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Unidade III Técnicas fundamentais da dança Fundamentos de Ritmo e Dança Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial ALESSANDRA VANESSA FERREIRA DOS SANTOS Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autoria BRUNO SILVA JULIARI LEANDRO AUGUSTO DE OLIVEIRA AUTORIA Bruno Silva Juliari Olá. Sou graduado em Educação Física pelas Faculdades Associadas de Ensino (UniFae), pós-graduado em Docência do Ensino Superior pela faculdade Campos Elíseos e pós-graduando em Treinamento Desportivo pela faculdade Campos Elíseos. Realizei os Cursos Complementares de Fisiologia do Treinamento Resistido, Fisiologia do Treinamento Desportivo e Nutrição para o Desporto. Sou apaixonado pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso, fui convidado pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz por poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! Leandro Augusto de Oliveira Olá. Sou bacharel em Educação Física pelo Centro Universitário de Araraquara (2011) e sou mestre (2015) e doutor (2020) em Ciências Fisiológicas pelo Programa Interinstitucional UFSCar/UNESP. Realizei Doutorado Sanduíche no Departamento de Farmacologia, Fisiologia e Neurociência da Universidade da Carolina do Sul (USC, Columbia, EUA), por meio da Bolsa Estágio e Pesquisa no Exterior (BEPE/FAPESP) em 2018. Atuo em estudos que envolvem os mecanismos neurais na função cardiovascular durante o repouso e estresse. Conte comigo! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: OBJETIVO: para o início do desenvolvimento de uma nova competência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de apresentar um novo conceito; NOTA: quando necessárias observações ou complementações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamento do seu conhecimento; REFLITA: se houver a necessidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou discutido; ACESSE: se for preciso acessar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso fazer um resumo acumulativo das últimas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de autoaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando uma competência for concluída e questões forem explicadas; SUMÁRIO Teoria dos movimentos para a dança ................................................. 10 Movimentos para a dança ....................................................................................................... 10 Ritmo, técnica e expressividade da dança ......................................22 Ritmo, técnica e expressividade ..........................................................................................22 A importância do ritmo para a dança ................................................. 35 O ritmo e sua importância para a dança ........................................................................35 Iniciação coreográfica da dança ...........................................................46 A iniciação das coreografias ................................................................................................. 46 7 UNIDADE 03 Fundamentos de Ritmo e Dança 8 INTRODUÇÃO Nesta Unidade, vamos estudar e conhecer melhor a dança, compreendendo seus fundamentos, conceitos, técnicas, entre outros. Abordando ainda sobre a expressividade tão presente nas danças, e sobre o ritmo e as coreografias. Logo, ao final dessa Unidade, você será capaz de identificar e compreender as teorias dos movimentos para a dança, suas formas básicas, fatores e qualidade; aplicar o ritmo, a técnica e a expressividade na dança; discernir sobre a importância do ritmo para a dança; e entender a iniciação coreográfica da dança, sua experimentação, criação e expressão. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva, você vai mergulhar neste universo! Fundamentos de Ritmo e Dança 9 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 3 – Técnicas fundamentais da dança. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: 1. Identificar e compreender as teorias dos movimentos para a dança, suas formas básicas, fatores e qualidade. 2. Aplicar o ritmo, a técnica e a expressividade na dança. 3. Discernir sobre a importância do ritmo para a dança. 4. Entender a iniciação coreográfica da dança, sua experimentação, criação e expressão. Fundamentos de Ritmo e Dança 10 Teoria dos movimentos para a dança OBJETIVO: Neste capítulo, vamos identificar e compreender as teorias dos movimentos para a dança, suas formas básicas, fatores e qualidade. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Vamos lá. Avante! Movimentos para a dança Ao lidar com o elemento movimento na dança (melhor dito, para a dança), é possível apresentar diferentes formas de usar e criar movimentos, não só com uma técnica específica, mas procurando fornecer uma gama muito ampla de elementos. Assim, o uso do espaço pelas diferentes dinâmicas que o movimento tem, fazem com que os elementos não sejam apenas a relação de linha e forma ou a hierarquia do espaço, ou mesmo a roupa que usamos, tratam-se das ideias, bem como dos planos de aula, planos de coreografia ou sugestão improvisada (RENGEL; SCHAFFNER; OLIVEIRA, 2017). Figura 1 – Movimentos para a dança Fonte: Freepik. Fundamentos de Ritmo e Dança 11 IMPORTANTE: A ideia do elemento “movimento” na dança é apresentar um conjunto de proposições, em que há cursos para crianças e adolescentes, restrito, mas de acordo com a criatividade e o desenvolvimento da criança, com movimentos mais alinhados com a criação artística de jovens e adultos. A definição de dança envolve os elementos como o ambiente dela, como educadores, dançarinos e professores de qualquer tipo. A dança deve saber que ela entende todos os tipos de movimentos, emocionais, físicos e intelectuais. Assim, trabalhando com artistas e alunos com essa dimensão aumentada dos componentes do movimento, com potencial para desenvolver mais vocabulário no corpo, inspirando a criatividade (RENGEL; SCHAFFNER; OLIVEIRA, 2017). Figura 2 – Crianças e os movimentos da dança Fonte: Freepik. Assim, abordando sobre as teorias dos movimentos para dança, Laban (1978) afirma que os elementos estruturantes da dança são divididos em três categorias, sendo elas: movimento corporal, espaço e tempo. Fundamentos de Ritmo e Dança 12 A seguir serão contemplados os elementos do movimento corporal: • Fluxo – faz alusão à qualidade dos movimentos, que está atrelada à tensão dos músculos que possibilita que o movimento flua, com a suavidade do fluxo contínuo e intermitente e seu grau de tensão. Logo, o fluxo é subdividido em fluxo controlado, fluxo interrompido e fluxo livre. O fluxo controlado ou condução é um estado de foco no movimento no qual há maior tônus muscular que controla a intensidade desse movimento. Por exemplo: escrever palavras no papel com uma caneta, movimentos de Tai Chi Chuan. Já o fluxo interrompido, interromper imediatamente o movimento é a maior tensão, o que faz com que o movimento seja interrompido. Por exemplo: escovar os dentes. Já o fluxo livre trata-se de um movimento ininterrupto no qual o indivíduo pode se mover livremente, desde que não haja pausa. Por exemplo: correr no parque, o fluxo do rio. • Kinesfera – sendo tudo o que é possível atingir com as partes corporais, sendo grande ou pequeno, longe ou perto, lento ou rápido, entre outros. Uma kinesfera, tambémconhecida como “cinesfera”, é uma esfera que delimita os limites naturais do espaço pessoal ao redor do corpo de uma criatura em movimento. Essa esfera engloba todo o corpo, ele estando estacionário ou em movimento, permanecendo constante no que se refere ao corpo, sendo ainda carregada pelo corpo enquanto move-se. • Eixo – fortalece a cadeia muscular, principalmente no centro, como o eixo do movimento, capaz de estudar a sustentação e o equilíbrio. • Giros – que depende do estilo de dança, seja balé, hip-hop ou moderno. Trata-se de girar o corpo em seu próprio eixo de qualquer maneira. A rotação traz equilíbrio estável e experiência desequilibrada. Fundamentos de Ritmo e Dança 13 Figura 3 – Giros na dança latina Fonte: Freepik . • Peso – contempla a qualidade do movimento, que se refere à mudança na quantidade de força que o corpo exerce durante o exercício. Passivo, ativo, leve, pesado, transferência, equilíbrio e sua graduação, estável e instável. Logo, o peso pode ser subdividido em peso leve ou pesado; o peso leve acaba transmitindo uma percepção de leveza, como bailarinas que dançam nas pontas de seus pés ou uma carícia suave no rosto de um ente querido; já o peso pesado requer maior força para executar, como bater no martelo de um trabalhador, um elefante andando ou bater em uma pessoa. • Saltos – utiliza os eixos vertical e horizontal, sendo movimentos de deixar temporariamente o corpo sem apoio. Isso acontece quando os corpos estão suspensos no ar e perdem o contato com o solo ou outra base de apoio que sustenta o corpo. Os saltos podem ser vistos em termos de peso (leve ou forte) e tempo (rápido ou lento). O salto pode ser de dois pés a dois pés, dois pés a um pé, um pé a dois pés, um pé no mesmo pé ou um pé no outro. Fundamentos de Ritmo e Dança 14 Contempladas as subdivisões da categoria de movimento corporal, eis a seguir as subdivisões da categoria de espaço. DEFINIÇÃO: O movimento no espaço é conceituado como a relação existente entre o corpo e o espaço, ou seja, ambiente no qual está, bem como o corpo relacionado ao seu próprio corpo, ou mesmo em relação a outro corpo, e também um corpo para outro objeto. Assim, as subdivisões do espaço são: • Deslocamento – ocorre quando usa-se, por exemplo, um palco ou cena e move-se para um ponto específico no arranjo. No que diz respeito à dança contemporânea, não existe um ponto central ou sentido de singularidade ou grande simetria no espaço. O deslocamento poderá ser feito de formas distintas na dança, pulando, andando, correndo, carregando, arrastando, virando e muito mais. Tais deslocamentos poderão acontecer em caminhos curvos ou retos, podendo ser realizados de maneira coletiva ou individual. • Dimensão – trata-se de uma extensão com duas direções opostas, sendo um elemento básico da orientação no espaço. Logo, são três dimensões, sendo elas: largura (amplitude), altura (comprimento) e profundidade, mais conhecido como “chama de plano de porta (altura), plano de mesa (largura) e plano de roda (trás/frente). • Níveis (relativos à altura) – alto, médio, baixo, em geral, são os movimentos possíveis do corpo que usam o espaço na altura ou abaixo da cintura ou acima da cabeça. • Direção – trata-se da trajetória traçada no espaço, significando a direção do movimento, sempre partindo do centro do corpo. Direção (direção; para onde ir): para trás, para frente, diagonal, para os lados, para cima, para baixo. Logo, existem oito direções diagonais, sendo elas: alto-direita-trás, baixo-direita-frente, baixo direita-trás, alto-esquerda-trás, alto-esquerda-frente, alto-direita- Fundamentos de Ritmo e Dança 15 frente, baixo-esquerda-trás e baixo-esquerda-frente. Ao que se refere às direções diametrais, são 12, sendo elas: esquerda-alta, esquerda-baixa, direita-alta, direita-baixa, direita-trás, direita- frente, esquerda-frente, esquerda-trás, frente-baixa, frente-alta, trás-baixa e trás-alta. Contemplado sobre a categoria de espaço, eis a seguir sobre categoria de tempo dos elementos estruturantes da dança. DEFINIÇÃO: Trata-se da velocidade em que são executados movimentos determinados, sendo classificados em lento, moderado e rápido. É uma qualidade bastante subjetiva, pois é necessário sempre ter um parâmetro de comparação para definição do que é rápido e o que é lento. Segundo Laban (1978), o tempo é subdividido em: • Lento – é mantida uma velocidade lenta, ou continua desacelerando até quase parar, como uma lagarta movendo-se em uma folha. • Moderado – é entre rápido e lento, por exemplo, uma caminhada tranquila em uma praça. • Rápido – quando é mantida a aceleração constante ou um ritmo acelerado sem mudanças, por exemplo, um episódio de samba ou um carro de corrida na estrada. Fundamentos de Ritmo e Dança 16 IMPORTANTE: Os elementos de movimento na dança não contêm apenas significados limitados, e isso, às vezes, funciona, porque é apenas aprender passos. É muito importante estudar e analisar movimentos específicos para entender e treinar diferentes métodos, técnicas e práticas. Claro, há passos para aprender, no entanto, devemos compreender de forma artística, pedagógica e criativa que existem inúmeras formas diferentes de movimentos, sejam gestos, posturas, passos ou movimentos sequenciais, simultâneos, rituais, simétricos, assimétricos etc (RENGEL; SCHAFFNER; OLIVEIRA, 2017). Figura 4 – Passos de danças Fonte: Pixabay . Em relação ao conceito de movimento, a dança não é apenas manipular o movimento, é empoleirar-se. Todo movimento é dançável, quando um potencial poético o ocupa, e em todas as necessidades humanas, o exercício desempenha um papel central nos diferentes níveis de organização de estruturas físicas, mentais, específicas e emocionais, por meio de um espaço em um momento específico, com diferentes intensidades (MOTTA, 2006). Fundamentos de Ritmo e Dança 17 Ainda segundo Motta (2006), essas camadas interagem constantemente na relação que o sujeito estabelece no mundo, definindo e redefinindo as estruturas de comunicação entre si e com os outros nos parâmetros de movimento. O plano conceitual é estabelecido por dilatação e seu significado vai além da funcionalidade e do comportamento automatizado, sendo necessário e completo, sem “lacuna”, revelando constantemente a dinâmica da existência por meio da atenção plena. VOCÊ SABIA? O parâmetro “movimento” é o domínio no qual a ação deve ser o mais consciente possível, dotada de sentido, porém de um sentido que não se acaba em si mesmo. Logo, é o movimento que desafia o dançarino, o transformando em consciência-corpo, em que a consciência dos movimentos é transmutada em movimentos de consciência, nos quais todo movimento é convidado para sair e voltar à sua origem germinal, nascendo de novo no “oceano” da corporalidade. Ao que se refere à definição de forma, Motta (2006) afirma que trata-se de configurações fenomenais, que podem ou não ser de natureza física. Como a imanência do movimento, a forma existe para a configuração da vida, sendo uma forma de expressar sua totalidade. O caminho para a percepção, compreensão e emoção será identificado por meio de diferenças de estímulos e eventos possíveis. Foi capaz de reconhecer que todo ser, animado ou inanimado, tem uma forma, como manifestação de você mesmo no mundo. Essas formas também atuam como mediadoras entre o homem e a história, entre a objetividade e subjetividade, entre o local exterior e interior do performer, sempre como um “comando significativo” e não pode ser separado dele um determinado conteúdo, sendo sintetizado e transformado em suas próprias distrações. Essa expressão serve para uma configuração de forma específica, de acordo com a sua recorrência individual ou temporal, podendo ser estilística, acrescentando ainda algumas características que dão particularidade para uma obra,bem como a um período, situação ou indivíduos. Fundamentos de Ritmo e Dança 18 Ao que se refere à definição de espaço, trata-se da possibilidade de interação entre diferentes formas, sendo essa uma relação possível. No plano conceitual do espaço, está, no entanto, associado aos diferentes domínios do conhecimento da ciência e da arte, não sendo excluídas ou mesmo adotadas outras conformações, proporcionando uma compreensão mais detalhada do conceito de espaço, contribuindo e direcionando a posição estabelecida por esse parâmetro. Assim, entende-se que os parâmetros espaciais no plano conceitual, como o metaxológico, em que um terreno de discurso e imagem revelem o contexto de possibilidades relacionais disponíveis, produzem outras topologias que também se sobrepõem como esse fluido aberto e mediado nessa relação. VOCÊ SABIA? Nesse sentido, o espaço contém o paradoxo infinito o mensurável e o dimensional, o subjetivo e o objetivo, bem como validade, existência e potencial, externo e interno, absoluto e fluido, intensidade e tempo. A espacialidade do bailarino é latente e fluída porque concebe a dança na espacialidade da existência. Quanto ao conceito de dinâmica, trata-se de uma das teorias mais abrangentes, pois é a configuração da energia vital, incorporada em inúmeras artes e ofícios, e isso, obviamente, envolve os processos físicos, emocionais e psicológicos da dança. Logo, a dinâmica é o estudo da força, estando ligados por graus variados de intensidade/energia, no plano do movimento mecânico, com tom emocional que permitirá a variação de personagens – lúdico, romântico, dramático, sensual etc. (MOTTA, 2006). IMPORTANTE: Não se deve pensar e trabalhar reduzindo-o a algum tom expressivo, ligando-o a determinadas ações, porque o movimento, como princípio orientador é, em si mesmo, uma liberdade de expressão, dando cor ao movimento. Fundamentos de Ritmo e Dança 19 Portanto, a definição conceitual de parâmetros de dinâmica é um investimento na vontade de poder, que perpassa todas as suas ações e é crucial para sua postura. Essa energia gera o poder do gesto, estando presente em cada movimento, forma e espaço como uma intensidade aumentada, um estado fisiológico de um estado artístico, ao mesmo tempo em intoxicação máxima e extrema acuidade. Então, a dinâmica acaba implicando uma mobilidade extrema, levando à expansão extrema, à ânsia de expressar o que se sabe, ou seja, uma necessidade de se livrar e demonstrar alguma forma de si mesmo por meio de sinais e atitudes, bem como a capacidade de falar sobre si mesmo. Por fim, contemplando sobre a definição de tempo e ritmo, Motta (2006) afirma que a base de todas as conquistas é o ritmo, e a importância do ritmo está na corporificação em quase toda a experiência humana e todos os organismos, caracterizada por uma constante agitação, e o próprio ritmo que constitui a energia subjacente para realização da tarefa de movimento é a sua manutenção para esportes ou condições que mudam, bem como a força externa é necessária. Esse é um princípio comum da Física. Logo, o ritmo é conceituado como sendo o intervalo entre o momento no qual a força começa a agir, ou seja, a fase de descontração, e a fase de relaxamento, sendo aquela que termina a ação da força. Motta (2006) estendeu a definição de ritmo para considerá- lo também uma atividade mental. Por meio do esforço de conceber e imaginar, podemos transferir o conceito de ritmo para o âmbito da arte em geral, vendo-o como o impulso motor do movimento, sendo conceituado como o “material” que sentimos quando apreciamos as expressões, através de uma obra de arte. Por exemplo, o que é comumente referido como “movimento” são essas linhas, essa estátua, esse edifício, essa imagem e assim por diante. No entanto, esse movimento depende do equilíbrio colocado pelo artista na obra, que é avaliada pelo contraste de princípios, movimentos e reações, a sensação de medir intervalos e, em suma, o ritmo. De acordo com Rengel, Schaffner e Oliveira (2017), existem muitas maneiras de ajudar por meio dos elementos do movimento, como a Fundamentos de Ritmo e Dança 20 alfabetização, o raciocínio matemático, o desenho, a linguagem oral (oral e escrita), a criação do movimento e o autoconhecimento (o corpo, suas limitações e habilidades). Por exemplo, através da proposição do sujeito, da representação de objetos ou elementos naturais e do jogo representacional, pode-se apresentar a dimensão maior do que é o movimento, compreendendo suas inúmeras possibilidades. IMPORTANTE: Precisamos olhar dentro de vieses estéticos e históricos contextualizados para conceitos amplos sobre a organização do movimento do corpo, do tempo, do espaço, do uso dos elementos. Os elementos que constituem a dança são criados e pesquisados de acordo com códigos estabelecidos. A dança pode nos ajudar a sermos mais criativos e motivados na sociedade em que vivemos, sabendo que criar dança não é apenas algo mecânico. Ela funciona bem, sendo um campo de conhecimento, como o conhecemos, uma forma de interagir com o mundo. A dança é entendida como um campo de conhecimento porque fornece recursos para a permanência e a sobrevivência humana. Ela produz algo (na forma de dança, ou escrita sobre dança) a partir de sua capacidade de dar, transformar e ampliar sentido em relação ao mundo (RENGEL; SCHAFFNER; OLIVEIRA, 2017). Assim, ainda de acordo com Rengel, Schaffner e Oliveira (2017), pode-se dizer que o ambiente em que a dança ocorre é um processo de comunicação especializado, gerando conhecimento, testando diferentes habilidades, como: sensorio-motor, intelectual, sensual, emocional, entrelaçado, entre outras. Assim, o ato de dançar com as pessoas acaba gerando ideias com padrões específicos, logo, a dança é composta de corpo, som, espaço, jogada, corpos dançantes, entre outras características, propondo a criação e a resolução em movimentos de discutir a possibilidade de organizar a realidade, ou seja, o contexto. Fundamentos de Ritmo e Dança 21 RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido sobre as teorias dos movimentos para a dança, em que foram apresentados alguns elementos, os elementos estruturantes da dança, que são divididos em três categorias, sendo elas: movimento corporal, espaço e tempo. Estudamos também sobre o conceito de movimento para dança, em que foi apresentado que a dança não se trata apenas de manipular o movimento, é empoleirar-se. Todo movimento é dançável, quando um potencial poético o ocupa, e em todas as necessidades humanas, o exercício desempenha um papel central nos diferentes níveis de organização de estruturas físicas, mentais, específicas e emocionais, por meio de um espaço em um momento específico, com diferentes intensidades. Outros conceitos estudados foram os de forma e dinâmica na dança, a forma trata-se de configurações fenomenais, que podem ou não ser de natureza física. Como a imanência do movimento, a forma existe para a configuração da vida, uma forma de expressar sua totalidade. E a dinâmica trata-se de uma das teorias mais abrangentes, pois é a configuração da energia vital, incorporada em inúmeras artes e ofícios, e isso, obviamente, envolve os processos físicos, emocionais e psicológicos da dança. Fundamentos de Ritmo e Dança 22 Ritmo, técnica e expressividade da dança OBJETIVO: Neste capítulo, vamos aplicar o ritmo, a técnica e a expressividade na dança. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Vamos lá. Avante! Ritmo, técnica e expressividade Uma busca pela palavra “dança” em um dicionário abre muitas possibilidades para o leitor compreender o seu significado. A mais simples delas refere-se à dança como uma série de movimentoscorporais rítmicos, geralmente, acompanhados pelo som da música. No entanto, a dança também é interpretada como a arte e/ou técnica da dança, estilo, gênero ou forma particular de dançar, ao mesmo tempo em que é estabelecida a relação do termo “dança”, com diferentes gêneros de organização de tais movimentos corporais com ritmo, como a dança macabra, dança da fecundidade, dança moderna, dança de salão, entre outras (SCHIFINO, 2011). Figura 5 – Danças Fonte: Freepik . Ainda de acordo com Schifino (2011), a dança é compreendida como interpretação ou replicação dos movimentos que são inerentes para os seres humanos, sendo assim, tão antiga quanto eles. Aos poucos, passou Fundamentos de Ritmo e Dança 23 a ser disciplinada, assumindo a aparência de uma cerimônia formal, instalando um foco na harmonia estética dos movimentos corporais até então naturais e instintivos, colocando o homem diante da chamada “dança espetacular”, o espetáculo. A linguagem da expressão do corpo e também da dança é compreendida em múltiplos níveis simultâneos e, no sentido óbvio, podendo ainda ser uma força muito importante com a linguagem simbólica, usando a movimentação, o tempo e o espaço, bem como toda capacidade cognitiva e física de usar as emoções que se diferenciam pelo uso do ritmo e da harmonia, pois quando os músculos dançam, os sentidos e os pensamentos entram em ação, alinhando-se entre si, transmitindo pensamentos e emoções (MELO; INGUAGIATTO, 2017). Ainda de acordo com Melo e Inguagiatto (2017), a dança permite que o praticante se concentre na atividade e nas emoções a ela associadas, resultando em uma perda de consciência e percepção do tempo momentâneo, criando uma assimilação completa do momento, o que proporciona ao praticante benefícios intrínsecos e extrínsecos. Figura 6 – Concentração na dança Fonte: Freepik . Fundamentos de Ritmo e Dança 24 Silva e Schwartz (1999) afirmam que a dança é visualizada como uma forma de comunicação, autoafirmação e, sobretudo, de expressão de emoção, elemento de lazer ou participação na formação dos bailarinos, que complementa uma relação direta com o público, com o dançarino e o que ele representa para o público enquanto dança. IMPORTANTE: Nesse contexto, é necessário compreender como é desenvolvido o conteúdo expressivo nas aulas de dança, pois traz importância e riqueza à dança, dando aos praticantes uma maior oportunidade de ganhos qualitativos e mais interessantes de forma a favorecer ainda mais as relações existentes, de forma a torná-las significativas, apesar de toda a riqueza de expressividade na prática da dança, sendo assim, possível perceber o valor que esse elemento pode ter, tornando essa arte mais completa e sensível (SILVA; SCHWARTZ, 1999). Dessa maneira, ainda de acordo com Silva e Schwartz (1999), a dança é constituída por gestos e movimentos rítmicos, sendo uma atividade que é considerada um elemento importante e indispensável da dança. Assim, esta é uma expressão de harmonia universal em movimento, o que se assemelha à ideia de que é uma forma rara de participação em plena atividade humana, ou seja, corpo, mente e espírito. Desse modo, é enfatizado que a dança é uma comunicação que não requer quaisquer jogos de palavras. Ainda, a dança pode ser visualizada como uma criação individual ou coletiva, com base no movimento físico e funcional de cada indivíduo, mas combinada com a expressão individual em que cada indivíduo mostra sua criatividade. Portanto, todos precisam ter a capacidade de expressar-se, para que eles e os outros possam entender essa expressão. Fundamentos de Ritmo e Dança 25 Figura 7 – Interação na dança Fonte: Freepik . A dança é uma forma de todas as pessoas expressarem a cultura, bem como sua relação com os indivíduos e a natureza. A dança também tem outras qualificações, não sendo apenas uma arte, mas sim um modo de vida. Além disso, é um modo de ser, que está entrelaçado com todos os aspectos da vida cotidiana, como religião, trabalho, festa, morte etc. Juntos e apaixonados, dançar era um modo de vida no mundo. Figura 8 – Expressão cultural da dança (dança indiana) Fonte: Pixabay . Fundamentos de Ritmo e Dança 26 Contemplando um pouco sobre a expressividade na dança, as características da prática variam de acordo com os objetivos propostos. Quando o assunto é dança, os estilos mais comuns hoje são: moderno, jazz, sapateado, dança do ventre, funk, country, clássico etc. Há também danças folclóricas, usadas, principalmente, fora das academias, como em escolas ou certas comunidades, de maneira a preservar a cultura. Figura 9 – Danças folclóricas Fonte: Pixabay . SAIBA MAIS: No mesmo sentido, quanto à definição de expressividade, existem vários parâmetros para conceituá-la. Alguns optam por conceituá-la como uma forma de linguagem corporal; outros, como uma forma de comunicação e prática voltada para o desenvolvimento de todo potencial humano associado ao movimento do corpo, como a dança. Logo, para alguns, a expressão trata-se da emissão de todos os sinais e mensagens conscientes ou inconscientes. Expressar algo tem múltiplos significados para o físico, emocional, a sensibilidade e a capacidade de dar e receber. Ao analisar os parâmetros da expressividade pedagógica, Fundamentos de Ritmo e Dança 27 propõe-se resgatar e desenvolver todas as potencialidades inerentes ao movimento humano. Ademais, possibilita que os alunos expressem suas emoções, pensamentos e desejos por meio do corpo. Tudo isso permite que eles aprendam mais sobre si mesmos e se integrem melhor com aqueles ao seu redor, permitindo que trabalhem com seus corpos como um só (SILVA; SCHWARTZ, 1999). Ainda de acordo com Silva e Schwartz (1999), a expressão do corpo salva e desenvolve todas as possibilidades humanas (corpo e mente), encerradas no movimento corporal. Este é uma linguagem que todos têm para se expressar, e a expressão corporal é a salvação dessa linguagem pessoal. Logo, o corpo tem a capacidade de expressar-se, e essa capacidade na expressão física apresenta-se por meio da experiência corporal. Essa experiência corporal equivale à forma como o corpo é apresentado. Figura 10 – Dança como expressividade Fonte: Freepik . Desse modo, percebe-se que a imagem corporal equivale a entrar no esquema do próprio corpo. Na expressão corporal, o esquema no próprio corpo significa integrar esse corpo de forma holística, em sua disponibilidade motora, ou seja, o esquema corporal que transmite a imagem do corpo do cotidiano para a visão de mundo. O movimento expressivo representa uma forma que o corpo assume tal como existe, mas também por meio do sentimento e do movimento, Fundamentos de Ritmo e Dança 28 através das emoções do coração. Assim, o corpo e o mundo existem e se comunicam por meio dos diversos modos e formas propostos pelo movimento expressivo em um espaço rítmico, para que o espaço que existe entre o corpo e o mundo possa ser preenchido expressivamente (SILVA; SCHWARTZ, 1999). Contemplando sobre as técnicas de dança, Nascimento (2017) afirma que o reconhecimento da importância da técnica da dança na formação do bailarino (independentemente do futuro profissional no repertório do balé clássico ou em corporações mais modernas) e a paixão pelo ensino da dança. IMPORTANTE: Defende-se a ideia de que um dançarino com qualidade passa por um processo de aprendizagem, expressão e performance, tendo, ainda, o seu corpo como sujeito principal, e o pressuposto de que a integração é uma memória, uma forma de internalização não verbal, sendo configurados culturalmente (NASCIMENTO, 2017). Ainda de acordo com Nascimento (2017), o reconhecimento de que a técnica da dança é uma forma muito específica de usar o corpo tornou-se um padrão de movimento que pode ser imitado, apropriado e copiado de forma rigorosa. Nesse sentido, a importância da técnica parao bailarino e sua utilização no processo de treinamento é justificada. Assim, as técnicas de dança requerem forma e regras na sua aprendizagem e transmissão, situando-as em dimensões próprias e com propriedades distintivas. Fundamentos de Ritmo e Dança 29 Figura 11 – Técnica na dança Fonte: Freepik. Nascimento (2017) afirma que as especificidades e as características estruturais de cada técnica de dança são identificadas e consideradas as mais formais por estarem inseridas no programa de estudos e em todos os níveis do ensino na maioria das escolas de dança artística profissional, mediante a contextualização histórica, a clarificação de conceitos e sua terminologia, que possibilitam a visualização de vários aspectos de convergência, divergência e/ou lateralidade entre elas. VOCÊ SABIA? O sufixo nominal tecnia, de origem grega, traduz os conceitos de arte e artesanato de maneira geral. A técnica pode ser definida como sendo um conjunto de processos baseados no conhecimento científico e não na experiência, utilizados para obter determinado resultado (NASCIMENTO, 2017). Fundamentos de Ritmo e Dança 30 A técnica corporal é projetada para aumentar a eficácia das habilidades que o corpo realiza por meio de treinamento específico. Essa reflexão terá em conta as chamadas “técnicas mais formais” (técnicas de dança clássica e técnicas de dança moderna) para sustentar a ideia de que o corpo, por meio dessas técnicas e formação, irá registar várias capacidades e habilidades que um corpo não trabalhado não teria. Dessa maneira, a aprendizagem e o domínio das técnicas são meios que nos ajudam a formular objetos complexamente extraordinários, bem como arrebatadores e complexamente simples, com a intenção de querer comunicar algo. Assim, deverá ser entendido como um processo transversal de transmissão de saberes e treino, por meio do qual o corpo irá funcionar de forma simultânea como agente, objeto e instrumento (NASCIMENTO, 2017). Na dança, qualquer movimento corporal eficaz e significativo pressupõe uma aprendizagem por meio de treino ou um processo de integração. Nessa perspectiva, as habilidades motoras (ritmo, equilíbrio, força, flexibilidade, velocidade, postura, resistência, coordenação etc) são indexadas de forma a dotar o corpo de habilidade/qualidade atlética superior. Isso pode ser alcançado através da assimilação e do registro físico de diferentes linguagens, códigos e princípios. Figura 12 – Treinos para dança Fonte: Freepik . Fundamentos de Ritmo e Dança 31 Apresentando um pouco sobre o ritmo na dança, partindo da ideia de que a dança equivale a movimentos rítmicos, a geração temporal acrescenta significados e/ou símbolos específicos e diferentes às palavras (e seus movimentos correspondentes). Além disso, a história evolutiva do movimento “dança” foi adicionada à palavra, e essa história evolutiva acabou sendo o significado de outra palavra entre as muitas outras que já existiam. Dessa forma, podemos ver que a palavra “dança” não é apenas uma palavra, é um conceito. VOCÊ SABIA? A dança é generalizada como sendo uma combinação de movimentos no espaço e no tempo, segundo a respectiva música ou ritmo, em que a dança contempla não apenas o ato de movimentos, mas também ritmos, melodia e harmonia. Assim, Paulino e Bareicha (2018), afirmam que é possível desenvolver a expressividade do movimento no tempo e no espaço que há na escola, na qual a dança busca caminhos para desvincular-se de uma prática que tem como pauta, “seguir o mestre” ou “faça como eu”, que privilegia coreografias com referências televisivas, não se preocupando com uma criação subjetiva que é apresentada nas respostas dos estudantes. Assim, a dança como gesto subjetivo da expressividade, em relação à definição de cultura da dança, analisa sua origem e significado, sendo fácil vê-lo como efeito positivo de um exercício físico, cujos resultados contribuem para uma vida saudável, ou estão associados ao campo da recreação. A dança existe desde o início da vida humana, quando as pessoas dançavam para a celebração da vida, bem como da colheita, dos deuses e de tudo o que era importante, no que se refere a aspectos essenciais da existência, portanto, no movimento corporal, nos estados emocionais e na evolução de uma pessoa. A comunicação espontânea por meio dessa arte é usada para traduzir sentimentos que as palavras não podem expressar. Como tal, a dança representa estilos próprios de movimento e Fundamentos de Ritmo e Dança 32 postura observados nas mais diversas épocas e grupos sociais (PAULINO; BAREICHA, 2018). Ainda de acordo com Paulino e Bareicha (2018), os movimentos e gestos humanos refletem seus padrões comportamentais, que são determinados por sua localização cultural, geográfica e histórica. Compreender o significado, decodificar o significado do comportamento humano, pressupõe um conjunto de valores, informações e sentimentos previamente conhecidos. Dessa maneira, a dança é uma celebração, uma forma de comunicação, uma linguagem muito além das palavras, a encarnação dos instintos de vida. VOCÊ SABIA? O sentido da dança, hoje, ainda que priorize a repetição de padrões, pode estar relacionado à expressão humana e precisa ser estabelecido por meio de experiências que permitam aos bailarinos criar livremente. Assim, pode- se dizer que a dança está presente em momentos e movimentos, refletindo imagens e criando formas. O corpo dançante é um ato de expressão, e seu tempo e espaço só podem ser o presente. O significado de expressividade tem a ver com o ato de mostrar, expressar, manifestar ou revelar ideias por meio da linguagem e dos gestos. Todos esses significados podem ser resumidos na expressão “tirar”, e cada um tem seu jeito de dizer. A expressividade, como exercício que permite limpar suas emoções de forma criativa, pode ser associada ao movimento e à dança, em que o corpo é exposto de dentro para fora, de forma subjetiva (PAULINO; BAREICHA, 2018). Logo, a dança conta com a expressividade da presença física nos encontros corporais, o que exige atenção à estética consciente acessível para a dança. Esta não exclui o corpo, tampouco a cultura, porém é baseada em quem realiza a dança. Assim, o ensino da dança estende- se ao ensino da significação social e cultural sem pares de capacidade/ deficiência (PAULINO; BAREICHA, 2018). Fundamentos de Ritmo e Dança 33 IMPORTANTE: Na relação do corpo com o espaço escolar, a dança e a expressividade estão relacionadas ao conceito de presença, que surge no que se refere à interação dos sujeitos e objetos no presente e no espaço, com impacto direto no ser humano. O fortalecimento do corpo e o processo de apontar para essa relação na proposta educativa da dança faz o aluno se relacionar com o ambiente, tornando-se um ser expressivo, revelado pela necessidade de se comunicar e o desejo de conviver com os outros. Assim, ainda de acordo com Paulino e Bareicha (2018), tal abordagem colabora de maneira significativa para que a investigação em relação à educação e à dança não seja pautada em metodologias que venham a ditar um passo a passo para ser seguido. Ao usá-la para a estruturação de uma linguagem específica, na qual o movimento trata da expressão, e o aluno descobre suas sensações e movimentos, entendendo que é participante ativo das suas ações. Assim, percebe-se que a experiência com a dança e o movimento nas instituições de ensino poderá ser aumentada em reflexões relacionadas à expressividade, sendo destacada como um fator essencial das práticas pedagógicas que venham a se debruçar em relação à corporeidade (PAULINO; BAREICHA, 2018). Fundamentos de Ritmo e Dança 34 RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos.Você deve ter aprendido que a dança envolve ritmo, técnicas e expressividade, pois refere-se a uma série de movimentos corporais rítmicos, geralmente, acompanhados pelo som da música. No entanto, também é interpretada como a arte e/ou técnica. Assim, é constituída por gestos e movimentos rítmicos, sendo uma atividade que é considerada um elemento importante e indispensável da dança. Assim, a é uma expressão de harmonia universal que está em movimento, se assemelhando à ideia de que a dança é uma forma rara de participação em plena atividade humana, ou seja, corpo, mente e espírito. Com relação à expressividade na dança, ela pode ser encontrada em vários estilos, sendo eles: moderno, jazz, sapateado, dança do ventre, funk, country, clássico etc. Há também danças folclóricas, usadas, principalmente, fora das academias, nas escolas ou em certas comunidades, de maneira a preservar a cultura. Por fim, sobre as técnicas de dança, existe o reconhecimento de que a técnica da dança é uma forma muito específica de usar o corpo, sendo um padrão de movimento que pode ser imitado, apropriado e copiado de forma rigorosa. Nesse sentido, a importância da técnica para o bailarino e sua utilização no processo de treinamento é justificada. Fundamentos de Ritmo e Dança 35 A importância do ritmo para a dança OBJETIVO: Neste capítulo, vamos discernir sobre a importância do ritmo para a dança. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Vamos lá. Avante! O ritmo e sua importância para a dança De acordo com Yajima (1996), a dança vai muito além de uma série de passos e saltos com certo ritmo, uma vez que é a arte de conectar o corpo com a alma, tendo sido a maior expressão de alegria coletiva desde os tempos antigos. Danças folclóricas que são transmitidas há séculos, contam histórias e difundem a cultura do povo. A dança é uma linguagem corporal universal por meio da qual é traduzida toda a cultura e história de um povo. A dança, portanto, é a personificação da essência humana na capacidade física, mental e emocional para sua necessidade inerente de expressar-se e também de comunicar-se com os outros. Figura 13 – A dança e as expressões Fonte: Pixabay . Fundamentos de Ritmo e Dança 36 Ainda segundo Yajima (1996), a dança deve ser baseada nas leis que regem a mecânica do corpo, devendo ser a expressão global deste, em que a emoção, a sensibilidade e a criatividade passam a ser o foco central, ou seja, tornam-se a maior expressão, o que enseja ao ser humano a possibilidade para uma pessoa se autorrealizar e autoconhecer. Dessa forma, a dança não se apresenta mais como um privilégio de classe, mas como uma forma de desenvolvimento e progresso humano. A dança é expressada por meio de movimentos corporais, organizados em sequências significativas de experiências, transcendendo o poder das palavras e da pantomima. Modificadores não são suficientes e, antes que você perceba, sua mão faz um gesto e seu pé começa a se mover. VOCÊ SABIA? A dança deve ser uma tarefa que venha priorizar o estudo do movimento, da comunicação, da expressão e do ritmo, tendo como instrumento o corpo e suas potencialidades motrizes. Yajima (1996) afirma que os seres humanos têm quatro impulsos primários indivisíveis diretamente relacionados à comunicação, que são o sentimento, o ritmo, o movimento e a expressão. Assim, o ritmo trata-se da essência dos estados emocionais, que, por sua vez, são determinados pelos sentimentos, tornando-os interligados e interdependentes. Figura 14 – Ritmo na dança Fonte: Freepik . Fundamentos de Ritmo e Dança 37 Contudo, o movimento tem sua existência no ritmo, assim como o ritmo existe no movimento. A sensação de movimento significa que estados emocionais, ritmos e movimentos dão origem ao desejo humano de expressar, ou seja, os humanos dançam. Logo, ao adquirir o ritmo do movimento, a dança promove a educação sensorial e melhora a sensibilidade auditiva e física para movimentos rítmicos. Ao atingir um posicionamento espaço-temporal dinâmico, danças cuidadosamente coreografadas incorporam uma série de direções, planos e eixos que levam os alunos a locais espaço- temporais mais emocionais e contribuem para outros movimentos no futuro. As tendências de movimento trazidas pela criança, foram incorporadas ao contexto da dança porque ela só é efetivada por meio do movimento expressivo, pois utiliza corpo e movimento como dose de expressão (YAJIMA, 1996). DEFINIÇÃO: Segundo Fior (2015), a palavra “ritmo” vem do grego rythmós, etimologicamente significando movimento ondulatório regular, ou movimento ondulatório, designando o que move- se e o que flui, ou movimento regular. Assim, é apontado que o ritmo trata-se da essência do movimento livre e espontâneo, sua expressividade, criatividade e poder pessoal. Figura 15 – Dança com movimentos ritmados Fonte: Pixabay . Fundamentos de Ritmo e Dança 38 Desse modo, o ritmo é, essencialmente, uma ciência do ritmo , sendo uma parte da teoria da música que estuda a relação entre expressão e tempo. O ritmo, portanto, entra na cultura dos seres vivos, especialmente dos seres humanos, fazendo-se presente na circulação, atividade glandular, respiratória, nos ciclos de anos, semanas, meses, dias, estações do ano, bem como no movimento das estrelas e da Terra. Embora pareça simples, o conceito de ritmo tem vários outros pontos, definições e componentes conceitualmente complexos (FIOR, 2015). VOCÊ SABIA? O ritmo está presente na natureza, bem como na vida dos seres humanos, na vida vegetal e na vida animal, no funcionamento orgânico do homem, em sua representação física, na expressão interior exteriorizada por gestos, existindo em movimento, seja ele qual for. Permite, assim, infinitas combinações, com diferentes durações e/ou combinações de formas distintas de movimento, alternando com diversas maneiras de repouso. Ainda segundo Fior (2015), o ritmo refere-se à falta de interação ou irrelevância com toda a equipe, a correlação harmoniosa entre as várias partes de uma obra literária ou artística e um movimento regular e controlado. Uma pessoa se move, age, sente e reage de diferentes maneiras, e seus objetivos são atualizados a cada momento, mudando dinamicamente, de modo que as respostas e o recrutamento de partes do corpo estão relacionados à imagem corporal, fazendo com que essa autoimagem não torne-se um estado ideal ou estático simplesmente porque está sujeito a mudanças de ritmo. Ao que se refere ás influências de fatores extrínsecos nos comportamentos de ritmo desde o nascimento, os organismos com ritmos espontâneos são confrontados com a realidade da estrutura do tempo, seja por questões físicas ou pela alternância do dia e da noite, ou por influência de normas socioculturais. Diante da realidade da estrutura do tempo, os organismos devem se adaptar, encontrando o equilíbrio, processo conhecido como “sintonização”. Fundamentos de Ritmo e Dança 39 IMPORTANTE: A sintonização está envolvida, principalmente, no campo comportamental global e na organização de importantes ritmos de vida, como a alimentação e o sono, para estabelecer gradualmente o ritmo circadiano e, nesse sentido, as atitudes familiares são muito importantes. No que diz respeito aos efeitos por meio de ritmos espontâneos, pode-se levantar a possibilidade de que a relação entre os organismos materno e infantil tem um papel essencial na instalação dos autômatos rítmicos mais primitivos, como o equilíbrio rítmico da cabeça ou do tronco. Esses ritmos são oscilações tônicas ou transições pulsáteis que resultam em alternâncias entre tensão e relaxamento, de acordo com a atividade espontânea do retículo (FIOR, 2015). No que diz respeito ao ritmo e à emoção, a forma de vivenciar a relação com os outros desempenha um papel muito importante no movimento, pois, inversamente, a espontaneidade dos gestos, de quedepende o seu caráter harmonioso de ritmo, pode ser bloqueada. Logo, o autor enfatiza que a forma como as mães intervêm nesse sentido, decidindo quando amamentar, brincar e dormir, têm impacto tanto no ritmo espontâneo de prioridade quanto no timing da criança. Se a mãe for muito rígida e não souber o próprio ritmo da criança, pode causar confusão e afetar o equilíbrio emocional desta. Ao contrário, se a mãe faz a criança agir em seu próprio ritmo como lhe aprouver, sem algum ajuste e controle, a criança encontrará muitas dificuldades em cumprir as exigências do ambiente. Essa dissonância também pode ser uma fonte de distração, alterando seu próprio ritmo. Fundamentos de Ritmo e Dança 40 IMPORTANTE: É necessário ter considerações com relação ao significado do ritmo no universo, no âmbito educacional, no movimento, na música, entre outras áreas, para que seja possível realizar um estudo da função do ritmo na atividade educativa. A força e o impulso que caracteriza a vida, bem como o movimento, manifestam-se na natureza, na vida humana, animal e vegetal, acontecendo nas funções orgânicas do homem, em suas tarefas de se locomover, nas manifestações da sua expressão interior pelo gosto, pela forma na modelagem, no movimento, pela cor no desenho e pintura, conto, som e na música (FOGAÇA JÚNIOR; REIS, 2017). Assim, Fogaça Júnior e Reis (2017) observam que o ritmo trata-se da vibração, definindo o movimento natural e único, segundo a percepção individual de cada indivíduo. Os movimentos rítmicos, aqueles que satisfazem a essência do organismo humano, derivam de sua própria expressão e refletem as sensibilidades de cada um. O movimento humano se desdobra de forma simultânea no tempo e no espaço, representando um todo com organização interna e caracterizado pela duração, ou seja, o movimento acontece em um determinado espaço e tempo. Olhando para o corpo humano (visto como sendo uma unidade indivisível, corpo e mente), no que diz respeito às suas possibilidades de se mover no espaço, percebe-se que não desloca-se em único bloco, mas sim em um único movimento de forma descontínua, realizando uma série de movimentos que constituem uma divisão natural de apoio. Vários clipes entram em cena na ação da ação, realizando um trabalho global, mas as subdivisões ocorrem ao mesmo tempo. Assim, o ritmo é visto como a organização ou estrutura de um fenômeno que se desenrola ao longo do tempo. A organização do tempo pode assumir dois níveis diferentes de significado: o nível de percepção direta e o nível de representação mental, no qual a criança atinge o segundo nível mais tarde porque ocorre em função da evolução de sua inteligência. No desenvolvimento da percepção do tempo, a prática requer sensibilidade ao movimento. Fundamentos de Ritmo e Dança 41 VOCÊ SABIA? Além de especificar o ritmo do que flui, do que se move, a palavra “ritmo” tem a ver com a ideia de mensuração. Isso fala do ritmo mediante o momento em que o fluxo apresenta uma descontinuidade e, quando percebido, provoca uma comparação, uma medida entre as peças do fluxo. Com isso, o ritmo também está ligado ao conceito de ordem, o que significa regularidade de elementos iguais ou comparáveis (FOGAÇA JÚNIOR; REIS, 2017). A coordenação do movimento acontece na combinação de ritmo e espaço e, além das condições estruturais internas, o desenvolvimento do automatismo rítmico também se dá em resposta à correspondência entre as condições espaciais em que se desenrolam. As condições temporais impostas pelo ambiente, ou seja, por meio da experiência rítmica do movimento para adaptar a informação ao espaço, devem ser mantidas através do trabalho de consciência temporal. Para tornar possível a percepção do tempo, é necessário, primeiro, ter informações de tempo no nível da experiência corporal. O denominado “gesto de coordenação” é um gesto rítmico, ou seja, uma boa estrutura de tempo, que lhe confere uma certa sensação de harmonia. É pelo ritmo de seus corpos que as crianças entram na organização do tempo. Dessa forma, é enfatizado que o tempo e o espaço são componentes do ritmo, abordando a necessidade de considerar o desenvolvimento cognitivo dos tópicos de aprendizagem. Fundamentos de Ritmo e Dança 42 VOCÊ SABIA? Ainda de acordo com Fogaça Júnior e Reis (2017), o ritmo é uma unidade estendida de uma dimensão de tempo, sendo um ritmo contínuo em intervalos iguais de tempo, como circulação e respiração (ritmo biológico de um indivíduo); ou as fases da lua e a rotação da Terra (ritmo físico). De acordo com os autores, o papel do ritmo não é limitado à dimensão temporal, pois é introduzido em todas as manifestações comportamentais e ocorre em diversos domínios: motor (coordenação de movimentos), auditivo (reconhecimento de estímulos auditivos), visual (sistemas envolvidos em exploração) e de aprendizagem escolar (leitura, escrita e computação). Figura 16 – O ritmo no tempo Fonte: Freepik . Por meio desse autor, pode-se ver que o tempo trata-se de uma estrutura essencial em sua constituição, mas não apresenta outra. Também pode-se verificar a magnitude do ritmo que se apresenta na biologia e fisiologia do indivíduo. Fundamentos de Ritmo e Dança 43 VOCÊ SABIA? Todos são dotados de um instinto rítmico que manifesta-se antes do nascimento, mediante os batimentos do coração e, depois, com o ato de respirar ou falar. O ritmo, por meio do espaço, da forma, do relaxamento, da tensão, do movimento e do repouso, sequenciou as diferentes formas básicas do movimento humano no decorrer da sua existência. De acordo com Fernandes (2016), para ser integrado com a ação, o ritmo deve passar pelo corpo, e os resultados são apreciáveis, para que a aliança entre o estímulo rítmico e a ação seja coerente. Com base nessa reflexão, diz-se que o sentido do ritmo é, basicamente, muscular, o que nos faz pensar nas possibilidades da música e da Educação Física em termos de ritmo. Logo, para isso, foi criada a rítmica, sendo esta uma abordagem global da educação baseada no ritmo da música, vivendo materialmente e sensualmente. O ritmo é uma abordagem à educação musical em que os sentidos e o conhecimento da música são desenvolvidos por meio da participação física no ritmo musical. Ou seja, é notório por sua utilização em diversas modalidades como dança, ginástica e capoeira, em que o conhecimento da canção aliado à Educação Física ajuda a formar uma harmonia adequada (FERNANDES, 2016). Figura 17 – Ritmo da música Fonte: Freepik. Fundamentos de Ritmo e Dança 44 Ressalta-se também que o ritmo pode ser próprio ou grupal (caracterizado pela dança, nado sincronizado e uma série de atividades em equipe), mecânico (uniforme, invariável), disciplinado (regulando o ritmo, que é predeterminado), espontâneo (performance livre), natural (ritmo biológico) e reflexivo (reflexão sobre o tema da performance). Assim, todas essas mudanças rítmicas podem ser realizadas por meio de diferentes atividades na escola (FERNANDES, 2016). VOCÊ SABIA? Segundo Fernandes (2016), em outras atividades, o ritmo é uma parte essencial, não sendo obrigatória. No futebol, sabemos que o drible é um avanço no ritmo; na natação, é importante manter um ritmo harmonioso de golpes e chutes para melhorar o fluxo e a velocidade. Além de todos os movimentos e acrobacias que pulsam, temos a ginga, que segue o ritmo musical. É importante dominar esses fundamentos para perceber que o ritmo é relevante para as tarefas feitas na sala de aula. Desenvolver o ritmo também ajuda a adquirir um senso de ritmo, adaptando o ouvido a diferentes batidas e ritmos, mantendo um ritmo específico do corpo e da voz, memorizando e reproduzindo sons específicos e reconhecendo batidas fortes e fracas, expressando ritmo e promovendo o controle do movimento por meio da linguagem, regulando a postura impulsiva e coordenando-a (FERNANDES, 2016).Pode-se concluir que o conteúdo rítmico é um elemento ainda pouco explorado na educação física escolar, e que poucos professores sabem realmente quantas possibilidades podem e devem ser feitas no ritmo, principalmente a formação, que não mantém os professores interessados e não mostra sua fundamental importância nos mais variados esportes (FERNANDES, 2016). Fundamentos de Ritmo e Dança 45 RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido sobre o ritmo, que vem do grego rythmós, etimologicamente significando movimento ondulatório regular ou movimento ondulatório, designando o que flui e o que se move, ou movimento regular. Assim, é apontado que o ritmo trata- se da essência do movimento livre e espontâneo, sua expressividade, criatividade e também poder pessoal. Logo, o ritmo entra na cultura dos seres vivos, especialmente dos seres humanos, fazendo-se presente na circulação, atividade glandular, respiratória, nos ciclos de dias, meses, semanas, anos, estações e até mesmo no movimento da Terra e das estrelas. Embora pareça simples, o conceito de ritmo tem vários outros pontos, definições e componentes que se revelam conceitualmente complexos. Portanto, na dança, o ritmo é fundamental, pois por meio dele a dança se torna fluída, conectada e estruturada, dando aos movimentos leveza e beleza. Fundamentos de Ritmo e Dança 46 Iniciação coreográfica da dança OBJETIVO: Neste capítulo, vamos entender a iniciação coreográfica da dança, sua experimentação, criação e expressão. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Vamos lá. Avante! A iniciação das coreografias A dança é entendida como sendo uma arte que significa a expressão de gestos e expressões faciais por meio de movimentos do corpo e emoções que são sentidas mediante um determinado estado mental (RODRIGUES; MENDES, 2014). Dançar é viajar no espaço, sentir a liberdade do corpo, comunicar consigo mesmo, desfrutar e libertar-se. O convite para dançar é estimular as pessoas a romperem com o preconceito, o medo, a vergonha; e o movimento é comunicação. Comunicar uma mensagem é usar uma linguagem, e a linguagem corporal e os movimentos são as ferramentas dessa linguagem. Enviando essa mensagem, não é necessário condição, idade ou sexo, todos receberão gestos de comunicação física com fantasias e interesse. IMPORTANTE: Existem muitos conceitos e significados relacionados à dança, mas todos compartilham objetivos comuns como expressão emocional, conhecimento do corpo, entretenimento, comunicação e educação. A dança é uma arte não só para pensar e apreciar a distância, mas para explorar, aprender, vivenciar e compreender, tentando orientar o indivíduo a vivenciar todos os aspectos do corpo por meio de uma relação consigo mesmo, os outros e o mundo. A dança pode ser vista mediante as seguintes correntes estéticas de percepção da realidade: realismo; representação da realidade; dança Fundamentos de Ritmo e Dança 47 expressionismo com emoções pessoais se aproximando da realidade; projeção indireta da realidade em formas decorativas ou artificiais; cubismo, com a geometria em gráficos de espaço/tempo; surrealismo, uma visão distorcida da realidade; e o impressionismo (RODRIGUES; MENDES, 2014). De acordo com Adur (2013), os bailarinos envolvidos no processo criativo coreográfico são mais propensos a serem cidadãos mais autônomos de pensamento e ação, e mais críticos em relação à realidade ao seu redor. Afinal, de acordo com o conselho do coreógrafo , é muito necessário que o bailarino “mergulhe” nessa realidade antes de poder expressá-la em seu corpo e arte. Figura 18 – Coreografias Fonte: Pixabay. É fundamental dar ao bailarino a oportunidade de existir não apenas como um simples corpo em movimento, mas como um corpo que se move, pensa, cria e se expressa plenamente como artista. Porque, por meio desse processo, a dança poderá fomentar um novo diálogo consigo mesmo nesse sujeito. O ato de possibilitar que bailarinos, sejam eles profissionais, amadores ou estudantes, participem de maneira ativa do processo Fundamentos de Ritmo e Dança 48 coreográfico, é fundamental para fomentar não apenas o aprendizado do desenvolvimento humano como uma verdade absoluta e imutável, mas também saber refletir, quem se sente empoderado, interferindo com esse conhecimento, e reafirmá-lo (ADUR, 2013). Em relação aos objetivos da dança, Rodrigues e Mendes (2014) afirmam que há algumas atribuições: • Promover a melhoria e o aperfeiçoamento da aptidão física, tais como: agilidade, coordenação, flexibilidade, ritmo etc. • Propor o desenvolvimento e o aprimoramento da natureza social, emocional e emocional, despertando potenciais sociais como cooperação, socialização e liderança. • Requerer a melhoria da qualidade de vida humana na busca de energia e harmonia. • Proporcionar o desenvolvimento da consciência corporal. • Propiciar a educação do ritmo e o desenvolvimento da consciência. IMPORTANTE: Para atingir todos esses objetivos, cabe ao professor inspirar, proporcionar, experimentar, provocar e conscientizar seus alunos sobre a importância da cultura esportiva e sua diversidade (RODRIGUES; MENDES, 2014). Figura 19 – Professor de dança Fonte: Freepik . Fundamentos de Ritmo e Dança 49 A criação de movimentos de dança para uma determinada coreografia faz parte do objetivo de criar uma dança, pois há um tema a transmitir. Para que a dança seja inserida na educação, ela precisa ser justificada por conta do que é necessário ser praticado, fazendo com que não haja prática pela prática ou movimento pelo movimento. Para tanto, isso pode ser feito pela escolha de temas periódicos, como dia dos pais, aniversários da cidade, datas de feriados como a Páscoa, e leitura de textos, como poesias, histórias infantis, entre outros, ou a partir de sentimentos de amor, saudade e medo, conhecimento interdisciplinar. Portanto, a música escolhida é a música de fundo e deve corresponder ao propósito de criação da dança. A música deve ser escolhida de acordo com um objetivo, um propósito a ser seguido, promovendo a compreensão do próprio corpo (RODRIGUES; MENDES, 2014). Ainda segundo Rodrigues e Mendes (2014), na expressão corporal, uma pessoa fala com o corpo por meio de um gesto ou conjunto de gestos. Além das expressões físicas, os professores também podem utilizar expressões faciais, utilizando o rosto como extensão do corpo durante os movimentos físicos. Porém, nessa forma de expressão, o rosto deve estar visível durante a dança, como sorrir, beijar, abraçar o próprio corpo em determinados momentos da música. Figura 20 – Expressões corporais na dança Fonte: Freepik . Fundamentos de Ritmo e Dança 50 Ainda podem ser utilizados objetos cênicos como cocos, lascas de madeira, tambores e muito mais para explorar o som de palmas, batendo no chão ou partes do corpo. Outra característica interessante é a organização da voz com a voz do corpo. Nesse caso, a voz é utilizada como indicador do ritmo e pulso da dança. Esses recursos podem parecer mistos, nos quais os alunos falam ou cantam e, depois, dançam sob aplausos, sem música. IMPORTANTE: Coreografia é proveniente da palavra grega chorea, que quer dizer dança. Gragh e graphein também vêm do grego e significam escrever, escrever, então, a coreografia trata-se da escrita da dança ou a composição da dança. O coreógrafo é quem coreografa a dança e, na Grécia, o poeta tem o mesmo papel que o coreógrafo (RENGEL; SCHAFFNER; OLIVEIRA, 2016). Ao aprender um passo de dança ou uma coreografia específica, é saudável deixar o movimento fluir naturalmente e não ter muitos comandos e regras que atrapalhem o movimento do bailarino. Por exemplo, em curvas e rotatórias,a sensação de giro, já inerente ao corpo humano, deve ser explorada e modelada gradualmente para que a tecnologia amadureça. Além disso, ao aprender uma determinada dança, deve-se explorar o sentido do movimento natural do corpo, de forma a conduzi-lo gradativamente à execução de uma determinada dança. Figura 21 – Dança com coreografia Fonte: Commons Wikimedia. Fundamentos de Ritmo e Dança 51 A fluidez dos movimentos do bailarino depende de seu domínio da técnica e análise, bem como de sua ousadia em movimentar-se livremente como um todo, o que torna a performance da dança singularmente expressiva. Em sua curta existência, como outras expressões artísticas, não pode ser repetida. IMPORTANTE: No que diz respeito às formas e aos espaços, a forma é a estrutura do movimento, a imagem produzida pelo movimento do corpo, projetada no espaço na dança. Esses desenhos, assim como os traços das figuras, podem apresentar linhas retas ou onduladas, e os movimentos retilíneos são estanques, intermitentes e limitados. Esses são os movimentos básicos usados para desenvolver e preparar o corpo para movimentos ondulatórios flexíveis, infinitos e curvos. Esses movimentos podem ser divididos em movimentos lineares e ondulatórios. • Movimentos lineares – são movimentos, geralmente, compostos de ângulos de várias partes do corpo. Os movimentos retos são os melhores para o início do ensino da dança, pois começam a explorar as diversas manifestações do corpo e, então, iniciam o processo de compreensão do vocabulário do corpo, assim como a criança começa a falar com mais facilidade e se profissionaliza à medida que os anos passam. • Movimentos ondulatórios – são os movimentos construídos a partir da flexibilidade do corpo do bailarino. Caracteriza-se por todas as partes do corpo, mostrando curvas e ondas. Quanto à direção, cabe ao professor explorar ao máximo a possibilidade do caminho que os alunos percorrem na dança, para que o mesmo aluno não fique no mesmo lugar do começo ao fim, e a monotonia da dança acabe, pois todos podem estar na frente e atrás do espaço cênico, percebendo que a dança é feita de um coletivo. Fundamentos de Ritmo e Dança 52 Logo, estar à frente não significa dançar melhor, e dançar atrás não significa não ser o melhor. Geralmente, a coreografia tem um lado frontal, e os alunos de ensaio de um professor sempre estão voltados para um lado. De certa maneira, isso leva os alunos a serem treinados e quando solicitados a realizar a mesma dança de maneira oposta, pois não sabem mais onde estava na formação original, ou mesmo de onde foi originado (RODRIGUES; MENDES, 2014). As direções de exploração foram anterior, posterior, direita, esquerda, obliquamente anterior à direita, obliquamente posterior à direita, obliquamente anterior à esquerda e obliquamente posterior à esquerda (RODRIGUES; MENDES, 2014). Em relação aos planos, a partir da posição em pé, ou seja, sobre dois apoios para os pés, o corpo pode ocupar espaço no plano de meia altura do tronco, ou em um, dois, três, quatro ou cinco apoios dorsal ou ventral. Quanto à execução dos movimentos, o coreógrafo pode utilizar os seguintes conjuntos relacionados a um ou mais temas para realizar os movimentos: • Movimentos clássicos – o mesmo gesto repetido por um período de tempo após o início. • Movimentos contrastivos – diferentes gestos executados simultaneamente. • Movimentos simétricos – com o mesmo gesto ao mesmo tempo. • Movimentos assimétricos –gestos diferentes em momentos distintos. Fundamentos de Ritmo e Dança 53 IMPORTANTE: Em termos de forma, deslocamento e partes do corpo, os gestos e a escolha da forma de ação devem seguir uma ou várias formas. Quanto mais formações e mais deslocamentos da série, mais rica ela se torna. A formação são as diferentes posições ocupadas pelos alunos durante todo o processo de dança, podendo formar formas como círculos, colunas e filas. As partes do corpo que realizam os movimentos na dança são denominadas de “segmentos do corpo”, como cabeça, braços, tronco, pernas, ombros, pés etc (RODRIGUES; MENDES, 2014). Quanto mais movimento você tiver para explorar o segmento que deseja mover, mais preciso e menos barulhento será o gesto, porque o aluno perceberá o que é capaz de fazer com cada parte do corpo, bem como com o corpo inteiro. Começa com o pensamento cartesiano, desde o desenvolvimento das partes até a compreensão do todo. Não há regras para que isso aconteça, porém cabe ao professor explorar movimentos que afetem todo o corpo do aluno, não apenas as pernas e os braços (RODRIGUES; MENDES, 2014). Adur (2013) afirma que a dança, e qualquer manifestação inerentemente humana, reflete dia após dia o impacto de uma sociedade que se preocupa inteiramente com a serenidade. Um tipo de paz que significa sem pensar, sem reflexão e sem questionamento, aceitando obedientemente o que está à nossa frente. Portanto, “nadar contra a corrente” não é uma tarefa fácil, pois a inércia insiste que permaneçamos em comum, mesmo contra nossa vontade. Assim para os profissionais dessa arte, tanto coreógrafos quanto bailarinos, é preciso persistência e coragem para conseguir romper com os padrões coreográficos estabelecidos pelo passado, historicamente tão fixados na dança (ADUR, 2013). Fundamentos de Ritmo e Dança 54 VOCÊ SABIA? Sobre a composição coreográfica, é possível entender como um processo de coreografia a existência das fases e etapas, em que o docente ou coreógrafo organiza ideias e temáticas nas quais é preciso escolher um repertório, formulando movimentos em sequência definida, formando a coreografia (RODRIGUES; MENDES, 2014). Alguns dos principais fatores importantes na criação da dança são a escolha do tema, a finalidade da criação da dança, a escolha da música de acordo com a faixa etária, a contagem de acentos, a divisão das frases, a escolha dos movimentos, a escolha de figurinos e cenários, se necessário, e a escolha dos movimentos. Alguns dos principais fatores para a criação da coreografia são: faixa etária (crianças, adolescentes, adultos), tema (concreto ou abstrato), nível de desenvolvimento cognitivo e social, objetivos, número de alunos, nível de habilidade (iniciante, intermediário ou avançado), movimento, estilo, espaço, vestuário, elementos, potencial criativo, contextualização e dimensões estéticas e expressivas. No entanto, segundo Rodrigues e Mendes (2014), sabe-se que além dos movimentos, a série coreográfica é enriquecida pelo número de formações de dança. Também é sugerido que, como coreógrafo, seja estudada a música antes do início da sessão de dança para entender quando o coreógrafo precisa se soltar e recuperar movimento, simetria e assimetria, angularidade e redondeza. Fundamentos de Ritmo e Dança 55 VOCÊ SABIA? A coreografia é entendida como um conjunto de movimentos executados por inspiração emocional por meio da percepção de uma composição musical. Pode ser entendida como um processo coreográfico em que professores e/ou coreógrafos vão organizando ideias, temas, selecionando repertório musical e/ou aprendendo e vivenciando a existência de palcos e/ou palcos da música a ser interpretada. São danças que criam e elaboram os movimentos que formam a dança em uma ordem definida. Além de seguir a sequência dos métodos de ensino, a coreografia também deve atentar para a análise das letras das músicas, tomar cuidado para não usar músicas populares e verificar se a música é apropriada para a idade antes de traduzi-las em línguas estrangeiras (RODRIGUES; MENDES, 2014). Ainda, é necessário evitar colocar um aluno na frente e todos os outros alunos atrás do início ao fim da coreografia, evitar realizar o mesmo movimento em todas as frases, tomando cuidado para não deixar os alunos inseguros e desconfortáveis. Abuse dos movimentos diretos, evitando movimentos onduladosna primeira aula ou quando os alunos forem expostos pela primeira vez à dança. Explore os três níveis (em pé, sentado, deitado) e use objetos fixos, como bastões, bolas, cadeiras, sempre que possível; e que não sejam excluídos com base no sexo, habilidades físicas ou motoras (RODRIGUES; MENDES, 2014). Fundamentos de Ritmo e Dança 56 RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido sobre a iniciação das coreografias na dança, onde foi pontuado que a composição coreográfica pode ser entendida como um processo de coreografia de existência de fases ou etapas em que o professor e/ou coreógrafo está organizando ideias e temas, criando e elaborando os movimentos em sequência definida, formando a coreografia. Ainda, estudamos alguns dos principais fatores importantes na criação da dança, que são a escolha do tema, a finalidade da criação da dança, a escolha da música de acordo com a faixa etária, a contagem de acentos, a divisão das frases, a escolha dos movimentos, a escolha de figurinos e cenários, se necessário, e a escolha dos movimentos. Outros fatores da criação da coreografia são: faixa etária, tema, nível de desenvolvimento cognitivo e social, objetivos, número de alunos, nível de habilidade, movimento, estilo, espaço, vestuário, elementos, potencial criativo, contextualização e dimensões estéticas e expressivas. Fundamentos de Ritmo e Dança 57 REFERÊNCIAS ADUR, J. Criação coreográfica na dança contemporânea possibilidades de transformação do bailarino. 2013. Monografia (Graduação em Educação Física) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2013. FERNANDES, C. A. 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