Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
SUSTENTABILIDADE EM EDIFÍCIOS DE SAÚDE E FERRAMENTAS DE CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL UNIDADE II BIOCLIMATOLOGIA APLICADA A ARQUITETURA Elaboração Flavio Augusto Carraro Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração SUMÁRIO UNIDADE II BIOCLIMATOLOGIA APLICADA A ARQUITETURA .........................................................................5 CAPÍTULO 1 BIOCLIMATISMO E BIOSSEGURANÇA .................................................................................. 5 CAPÍTULO 2 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E HÍDRICA NAS EDIFICAÇÕES ..................................................... 20 CAPÍTULO 3 UTILIZAÇÃO E MANUTENÇÃO DE UM EDIFÍCIO SUSTENTÁVEL .......................................... 34 REFERÊNCIAS ........................................................................................................................38 5 UNIDADE II BIOCLIMATOLOGIA APLICADA A ARQUITETURA CAPÍTULO 1 BIOCLIMATISMO E BIOSSEGURANÇA 1.1. Objetivos » Aplicar noções básicas de bioclimatologia e biossegurança. » Entender a relação entre a eficiência energética e o uso dos recursos hídricos nas edificações. » Compreender a relação da utilização e manutenção de um edifício sustentável. 1.2. Bioclimatologia É especialmente comum entre leigos que haja certa confusão entre os conceitos de sustentabilidade, bioarquitetura e arquitetura bioclimática, e tal confusão é justificada porque tem suas origens e práticas em uma mesma época, sendo o único ponto em comum entre os conceitos já que a arquitetura bioclimática deixa de ser apenas um discurso e direciona-se para uma metodologia de apoio ao processo de projeto, e tem seus fundamentos não só em teóricos que estudaram exaustivamente o assunto mas também tem hoje no Brasil uma norma que ampara esse tipo de metodologia. A arquitetura bioclimática, assim, fundamenta-se num conjunto de cartas bioclimáticas que levam em consideração as condições climáticas do ambiente, assim como leva em consideração aspectos ambientais de determinada região, e assim consegue auxiliar o profissional, por meio de interligações de dados, de forma visual, em quais devem ser as características que a arquitetura deve ter, considerando os padrões fisiológicos humano de conforto térmico associados a condições de clima e estratégias que devem ser aplicadas a cada uma das condições. Os primeiros teóricos a estudarem a bioclimatologia foram os irmãos Victor e Aladar Olgyau, que consideram os dados climáticos de determinada região para contribuir para 6 UNIDADE II | BIOCLIMATOLOGIA APLICADA A ARQUITETURA concepção de um edifício climaticamente equilibrado e promotor do conforto ambiental, e o conceito segundo esses teóricos depende basicamente das seguintes variáveis. Figura 5. Variáveis da bioclimatologia. 1. Climatologia: •relaciona-se aos eventos e dados climáticos locais e envolve conhecimentos como por exemplo temperatura, umidade relativa, radiação e ventos. 2. Biologia: •avaliação das sensações humanas em relação ao meio que o circunda, buscando condições de conforto térmico em quaisquer épocas do ano. 3. Tecnologia: •as soluções de projeto em especial a tecnologia empregada, após análise dos passos anteriores que vão desde a seleção do sítio, a orientação solar, os cálculos de sombra, as formas de habitação, os movimentos de ar e o equilíbrio interno da temperatura. 4. Arquitetura: •a expressão arquitetônica propriamente dita, que deve ser resultado dos elementos envolvidos. Fonte: elaborada pelo autor. Mas essas vertentes não podem ser verificadas de forma isolada, sendo estreitas as relações entre elas e suas interações para que a arquitetura seja efetivamente considerada uma arquitetura bioclimática: Figura 6. Campos interrelacionados do equilíbrio bioclimático. Fonte: Olgyay (1963, p. 24). Essas variáveis e os conceitos desenvolvidos pelos irmãos Olgyay partiram de diversos estudos bioclimáticos, e conseguiram, assim, compilar um diagrama de variáveis do conforto térmico e denominaram de carta bioclimática. 7 BIOCLIMATOLOGIA APLICADA A ARQUITETURA | UNIDADE II 1.3. Carta bioclimática e carta de Givoni Nessa carta bioclimática, conseguiram fazer a correlação entre a temperatura de bulbo seco e umidade relativa, e conseguiram determinar, por exemplo, quais eram as relações com zonas de conforto, e, à medida que as variáveis fossem sendo analisas a depender da região do gráfico, os dados piscométricos poderiam ser direcionados a zonas do próprio gráfico que podem apresentar modificações de seus padrões considerando a presença de ventilação e radiação solar. E, com isso, os irmãos Olgyay foram os primeiros a estabelecer os fundamentos dentro do desenvolvimento do projeto bioclimático. O método da bioclimatologia primeiramente foi desenvolvido em regiões específicas, na qual havia movimentação de ar, e a prática dos irmãos Olygay foi desenvolvida para latitude de 40º graus. Eles consideraram, por exemplo, que os habitantes teriam o trabalho desenvolvido de forma sedentária e com movimentação física amena, mas gradualmente seus experimentos foram sendo desenvolvidos em outras regiões, como na Colômbia, com apoio da Universidade de Cali, em que as condições ambientais e latitude mostravam outras variáveis naquela latitude, mas com altitudes típicas da região. Esse conjunto de experimento permitiu perceber que existia dentro da zona do gráfico uma região na qual todos os experimentos, tendo habitantes nas edificações, permitiam entender ser uma “zona de conforto”, e onde as condições de temperatura e umidade estavam dentro de padrões fisiológicos aceitáveis, em condições que equivaleriam a trabalho sedentário e nível de vestimenta de 1. O gráfico proposto pelos irmãos Olygay primeiramente foi delineado da seguinte forma: Figura 7. Equilíbrio Bioclimático e Carta Bioclimática de Olgyay. Fonte: LabCon/UFSC (2022. p. 2). Para entendermos melhor o que são estratégias, temos que entender o que é controle climático, que consiste em uma série de decisões de projeto na qual podemos fazer uso dos recursos naturais para fins de beneficiar as condições da edificação, e a carta de Olgyay apresenta, por exemplo, a consideração do calor, da ventilação, do 8 UNIDADE II | BIOCLIMATOLOGIA APLICADA A ARQUITETURA sombreamento e resfriamento evaporativo, considerando as condições de calor, e, para condições de frio, considera, por exemplo, importante favorecer a radiação solar. Essa carta psicométrica original foi concebida para climas quentes e temperados e, com isso, tinham limites de sua aplicação em relação a outras regiões. Com isso, tinham variação dos limites de zona de conforto. Esses modelos também apresentavam algumas limitações em relação à consideração de falta de estratégia relacionadas à massa envoltória das edificações. Givoni, um dos estudiosos do conforto, tomara essa carta bioclimática por referência e a desenvolvera para o que hoje seria uma carta psicrométrica que pode ser aplicada em diversas regiões, logo um aperfeiçoamento da carta dos irmãos Olgyay, e assim conseguiu suprimir as limitações do modelo anterior, inclusive incorporando as estratégias relacionadas a massa das edificações. Nesse sentido, Baruch Givoni, arquiteto israelense, ficará reconhecido pelo seu entusiasmo e pela possibilidade de divulgar a arquitetura bioclimática do mundo. Boa parte de seus estudos avaliou além das condições internas de conforto térmico, procurando ser mais inerte em relação ao clima externo e, com isso, tornou possível realizar um conjunto de revisões para adaptá-los a climas quentes. Givoni percebeu por seus estudos que alguns tipos de clima, os usuários conseguiam chegar a condições confortáveis mesmo em condições de temperatura acima da zona de conforto, que está estabelecido pela norma americana ASHRAE 55 (Thermal Environmental Conditions for Human Occupancy), cuja versão atualizada foi publicada em 2017, e na qual é possível perceber que taisindivíduos trabalhavam sua aclimatação às condições locais, mesmo em climas adversos. Givoni sofre influência de outros pesquisadores da área da bioclimatologia, e ele considerara tais observações, levando o autor a sugerir dois modelos distinto da carta bioclimática, sendo uma direcionada ao hemisfério norte e outra ao hemisfério sul. Podemos observar o modelo de Givoni na carta a seguir: Figura 8. Variação da zona de conforto. Carta de Givoni. Fonte: LabCon/UFSC (2022. p.3). 9 BIOCLIMATOLOGIA APLICADA A ARQUITETURA | UNIDADE II Ao chegar a esse resultado, em decorrência de novas pesquisas que desenvolveu, proporá que a quantificação das estratégias aconteça por meio de plotagem de dados climáticos, nos quais podem ser considerados também aspectos de data e hora de um ano, podem ser inseridos na carta bioclimática, e, assim, conseguiram definir novas proposições para as estratégias a serem aplicadas em decorrência das porcentagens de dados que podem ser apresentados em determinada porção de cada zona da carta. Dessa maneira, a carta bioclimática de Givoni considera como zona de conforto o posicionamento do gráfico que está apresentando os limites de 18 °C até 26 °C, e considera uma umidade relativa do ar de 80%, e até 29 °C para umidade de até 50%, conforme indicação (número 01). Figura 9. Carta Bioclimática de Givoni. Fonte: LabCon/UFSC (2022. p.4). Com a carta psicométrica sugerida por Givoni, uma vez inseridos os dados de temperatura mais baixa, próximo de 18 °C, haverá necessidade de direcionamento das decisões de projeto que devem considerar o impacto do vento, já que, em temperaturas mais baixas, essa condição poderá apresentar desconforto. Ao mesmo tempo em que considerarmos que a temperatura pode estar mais alta ou acima de 29 °C, é relevante que se controle ainda mais a incidência da radiação solar, que diretamente pode causar desconforto nas pessoas dentro das edificações, mostrando uma necessidade de atenção na escolha das vedações escolhidas, de modo a evitar o excesso de calor. Para entendermos melhor a carta de Givoni, o que o autor chamou de estratégias bioclimáticas passivas, na qual o profissional de projeto deverá conduzir suas decisões 10 UNIDADE II | BIOCLIMATOLOGIA APLICADA A ARQUITETURA de projeto e, com isso, corrigir posturas de projeto considerando aplicação dessas estratégias como condições de conforto térmico, e dentre elas temos: 1 – Zona de Conforto; 2 – Zona de Ventilação; 3 – Zona de Resfriamento Evaporativo; 4 – Zona de Massa Térmica de Resfriamento; 5 – Zona de Ar Condicionado; 6 – Zona de Umidificação; 7 – Zona de Massa Térmica para Aquecimento; 8 – Zona de Aquecimento Solar Passivo; 9- Zona de Aquecimento Artificial; Sendo duas dessas estratégias artificiais: 5 – Zona de Ar Condicionado; 9 – Zona de Aquecimento Artificial. Para ficar melhor representado, poderíamos fazer as seguintes correlações, extraindo partes do próprio gráfico proposto por Givoni. Tabela 3. Entendimento da carta de Givoni após a aplicação dos dados psicométricos e a sistematização das estratégias bioclimáticas passivas. Zona 1. Zona de conforto 2 – Zona de Ventilação: 3. Zona de Resfriamento Evaporativo: Interpretação da carta de Givoni Zona 4. Zona de Massa Térmica de Resfriamento: 5. Zona de Ar- Condicionado 6. Zona de Umidificação Interpretação da carta de Givoni 11 BIOCLIMATOLOGIA APLICADA A ARQUITETURA | UNIDADE II Zona 7. Zona de Massa Térmica para Aquecimento 8. Zona de Aquecimento Solar Passivo 9. Zona de Aquecimento Artificial Interpretação da carta de Givoni Fonte: LabCon/UFSC (2022, pp.5, 6, 7, 8 e 9). Além dessa interpretação do gráfico, segundo a teoria de Givoni, há a recomendação e sistematização de estratégias, as quais o autor chama de “passivas”. Tabela 4. Sistematização das estratégias bioclimáticas passivas. Estratégias bioclimáticas passivas Ventilação Quando as condições de temperatura ultrapassarem 29 °C, a umidade relativa do ar for superior a 80%, e a aplicação de limite de temperatura exterior de 32 °C, então a ventilação deve ser adotada como estratégia de resfriamento natural, fazendo com que o ar interno (quente) seja substituído pelo ar externo (frio). Resfriamento evaporativo É empregado para locais onde a temperatura de bulbo úmido (TBU) máxima não exceda a 24 graus e a temperatura de bulbo seco (TBS) não ultrapasse os 44 graus. Desse modo, o resfriamento evaporativo é uma estratégia que deve ser utilizada para aumentar a umidade relativa do ar e ainda considerar a diminuição da temperatura deste. O resfriamento pode ser direcionado de forma direta ou indireta com uso de vegetação ou fontes d’água ou recursos que resultem na evaporação da água diretamente para o ambiente, na qual deseja reduzir a temperatura, inclusive sendo válido colocar tanques de resfriamento sobre a laje de cobertura. Massa Térmica para Resfriamento Em situações que as temperaturas são elevadas e a umidade relativa do ar é baixa, é interessante que se utilizem elementos construtivos com inércia térmica (capacidade térmica) superior para fazer que a amplitude de temperatura interior diminua em relação ao exterior, e com isto evite picos de temperatura verificados externamente, para que evitar que sejam percebidos internamento. Tais componentes de elevada capacidade térmica são indicados para climas quentes e secos, na qual a temperatura atinge valores altos durante o dia e baixos durante a noite. Em tais casos a capacidade térmica do componente permite o atraso da onda de calor, e com isto faça que o ambiente interno sofra apenas interferência do calor no período noturno, sem que haja necessidade de aquecimento. Umidificação Quando temos umidade relativa do ar muito baixa, em torno de 20%, e a temperatura inferior a 27 graus, podemos fazer uso de recipientes com água colocados no ambiente interno e com isto pode favorecer a umidade relativa do ar. É interessante que haja também o controle de aberturas, de modo que o vento tenha pouca interferência na troca de ar, e com isto o vapor de água gerado fica restrito ao ambiente. O uso de plantas também pode ser favorável a esta condição. Massa Térmica para Aquecimento Para situações que ficam com temperatura entre 14 °graus e 20 ºgraus, podemos adotar componentes construtivos com maior inércia térmica, que podem favorecer com o aquecimento solar passivo e isolamento térmico para evitar perdas de calor do interior. Aquecimento Solar Passivo Para situações em que a temperatura do ar fique entre 10,5 ºgraus e 14 ºgraus, com o isolamento térmico mais rigoroso, é recomendável que a edificação busque aplicar superfícies envidraçadas considerando a orientação solar e tomar proveito desta radiação ao mesmo tempo que devemos considerar aberturas menores em fachadas pouco favorecidas com a insolação para evitar perdas de calor. Para tal estratégia é interessante que se desenvolva um estudo de orientação solar assim como a aplicação de superfícies e cores que favoreçam a captação deste calor irradiado, assim como criar aberturas tais como zenitais e coletores de calor colocados no telhado. Fonte: adaptada de Givoni (1992) e Lamberts (2014). 12 UNIDADE II | BIOCLIMATOLOGIA APLICADA A ARQUITETURA Além dessas estratégias, o sombreamento ou as proteções solares precisam ser consideradas e utilizadas em conjunto com a estratégia de resfriamento, que pode ser indicada na carta bioclimática. Assim, podemos ter variação quanto ao uso da ventilação, massa de resfriamento ou resfriamento evaporativo e, para isso, é necessário que o projetista tenha a capacidade de entender como se aplicam tais estratégias, em especial quando houver períodos de calor. 1.4. Biossegurança O conceito de biossegurança é bem comum na área da saúde e deve ser encarado como um dos requisitos primordiais quando estamos desenvolvendo um projeto de um ambiente de saúde, sobretudo quando temos que entender que o edifício tem que garantir segurança para os pacientes,que, por sua vez, já se encontram debilitados em função de suas enfermidades. O que é biossegurança? De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), “a biossegurança é uma abordagem estratégica e integrada para analisar e gerenciar os riscos relevantes para a vida e a saúde humana, animal e vegetal e os riscos associados para o meio ambiente”. A importância da biossegurança se dá pelo fato de ser uma área de conhecimento que engloba, sobretudo, um conjunto de medidas e ações, as quais buscam a minimização e o controle dos riscos, os quais são inerentes a determinada atividade ou local, que, no nosso caso, são os edifícios de saúde, tendo em vista preservar a saúde humana, mas tem também esse conceito aplicado em outras áreas, como a animal e ambiental. Com a Lei n. 11.105/2005, cria-se o Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS), o qual imporá a criação da Comissão Interna de Biossegurança (CIBio), em especial nas entidades de ensino, direcionando práticas de pesquisa científica, e também no desenvolvimento tecnológico e na produção industrial especialmente ligadas às técnicas de engenharia genética ou nas pesquisas com OGMs. Além disso, a Lei n. 11.105/2005 traz uma reestruturação da CTNBio, a qual apresentará disposições sobe a Política Nacional de Biossegurança (PNB). O que clarificou as responsabilidades de quais órgãos estavam relacionados a temática, e com isso à CNBS ficou estabelecida a responsabilidade pela PNB, o estabelecimento de diretrizes e o poder de decisão em última instância, bem como a decisão sobre a conveniência e oportunidade de algum OGM. Mas verificou-se também que a CTNBio ficou encarregada do estabelecimento: » de normas; 13 BIOCLIMATOLOGIA APLICADA A ARQUITETURA | UNIDADE II » da emissão de decisões técnicas; » da análise da avaliação de risco; » da autorização de pesquisas; » da decisão sobre a necessidade de licenciamento ambiental. Mas uma coisa ficou bem estabelecida com a criação dessa norma, a qual a lei faz referência que é o “Princípio de Precaução”, alinhando ao que foi feito na Declaração do Rio de 1992 e no Protocolo de Cartagena. O Princípio da Precaução, como escrito nesta lei, leva em consideração que a falta de comprovação científica não deve ser motivo para adiar medidas preventivas cabíveis no sentido de evitar danos à saúde humana e ao meio ambiente. Perceba que a condição colocada é sempre saúde humana e meio ambiente, e, com isso, podemos entender que existe estreita relação com as políticas de saúde e ambientais, as quais devem ter como objetivo a predição, a prevenção e a mitigação de danos, tendo em mente a menor degradação ambiental. Figura 10. Símbolo muito utilizado na biossegurança, que diz respeito ao risco biológico. Fonte: Teixeira (1996, p.12). Teixeira (1996, p.12) disserta acerca da biossegurança: pode ser entendida como uma série de ações, procedimentos, técnicas, metodologias e dispositivos com o objetivo de prevenir, minimizar ou eliminar riscos envolvidos na pesquisa, na produção, no ensino, no desenvolvimento tecnológico e na prestação de serviços, os quais podem comprometer a saúde do ser humano, dos animais e do meio ambiente, bem como a qualidade dos trabalhos desenvolvidos. Costa (1998) afirma que os ambientes de saúde precisam estar em constante “estado de biossegurança”, que ele define: como a harmonia entre o homem, os processos de trabalho, a instituição e a sociedade na área da saúde. Nessa área, devido à transmissão 14 UNIDADE II | BIOCLIMATOLOGIA APLICADA A ARQUITETURA microbiológica, o acidente de trabalho tem um caráter grave, visto que pode envolver não apenas o trabalhador, mas também os pacientes, os visitantes e as instalações em que essas pessoas irão passar. Dentro de uma edificação de saúde, a biossegurança se ampara em alguns princípios gerais da biossegurança, dentre eles podemos citar: » análise de riscos; » uso de equipamentos de segurança; » técnicas e práticas de laboratório; » estrutura física dos ambientes de trabalho; » descarte apropriado de resíduos; » gestão administrativa dos locais de trabalho em saúde. Especificamente para nosso estudo, vemos que os três principais são os que relacionam a estrutura física dos ambientes de trabalho, o descarte apropriado de resíduos e a gestão administrativa dos locais de trabalho em saúde. A biossegurança, portanto, desempenha papel muito importante na promoção da saúde, pois é o controle de infecções para proteger trabalhadores, pacientes e meio ambiente para reduzir os riscos à saúde. Para os profissionais que irão se relacionar ao desenvolvimento do projeto de ambiente hospitalar, é crucial criar repertório para o desenvolvimento da análise de riscos, já que pode influir de forma fundamental para prover o ambiente com a biossegurança necessária, de forma que consiga, além de analisar tais riscos, propor solução no próprio desenho da edificação para que a prática clínica ou hospitalar consiga, assim, dar amparo à atividade, com medidas de biossegurança adotadas. Sendo assim, é necessário que tenha conhecimento em relação aos tipos de riscos, os quais se dividem em: » biológicos; » bioquímicos; » químicos; » físicos; » acidentais; e » ergonômicos. Estes três últimos estão diretamente ligados ao projeto de arquitetura, já que este visa dar solução, de modo que o ambiente seja adequado do ponto de vista ergonômico, ao 15 BIOCLIMATOLOGIA APLICADA A ARQUITETURA | UNIDADE II mesmo tempo que trabalha os princípios da precaução em relação à condição acidentária em ambientes de saúde, e, em alguns aspectos, com a correta “proteção” aos riscos físicos, que podem ser desde a condição de, por exemplo, o desenvolvimento de um ambiente de raio-x ou mesmo equipamentos que tenham alta voltagem. A título de exemplificação, se pegarmos, por exemplo, um ambiente de uma clínica de estética, perceberemos pelos próprios procedimentos que haverá mais riscos biológicos, muito deles associados, por exemplo (bactérias, leveduras, fungos e parasitas), em especial que podem estar associados à prática profissional, como alicates, espátulas, mas podemos, por exemplo, atender de modo satisfatório, se provermos o ambiente de esterilização, seguindo fluxo que prima para que o profissional não entre em risco. Ainda dentro desse mesmo tipo de estabelecimento, podemos ter riscos do tipo químico e bioquímico, em especial pelo manuseio de produtos químicos, que podem ser prejudiciais à saúde, e, com isso, podemos dispor de sistemas de armazenamento e ventilação que favoreçam a manipulação, além de uma condição de proteção dos clientes que podem ter contato mais que o necessário. Do ponto de vista de riscos físicos acidentais, podem envolver não só o manuseio de equipamentos e máquinas, assim como as questões relacionadas à infraestrutura do local, algo que é bem prudente que o profissional que esteja projetando ou gerindo entenda, por exemplo, que é necessário prover o ambiente de condições laborais de conforto necessário, como a exposição dos funcionários às temperaturas excessivas, à radiação, à eletricidade etc. Do ponto de vista ergonômico, ainda dentro desse ambiente é necessário que se analise quais são os riscos ergonômicos que podem ser mitigados, por exemplo, com mobiliário em específico ou que auxiliem as melhores estratégia em relação ao desenvolvimento do esforço, a posturas inadequadas, entre outros. É, assim, por meio da identificação dos riscos apresentados no local de trabalho que o profissional se paramenta em relação a como o edifício consegue contribuir para as medidas de biossegurança cabíveis, e com estas medidas, o desenho do próprio edifício, ou mesmo com adoção conjunto de equipamento de segurança é que trabalhamos as barreiras primárias de contenção contra microrganismos, e em especial auxiliando na barreira entre o profissional e o paciente visando a proteção de ambos. Apenas para constar é necessário que entendamoscomo medidas auxiliares os equipamentos de proteção individual (EPIs são: luvas, jalecos, máscaras, toucas, lençóis descartáveis, propõe e óculos de proteção) e coletiva (EPC – esterilizadores, estufas, autoclaves, kit de primeiros socorros, extintor de incêndio, material para descarte, incluindo caixas amarelas para perfurocortantes, capelas de exaustão química, entre outros.) 16 UNIDADE II | BIOCLIMATOLOGIA APLICADA A ARQUITETURA Referente aos princípios e técnicas e práticas de laboratório, faz menção ao treinamento dos quais os profissionais devem possuir, em função do local de trabalho, e nisso o ambiente e a proposição ergonômica em determinados ambientes é de suma importância para reforçar comportamentos de apoio a biossegurança. Existem procedimentos e legislações locais que versam sobre esses procedimentos e até manifestam, por exemplo, estratégias ligadas ao próprio desenho da edificação para favorecer essas rotinas e procedimento, na qual são abordadas recomendações sobre as atividades executadas, inclusive com recomendações sobre a higienização do ambiente, da condição de deposição e produtos e resíduos, entre outros aspectos que estão diretamente ligados ao desenho do mobiliário. Especificamente na estrutura física do local de trabalho, deve ser seguida uma série de normas sobre o ambiente em si, inclusive tendo a interação de especialistas junto com a participação de profissionais de projeto, além disto tendo em vista um conjunto de normas que entendem a segurança dos trabalhadores e dos pacientes. A própria Anvisa possui manual com diversas recomendações acerca da estrutura de um local de serviços de saúde e dá assim recomendações sobre as instalações elétricas e sanitárias, bem como as instalações de água e esgoto e as normas sobre os diversos ambientes no local, algo que é uma incumbência do profissional de projeto. Além disso, há de se observar que existe, dentro do ambiente de saúde, a necessidade de desenvolver um correto descarte de resíduos, sendo de suma importância a contaminação em relação aos procedimentos de saúde. Há, ainda, recomendações sobre o uso de produtos químicos e materiais biológicos que podem contaminar o meio ambiente. Como é sabido, especialmente com quem trabalha em ambientes de saúde, é necessário desenvolver o correto descarte, inclusive com normas que apresentam científicas, técnicas, normativas e legais, as quais minimizam o risco de contaminação local e do meio ambiente, e a edificação deve prover um fluxo de encaminhamento de modo a não ter contaminação assim como controlar aspectos para a diminuição da produção de resíduos. Especificamente no Brasil, a política nacional de resíduos sólidos, além de normas específicas de resíduos, mostra que é necessária a correta classificação desde a fonte, e como os ambientes de saúde, além de serem grandes geradores, também são obrigados a encaminhar de forma controlada seus resíduos a aterros especializados. Nesse sentido, a edificação, assim, deve, entre outros aspectos, ainda mais se quiser ter o status de sustentável, entender que é possível, a partir da separação, correto 17 BIOCLIMATOLOGIA APLICADA A ARQUITETURA | UNIDADE II acondicionamento e destinação, evitar que haja a contaminação da água, do solo e da atmosfera, que acabam afetando a saúde da população e dos profissionais de saúde. Boa parte da legislação que regulamenta os resíduos gerados pelo serviço em saúde, e como estes devem ser devidamente encaminhados, coletados e transportados até o local de finalização, segue normas específicas e direcionadas ao assunto, sendo emitidas pela Anvisa e pelo Conama. A instituição também deve ter um Plano de Gerenciamento dos Resíduos dos Serviços de Saúde (PGRSS), e nele deve conter as medidas de separação, armazenamento, identificação, transporte, coleta, entre outras. A gestão administrativa é também de incumbência de desenvolver a maioria dos princípios citados e deve participar ativamente do processo de desenvolvimento do projeto de arquitetura, além de ser um setor responsável por gerenciar todas as normas que de uso e utilização dos ambientes, especificamente quando os profissionais estão envolvidos com agentes químicos e biológicos, muito comum nos estabelecimentos assistenciais de saúde. É necessário que façamos a discussão sobre o sentido do risco, o qual pode ser considerado a condição biológica, química ou física, que pode ser apresentada ao trabalhador, paciente ou ambiente. Especificamente na área de atendimento de saúde, existe uma série de agentes biológicos que são os maiores fatores de riscos ocupacionais, em especial, a profissionais que estão envolvidos nesses ambientes hospitalares. Constituem importante parte das normas de biossegurança, em especial aquelas que se relacionam com os procedimentos hospitalares, de armazenamento de material, de esterilização, e de proteção individual e coletiva. Esses conceitos que discutimos até o momento estão relacionados, em sua grande parte, à relação de riscos ambientais, e muito delas ficam restritas ao ambiente conceitual e normativa, mas teria alguma outra? Temos a biossegurança, a conhecida como a praticada, que existe além da biossegurança legal, que diz respeito em específico a organismos geneticamente modificados, com células-tronco, mas que não discutiremos neste material. A biossegurança praticada está relacionada em especial aos aspectos legais e normativos que são aplicados seja nas práticas hospitalares ou nas condições de tradução de requisitos do ambiente de trabalho, tais como: » Ministério do Trabalho e Emprego (MTE); 18 UNIDADE II | BIOCLIMATOLOGIA APLICADA A ARQUITETURA » pelas Resoluções da Agência Nacional de Vigilância em Saúde (Anvisa) e pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama); » a biossegurança legal é regulamentada pela Lei nº 11.105/2005 (BRASIL, 2005). A biossegurança no Brasil toma corpo dentro do aparato legal, em especial a partir de 2005, por meio da Lei nº 8.974, de 1995, que foi revogada pela Lei nº 11.105/2005, a qual institui normas de segurança e métodos de fiscalização, mais especificamente para atividades que envolvem Organismos Geneticamente Modificados (OGMs). 1.5. Legislação aplicada aos ambientes assistenciais de saúde A parte de legislação, quando falamos de desenvolvimento do projeto da edificação, é importantíssima, já que, por meio dela, os profissionais projetistas se parametrizam em relação às diretrizes que devem seguir, e de como deve desenvolver o projeto para atender parâmetros mínimos de qualidade preconizados pelo ministério da saúde. Entre as principais, podemos citar: » Ministério da Saúde – Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução-RDC n. 50, dispõe sobre o Regulamento Técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde. » Ministério da Saúde – Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução – RDC n. 51, de 6 de outubro de 2010 – Dispõe sobre os requisitos mínimos para a análise, avaliação e aprovação dos projetos físicos de estabelecimentos de saúde no Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS) e dá outras providências. » Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Coordenação-Geral de Normas – Normas para projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde. Mas é importantíssimo que não sejam as únicas normas a serem consultadas, e muitas das vezes as normas regionais, inclusive estaduais e municipais, podem apresentar maior restrição em relação às normas nacionais. E isso pode? Pode sim. Como falamos, as normas nacionais estabelecem parâmetros mínimos. Isso é comum, em especial em municípios maiores que possuam secretarias especializadas dentro de suas estruturas de secretarias municipais que estão dotadas com profissionais que podem amparar a evolução do desenvolvimento do projeto, antes mesmo de ele passar por uma aprovação formal.19 BIOCLIMATOLOGIA APLICADA A ARQUITETURA | UNIDADE II Toda edificação de saúde necessita, assim como qualquer outra edificação, passar por um conjunto de aprovações para que a obra efetivamente comece. Um dos projetos primordiais para edificações relacionadas a saúde é o projeto de prevenção e combate contra incêndio e pânico e, com ele, é necessário que requisitos específicos de segurança sejam observados. Cada estado possui sua independência normativa, e, com isso, apresenta normas que podem ser muito específicas para o local onde será implantado o edifício. Além disso, o projeto deve atender à lei de zoneamento de uso e ocupação do solo, que, em síntese, estabelecerá os parâmetros urbanísticos, que são os recuos, taxa de ocupação, coeficiente de aproveitamento, entre outros que estabelecem um disciplinamento do uso e ocupação do solo. Outros órgãos, como a Secretaria do Meio Ambiente Estadual e Municipal, também devem ser consultados para fins de entender a natureza das atividades, que, em ambientes assistenciais de saúde, via de regra, são grandes geradoras de resíduos e, com isso, precisará apresentar plano específico para a gestão. Quando fazemos a abordagem de ambientes hospitalares, precisamos primar sobre o conforto dos usuários além de garantir que haja o pleno desenvolvimento das atividades dentro da edificação e, quando nos referimos a ambientes hospitalares, é essencial atentar para a eficiência energética, e muitas das estratégias que podemos adotar sem aplicação e investimento direto em tecnologia é usando as estratégias bioclimáticas, que, ao mesmo tempo, permite que sejam trabalhadas questões saneadoras do ambiente, como ventilação, iluminação, entre tantas outras estratégias que contribuem para a biossegurança do edifício. 20 CAPÍTULO 2 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E HÍDRICA NAS EDIFICAÇÕES 2.1. Eficiência Energética Em tempos em que as edificações hoje precisam ser mais eficientes, apresentar o menor comprometimento possível em relação ao meio ambiente, falar de eficiência energética é crucial para promover uma edificação mais saudável, pelo menos do ponto de vista ambiental. É necessário, assim, entender que a eficiência energética tem mais relação com o nível de aproveitamento das condições ambientais, como uso da iluminação natural, do aquecimento e troca de ar, do que o uso da energia, que equivocadamente muitos associam à ideia de geração. Eficiência energética significa fazer mais (ou, pelo menos, a mesma coisa) com o menor nível de energia, mantendo conforto e qualidade, e, quando falamos de eficiência energética, significa gerar a mesma quantidade de trabalho com o menor nível de energia, economizando os recursos naturais, para se obter um mesmo serviço. Quando aplicamos a energia em um ambiente ou edificação, estamos, na verdade, tendo que gerar algum tipo de trabalho, seja para o dispêndio mecânico, como, por exemplo, uso do ar condicionado ou de ventilação forçada, ou pela condição de colocação, por exemplo, de pontos de iluminação, entre outros aspectos que podem fazer com que isso seja oneroso e custoso para uso da edificação. Por exemplo, a energia elétrica assim, na iluminação, seria a energia lumínica, em ventiladores e ar condicionado, energia cinética e energia térmica. E, para isso, estamos falando, por exemplo, de buscar que não somente os equipamentos, mas também as edificações sejam capazes mobilizar a menor quantidade de energia para trabalhos típicos da edificação, como mencionado, para começar a fazer uso dos recursos que, por exemplo, a bioclimatologia permite fazer, sem que haja acréscimo de custo operacional da edificação. O que queremos direcionar aqui é tentar que o projetista ou equipe de profissionais relacionados a confecção do projeto consigam propor edificações as quais façam o uso mais eficiente da energia que consta no meio, buscando não somente a edificação, mas a especificação de materiais e equipamentos que favoreçam eficiência de maneira global, ou melhor, aqueles que usam menos recursos de modo a proporcionar a mesma quantidade de energia dissipada em outros trabalhos. 2.2. Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE) Consonante a isso, possuímos no Brasil um Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE), cujo objetivo é promover o uso eficiente de energia elétrica, hoje coordenado pelo 21 BIOCLIMATOLOGIA APLICADA A ARQUITETURA | UNIDADE II Inmetro, no qual é possível verificar informações sobre a eficiência energética não só dos equipamentos, mas também das edificações, e, dessa forma, permitir que os consumidores e usuários façam a escolha de equipamentos e de habitações, considerando aspectos de eficiência energética que é certificada por um selo, logo produtos mais eficientes. Especificamente para eletricidade, existe o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica, amparado pela metodologia do Selo Procel, lançada pela Eletrobrás. Esse selo visa uma mudança de cultura e, por isso, faz uso de uma simbologia, que indica de maneira visual ao consumidor quais os produtos que apresentam os melhores níveis de eficiência energética dentro de determinada categoria de consumo. Por meio desse selo, o usuário ou consumidor consegue verificar os produtos que consomem, menos energia, em relação a outro equivalente. Isso contribuiu para o comportamento de consumo, e diretamente permite que a coletividade tenha comportamento em relação à economia na conta de eletricidade, acarretando menos impactos para o meio ambiente. O selo Procel tem a capacidade de disciplinar os fabricantes de produto, e também possui uma classe, que se direciona a edificações, o que vem beneficiando a mudança de paradigma, do mercado a construção civil e também imobiliário, que conseguem ver uma maneira de agregar valor com edificações mais eficientes, beneficiando a sociedade já que se direcionam ao menor consumo de energia e menos impacto ambiental. É necessário que se faça a seguinte distinção: enquanto a etiqueta do Inmetro informa a classificação dos produtos, o Selo Procel indica que aquele produto que recebeu o selo se destaca em eficiência energética. Figura 11. Etiqueta do Inmetro e Procel. Fonte: https://www.epe.gov.br/pt/abcdenergia/eficiencia-energetica. 22 UNIDADE II | BIOCLIMATOLOGIA APLICADA A ARQUITETURA Como algumas edificações possuem sistemas de abastecimento de Gás, e em suma é um tipo de energia, existe também uma certificação em específico para o uso eficiente de combustíveis, que é o Conpet. O selo Conpet de Eficiência energética é concedido em especial quando usamos equipamentos de gás como fogões, aquecedores de água, e tubulações de gás, o que destaca a eficiência energética. Figura 12. Selo Conpet. Fonte: https://www.epe.gov.br/pt/abcdenergia/eficiencia-energetica. Temos que entender que a filosofia por trás desses selos não é a economia somente de recursos financeiros, mas sim a diferença para o meio ambiente utilizando a energia de forma consciente, evitando desperdícios, e os selos servem para estimular a mudança de hábito, em específico para economia de luz, gás ou combustível. Provavelmente você já deve ter visto esse tipo de selo para eletrodomésticos, mas sabia que existe para edificações? Por exemplo, quando desenvolvemos um projeto de iluminação em uma edificação em especial relacionada a saúde, temos que ter em mente que existe também a necessidade de desenvolvimento de um racional de consumo de energia elétrica, e isto é dissociado da noção de eficiência luminotécnica, também não é somente a escolha dos tipos de lâmpadas, dispositivos que usamos para acioná-las, na forma com que dispomos as luminárias e do controle das variáveis fotométricas tão essenciais para um bom projeto. Se analisarmos sobre o que seria na síntese a eficiência energética, ela não está exclusivamente associada ao conceito de eficiência energética pelo consumo de energia produzida por fontes externas, mas pode ser encarada como a capacidade do edifício derecepcionar a iluminação natural, ao mesmo tempo que tem na conservação de energia um meio criar ambientes, inclusive fazendo uso da bioclimatologia, mais confortáveis ao ser humano. 23 BIOCLIMATOLOGIA APLICADA A ARQUITETURA | UNIDADE II A título de exemplificação, quando consideramos a iluminação natural é preciso também que o edifício tenha a intenção e fazer isso acontecer, e isso pode acontecer, por exemplo, fazendo uso de bons estudos de uma implantação, orientação solar, e com suas aberturas e componentes, os quais interagirão com a iluminação natural. Para Costa (2006), a estratégia de: economia em iluminação não significa não ter iluminação ou que esta seja deficiente, é apenas a utilização correta das tecnologias disponíveis produzindo mais luz com menor consumo de energia. A luminotécnica é uma ciência multidisciplinar, onde é necessário avaliar uma série de fatores que serão os definidores no processo visual, com o objetivo de aumentar a produtividade dos usuários, atendendo não somente aspectos técnicos, mas também fatores comportamentais. Os envolvidos nesta análise são os projetistas, os fabricantes e os usuários. Lamberts et al. (1997), entende que o “objetivo do projeto de iluminação é a busca do uso integrado da luz natural e artificial, formando assim um único sistema de iluminação, tornando o sistema energeticamente mais eficiente”. Neste sentido é necessário entender que não somente a iluminação é passível de ser ponto de análise para fins de certificação para edificações assistenciais de saúde, mas é também necessário que olhemos para tais selos como qualificadores das edificações. O selo vem no sentido de atender a discussões sobre o uso finito dos recursos naturais, assim como premiar boas soluções técnicas que garantam o uso racional da energia. É interessante colocar um tópico específico sobre a eficiência energética e meio aos demais ainda mais após. O que estes selam tentam incutir na cultura da construção no Brasil, desde a sua criação, é direcionar para construções mais sustentáveis e que atendam aos requisitos de baixo impacto ambiental, e isto sim pode estar associado a eficiência energética, e o mercado da construção de edifícios de saúde tem cada vez mais entendido que é uma forma de agregar valor aos trabalhos dos profissionais que desenvolvem este tipo de projeto. Primordialmente o selo tem por intenção avaliar pelo menos três grandes grupos de edificações: Figura 13. 3 Grupos de edificações. 1.construções comerciais, de serviços e públicas; 2. unidades habitacionais autônomas (casas); e 3. edificações multifamiliares (edifícios de apartamentos); 24 UNIDADE II | BIOCLIMATOLOGIA APLICADA A ARQUITETURA 1.construções comerciais, de serviços e públicas; 2. unidades habitacionais autônomas (casas); e 3. edificações multifamiliares (edifícios de apartamentos); Fonte: elaborada pelo autor. Mas qual a relevância de etiquetar as edificações? E que benefícios isso traria? Se percebermos a dinâmica da rotina das pessoas, passamos cerca de 90% de nosso tempo dentro de ambientes construídos, e 10% em deslocamentos e outras atividades. Isso nos mostra a importância de focarmos nas certificações também em edificações, além de gasto energético, entre outras atividades antrópicas impactantes (geração de CO2, resíduos, intervenção no meio), que derivam do uso da edificação. Se trabalharmos a qualidade da edificação é um meio de prover o bem-estar dos usurários da edificação, e indiretamente afeta à sociedade, por meio da preservação da natureza. Faz sentido? Figura 14. Três grupos de edificações. Mas o profissional envolvido não pode ficar restrito à condição da iluminação e do consumo energético em si, seu conhecimento precisa ser multidisciplinar, posicionamento solar, zoneamento bioclimático, utilização de materiais com melhor desempenho energético e baixo impacto, pois dentro os principais subsistemas analisados para etiquetagem da edificação são: • Envoltória, que são os elementos externos, que “vestem” a edificação (paredes e estruturas). • Iluminação (divisão de circuitos, aproveitamento da luz natural e desligamento automático da iluminação). • Sistema de condicionamento de ar. Fonte: elaborada pelo autor. Nas seguintes composições de importância: 25 BIOCLIMATOLOGIA APLICADA A ARQUITETURA | UNIDADE II Figura 15. Proporção dos Sistemas Avaliados, bonificações e pré-requisitos gerais. Fonte: adaptada de Raoli e Gonçalves (2022). É um método prescritivo, podendo a etiqueta ter pequenas variações, mas que em síntese devem conter: Figura 16. Visualização ENCE completa. Fonte: adaptada de Raoli e Gonçalves (2022). O diagrama começa com um cabeçalho que denota o projeto ou edifício, seguido de um nível de eficiência que pode ser representado em uma escala cromática, seguido de 26 UNIDADE II | BIOCLIMATOLOGIA APLICADA A ARQUITETURA uma letra maiúscula. Da A (verde) é o mais eficiente e E (vermelho) é o menos eficiente. O cabeçalho exibe a própria taxonomia. Figura 17. Visualização Ence Cabeçalho e Rodapé. Fonte: adaptada de Raoli e Gonçalves (2022). Há também definições de pré-requisitos avaliados como energia e água, mas os bônus também são enfatizados se o projeto atender mais elementos considerados sustentáveis por meio de atitudes que possam contribuir para o consumo de energia da edificação, iluminação e itens de ar-condicionado. Isso permite avaliar todo o edifício, o conjunto anterior de subitens ou apenas um item individualmente. Figura 18. Sistemas individuais. Fonte: adaptada de Raoli e Gonçalves (2022). 27 BIOCLIMATOLOGIA APLICADA A ARQUITETURA | UNIDADE II Resumidamente, podemos colocar que a Ence pode ser dividida em: Figura 19. Tipos de etiqueta Ence. Fonte: adaptado de Raoli e Gonçalves (2022). Eficiência significa fazer mais (ou, pelo menos, a mesma coisa) com menos, mantendo o conforto e a qualidade. Quando se discute energia, eficiência energética significa gerar a mesma quantidade de energia com menos recursos naturais ou obter o mesmo serviço (“realizar trabalho”) com menos energia. Relembre os conceitos de “geração de energia” e “realizar trabalho” em Formas de Energia. 2.3. Eficiência Hídrica 2.3.1. Qualidade de água e parâmetros da água O termo eficiência hídrica é o conjunto de ações que permitem a correta utilização desse tipo de recurso, assim com a manutenção da qualidade sob todos os seus aspectos. Em uma edificação de ambiente hospitalares, o uso do recurso água é essencial para manutenção de todas as rotinas, sejam elas ligadas diretamente à função para qual o edifício foi concebido, como as rotinas simples se ligam a higiene humana, seja funcionário ou paciente, mas que deve estar em condições de qualidade, para que não haja nenhum impacto direto sobre a saúde das pessoas. Nesse sentido, é necessário que sejam observados os requisitos normativos que qualificam a água para consumo humano. Quem determina os padrões de água de consumo é a Agência Nacional da Água (Ana). Sabemos que a água normalmente, e estado In natura, pode conter diversos componentes, que podem ser provenientes do próprio ambiente natural e inclusive 28 UNIDADE II | BIOCLIMATOLOGIA APLICADA A ARQUITETURA podem ser introduzidos pelas atividades humanas, mas que precisam ser qualificadas quando seu uso se destinar para ambientes hospitalares. Quando utilizamos a água para fins hospitalares, temos que observar diversos parâmetros, os quais podem representar características físicas, químicas e biológicas, e tais parâmetros são indicadores de qualidade, já que podem constituir impurezas quando alcançam valores superiores estabelecidos para um determinado uso. Dentre os principais indicadores de qualidade da água que iremos discutir na sequência, estão separados em aspectos físicos, químicos e biológicos. Dentre os parâmetros físicos: Temperatura: podemos entender como a medida de intensidade de valor, e é um dos parâmetros quepodem influir na propriedade da água como a densidade, viscosidade, oxigênio dissolvido, além de ter grande reflexo sobre a proliferação de microrganismos, algo que influi na saúde das pessoas. Além disso, a depender de suas fontes (fontes naturais (energia solar) e fontes antropogênicas (despejos industriais e águas de resfriamento de máquinas), podem incorporar outras propriedades que não são desejáveis para uso em um hospital. Sabor e odor: resulta de causas naturais e da origem da água, como algas; vegetação em decomposição; bactérias; fungos; compostos orgânicos, tais como gás sulfídrico, sulfatos e artificiais, como: esgotos domésticos e industriais. Logo são determinantes para o padrão de potabilidade: água completamente inodora. Cor: é resultante de existência de substâncias em solução; em especial por presença de minerais como o ferro ou manganês, ou mesmo pela decomposição da matéria orgânica da água, pela interação com vegetais ou pelas algas, ou pela introdução de esgotos industriais e domésticos. É também influente sobre o padrão de potabilidade pela intensidade de cor inferior a cinco unidades. Turbidez: é representada pela matéria em suspensão na água, tais como argila, silte, substâncias orgânicas microscopicamente divididas, organismos microscópicos e outras partículas. Também influi no padrão de potabilidade quando a turbidez é inferior a 1 unidade. Presença de Sólidos: geralmente dá-se o nome de sólidos em suspensão, que no caso se direcionado para consumo humano é necessário fazer um anteparo de abesto entre a entrada e o consumo para retenção desses sólidos que podem ser da seguinte natureza: 29 BIOCLIMATOLOGIA APLICADA A ARQUITETURA | UNIDADE II Figura 20. Presença de Sólidos. Sólidos em suspensão: • resíduo que permanece num filtro de asbesto após filtragem da amostra. Podem ser divididos em: Sólidos sedimentáveis: • sedimentam após um período t de repouso da amostra. Sólidos não sedimentáveis • somente podem ser removidos por processos de coagulação, floculação e decantação. Sólidos dissolvidos: • material que passa através do filtro. Representam a matéria em solução ou em estado coloidal presente na amostra de efluente. Fonte: elaborada pelo autor. A condutividade elétrica: parece não ser tão relevante, em especial para o ambiente hospitalar, já que a capacidade de condução de corrente elétrica mostra a presença de íons dissolvidos na água, muitos dos quais que são partículas carregadas eletricamente e isto tem relação direta com que a quantidade de íons dissolvidos, será maior a condutividade elétrica na água. Em relação aos parâmetros químicos: PH: a água para ser considerada com neutra com PH neutro (potencial hidrogeniônico) deve apresentar equilíbrio entre íons H+ e íons OH; podendo ter variação de 7 a 14; indicando uma água é ácida (pH inferior a 7), neutra (pH igual a 7) ou alcalina (pH maior do que 7). O pH é assim diretamente ligado a sua origem e características naturais, porém pode ser alterada com a introdução de resíduos, e isto no ambiente hospitalar é crucial que o pH seja controlado, e sendo baixo torna a água corrosiva e águas com pH elevado tendem a formar incrustações nas tubulações, o que pode alterar a relação de qualidade da mesmas em especial em relação ao consumo, logo nos ambientes hospitalares é necessário que tal faixa fique entre 6 a 9. Alcalinidade: pode ser causada por sais alcalinos, em especial o sódio e cálcio, o que mostra a capacidade da água de neutralizar os ácidos; quando presente em teores elevados, ao mesmo tempo que pode gerar sabor desagradável à água, tendo influência também nos processos de tratamento da água. Dureza: é resultado pela presença de cálcio e magnésio, os quais são de sais alcalinos terrosos, entre outros metais bivalentes, que em menor intensidade, em teores elevados; 30 UNIDADE II | BIOCLIMATOLOGIA APLICADA A ARQUITETURA poderá gerar sabor desagradável e efeitos laxativos. São, por exemplo, essenciais que sejam controlados em ambientes hospitalares já que influem na redução e formação da espuma do sabão, aumentando o seu consumo; além disso é motivo de provocar manutenção recorrente devido a incrustações nas tubulações e caldeiras, estes muito comuns em edificações hospitalares. Podem ser classificadas em: Figura 21. Dureza da água. Menor que 50 mg/1 CaC03 • água mole Entre 50 e 150 mg/1 CaC03 • água com dureza moderada Entre 150 e 300 mg/1 CaC03 • água dura Maior que 300 mg/1 CaC03 • água muito dura Fonte: elaborada pelo autor. Cloretos: geralmente é motivado sua presença pela dissolução de minerais e da intrusão de água salobra ou do mar, e podem também serem provenientes de esgotos domésticos ou industriais, é especialmente ruim em ambiente hospitalares, já que podem conferir sabor salgado à água além de propriedades laxativas. Ferro e manganês: são originárias da dissolução de compostos do solo ou de despejos industriais e, em geral, podem causar coloração avermelhada à água, no caso do ferro, ou marrom, no caso do manganês. Em ambientes hospitalares podem influir nas operações de lavanderia, que geralmente são de grande monta, manchando roupas e outros produtos industrializados. Além disto podem conferir sabor metálico à água e o aparecimento de ferrobactérias, as quais causam maus odores e coloração à água e obstruem as canalizações, motivo de manutenção. Nitrogênio: o nitrogênio é dentre os componentes químicos que podem aparecer de diversas formas na água: molecular, amônia, nitrito, nitrato, e ele é fonte de alimentação para crescimento de algas, mas, em excesso, pode ocasionar um exagerado desenvolvimento desses organismos, fenômeno chamado de eutrofização. Seus componentes em específico, como o nitrato, na água, podem causar a metemoglobinemia; a amônia é tóxica aos seres vivos, isto comprovado quando expomos os peixes a esta condição, e o aumento do nitrogênio na água pode ser motivo de despejo de esgotos domésticos e industriais, fertilizantes, excrementos de animais, o que não qualifica a água para ambiente hospitalar sem o devido tratamento. 31 BIOCLIMATOLOGIA APLICADA A ARQUITETURA | UNIDADE II Fósforo: é encontrado na água por meio de uma série de componentes como o ortofosfato, polifosfato e fósforo orgânico, o que favorece o crescimento de algas, mas, em excesso, causa a eutrofização. É motivado principalmente pela dissolução de compostos do solo, decomposição da matéria orgânica, esgotos domésticos e industriais; fertilizantes; detergentes; excrementos de animais. Fluoretos: talvez dentre os compostos químicos os fluoretos têm ação benéfica de prevenção de doenças em especial a cárie dentária; em concentrações mais elevadas, podem provocar alterações da estrutura óssea ou a fluorose dentária (manchas escuras nos dentes). Oxigênio dissolvido (OD): é indispensável aos organismos aeróbicos, e a água em condições normais contém o oxigênio dissolvido, e cujo teor de saturação dependerá da altitude e da temperatura, e águas com baixos teores de oxigênio dissolvido indicam que receberam matéria orgânica, especialmente pela decomposição da matéria orgânica por bactérias aeróbicas, e que acompanhada pelo consumo e redução do oxigênio dissolvido da água. Em ambiente natural é motivo de se medir a capacidade de autodepuração do recurso d´água e o teor de oxigênio dissolvido pode alcançar valores muito baixos, ou zero, extinguindo-se os organismos aquáticos aeróbios. Matéria orgânica: é essencial a matéria orgânica na água em ambiente naturais em função dos seres heterótrofos, na sua nutrição, e aos autótrofos, como principal fonte de sais, nutrientes e o gás carbônico, e, em quantidade levadas, podem causar efeitos diretos e problemas como por exemplo: cor, odor, turbidez, consumo do oxigênio dissolvido, pelos organismos decompositores. O consumo de oxigênio é também um dos problemas relevantes que devemos observar com o aumento do teor de matéria orgânica, pois pode provocardesequilíbrios ecológicos, e pode causar a extinção dos organismos aeróbicos. Neste sentido são indicadores do teor de matéria orgânica na água a Demanda Bioquímica de oxigênio (DBO) e a demanda química de oxigênio. (DQO) Figura 22. DBO e DQO. Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) • é a quantidade de oxigênio necessária à oxidação da matéria orgânica por ação de bactérias aeróbias. Representa, portanto, a quantidade de oxigênio que seria necessário fornecer às bactérias aeróbias, para consumirem a matéria orgânica presente em um líquido (água ou esgoto). A DBO é determinada em laboratório, observando-se o oxigênio consumido em amostras do líquido, durante 5 dias, à temperatura de 20 °C. Demanda Química de Oxigênio (DQO): • é a quantidade de oxigênio necessária à oxidação da matéria orgânica, através de um agente químico. A DQO também é determinada em laboratório, em prazo muito menor do que o teste da DBO. Para o mesmo líquido, a DQO é sempre maior que a DBO. 32 UNIDADE II | BIOCLIMATOLOGIA APLICADA A ARQUITETURA Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) • é a quantidade de oxigênio necessária à oxidação da matéria orgânica por ação de bactérias aeróbias. Representa, portanto, a quantidade de oxigênio que seria necessário fornecer às bactérias aeróbias, para consumirem a matéria orgânica presente em um líquido (água ou esgoto). A DBO é determinada em laboratório, observando-se o oxigênio consumido em amostras do líquido, durante 5 dias, à temperatura de 20 °C. Demanda Química de Oxigênio (DQO): • é a quantidade de oxigênio necessária à oxidação da matéria orgânica, através de um agente químico. A DQO também é determinada em laboratório, em prazo muito menor do que o teste da DBO. Para o mesmo líquido, a DQO é sempre maior que a DBO. Fonte: elaborada pelo autor. Componentes inorgânicos e orgânicos: em relação aos componentes inorgânicos na água, são prejudiciais, por exemplo: arsênio, cádmio, cromo, chumbo, mercúrio, prata, cobre e zinco; além dos metais, e podemos fazer referência também aos cianetos; muito comum em águas que fizeram a interação com despejos industriais ou a partir das atividades agrícolas, de garimpo e de mineração. Em relação aos componentes orgânicos, temos que entender que são resistentes a degradação biológica, e pode acumular-se na cadeia alimentar, e podemos citar, por exemplo, detergente e produtos químicos tóxicos ao ser humano. Em relação aos parâmetros biológicos: Coliformes: indicam a presença de microrganismos patogênicos na água, estão ligadas diretamente aos coliformes fecais existem em grande quantidade nas fezes humanas, e sua presença em água pode conter microrganismos causadores de doenças. Algas: desempenham um papel relevante no ambiente aquático, mas são responsáveis por grande produção e uso do oxigênio dissolvido no meio e em grande quantidade podem causar a eutrofização, trazendo inconvenientes como: sabor e odor; toxidez, turbidez e cor. Além disso, ajudam na formação de massas de matéria orgânica que, ao serem decompostas, provocam a redução do oxigênio dissolvido, em ambientes hospitalares podem causar a corrosão; interferência nos processos de tratamento da água: aspecto estético desagradável. 2.3.2. Padrões de qualidade da água Nesse sentido, precisamos entender que existem teores máximos de impurezas que podem ser permitidos em relação ao uso em especial nas edificações para fins hospitalares, e cada tipo de uso pode estabelecer, assim, padrões de qualidade específicos, muitos dos quais são fixados pelas entidades públicas regulatórias do setor, tendo por objetivo garantir que a água a ser utilizada para um determinado fim não contenha impurezas que venham a prejudicá-lo. Uma forma de definir a qualidade das águas dos mananciais, (locais onde se coleta) é enquadrá-los em classes, em função dos usos propostos para eles, estabelecendo-se critérios ou condições a serem atendidos. 33 BIOCLIMATOLOGIA APLICADA A ARQUITETURA | UNIDADE II Tabela 5. Classificação dos cursos d´água. Classificação dos cursos d’água No Brasil, a classificação das águas foi definida pela Resolução n. 20 de 18 de junho de 1986, do Conselho Nacional do Meio Ambiente. Esta Resolução estabeleceu 9 classes, sendo 5 de águas doces (com salinidade igual ou inferior a 0,5 %, de águas salobras (salinidade entre 0,5 e 30%, e 2 de águas salinas (salinidade igual ou superior a 30 %.). As classes Especiais e de 1 a 4 referem-se às águas doces; as classes 5 e 6, às águas salinas; e as classes 7 e 8, às águas salobras. As coleções de águas estaduais são classificadas, segundo seus usos preponderantes, em cinco classes (Deliberação Normativa COPAM 10/1986*), como mostra o Quadro 1. NORMA ATUALIZADA: Deliberação Normativa Conjunta COPAM/CERH- MG N.º 1, de 5 de maio de 2008. Fonte: Normativa Copam 10/1986. Quando estamos falando de edificações hospitalares, não podemos manter o foco somente nas questões de eficiência energética, já que esta “brilha” aos olhos do mercado, especialmente quando estamos falando de investimento em um tipo de edificação que tem grande impacto social, mas também em termos de investimento. Independentemente do viés de uso dessa condição, é necessário recorrer à essência do que é um tipo de edificação dessa natureza, que se trata de um ambiente assistencial de saúde, e, com isso, precisamos focar parte da definição dos requisitos de eficiência na questão, que muitas vezes é negligenciado na maioria das edificações, mas que neste precisamos ter o máximo de cuidado que é sobre a eficiência hídrica, mas sobretudo sobre a qualidade da água que será disponibilizada nos diversos sistemas que compreendem a edificação. 34 CAPÍTULO 3 UTILIZAÇÃO E MANUTENÇÃO DE UM EDIFÍCIO SUSTENTÁVEL 3.1. Eficiência energética e manutenção de edificações Uma edificação que se volta para atividade de ambientes hospitalares apresenta intensidade de utilização, e, por isso, todo o cuidado no desenvolvimento do projeto, para fins de prolongamento da vida útil da edificação é essencial, especialmente para a fase de uso e operação destas, e segundo alguns indicadores grande parte dos custos de um edifício hospitalar deriva especialmente de operação, reformas e uso da energia, e tais custos podem chegar em até 75% do custo do edifício no ciclo de vida deste tipo de edificação, cujo tempo estimado de vida útil pode chegar a 40 anos, e deste apenas 11% do custo está direcionado a tomadas de decisão no processo de projeto e construção, e 14% em relação ao financiamento desta edificação. A eficiência energética pode ser entendida como a obtenção de um serviço com baixo dispêndio de energia. Portanto, um edifício é mais eficiente energeticamente que outro quando proporciona as mesmas condições ambientais com menor consumo de energia. (LAMBERTS et al., 1997, p.14) Nesse sentido, o conceito de Construção Sustentável é relativamente amplo e bem aplicado nas construções hospitalares, ao redor do mundo, mas no Brasil ainda é um processo que está começando a tomar vulto não somente pela questão de conseguir edifícios operacionalmente mais baratos, mas também que atendam aos requisitos de segurança, conforto e sustentabilidade, e, embora a maioria dos profissionais de projeto tenha pouca intimidade com o assunto, há certificações mais específicas que garantem que requisitos de manutenção sejam observados nas operações desse tipo de edifício, algo que é mais voltado a edificações novas do que em prédios existentes. Aí você me pergunta: Por que esses prédios antigos não fazem essa adaptação? O custo seria muito caro e, com isso, uma série de empecilhos regulamentares e licenças precisariam ser reprocessados para que o prédio existente conseguisse se adequar. Mas, quando abordamos edificações existentes, ou seja, já em operação, damos o nome de retrofits dentro da área da arquitetura, o que tem sido uma grande oportunidade para os profissionais que conseguem se especializar nesse tipo detemática, em especial por meio de consultorias, e estima-se que o mercado hoje de edificações hospitalares, que poderia sofrer essa adaptação, pode chegar a 10% das edificações existentes, e isso estamos falando de uma atualização de alguns sistemas e adaptações que levem a sustentabilidade como o ajuste do sistema de energia, ajuste de sistemas que dependem 35 BIOCLIMATOLOGIA APLICADA A ARQUITETURA | UNIDADE II de água, envoltória, sistemas de acondicionamento de ar, e demais que podem assim contribuir para o edifício seja mais eficiente no uso dos recursos, mas também na forma com que ele terá sua vida útil estendida em casos de retrofits. Muito disso depende diretamente de certos estímulos públicos e linhas de financiamento, ou seja, de políticas públicas mais direcionadas para o desenvolvimento de retrofits ou mesmo construções novas que permitam a adoção de posturas mais sustentáveis. Estamos falando sim de benefícios fiscais e financeiros que ajudem em grande parte a abordagem de edificações hospitalares, independentemente de serem públicas ou privadas, já que sua relevância social é de grande importância para a sociedade. Podemos citar inclusive algumas legislações que se voltam para esta prática, como a cidade de São Paulo, que estabeleceu o Decreto n. 57.565 de 27/12/2016 pela Prefeitura de São Paulo, que regulamenta os procedimentos de fiscalização da quota ambiental e o incentivo de certificação da nova lei de zoneamento da cidade (Lei n. 16.402/2016), que foi denominada de Fator Verde de Fortaleza, o qual implementa políticas de Construção Sustentável ou ainda os IPTUs VERDEs das Prefeituras do Rio de Janeiro, de Salvador, Recife, Guarulhos-SP, Lageado-RS, Paragominas-PA entre outras. O que temos que ver em uma situação quanto a uso e operação de uma edificação em especial voltada para ambiente hospitalares é que devemos traçar, desde o projeto, condições e metodologias que podem ser estabelecidas pelo manual de uso da edificação, e, com isso, antecipar-se para redução de custos operacionais durante a operação da edificação ao mesmo tempo que podemos adotar modelos econômicos de gestão e políticas específicas para que a operação da edificação, inclusive com adoção de indicadores que demostram melhorias dessa operação durante o uso da edificação. Quando estudarmos os sistemas de certificação e mesmo de acreditação veremos que existem requisitos específicos que favorecem isso, e tais metodologias ajudam a estabelecer os critérios que são mais relevantes para tais fins, e os pré-requisitos que podem ser observados em cada categoria a depender do tipo de certificação. Existem práticas no mercado que direcionam para a possibilidade de elaboração de diagnósticos de tempos em tempos, os quais permitem a avaliação das categorias, por meio da adoção de créditos que podem ser somados à medida que as conquistas de economia e eficiência são atingidas. Podendo abordar: » conceitos e benefícios operação sustentável; » espaço sustentável; 36 UNIDADE II | BIOCLIMATOLOGIA APLICADA A ARQUITETURA » uso eficiente da água; » eficiência energética; » materiais e recursos; » qualidade ambiental interna; » créditos regionais e inovações. O que mostra de forma relevante que grande parte das decisões de projeto que devem acontecer na fase de projeto, em especial, deve direcionar os esforços para boas estratégias de concepção do projeto, inclusive aplicando as estratégias bioclimáticas e rotinas que se voltam para sustentabilidade, mas que, em essência, devem considerar o uso e operação da edificação, já que, além dos ganhos ambientais, temos impactos sociais e econômicos que podem ser vislumbras ao longo da vida útil da edificação. Logo, um projeto não deve ser exclusivamente a pretensão de estabelecer todo o programa de necessidades, que é a distribuição dos ambientes dentro da edificação, mas observar os diversos fluxos que existem dentro de uma edificação. Por trás de um conjunto de ambientes, de funções típicas de um hospital existem uma série de infraestruturas que devem ser provisionadas para que a edificação funcione a contento. Uma edificação hospitalar não funciona sem que haja um sistema de gás que são de uso hospitalar (oxigênio, nitrogênio, entre outros). Dentro do sistema de energia é necessário haver o desenvolvimento de um sistema redundante de energia. Ao mesmo tempo que usamos a energia da concessionária, é necessário que seja provisionado um sistema de geradores responsáveis por garantir o suprimento de energia, principalmente em casos emergenciais. Da mesma forma, precisamos ter um sistema de suprimento de água que seja suficiente para suprir o hospital, quando, por exemplo, a concessionária não der conta de fazer a entrega. Além disso, a água é um fator primordial para manutenção da rotina, logo precisa ter um sistema de tratamento que garanta a qualidade da mesma. Em alguns casos, como é o caso de ambientes como centro cirúrgico ou mesmo ambientes em que o sistema de arrefecimento ou condicionamento de ar devem estar com condições de qualidade de ar que sejam suficientemente boas para a qualificação e não vetores de doenças. Um edifício sustentável tem por característica manter as condições de uso dos recursos naturais eficientemente, mas sobretudo ter a sua vida útil prolongada, logo o ciclo de vida da edificação precisa estar amparado por uma boa metodologia 37 BIOCLIMATOLOGIA APLICADA A ARQUITETURA | UNIDADE II de manutenção e de desenvolvimento de rotinas que prolonguem a vida útil do mesmo, sendo ela sempre preditiva e preventiva. 38 REFERÊNCIAS ABDEH. Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar. Disponível em: http://www. abdeh.org.br. Acesso em: 21 abr. 2017. AMBERTS, R; DUTRA, L; PEREIRA, F. O. R. Eficiência energética na arquitetura. São Paulo: PW Editores, 1997. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 15220: Desempenho térmico de edificações. Parte 3: Zoneamento bioclimático brasileiro e diretrizes construtivas para habitações unifamiliares de interesse social. Rio de Janeiro, 2005. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 15575: Edifícios habitacionais de até cinco pavimentos – Desempenho. Parte 1: Requisitos Gerais. Rio de Janeiro, 2013. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 15575: Edifícios habitacionais de até cinco pavimentos – Desempenho. Parte 4: Sistemas de vedações verticais externas e internas. Rio de Janeiro, 2013. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 15775: Edifícios habitacionais de até cinco pavimentos – Desempenho Parte 5: Requisitos para sistemas de coberturas. Rio de Janeiro, 2013. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15215-3: Iluminação Natural – Parte 3: Procedimento de cálculo para a determinação da iluminação natural em ambientes internos. Rio de Janeiro, 2005. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15215-3: Iluminação Natural – Parte 3: Procedimento de cálculo para a determinação da iluminação natural em ambientes internos. Rio de Janeiro, 2005. BALANÇO Energético Nacional. EPE – Empresa de Pesquisa Energética. Disponível em: https://www.epe.gov. br/pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes/Balanco-Energetico-Nacional-2014. Acesso em: 9 mar. 2022. BALANÇO Energético Nacional. EPE – Empresa de Pesquisa Energética. Disponível em: https://www.epe.gov. br/pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes/Balanco-Energetico-Nacional-2014. Acesso em 9 mar.2022. BAÑON GOMIS, A. J. et al. Rethinking the Concept of Sustainability. Business and Society Review, v. 116, n. 2, pp. 171-91, 2011. BARBOSA, G. S.; DRACH, P. R.; CORBELLA, O. D. A Conceptual Review of the Terms Sustainable Development and Sustainability. International Journal of Social Sciences, v. III, n. 2, 2014. BARROS, A. D. M. A adoção de sistemas de avaliação ambiental de edifícios (LEED e Processo AQUA) no Brasil: motivações, benefícios e dificuldades. 2012. 203 f. Dissertação (Mestrado em Arquiteturaem Urbanismo) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/ disponiveis/102/102131/tde-06112012-155745/ptbr.php. Acesso em: 10 jul. 2018. BERTOLOTTI, D. Iluminação natural em projetos de escolas: uma proposta de metodologia para melhorar a qualidade da iluminação e conservar a energia. Dissertação apresentado à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade São Paulo – FAUUSP. São Paulo, 2007. BERTOLOTTI, D. Iluminação natural em projetos de escolas: uma proposta de metodologia para melhorar a qualidade da iluminação e conservar a energia. Dissertação apresentado à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade São Paulo – FAUUSP. São Paulo, 2007. 39 REFERÊNCIAS Bioclimatologia: Estratégias bioclimáticas e Avaliação Bioclimática. LabCon/UFSC. Disponível em: https:// labcon.ufsc.br/anexosg/431.pdf Acesso em: 2 ago.2022. BIOLOGICAL HAZARD. In: WIKIPEDIA. 2016. Acesso em: 26 set. 2017. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC 07/2010. Dispõe sobre os requisitos mínimos para funcionamento de Unidades de Terapia Intensiva e dá outras providências. Disponível em: http:// bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2010/res0007_24_02_2010.html. Acesso em: 21 abr. 2017. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC 36/2008. Dispõe sobre Regulamento Técnico para Funcionamento dos Serviços de Atenção Obstétrica e Neonatal. Disponível em: http://bvsms.saude. gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2008/res0036_03_06_2008_rep.html. Acesso em: 21 abr. 2017. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC 50/2002. Normas para projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde. 2. ed. Brasília, 2004. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC 51/2011(b). Dispõe sobre os requisitos mínimos para a análise, avaliação e aprovação dos projetos físicos de estabelecimentos de saúde no Sistema Nacional de Vigilância Sanitária. Disponível em: http://www.paulinia.sp.gov.br/downloads/ss/resolucao_51_ apresentacao_de_projetos.pdf. Acesso em: 21 abr. 2017. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC 67/2007. Dispõe sobre Boas Práticas de Manipulação de Preparações Magistrais e Oficinais para Uso Humano em farmácias. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2007/res0067_08_10_2007.html. Acesso em: 21 abr. 2017. BRASIL. Conselho Nacional de Saúde. Resolução n. 001, de 1988. Brasília, DF, 1988. BRASIL. Lei n. 11.105, de 24 de março de 2005. Brasília, DF, 2005. Acesso em: 27 set. 2017. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Coordenação-Geral de Normas – Normas para projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde. 3. ed. rev. e atual. – Brasília: Ministério da Saúde, 2002. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Coordenação-Geral de Normas – Normas para projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde. Brasília, 1994, p.136 (Série: Saúde & Tecnologia). Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/normas_montar_centro_.pdf. Acesso em 3 out. 2022. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Manual Brasileiro de Acreditação Hospitalar / Secretaria de Assistência à Saúde. – 3. ed. rev. e atual. – Brasília: Ministério da Saúde, 2002. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n. 11/2015 GM. Redefine as diretrizes para implantação e habilitação de Centro de Parto Normal. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2015/ prt0011_07_01_2015.html. Acesso em: 21 abr. 2017. BRASIL. Ministério da Saúde. Programação arquitetônica de unidades funcionais de saúde. V. 4. Apoio ao diagnóstico e à terapia: Anatomia Patológica, Hemoterapia e Hematologia, Medicina Nuclear e Patologia Clínica. Brasília, 2014. BRASIL. Ministério da Saúde. Programação arquitetônica de unidades funcionais de saúde. V. 3. Internação e apoio ao diagnóstico e à terapia: Reabilitação. Brasília, 2013a. BRASIL. Ministério da Saúde. Programação arquitetônica de unidades funcionais de saúde. V. 2. Apoio ao diagnóstico e à terapia: Imagenologia. Brasília, 2013b. 40 REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Saúde. Programação arquitetônica de unidades funcionais de saúde. V. 1. Atendimento Ambulatorial e Atendimento Imediato. Brasília, 2011a. BRASIL. Ministério da Saúde. SomaSUS: Sistema de Apoio à Elaboração de Projetos. Disponível em: www. saude.gov.br/somasus. Acesso em: 21 abr. 2017. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Manual de Acreditação das Organizações Prestadoras de Serviços Hospitalares. 4. ed. 2003. BRASIL. Aneel – Agência Nacional de Energia Elétrica. “Entenda como a matriz elétrica brasileira está mudando – Usinas híbridas, que utilizam mais de um tipo de fonte de geração de energia elétrica, têm ganhado espaço”. Disponível em: https://www.gov.br/pt-br/noticias/energia-minerais- e-combustiveis/2021/08/entenda-como-a-matriz-eletrica-brasileira-esta-mudando. Acesso em: 9 mar.2022. BRASIL. Aneel – Agência Nacional de Energia Elétrica. Entenda como a matriz elétrica brasileira está mudando – Usinas híbridas, que utilizam mais de um tipo de fonte de geração de energia elétrica, têm ganhado espaço. Disponível em: https://www.gov.br/pt-br/noticias/energia-minerais-e- combustiveis/2021/08/entenda-como-a-matriz-eletrica-brasileira-esta-mudando. Acesso em: 9 mar. 2022. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução-RDC nº 50. Dispõe sobre o Regulamento Técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde. DE 21 DE FEVEREIRO DE 2002, disponível https://bvsms.saude. gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2002/rdc0050_21_02_2002.html. Acesso em: 3 out. 2022. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução - RDC n. 51, de outubro de 2010. Dispõe sobre os requisitos mínimos para a análise, avaliação e aprovação dos projetos físicos de estabelecimentos de saúde no Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS) e dá outras providências. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2011/res0051_06_10_2011.html. Acesso em: 3 out. 2022. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução-RDC nº 50, Dispõe sobre o Regulamento Técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde. DE 21 DE FEVEREIRO DE 2002, disponível https://bvsms.saude. gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2002/rdc0050_21_02_2002.html. Acesso em: 3 out. 2022. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RESOLUÇÃO – RDC Nº 51, DE 6 DE OUTUBRO DE 2010 – Dispõe sobre os requisitos mínimos para a análise, avaliação e aprovação dos projetos físicos de estabelecimentos de saúde no Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS) e dá outras providências. Disponível em https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2011/res0051_06_10_2011. html. Acesso em: 3 out. 2022. BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de Acreditação de Serviços de Hemoterapia. Disponível em: http:// www.anvisa.gov.br/servicosaude/acreditacao/manuais.htm#acoes. BRASÍLIA, 1994 136 p (Série: Saúde & Tecnologia). Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/ publicacoes/normas_montar_centro_.pdf. Acesso em: 3 out. 2022. CALLISTER JR. William D. Ciência e engenharia de materiais – Uma introdução. Rio de Janeiro: LTC. Livros técnicos e científicos editora, 2003. CASTRO NETO, J. S. Edifício de alta tecnologia. São Paulo: Carthago e Forte,1994. https://www.gov.br/pt-br/noticias/energia-minerais-e-combustiveis/2021/08/entenda-como-a-matriz-eletrica-brasileira-esta-mudando https://www.gov.br/pt-br/noticias/energia-minerais-e-combustiveis/2021/08/entenda-como-a-matriz-eletrica-brasileira-esta-mudando https://www.gov.br/pt-br/noticias/energia-minerais-e-combustiveis/2021/08/entenda-como-a-matriz-eletrica-brasileira-esta-mudando https://www.gov.br/pt-br/noticias/energia-minerais-e-combustiveis/2021/08/entenda-como-a-matriz-eletrica-brasileira-esta-mudando
Compartilhar