer ato que seja contrário ao Direito. Autonomia financeira: capacidade de elaborar seu próprio orçamento. Democracia participativa: possibilidade de intervenção direta dos cidadãos nos procedimentos de tomada de decisão e de controle do exercício do poder. Governança pública: conjunto de mecanismos de liderança, estratégia e controle postos em prática para avaliar, direcionar e monitorar a gestão, com vistas à condução de políticas públicas e à prestação de serviços de interesse da sociedade. Ombudsman: pessoa encarregada pelo Estado de defender os direitos dos cidadãos, recebendo e investigando queixas e denúncias de abuso de poder ou de mau serviço por parte de funcionários ou instituições públicas. Paridade: igualdade, equilíbrio (ex: de salário, entre níveis similares de profissões distintas, de câmbio, de preços etc.). Prerrogativa: direito especial, inerente a um cargo ou profissão. Relatórios financeiros: conjunto de dados e informações indispensáveis para a tomada de decisão nas empresas. Realização Apoio 1. INTRODUÇÃO 2. A LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO E SEUS OBJETIVOS 3. SOCIEDADE CIVIL: MECANISMOS QUE POSSIBILITAM A TRANSPARÊNCIA 4. CONTROLE EXTERNO E INTERNO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 5. DESAFIOS DO CONTROLE DAS CONTAS PÚBLICAS NO BRASIL
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