Logo Passei Direto
Buscar
LiveAo vivo
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

1 
 
 
2 
 
Sumário 
 
AULA 1 ...........................................................................................................6 
Recuperação Judicial – Parte I (Conceitos, Sujeitos e Classificações dos 
Créditos) .........................................................................................................6 
1. Crise na empresa .....................................................................................6 
2. Princípios da execução concursal ............................................................7 
2.1. Universalidade do juízo ........................................................................7 
2.2. Igualdade entre os credores .................................................................8 
2.3. Preservação da empresa .....................................................................9 
2.4. Proteção aos trabalhadores ............................................................... 10 
3. Execução concursal no processo do trabalho ........................................ 11 
3.1. Reunião de execuções ....................................................................... 11 
3.2. Procedimento de Reunião de Execuções – PRE ............................... 12 
3.3. Regime especial de execução forçada – REEF ................................. 18 
3.4. Plano especial de pagamento trabalhista – PEPT ............................. 22 
3.5. Do Regime Centralizado de Execução – RCE ................................... 28 
4. Disposições gerais ................................................................................. 29 
4.1. Conceito e objetivo da recuperação judicial ....................................... 29 
4.2. Beneficiários da recuperação judicial ................................................. 30 
4.3. Pessoas jurídicas excluídas da recuperação judicial ......................... 32 
4.4. Representação processual do devedor .............................................. 34 
5. Créditos sujeitos à recuperação judicial ................................................. 36 
6. Créditos excluídos da recuperação judicial ............................................ 40 
6.1. Crédito fiscal tributário ........................................................................ 40 
6.1.1. Imposto de renda incidente sobre créditos do trabalhador............... 40 
6.1.2. Contribuição previdenciária decorrente de condenação trabalhista . 42 
6.2. Crédito fiscal não tributário ................................................................. 45 
6.2.1. Custas processuais .......................................................................... 45 
6.2.2. Multas impostas pela fiscalização do trabalho ................................. 47 
6.3. Outros créditos ................................................................................... 47 
 
 
3 
 
AULA 2 ......................................................................................................... 53 
Recuperação Judicial – Parte II (Pedido e Processamento da Recuperação 
Judicial) ......................................................................................................... 53 
7. O pedido e o processamento da recuperação judicial ............................ 53 
7.1. Efeitos do processamento .................................................................. 53 
7.1.1. Suspensão das execuções e medidas constritivas .......................... 54 
7.1.2. Suspensão da prescrição ................................................................. 60 
7.2. Verificação e habilitação dos créditos na recuperação judicial .......... 61 
7.2.1. Juros e correção monetária na recuperação judicial ........................ 65 
7.2.2. Liberação dos depósitos judiciais ..................................................... 66 
7.2.3. Arquivamento provisório da reclamatória trabalhista ....................... 69 
7.2.4. Reserva de crédito ........................................................................... 72 
7.3. Classificação dos créditos sujeitos à recuperação judicial ................. 73 
7.4. Conciliação e mediação na recuperação judicial ............................... 74 
Resumo da aula 2 ......................................................................................... 77 
 
AULA 3 ......................................................................................................... 79 
Recuperação Judicial – Parte III (Plano de Recuperação Judicial e 
Responsabilidades na Recuperação Judicial) .............................................. 79 
8. O plano de recuperação judicial ............................................................. 79 
8.1. Apresentação do plano ...................................................................... 79 
8.1.1. Prazos para o pagamento de credores trabalhistas e acidentários .. 80 
8.2. Assembleia geral de credores ............................................................ 82 
8.3. Aprovação do plano e concessão da recuperação judicial ................. 84 
8.3.1. Efeitos da concessão da recuperação judicial ................................. 85 
8.3.2. Encerramento da recuperação judicial ............................................. 88 
8.4. Rejeição do plano de recuperação judicial ......................................... 88 
8.5. Convolação da recuperação judicial em falência ............................... 89 
9. Alienação dos ativos da recuperanda ..................................................... 90 
10. Recuperação judicial de microempresas e empresas de pequeno porte94 
11. Responsabilidade secundária na recuperação judicial ........................... 96 
11.1. Responsabilidade do devedor constante no título executivo .............. 98 
11.2. Responsabilidade do devedor não constante no título executivo ..... 100 
11.2.1. Responsabilidade do sócio ou administrador da recuperanda ....... 102 
4 
 
12. Efeitos da recuperação judicial sobre os contratos de trabalho ativos . 105 
Resumo da aula 3 ....................................................................................... 106 
 
AULA 4 ....................................................................................................... 109 
Falência - Parte I (Conceitos, Sujeitos, Competência e Classificações dos 
Créditos) ..................................................................................................... 109 
13. Disposições gerais ............................................................................... 109 
13.1. Conceito e objetivo da falência ........................................................ 109 
13.2. Pessoas sujeitas à falência .............................................................. 110 
13.3. Pessoas excluídas da falência ......................................................... 111 
13.4. Competência indivisível e universal do Juízo falimentar .................. 112 
13.5. Representação processual da massa falida ..................................... 113 
14. Créditos sujeitos à falência ................................................................... 114 
14.1. Classificação dos créditos na falência .............................................. 114 
14.1.1. Pedidos de restituição .................................................................... 114 
14.1.2. Créditos extraconcursais ................................................................ 117 
14.1.3. Créditos concursais ........................................................................ 120 
15. Créditos excluídos da falência .............................................................. 128 
Resumo da aula 4 ....................................................................................... 129 
 
AULA 5 ....................................................................................................... 131 
Falência – Parte II (Procedimento da Falência e Responsabilidades na 
Falência) .....................................................................................................131 
16. O procedimento para a decretação de falência .................................... 131 
16.1. Requisitos para requerer a falência.................................................. 131 
16.2. Defesa do devedor ........................................................................... 133 
16.3. Efeitos da decretação de falência .................................................... 134 
16.3.1. Suspensão das execuções e medidas constritivas ........................ 134 
16.3.2. Suspensão da prescrição ............................................................... 136 
16.4. Verificação e habilitação dos créditos na falência ............................ 137 
16.4.1. Liberação dos depósitos judiciais ................................................... 140 
16.4.2. Arquivamento provisório da reclamatória trabalhista ..................... 140 
16.4.3. Reserva de crédito ......................................................................... 142 
17. Arrecadação e realização dos ativos da massa falida .......................... 144 
5 
 
17.1. Arrecadação dos bens ..................................................................... 144 
17.2. Realização dos ativos ...................................................................... 144 
18. Pagamento aos credores ..................................................................... 147 
19. Encerramento da falência ..................................................................... 148 
20. Responsabilidade secundária na falência ............................................ 151 
20.1. Responsabilidade do devedor constante no título executivo ............ 151 
20.2. Responsabilidade do devedor não constante no título executivo ..... 152 
20.2.1. Responsabilidade do sócio ou administrador da falida .................. 153 
21. Efeitos da falência sobre os contratos de trabalho ativos ..................... 154 
Resumo da aula 5 ....................................................................................... 156 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................... 157 
 
 
 
6 
 
AULA 1 
Recuperação Judicial – Parte I (Conceitos, 
Sujeitos e Classificações dos Créditos) 
 
1. Crise na empresa 
 
Todos aqueles que empreendem se encontram naturalmente sujeitos a 
acontecimentos que podem romper com a normalidade das empresas que 
gerem. Desde uma grave conjuntura econômica desfavorável até erros 
menores de precificação de produtos e serviços, são inúmeros os eventos que 
criam dificuldades no dia a dia dos negócios que, se não administrados 
corretamente, têm a capacidade de gerar crises, com prejuízos aos 
empresários e, nas situações mais graves, a todos os que se relacionam com a 
empresa, como fornecedores e trabalhadores. 
Conforme a sua origem, as crises podem ser econômicas, estruturais, 
financeiras, patrimoniais ou de gestão, normalmente umas desencadeando 
outras. De forma simplificada e exemplificativa, podemos dizer que uma crise 
econômica ocorre quando há retração dos negócios. Há crise estrutural no 
momento em que essa retração ocorre não só na empresa, mas em todo o seu 
setor de atuação. Há crise financeira, sempre que o fluxo de caixa ou o capital 
de giro não são suficientes para equilibrar as contas. E a crise patrimonial 
ocorre quando os ativos não cobrem os passivos, e a de gestão, toda a vez 
que os métodos de gerenciamento são equivocados. 
Nesse curso não há objetivo na imersão dos porquês das variadas 
adversidades, uma vez que tais matérias são mais afetas à Economia que ao 
Direito. Aqui objetiva-se o exame dos principais institutos jurídicos criados para 
racionalizar a atuação do Poder Judiciário frente às situações ocorridas. Os 
objetivos dos institutos jurídicos tanto podem se dirigir a proteção temporária 
da empresa com a moratória e a organização dos credores, como a decretar o 
seu colapso, quando a crise for intransponível. 
Especialmente voltados para os cenários em que os trabalhadores são 
credores dessas empresas em situações de crise, serão tratadas nos próximos 
tópicos as espécies de execução concursal mais comumente vistas no dia a 
dia dos Foros, algumas delas dentro do próprio Poder Judiciário do Trabalho e 
outras na Justiça dos Estados, porém sempre com sérias repercussões nas 
reclamatórias trabalhistas. 
7 
 
 
2. Princípios da execução concursal 
 
2.1. Universalidade do juízo 
 
Ao contrário das regras, os princípios normalmente não possuem 
hipóteses normativas concretas e não determinam prévia e categoricamente as 
condutas. Eles são normas que orientam procedimentos de maneira finalística 
e que, assim, podem ser satisfeitas em graus variados nos casos concretos. 
Nesse contexto, o princípio da universalidade representa a pretensão 
de que, nas execuções concursais, respeitadas certas regras de distribuição de 
competência, o maior número possível de ações e execuções referentes a 
bens e interesses do devedor tramite perante um único Juízo, de forma a 
prevenir decisões conflitantes e otimizar a atuação do Poder Judiciário. 
Por exemplo, nas execuções concursais promovidas na Justiça do 
Trabalho, representadas pelos chamados procedimentos de reunião de 
execuções (PRE), do art. 149 da Consolidação dos Provimentos da 
Corregedoria Geral da Justiça do Trabalho de 2019 conforme redação de 19 de 
agosto de 2022, força normativa do princípio da universalidade está setorizada 
e relativizada. Setorizada porque aplicável apenas a poucas classes de 
credores do devedor. Relativizada porque a atuação do órgão de centralização 
de execuções dos Tribunais Regionais está mais ou menos limitada pelos 
Juízos de origem desses créditos. 
Art. 149. A reunião de processos em fase de execução definitiva, em relação 
ao(s) mesmo(s) devedor(es), poderá ser processada em órgãos de 
centralização de execuções (juízos centralizadores de execução), criados 
conforme organização de cada Tribunal Regional e observados os 
parâmetros estabelecidos nesta Consolidação. 
Parágrafo único. Ressalvados os casos de PEPT, RCE e REEF, que 
obrigatoriamente serão processados perante o juízo centralizador de 
execução, a previsão do caput não prejudica a reunião de processos em fase 
de execução definitiva em Varas do Trabalho, mediante cooperação 
judiciária. 
Na recuperação judicial, distintamente, o grau de intensidade do 
princípio da universalidade é mais significativo. Um grupo maior de credores da 
empresa está sujeito à execução concursal e é o Juízo da Vara Empresarial 
que limita a atuação dos demais, e não o contrário. 
8 
 
Na falência, encontramos a máxima atuação do supra mencionado 
princípio. A previsão do art. 76 da Lei nº 11.101/05 conforma a vis atractiva do 
juízo universal falimentar. 
Art. 76. O juízo da falência é indivisível e competente para conhecer todas as 
ações sobre bens, interesses e negócios do falido, ressalvadas as causas 
trabalhistas, fiscais e aquelas não reguladas nesta Lei em que o falido figurar 
como autor ou litisconsorte ativo. 
 
 
 
2.2. Igualdade entre os credores 
 
Outro princípio basilar nas execuções concursais é o da igualdade 
entre os credores, também conhecido pela expressão par conditio creditorum. 
A premissa do referido princípio é que, nas execuções concursais, os credores 
devem ter direitos iguais e paritários sobre os bens do devedor comum. 
Entretanto, além dessa premissa, o princípio da igualdade entre os 
credores é também orientado por uma análise valorativa de certos créditos, 
baseada em sua relevância socioeconômica. Em outras palavras, a igualdade 
é também reproduzida em seu aspecto material, resultando na segunda 
premissa, a de que existem créditos juridicamente mais importantes que outros 
e que, por consequência, devem ter um tratamento jurídico privilegiado e, 
portanto, devem ser pagos primeiro. 
Disso resulta basicamente que a par conditio creditorum prevista, 
dentre outros,no art. 126 da Lei nº 11.101/05, é a igualdade de condições em 
concurso entre credores com privilégio idêntico. 
Art. 126. Nas relações patrimoniais não reguladas expressamente nesta Lei, 
o juiz decidirá o caso atendendo à unidade, à universalidade do concurso e à 
igualdade de tratamento dos credores, observado o disposto no art. 75 desta 
Lei. 
A recuperação judicial e a falência são processadas e julgadas 
em Varas comuns ou especializadas, conforme fixado pelas 
normas de organização judiciária dos Estados. Essas mesmas 
regras estabelecem várias nomenclaturas para as Varas 
Especializadas, a depender do Estado da Federação. De modo a 
garantir a melhor compreensão serão tratadas pela 
denominação de “Vara Empresarial”. 
9 
 
 
Importante destacar que a igualdade entre credores se apresenta em 
oposição ao princípio do prior in tempore, potior in jure, que orienta as 
execuções singulares e significa que o credor que se antecipa em executar o 
devedor e penhorar seus bens recebe um tratamento preferencial em relação 
aos demais, tal como previsto no art. 797 do CPC/15. 
Art. 797. Ressalvado o caso de insolvência do devedor, em que tem lugar o 
concurso universal, realiza-se a execução no interesse do exequente que 
adquire, pela penhora, o direito de preferência sobre os bens penhorados. 
 
2.3. Preservação da empresa 
 
O terceiro princípio que orienta as execuções concursais é aquele que 
concebe a empresa como fonte geradora de riquezas, não só para o 
empresário ou para a sociedade empresária que a administram, mas também 
para todos os que com ela mantêm relações, sejam estas trabalhistas, 
comerciais, consumeristas, civis ou tributárias (trabalhadores, fisco, 
fornecedores, contratantes e consumidores, v.g.) 
Em sendo um importante agente de desenvolvimento econômico e 
social, o objetivo do princípio explicitado exemplificativamente no art. 47 da Lei 
nº 11.101/05, a Lei de Recuperações e Falências, é preservar a empresa em 
crise, garantindo que ela cumpra seus compromissos com credores e, ao 
mesmo tempo, siga gerando riquezas. 
Art. 47. A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da 
situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a 
manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos 
interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua 
função social e o estímulo à atividade econômica. 
 
O art. 148-A, inciso VI, da Consolidação dos Provimentos da 
Corregedoria Geral da Justiça do Trabalho de 2019 com a 
redação Provimento n. 1/CGJT, de 19 de agosto de 2022 
também dá destaque à par conditio creditorum, estabelecendo 
a diretriz de pagamento equânime dos créditos, observadas as 
particularidades do caso concreto. A saber: 
VI – a premência do crédito trabalhista, haja vista seu caráter 
alimentar; 
10 
 
 
Evidentemente, a orientação finalística de tal princípio não é 
salvaguardar todas as empresas a todo o custo. Existem situações em que a 
crise simplesmente não consegue ser superada, seja porque a empresa é 
tecnologicamente atrasada, seja porque está completamente descapitalizada, 
ou seja porque possui organização administrativa precária. São atividades 
econômicas que podemos dizer inviabilizadas. 
Nessas atividades econômicas inviabilizadas, a exclusão empresarial 
do mercado não será um mal ou uma desconexão com o princípio da 
preservação, mas sim uma proteção do sistema econômico-produtivo como um 
todo. A axiologia do princípio da preservação deve ser realizada considerando 
a recuperação das empresas viáveis e a liquidação das inviabilizadas. 
 
 
2.4. Proteção aos trabalhadores 
 
Dentro dos três fatores clássicos de produção, é o trabalho o único 
humanizado – os demais são a propriedade imobiliária e o capital – como 
também o mais frágil. Desta feita, a proteção aos trabalhadores dentro das 
execuções concursais é outro axioma a ser observado. 
Várias normas jurídicas, aqui representadas pelo art. 83, inciso I, da 
LRF e pelo inciso VI do art. 148-A da Consolidação dos Provimentos da 
Corregedoria Geral da Justiça do Trabalho - CPCG-JT, outorgam certos 
privilégios concursais aos credores cujos créditos são derivados da legislação 
trabalhista e aos créditos decorrentes de acidentes de trabalho, estabelecendo 
que eles estarão entre os primeiros a receber, tanto no que diz respeito à 
A partir de agora, a Lei nº 11.101/05, também conhecida como 
a Lei de Recuperações e Falências, será referida pela sigla 
“LRF”. 
A necessidade da preservação da função social da empresa 
também consta como diretriz dos procedimentos de reunião de 
execuções trabalhistas, conforme o art. 148-A, inciso VII, da 
CPCG-JT - Consolidação dos Provimentos da Corregedoria Geral 
da Justiça do Trabalho. 
11 
 
hierarquia entre os credores, quanto no que toca ao tempo do seu 
recebimento. 
Art. 83. A classificação dos créditos na falência obedece à seguinte ordem: 
I - os créditos derivados da legislação trabalhista, limitados a 150 (cento e 
cinquenta) salários-mínimos por credor, e aqueles decorrentes de acidentes 
de trabalho; (…) 
Art. 148-A. (...)O PRE, em todas as suas modalidades, observará, dentre 
outros princípios e diretrizes (…): 
VI – a premência do crédito trabalhista, haja vista seu caráter alimentar; (...) 
O art. 83, inciso I, da LRF restringe a garantia do créditos derivados da 
legislação trabalhista ao limite de 150 (cento e cinquenta) salários-mínimos por 
credor, o que, por opção do legislador ordinário, restringiu a preferência do 
referido crédito. Ademais, existem situações específicas em que outros tipos de 
créditos preferirão aos trabalhistas tanto na recuperação judicial, quanto na 
falência, como será abordado posteriormente. 
 
3. Execução concursal no processo do trabalho 
 
3.1. Reunião de execuções 
 
A execução trabalhista contra devedor solvente quase sempre se 
processa de forma singular, isto é, um único trabalhador pratica atos individuais 
contra um ou mais devedores, com o objetivo da satisfação do seu crédito. 
Entretanto, não é incomum haver em uma mesma Vara do Trabalho ou 
em um mesmo Foro Trabalhista dezenas de reclamatórias trabalhistas movidas 
por trabalhadores representados por diferentes advogados contra o mesmo ou 
mesmos devedores. 
Nesse caso, a reunião de todas ou algumas das execuções em um 
único processo, tal como autorizado pelo art. 28 da Lei nº 6.830/80 é uma 
medida de conveniência da unidade da garantia da execução e que melhor 
atende os princípios de celeridade e eficiência processual, além da economia 
de energia de trabalho nas unidades judiciárias, a saber: 
Art. 28. O Juiz, a requerimento das partes, poderá, por conveniência da 
unidade da garantia da execução, ordenar a reunião de processos contra o 
mesmo devedor. 
12 
 
Parágrafo Único - Na hipótese deste artigo, os processos serão redistribuídos 
ao Juízo da primeira distribuição. 
Importante dizer que o procedimento de reunião de execuções em algo 
se assemelha ao juízo universal, razão pela qual deve que ser regido pelas 
regras de natureza concursal previstas no art. 126 da LRF e, principalmente, 
pelo princípio da par conditio creditorum, que estabelece o pagamento 
equânime dos créditos de uma mesma classe e a perda do direito individual de 
preferência sobre os bens penhorados pelos trabalhadores nos processos de 
origem, com o afastamento da regra do art. 797 do CPC/15. 
 
 
 
3.2. Procedimento de Reunião de Execuções – PRE 
 
O tema relativo à “reunião de execuções” foi expressivamente 
regulamentado pelo Provimento CGJT no 01, de 19 de agosto de 2022 que 
alterou os termos da Seção X, do Capítulo VI, da Consolidação dos 
Provimentos da Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho - CPCG-JT. 
Dentre os importantes considerandos para assim agir o Exmo. Sr. 
Ministro Corregedor, no uso das suas atribuições legais e regimentais, 
destacou: 
1) o princípioda efetividade da execução e a existência de grandes 
devedores com processos em fase de execução definitiva em mais de um 
Tribunal Regional; 
2) que a execução deve se dar pelo meio menos gravoso para o executado, 
reputando-se menos gravosa a solução mediante adoção de atos executivos 
que sejam mais eficazes e menos onerosos; 
3) o advento da Lei nº 14.193/2021 (Lei da Sociedade Anônima do Futebol – 
SAF), que instituiu prazos para quitação de dívidas trabalhistas mais dilatados 
que os previstos no Procedimento de Reunião das Execuções – PRE, 
Importante: os processos aptos a esse tipo de reunião local de 
execuções são somente aqueles com a decisão de liquidação de 
sentença estabilizada, ou seja, em execução definitiva. Muitas 
vezes, para os fins do art. 884 da CLT, é preciso considerar o 
juízo fictamente garantido para permitir ao devedor a oposição 
de embargos à execução, sob pena de paralisação do processo 
antes da estabilização. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
13 
 
constante da Seção X, do Capítulo VI, da Consolidação dos Provimentos da 
Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho, bem como instituiu modalidade 
própria de Regime Centralizado de Execução – RCE; 
4) o princípio da Função Social da Empresa e das Entidades de Prática 
Desportiva, bem como a necessidade de sua preservação como fontes de 
emprego, renda, lazer, entretenimento e cultura 
5) a necessidade de uniformização nos Tribunais Regionais quanto à 
aplicação do Procedimento de Reunião de Execuções – PRE, inclusive 
quanto ao Regime Centralizado de Execução – RCE instituído pela Lei n.º 
14.193/2021 
6) o princípio da Cooperação Judiciária. 
 
A Subseção I da Seção V – CPCG-JT trata do procedimento de 
Reunião de Execuções (PRE) em seu art. 148. Referido procedimento é 
destinado às obrigações de pagar e regulado pela referida Consolidação no 
âmbito da Corregedoria- Geral da Justiça do Trabalho. 
O Procedimento de Reunião de Execuções é constituído pelo: 
 I - Plano Especial de Pagamento Trabalhista - PEPT, cujo objetivo é o 
pagamento parcelado do débito reunido; 
 II - Regime Centralizado de Execução - RCE, instituído pela Lei n.º 
14.193/2021 (Lei da Sociedade Anônima do Futebol – SAF); e, 
III - Regime Especial de Execução Forçada - REEF, voltado para os atos de 
execução forçada, inclusive de expropriação do patrimônio dos devedores em 
prol da coletividade dos credores. 
As siglas (ou abreviaturas) acima negritadas o foram de forma 
proposital. Busca-se, com tal recurso, chamar atenção de forma inequívoca 
para as nomenclaturas instituídas pela Corregedoria-Geral da Justiça do 
Trabalho. Tanto PETP, como RCE e REEF serão siglas utilizadas de forma 
corrente neste trabalho. 
O procedimento PRE, em todas as suas modalidades constitutivas, 
observará, dentre outros princípios e diretrizes, segundo o art. 148 da 
Consolidação dos Provimentos supra referida: 
I – a cooperação judiciária; 
II - a essência conciliatória da Justiça do Trabalho como instrumento de 
pacificação social; 
III – o direito fundamental à razoável duração do processo (artigo 5º, LXXVIII, 
da Constituição da República) em benefício do credor; 
14 
 
IV – os princípios da eficiência administrativa (art. 37, caput, da Constituição 
da República), bem como da economia processual; 
V – o pagamento equânime dos créditos, observadas as particularidades do 
caso concreto; 
VI – a premência do crédito trabalhista, haja vista seu caráter alimentar; 
VII – a necessidade da preservação da função social da empresa e das 
entidades de prática desportiva; 
VIII – a estrita observância da Lei nº 14.193/2021 em relação às entidades de 
prática desportiva, indicadas no art. 2º da Lei da Sociedade Anônima do 
Futebol. 
 
A reunião de processos em fase de execução definitiva, em relação 
ao(s) mesmo(s) devedor(es), poderá ser processada em órgãos de 
centralização de execuções (juízos centralizadores de execução), criados 
conforme organização de cada Tribunal Regional e observados os parâmetros 
supra mencionados e estabelecidos na Consolidação de Provimentos da 
Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho (CPCG-JT). Tal previsão não 
prejudica a reunião de processos em fase de execução definitiva em Varas do 
Trabalho, mediante cooperação judiciária. Entretanto, os casos de PEPT, RCE 
e REEF serão obrigatoriamente processados perante o juízo centralizador de 
execução. 
Mediante cooperação judiciária, processos que estejam aptos a serem 
reunidos, mas estiverem em diferentes unidades judiciárias, poderão ser 
reunidos mediante ajuste entre os Juízes do Trabalho titulares da competência 
funcional para a sua execução. A realização de acordos de cooperação nos 
Foros Trabalhista para reunião de execuções é uma boa prática a ser seguida. 
15 
 
 
 
O juízo centralizador de execução tem como atribuições, segundo o 
art. 149 da CPCG-JT: 
I – acompanhar e exarar parecer relativo ao processamento do PRE, 
mantendo comunicação com os demais órgãos partícipes da gestão do 
procedimento, conforme definido pela organização administrativa do Tribunal 
Regional ou pela Lei nº 14.193/2021; 
II – promover, de ofício, a identificação dos grandes devedores e, se for o 
caso, dos respectivos grupos econômicos, no âmbito do Tribunal Regional, 
cujas execuções poderão ser reunidas para processamento conjunto atráves 
da instauração do REEF, utilizando-se de todas as ferramentas eletrônicas de 
investigação patrimonial disponíveis por meio de processo piloto indicado 
pelo juízo centralizador de execução. 
III – coordenar ações e programas que visem à efetividade da execução. 
Importante destacar que no PRE – Procedimento de Reunião de 
Execuções todos os esforços devem ser envidados no sentido de solver as 
No TRT da 4ª Região, houve regulamentação da reunião local de 
execuções na Resolução Administrativa nº 28/2022 e a reunião 
se dá por meio de requisição das unidades judiciárias de 1º e 2º 
graus do Regional. O § 2º do art. 17 do normativo estabelece 
que “ em caso de requisição pelas unidades judiciárias, deverá ser 
observado o número mínimo de 100 inclusões do devedor no 
BNDT, podendo o JAE, de ofício ou a requerimento, avaliar a 
conveniência de manutenção de tais critérios, por decisão 
fundamentada, se constatada relevância econômica, social e/ou 
jurídica”. 
No TRT da 12a Região a regulamentação da reunião de execuções 
ocorreu por meio da Portaria SEAP/SECOR nº 19/2023. Prevê a 
referida Portaria que o REEF poderá ser instaurado por solicitação 
de unidades judiciárias de 1o e 2o graus do TRT 12. E, para 
tanto, estabelece no § 1º do artigo 17 que “a solicitação pelas 
Unidades Judiciárias deverá vir acompanhada de certidão 
comprobatória da utilização, sem sucesso, das ferramentas 
básicas de pesquisa patrimonial (Sisbajud, Renajud, CNIB e 
Infojud), nos 3 (três) meses anteriores à requisição, e do 
protesto do devedor, conforme os arts. 883-A da CLT e 517 do 
CPC, além do número mínimo de 15 inscrições no Banco Nacional 
de Devedores Trabalhistas – BNDT“. 
16 
 
execuções por pagamento integral ou com o uso das técnicas, aplicáveis, de 
conciliação e mediação, observando-se, em cada modalidade de pagamento, a 
atenção às preferências legais, conforme disciplinado pelo Tribunal Regional 
respectivo. 
Ressalva-se, por oportuno, a ordem de preferência para o RCE – 
Regime Centralizado de Execução (Lei 14.193/21 – Lei de Sociedade Anônima 
do Futebol – SAF), que é a seguinte, segundo o seu artigo 17: 
Art. 17. No Regime Centralizado de Execuções, consideram-se credores 
preferenciais, para ordenação do pagamento: 
I - idosos, nos termos da Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003 (Estatuto do 
Idoso); 
II - pessoas com doenças graves; 
III - pessoas cujos créditos de natureza salarial sejam inferiores a 60 
(sessenta) salários-mínimos; 
IV - gestantes; 
V - pessoas vítimas de acidente de trabalho oriundoda relação de trabalho 
com o clube ou pessoa jurídica original; 
VI - credores com os quais haja acordo que preveja redução da dívida original 
em pelo menos 30% (trinta por cento). 
Parágrafo único. Na hipótese de concorrência entre os créditos, os processos 
mais antigos terão preferência. 
 
Nas hipóteses de PEPT e REEF, caso haja omissão do Tribunal 
Regional em regulamentar a matéria relativa à ordem de pagamento e, desde 
que, observados os princípios da razoabilidade, equidade e proporcionalidade, 
o Juízo centralizador de execução, após ouvidos os credores, poderá limitar, 
inverter referida ordem de pagamento dentro da mesma classe, incluir 
preferências definidas na CPCG-JT ou fixar teto de valores para os credores 
preferenciais, visando possibilitar o pagamento, ainda que parcial a um maior 
número de credores (art. 150 da CPCG-JT). 
Considerando a necessidade de estabelecer a transição para o novo 
regime consolidado, o art. 160 da CPCG-JT determinou que o juízo 
centralizador de execução notificará os devedores dos PEPTs vigentes e que 
ainda se encontrem desarmônicos com a Consolidação de Provimentos da 
Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho, para a readequação conforme as 
disposições desta Consolidação no prazo de até 180 (cento e oitenta) dias, e 
serão submetidos a exame na forma do art. 152, sob pena de presunção de 
desistência do PRE. A inclusão deste artigo ocorreu em face do Provimento 1 
17 
 
da CGJT de 19 de agosto de 2022 e o prazo máximo de 180 dias equivale ao 
dia 19 de fevereiro de 2023. 
Os planos aprovados com os benefícios do RCE previstos na Lei nº 
14.193/2021, para entidade desportiva que não se enquadre na regra do art. 
153 desta Consolidação, deverão ser apresentados na forma de pedido de 
instauração de PEPT, no prazo de 90 dias, sob pena de se presumir o 
desinteresse no procedimento de reunião de execuções para pagamento 
parcelado do passivo trabalhista. Previsão do § 1º do o art. 160 da CPCG-JT. 
A inclusão deste parágrafo ocorreu em face do Provimento 1 da CGJT de 19 
de agosto de 2022 e o prazo máximo de 90 dias equivale ao dia 19 de 
novembro de 2022. 
O Ato Trabalhista previsto no art. 50 da Lei nº 13.155/2015 passará a 
observar a regulamentação implementada por esta Consolidação no que se 
refere ao PEPT, ressalvados os planos já em vigor, vedada a renovação sem a 
devida readequação, consoante § 2º do o art. 160 da CPCG-JT. 
Prevê o art. 50 da Lei 13.155/15: 
Art. 50. Ficam os Tribunais Regionais do Trabalho, ou outro órgão definido 
por determinação dos próprios Tribunais, autorizados a instaurar o Regime 
Centralizado de Execução (Ato Trabalhista) para as entidades desportivas de 
que trata o § 10 do art. 27 da Lei nº 9.615, de 24 de março de 1998 . 
Os planos já aprovados de acordo com a regulamentação anterior 
em que não seja necessária readequação poderão ser revistos a qualquer 
tempo, a requerimento do devedor, competindo ao Tribunal Pleno ou Órgão 
Especial deliberar acerca do acolhimento, ou não, do pleito de revisão. 
Previsão do § 3º do o art. 160 da CPCG-JT. 
Eventuais casos omissos na presente Consolidação, inclusive a 
disposição do concurso de credores para implementação do RCE previsto no 
art. 13, I, da Lei nº 14.193/2021, deverão ser objeto de regulamentação em 
cada Tribunal Regional, segundo o § 4º do art. 160 da CPCG-JT. 
A saber: 
Art. 13. O clube ou pessoa jurídica original poderá efetuar o pagamento das 
obrigações diretamente aos seus credores, ou a seu exclusivo critério: 
I - pelo concurso de credores, por intermédio do Regime Centralizado de 
Execuções previsto nesta Lei; (...) 
 
 
 
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9615consol.htm#art27§10
18 
 
Art. 161. Até que seja desenvolvido fluxo específico no Sistema PJe em uso 
na Justiça do Trabalho, a execução provisória tramitará na classe 
Cumprimento Provisório de Sentença “CumPrSe” (157). 
Havendo trânsito em julgado da decisão exequenda, a Secretaria da 
Vara do Trabalho anexará, aos autos do processo autuado na classe 
Cumprimento Provisório de Sentença (CumPrSe) ou nos remanescentes de 
Execução Provisória em Autos Suplementares (ExProvAS), os arquivos 
eletrônicos relativos às peças inéditas dos autos principais para o 
processamento da execução definitiva, retificando-se a autuação para classe 
processual Cumprimento de Sentença “CumSen” (156) e registrando-se o 
movimento “50072 - Convertida a execução provisória em definitiva”. Nesta 
hipótese deve haver arquivamento definitivo do processo “principal”, tudo 
conforme art. 162 e seu parágrafo único da CPCG-JT. 
 
 
 
3.3. Regime especial de execução forçada – REEF 
 
Quando as execuções trabalhistas processadas de modo singular 
contra o mesmo ou os mesmos devedores se avolumam e transbordam os 
limites de uma Vara ou Foro Trabalhista, a Consolidação dos Provimentos da 
https://youtu.be/6xlfPhmDdm8?t=3480
19 
 
Corregedoria Geral da Justiça do Trabalho – CPCG-JT prevê a possibilidade 
de instauração do regime especial de execução forçada (REEF). 
Esse procedimento regional de reunião de execuções está previsto no 
art. 148, III e 154 da CPCG-JT é coordenado e executado pelo órgão 
centralizador de execuções do Tribunal Regional. Ele pode ser iniciado por 
esse próprio órgão, em decorrência da frustração de um plano especial de 
pagamento trabalhista ou a pedido de uma ou mais unidades judiciárias. 
Art. 154. O REEF consiste no procedimento unificado de busca, constrição e 
expropriação, com vistas ao adimplemento da dívida consolidada de devedor 
com relevante número de processos em fase de execução, como medida de 
otimização das diligências executórias, doravante realizadas de forma 
convergente, mediante a utilização de processo piloto. 
§1º O REEF poderá originar-se: 
I – do insucesso do Plano Especial de Pagamento Trabalhista (PEPT); 
II – do insucesso do RCE previsto na Lei n. 14.193/2021, observado o 
disposto no artigo 24 desta lei; 
III – por meio de requisição das Unidades Judiciárias de 1º e 2º graus do 
Tribunal Regional; e 
IV – por iniciativa do órgão centralizador de execuções no Tribunal Regional. 
§2º A solicitação pelas unidades judiciárias, deverá vir acompanhada de 
certidão comprobatória da utilização, sem sucesso, das ferramentas básicas 
de pesquisa patrimonial, nos 3 (três) meses anteriores à requisição, e do 
protesto do devedor conforme os arts. 883-A da CLT e 517 do CPC/15. 
§3º Poderá o juiz da Vara do Trabalho de origem recusar a habilitação de 
créditos na execução reunida, caso já existam bens penhorados na data da 
instauração do REEF, sem prejuízo da solicitação a outra Vara do Trabalho, 
de processo em fase de execução definitiva em face do mesmo devedor. 
§ 4º A instauração do REEF determinada por ato do juízo centralizador de 
execução importará a suspensão das medidas constritivas em face do 
devedor, salvo em relação ao processo objeto de recusa na forma do 
parágrafo anterior. 
§ 5º Ocorrendo conciliação ou pagamento, ainda que parcial, em processo 
em fase de execução definitiva não submetido ao REEF, o juízo deverá 
comunicar o fato ao juízo centralizador de execução, cabendo igual obrigação 
às partes. 
§ 6º Os Tribunais Regionais desenvolverão solução de tecnologia da 
informação para cadastramento dos créditos habilitados nos processos do 
REEF pelas unidades judiciárias originárias, com a discriminação da natureza 
da dívida e dotado de atualização automática. 
 
20 
 
É importante destacar que o Juiz do Trabalho, caso já existam bens 
penhorados na data da instauração do REEF, poderá recusar a habilitação de 
créditos na execução reunida, sem prejuízo da solicitação a outra Vara do 
Trabalho, de processo em fase de execução definitiva em face do mesmo 
devedor (art. 154, §3º, da CPCG-JT). 
E isto se dá em respeito às regras de competência funcional do 
magistrado. O REEF é um procedimento de adesão facultativa por parte dos 
juízos,ou seja, se determinado Juízo de Vara do Trabalho desejar não remeter 
processo de sua competência à execução reunida, não estará obrigado a tanto, 
desde que, no processo em questão, já exista penhora. Veja-se o art. 154, §3º, 
da Consolidação. 
Art. 154. (...) 
§3º Poderá o juiz da Vara do Trabalho de origem recusar a habilitação de 
créditos na execução reunida, caso já existam bens penhorados na data da 
instauração do REEF, sem prejuízo da solicitação a outra Vara do Trabalho, 
de processo em fase de execução definitiva em face do mesmo devedor. 
 
Conforme o art. 154, §4º, da CPCG-JT, a instauração do REEF 
determinada por ato do juízo centralizador de execução importará a suspensão 
das medidas executivas em face do devedor, provocando a suspensão das 
execuções singulares que a ele aderiram, na medida em que o seu art. 155 
positiva que os atos executórios e o pagamento da dívida consolidada do 
devedor são feitos nos autos do processo que encabeça a execução, 
denominado de processo piloto, observada a par conditio creditorum prevista 
no art. 148-A, inciso V, da CPCG-JT. 
Art. 154. (...) 
§4º A instauração do REEF determinada por ato do juízo centralizador de 
execução importará a suspensão das medidas constritivas em face do 
devedor, salvo em relação ao processo objeto de recusa na forma do 
parágrafo anterior. 
O art. 155 da CPCG-JT determina que, no curso do REEF, os atos 
executórios buscando o pagamento da dívida consolidada do executado serão 
realizados nos autos do processo piloto, ressalvada, na hipótese do § 3º do artigo 154, 
a atuação executória da vara recusante. 
A definição dos autos a serem qualificados como processo piloto 
caberá ao juízo centralizador de execução do Tribunal Regional. (§ 1º do art. 
155 da CPCG-JT). 
Os juízes que atuam no juízo centralizador de execução resolverão os 
incidentes e ações incidentais referentes exclusivamente ao processo piloto e 
chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https:/juslaboris.tst.jus.br/bitstream/handle/20.500.12178/166690/2019_consolida_prov_cgjt_rep01_atualizado.pdf
21 
 
apenas quanto aos atos praticados durante o REEF (§ 2º do art. 155 da CPCG-
JT). 
Localizados bens do executado, será ordenada sua alienação pelo 
juízo centralizador de execução (§ 3º do art. 155 da CPCG-JT). 
 O pagamento integral do processo piloto importará na extinção da 
referida execução, cabendo ao juízo centralizador de execução a adoção das 
seguintes providências (§ 4º do art. 155 da CPCG-JT): 
I – eleição de novo processo piloto; 
 II – lavratura de certidão circunstanciada dos fatos e atos relevantes 
praticados nos autos do processo piloto, trasladando-se peças, se 
necessário, para o novo processo piloto; 
 III – certificação nos autos do processo piloto extinto sobre a necessidade de 
sua preservação e guarda íntegra até a solução definitiva dos processos em 
fase de execução definitiva reunidos na forma disciplinada nesta Seção, o 
que deverá ser observado pela vara de origem. 
Dentre os princípios e diretrizes que deverão ser observados em todas 
as modalidades de PRE está o pagamento equânime dos créditos (art. 148-A, 
V, da CPCG-JT), com a observância das particularidades do caso concreto. 
Ao seu turno o art. 154, §2º, da CPCG-JT prevê que caso ocorra a conciliação 
ou pagamento, ainda que parcial, em processo em fase de execução definitiva 
não submetido ao REEF, o juízo deverá comunicar o fato ao juízo centralizador 
de execução, cabendo igual obrigação às partes. 
Como o §2º do art. 156 da CPCG-JT foi suprimido, além do fato de que 
hodiernamente a previsão de pagamento parcial ou conciliação dizer respeito a 
processo em face de execução definitiva não submetido ao REEF, a crítica que 
existia em face da possibilidade de desrespeito ao princípio da par conditio 
creditorum não mais se sustenta. 
A consolidação da dívida do executado, no caso do REEF, será feita 
pelo juízo centralizador de execução, que oficiará as Varas do Trabalho para 
que informem o montante da dívida do executado, nos processos em fase de 
execução definitiva, no prazo de 30 (trinta) dias (art. 156 da CPCG-JT). 
Na prestação de informações pelas Varas do Trabalho deverá ser 
discriminada a natureza dos créditos, bem como a respectiva atualização e 
incidência de juros de mora, sendo vedada a inclusão de valores referentes a 
processos com pendência de homologação de cálculos (parágrafo único do art. 
156 da CPCG-JT). 
Emulando o art. 83 da LRF na organização de uma ordem dos 
pagamentos entre as classes de credores submetidas ao REEF, o art. 157 da 
Consolidação estabelece que primeiro serão adimplidos os créditos 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
22 
 
trabalhistas, aqui incluídos os típicos e os decorrentes de acidente de trabalho 
e, na sequência, o imposto de renda, a contribuição previdenciária, as multas 
administrativas impostas pelos órgãos de fiscalização do trabalho e as custas 
processuais. 
Art. 157. Os créditos da União Federal, referentes às contribuições 
previdenciárias e fiscais decorrentes das decisões desta Justiça 
Especializada, aqueles oriundos de multas administrativas impostas pelos 
órgãos de fiscalização do trabalho, nos termos do artigo 114, VII e VIII, 
respectivamente, da Constituição da República, assim como as custas 
processuais, serão pagos após a quitação preferencial dos créditos 
trabalhistas. 
Expropriados todos os bens e efetuados os pagamentos possíveis, 
havendo crédito remanescente, as Varas do Trabalho da Região e as 
Corregedorias das demais Regiões serão oficiadas, comunicando a existência 
do saldo, aguardando a requisição de valores no prazo de 30 (trinta) dias e 
devolvendo ao executado o saldo existente após os repasses solicitados (art. 
158 da da CPCG-JT). 
 Esgotados os meios executórios, ainda que remanesçam débitos, o 
REEF será extinto, sendo os autos do processo piloto devolvidos ao juízo de 
origem para providências cabíveis, comunicando-se as Varas do Trabalho do 
Tribunal Regional (parágrafo único do art. 158 da da CPCG-JT). 
 
3.4. Plano especial de pagamento trabalhista – PEPT 
 
A segunda modalidade de execução concursal dentro da competência 
da Justiça do Trabalho é o plano especial de pagamento trabalhista (PEPT), 
previsto no art. 151 da CPCG-JT. 
Para a apreciação preliminar do pedido de instauração do PEPT, o 
interessado deverá atender aos requisitos determinados no art. 151 já referido. 
O primeiro requisito é o de especificar o valor total da dívida, instruindo 
o pedido com a relação de processos em fase de execução definitiva, com 
valores liquidados, organizados pela data de ajuizamento da ação; a(s) vara(s) 
de origem; os nomes dos credores e respectivos procuradores; as garantias 
existentes nesses processos, inclusive ordens de bloqueio e restrições; as 
fases em que se encontram os processos; os valores e a natureza dos 
respectivos débitos, devidamente atualizados, consolidando esses relatórios 
por Tribunal Regional, quando for o caso (inciso I do art. 151 da CPCG-JT). 
O segundo requisito é o de apresentar o plano de pagamento do débito 
trabalhista consolidado, incluída a estimativa de juros e de correção monetária 
https://juslaboris.tst.jus.br/bitstream/handle/20.500.12178/166690/2019_consolida_prov_cgjt_rep01_atualizado.pdf
23 
 
até seu integral cumprimento, podendo o pagamento ser fixado em período e 
montante variáveis, respeitado o prazo máximo de seis anos para a quitação 
integral da dívida (inciso II do art. 151 da CPCG-JT). 
O terceiro requisito é o de assumir, por declaração de vontade 
expressa e inequívoca, o compromisso de cumprir regularmente as obrigações 
trabalhistas dos contratos em curso, inclusive as decorrentes de verbas 
rescisórias devidas aos empregados dispensados ou que se demitirem (inciso 
III do art. 151 da CPCG-JT). 
Como quarto requisito, o art. 151 estabelece que o devedor deverá 
relacionar,documentalmente, as empresas integrantes do grupo econômico, as 
quais assumem responsabilidade solidária pelo adimplemento das obrigações 
relativas ao montante global obtido na reunião dos processos em fase de 
execução definitiva perante o Tribunal Regional, independentemente de, em 
qualquer fase dos processos, terem figurado no polo passivo (inciso IV do art. 
151 da CPCG-JT). 
É importante destacar tal requisito, pois trata-se de importante garantia 
aos credores, uma vez que ao devedor é exigida uma relação de eventuais 
outras empresas integrantes do seu grupo econômico e dos seus sócios, todos 
cientes de que serão responsabilizados solidariamente pelo adimplemento das 
obrigações relativas ao montante global, independentemente de, em qualquer 
fase dos processos, terem figurado no polo passivo. 
O quinto requisito é o de ofertar garantia patrimonial suficiente ao 
atendimento das condições estabelecidas, a critério de cada Tribunal Regional, 
podendo recair em carta de fiança bancária ou seguro-garantia, bem como em 
bens próprios ou de terceiros – desde que devidamente autorizados pelos 
proprietários legais, hipótese em que deverão ser apresentadas provas de 
ausência de impedimento ou oneração dos bens, cujas alterações na situação 
jurídica deverão ser comunicadas pelo interessado de imediato, sob pena de 
cancelamento do plano e impossibilidade de novo requerimento de 
parcelamento pelo prazo de 2 (dois) anos (inciso V do art. 151 da CPCG-JT). 
A apresentação de balanço contábil, devidamente certificado por 
contador, bem como declaração de imposto de renda, em que se comprove a 
incapacidade financeira de arcar com a dívida consolidada, com efetivo 
comprometimento da continuidade da atividade econômica é o sexto requisito 
(inciso VI do art. 151 da CPCG-JT). 
E, por último, deverá apresentar renúncia, condicionada à aprovação 
do PEPT, de toda e qualquer impugnação, recurso, ação rescisória ou 
incidente quanto aos processos envolvidos no plano (inciso VII do art. 151 da 
CPCG-JT). Cumpridos os sete requisitos supra elencados, o pedido de 
24 
 
instauração do PEPT poderá ser apreciado de forma preliminar (art. 151 da 
CPCG-JT). 
Os requisitos acima elencados para a apreciação do PEPT, em 
especial a renúncia a todos os recursos, impugnações ou incidentes nos 
processos incluídos no plano, a oferta de garantia patrimonial suficiente ao 
atendimento das condições estabelecidas e a apresentação de balanço 
contábil e declaração de imposto de renda atestando a incapacidade da 
empresa de arcar com a dívida sem comprometimento da continuidade da 
atividade econômica externam uma situação econômica/financeira que justifica 
a análise do PEPT e sua possível instauração. Em contrapartida, o devedor 
obtém a suspensão dos atos constritivos nos processos. 
Diferentemente do REEF, que é uma modalidade de execução 
concursal forçada, o PEPT se assemelha mais a um modelo de recuperação 
judicial trabalhista, com a diferença que aqui não há possibilidade de deságio 
ou carência. 
Importante: se antes o devedor podia eleger quais os processos contra 
si em fase de execução definitiva que desejasse participar do programa de 
parcelamento da dívida, hoje tal eleição não é mais prevista diante da 
revogação do §1º do art. 151 da CPCG-JT. 
Segundo o previsto no art. 151-A da Consolidação, o PEPT alcançará 
todos os processos em fase de execução definitiva relacionados no ato de 
apresentação do requerimento e deverá englobar a dívida total consolidada do 
devedor naquela data. 
Está permitido, consoante o § 1º do art. 151-A da CPCG-JT, mediante 
requerimento do devedor, a inclusão de processos em fase de execução 
definitiva que tenham sido iniciados posteriormente ao deferimento do PEPT, 
desde que sejam atendidos os seguintes requisitos: 
I – o plano original esteja com os pagamentos regulares; 
II – a repactuação da dívida consolidada permita a quitação dos 
processos incluídos no prazo do deferimento original do PEPT, salvo a 
exceção prevista no § 2º; 
III – haja, caso necessário, complemento da garantia, de modo a 
abranger a dívida consolidada atualizada objeto de repactuação. 
A exceção do § 2º do art. 151-A da CPCG-JT prevê que a 
Corregedoria Regional poderá, mediante requerimento do devedor e ouvido o 
juízo centralizador de execução, deferir acréscimo de prazo ao originariamente 
fixado para o plano de pagamento, desde que respeitado o máximo de seis 
anos estabelecido no art. 151, II, desta Consolidação, bem como haja 
25 
 
demonstração pelo devedor da sua incapacidade financeira de arcar com o 
acréscimo de novos processos em fase de execução definitiva no prazo 
originariamente assinalado. 
O inadimplemento de quaisquer das condições estabelecidas implicará 
a revogação do PEPT, a proibição de obter novo plano pelo prazo de dois anos 
e a instauração de REEF em face do devedor (art. 151-A, § 3º, da CPCG-JT). 
Se o pedido de instauração do PEPT tiver como objetivo o 
parcelamento de débito referente a processos em fase de execução definitiva, 
em curso no âmbito de um único Tribunal Regional, deverá ser apresentado ao 
Corregedor Regional respectivo, em classe processual própria (art. 152 da 
CPCG-JT). 
 A decisão do Corregedor Regional deverá ser referendada pelo Órgão 
Especial, se houver, ou pelo Tribunal Pleno, sempre em decisão fundamentada 
e observados os parâmetros estipulados nesta Seção (art. 152, § 1º, da CPCG-
JT). 
Antes da decisão do Corregedor Regional, o juízo centralizador de 
execução deverá exarar parecer fundamentado quanto ao atendimento dos 
requisitos exigidos pelo art. 151 desta Consolidação (art. 152, § 2º, da CPCG-
JT). 
A decisão do Corregedor Regional, assim como a do Órgão Especial, 
se houver, ou do Tribunal Pleno, não estarão vinculadas ao referido parecer 
(art. 152, § 3º, da CPCG-JT). 
É possível a instauração de PEPT no âmbito de mais de um Tribunal 
Regional. A regulamentação se encontra no art. 152-A da CPCG-JT. Neste 
caso, o pedido de instauração do PEPT com o objetivo de parcelamento do 
débito referente a processos em fase de execução definitiva deverá ser 
apresentado ao Corregedor do Tribunal Regional com maior número de 
processos em fase de execução definitiva deste devedor, cabendo lhe atender, 
além do exigido no art. 151 desta Consolidação, os seguintes requisitos: 
a) especificar os Tribunais Regionais onde se localizam os processos; 
b) apresentar os documentos de que trata o art. 151, I, desta 
Consolidação em relações individualizadas referentes a cada um dos Tribunais 
Regionais onde se processem as execuções que se pretende parcelar por 
meio do PEPT, assim como resumo global da dívida consolidada. 
A centralização de execuções, no âmbito de mais de um Tribunal 
Regional, dependerá de termo de cooperação judiciária firmado entre os 
Tribunais Regionais que possuam processos em fase de execução definitiva do 
26 
 
devedor requerente, devendo observar as diretrizes constantes nesta 
Consolidação (§ 1º do art. 152-A da CPCG-JT). 
A decisão do Corregedor Regional que aderir à execução reunida em 
mais de um Tribunal Regional deverá ser referendada pelo respectivo Órgão 
Especial, se houver, ou pelo Tribunal Pleno (§ 2º do art. 152-A da CPCG-JT). 
O insucesso do PEPT que tramitar no âmbito de mais de um Tribunal 
Regional acarretará a extinção do termo de cooperação judiciária, devendo os 
REEFs serem processados regionalmente, a cargo de cada juízo centralizador 
de execução local, observando-se os processos em fase de execução definitiva 
da competência de seu Tribunal Regional (§ 3º do art. 152-A da CPCG-JT). 
O termo de cooperação judiciária firmado pelos Tribunais Regionais 
deverá ser explícito em relação à periodicidade de pagamentos e aos critérios 
de repasse aos juízos centralizadores de execução dos Tribunais Regionais 
envolvidos (§ 4 do art. 152-A da CPCG-JT). 
O acréscimo de processosde que trata o § 1º do art. 151-A desta 
Consolidação, assim como a alteração de prazos do PEPT que resultar no 
parcelamento de débito referente a processos em fase de execução definitiva 
em curso no âmbito de mais de um Tribunal Regional, dependerá da 
observância dos incisos I a III do dispositivo acima mencionado, além da 
anuência dos demais Tribunais Regionais aderentes (§ 5º do art. 152-A da 
CPCG-JT). 
O termo de cooperação judiciária definirá o juízo centralizador de 
execução do PEPT no âmbito de mais de um Tribunal Regional. A recusa do 
procedimento em um dos Tribunais Regionais não impede que o pleito do 
devedor seja processado nos Tribunais Regionais onde houver a aprovação 
(§s 6º e 7º do art. 152-A da CPCG-JT). 
Durante a análise do requerimento do devedor, o juízo centralizador de 
execução poderá, a qualquer tempo, formular sugestões de alteração, 
acréscimo ou supressão de cláusulas, exigir a apresentação de novos 
documentos, determinar diligências, bem como adotar quaisquer outras 
medidas que contribuam para a elaboração de proposta de plano de 
pagamento com melhor exequibilidade (art. 152-B da CPCG-JT). 
Instaurado o procedimento e concluída a proposta do devedor, o 
Corregedor Regional deverá submeter sua decisão sobre a matéria ao Tribunal 
Pleno ou Órgão Especial, a quem competirá: 
I – avaliar o atendimento dos requisitos exigidos para a instauração do PEPT; 
II – fixar o prazo de duração, observado o disposto no inciso II do art. 151 e 
no § 2º do art. 151 – A desta Consolidação, e o valor a ser pago 
27 
 
periodicamente, considerando, nos dois casos, o montante da dívida total 
consolidada, bem como os correspondentes créditos previdenciários e fiscais; 
III – prever a distribuição dos valores arrecadados, observado o disposto nos 
arts. 148-A, V, e 150-A, caput, e parágrafo único, da presente Consolidação; 
IV – acolher o processo judicial que servirá como piloto, indicado pelo juízo 
centralizador de execução, para a prática dos atos jurisdicionais posteriores à 
aprovação do PEPT, no qual serão concentrados todos os atos referentes ao 
cumprimento do plano; 
V – referendar, ou não, após votação do órgão colegiado competente, a 
decisão do Corregedor Regional acerca do procedimento de instauração do 
PEPT. (art. 152-C e seus parágrafos da CPCG-JT). 
Sempre que, por circunstâncias imprevistas e não imputáveis ao 
devedor, o plano inicialmente aprovado se revelar inexequível, o devedor 
poderá apresentar novo plano, atendidos os requisitos do art. 151 da 
Consolidação, o qual deverá vir acompanhado de provas das circunstâncias 
supervenientes, e será objeto de nova decisão pelo órgão colegiado 
competente, igualmente segundo critérios de conveniência e oportunidade, 
observado o disposto no art. 152 da Consolidação. Caso o novo plano seja 
rejeitado ou se revele inviável, seguir-se-á a instauração de REEF em face do 
devedor (art. 152-D e seu parágrafo da CPCG-JT). 
Ficam suspensas as medidas constritivas nos processos em fase de 
execução definitiva relacionados no requerimento do PEPT a partir da sua 
aprovação pelo Tribunal Pleno ou Órgão Especial. A fluência do prazo 
prescricional intercorrente dos processos em fase de execução definitiva 
incluídos no PEPT suspende-se durante sua vigência (art. 152-E e seu 
parágrafo da CPCG-JT). 
Prevê o art.152-F que os recursos informados no plano apresentado 
pelo devedor e destinados para o PEPT, ou em caso de REEF, poderão 
observar as seguintes disposições, se outras não forem estipuladas pelos 
Tribunais Regionais: 
I – a limitação de 50% do montante mensal repassado pelo devedor para fins 
de conciliação; (Incluído pelo Provimento n. 1/CGJT, de 19 de agosto de 
2022) 
II – caso seja aplicado deságio de no mínimo 30% do valor da dívida original 
acrescida de juros e correção monetária, para efeitos de conciliação, o 
respectivo processo será elegível para pagamento dentro da ordem de 
preferência estipulada pelo Tribunal Regional; 
III – os valores destinados à conciliação deverão ser ofertados de forma 
isonômica para os credores; 
IV – os valores destinados à conciliação e não utilizados no mês serão 
destinados, no mês subsequente, ao pagamento dos demais créditos do 
28 
 
PEPT ou REEF não elegíveis na ordem de preferência ou que não sejam 
objeto de acordo; 
Parágrafo único. Observado o regramento deste artigo, deverá ser obedecida 
a ordem de pagamento, iniciando-se pelo processo mais antigo. 
O PEPT será revisado pelo juízo centralizador de execução a cada 12 
(doze) meses, se outro período inferior não houver sido fixado por ocasião do 
deferimento do plano. O devedor e as empresas integrantes de seu grupo 
econômico ficam impedidos de requerer novo PEPT pelo prazo de 24 (vinte e 
quatro) meses após a extinção do PEPT anterior, mesmo que este tenha sido 
cumprido, parcial ou integralmente, ou convolado em REEF, ressalvados casos 
excepcionais, a critério do órgão colegiado competente. Consoante arts. 152-G 
e 152-H da CPCG-JT. 
 
 
 
3.5. Do Regime Centralizado de Execução – RCE 
 
O RCE foi disciplinado pela Lei nº 14.193/2021 e destina-se única e 
exclusivamente às entidades de prática desportiva definidas nos incisos I e II 
do § 1º do art. 1º e que tenham dado origem à constituição de Sociedade 
Anônima de Futebol na forma do art. 2º, II, da referida lei. 
A Sociedade Anônima do Futebol que tenha interesse na elaboração e 
execução de plano para pagamento do passivo trabalhista observará a 
disciplina de procedimento de reunião de execuções prevista para os demais 
devedores (PEPT), sendo vedada a utilização das regras previstas nesta 
Subseção, independentemente de os clubes ou pessoas jurídicas originárias 
serem beneficiados, ou não, pelo regime de RCE. 
A Consolidação dos Provimentos da Corregedoria Geral da 
Justiça do Trabalho autoriza que os Tribunais Regionais 
regulamentem de forma mais minuciosa o REEF e o PEPT. Aqui 
trazemos os normativos de alguns deles, bastando clicar sobre 
eles se quiser conhecê-los melhor. 
TRT da 1ª Região 
TRT da 4ª Região 
TRT da 5ª Região 
https://bibliotecadigital.trt1.jus.br/jspui/bitstream/1001/1903880/1/Prov2019-0002_PresCorreg-C.htm
chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https:/www.trt4.jus.br/portais/documento-ato/1061965/RA%2028%202022%20-%20Reuni%C3%A3o%20de%20Exec.%20%20PRE%20PEPT%20e%20REEF.pdf
chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https:/www.trt5.jus.br/sites/default/files/www/normas/03_2022/0001-2020_consolida_normas_coord._de_exec._e_exprop._republicado_0.pdf
29 
 
Quando se tratar de entidade de prática desportiva constituída nos 
termos do art. 2º, II, da Lei nº 14.193/2021, para efeitos de PRE, deverá ser 
apresentado o fluxo de caixa e a sua previsão por 3 anos, bem como indicadas 
as receitas ordinárias e extraordinárias, incluindo todas as formas de ganho de 
capital. 
O plano de concurso de credores do clube ou pessoa jurídica original, 
mencionados no caput deste artigo e que tenham optado pelo RCE do art. 13, 
I, da Lei nº 14.193/2021, deverá apresentar, como condição para aprovação, 
pagamentos mensais, nos termos dos arts. 10, I, e 15, § 2o, da citada lei, sem 
prejuízo de outras rendas próprias. 
Nos termos da Lei nº 14.193/2021, não haverá responsabilidade 
jurídica da SAF em relação às obrigações do clube ou pessoa jurídica original 
que a tiver constituído, sejam elas anteriores ou posteriores à data da sua 
constituição, salvo quanto às atividades específicas do seu objeto social, 
respondendo pelas obrigações a ela transferidas na forma do § 2º do art. 2º da 
aludida lei, hipótese em que os pagamentos observarão o disposto nos arts. 10 
e 24 da referida lei. Previsões constantes no art. 153 da CPCG-JT e seus 
quatro parágrafos. 
O RCE é incompatível com o regime de Recuperação Judicial ou 
Extrajudicial, sendo que, constatado requerimento nesse sentido, anterior ou 
posterior ao RCE trabalhista,este último não será deferido ou será extinto 
perante o respectivo Tribunal Regional (art. 153-A da CPCG-JT). 
 
 
4. Disposições gerais 
 
4.1. Conceito e objetivo da recuperação judicial 
 
O art. 47 da LRF nos apresenta o conceito e o propósito da 
recuperação judicial, prevendo que ela tem o intento de ser um mecanismo de, 
como o próprio nome diz, recuperação de empresas viáveis, mas em crise 
econômico-financeira, voltado a superar esse momento de dificuldade, de 
maneira a preservar a atividade empresarial e, consequentemente, os 
empregos dos trabalhadores, a circulação de bens e serviços, a geração de 
riquezas, o recolhimento de tributos e os demais benefícios econômicos e 
sociais que decorrem da atividade empresarial. 
30 
 
Art. 47. A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da 
situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a 
manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos 
interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua 
função social e o estímulo à atividade econômica. 
Se dissociarmos os elementos mais relevantes desse dispositivo legal, 
vê-se que o legislador pretendeu, com uma série de limitações ou travas aos 
comportamentos dos credores, a serem por nós examinadas nos próximos 
tópicos, proteger de modo temporário a empresa em crise econômico-
financeira e, por consequência, seus trabalhadores, credores e, em última ratio, 
a atividade econômica como um todo. 
Relembre-se: a crise econômico-financeira se caracteriza quando o 
devedor temporariamente não tem recursos disponíveis para satisfazer 
obrigações vencidas ou a vencer, mesmo que seus ativos permanentes sejam 
suficientes para a satisfação de todo o passivo. 
Estando nesta situação de dificuldades e ciente dos macrointeresses 
sociais de proteção da sua atividade econômica, o devedor pode então buscar 
o auxílio do Estado-Juiz para, primeiro, decretar a moratória de boa parte das 
suas dívidas e, segundo, criar um ambiente institucional propício para a 
negociação com os credores por ela atingidos, com o objetivo da melhor 
solução comum a todos, especialmente aos trabalhadores envolvidos. 
 
4.2. Beneficiários da recuperação judicial 
 
A recuperação judicial não é uma prerrogativa aberta a todas as 
pessoas naturais e jurídicas. Ao contrário, de acordo com o art. 1º da LRF, as 
disposições recuperacionais aplicam-se apenas àquelas que detenham a 
chamada natureza empresarial, isto é, exerçam, conforme o art. 966 do Código 
Civil, atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens 
ou de serviços e estejam devidamente registrados nas Juntas Comerciais. 
Art. 1º Esta Lei disciplina a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e 
a falência do empresário e da sociedade empresária, doravante referidos 
simplesmente como devedor. 
Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade 
econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de 
serviços 
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão 
intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso 
de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir 
elemento de empresa. 
31 
 
 
São eles os empresários individuais e as sociedades empresárias, nas 
suas diversas formas jurídicas, como, por exemplo, o microempreendedor 
individual, o empresário individual, a sociedade limitada unipessoal, a 
sociedade por quotas de responsabilidade limitada e a sociedade por ações. 
 
Além da natureza empresarial e do registro nas Juntas Comerciais, o 
art. 48 da LRF estabelece três outros requisitos que precisam ser 
simultaneamente atendidos para que os empresários individuais e as 
sociedades empresárias possam ingressar em recuperação judicial. São eles o 
exercício regular da atividade por, pelo menos, dois anos, a ausência de 
recuperação judicial nos últimos cinco anos e a ausência de condenação por 
crime falimentar, inclusive na condição de sócio. 
Art. 48. Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no momento do 
pedido, exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos e que 
atenda aos seguintes requisitos, cumulativamente: 
I – não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença 
transitada em julgado, as responsabilidades daí decorrentes; 
II – não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação 
judicial; 
III - não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação 
judicial com base no plano especial de que trata a Seção V deste Capítulo; 
IV – não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio 
controlador, pessoa condenada por qualquer dos crimes previstos nesta Lei. 
A recuperação judicial também poderá ser requerida pelo cônjuge 
sobrevivente, herdeiros do devedor, inventariante ou sócio remanescente, 
consoante previsto no § 1º do art. 48 da LRF. 
As antigas empresas individuais de responsabilidade limitada 
(EIRELI) foram extintas e convertidas automaticamente em 
sociedades limitadas unipessoais (SLU) pelo art. 41 da Lei nº 
14.195/21. 
A saber: 
Art. 41. As empresas individuais de responsabilidade limitada 
existentes na data da entrada em vigor desta Lei serão 
transformadas em sociedades limitadas unipessoais 
independentemente de qualquer alteração em seu ato 
constitutivo. 
32 
 
Somam-se a todos os empresários e sociedades empresárias citados 
acima os produtores rurais com registro nas Juntas Comerciais. Dada a 
incipiência da atividade rural como uma ocupação empresária, o art. 971 do 
Código Civil facultou ao ruralista que atua na agropecuária ou no extrativismo 
de maneira profissional e habitual a possibilidade de optar pelo tratamento 
como empresário. Se ele quiser se inscrever no registro mercantil e atender os 
demais requisitos do art. 48 da LRF, poderá requerer recuperação judicial. 
Caso contrário, não. 
No mesmo sentido e com a mesma possibilidade de opção pelo regime 
comercial estão os clubes de futebol constituídos sob a forma de associações. 
A recente Lei nº 14.193/21, que criou as sociedades anônimas do futebol, 
incluiu um parágrafo único no art. 971 do Código Civil fixando que, se as atuais 
associações futebolísticas, mesmo não alterando a sua natureza jurídica para 
sociedades anônimas, quiserem escolher pelo regime empresarial e ter 
acesso, por exemplo, à recuperação judicial, basta fazer o registro nas Juntas 
Comerciais. 
Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, 
pode, observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus 
parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da 
respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para 
todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro. 
Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput deste artigo à associação que 
desenvolva atividade futebolística em caráter habitual e profissional, caso em 
que, com a inscrição, será considerada empresária, para todos os efeitos. 
 
 
4.3. Pessoas jurídicas excluídas da recuperação judicial 
 
Por motivos de interesse público relacionado às atividades 
desenvolvidas por certas sociedades, o art. 2º da LRF e alguns dispositivos da 
legislação esparsa preveem que algumas pessoas jurídicas, ainda que sejam 
caracterizadas como empresárias, não possuem acesso à recuperação judicial. 
Art. 2º Esta Lei não se aplica a: 
I – empresa pública e sociedade de economia mista; 
II – instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito, consórcio, 
entidade de previdência complementar, sociedade operadora de plano de 
assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de capitalização e 
outras entidades legalmente equiparadas às anteriores. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
33 
 
Assim é que no rol das pessoas excluídasda recuperação judicial 
temos primeiro as empresas públicas e sociedades de economia mista, 
valendo ressaltar que está sob julgamento no STF o RE nº 1.249.945/MG, com 
repercussão geral reconhecida (Tema de Repercussão Geral nº 1101), que 
trata da possibilidade excepcional de aplicação do regime de falência e 
recuperação judicial às empresas estatais que exploram atividade econômica 
de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, na 
maneira do art. 173, § 1º, inciso II, da Constituição Federal. 
Além delas, também estão excluídas as instituições financeiras, as 
cooperativas de crédito, as operadoras de consórcios, as entidades de 
previdência complementar, as sociedades operadoras de planos de assistência 
à saúde, as sociedades seguradoras e as sociedades de capitalização. 
 
Já na legislação esparsa, completam o rol as cooperativas em geral, de 
acordo com o art. 980 do Código Civil, os produtores rurais sem registro na 
Junta Comercial, conforme art. 971 do Código Civil e as concessionárias de 
energia elétrica, nos termos do art. 18 da Lei nº 12.767/12. 
Além delas, certas pessoas naturais e jurídicas, embora sejam agentes 
econômicos, não são consideradas empresárias por força do art. 966, 
A Lei nº 14.112/20, conhecida como lei da reforma 
recuperacional e falimentar, incluiu o §13 ao art. 6º da LRF, 
estendendo a recuperação judicial às sociedades operadoras de 
planos de assistência à saúde quando forem cooperativas 
médicas. Esse dispositivo foi vetado pelo Presidente da 
República, mas o veto restou derrubado pelo Congresso 
Nacional. 
 A saber: 
§ 13. Não se sujeitam aos efeitos da recuperação judicial os 
contratos e obrigações decorrentes dos atos cooperativos 
praticados pelas sociedades cooperativas com seus cooperados, 
na forma do art. 79 da Lei nº 5.764, de 16 de dezembro de 
1971, consequentemente, não se aplicando a vedação contida 
no inciso II do art. 2º quando a sociedade operadora de plano 
de assistência à saúde for cooperativa médica. (NR) 
Nada obstante, a tramitação confusa da sua redação final fez 
com que ela não fosse aprovada nas duas casas legislativas, 
padecendo de problemas de inconstitucionalidade formal. 
https://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5830583
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/L12767.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm
34 
 
parágrafo único, do Código Civil (já acima transcrito, inclusive), e também não 
podem se valer das regras de proteção da recuperação judicial. São os 
chamados profissionais intelectuais, tenham ou não empregados, e estejam ou 
não organizados em sociedades, como é o caso dos profissionais liberais, 
artistas, escritores e técnicos com alguma formação profissional. 
Art. 966. (...) Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce 
profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o 
concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão 
constituir elemento de empresa. 
 
 
 
4.4. Representação processual do devedor 
 
Ao deferir o processamento da recuperação, o art. 52, inciso I, da LRF 
estabelece que o Juiz da Vara Empresarial nomeie um administrador judicial, 
que pode ser pessoa natural ou jurídica, e cujos encargos e atribuições estão 
no art. 22, incisos I e II, da LRF. 
Nada obstante, temos que ter em mente que essa nomeação não 
altera a representação do devedor em Juízo, o qual normalmente segue na 
condução da atividade empresarial e continua com legitimidade para defender 
seus interesses. Ou seja, ao contrário do que ocorre na quebra, o 
administrador da recuperação não tem a atribuição de assumir a representação 
judicial do devedor. 
Todavia, existem as hipóteses de afastamento do devedor da gestão 
do negócio, previstas no art. 64 da LRF. Exemplificativamente, isso pode 
ocorrer quando o empresário individual ou o sócio, acionista ou administrador 
de sociedade empresária tiver praticado crimes falimentares, agido com dolo, 
simulação ou fraude contra os seus credores, descapitalizado 
injustificadamente a empresa, ou efetuar gastos pessoais excessivos em 
relação a sua situação patrimonial. 
Art. 64. Durante o procedimento de recuperação judicial, o devedor ou seus 
administradores serão mantidos na condução da atividade empresarial, sob 
Conforme pacificado na jurisprudência do STJ (REsp nº 
1.227.240/SP, 4ª Turma, julgado em 18/06/2015), as 
sociedades de advogados sempre serão consideradas simples e 
não podem se beneficiar da recuperação judicial. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
35 
 
fiscalização do Comitê, se houver, e do administrador judicial, salvo se 
qualquer deles: 
I – houver sido condenado em sentença penal transitada em julgado por 
crime cometido em recuperação judicial ou falência anteriores ou por crime 
contra o patrimônio, a economia popular ou a ordem econômica previstos na 
legislação vigente; 
II – houver indícios veementes de ter cometido crime previsto nesta Lei; 
III – houver agido com dolo, simulação ou fraude contra os interesses de seus 
credores; 
IV – houver praticado qualquer das seguintes condutas: 
a) efetuar gastos pessoais manifestamente excessivos em relação a sua 
situação patrimonial; 
b) efetuar despesas injustificáveis por sua natureza ou vulto, em relação ao 
capital ou gênero do negócio, ao movimento das operações e a outras 
circunstâncias análogas; 
c) descapitalizar injustificadamente a empresa ou realizar operações 
prejudiciais ao seu funcionamento regular; 
d) simular ou omitir créditos ao apresentar a relação de que trata o inciso III 
do caput do art. 51 desta Lei, sem relevante razão de direito ou amparo de 
decisão judicial; 
V – negar-se a prestar informações solicitadas pelo administrador judicial ou 
pelos demais membros do Comitê; 
VI – tiver seu afastamento previsto no plano de recuperação judicial 
Parágrafo único. Verificada qualquer das hipóteses do caput deste artigo, o 
juiz destituirá o administrador, que será substituído na forma prevista nos atos 
constitutivos do devedor ou do plano de recuperação judicial. 
 
Nessa situação excepcional, o devedor será afastado e substituído não 
pelo administrador judicial antes nomeado pelo Juiz da Vara Empresarial, mas 
por um gestor judicial eleito pela assembleia geral de credores, o qual, este 
sim, na forma do caput do art. 65 da LRF, assumirá a administração das 
atividades empresariais e, por consequência, a representação do devedor em 
Juízo. 
Art. 65. Quando do afastamento do devedor, nas hipóteses previstas no art. 
64 desta Lei, o juiz convocará a assembleia-geral de credores para deliberar 
sobre o nome do gestor judicial que assumirá a administração das atividades 
do devedor, aplicando-se-lhe, no que couber, todas as normas sobre deveres, 
impedimentos e remuneração do administrador judicial. 
 
36 
 
5. Créditos sujeitos à recuperação judicial 
 
O caput do art. 49 da LRF consagra a regra geral a de que são apenas 
os créditos existentes ou já constituídos por ocasião da distribuição do pedido 
de recuperação judicial que a ela se submetem, sejam eles vencidos ou 
vincendos. E salientemos que existência e constituição do crédito são 
conceitos de direito material desvinculados de marcos processuais como o 
ajuizamento da reclamatória trabalhista, o trânsito em julgado da sentença ou a 
sua liquidação. 
Art. 49. Estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos existentes na 
data do pedido, ainda que não vencidos. 
Um crédito existe e é constituído a partir da data de ocorrência do seu 
fato gerador, não obstantesó venha a ser reconhecido por sentença 
posteriormente. Salvo uma ou outra exceção, a decisão judicial condenatória 
somente reconhece o crédito, mas não o constitui. 
Assim é que créditos decorrentes de prestação de trabalho anterior ao 
pedido de recuperação judicial, mas cuja reclamatória trabalhista tenha sido 
ajuizada depois dele, ou mesmo cuja sentença tenha transitado em julgado ou 
sido liquidada após, submetem-se normalmente aos efeitos da recuperação. E 
aqui também se incluem alguns créditos acessórios, como os honorários 
advocatícios de sucumbência e os honorários, emolumentos, etc. dos 
auxiliares do Juízo. 
 
Esta, aliás, é a jurisprudência vinculante do STJ fixada no REsp nº 
1.843.332/RS, julgado em 09/12/2020 (Tema nº 1.051 da tabela de recursos 
repetitivos do STJ), o qual se aplica não somente para os créditos trabalhistas, 
honorários advocatícios, créditos dos auxiliares do Juízo, etc., mas também 
para todos os demais créditos, com origem judicial ou não, que se submetem à 
recuperação judicial. 
Tema Repetitivo nº 1051 do STJ. Para o fim de submissão aos efeitos da 
recuperação judicial, considera-se que a existência do crédito é determinada 
pela data em que ocorreu o seu fato gerador. 
A natureza alimentar dos honorários de advogado foi 
consagrada pela Súmula Vinculante nº 47 do STF e, 
posteriormente, pelo art. 85, §14, do CPC. A 3ª Turma do STJ, 
no REsp nº 1.722.673/SP, julgado em 13/03/2018, já estendeu 
essa mesma natureza aos honorários periciais estipulados em 
ações judiciais. 
https://processo.stj.jus.br/processo/pesquisa/?tipoPesquisa=tipoPesquisaNumeroRegistro&termo=201903100530&totalRegistrosPorPagina=40&aplicacao=processos.ea
https://processo.stj.jus.br/processo/pesquisa/?tipoPesquisa=tipoPesquisaNumeroRegistro&termo=201903100530&totalRegistrosPorPagina=40&aplicacao=processos.ea
https://jurisprudencia.stf.jus.br/pages/search/seq-sumula806/false
https://processo.stj.jus.br/processo/pesquisa/?tipoPesquisa=tipoPesquisaNumeroRegistro&termo=201702192136&totalRegistrosPorPagina=40&aplicacao=processos.ea
37 
 
Dito isso, a conclusão é de que o trabalhador que, ao tempo do pedido 
de recuperação judicial do devedor, não possui créditos líquidos, deve ter em 
mente que pode prosseguir normalmente com sua reclamatória trabalhista, 
pois, como veremos logo adiante, ela não é atingida pela ordem de suspensão 
de ações e execuções dada pelo Juízo da Vara Empresarial quando do 
processamento da recuperação judicial, no modo do art. 52, inciso III, da LRF. 
Art. 52. Estando em termos a documentação exigida no art. 51 desta Lei, o 
juiz deferirá o processamento da recuperação judicial e, no mesmo ato: (...) 
III – ordenará a suspensão de todas as ações ou execuções contra o 
devedor, na forma do art. 6º desta Lei, permanecendo os respectivos autos 
no Juízo onde se processam, ressalvadas as ações previstas nos §§ 1º, 2º e 
7º do art. 6º desta Lei e as relativas a créditos excetuados na forma dos §§ 3º 
e 4º do art. 49 desta Lei; 
 
Outrossim, esse trabalhador pode requerer ao Juiz do Trabalho que 
solicite ao Juízo da Vara Empresarial a reserva dos valores que forem 
estimados como devidos na reclamatória trabalhista até a liquidação do crédito, 
de acordo com o art. 6º, §3º, da LRF, com as finalidades de inclusão na lista ou 
no quadro geral de credores e de garantia de voto na assembleia geral de 
credores. 
Art. 6º. (...) 
§ 1º Terá prosseguimento no Juízo no qual estiver se processando a ação 
que demandar quantia ilíquida. 
§ 2º É permitido pleitear, perante o administrador judicial, habilitação, 
exclusão ou modificação de créditos derivados da relação de trabalho, mas 
as ações de natureza trabalhista, inclusive as impugnações a que se refere o 
art. 8º desta Lei, serão processadas perante a justiça especializada até a 
apuração do respectivo crédito, que será inscrito no quadro-geral de credores 
pelo valor determinado em sentença. 
§ 3º O juiz competente para as ações referidas nos §§ 1º e 2º deste artigo 
poderá determinar a reserva da importância que estimar devida na 
A Orientação Jurisprudencial nº 28, inciso I, da Seção 
Especializada em Execução do TRT da 9ª Região e a Tese 
Jurídica nº 02 do TRT da 12ª Região vão ao encontro desse 
entendimento, fixando que a execução contra a massa falida ou 
empresa em processo de recuperação judicial é de competência 
da Justiça do Trabalho apenas até a fixação dos valores como 
incontroversos e a expedição da certidão de habilitação do 
crédito. 
 
38 
 
recuperação judicial ou na falência, e, uma vez reconhecido líquido o direito, 
será o crédito incluído na classe própria. 
Neste ponto, a atual LRF modificou disposição da antiga legislação 
falimentar, qual seja, o art. 24, §3º do Decreto nº 7.661/45 (revogada, 
inclusive), que previa que era o próprio credor trabalhista que devia 
encaminhar seu pedido de reserva diretamente ao Juízo da Vara Empresarial. 
Na regra atual, tal determinação de reserva deve ser feita pelo Magistrado do 
Trabalho, a requerimento do interessado, mediante a expedição de ofício. 
Todavia, caso as partes não estejam representadas por advogados o 
Magistrado deverá expedir o ofício por sua iniciativa consoante art.878 da CLT. 
Por outro lado, créditos trabalhistas e decorrentes de acidente de 
trabalho constituídos posteriormente ao ajuizamento da recuperação são 
considerados extraconcursais e, além de não se submeterem automaticamente 
às regras de eventual plano de recuperação judicial, seguem sendo 
executados na Justiça do Trabalho, nos autos da reclamatória trabalhista, salvo 
ajuste diverso entre o reclamante e a empresa recuperanda. 
 
Em acréscimo, ainda gozam de privilégio especial em eventual 
falência, na medida em que o art. 67 da LRF os considera extraconcursais 
também neste procedimento, o que significa que serão pagos antes dos 
credores concursais relacionados na ordem hierárquica do art. 83 da LRF, a 
ser examinado mais para a frente. 
Art. 67. Os créditos decorrentes de obrigações contraídas pelo devedor 
durante a recuperação judicial, inclusive aqueles relativos a despesas com 
fornecedores de bens ou serviços e contratos de mútuo, serão considerados 
extraconcursais, em caso de decretação de falência, respeitada, no que 
couber, a ordem estabelecida no art. 83 desta Lei. 
Entretanto, existem problemas extras para os credores 
extraconcursais. A manutenção da competência trabalhista nessas situações 
acarreta prós e contras para a parte reclamante, que precisam ser sopesados 
quando da atuação concreta e que podem ou não levar à conveniência de 
ajuste individual quanto à sua inclusão retardatária no plano de recuperação 
judicial. 
Atenção especial às reclamatórias trabalhistas ajuizadas depois 
da distribuição do pedido de recuperação judicial, pois podem 
conter créditos trabalhistas híbridos, ou seja, créditos que se 
sujeitam à recuperação e créditos que não se sujeitam a ela, 
conforme a sua data de constituição. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del7661.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
39 
 
Por um lado, não há dúvida alguma de que o prosseguimento da 
execução na Justiça do Trabalho entrega ao reclamante titular de crédito 
extraconcursal um arsenal de ferramentas jurídicas voltadas para a sua 
satisfação mais célere, que vão desde a simples penhora online até a 
desconsideração da personalidade jurídica da parte em recuperação judicial. 
Por outro, em face de esta atuação na reclamatória trabalhista por 
vezes atingir bens de capital afetados pela recuperação judicial, não é 
incomum haver conflitos de competência com o Juízo da Vara Empresarial, 
provocando a paralisação das execuções singulares. 
 
Verdade seja dita, tão frequentes eram esses conflitos de competência 
que a lei da reforma recuperacional e falimentar, acompanhando jurisprudência 
firme do STJ (AgRg no CC nº 119.203/SP, julgadoem 26/03/2014), incluiu os 
§§7º-B e 11 no art. 6º da LRF, estabelecendo que o Juiz da Vara Empresarial 
pode obstar certas constrições feitas pela Justiça do Trabalho e, em um juízo 
de menor onerosidade ao devedor, determinar a sua substituição, quando 
recaírem sobre bens de capital essenciais à manutenção da atividade 
empresarial. 
Art. 6º. (...) 
§7º-B. O disposto nos incisos I, II e III do caput deste artigo não se aplica às 
execuções fiscais, admitida, todavia, a competência do Juízo da recuperação 
judicial para determinar a substituição dos atos de constrição que recaiam 
sobre bens de capital essenciais à manutenção da atividade empresarial até 
o encerramento da recuperação judicial, a qual será implementada mediante 
a cooperação jurisdicional, na forma do art. 69 da Lei nº 13.105, de 16 de 
março de 2015 (Código de Processo Civil), observado o disposto no art. 805 
do referido Código. 
§11. O disposto no § 7º-B deste artigo aplica-se, no que couber, às 
execuções fiscais e às execuções de ofício que se enquadrem 
respectivamente nos incisos VII e VIII do caput do art. 114 da Constituição 
Federal, vedados a expedição de certidão de crédito e o arquivamento das 
execuções para efeito de habilitação na recuperação judicial ou na falência. 
Bens de capital, também conhecidos como bens de produção, são 
ativos que as empresas possuem com o objetivo de fabricar bens de consumo 
ou executar serviços para seus clientes. Eles são divididos em matérias-primas 
e nos chamados bens intermediários, estando nesta categoria unidades fabris, 
máquinas, motores e ferramentas de modo geral, caminhões, etc. 
Não é muito fácil se estabelecer aprioristicamente quais são os bens 
de capital essenciais à manutenção da atividade. De maneira conceitual, serão 
incluídos nesta categoria os que, se removidos da empresa, interrompem a 
produção ou inviabilizam o empreendimento. Contudo, como a casuística 
https://processo.stj.jus.br/processo/pesquisa/?tipoPesquisa=tipoPesquisaNumeroRegistro&termo=201102353541&totalRegistrosPorPagina=40&aplicacao=processos.ea
40 
 
guarda muita subjetividade sobre tal conceito e como a decisão final sobre a 
essencialidade de um bem de capital da recuperanda cabe ao Juiz da Vara 
Empresarial, as decisões são variadas e voltadas ao caso concreto. 
Para fechar, vale dizer que, embora originalmente os §§7º-B e 11 do 
art. 6º da LRF tenham sido endereçados às execuções de multas impostas 
pela fiscalização do trabalho e de contribuição previdenciária decorrente de 
condenações trabalhistas, com muita tranquilidade hermenêutica é possível 
dizer que se aplicam analogicamente à execução de créditos extraconcursais. 
 
6. Créditos excluídos da recuperação judicial 
 
Foi examinado no item anterior um primeiro grupo de credores que não 
se submetem à recuperação judicial: aqueles cujos créditos, 
independentemente da sua natureza, foram constituídos depois do dia em que 
o devedor ingressou em Juízo com o pedido de recuperação judicial. Neste 
momento, a lista será complementada com a identificação de outras situações 
de créditos extraconcursais, em especial as mais relevantes para os processos 
trabalhistas. 
 
 
6.1. Crédito fiscal tributário 
6.1.1. Imposto de renda incidente sobre créditos do trabalhador 
 
Por força do art. 187 do Código Tributário Nacional (CTN), sabemos 
que o crédito fiscal em geral não se sujeita à habilitação em recuperação 
judicial. Essa mesma norma, embora com diferente dicção, vem repetida no 
art. 5º da Lei nº 6.830/80 e no art. 6º, §7º-B da LRF, que estabelecem que a 
Como a sujeição de um crédito à recuperação judicial depende 
da data da sua constituição, é necessário saber qual é o 
momento de constituição dos honorários advocatícios de 
sucumbência e periciais. Quanto aos advocatícios, o art. 85 do 
CPC deixa claro que eles se constituem no momento da sua 
fixação, ou seja, na sentença. Pensamos que o mesmo caminho 
seguem os honorários periciais. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5172compilado.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
41 
 
suspensão das ações e execuções decorrentes da decisão que defere o 
processamento da recuperação judicial não atinge as execuções fiscais. 
Art. 5º. A competência para processar e julgar a execução da Dívida Ativa da 
Fazenda Pública exclui a de qualquer outro Juízo, inclusive o da falência, da 
concordata, da liquidação, da insolvência ou do inventário. 
A dúvida neste tópico é saber se o imposto de renda incidente sobre os 
créditos tributáveis do trabalhador reconhecidos em reclamatória trabalhista 
pode ou não ser enquadrado na exceção acima e, por conseguinte, ser 
excluído da recuperação judicial. Além disso, em sendo a resposta positiva, 
saber então se a sua execução prosseguiria na Justiça do Trabalho, nos 
próprios autos da ação, ou se seria dirigida para a Justiça Federal, mediante 
prévia expedição de certidão de crédito, lançamento de dívida ativa e ingresso 
de ação própria pela Fazenda Pública. 
A resposta deve ser iniciada pelo final, pois, embora até pareça 
engenhoso entender pelo prosseguimento da execução nos próprios autos da 
reclamatória trabalhista, por conta da natureza fiscal tributária do imposto de 
renda, esta talvez seja a solução hermeneuticamente menos adequada. 
O ponto é que há uma óbvia relação de interdependência e 
acessoriedade entre o pagamento do crédito trabalhista e o imposto de renda, 
pelo que, a despeito de o tributo já estar previamente calculado na reclamatória 
trabalhista, seu fato gerador efetivamente ocorrerá quando houver a aquisição 
de disponibilidade econômica de renda, nos termos do art. 43 do CTN. 
Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de 
qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade 
econômica ou jurídica: 
I - de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da 
combinação de ambos; 
Em outras palavras, um ponto é a apuração dos valores devidos a 
título de imposto de renda sobre os rendimentos pagos em cumprimento de 
decisão judicial e recebidos acumuladamente, que deve observar o regime de 
caixa híbrido fixado no art. 12-A da Lei nº 7.713/88, mediante a utilização de 
tabela progressiva, conforme nos explica a Súmula nº 368, inciso VI, do TST. 
Outro ponto é a ocorrência do seu fato gerador, que só se configura na medida 
em que os rendimentos forem percebidos. 
Súmula nº 368 do TST. (...) VI – O imposto de renda decorrente de crédito do 
empregado recebido acumuladamente deve ser calculado sobre o montante 
dos rendimentos pagos, mediante a utilização de tabela progressiva 
resultante da multiplicação da quantidade de meses a que se refiram os 
rendimentos pelos valores constantes da tabela progressiva mensal 
correspondente ao mês do recebimento ou crédito, nos termos do art. 12-A 
da Lei nº 7.713, de 22/12/1988, com a redação conferida pela Lei nº 
42 
 
13.149/2015, observado o procedimento previsto nas Instruções Normativas 
da Receita Federal do Brasil. 
Sujeitar o crédito trabalhista principal à recuperação judicial e 
prosseguir na Justiça do Trabalho com a execução do imposto de renda 
acessório criaria, além de problemas quanto à inexigibilidade desta parcela 
antes do recebimento daquela, uma verdadeira incoerência sistêmica, a qual 
aparece também e pelos mesmos motivos na segunda opção de resposta ao 
problema, a de expedição de certidão de crédito, lançamento de dívida ativa e 
ingresso de ação própria pela Fazenda Pública, na Justiça Federal. 
Por isso, pondera-se que a opção mais adequada para o imposto de 
renda incidente sobre os créditos tributáveis do trabalhador reconhecidos em 
Juízo é a sua submissão ao Juízo da recuperação judicial, acompanhado do 
crédito principal, para que também se atenda o art. 46 da Lei nº 8.541/92, que 
positiva que o imposto de renda incidente sobre rendimentos pagos em 
cumprimentode decisão judicial será retido na fonte pela pessoa física ou 
jurídica obrigada ao pagamento, no momento em que o rendimento se torne 
disponível para o beneficiário. 
Art. 46. O imposto sobre a renda incidente sobre os rendimentos pagos em 
cumprimento de decisão judicial será retido na fonte pela pessoa física ou 
jurídica obrigada ao pagamento, no momento em que, por qualquer forma, o 
rendimento se torne disponível para o beneficiário. 
Disso resulta, que o melhor procedimento quando da expedição de 
certidão de crédito ao trabalhador é nela informar tanto o crédito bruto, quanto 
o crédito líquido que forem apurados em liquidação de sentença, com ordem 
de retenção e recolhimento do imposto de renda pela recuperanda quando 
efetivamente ocorrerem os pagamentos perante o Juízo da Vara Empresarial. 
O tema será retomado adiante. 
 
6.1.2. Contribuição previdenciária decorrente de condenação 
trabalhista 
 
A despeito de o art. 51 da Lei nº 8.212/91 positivar de longa data que 
as contribuições previdenciárias são equiparadas ao crédito fiscal tributário e 
que, consequentemente, não se sujeitam à recuperação judicial, e da 
jurisprudência do STJ favorável ao prosseguimento das execuções do crédito 
previdenciário na Justiça do Trabalho (CC nº 107.213/SP, julgado em 
30/09/2009), a verdade é que não é tão difícil encontrar atos processuais ou 
mesmo jurisprudência rejeitando o prosseguimento da execução na 
Especializada. Isto ocorre, em especial, pelos potenciais, ou melhor, inevitáveis 
conflitos de competência com o Juízo da Vara Empresarial na fase de 
https://processo.stj.jus.br/processo/pesquisa/?src=1.1.3&aplicacao=processos.ea&tipoPesquisa=tipoPesquisaGenerica&num_registro=200901653706
43 
 
constrição e alienação de bens (AgRg no CC nº 122.412/RJ, julgado em 
16/10/2013). 
Art. 51. O crédito relativo a contribuições, cotas e respectivos adicionais ou 
acréscimos de qualquer natureza arrecadados pelos órgãos competentes, 
bem como a atualização monetária e os juros de mora, estão sujeitos, nos 
processos de falência, concordata ou concurso de credores, às disposições 
atinentes aos créditos da União, aos quais são equiparados. 
Assim, expedia-se a certidão de crédito previdenciário e o 
arquivamento, mesmo que provisório, da reclamatória trabalhista. Entretanto, a 
recente lei da reforma recuperacional e falimentar passou a proibir 
expressamente este procedimento. 
A Lei nº 14.112/20 incluiu o §11 no art. 6º da LRF, que estipula que a 
execução de ofício da contribuição previdenciária decorrente de condenação 
trabalhista não se suspende pelo deferimento da recuperação judicial e que 
deve prosseguir nos próprios autos da reclamatória trabalhista, vedados a 
expedição de certidão de crédito e o arquivamento das execuções para efeito 
de habilitação na recuperação judicial. 
Art. 6º. (...) 
§11. O disposto no § 7º-B deste artigo aplica-se, no que couber, às 
execuções fiscais e às execuções de ofício que se enquadrem 
respectivamente nos incisos VII e VIII do caput do art. 114 da Constituição 
Federal, vedados a expedição de certidão de crédito e o arquivamento das 
execuções para efeito de habilitação na recuperação judicial ou na falência. 
 
 
Além disso, como foi visto no tópico dos credores sujeitos à 
recuperação, tal dispositivo faz remissão ao art. 6º, §7º-B, da LRF, fixando que, 
em que pese a Justiça do Trabalho prosseguir com a competência material 
para a execução da contribuição previdenciária decorrente de condenação 
trabalhista, o Juiz da Vara Empresarial pode obstar certas constrições feitas 
pela Especializada e, em um juízo de menor onerosidade ao devedor, 
determinar a sua substituição, quando recaírem sobre bens de capital 
essenciais à manutenção da atividade empresarial. 
Com isso, caem em definitivo entendimentos, como o da 
Orientação Jurisprudencial nº 50 da Seção Especializada em 
Execução do TRT da 4ª Região, que concluíam pela inviabilidade 
do prosseguimento do processo de execução trabalhista para 
cobrança da parcela acessória da contribuição previdenciária de 
empresa sujeita a processo falimentar ou recuperação judicial. 
https://processo.stj.jus.br/processo/pesquisa/?tipoPesquisa=tipoPesquisaNumeroRegistro&termo=201200918305&totalRegistrosPorPagina=40&aplicacao=processos.ea
44 
 
Art. 6º. (...) 
§7º-B. O disposto nos incisos I, II e III do caput deste artigo não se aplica às 
execuções fiscais, admitida, todavia, a competência do Juízo da recuperação 
judicial para determinar a substituição dos atos de constrição que recaiam 
sobre bens de capital essenciais à manutenção da atividade empresarial até 
o encerramento da recuperação judicial, a qual será implementada mediante 
a cooperação jurisdicional, na forma do art. 69 da Lei nº 13.105, de 16 de 
março de 2015 (Código de Processo Civil), observado o disposto no art. 805 
do referido Código. 
Logo, não há alternativa que não seja o prosseguimento da execução 
desses créditos na Justiça do Trabalho, com a sugestão de que, à luz do art. 
6º, §7º-B, da LRF, sejam buscadas soluções cooperativas e em diálogo com o 
Juiz da Vara Empresarial por meio dos acordos de cooperação previstos no art. 
69 do Código de Processo Civil. 
 
 
 
O novo art. 68 da LRF garantiu melhores prazos para 
parcelamento dos créditos fiscais tributários para empresas em 
recuperação judicial. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm
https://youtu.be/lNy0QH-7QQY?t=5760
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
45 
 
6.2. Crédito fiscal não tributário 
 
6.2.1. Custas processuais 
 
Crédito de natureza fiscal não é sinônimo de crédito com origem 
tributária. Esses conceitos guardam entre si uma relação de continente para 
conteúdo, posto que, ademais dos tributos, outras prestações devidas à 
Fazenda Pública e descoladas do conceito previsto no art. 3º do CTN também 
são entendidas como crédito fiscal. 
O art. 39, §2º, da Lei nº 4.320/64 traz alguns exemplos de crédito fiscal 
não tributário, elencando como tais empréstimos compulsórios, preços de 
serviços públicos, indenizações, foros, laudêmios, alugueis, taxas de ocupação 
e, no que mais nos interessa aqui, as custas processuais. 
Art. 39. (...) 
§2º. Dívida Ativa Tributária é o crédito da Fazenda Pública dessa natureza, 
proveniente de obrigação legal relativa a tributos e respectivos adicionais e 
multas, e Dívida Ativa não Tributária são os demais créditos da Fazenda 
Pública, tais como os provenientes de empréstimos compulsórios, 
contribuições estabelecidas em lei, multa de qualquer origem ou natureza, 
exceto as tributárias, foros, laudêmios, alugueis ou taxas de ocupação, custas 
processuais, preços de serviços prestados por estabelecimentos públicos, 
indenizações, reposições, restituições, alcances dos responsáveis 
definitivamente julgados, bem assim os créditos decorrentes de obrigações 
em moeda estrangeira, de sub-rogação de hipoteca, fiança, aval ou outra 
garantia, de contratos em geral ou de outras obrigações legais. 
Custas processuais, por conseguinte, são espécie de crédito fiscal não 
tributário e devem ser analisadas de forma apartada porque a solução a ser 
dada a elas na recuperação judicial é diferente daquela referente ao imposto 
de renda incidente sobre os créditos tributáveis do trabalhador. 
E assim se diz porque, para as custas processuais de reclamatórias 
trabalhistas, avalia-se que o melhor caminho é o da exegese direta do art. 5º 
da Lei nº 6.830/80 e do art. 6º, §7º-B da LRF, que estabelecem que todo o 
crédito fiscal, independentemente da sua origem tributária ou não, não se 
sujeita à recuperação judicial. 
Essa tese preliminar conduz a duas possibilidades. 
A primeira é a do prosseguimento da execução na Justiça do Trabalho, 
nos próprios autos da reclamatória trabalhista e a segunda é a da expedição decertidão de crédito à Fazenda Pública, para lançamento de dívida ativa e 
ingresso de ação própria na Justiça Federal. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5172compilado.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6830.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
46 
 
Embora a adoção de imediato da segunda conclusão possa ser 
pensada a princípio, não há muito sentido prático e jurídico por três razões. 
Razão 1: a Justiça do Trabalho tem competência material para 
executar as custas processuais decorrentes das ações que nela tramitam nos 
próprios autos destas, não exigindo o art. 6º, §7º-B, ou qualquer outro da LRF, 
para que se opere a exclusão de crédito fiscal da recuperação judicial, que se 
esteja no cenário de uma ação de execução fiscal típica, aquela baseada em 
certidão de dívida ativa em que a Fazenda Pública é a autora. 
Como a segregação do crédito fiscal da recuperação é regra de direito 
material, irrelevante a natureza da ação onde ele esteja sendo executado, se 
reclamatória trabalhista ou execução fiscal típica, pois, quanto às custas 
processuais, nenhuma delas sofre os efeitos dos três incisos do caput do art. 
6º da LRF. 
Razão 2: como as custas processuais são crédito fiscal previamente 
lançado de ofício pelos Juízes do Trabalho, a expedição de certidão de crédito 
à Fazenda Pública também ocasionaria um segundo e desnecessário 
lançamento e, pior, com inscrição em dívida ativa condicionada à consolidação 
de valores de, no mínimo, mil reais, conforme art. 1º, inciso I, da Portaria nº 
75/12, do Ministério da Fazenda. 
O Ministro de Estado da Fazenda, no uso da atribuição que lhe confere o 
parágrafo único, inciso II, do art. 87 da Constituição da República Federativa 
do Brasil e tendo em vista o disposto (...), resolve: 
Art. 1º Determinar: 
I - a não inscrição na Dívida Ativa da União de débito de um mesmo devedor 
com a Fazenda Nacional de valor consolidado igual ou inferior a R$ 1.000,00 
(mil reais); 
Razão 3: é que não há sequer grande benefício estatístico em 
proceder na expedição de certidão de crédito à Fazenda Pública, visto que, 
desde 19 de dezembro de 2019, o art. 114 da Consolidação de Provimentos da 
Corregedoria Geral da Justiça do Trabalho veda o arquivamento definitivo de 
ações com certidões de crédito expedidas, devendo elas serem suspensas e 
arquivadas provisoriamente. 
Art. 114. Os juízes do trabalho manterão os processos em arquivo provisório 
até o encerramento da Recuperação Judicial ou da falência que ela 
eventualmente tenha sido convolada (artigo 156 e seguintes da Lei n.º 
11.101/2005). 
Assim, em especial nas ações que também contemplam contribuição 
previdenciária decorrente de condenações trabalhistas, em relação a qual está 
vedada a expedição de certidão de crédito, a solução mais razoável é a do 
prosseguimento da execução das custas processuais na Justiça do Trabalho, 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
47 
 
nos próprios autos da reclamatória trabalhista, o que, a propósito, é admitido 
pela Jurisprudência do STJ, conforme CC nº 116.594/GO, julgado em 
19/03/2012. 
 
 
6.2.2. Multas impostas pela fiscalização do trabalho 
 
Tudo o quanto foi dito acima sobre o prosseguimento da execução da 
contribuição previdenciária também vale para as ações e execuções relativas 
às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de 
fiscalização das relações de trabalho, pois o art. 6º, §11, da LRF dá o mesmo 
tratamento a este tipo de crédito fiscal não tributário. 
Em resumo, a execução das multas administrativas não se suspende 
pelo deferimento da recuperação judicial e deve prosseguir nos próprios autos 
da ação de execução fiscal que tramita na Justiça do Trabalho, vedada a 
expedição de certidão de crédito e o seu arquivamento. 
 
6.3. Outros créditos 
 
Primeiro, o art. 5º da LRF prevê que não podem ser demandados na 
recuperação judicial os créditos decorrentes de obrigações a título gratuito, 
vale dizer, os decorrentes de negócios jurídicos unilaterais, como eventual 
fiança, aval, hipoteca ou penhor prestados gratuitamente a terceiro pela 
recuperanda. 
Segundo, esse mesmo dispositivo legal veta a inclusão na recuperação 
de despesas que os credores fizerem para tomar parte nela, salvo as despesas 
judiciais decorrentes de litígio com o devedor necessário para reconhecer seu 
crédito. Assim sendo, os honorários advocatícios de sucumbência decorrentes 
de reclamatória trabalhista ajuizada para reconhecer créditos do trabalhador 
estão incluídos no processo de recuperação judicial. Honorários advocatícios 
contratados, por outro lado, não estão incluídos. 
Embora o art. 899, §10, da CLT isente as empresas em 
recuperação judicial do depósito recursal, elas devem 
comprovar o recolhimento de custas para recorrer, na forma da 
Súmula nº 86 do TST. 
https://processo.stj.jus.br/processo/pesquisa/?tipoPesquisa=tipoPesquisaNumeroRegistro&termo=201100734010&totalRegistrosPorPagina=40&aplicacao=processos.ea
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm
https://www3.tst.jus.br/jurisprudencia/Sumulas_com_indice/Sumulas_Ind_51_100.html#SUM-86
48 
 
Art. 5º Não são exigíveis do devedor, na recuperação judicial ou na falência: 
I – as obrigações a título gratuito; 
II – as despesas que os credores fizerem para tomar parte na recuperação 
judicial ou na falência, salvo as custas judiciais decorrentes de litígio com o 
devedor. 
Terceiro, o art. 49, §3º, da LRF ainda exclui da recuperação judicial um 
significativo número de créditos garantidos pela entrega do direito resolúvel de 
propriedade dos bens do devedor ao credor. Aqui estão elencados os créditos 
do proprietário fiduciário de bens móveis ou imóveis e os do arrendador 
mercantil, modalidades contratuais normalmente utilizadas em empréstimos e 
financiamentos bancários. 
Art. 49. (...) 
§3º Tratando-se de credor titular da posição de proprietário fiduciário de bens 
móveis ou imóveis, de arrendador mercantil, de proprietário ou promitente 
vendedor de imóvel cujos respectivos contratos contenham cláusula de 
irrevogabilidade ou irretratabilidade, inclusive em incorporações imobiliárias, 
ou de proprietário em contrato de venda com reserva de domínio, seu crédito 
não se submeterá aos efeitos da recuperação judicial e prevalecerão os 
direitos de propriedade sobre a coisa e as condições contratuais, observada a 
legislação respectiva, não se permitindo, contudo, durante o prazo de 
suspensão a que se refere o § 4º do art. 6º desta Lei, a venda ou a retirada 
do estabelecimento do devedor dos bens de capital essenciais a sua 
atividade empresarial. 
Sem embargo, não é demais memorar que a exclusão desses créditos 
da recuperação judicial só ocorre em relação ao bem sobre o qual foi 
transferida a propriedade. 
Em outras palavras, o que se garante ao credor é o direito de retomada 
do móvel ou imóvel para fins de liquidação de créditos não adimplidos pela 
recuperanda, mas não a possibilidade de promover execução extraconcursal 
de eventual saldo devedor não coberto pelo bem alienado fiduciariamente. 
Eventual crédito remanescente se sujeita aos efeitos da recuperação judicial 
como quirografário, caso não possua outra garantia. 
Quarto, o art. 49, §3º, da LRF também isola da recuperação judicial os 
créditos do proprietário de imóvel vendido para a recuperanda, esteja ele na 
condição de promitente vendedor ou de vendedor com reserva de domínio, 
inclusive em incorporações imobiliárias, desde que os contratos contenham 
cláusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade. 
De novo, o que se garante é o direito à propriedade de bens de credor, 
os quais não integram o patrimônioda recuperanda. Como consequência, aqui 
também a exclusão está ligada exclusivamente ao direito de retomada, sendo 
49 
 
que eventual crédito excedente se sujeita aos efeitos da recuperação judicial 
como quirografário, caso não possua outra garantia. 
Nas duas situações acima descritas, o art. 49, §3º, da LRF ainda 
determina que, caso o bem alienado fiduciariamente, arrendado ou vendido à 
recuperanda seja bem de capital imprescindível à manutenção da atividade 
empresarial, não poderá ser retomado ou retirado do seu estabelecimento 
durante o chamado stay period, o período de suspensão das ações e 
execuções, que será abordado adiante. 
A quinta espécie de crédito é a prevista no art. 49, §4º, e art. 86, inciso 
II, ambos da LRF. São os valores entregues ao devedor em decorrência de 
adiantamento de contrato de câmbio para exportação. 
Art. 49. (...) 
§4º Não se sujeitará aos efeitos da recuperação judicial a importância a que 
se refere o inciso II do art. 86 desta Lei. 
Art. 86. Proceder-se-á à restituição em dinheiro: (...) 
II – da importância entregue ao devedor, em moeda corrente nacional, 
decorrente de adiantamento a contrato de câmbio para exportação, na forma 
do art. 75, §§ 3º e 4º, da Lei nº 4.728, de 14 de julho de 1965, desde que o 
prazo total da operação, inclusive eventuais prorrogações, não exceda o 
previsto nas normas específicas da autoridade competente; 
Na exportação de mercadorias, o exportador precisa se socorrer de um 
contrato de câmbio para internalizar os recursos recebidos ela exportação. 
Para que não fique sem capital de giro enquanto a exportação não é paga, é 
possível celebrar com uma instituição financeira um adiantamento desse 
contrato de câmbio, com características próprias de empréstimo bancário, sem 
que, todavia, o montante emprestado integre juridicamente o patrimônio do 
devedor, segundo jurisprudência do STJ (CC nº 108.536/SP, julgado em 
18/12/2009). 
Mais uma vez, é a proteção ao sistema financeiro o bem jurídico 
tutelado: a exclusão desse tipo de crédito da recuperação judicial reduz para os 
bancos os riscos do inadimplemento do contrato e, por consequência, estes 
teoricamente diminuem o spread dos juros e acabam fomentando a 
exportação. 
Em sexto lugar, elenca-se duas categorias de créditos concedidos para 
o produtor rural que foram introduzidos pelos §§6º a 9º do art. 49 da LRF. 
Referidos parágrafos excluem da recuperação judicial o crédito concedido para 
aquisição de propriedades rurais nos três anos imediatamente anteriores ao 
pedido de recuperação e os empréstimos rurais oficiais que já tiverem sido 
https://processo.stj.jus.br/processo/pesquisa/?tipoPesquisa=tipoPesquisaNumeroRegistro&termo=200902088617&totalRegistrosPorPagina=40&aplicacao=processos.ea
50 
 
objeto de renegociação entre a instituição financeira e o produtor rural antes da 
recuperação. 
Art. 49. (...) 
§6º Nas hipóteses de que tratam os §§ 2º e 3º do art. 48 desta Lei, somente 
estarão sujeitos à recuperação judicial os créditos que decorram 
exclusivamente da atividade rural e estejam discriminados nos documentos a 
que se referem os citados parágrafos, ainda que não vencidos. 
 §7º Não se sujeitarão aos efeitos da recuperação judicial os recursos 
controlados e abrangidos nos termos dos arts. 14 e 21 da Lei nº 4.829, de 5 
de novembro de 1965. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) 
§8º Estarão sujeitos à recuperação judicial os recursos de que trata o § 7º 
deste artigo que não tenham sido objeto de renegociação entre o devedor e a 
instituição financeira antes do pedido de recuperação judicial, na forma de ato 
do Poder Executivo. 
§9º Não se enquadrará nos créditos referidos no caput deste artigo aquele 
relativo à dívida constituída nos 3 (três) últimos anos anteriores ao pedido de 
recuperação judicial, que tenha sido contraída com a finalidade de aquisição 
de propriedades rurais, bem como as respectivas garantias. 
Na exclusão dos empréstimos para a aquisição de propriedades rurais, 
novamente buscou-se evitar a majoração do risco de crédito e propiciar a 
diminuição dos juros ao produtor rural. Na retirada dos empréstimos rurais 
renegociados, a explicação oficial foi de assegurar que a instituição financeira 
que já aceitou a repactuação do seu crédito não seja submetida a uma nova 
negociação, agora coletiva, na recuperação judicial. 
Finaliza-se a listagem meramente exemplificativa com a hipótese 
prevista no art. 6º, §13, da LRF: não se sujeitam à recuperação judicial os 
créditos decorrentes dos atos cooperativos praticados pelas sociedades 
cooperativas com seus associados. 
Art. 6º. (...) 
§13. Não se sujeitam aos efeitos da recuperação judicial os contratos e 
obrigações decorrentes dos atos cooperativos praticados pelas sociedades 
cooperativas com seus cooperados, na forma do art. 79 da Lei nº 5.764, de 
16 de dezembro de 1971, consequentemente, não se aplicando a vedação 
contida no inciso II do art. 2º quando a sociedade operadora de plano de 
assistência à saúde for cooperativa médica. 
O chamado ato cooperativo, que está conceituado no caput do art. 79 
da Lei nº 5.764/71 pode ser qualquer ato entre a cooperativa e seus 
cooperados que for destinado à consecução dos objetivos sociais daquela, o 
que inclui, por exemplo, os contratos de empréstimo a estes. 
51 
 
Art. 79. Denominam-se atos cooperativos os praticados entre as cooperativas 
e seus associados, entre estes e aquelas e pelas cooperativas entre si 
quando associados, para a consecução dos objetivos sociais. 
Portanto, a exclusão de crédito decorrente de empréstimo a associado 
objetiva proteger a saúde financeira da cooperativa, pois, ainda que esta não 
esteja autorizada a requerer recuperação judicial, os seus associados, se 
detiverem a condição de empresários ou sociedades empresárias, estão. 
Assim, caso algum cooperado peça recuperação judicial, não poderá nela 
incluir crédito devido a cooperativa, independentemente da sua natureza. 
Com o término da exposição dessas sete categorias, acredita-se ter 
cumprido o objetivo de apresentar, de jeito simplificado, as principais exclusões 
da recuperação judicial de créditos não ligados a pessoa do trabalhador ou às 
reclamatórias trabalhistas, incluindo algumas novidades da lei da reforma 
recuperacional e falimentar. 
Não obstante, é preciso ressaltarmos que ainda existem diversos 
outros créditos que, total ou parcialmente, também gozam da prerrogativa de 
blindagem recuperacional. Como, todavia, nenhum deles faz parte da nossa 
realidade trabalhista e, mais, alguns se encontram sujeitos a divergência 
jurisprudencial, opta-se por não os arrolar aqui face às especificidades, 
inclusive regionais. 
 
Resumo da Aula 1 
 
 
 
Nesta aula, viu-se que as execuções concursais existem tanto no 
âmbito da Justiça do Trabalho, quanto no domínio de outros ramos do Poder 
Judiciário, tendo entre si como ponto comum a orientação por um mesmo 
grupo de princípios. Analisou-se o PRE, bem como as figuras constitutivas 
REEF, PEPT e ECE consoante Consolidação dos Provimentos da 
Corregedoria Geral da Justiça do Trabalho. 
Averiguou-se ainda que aquelas que pertencem à competência 
material da Justiça do Trabalho podem se tornar um importante instrumento de 
52 
 
gerenciamento de execuções, com economia e racionalidade de atos 
processuais, além de segurança jurídica para as partes envolvidas. 
Também iniciou-se o estudo da recuperação judicial, com o 
apontamento do seu objetivo, beneficiários e a identificação dos créditos 
sujeitos a esse procedimento. 
Descobriu-se que o marco que define tal sujeição é a distribuição do 
pedido de recuperação e que por créditos constituídos até data deve-se 
entender aqueles cujos fatos geradores tenham ocorrido até então, o que, no 
caso dos créditos trabalhistas, é representado pela data da prestação de 
serviço. 
Em face disso, evidenciou-se que é possível que tenha-se, em numa 
mesma ação,créditos trabalhistas submetidos e não submetidos à 
recuperação judicial, o que gerará implicações no momento de se emitir 
certidões de crédito ou de se prosseguir a execução nos próprios autos da 
reclamatória. 
Além do mais, apurou-se que existem certos créditos que 
frequentemente estão presentes nas ações trabalhistas que jamais irão se 
submeter à recuperação judicial e que não sofrem seus efeitos, como a 
contribuição previdenciária e as custas processuais, além das multas impostas 
pela fiscalização do trabalho. 
Na próxima aula, dentre outros temas, será analisada a execução 
trabalhista e os créditos aqui estudados. 
Esperamos todos lá! 
 
53 
 
AULA 2 
Recuperação Judicial – Parte II (Pedido e 
Processamento da Recuperação Judicial) 
 
7. O pedido e o processamento da recuperação 
judicial 
 
7.1. Efeitos do processamento 
 
Uma vez distribuída a petição inicial da recuperação judicial e estando 
atendidos todos os requisitos específicos que o art. 51 da LRF exige para esta 
peça, inclusive a comprovação da “crise de insolvência, caracterizada pela 
insuficiência de recursos financeiros ou patrimoniais com liquidez suficiente 
para saldar suas dívidas.”, o Juiz da Vara Empresarial deferirá o 
processamento da recuperação do devedor (art. 52 da LRF) . 
A decisão interlocutória que defere o processamento da recuperação 
judicial vem acompanhada de uma série de efeitos jurídicos e determinações 
obrigatórias arroladas no art. 6º e art. 52 da LRF, dentre os quais os mais 
relevantes para a Justiça do Trabalho são a suspensão das execuções, 
incluindo suas medidas constritivas, promovidas por esses mesmos credores e 
a suspensão da fluência do prazo prescricional em face dos credores 
impactados pela recuperação judicial. 
Os dois efeitos serão agora examinados. 
 
 
A suspensão das execuções só irá ocorrer quando da decisão 
que deferir o processamento da recuperação judicial, não sendo 
um efeito do simples ajuizamento da ação. Todavia, estando 
presentes os requisitos da tutela provisória de urgência, o art. 
6º, §12 da LRF autoriza que o Juiz da Vara Empresarial antecipe 
os efeitos do seu processamento. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
54 
 
7.1.1. Suspensão das execuções e medidas constritivas 
 
De acordo com o art. 6º, inciso II, e com o art. 52, inciso III, da LRF, o 
deferimento do processamento da recuperação judicial implica, no tocante aos 
créditos a ela submetidos, na suspensão das execuções que tramitam contra o 
devedor, a qual deverá ser comunicada por ele próprio aos Juízos em que ditas 
demandas se encontram, por força do art. 52, §3º, da LRF. 
Art. 6º. A decretação da falência ou o deferimento do processamento da 
recuperação judicial implica: (...) 
II - suspensão das execuções ajuizadas contra o devedor, inclusive daquelas 
dos credores particulares do sócio solidário, relativas a créditos ou obrigações 
sujeitos à recuperação judicial ou à falência; (...) 
Art. 52. Estando em termos a documentação exigida no art. 51 desta Lei, o 
juiz deferirá o processamento da recuperação judicial e, no mesmo ato: (...) 
III – ordenará a suspensão de todas as ações ou execuções contra o 
devedor, na forma do art. 6º desta Lei, permanecendo os respectivos autos 
no Juízo onde se processam, ressalvadas as ações previstas nos §§ 1º , 2º e 
7º do art. 6º desta Lei e as relativas a créditos excetuados na forma dos §§ 3º 
e 4º do art. 49 desta Lei; 
Outrossim, como consequência da suspensão das execuções, o art. 6º, 
inciso III, da LRF, estabelece, em relação a esses mesmos créditos, a 
proibição de qualquer meio de retenção, arresto, penhora, sequestro, busca e 
apreensão e constrição sobre os bens do devedor. 
Art. 6º. (...) 
III - proibição de qualquer forma de retenção, arresto, penhora, sequestro, 
busca e apreensão e constrição judicial ou extrajudicial sobre os bens do 
devedor, oriunda de demandas judiciais ou extrajudiciais cujos créditos ou 
obrigações sujeitem-se à recuperação judicial ou à falência. 
Note-se aqui que, embora duras, especialmente para as pessoas 
trabalhadoras, ditas regras de paralisação das execuções singulares são 
motivadas pela tentativa de se criar um ambiente institucional e adequado para 
a negociação entre as pessoas credoras e a pessoa do devedor. 
Não fosse a suspensão das execuções, muito provavelmente haveria 
uma corrida judicial desenfreada das pessoas credoras sujeitas à recuperação 
judicial pelo patrimônio do devedor, com a expropriação o mais rápido possível 
de bens que podem ser imprescindíveis para a reestruturação da atividade e a 
saída da crise econômico-financeira pela qual passa a empresa, e sem 
interesse algum na busca da melhor solução comum a todos. 
55 
 
Em resumo, ao impor moratória legal aos credores e trancar medidas 
judiciais de constrição patrimonial, o Juiz da Vara Empresarial protege de modo 
temporário a empresa em crise, permite ao devedor uma certa reorganização 
negocial e obriga certos credores a ingressarem em processo concursal para 
negociar coletivamente com aquele a melhor alternativa para a satisfação dos 
seus créditos. 
A suspensão das execuções e medidas constritivas é conhecida no 
meio recuperacional como stay period e, na redação original do art. 6º, §4º, 
da LRF, em hipótese nenhuma deveria exceder o prazo improrrogável de cento 
e oitenta dias corridos, contado do deferimento do processamento da 
recuperação, findo o qual se retomava o direito dos credores de prosseguir 
com suas execuções singulares, independentemente de pronunciamento do 
Juízo da Vara Empresarial. 
 
A despeito da expressa disposição legal, o prazo revelou-se curto na 
prática e a jurisprudência do STJ consolidou-se no sentido de prorrogar a 
suspensão sempre que a demora na negociação do plano de recuperação 
judicial não pudesse ser imputada à empresa recuperanda (AgIntAgr no REsp 
nº 443.665/RS, julgado em 15/09/2016), como ocorre na demora de 
publicação de editais pelo cartório, no atraso da apresentação da lista de 
credores pelo administrador judicial, em suspensões reiteradas das sessões da 
assembleia geral de credores, etc. 
De outra parte, na jurisprudência trabalhista chegou a se formar algum 
entendimento quanto à possibilidade de retomada automática da execução na 
reclamatória singular quando do término desse prazo, o que podemos ver na 
Tese Jurídica Prevalecente nº 9 do TRT da 3ª Região. 
Tese Jurídica Prevalecente nº 9 do TRT da 3ª Região. Recuperação judicial. 
Ultrapassagem do prazo de 180 dias. Efeitos. Ultrapassado o prazo de 
suspensão de 180 dias previsto no § 4º do art. 6º da Lei n. 11.101/2005, 
restabelece-se para o credor o direito de prosseguir na execução na Justiça 
do Trabalho, ainda que o crédito trabalhista já esteja inscrito no quadro geral 
de credores. (Oriunda do julgamento do IUJ suscitado nos autos do processo 
AP 0010557-26.2014.5.03.0041. RA 103/2016, disponibilização: DEJT/TRT-
MG/Cad. Jud. 19, 20 e 23/05/2016) 
Ao fim, o entendimento jurisprudencial firmado na tese prevalecente n. 
9 está superado face a da reforma recuperacional e falimentar, que modificou o 
De acordo com a jurisprudência do STJ (REsp nº 1.698.283/GO, 
julgado em 21/05/2019), o prazo de suspensão, assim como os 
demais prazos da LRF, deve ser sempre contado em dias 
corridos, e não em dias úteis. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
https://processo.stj.jus.br/processo/pesquisa/?tipoPesquisa=tipoPesquisaNumeroRegistro&termo=201303995500&totalRegistrosPorPagina=40&aplicacao=processos.ea
https://processo.stj.jus.br/processo/pesquisa/?tipoPesquisa=tipoPesquisaNumeroRegistro&termo=201303995500&totalRegistrosPorPagina=40&aplicacao=processos.eahttps://processo.stj.jus.br/processo/pesquisa/?tipoPesquisa=tipoPesquisaNumeroRegistro&termo=201702350663&totalRegistrosPorPagina=40&aplicacao=processos.ea
56 
 
art. 6º, §4º, da LRF. O dispositivo agora, além de não contar mais com as 
expressões peremptórias de impossibilidade de dilação dos cento e oitenta 
dias, passou a autorizar uma única prorrogação desse prazo por outros cento e 
oitenta, desde que o devedor não haja concorrido com a superação do lapso 
temporal inicial. 
Art. 6º. (...) 
§4º Na recuperação judicial, as suspensões e a proibição de que tratam os 
incisos I, II e III do caput deste artigo perdurarão pelo prazo de 180 (cento e 
oitenta) dias, contado do deferimento do processamento da recuperação, 
prorrogável por igual período, uma única vez, em caráter excepcional, desde 
que o devedor não haja concorrido com a superação do lapso temporal. 
 
 
Dentro desse interregno de até trezentos e sessenta dias, além das 
providências do art. 52 da LRF e da formação da lista e do quadro geral de 
credores poderão existir objeções ao plano de recuperação judicial 
apresentado pelo devedor. Esse tema será retomado adiante. 
Neste caso, a assembleia geral de credores será convocada para 
deliberar sobre o plano e, em caso de aprovação, as reclamatórias trabalhistas 
em fase de execução e outras execuções singulares de créditos sujeitos à 
recuperação permanecerão suspensas até o término do período de dois anos 
de fiscalização judicial previsto no art. 61 da LRF, caso o Juiz da Vara 
Empresarial o entenda necessário. 
Art. 61. Proferida a decisão prevista no art. 58 desta Lei, o juiz poderá 
determinar a manutenção do devedor em recuperação judicial até que sejam 
cumpridas todas as obrigações previstas no plano que vencerem até, no 
máximo, 2 (dois) anos depois da concessão da recuperação judicial, 
independentemente do eventual período de carência. 
Já na eventualidade de rejeição do plano de recuperação judicial do 
devedor, os “até trezentos e sessenta dias de suspensão já deferidos” poderão 
ser adicionados de “até outros cento e oitenta”, caso a assembleia geral de 
credores resolva apresentar plano de recuperação judicial alternativo, segundo 
os ditames do art. 6º, §4º-A, inciso II, e do art. 56, §4º, ambos da LRF. 
Art. 6º. (...) 
Ainda não há jurisprudência sobre o novo prazo ser peremptório 
ou dilatório, mas, a observar o ocorrido no regime legal 
anterior, a tendência é de, excepcionalmente, serem admitidas 
prorrogações adicionais. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
57 
 
II - as suspensões e a proibição de que tratam os incisos I, II e III do caput 
deste artigo perdurarão por 180 (cento e oitenta) dias contados do final do 
prazo referido no §4º deste artigo, ou da realização da assembleia-geral de 
credores referida no §4º do art. 56 desta Lei, caso os credores apresentem 
plano alternativo no prazo referido no inciso I deste parágrafo ou no prazo 
referido no §4º do art. 56 desta Lei. 
Art. 56. (...) 
§4º Rejeitado o plano de recuperação judicial, o administrador judicial 
submeterá, no ato, à votação da assembleia-geral de credores a concessão 
de prazo de 30 (trinta) dias para que seja apresentado plano de recuperação 
judicial pelos credores. 
A despeito da hipótese de rejeição do plano do credor, note-se que a 
suspensão das execuções singulares prosseguirá, agora indefinidamente, 
mesmo se a assembleia geral concluir por não apresentar plano alternativo, 
pois, nesse caso, o §8º do art. 56 da LRF estabelece a convolação da 
recuperação judicial em falência. 
Finalmente, na contingência de o plano do credor ainda não ter sido 
apreciado ao final dos trezentos e sessenta dias de suspensão, o art. 6º, §4º-A, 
tal como na sua rejeição, faculta aos credores a apresentação de plano de 
recuperação judicial alternativo, circunstância que também pode levar ao prazo 
adicional previsto de até cento e oitenta dias acima tratado. 
Art. 6º. (...) 
§4º-A. O decurso do prazo previsto no § 4º deste artigo sem a deliberação a 
respeito do plano de recuperação judicial proposto pelo devedor faculta aos 
credores a propositura de plano alternativo, na forma dos §§ 4º, 5º, 6º e 7º do 
art. 56 desta Lei, observado o seguinte (...) 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
https://youtu.be/lNy0QH-7QQY?t=1316
58 
 
7.1.1.1. Exceções à suspensão das execuções e medidas 
constritivas 
 
Sobre as exceções à suspensão das execuções e medidas constritivas 
é de ser mencionado que não são afetadas pelos efeitos da ordem de 
suspensão processual e das medidas constritivas as execuções decorrentes 
dos créditos não sujeitos à recuperação judicial, já examinados previamente. 
Assim é que prosseguem normalmente na Justiça do Trabalho as 
execuções de contribuição previdenciária decorrente de condenação 
trabalhista, de custas processuais, de multas administrativas impostas pela 
fiscalização do trabalho e de trabalhadores cujos créditos foram constituídos 
depois do dia em que o devedor ingressou em Juízo com o pedido de 
recuperação judicial, observado, quanto às medidas constritivas adotadas o já 
mencionado art. 6º, §7º-B, da LRF. 
Também deve ser realçado que o stay period não paralisa eventual 
pretensão do credor trabalhista de imputar responsabilidade secundária a 
terceiro responsável solidária ou subsidiariamente. Portanto, como veremos 
adiante, é possível o prosseguimento normal das execuções trabalhistas em 
face do tomador de serviços, de empresas integrantes do grupo econômico, 
dos sucessores trabalhistas, dos sócios, etc., conforme decidido há tempo pelo 
STJ no REsp nº 1.333.349/SP, julgado em 26/11/2014 (Tema nº 885 da 
tabela de recursos repetitivos do STJ). 
Tema Repetitivo nº 885 do STJ. A recuperação judicial do devedor principal 
não impede o prosseguimento das execuções nem induz suspensão ou 
extinção de ações ajuizadas contra terceiros devedores solidários ou 
coobrigados em geral, por garantia cambial, real ou fidejussória, pois não se 
lhes aplicam a suspensão prevista nos arts. 6º, caput, e 52, inciso III, ou a 
novação a que se refere o art. 59, caput, por força do que dispõe o art. 49, § 
1º, todos da Lei n. 11.101/2005. 
Deve ser mencionado também, forte no disposto nos §§1º e 2º do art. 
6º da LRF, que continuam sem qualquer pausa também as ações que 
demandem quantia ilíquida, incluídas as reclamatórias trabalhistas e ações de 
indenização por acidente de trabalho que tramitam na Justiça do Trabalho em 
fase de conhecimento ou em fase de liquidação de sentença, até a 
estabilização da decisão que homologou os cálculos contendo o crédito do 
trabalhador. 
Art. 6º. (...) 
§ 1º Terá prosseguimento no Juízo no qual estiver se processando a ação 
que demandar quantia ilíquida. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
https://processo.stj.jus.br/processo/pesquisa/?tipoPesquisa=tipoPesquisaNumeroRegistro&termo=201201422684&totalRegistrosPorPagina=40&aplicacao=processos.ea
59 
 
§ 2º É permitido pleitear, perante o administrador judicial, habilitação, 
exclusão ou modificação de créditos derivados da relação de trabalho, mas 
as ações de natureza trabalhista, inclusive as impugnações a que se refere o 
art. 8º desta Lei, serão processadas perante a justiça especializada até a 
apuração do respectivo crédito, que será inscrito no quadro-geral de credores 
pelo valor determinado em sentença. 
A estabilização supramencionada se dará pela não oposição de 
embargos à execução ou impugnação à decisão de liquidação de sentença, ou 
pelo trânsito em julgado da sentença que julga esses incidentes. 
O que ocorre é que, no acaso de a recuperanda pretender opor 
embargos à execução, o art. 884 da CLT exige a garantia do juízo com 
depósito ou penhora de bens, o que pode fomentar os conhecidos embates de 
ordem operacional em face do Juízo da Vara Empresarial quanto às medidas 
constritivasadotadas pela Justiça do Trabalho e, por que não, conflitos 
hermenêuticos com a própria lógica de blindagem patrimonial da recuperação 
judicial e os princípios do Direito e do Processo do Trabalho. 
 
A despeito destes conflitos, encontramos na jurisprudência trabalhista 
certo desacordo quanto a exigir-se ou não da recuperanda a garantia do juízo 
como requisito de admissibilidade dos embargos à execução. 
A jurisprudência majoritária e não sumulada do TST segue o caminho 
oposto, no sentido de se exigir a garantia do juízo para a oposição de 
embargos à execução. Ao menos seis Turmas do Tribunal Superior já têm 
julgamentos recentes nesse caminho (exemplificativamente, a 2ª Turma, no 
Ag-AIRR nº 773400-42.2008.5.09.0004, julgado em 20/08/2021. Em sentido 
contrário, a 8ª Turma, no AIRR nº 461300-26.2000.5.12.0037, julgado em 
03/02/2021). 
De um lado, o TRT da 6ª Região possui tese jurídica em incidente de 
resolução de demandas repetitivas (IRDR nº 0000186-
98.2021.5.06.0000, julgado em 14/09/2021) que isenta as empresas em 
recuperação judicial da garantia do juízo prevista no art. 884 CLT, em 
interpretação analógica do art. 899, §10, da CLT e com suporte nas garantias 
constitucionais de acesso à Justiça, do contraditório e ampla defesa. 
O art. 899, §10, da CLT isenta as empresas em recuperação 
judicial do depósito recursal, mas o art. 884 da CLT é silente 
quanto à isenção da garantia do juízo para a oposição de 
embargos, dispensando apenas as entidades filantrópicas e os 
diretores dessas instituições do encargo. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm
https://consultaprocessual.tst.jus.br/consultaProcessual/consultaTstNumUnica.do?consulta=Consultar&conscsjt=&numeroTst=773400&digitoTst=42&anoTst=2008&orgaoTst=5&tribunalTst=09&varaTst=0004&submit=Consultar
https://consultaprocessual.tst.jus.br/consultaProcessual/consultaTstNumUnica.do?consulta=Consultar&conscsjt=&numeroTst=461300&digitoTst=26&anoTst=2000&orgaoTst=5&tribunalTst=12&varaTst=0037&submit=Consultar
https://apps.trt6.jus.br/consultaAcordaos/exibirInteiroTeor?documento=22596140&tipoProcesso=eletronico
https://apps.trt6.jus.br/consultaAcordaos/exibirInteiroTeor?documento=22596140&tipoProcesso=eletronico
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm
60 
 
Este Tribunal Regional é exemplificativamente acompanhado pela 
jurisprudência não sumulada da Seção Especializada em Execução do TRT da 
4ª Região (AP nº 0001369-86.2013.5.04.0341, julgado em 19/05/2022) e 
por vários acórdãos de Câmaras do TRT da 12ª Região (por todas, a 6ª 
Câmara, AP nº 0084700-39.2000.5.12.0004, julgado em 03/02/2022). 
Outros defendem que a solução tecnicamente correta, porém por 
demais complexa e engenhosa para a realidade das reclamatórias trabalhistas, 
seria a de se demandar garantia do juízo ao menos dos créditos cuja execução 
não se suspende com o deferimento do processamento da recuperação 
judicial, como a contribuição previdenciária e as custas processuais. 
Já para aqueles em que há a suspensão da execução, como o crédito 
trabalhista em geral, honorários advocatícios e honorários e emolumentos dos 
auxiliares do Juízo, a dispensa de garantia seria a medida a se impor, por força 
do art. 6º, inciso III, da LRF, no tocante à proibição de penhora de bens da 
recuperanda. 
Todavia, reconhecemos que essa segmentação de garantia do juízo 
pela natureza do crédito dentro de uma reclamatória trabalhista com 
multiplicidade de credores mais atrapalha do que ajuda, principalmente quando 
o objetivo do principal credor nesta fase processual é simplesmente a 
estabilização mais rápida possível do valor que lhe é devido. 
Por isso, com evidente pragmatismo jurídico, as decisões dos 
Regionais que dispensam a garantia do juízo para a oposição dos embargos à 
execução pela recuperanda, deixando para realizar medidas constritivas 
relativas aos créditos não sujeitos à recuperação em momento posterior à 
estabilização da decisão de liquidação de sentença gera a estabilização de 
forma teoricamente mais rápida. 
Mesmo os que assim entendem fazem a seguinte ressalva a esse 
pensamento, que é a da execução de multas administrativas impostas pela 
fiscalização do trabalho, na qual os embargos à execução só devem ser 
recebidos com garantia do juízo. 
 
7.1.2. Suspensão da prescrição 
 
A suspensão dos prazos prescricionais que correm em favor da 
recuperanda é outro efeito decorrente do deferimento do processamento da 
recuperação judicial, no tocante aos créditos a ela submetidos, tal como 
previsto no art. 6º, inciso I, da LRF. Como resultado, a prescrição trabalhista 
prevista no art. 7º, inciso XXIX, da Constituição Federal resta também 
https://pesquisatextual.trt4.jus.br/pesquisas/rest/cache/acordao/pje/LD8m07y2Ubide9jTdjP-sw?&tp=PROCESSO+nº+0001369-86.2013.5.04.0341+(AP)
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
61 
 
suspensa a partir do marco acima, retomando o seu curso ao final do prazo de 
suspensão positivado no art. 6º, §§4º e 4º-A, da LRF, independentemente de 
pronunciamento judicial. 
Art. 6º A decretação da falência ou o deferimento do processamento da 
recuperação judicial implica: 
I - suspensão do curso da prescrição das obrigações do devedor sujeitas ao 
regime desta Lei; 
 
7.2. Verificação e habilitação dos créditos na 
recuperação judicial 
 
Quando o devedor ingressa com o pedido de recuperação judicial, um 
dos requisitos específicos da petição inicial previsto no art. 51, inciso III, da 
LRF, é apresentação da lista dos seus credores, estejam sujeitos ou não à 
recuperação judicial, com a indicação do valor atualizado do crédito e 
discriminação de sua origem. Também deve apresentar a relação de todas as 
ações judiciais em que este figure como parte, inclusive as de natureza 
trabalhista, com a estimativa dos respectivos valores demandados (art. 51, 
inciso IX, da LRF). 
Art. 51. A petição inicial de recuperação judicial será instruída com: (...) 
III - a relação nominal completa dos credores, sujeitos ou não à recuperação 
judicial, inclusive aqueles por obrigação de fazer ou de dar, com a indicação 
do endereço físico e eletrônico de cada um, a natureza, conforme 
estabelecido nos arts. 83 e 84 desta Lei, e o valor atualizado do crédito, com 
a discriminação de sua origem, e o regime dos vencimentos; (...) 
IX - a relação, subscrita pelo devedor, de todas as ações judiciais e 
procedimentos arbitrais em que este figure como parte, inclusive as de 
natureza trabalhista, com a estimativa dos respectivos valores demandados; 
Imediatamente após ser deferido o processamento da recuperação 
judicial, essa listagem preliminar de credores torna-se objeto de edital a ser 
publicado pela Vara Empresarial, nos termos do art. 52, §1º, incisos II e III, da 
LRF, bem como de conferência e revisão permanente por parte do 
administrador judicial, forte no art. 7º da LRF, o qual ainda assume o dever de 
enviar correspondência aos credores, comunicando a data do pedido de 
recuperação judicial, a natureza, o valor e a classificação dada ao crédito, 
tudo conforme o art. 22, inciso I, alínea “a”, da LRF. 
Art. 7º A verificação dos créditos será realizada pelo administrador judicial, 
com base nos livros contábeis e documentos comerciais e fiscais do devedor 
e nos documentos que lhe forem apresentados pelos credores, podendo 
contar com o auxílio de profissionais ou empresas especializadas. 
62 
 
Art. 22. Ao administrador judicial compete, sob a fiscalização do juiz e do 
Comitê, além de outros deveres que esta Lei lhe impõe: 
I – na recuperação judicial e na falência: 
a) enviar correspondência aos credores constantes na relação deque trata o 
inciso III do caput do art. 51, o inciso III do caput do art. 99 ou o inciso II do 
caput do art. 105 desta Lei, comunicando a data do pedido de recuperação 
judicial ou da decretação da falência, a natureza, o valor e a classificação 
dada ao crédito; 
Art. 52. Estando em termos a documentação exigida no art. 51 desta Lei, o 
juiz deferirá o processamento da recuperação judicial e, no mesmo ato: (...) 
§ 1º O juiz ordenará a expedição de edital, para publicação no órgão oficial, 
que conterá: (...) 
II – a relação nominal de credores, em que se discrimine o valor atualizado e 
a classificação de cada crédito; 
III – a advertência acerca dos prazos para habilitação dos créditos, na forma 
do art. 7º, § 1º, desta Lei, e para que os credores apresentem objeção ao 
plano de recuperação judicial apresentado pelo devedor nos termos do art. 55 
desta Lei. 
Evidentemente, não é raro haver ausência de credores ou equívocos 
de valores na listagem preliminar elaborada pelo devedor, razão pela qual o 
edital de quinze dias, publicado pela Vara Empresarial e as correspondências 
enviadas pelo administrador judicial aos credores têm como objetivo fazer com 
que eles, discordando da sua ausência ou de quaisquer elementos lançados, 
possam promover sua habilitação e lançar as suas divergências, com o fito de 
se chegar a uma segunda lista apresentada pelo administrador e ao quadro 
geral de credores, no prazo do art. 7º, §2º, da LRF, isto é, 45 (quarenta e 
cinco) dias, contados do término do edital de 15 (quinze) dias. 
Art. 7º. (...) 
§2º O administrador judicial, com base nas informações e documentos 
colhidos na forma do caput e do § 1º deste artigo, fará publicar edital 
contendo a relação de credores no prazo de 45 (quarenta e cinco) dias, 
contado do fim do prazo do § 1º deste artigo, devendo indicar o local, o 
horário e o prazo comum em que as pessoas indicadas no art. 8º desta Lei 
terão acesso aos documentos que fundamentaram a elaboração dessa 
relação. 
Ainda que a LRF não vede a habilitação de crédito trabalhista ou 
acidentário simplesmente com base nos livros contábeis do devedor, por certo, 
a maneira mais fácil e juridicamente adequada da pessoa trabalhadora que já 
tenha reclamatória trabalhista ajuizada verificar a correção do seu crédito ou se 
habilitar na recuperação é a certidão de crédito emitida pela Justiça do 
Trabalho. 
63 
 
É por isso que para nós um dos efeitos anexos ao processamento da 
recuperação judicial é, quase sempre, a expedição de certidão de crédito a 
pessoa trabalhadora e aos demais credores sujeitos à recuperação, como 
advogados, pelos seus honorários sucumbenciais, e auxiliares do Juízo, pelos 
seus honorários periciais, emolumentos, despesas, etc. 
De acordo com o art. 9º da LRF, a certidão deve conter, além dos 
dados identificadores do processo e das partes, preferencialmente com 
endereço físico e eletrônico, também a natureza e o valor atualizado do crédito, 
com discriminação dos valores bruto e líquido devidos para o trabalhador, 
acrescidos de juros e correção monetária até a data do pedido de recuperação 
judicial, cabendo ao administrador judicial e, em última instância, ao próprio 
Juiz da Vara Empresarial, a definição quanto à classificação deste crédito. 
Art. 9º A habilitação de crédito realizada pelo credor nos termos do art. 7º, § 
1º, desta Lei deverá conter: 
I – o nome, o endereço do credor e o endereço em que receberá 
comunicação de qualquer ato do processo; 
II – o valor do crédito, atualizado até a data da decretação da falência ou do 
pedido de recuperação judicial, sua origem e classificação; 
III – os documentos comprobatórios do crédito e a indicação das demais 
provas a serem produzidas; 
IV – a indicação da garantia prestada pelo devedor, se houver, e o respectivo 
instrumento; 
V – a especificação do objeto da garantia que estiver na posse do credor. 
Parágrafo único. Os títulos e documentos que legitimam os créditos deverão 
ser exibidos no original ou por cópias autenticadas se estiverem juntados em 
outro processo. 
De modo muito semelhante, a Consolidação de Provimentos da 
Corregedoria Geral da Justiça do Trabalho reprisa esses elementos 
obrigatórios da certidão de crédito no seu art. 112, §2º. 
Art. 112. Deferida a recuperação judicial ou a falência, caberá ao juiz do 
trabalho determinar a expedição de Certidão de Habilitação de Crédito para 
ser submetida à apreciação do administrador judicial. 
§1º Terão prosseguimento na Justiça do Trabalho as ações que demandarem 
quantia ilíquida, até a apuração do respectivo crédito e a expedição de 
certidão de habilitação do crédito. 
§2º Da Certidão de Habilitação de Crédito deverá constar: 
I – nome do exequente, data da distribuição da reclamação trabalhista, da 
sentença condenatória e a de seu trânsito em julgado; 
64 
 
II – a especificação dos títulos e valores integrantes da sanção jurídica, das 
multas, dos encargos fiscais e sociais (imposto de renda e contribuição 
previdenciária), dos honorários advocatícios e periciais, se houver, e demais 
despesas processuais; 
III – data da decisão homologatória dos cálculos e do seu trânsito em julgado; 
IV – o nome do advogado que o exequente tiver constituído, seu endereço, 
para eventual intimação, e número de telefone a fim de facilitar possível 
contato direto pelo administrador judicial. 
Contudo, ressalte-se que, frente ao que foi visto quanto aos créditos 
excluídos da recuperação judicial, o normativo poderia ser atualizado no inciso 
II do §2º, quando se considera que a execução da contribuição previdenciária e 
das custas processuais não é afetada pela recuperação judicial e, portanto, 
não deveria constar da certidão de créditos. Todavia, como peça executória a 
especificar todos os títulos e valores integrantes da ação trabalhista a certidão 
na forma como prevista não impede ou mesmo prejudica a créditos que não 
foram afetados pela recuperação judicial. 
 
Via de regra, as certidões não precisam ser encaminhadas pela Justiça 
do Trabalho ao Juízo da Vara Empresarial por meio de ofício ou 
assemelhados, visto que a incumbência cabe aos próprios credores. 
Entrementes, por conta dos princípios que norteiam a cooperação judicial, não 
deixa de ser medida de assertividade e mesmo pragmática o encaminhamento 
da certidão diretamente àquele Juízo, com intimação dos credores na 
reclamatória trabalhista. 
Atenção especial às reclamatórias trabalhistas ajuizadas depois 
da distribuição do pedido de recuperação judicial, pois podem 
conter créditos trabalhistas híbridos, ou seja, créditos que se 
sujeitam à recuperação e créditos que não se sujeitam a ela, 
conforme a sua data de constituição. 
65 
 
 
 
7.2.1. Juros e correção monetária na recuperação judicial 
 
Questão recorrente nos embargos à execução e nas impugnações à 
sentença de liquidação e à certidão de créditos diz respeito à inclusão ou não 
de juros e correção monetária sobre os créditos do trabalhador quando o 
devedor ingressa em recuperação judicial, muito por uma leitura errada do 
caput do art. 124 da LRF. 
Esse artigo, que prevê que contra a massa falida não são exigíveis 
juros vencidos após a decretação da quebra, se o ativo não bastar para o 
pagamento dos credores subordinados, não tem nenhuma aplicação na 
recuperação judicial. 
Art. 124. Contra a massa falida não são exigíveis juros vencidos após a 
decretação da falência, previstos em lei ou em contrato, se o ativo apurado 
não bastar para o pagamento dos credores subordinados. 
No procedimento recuperacional, os juros e a correção monetária são 
parte integrante do crédito do trabalhador, ao menos até a aprovação do plano 
de recuperação judicial, dado que nele a novação do crédito aprovada poderá 
prever, por exemplo, deságio, exclusão ou substituição dos juros e da correção 
monetária. 
O fenômeno da novação será tratado mais adiante. Por enquanto, 
fique-se com a ideia de que nãohá nenhuma previsão na LRF de cessação 
https://youtu.be/Pm6f-svr9gI?t=2704
66 
 
automática de juros e correção monetária na recuperação e que o seu art. 9º, 
inciso II, que estabelece que a certidão de habilitação de crédito deve estar 
atualizada até a data da distribuição da petição inicial da recuperação é regra 
de natureza meramente procedimental. 
Art. 9º A habilitação de crédito realizada pelo credor nos termos do art. 7º, §1º 
, desta Lei deverá conter: (...) 
II – o valor do crédito, atualizado até a data da decretação da falência ou do 
pedido de recuperação judicial, sua origem e classificação; 
Nesse sentido, aliás, é a Súmula nº 50 do TRT da 10ª Região: 
Súmula nº 50 do TRT da 10ª Região Empresa em recuperação judicial. 
Crédito trabalhista. Juros e correção monetária. O art. 9º, inciso II, da Lei n.º 
11.101/2005, é regra de natureza operacional, não impedindo a incidência de 
juros de mora e correção monetária até a integral e efetiva satisfação do 
crédito trabalhista. 
 
 
7.2.2. Liberação dos depósitos judiciais 
 
Outro tema polêmico quando da emissão de certidão de créditos toca à 
possibilidade ou não da liberação e abatimento do saldo devedor de depósitos 
judiciais realizados na reclamatória trabalhista pela recuperanda antes do 
processamento da recuperação judicial, em especial do depósito recursal, a 
pessoa do trabalhador. 
https://www.youtube.com/watch?v=Pm6f-svr9gI&t=6369s&ab_channel=EscolaJudicialTRT24
67 
 
O centro jurídico da discussão se situa na natureza jurídica do depósito 
recursal, se apenas de garantia de futura execução, ou se de antecipação do 
valor de condenação vindoura. 
Concluindo pela primeira tese, dir-se-ia que o montante, em que pese 
estar à disposição do Juízo trabalhista para os fins do art. 899, §1º, parte 
final, da CLT, segue juridicamente pertencendo ao patrimônio do devedor e é 
afetado pela ordem de suspensão das execuções, devendo ser liberado 
apenas ao Juízo recuperacional para o cumprimento do plano de recuperação. 
Art. 899. (...) §1º Sendo a condenação de valor até 10 (dez) vezes o salário-
mínimo regional, nos dissídios individuais, só será admitido o recurso 
inclusive o extraordinário, mediante prévio depósito da respectiva 
importância. Transitada em julgado a decisão recorrida, ordenar-se-á o 
levantamento imediato da importância de depósito, em favor da parte 
vencedora, por simples despacho do juiz. 
Já a opção pela segunda proposta leva ao corolário de que valores 
apreendidos na reclamatória trabalhista antes do deferimento da recuperação 
judicial deixam de integrar o patrimônio do devedor, podendo ser liberados ao 
trabalhador antes de expedirmos a sua certidão de crédito, com abatimento do 
valor que lhe deve ser pago na recuperação. 
Em defesa da tese de entrega dos depósitos judiciais ao Juízo 
recuperacional estão a jurisprudência do STF (CC nº 8.143/SP, julgado em 
03/08/2021), a jurisprudência do STJ (CC nº 162.769/SP, julgado em 
30/06/2020), a amplamente majoritária da SDI-2 do TST (RO nº 5659-
84.2019.5.15.0000, julgado em 15/12/2020) e a de vários Tribunais 
Regionais do Trabalho, aqui representados pela Súmula nº 43 do TRT da 6ª 
Região. 
Súmula nº 43 do TRT da 6ª Região. Empresa em recuperação judicial. 
Liberação de depósito recursal pelo Juízo da execução. Vedação. O Juízo da 
execução trabalhista não deve determinar a liberação do depósito recursal 
realizado por empresa em recuperação judicial, para satisfação da execução 
trabalhista, ainda que o depósito tenha sido realizado anteriormente à 
decretação da recuperação judicial, tendo em vista que não subsiste a 
competência desta Justiça Especializada, a teor da Lei n. 11.101/2005. 
Pela liberação imediata ao trabalhador se posiciona de modo uniforme 
a Seção Especializada em Execução do TRT da 4ª Região, na Orientação 
Jurisprudencial nº 84, e parte da jurisprudência de um ou outro Tribunal 
Regional, com o registro de que esta mesma Seção do TRT da 4ª Região 
compreende, na sua Orientação Jurisprudencial nº 91, que eventual saldo do 
depósito recursal, após quitado o débito da reclamatória trabalhista ao qual 
vinculado, não pode ser transferido para o pagamento de outro trabalhador e 
deve ser colocado à disposição do Juízo recuperacional. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm
https://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5904567
https://processo.stj.jus.br/processo/pesquisa/?tipoPesquisa=tipoPesquisaNumeroRegistro&termo=201803306588&totalRegistrosPorPagina=40&aplicacao=processos.ea
https://consultaprocessual.tst.jus.br/consultaProcessual/consultaTstNumUnica.do;jsessionid=9GH-7ED8eybo7F07sTk2UYRbCEJNabRxWbjMIB6k.consultaprocessual-17-55gjk?conscsjt=&numeroTst=5659&digitoTst=84&anoTst=2019&orgaoTst=5&tribunalTst=15&varaTst=0000&consulta=Consultar
https://consultaprocessual.tst.jus.br/consultaProcessual/consultaTstNumUnica.do;jsessionid=9GH-7ED8eybo7F07sTk2UYRbCEJNabRxWbjMIB6k.consultaprocessual-17-55gjk?conscsjt=&numeroTst=5659&digitoTst=84&anoTst=2019&orgaoTst=5&tribunalTst=15&varaTst=0000&consulta=Consultar
68 
 
Orientação Jurisprudencial nº 84 da SEEx do TRT da 4ª Região. Liberação de 
valores depositados. Massa falida. Empresa em recuperação judicial. Os 
valores apreendidos judicialmente na reclamatória trabalhista antes da 
decretação da falência ou do deferimento do pedido de recuperação judicial, 
deixam de integrar o patrimônio da empresa ou da massa falida, sendo 
cabível a sua liberação ao credor. 
Orientação Jurisprudencial nº 91 da SEEx do TRT4. Recuperação judicial ou 
falência. Saldo de depósitos. Juízo universal. Eventual saldo de depósitos na 
execução trabalhista, após quitado o débito processual, deve ser colocado à 
disposição do Juízo Universal da Recuperação Judicial ou Falência. 
Por fim, em posição híbrida frente aos efeitos da recuperação sobre o 
patrimônio do devedor e a suspensão da execução, está a Orientação 
Jurisprudencial nº 28, inciso IV da Seção Especializada em Execução do TRT 
da 9ª Região, que entende pela liberação do depósito recursal ao trabalhador, 
desde que esgotado o prazo de suspensão a que se refere o art. 6º, §4º, da 
LRF. 
Orientação Jurisprudencial nº 28 da SEEx do TRT da 9ª Região. (...) IV - 
Falência e Recuperação Judicial. Liberação de depósito recursal. O depósito 
recursal efetuado antes da decretação da falência pode ser liberado ao 
exequente, para a quitação de valores incontroversos. Na hipótese de 
recuperação judicial, o depósito recursal efetuado antes do deferimento da 
recuperação judicial pode ser liberado ao exequente, desde que esgotado o 
prazo de suspensão a que se refere a Lei 11.101/2005, artigo 6º, § 4º. O 
depósito recursal realizado após o deferimento da recuperação judicial deve 
permanecer à disposição do Juízo Falimentar. 
O dilema representado pelas posições antagônicas acima é justificado. 
Ao se levar em consideração os princípios do Direito e Processo do Trabalho, 
bem como as razões socioeconômicas subjacentes à motivação jurídica da 
decisão de entrega dos depósitos judiciais ao trabalhador a opção pela entrega 
os valores do depósito recursal é aquela a que se filia observados o conjunto 
de situações e fatos processuais. 
Primeiro, porque se criou uma justa expectativa de sua parte quanto ao 
futuro recebimento daquele valor em espécie. Segundo, porque sabe-se que 
esse montante, ao ser devolvido à recuperanda, muito dificilmente servirá ao 
pagamento de créditos dos trabalhadores. Com efeito, é lei de mercado a de 
que os recursos em caixa das empresas em crise econômico-financeira quase 
sempre são destinados aos seus fornecedores e financiadores e quase nunca 
às pessoas trabalhadoras. 
Todavia, em que pese o dilema socioeconômico pelo qual passamos 
neste e em outros momentos da recuperação judicial e da falência, ele não tem 
o condão de alterar as normas jurídicas que incidem ao caso. O depósito 
recursal não é antecipação de condenaçãovindoura ou meio de transferência 
de propriedade, mas sim de garantia de futura e eventual execução. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
69 
 
Outrossim, os princípios da par conditio creditorum e da preservação 
da empresa nos mostram em caráter finalístico que não podemos nos prender 
à miopia da resolução de uma única reclamatória trabalhista, em detrimento do 
restante do grave cenário. Ademais, o pagamento de um trabalhador pode ter o 
efeito colateral da inadimplência em relação aos demais. A negativa de liberar 
o depósito para o caixa da empresa pode levar à quebra e ao prejuízo da 
coletividade. Por isso, entende-se ser mais adequada a jurisprudência dos 
Tribunais Superiores, que entendem pela liberação dos depósitos à 
recuperanda. 
 
 
7.2.3. Arquivamento provisório da reclamatória trabalhista 
 
Expedidas as certidões aos credores, e não havendo créditos 
extraconcursais não suspensos pelo processamento da recuperação judicial 
que ensejem a manutenção do processo de execução, o art. 114 da 
Antes da liberação dos depósitos judiciais, deve ser verificado 
se não há créditos não sujeitos à recuperação judicial, como 
créditos trabalhistas constituídos após o pedido de recuperação, 
contribuição previdenciária e custas processuais, pois, em 
havendo, tais depósitos devem ser utilizados prioritariamente 
para quitar essas rubricas. 
https://youtu.be/lNy0QH-7QQY?t=5220
70 
 
Consolidação de Provimentos da Corregedoria Geral da Justiça do Trabalho 
estipula que devemos suspender e arquivar provisoriamente a reclamatória 
trabalhista ou ação de indenização por acidente de trabalho até o 
encerramento da recuperação ou da falência em que ela eventualmente tenha 
sido convolada. É o que ocorrerá, por exemplo, logo depois da expedição das 
certidões de créditos, com as ações que resultaram em acordos sem 
contribuição previdenciária e com dispensa de custas processuais. 
Art. 114. Os juízes do trabalho manterão os processos em arquivo provisório 
até o encerramento da Recuperação Judicial ou da falência que ela 
eventualmente tenha sido convolada (artigo 156 e seguintes da Lei n.º 
11.101/2005). 
Parágrafo único. Os processos suspensos por Recuperação Judicial ou 
Falência deverão ser sinalizados com marcador correspondente no Sistema 
PJe. 
A dúvida que pode causar esse artigo diz respeito aos processos 
arquivados provisoriamente e que poderão ter sua execução extinta e ser 
encaminhados em definitivo ao arquivo. Referido artigo parece sugerir que isso 
se dará com o encerramento da recuperação judicial ou da falência caso tenha 
ocorrido a convolação, mas esses termos guardam, no primeiro caso, certa 
imprecisão. 
Com efeito, a recuperação judicial pode ser encerrada de maneira 
positiva, com o cumprimento das obrigações previstas no plano e vencidas 
durante o período de fiscalização de até dois anos do art. 63 da LRF, ou de 
forma negativa, com a rejeição do plano prevista no art. 56 da LRF ou o seu 
descumprimento no prazo acima, hipóteses em que será convolada em 
falência. 
Contudo, como a lei de reforma recuperacional e falimentar modificou o 
art. 54, §2º, da LRF e passou a permitir que os créditos trabalhistas e os 
decorrentes de acidentes de trabalho possam ser adimplidos, respeitadas 
certas condições, em até três anos, não será incomum ocorrer um 
descompasso entre o efetivo término do pagamento dos créditos trabalhistas e 
assemelhados e a sentença de encerramento da recuperação judicial, a qual, 
diga-se de passagem, tem um caráter meramente terminativo. 
Portanto, a compreensão do artigo em exame é que, o encerramento 
positivo da recuperação judicial é o término do pagamento dos créditos 
trabalhistas e assemelhados e esse término é que poderá autorizar o 
arquivamento definitivo da reclamatória trabalhista, e não a sentença de 
encerramento da recuperação. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
71 
 
 
Existem mais algumas considerações a serem feitas acerca do 
arquivamento definitivo nos casos de encerramento negativo da recuperação 
judicial e sua convolação em quebra, mas como a argumentação aqui depende 
de conhecimentos que somente serão debatidos mais adiante, o tema será 
retomado no capítulo da falência. 
De qualquer modo, como é absolutamente impossível prever a priori 
quando se dará o término do pagamento dos créditos trabalhistas e 
equiparados, o encerramento da recuperação ou sua eventual convolação em 
falência, deixa-se a sugestão da inserção de marcador de controle de prazo no 
GIGS do PJE para que, decorrido um período de cerca de cinco anos a contar 
da expedição da certidão de crédito, surja um alerta de prazo vencido no 
sistema. 
A partir daí, poder-se-á notificar os credores sujeitos à recuperação 
judicial para que informem se seus créditos já foram ou não satisfeitos, se já 
houve o encerramento da recuperação ou sua eventual convolação em 
falência. 
Não é demais lembrar que o arquivamento provisório da reclamatória 
trabalhista por conta de recuperação judicial do devedor não implica na 
extinção ou desfazimento dos chamados meios de proteção da execução e 
indução ao pagamento, tais como hipoteca judiciária, averbação premonitória, 
indisponibilidade de bens, protesto extrajudicial, inscrição em órgãos de 
proteção de crédito, inscrição no Banco Nacional de Devedores Trabalhistas, 
etc. 
Sugerimos que o processo seja arquivado com todos esses gravames 
e também com as penhoras eventualmente realizadas, cabendo ao Juízo da 
Vara Empresarial solicitar casuisticamente a sua liberação, caso os bens 
constritos pela Justiça do Trabalho sejam incluídos no plano de recuperação 
judicial como objeto de alienação. 
 
 
Lembrando que o arquivamento definitivo da reclamatória 
trabalhista ainda está condicionado ao efetivo pagamento, na 
recuperação judicial, de outros créditos oriundos da nossa ação, 
bem como à quitação, em nossos próprios autos, dos créditos 
não sujeitos ao processo recuperacional. 
72 
 
7.2.4. Reserva de crédito 
 
É muito comum que, ao tempo do processamento da recuperação 
judicial, haja reclamatórias trabalhistas tramitando em face do devedor, porém 
ainda em fase de conhecimento ou liquidação de sentença. 
Nesta situação, o trabalhador ou os demais credores sujeitos à 
recuperação não poderão proceder de imediato sua habilitação no processo de 
recuperação, por faltar liquidez aos seus créditos. 
Como se viu anteriormente, eles não são afetados pela ordem de 
suspensão das execuções e devem prosseguir normalmente com suas 
demandas até a estabilização da decisão de liquidação de sentença, sendo 
que, conforme determinar o plano de recuperação judicial, normalmente 
créditos ilíquidos só participam dos rateios somente após tal liquidação e 
inclusão na lista de credores. 
Para que não fiquem prejudicados, de fora da lista ou quadro geral de 
credores, e para que possam votar na assembleia geral, o previamente 
transcrito art. 6º, §3º, da LRF permitiu que tais credores peçam a Justiça do 
Trabalho o encaminhamento de determinação de reserva da importância que 
se estimar devida na reclamatória trabalhista. 
Ressaltamos novamente que a atual LRF modificou disposição da 
antiga legislação, qual seja, o art. 24, §3º do Decreto 7.661/45, que previa que 
era o próprio credor trabalhista que devia encaminhar seu pedido de reserva 
diretamente ao Juízo da Vara Empresarial. Na regra atual, tal determinação 
deve ser feita pela Justiça do Trabalho, a requerimento do interessado, 
mediante a expedição de ofício. 
Arrematando o tema, informe-se que o pedido de reserva na 
recuperação judicial, ao contrário do que ocorre na quebra, não tem a 
finalidade de preservar o direito do credor à participaçãoem rateios. Segundo o 
art. 10, §1º, da LRF, a reserva aqui vale apenas para garantir o direito a voto 
nas deliberações da assembleia geral de credores, regra que eventualmente 
pode sequer ser a eles aplicável, caso a liquidação do seu crédito no Juízo 
Trabalhista ocorra até a data de realização da assembleia geral. 
Art. 10. Não observado o prazo estipulado no art. 7º, § 1º, desta Lei, as 
habilitações de crédito serão recebidas como retardatárias. 
§ 1º Na recuperação judicial, os titulares de créditos retardatários, excetuados 
os titulares de créditos derivados da relação de trabalho, não terão direito a 
voto nas deliberações da assembleia-geral de credores. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del7661.htm
73 
 
7.3. Classificação dos créditos sujeitos à recuperação 
judicial 
 
O tema referente a classificação dos créditos sujeitos à recuperação 
judicial muitas vezes acaba por gerar certa dúvida, porque uma primeira visão 
que se pode ter é aquela que diz respeito é a da hierarquização dos créditos na 
falência, prevista no art. 83 da LRF. Referido dispositivo legal estabelece uma 
ordem de pagamento, primeiro para os créditos decorrentes de acidente de 
trabalho e para os trabalhistas, estes limitados a cento e cinquenta salários 
mínimos, em seguida para os créditos gravados com direito real de garantia, 
até o limite do valor do bem gravado, terceiro para os créditos tributários e 
assim por diante. 
Todavia, a ideia de hierarquização deve ser afastada por completo na 
recuperação judicial, porque a hierarquização dos créditos que existe na 
falência não guarda nenhuma pertinência com o procedimento de recuperação 
judicial. No procedimento recuperacional, não existe ordenação de créditos por 
hierarquia. O que há, tal como nos mostra o art. 41 da LRF, é tão somente um 
agrupamento dos créditos em quatro diferentes classes, para fins de votação 
na assembleia geral de credores. 
Em outras palavras, embora seja comum também na recuperação 
judicial o pagamento dos trabalhadores e dos acidentados no trabalho em 
primeiro lugar, tal se dá porque o art. 54 da LRF estipula para eles um prazo 
máximo para pagamento, deixando livre a negociação para as demais classes 
de credores, e não porque eles estariam no topo de uma pirâmide na 
recuperação judicial. 
A título de exemplo, se um hipotético plano de recuperação judicial 
fixar que os créditos trabalhistas e acidentários serão pagos em doze parcelas 
mensais e que, ao mesmo tempo e no mesmo número de parcelas, serão 
adimplidos débitos em atraso com os credores quirografários fornecedores de 
insumos da empresa, não há equívoco nesse arranjo com pagamentos 
simultâneos a classes diversas. A Lei autoriza que a assembleia geral de 
credores assim vote e aprove. 
Portanto, na recuperação judicial, a classificação dos créditos serve 
somente ao propósito de melhor organizar o peso dos votos na assembleia 
geral de credores. 
Feito o esclarecimento, o art. 41 da LRF separa os credores sujeitos à 
recuperação judicial em quatro grupos. 
No primeiro, estão os créditos derivados da legislação do trabalho ou 
decorrentes de acidentes de trabalho; no segundo, os créditos com garantia 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
74 
 
real; no terceiro, os quirografários, com privilégio especial, com privilégio geral 
ou subordinados e; no quarto, os pertencentes a microempresa ou empresa de 
pequeno porte. 
Art. 41. A assembleia-geral será composta pelas seguintes classes de 
credores: 
I – titulares de créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de 
acidentes de trabalho; 
II – titulares de créditos com garantia real; 
III – titulares de créditos quirografários, com privilégio especial, com privilégio 
geral ou subordinados. 
IV - titulares de créditos enquadrados como microempresa ou empresa de 
pequeno porte. 
Os quóruns de votação na assembleia geral e os prazos de 
pagamento aos trabalhadores veremos logo adiante, em tópicos 
específicos. 
 
7.4. Conciliação e mediação na recuperação judicial 
 
Os procedimentos de mediação e conciliação foram uma das 
possibilidades introduzidas pela lei da reforma recuperacional e falimentar - 
LRF para reduzir o número de processos de recuperação judicial, eliminar 
conflitos parciais entre os credores e paralelos entre os sócios da recuperanda, 
bem como aumentar o apoio dos credores ao plano de recuperação elaborado 
pelo devedor. 
Para chegar a esses objetivos, foram introduzidos quatro artigos na 
LRF voltados a disciplinar os procedimentos e seus limites. Os procedimentos 
de mediação e de conciliação podem contar com mediadores ou conciliadores 
judiciais ou extrajudiciais, e podem ocorrer em caráter antecedente ou 
incidental ao processo de recuperação judicial. 
De todas as novidades, certamente a mais interessante e que tem o 
condão de impactar no trâmite das execuções na Justiça do Trabalho é a 
mediação em caráter antecedente ao ajuizamento do pedido de recuperação 
judicial. 
Previsto no art. 20-B, inciso IV, da LRF, esse procedimento cria para o 
devedor a possibilidade de negociar com seus credores, inclusive trabalhistas, 
ou até mesmo com grupos ou classes deles, soluções de curto prazo para a 
crise econômico-financeira da empresa, evitando a iminente judicialização da 
recuperação judicial. 
75 
 
Art. 20-B. Serão admitidas conciliações e mediações antecedentes ou 
incidentais aos processos de recuperação judicial, notadamente: (...) 
IV - na hipótese de negociação de dívidas e respectivas formas de 
pagamento entre a empresa em dificuldade e seus credores, em caráter 
antecedente ao ajuizamento de pedido de recuperação judicial. 
Ademais, o art. 20-B, §1º, da LRF estatui que, em o devedor optando 
pela mediação judicial, sua porta de entrada no Poder Judiciário será o 
procedimento de mediação pré-processual, a ser instaurado junto aos 
CEJUSCS empresariais criados pela Recomendação nº 71/20 do CNJ, isso 
nos Tribunais onde estiverem implementados, ou em qualquer outro órgão 
judicial voltado à conciliação, nos Foros e Tribunais em que isso ainda não tiver 
ocorrido. 
Art. 20-B. (...) 
§1º Na hipótese prevista no inciso IV do caput deste artigo, será facultado às 
empresas em dificuldade que preencham os requisitos legais para requerer 
recuperação judicial obter tutela de urgência cautelar, nos termos do art. 305 
e seguintes da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo 
Civil), a fim de que sejam suspensas as execuções contra elas propostas pelo 
prazo de até 60 (sessenta) dias, para tentativa de composição com seus 
credores, em procedimento de mediação ou conciliação já instaurado perante 
o Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc) do tribunal 
competente ou da câmara especializada, observados, no que couber, os arts. 
16 e 17 da Lei nº 13.140, de 26 de junho de 2015. 
Nessa hipótese de mediação judicial, o dispositivo em questão abre 
para o devedor a possibilidade de ajuizamento, concomitante com a 
instauração do procedimento de mediação pré-processual, de pedido de tutela 
de urgência cautelar antecedente para que as execuções contra ele propostas 
sejam suspensas pelo prazo de até sessenta dias, para evitar medidas 
constritivas e expropriatórias dos seus bens durante a tentativa de composição 
com os credores. 
Caso não haja composição, e venha a ser ajuizado o pedido de 
recuperação judicial, o art. 20-B, §3º, da LRF prevê que o período de 
suspensão de até sessenta dias deverá ser deduzido do stay period do art. 
6º, §4º, da LRF, se deferido futuramente o processamento da recuperação. 
Art. 20-B. (...) 
§ 3º Se houver pedido de recuperação judicial ou extrajudicial,observados os 
critérios desta Lei, o período de suspensão previsto no § 1º deste artigo será 
deduzido do período de suspensão previsto no art. 6º desta Lei. 
Importante notar que essa tutela cautelar antecedente, se porventura 
deferida pelo Juiz da Vara Empresarial, impacta diretamente sobre as 
execuções trabalhistas de credores que estão sujeitos à recuperação judicial, o 
https://atos.cnj.jus.br/files/compilado0010292021102661774775c773b.pdf
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
76 
 
que deve ser comunicado pelo devedor nas reclamatórias trabalhistas nesta 
fase e observado pela Justiça do Trabalho. 
Outra informação importante é a de que o parágrafo único do art. 20-C 
da LRF estipula que, se for requerida a recuperação judicial no prazo de até 
trezentos e sessenta dias contados de eventual acordo firmado em mediação 
pré-processual, os credores terão reconstituídos seus créditos no estado em 
que se encontravam antes dele, deduzidos os valores eventualmente pagos. 
Art. 20-C. O acordo obtido por meio de conciliação ou de mediação com 
fundamento nesta Seção deverá ser homologado pelo juiz competente 
conforme o disposto no art. 3º desta Lei. 
Parágrafo único. Requerida a recuperação judicial ou extrajudicial em até 360 
(trezentos e sessenta) dias contados do acordo firmado durante o período da 
conciliação ou de mediação pré-processual, o credor terá reconstituídos seus 
direitos e garantias nas condições originalmente contratadas, deduzidos os 
valores eventualmente pagos e ressalvados os atos validamente praticados 
no âmbito dos procedimentos previstos nesta Seção. 
Por último, e para fins de registro, vale mencionar que, logo depois da 
publicação da lei da reforma recuperacional e falimentar, houve uma incipiente 
dúvida hermenêutica na doutrina trabalhista sobre eventual competência dos 
CEJUSCS da Justiça do Trabalho para dito procedimento de mediação pré-
processual, quando envolvesse créditos dos trabalhadores. 
Todavia, a incerteza logo se desfez, seja em razão de art. 20-C da LRF 
positivar que eventual acordo entre o devedor e seus credores deva ser 
homologado pelo Juízo competente para deferir o processamento da 
recuperação judicial, isto é, o da Vara Empresarial, seja por conta de o art. 1º 
da Recomendação nº 71/20 do CNJ prever posteriormente que são os 
CEJUSCS empresariais o Foro adequado para tal procedimento de mediação 
pré-processual. 
Art. 1º. Recomendar aos tribunais brasileiros a implementação de Centros 
Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania Empresariais (Cejusc 
Empresarial), para o tratamento adequado de conflitos envolvendo matérias 
empresariais de qualquer natureza e valor, inclusive aquelas decorrentes da 
crise da pandemia de Covid-19, na fase pré-processual ou em demandas já 
ajuizadas, bem como no procedimento previsto no art. 20-B, §1º da Lei n. 
11.101/2005. 
Todavia, em regime de acordo de cooperação judicial, o que é muito 
interessante e proveitoso do ponto de vista institucional da Justiça do Trabalho, 
o CEJUSC trabalhista pode se tornar competente para a mediação/conciliação 
pré-processuais em contexto de recuperação judicial. 
 
77 
 
 
Resumo da aula 2 
 
 
Nesta aula, verificou-se que o principal efeito da decisão que defere o 
processamento da recuperação judicial é a suspensão das execuções e 
medidas constritivas singulares contra a recuperanda durante o stay period, 
desde que os créditos demandados nessas execuções estejam sujeitos à 
recuperação. 
Por conta disso, averiguou-se que não ocorre o efeito paralisador em 
relação à cobrança da contribuição previdenciária e das custas processuais, 
além das multas impostas pela fiscalização do trabalho, fato que, em face da 
corriqueira presença dessas rubricas, autoriza o prosseguimento de inúmeras 
execuções trabalhistas mesmo durante o stay period, pelo menos em relação a 
tais parcelas. 
https://youtu.be/lNy0QH-7QQY?t=3394
78 
 
Notou-se ainda que, nessas situações, há de se dar especial atenção 
aos bens constritos, os quais não podem ser bens de capital essenciais à 
continuidade da atividade econômica da recuperanda e que, se assim o forem, 
podem ser objeto de comando de substituição pelo Juiz da Vara Empresarial. 
Também concluiu-se que o stay period não paralisa eventual pretensão 
do credor trabalhista de imputar responsabilidade secundária a terceiro 
responsável solidária ou subsidiariamente e que não afeta em nada as 
reclamatórias trabalhistas ilíquidas, que prosseguem até a estabilização da 
decisão de liquidação de sentença, com dispensa de garantia do juízo para a 
oposição dos embargos à execução pela recuperanda e possibilidade de 
pedido de reserva para garantir o direito a voto na assembleia geral de 
credores. 
Avaliou-se que os créditos sujeitos à recuperação precisam ser nela 
habilitados por meio de certidões emitidas pela Justiça do Trabalho, 
contemplando juros e correção monetária até a data do pedido de recuperação 
judicial, mas sem significar que essas verbas acessórias não sigam correndo 
durante o processo recuperacional, pois tudo dependerá de como o plano de 
recuperação irá tratá-las. Viu-se, também, que, depois da expedição de 
certidões, caso não restem créditos executáveis na Justiça do Trabalho, o 
processo deve ser arquivado provisoriamente. 
Finalmente, compreendeu-se que, embora com algum dissenso 
jurisprudencial, os depósitos judiciais feitos pela empresa antes da 
recuperação judicial a ela pertencem e devem ser liberados não ao trabalhador 
da execução singular, mas ao Juízo da Vara Empresarial. 
Até a próxima aula! 
 
 
79 
 
AULA 3 
Recuperação Judicial – Parte III (Plano de 
Recuperação Judicial e Responsabilidades na 
Recuperação Judicial) 
 
8. O plano de recuperação judicial 
 
8.1. Apresentação do plano 
 
A contar da publicação da decisão que defere o processamento da 
recuperação, o art. 53 da LRF marca para a recuperanda o início de um prazo 
de sessenta dias para a apresentação do plano de recuperação judicial, o qual 
deverá discriminar de forma pormenorizada os meios de recuperação a ser 
empregados, incluindo as datas de pagamento às classes de credores, tudo 
conforme o art. 50 da LRF, demonstrar a viabilidade econômica da empresa e 
ser acompanhado de um laudo econômico-financeiro e de avaliação dos bens 
e ativos, subscrito por profissional legalmente habilitado ou empresa 
especializada. 
Art. 53. O plano de recuperação será apresentado pelo devedor em Juízo no 
prazo improrrogável de 60 (sessenta) dias da publicação da decisão que 
deferir o processamento da recuperação judicial, sob pena de convolação em 
falência, e deverá conter (...) 
A falta de apresentação do plano no prazo leva à convolação em 
falência. 
Já a sua apresentação faz com que o Juízo da Vara Empresarial, em 
conformidade com o art. 53, parágrafo único, da LRF, ordene a publicação de 
um edital, com dois objetivos: o primeiro é dar notícia aos credores sobre o 
recebimento do plano e o segundo é abrir o prazo de trinta dias consoante o 
art. 55 da LRF, para os credores manifestarem, querendo, eventual objeção ao 
plano. 
Art. 53. (...) 
Parágrafo único. O juiz ordenará a publicação de edital contendo aviso aos 
credores sobre o recebimento do plano de recuperação e fixando o prazo 
para a manifestação de eventuais objeções, observado o art. 55 desta Lei. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
80 
 
Art. 55. Qualquer credor poderá manifestar ao juiz sua objeção ao plano de 
recuperação judicial no prazo de 30 (trinta) dias, contado da publicação da 
relação de credores de que trata o § 2º do art. 7º desta Lei. 
 
8.1.1. Prazos para o pagamento de credores trabalhistas e 
acidentários 
 
O art. 50 da LRF prevê uma sériede possibilidades para o devedor 
adotar em seu plano de recuperação judicial, que vão desde a venda de ativos 
e a alteração do controle societário da empresa, até a solicitação de prazos e 
condições especiais para o pagamento dos credores de todas as classes. 
Isso quer dizer que não há vedação legal para que o plano preveja a 
novação e o parcelamento dos créditos trabalhistas, o que pode incluir deságio, 
antecipação de parcelas com descontos, exclusão ou substituição dos índices 
de juros e correção monetária, realização de leilões reversos quando houver 
saldo no fluxo de caixa, etc. 
 
Nada obstante essa liberdade que a recuperanda tem na apresentação 
dos meios de recuperação judicial, o art. 54 da LRF fixa termos finais para o 
pagamento dos créditos trabalhistas e decorrentes de acidente do trabalho, os 
quais são inegociáveis. 
Art. 54. O plano de recuperação judicial não poderá prever prazo superior a 1 
(um) ano para pagamento dos créditos derivados da legislação do trabalho ou 
decorrentes de acidentes de trabalho vencidos até a data do pedido de 
recuperação judicial. 
§ 1º. O plano não poderá, ainda, prever prazo superior a 30 (trinta) dias para 
o pagamento, até o limite de 5 (cinco) salários-mínimos por trabalhador, dos 
créditos de natureza estritamente salarial vencidos nos 3 (três) meses 
anteriores ao pedido de recuperação judicial. 
§ 2º O prazo estabelecido no caput deste artigo poderá ser estendido em até 
2 (dois) anos, se o plano de recuperação judicial atender aos seguintes 
requisitos, cumulativamente: 
I - apresentação de garantias julgadas suficientes pelo juiz; 
Leilão reverso é uma modalidade de deságio em que os credores 
interessados em participar e que concederem os maiores 
descontos terão seus créditos satisfeitos antes dos demais. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
81 
 
II - aprovação pelos credores titulares de créditos derivados da legislação 
trabalhista ou decorrentes de acidentes de trabalho, na forma do § 2º do art. 
45 desta Lei; e 
III - garantia da integralidade do pagamento dos créditos trabalhistas. 
Por conseguinte, o plano de recuperação judicial não poderá prever 
prazo superior a um ano para pagamento com algum tipo de deságio dos 
créditos trabalhistas e decorrentes de acidentes de trabalho, a contar da 
decisão que homologar a aprovação do plano pela assembleia geral de 
credores e conceder a recuperação judicial, marco inicial este fixado pela 
jurisprudência do STJ (REsp nº 1.924.164/SP, julgado em 15/06/2021). 
Ademais, para os créditos trabalhistas de natureza estritamente salarial 
vencidos nos três meses anteriores ao pedido de recuperação judicial, 
limitados a cinco salários-mínimos por trabalhador, o plano não poderá prever 
prazo de pagamento superior a trinta dias, também contados da decisão que 
homologar a aprovação do plano pela assembleia geral de credores. 
Agora, em novidade trazida pela lei da reforma recuperacional e 
falimentar, caso o devedor opte por não aplicar qualquer deságio aos créditos 
trabalhistas e apresente garantias julgadas suficientes pelo Juiz da Vara 
Empresarial, o art. 54, §2º, da LRF lhe concede outros dois anos adicionais 
para o seu pagamento, num total de três, desde que, obviamente essa 
proposta seja aprovada pelos trabalhadores dessa classe, no quórum de 
maioria simples entre os presentes na assembleia geral, independentemente 
do valor do crédito, conforme o art. 45, §2º, da LRF, como será abordado em 
seguida. 
Ressalte-se aqui que os créditos decorrentes de acidentes de trabalho 
são levados a reboque pelos créditos trabalhistas para o prazo total de três 
anos para pagamento, mas a eles não é garantida a integralidade do 
pagamento, como podemos observar no silêncio eloquente do inciso III do §2º 
do art. 54 da LRF. 
 
O art. 54, §2º, III, da LRF demanda a integralidade do 
pagamento dos créditos trabalhistas, o que, a título de 
lembrança, envolve também os juros e a correção monetária 
incidentes após o ajuizamento da recuperação judicial. 
https://processo.stj.jus.br/processo/pesquisa/?tipoPesquisa=tipoPesquisaNumeroRegistro&termo=202100544333&totalRegistrosPorPagina=40&aplicacao=processos.ea
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
82 
 
 
8.2. Assembleia geral de credores 
 
Em conjunto com o administrador judicial, o gestor judicial e o comitê 
de credores, a assembleia geral integra os órgãos da recuperação judicial. 
Suas atribuições estão no art. 35 da LRF e uma das mais relevantes é a 
deliberação acerca do plano de recuperação judicial apresentado pelo devedor, 
sempre que houver objeções por parte de algum credor. 
Com efeito, não existindo oposição por parte de nenhum deles, resta 
esvaziada a atribuição da assembleia geral de apreciação do plano e, em 
conformidade com o art. 58 da LRF, cabe ao Juiz da Vara Empresarial 
homologá-lo diretamente, concedendo a recuperação judicial. 
Art. 58. Cumpridas as exigências desta Lei, o juiz concederá a recuperação 
judicial do devedor cujo plano não tenha sofrido objeção de credor nos termos 
do art. 55 desta Lei ou tenha sido aprovado pela assembleia-geral de 
credores na forma dos arts. 45 ou 56-A desta Lei. 
Sem embargo, como essa aquiescência integral é raríssima de se ver 
na prática, a normalidade dos processos conduz à necessidade de convocação 
da assembleia geral de credores para deliberar acerca do plano de 
recuperação judicial, o que é feito pelo Juízo da Vara Empresarial através da 
publicação de edital com antecedência de quinze dias e cuja data de realização 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
https://youtu.be/YeOPneYod40?t=1140
83 
 
não deve ultrapassar os cento e cinquenta dias contados do deferimento de 
processamento da recuperação judicial, como manda o §1º do art. 56 da LRF. 
Art. 56. Havendo objeção de qualquer credor ao plano de recuperação 
judicial, o juiz convocará a assembleia-geral de credores para deliberar sobre 
o plano de recuperação. 
§1º A data designada para a realização da assembleia-geral não excederá 
150 (cento e cinquenta) dias contados do deferimento do processamento da 
recuperação judicial. 
O quórum de instalação ou deliberação da assembleia geral de 
credores está no art. 37, §2º, da LRF e, em primeira convocação, é atingido 
com a presença dos credores titulares de mais da metade dos créditos de cada 
uma das quatro classes, ou seja, trata-se de quórum per creditum, e não per 
capita. Não obtido este quórum, ela pode ser instalada em segunda 
convocação, com qualquer número. 
Art. 37. (...) 
§2º A assembleia instalar-se-á, em 1ª (primeira) convocação, com a presença 
de credores titulares de mais da metade dos créditos de cada classe, 
computados pelo valor, e, em 2ª (segunda) convocação, com qualquer 
número. 
Questão interessante é a de que os §§5º e 6º do art. 37 da LRF 
autorizam que os trabalhadores que assim o desejarem sejam representados 
por procurador ou por seu sindicato de classe, bastando, neste segundo caso, 
que a entidade sindical apresente ao administrador judicial, ao menos dez dias 
antes da assembleia, a relação dos trabalhadores que pretende representar. 
Art. 37. (...) 
§ 5º Os sindicatos de trabalhadores poderão representar seus associados 
titulares de créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de 
acidente de trabalho que não comparecerem, pessoalmente ou por 
procurador, à assembleia. 
§ 6º Para exercer a prerrogativa prevista no § 5º deste artigo, o sindicato 
deverá: 
I – apresentar ao administrador judicial, até 10 (dez) dias antes da 
assembleia, a relação dos associados que pretende representar, e o 
trabalhador que conste da relação de mais de um sindicato deverá 
esclarecer, até 24 (vinte e quatro)horas antes da assembleia, qual sindicato o 
representa, sob pena de não ser representado em assembleia por nenhum 
deles; 
84 
 
 
 
8.3. Aprovação do plano e concessão da recuperação 
judicial 
 
Uma vez instalada a assembleia geral para deliberar sobre o plano de 
recuperação judicial apresentado pelo devedor, o plano será aprovado se 
atendidos os quóruns do art. 45 da LRF. 
Segundo este dispositivo, as quatro classes de credores deverão 
aprovar o plano, sendo que nas classes I e IV, isto é, as classes das pessoas 
trabalhadoras e acidentadas no trabalho e micro e pequenos empresários/as, o 
quórum de aprovação é pela maioria simples dos credores presentes, 
independentemente do valor do seu crédito. 
Já nas classes II e III, os credores com garantia real e os credores 
quirografários, com privilégio especial, com privilégio geral ou subordinados, 
esse quórum passa por dupla verificação: só será aprovado o plano se 
confirmado por mais da metade do valor total dos créditos presentes à 
assembleia e, cumulativamente, pela maioria simples dos credores presentes. 
Art. 45. Nas deliberações sobre o plano de recuperação judicial, todas as 
classes de credores referidas no art. 41 desta Lei deverão aprovar a 
proposta. 
§ 1º Em cada uma das classes referidas nos incisos II e III do art. 41 desta 
Lei, a proposta deverá ser aprovada por credores que representem mais da 
metade do valor total dos créditos presentes à assembleia e, 
cumulativamente, pela maioria simples dos credores presentes. 
§ 2º Nas classes previstas nos incisos I e IV do art. 41 desta Lei, a proposta 
deverá ser aprovada pela maioria simples dos credores presentes, 
independentemente do valor de seu crédito. 
O credor não terá direito a voto e não será considerado para fins de 
verificação de quórum de deliberação se o plano de recuperação judicial não 
IMPORTANTE: 
O art. 37, §6º, inciso I, da LRF limita a representação do 
sindicato aos seus associados, mas sabemos que, à luz do art. 
8º, inciso III, da Constituição Federal, e do julgado em 
18/06/2015 pelo STF no RE nº 883.642/AL, com repercussão 
geral, eles representam todos os membros da categoria. 
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htmhttps:/www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/stf/311628775/inteiro-teor-311628783
https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/stf/311628775/inteiro-teor-311628783
85 
 
alterar o valor ou as condições originais de pagamento de seu crédito (§ 3º do 
art. 45 da LRF). 
Buscando diminuir as burocracias do procedimento assemblear, a lei 
da reforma recuperacional e falimentar inseriu o art. 56-A na LRF, permitindo a 
substituição da assembleia geral por comprovantes de adesão dos credores 
que representem mais da metade do valor dos créditos sujeitos à recuperação 
judicial, observados ainda os quóruns específicos de deliberação do art. 45 da 
LRF. 
Art. 56-A. Até 5 (cinco) dias antes da data de realização da assembleia-geral 
de credores convocada para deliberar sobre o plano, o devedor poderá 
comprovar a aprovação dos credores por meio de termo de adesão, 
observado o quórum previsto no art. 45 desta Lei, e requerer a sua 
homologação judicial. 
Se esses comprovantes forem apresentados ao Juízo da Vara 
Empresarial até cinco dias antes da realização da assembleia geral, a 
realização da assembleia é dispensada, o plano é homologado e a 
recuperação judicial é concedida, gerando certos efeitos, alguns dos quais 
veremos a seguir. 
 
 
 
8.3.1. Efeitos da concessão da recuperação judicial 
 
O primeiro efeito da concessão da recuperação judicial está 
determinado no art. 59 da LRF e é a vinculação do devedor e de todos os 
Diante de condições bem específicas previstas no §1º do art. 58 
da LRF, o plano de recuperação judicial pode ser homologado 
pelo Juiz da Vara Empresarial mesmo contra a vontade da 
assembleia geral. Essa decisão é chamada de cram down. 
Após aprovado o plano de recuperação judicial, o art. 57 da LRF 
exige que o devedor apresente certidões negativas de débitos 
tributários, as quais são obtidas com o efetivo pagamento dos 
tributos, algo raríssimo de acontecer neste cenário, ou com o 
parcelamento da dívida fiscal, na forma do art. 68 da LRF. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htmhttps:/www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/stf/311628775/inteiro-teor-311628783
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htmhttps:/www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/stf/311628775/inteiro-teor-311628783
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htmhttps:/www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/stf/311628775/inteiro-teor-311628783
86 
 
credores sujeitos à recuperação judicial às estipulações do plano aprovado, 
tendo sido vencedores ou vencidos na assembleia geral. 
O segundo é a novação dos créditos submetidos à recuperação 
judicial. O crédito que existia antes do pedido de recuperação é extinto e, em 
seu lugar, surge um novo crédito de mesma natureza jurídica, porém nas 
condições e modo estabelecidos pelo plano. Em outras palavras, os créditos 
trabalhistas e decorrentes de acidente de trabalho continuam mantendo a 
natureza alimentar do que lhes precedeu, mas seu valor, vencimento e índices 
de atualização e juros são substituídos por aqueles aprovados pela assembleia 
geral. 
Art. 59. O plano de recuperação judicial implica novação dos créditos 
anteriores ao pedido, e obriga o devedor e todos os credores a ele sujeitos, 
sem prejuízo das garantias, observado o disposto no § 1º do art. 50 desta Lei. 
Além disso, é importante ressaltar que são afetados pela novação 
todos os créditos constituídos antes do pedido, mesmo que ainda não tenham 
sido habilitados na recuperação judicial, seja por desídia do credor, seja pelo 
fato de sua demanda judicial contra o credor ainda não estar liquidada e não 
ter havido pedido de reserva. 
A sujeição independentemente de habilitação ocorre porque, se é 
dever da recuperanda informar na petição inicial quem são os seus credores, 
também é ônus imposto a estes o de se habilitarem ou impugnarem a lista do 
administrador que não os incluiu. Se assim não o fosse, muitos credores 
certamente prefeririam ficar de fora do quadro geral, para buscar algum tipo de 
tratamento diferenciado na sua ação individual. 
Outro aspecto significativo é que a novação dos créditos está sujeita a 
um termo resolutivo, consistente no cumprimento do plano de recuperação pelo 
período de fiscalização judicial, que pode durar até dois anos, conforme fixar o 
Juiz da Vara Empresarial. De acordo com as disposições do art. 61 da LRF na 
contingência de as obrigações do plano não serem satisfeitas nesse interregno, 
a recuperação judicial será convolada em falência, inclusive de ofício, e os 
credores terão seus direitos reconstituídos nas condições originalmente 
previstas, abatidos possíveis valores pagos. 
Art. 61. Proferida a decisão prevista no art. 58 desta Lei, o juiz poderá 
determinar a manutenção do devedor em recuperação judicial até que sejam 
cumpridas todas as obrigações previstas no plano que vencerem até, no 
máximo, 2 (dois) anos depois da concessão da recuperação judicial, 
independentemente do eventual período de carência. 
§1º Durante o período estabelecido no caput deste artigo, o descumprimento 
de qualquer obrigação prevista no plano acarretará a convolação da 
recuperação em falência, nos termos do art. 73 desta Lei. 
87 
 
§2º Decretada a falência, os credores terão reconstituídos seus direitos e 
garantias nas condições originalmente contratadas, deduzidos os valores 
eventualmente pagos e ressalvados os atos validamente praticados no 
âmbito da recuperação judicial. 
 
Por outro lado, o art. 62 da LRF estipula que, decorrido o interregno de 
fiscalização judicial, a novação dos créditos se estabiliza em definitivoe, na 
hipótese de descumprimento do plano, cabe ao credor lesado ou retomar a sua 
execução singular, porém com base no crédito novado, ou requerer a quebra 
do devedor, com fundamento no art. 94, inciso III, alínea “g”, da LRF. 
Art. 62. Após o período previsto no art. 61 desta Lei, no caso de 
descumprimento de qualquer obrigação prevista no plano de recuperação 
judicial, qualquer credor poderá requerer a execução específica ou a falência 
com base no art. 94 desta Lei. 
 
Essa situação muito eventualmente pode acontecer em uma 
reclamatória trabalhista. Isso porque outro efeito da concessão da recuperação 
judicial é a manutenção da suspensão das execuções de créditos trabalhistas 
ou acidentários durante todo o período de fiscalização judicial, com 
arquivamento provisório caso não haja, nos mesmos autos, outros créditos não 
sujeitos à recuperação, como o previdenciário e as custas processuais. 
É possível que um plano de recuperação preveja três anos para o 
pagamento de créditos trabalhistas ou acidentários e seja descumprido 
somente depois do final do período de fiscalização judicial. Diante disso, a 
pessoa trabalhadora prejudicada, em vez de buscar a falência do devedor, 
pode talvez preferir voltar à sua reclamatória trabalhista originária e buscar a 
execução do saldo devedor do seu crédito novado. 
O prazo de até dois anos e a discricionariedade do Juiz da Vara 
Empresarial para escolher o tempo de fiscalização judicial da 
recuperação são novidades da lei da reforma recuperacional e 
falimentar. Antes dela, o caput do art. 61 da LRF fixava um 
prazo imutável de dois anos para a fiscalização. 
Em virtude dos efeitos do termo resolutivo da novação, também 
não é permitido a um trabalhador que recebeu seus créditos 
com deságio na recuperação judicial retornar posteriormente à 
reclamatória trabalhista de origem e postular a diferença entre 
os valores originários e os efetivamente recebidos. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htmhttps:/www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/stf/311628775/inteiro-teor-311628783
88 
 
Nada obstante, essa hipótese é muito rara de ocorrer na prática, tendo 
em vista que provavelmente outros credores buscarão o caminho da falência, 
mantendo ou fazendo que se retome a suspensão da execução nas 
reclamatórias trabalhistas em geral. 
 
8.3.2. Encerramento da recuperação judicial 
 
O devedor ficará sob fiscalização judicial pelo interregno de até dois 
anos após a concessão da recuperação. Conforme o art. 63 da LRF, se no 
período de fiscalização tiverem sido cumpridas todas as obrigações vencidas e 
previstas no plano, o Juiz da Vara Empresarial declarará por sentença a 
extinção do processo de recuperação judicial, ainda que remanesçam 
obrigações a serem vencidas e que eventualmente não tenham sido 
consolidadas no quadro geral de credores. 
Art. 63. Cumpridas as obrigações vencidas no prazo previsto no caput do art. 
61 desta Lei, o juiz decretará por sentença o encerramento da recuperação 
judicial e determinará: (...) 
 
8.4. Rejeição do plano de recuperação judicial 
 
Pode ocorrer do plano de recuperação judicial não ser aprovado pela 
assembleia geral de credores e de não haver quórum para o cram down. 
Nessa contingência, a lei da reforma recuperacional e falimentar modificou o 
https://youtu.be/YeOPneYod40?t=5940
89 
 
art. 56, §4º, e o art. 73, inciso III, da LRF, e não mais permite a convolação 
automática em falência. 
Art. 56. (...) 
§4º Rejeitado o plano de recuperação judicial, o administrador judicial 
submeterá, no ato, à votação da assembleia-geral de credores a concessão 
de prazo de 30 (trinta) dias para que seja apresentado plano de recuperação 
judicial pelos credores. 
Art. 73. O juiz decretará a falência durante o processo de recuperação 
judicial: (...) 
III - quando não aplicado o disposto nos §§ 4º, 5º e 6º do art. 56 desta Lei, ou 
rejeitado o plano de recuperação judicial proposto pelos credores, nos termos 
do § 7º do art. 56 e do art. 58-A desta Lei; 
No regime atual, o administrador judicial precisa submeter à apreciação 
imediata da assembleia geral a concessão ou não de um prazo de trinta dias 
para que seja apresentado o plano de recuperação judicial alternativo pelos 
credores, o qual deve observar uma série de requisitos previstos no §6º do art. 
56 da LRF e, por óbvio, contar com a aquiescência do devedor. 
Rejeitada na assembleia geral a concessão desse prazo por mais da 
metade dos créditos presentes, ou ainda, não apresentado plano alternativo 
pelos credores até o seu final, o Juiz da Vara Empresarial convolará a 
recuperação judicial em quebra. 
Essa convolação em falência também ocorrerá caso o devedor ou a 
assembleia geral, em sessão futura, rejeitarem o plano alternativo proposto 
pelos credores, tudo na forma do §8º do art. 56 da LRF. 
Art. 56. (...) 
§8º Não aplicado o disposto nos §§ 4º, 5º e 6º deste artigo, ou rejeitado o 
plano de recuperação judicial proposto pelos credores, o juiz convolará a 
recuperação judicial em falência. 
 
8.5. Convolação da recuperação judicial em falência 
 
Tanto as situações acima descritas, como outras previstas no art. 73 
da LRF, também podem levar à convolação da recuperação judicial em 
falência. São elas a falta de apresentação do plano no prazo de até sessenta 
dias do processamento da recuperação judicial, o descumprimento do plano 
durante a sua execução, o descumprimento de eventual parcelamento de 
créditos fiscais e a prática de atos de esvaziamento patrimonial do devedor que 
inviabilizem o cumprimento das suas obrigações. A saber: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
90 
 
Art. 73. O juiz decretará a falência durante o processo de recuperação 
judicial: 
I – por deliberação da assembleia-geral de credores, na forma do art. 42 
desta Lei; 
II – pela não apresentação, pelo devedor, do plano de recuperação no prazo 
do art. 53 desta Lei; 
III - quando não aplicado o disposto nos §§ 4º, 5º e 6º do art. 56 desta Lei, ou 
rejeitado o plano de recuperação judicial proposto pelos credores, nos termos 
do § 7º do art. 56 e do art. 58-A desta Lei; 
IV – por descumprimento de qualquer obrigação assumida no plano de 
recuperação, na forma do § 1º do art. 61 desta Lei. 
V - por descumprimento dos parcelamentos referidos no art. 68 desta Lei ou 
da transação prevista no art. 10-C da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002; e 
VI - quando identificado o esvaziamento patrimonial da devedora que 
implique liquidação substancial da empresa, em prejuízo de credores não 
sujeitos à recuperação judicial, inclusive as Fazendas Públicas. (...) 
 
9. Alienação dos ativos da recuperanda 
 
Depois de ajuizada a ação de recuperação judicial, o devedor passa a 
sofrer limitações quanto à disponibilidade sobre os bens de seu ativo não 
circulante. Conforme o art. 66 da LRF, somente poderá haver a alienação ou 
a oneração desses bens se houver previsão no plano de recuperação judicial 
aprovado pela assembleia geral, ou se o Juiz da Vara Empresarial permitir, 
depois de ouvido o comitê de credores ou, excepcionalmente, a assembleia. 
De acordo com o art. 142, §8º, da LRF, a venda de ativos da 
recuperanda por qualquer modalidade que seja feita é sempre considerada 
uma alienação judicial e, por força do parágrafo único do art. 60 e do §3º do 
art. 66 da LRF, os bens comercializados, inclusive se compuserem unidade 
produtiva isolada, são entregues ao adquirente livres de quaisquer ônus, não 
havendo possibilidade de sucessão deste em obrigações do devedor, inclusive 
de natureza trabalhista, salvo fraude (art. 9 da CLT). 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm91 
 
 
Art. 60. Se o plano de recuperação judicial aprovado envolver alienação 
judicial de filiais ou de unidades produtivas isoladas do devedor, o juiz 
ordenará a sua realização, observado o disposto no art. 142 desta Lei. 
Parágrafo único. O objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não 
haverá sucessão do arrematante nas obrigações do devedor de qualquer 
natureza, incluídas, mas não exclusivamente, as de natureza ambiental, 
regulatória, administrativa, penal, anticorrupção, tributária e trabalhista, 
observado o disposto no § 1º do art. 141 desta Lei. 
 
 
Unidade produtiva isolada é um conceito trazido pelo art. 60 e pelo 
art. 60-A da LRF que se assemelha à nossa concepção trabalhista de 
estabelecimento ou até de filial. Embora seja uma das preferidas pelo art. 140 
da LRF para a realização de ativos no processo falimentar, na recuperação 
judicial é uma modalidade sensível de alienação, pois pode tornar inviável o 
desenvolvimento da atividade empresarial e comprometer a própria 
recuperação. 
É por isso que há atenção destacada do legislador em relação às 
unidades produtivas isoladas e à fraude em sua aquisição. 
Art. 60-A. A unidade produtiva isolada de que trata o art. 60 desta Lei poderá 
abranger bens, direitos ou ativos de qualquer natureza, tangíveis ou 
intangíveis, isolados ou em conjunto, incluídas participações dos sócios. 
Ativo circulante são bens que podem ser convertidos em 
dinheiro em curto espaço de tempo e que normalmente são 
destinados à comercialização pelo empresário, no 
desenvolvimento da sua atividade econômica. São exemplos as 
matérias-primas e as mercadorias. Já o ativo não circulante 
representa o contrário: bens que não podem transformados em 
dinheiro em curto espaço e que normalmente são destinados à 
produção. São, dentre outros, as unidades produtivas isoladas, 
os demais bens de capital e a propriedade intelectual. 
Na sua redação original, o parágrafo único do art. 60 da LRF foi 
declarado constitucional pelo STF na ADI nº 3.934/DF. 
A lei da reforma recuperacional e falimentar trouxe apenas 
aperfeiçoamento de redação ao dispositivo. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htmhttps:/www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/stf/311628775/inteiro-teor-311628783
https://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2544041
92 
 
Falando em fraude na alienação de unidade produtiva isolada, vale 
registrar acórdão da 7ª Turma do TST (RR nº 2383-89.2010.5.02.0075, 
julgado em 20/4/2022), em que houve o reconhecimento de fraude e, por 
conseguinte, de sucessão trabalhista da adquirente, por conta da transferência 
de todos os ativos da recuperanda para ela, subvertendo a lógica do processo 
de recuperação judicial. 
"RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELA RÉ . LEI Nº 13.467/2017. 
FASE DE EXECUÇÃO . TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA DA CAUSA 
RECONHECIDA . Constata-se que há transcendência jurídica da causa, 
considerando o debate em torno de direitos e garantias constitucionais de 
especial relevância, com a possibilidade de reconhecimento de afronta direta 
a dispositivo da Lei Maior, a justificar que se prossiga no exame do apelo. 
NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. MANIFESTAÇÃO DA 
CORTE DE ORIGEM SOBRE QUESTÃO SUFICIENTE À MANUTENÇÃO DA 
DECISÃO. NÃO CONFIGURAÇÃO. O exame dos autos revela que a Corte a 
quo proferiu decisão completa, válida e devidamente fundamentada, razão 
pela qual não prospera a alegada negativa de prestação jurisdicional. 
Constata-se do acórdão recorrido que foi levada em consideração, no 
deslinde da controvérsia, a circunstância da homologação judicial do plano de 
recuperação judicial, consoante acima destacado . Outrossim, os argumentos 
expostos pelo Tribunal Regional, ainda que de forma implícita, revelam que , 
não obstante a aprovação da assembleia geral de credores e a chancela do 
Judiciário, a inobservância de premissas básicas acerca da transação 
realizada, a exemplo da transferência de todo ativo da empresa recuperanda, 
é suficiente para conclusão do afastamento da blindagem prevista na Lei nº 
11.101/2005. Isso retira qualquer utilidade no provimento em questão 
(acolhimento da negativa), uma vez que, mesmo com eventual manifestação 
expressa sobre os pontos ventilados pela empresa na preliminar de nulidade, 
subsistirá fundamento bastante, por si só, para manutenção do desfecho 
adotado na origem. Recurso de revista não conhecido . SUCESSÃO 
TRABALHISTA. AQUISIÇÃO DOS ESTABELECIMENTOS DA EMPRESA 
RECUPERANDA. TRANSFERÊNCIA TOTAL DOS ATIVOS. LEI DE 
RECUPERAÇÃO JUDICIAL. AFASTAMENTO DA BLINDAGEM PREVISTA 
NO ARTIGO 60, PARÁGRAFO ÚNICO, DA LEI Nº 11.101/2005. 
DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS NÃO VIOLADOS. HOMOLOGAÇÃO 
DO PLANO EM DATA ANTERIOR À VIGÊNCIA DA LEI Nº 14.112/2020. De 
início, é preciso esclarecer que o artigo 50, XVIII, incluído pela Lei nº 14.112, 
de 2020, o qual possibilitou a venda integral da devedora como um dos meios 
de recuperação judicial, não se aplica à hipótese, uma vez que a 
homologação do plano ocorreu em data anterior à vigência da referida norma 
(7/2/2009), quando ausente tal previsão. Assim, a apreciação da controvérsia, 
no particular, tomará por base o ordenamento jurídico vigente à época dos 
fatos. Dito isso, prossegue-se na análise do caso concreto . O TRT, com base 
no conjunto fático-probatório, em especial no parecer coligido aos autos, 
afastou a norma prevista no artigo 60, parágrafo único, da Lei nº 11.101/2005 
e reconheceu a sucessão da recorrente nas obrigações trabalhistas da 
empresa Independência S/A, fundamentalmente, por dois argumentos: a) 
transferência de todo o ativo desta para a adquirente; e b) ausência de hasta 
pública para venda das unidades produtivas da recuperanda. Embora a 
alienação de ativos sem a realização de hasta pública possa ser validada por 
posterior homologação judicial, como decidido pelo Pleno desta Corte 
Superior, no julgamento do IRR nº 69700-28.2008.5.04.0008, em 22/5/2017, 
https://consultaprocessual.tst.jus.br/consultaProcessual/consultaTstNumUnica.do?consulta=Consultar&conscsjt=&numeroTst=2383&digitoTst=89&anoTst=2010&orgaoTst=5&tribunalTst=02&varaTst=0075&submit=Consultar
93 
 
a aquisição de todos os estabelecimentos da primeira ré (premissa 
insuscetível de modificação nesta seara, pelo óbice da Súmula nº 126 do 
TST), subverte toda lógica contida no mencionado dispositivo legal e na 
operação que ele representa . No bojo do julgamento da ADI nº 3.934/DF, em 
que foi declarada a constitucionalidade do artigo 60, parágrafo único, da Lei 
nº 11.101/2005, o Supremo Tribunal Federal esclareceu: "Do ponto de vista 
teleológico, salta à vista que o referido diploma legal buscou, antes de tudo, 
garantir a sobrevivência das empresas em dificuldades - não raras vezes 
derivadas das vicissitudes por que passa a econômica globalizada -, 
autorizando a alienação de seus ativos, tendo em conta, sobretudo, a função 
social que tais complexos patrimoniais exercem , a teor do disposto no art. 
170, III, da Lei Maior. (...) O referido processo tem em mira não somente 
contribuir para que a empresa vergastada por uma crise econômica ou 
financeira possa superá-la, eventualmente, mas também busca preservar, o 
mais possível, os vínculos trabalhistas e a cadeia de fornecedores com os 
quais ela guarda verdadeira relação simbiótica ." (ADI 3934, Relator(a): 
RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em 27/05/2009, DJe-208 
DIVULG 05-11-2009 PUBLIC 06-11-2009 EMENT VOL-02381-02 PP-00374 
RTJ VOL-00216-01 PP-00227) (grifo nosso). Em interpretação dos aludidos 
fundamentos, não é crível, portanto, que os efeitos da blindagem possam 
alcançar situações em que houve a transmissão de todos os bens da 
empresa em recuperação judicial para a adquirente, a fulminar a continuidade 
de suas atividades. Por isso, a compreensão literal, mais adequadaao caso, 
revela que esse resultado - afastamento de eventual sucessão do 
arrematante nas obrigações anteriores do devedor - só acontecerá quando a 
aquisição se referir a filiais ou unidades produtivas isoladas , pois, somente 
assim, restaria garantido o princípio da preservação da empresa, em exata 
aplicação do artigo 47 da Lei de Recuperação Judicial. Embora o conceito de 
UPI seja indeterminado - diferente do relacionado à filial, amplamente tratado 
como o estabelecimento secundário que possui relação de dependência e 
subordinação com a matriz - é certo que ele também está atrelado ao 
destacamento de parcela do patrimônio do devedor com destinação 
produtiva. Nesse contexto, não se amolda à hipótese normativa a situação 
dos autos; neles, demonstrou-se que "a Independência S/A alienou todos os 
estabelecimentos que possuía para a agravante, menos um (o de Santana de 
Parnaíba que, posteriormente, acabou sendo arrendado para a agravante), 
resultando a transação, então, na completa transferência de todo o ativo para 
a recorrente ". Ressalte-se que não se trata, aqui, de perscrutar acerca da 
validade do plano de recuperação judicial, que, como visto, já foi homologado 
pela autoridade competente, mas, apenas, de aferir a possibilidade de 
incidência da exceção legal prevista em lei, em face do descumprimento das 
condições necessárias para tanto (obtenção do regular enquadramento 
jurídico). Por coerência, então, com os conceitos legais e doutrinários 
declinados, é impossível determinar a blindagem patrimonial do adquirente, 
pelas obrigações trabalhistas anteriores à alienação, quando comprovado o 
esvaziamento patrimonial da empresa recuperanda, em prejuízo do que 
prescreve o artigo 60, parágrafo único, da Lei nº 11.101/2005. Não socorre à 
ré, ainda, a alegação da necessidade de interpretação conjunta desse 
dispositivo com o artigo 141, caput e II, do mesmo arcabouço legal, tendo em 
vista que o último se aplica, unicamente, no âmbito da falência. Logo, deve 
prevalecer, no presente caso, a regra geral prevista nos artigos 10 e 448 da 
CLT, com o reconhecimento da sucessão empresarial . Saliente-se, por fim, 
que esta Corte Superior já firmou posicionamento no sentido de que somente 
a inequívoca dissonância entre a decisão transitada em julgado e aquela 
proferida em sede de execução, caracteriza afronta à coisa julgada 
94 
 
(Orientação Jurisprudencial nº 123 da SbDI-II do TST), o que não é a ocasião 
dos autos. Incólumes os demais artigos indicados pela parte. Por todo o 
exposto, deve ser mantida a decisão regional. Recurso de revista não 
conhecido" (RR-2383-89.2010.5.02.0075, 7ª Turma, Relator Ministro Claudio 
Mascarenhas Brandao, DEJT 13/05/2022). 
Por outro lado, no nacionalmente conhecido caso Varig, por entender 
pela não ocorrência de fraude na alienação de unidade produtiva isolada, o 
TRT da 2ª Região editou a Súmula nº 37, não reconhecendo a existência de 
sucessão trabalhista. 
Súmula nº 37 do TRT da 2ª Região. Varig. Sucessão trabalhista. Não 
ocorrência. Ao julgar a ADI 3934/DF o E. STF declarou constitucionais os 
arts. 60, parágrafo único e 141, II da lei 11.101/2005, que preconizam a 
ausência de sucessão no caso de alienação judicial em processo de 
recuperação judicial e ou falência. O objeto da alienação efetuada em plano 
de recuperação judicial está livre de quaisquer ônus, não se caracterizando a 
sucessão empresarial do arrematante adquirente, isento das dívidas e 
obrigações contraídas pelo devedor, inclusive quanto aos créditos de 
natureza trabalhista. 
Nada obstante os entendimentos das Cortes trabalhistas, o STJ 
entende que é o Juízo da Vara Empresarial o competente para avaliar a 
existência de sucessão, inclusive trabalhista, quando da alienação dos ativos 
da recuperanda no processo de recuperação judicial, não podendo tal decisão 
ser questionada na Justiça do Trabalho, sob pena de invasão da competência 
daquele e insegurança jurídica para o adquirente (CC nº 118.183/MG, 
julgado em 09/11/2011). 
 
 
10. Recuperação judicial de microempresas e 
empresas de pequeno porte 
 
Em virtude do alto custo e da complexidade ínsitos ao processo de 
recuperação judicial, o §1º do art. 70 da LRF outorga ao devedor enquadrado 
no conceito de microempresa ou empresa de pequeno porte a faculdade de 
optar por um procedimento simplificado, caso assim o desejem, chamado plano 
especial de recuperação judicial. Outrossim, a lei da reforma recuperacional e 
falimentar – Lei 14.112/20 - inseriu na LRF o art. 70-A e também estendeu 
referido procedimento ao produtor rural com reduzido endividamento, desde 
que o montante dos créditos sujeitos à recuperação não exceda a 4,8 milhões 
de reais. 
Art. 70. (...) 
https://processo.stj.jus.br/processo/pesquisa/?tipoPesquisa=tipoPesquisaNumeroRegistro&termo=201101625160&totalRegistrosPorPagina=40&aplicacao=processos.ea
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
95 
 
§1º As microempresas e as empresas de pequeno porte, conforme definidas 
em lei, poderão apresentar plano especial de recuperação judicial, desde que 
afirmem sua intenção de fazê-lo na petição inicial de que trata o art. 51 desta 
Lei. 
 
O plano especial de recuperação judicial possui limitações quanto ao 
período de carência e ao parcelamento dos créditos quando comparado com o 
plano tradicional. Os credores, independentemente de sua classe, devem ser 
satisfeitos em, no máximo, trinta e seis parcelas mensais, iguais e sucessivas, 
atualizadas pela SELIC, e o pagamento da primeira parcela deverá ocorrer no 
prazo máximo de cento e oitenta dias, contados da distribuição da petição 
inicial. 
O art. 71, inciso III, da LRF, além disso, permite ao devedor a 
apresentação de proposta de deságio ou abatimento do valor das dívidas, mas 
precisa ficar atento ao quórum de objeções dos credores, como veremos nos 
próximos parágrafos. 
Art. 71. O plano especial de recuperação judicial será apresentado no prazo 
previsto no art. 53 desta Lei e limitar-se á às seguintes condições: 
I - abrangerá todos os créditos existentes na data do pedido, ainda que não 
vencidos, excetuados os decorrentes de repasse de recursos oficiais, os 
fiscais e os previstos nos §§ 3º e 4º do art. 49; 
II - preverá parcelamento em até 36 (trinta e seis) parcelas mensais, iguais e 
sucessivas, acrescidas de juros equivalentes à taxa Sistema Especial de 
Liquidação e de Custódia - SELIC, podendo conter ainda a proposta de 
abatimento do valor das dívidas; 
III – preverá o pagamento da 1ª (primeira) parcela no prazo máximo de 180 
(cento e oitenta) dias, contado da distribuição do pedido de recuperação 
judicial; (...) 
Deferido o processamento da recuperação judicial e apresentado o 
plano em até sessenta dias, o Juiz da Vara Empresarial concederá prazo de 
trinta dias para os credores apresentarem as suas objeções, tal como no 
procedimento tradicional. Nada obstante, não haverá assembleia geral e o 
plano especial será aprovado e a recuperação concedida se as objeções não 
Nos termos do art. 3º da Lei Complementar nº 123/06, são 
consideradas microempresas e empresas de pequeno porte o 
empresário individual, a sociedade limitada unipessoal e a 
sociedade por quotas de responsabilidade limitada cuja receita 
bruta anual não ultrapassar 360 mil reais para a microempresa 
e 4,8 milhões de reais para a empresa de pequeno porte (os 
valores estão atualizados pela Lei Complementar nº 155/16). 
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp123.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp155.htm
96 
 
ultrapassarem os quóruns do art. 45 da LRF, contados por cada uma das 
quatro classes. 
De outra parte, se as objeções dos credores extrapolarem esses 
limites, o Juiz da Vara Empresarial deve julgar improcedente o pedido de 
recuperação e decretar a falência do microempresário, da empresa de 
pequeno porte ou do produtor rural com pequeno endividamento. 
De resto, as outras característicasdesse procedimento, como os 
créditos abrangidos, o stay period e o período de fiscalização, são idênticos 
aos da recuperação judicial tradicional. 
 
11. Responsabilidade secundária na 
recuperação judicial 
 
Como regra geral, a responsabilidade patrimonial pelo adimplemento 
da execução pertence ao devedor que consta no título executivo, de acordo 
com o art. 779 do CPC. Entretanto, existem situações nas quais essa 
responsabilidade pode recair sobre terceiros que constam ou não 
originariamente em tal título. 
É a chamada responsabilidade patrimonial secundária, derivada ou de 
terceiros, que está elencada exemplificativamente no art. 790 do CPC, no 
art. 2º, §2º, da CLT, no art. 448-A da CLT, no art. 455 da CLT, e no art. 
5º-A, §5º, da Lei nº 6.019/74, dispositivos que, como premissa geral, 
estabelecem que terceiros que não são originalmente os titulares da obrigação 
podem eventualmente ser chamados a responder por elas. 
Se nas reclamatórias trabalhistas singulares em face de devedor 
solvente não há muita dúvida acerca da possibilidade de aplicação destes 
dispositivos, inclusive com o chamamento de terceiros ao processo já em fase 
de execução quando ausentes no título executivo, o debate ganha outros 
contornos na ocasião em que estamos diante de empresas em recuperação 
judicial. 
Neste cenário, o nosso objetivo de pagamento ao credor trabalhista 
pode vir a conflitar com princípios e regras da legislação recuperacional, como 
os princípios da universalidade do Juízo da recuperação judicial e da par 
conditio creditorum e regras como a do art. 6-C da LRF, introduzido pela lei da 
reforma recuperacional e falimentar, o qual veda a atribuição de 
responsabilidade a terceiros em decorrência do mero inadimplemento de 
obrigações do devedor em recuperação judicial. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6019compilado.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6019compilado.htm
97 
 
Art. 6º-C. É vedada atribuição de responsabilidade a terceiros em decorrência 
do mero inadimplemento de obrigações do devedor falido ou em recuperação 
judicial, ressalvadas as garantias reais e fidejussórias, bem como as demais 
hipóteses reguladas por esta Lei. 
Na Justiça do Trabalho, o entendimento que se tem visto é no sentido 
de superar o conflito normativo sobrepujando a norma recuperacional 
limitadora e fazendo a execução trabalhista singular prosseguir seu curso. 
Todavia, é preciso ter a consciência de que, ao decidir de tal forma, 
estamos flexionando em algum grau os dois princípios antes mencionados e 
criando efeitos colaterais no sistema, dado que alguns trabalhadores irão 
fatalmente receber seus créditos antes ou, quiçá, em detrimento de outros. 
Portanto, especialmente nas situações de responsabilidade secundária 
de terceiro que ainda não consta no título executivo, o redirecionamento da 
execução trabalhista deve ser encarado como exceção a ser analisada à luz de 
métodos hermenêuticos de superação de antinomias, e não como regra. 
Feita a ressalva quanto aos princípios da universalidade do Juízo 
recuperacional e da par conditio creditorum, regras como a do art. 6-C da LRF 
impressionam menos, pois são fáceis de ser rechaçadas pela Justiça do 
Trabalho. 
Isso porque basta a compreensão de que esse dispositivo cria um ônus 
argumentativo endereçado somente ao Juiz da Vara Empresarial: seu 
comando é que, no âmbito de um processo de recuperação judicial, o 
Magistrado da Vara Empresarial não pode imputar responsabilidade a terceiros 
somente pelo inadimplemento do devedor. A Vara deverá ir mais longe na 
argumentação, enfrentando, exemplificativamente, as premissas do art. 50 do 
Código Civil, se a hipótese for de responsabilidade dos sócios, ou do art. 792 
do CPC, se for de fraude à execução. 
Todavia, essa mesma regra não pode ser imposta aos Juízos de 
origem dos credores que se sujeitam à recuperação judicial, mas que, por 
algum motivo particular, pretendem também seguir com a discussão da 
responsabilidade de terceiros nesses Juízos. 
Assim é que, numa execução singular em que, após a expedição da 
certidão de crédito trabalhista, persista a pretensão do trabalhador em debater 
nos próprios autos a responsabilidade solidária de empresa supostamente 
integrante do grupo econômico da recuperanda, a apreciação a ser feita pela 
Justiça do Trabalho o será à luz do art. 2º, §2º, da CLT, e não do art. 6-C da 
LRF, pois possuímos um microssistema especial de normas de 
responsabilidade secundária que não é derrogado pela lei recuperacional. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm
98 
 
O mesmo podemos afirmar quando a pretensão for de imputação de 
responsabilidade aos sócios da recuperanda: caso entendamos pela aplicação 
da chamada teoria menor ou objetiva da desconsideração da personalidade 
jurídica da recuperanda, o art. 6-C da LRF não representa óbice à utilização do 
art. 28, §5º, do Código de Defesa do Consumidor. 
 
 
11.1. Responsabilidade do devedor constante no título 
executivo 
 
A primeira modalidade de responsabilidade secundária objeto de 
debate nas reclamatórias trabalhistas em que o devedor principal é empresa 
recuperanda é a do devedor que já consta no título executivo, ou por ter 
participado do processo desde a fase de conhecimento, ou pela ordem de 
suspensão das execuções singulares ter sido dada pelo Juízo da Vara 
Empresarial depois do trânsito em julgado da nossa decisão que o chamou ao 
processo em fase de execução. 
À vista disso, é preciso atenção para o fato de que não se está sequer 
diante de terceiro no sentido processual, mas sim de verdadeira parte, razão 
Nessas situações, não há proibição legal para que o trabalhador 
habilite seu crédito na recuperação judicial e proceda, ao 
mesmo tempo, na sua execução perante o Juízo trabalhista, 
compensando os valores que receber primeiro. Ao contrário, 
interpretação analógica do art. 127 da LRF autoriza essa 
conclusão. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078compilado.htm
https://youtu.be/nnHhdG3Wvgw?t=240
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htmhttps:/www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/stf/311628775/inteiro-teor-311628783
99 
 
porque, também por esse argumento, o art. 6-C da LRF anteriormente 
examinado não encontra qualquer campo de aplicação nestes casos. 
O primeiro passo é classificar o devedor conforme o tipo de 
responsabilidade que lhe foi imputada no título executivo, se solidária ou 
subsidiária. 
Caso seja da primeira espécie, não há qualquer controvérsia quanto à 
possibilidade de habilitação do crédito na recuperação judicial, na forma do 
art. 49, §1º, da LRF, e o prosseguimento imediato e simultâneo da execução 
trabalhista contra o solidariamente coobrigado, inclusive sem o efeito de 
suspensão das execuções previsto no art. 6º da LRF, consoante a Súmula nº 
581 do STJ. 
Súmula nº 581 do STJ. A recuperação judicial do devedor principal não 
impede o prosseguimento das ações e execuções ajuizadas contra terceiros 
devedores solidários ou coobrigados em geral, por garantia cambial, real ou 
fidejussória. 
No cenário de responsabilidade solidária normalmente encontramos, 
por força do art. 2º, §2º, da CLT, as empresas integrantes de grupo 
econômico e, com alguma divergência na jurisprudência trabalhista quanto aotipo de responsabilidade, os empreiteiros, subempreiteiros e donos de obra, em 
razão do art. 455 da CLT, da Orientação Jurisprudencial nº 191 da SDI-1 
do TST e do IRR nº 190-53.2015.5.03.0090, julgado em 11/05/2017 
(Tema nº 06 da tabela de recursos de revista repetitivos do TST), desde que, 
reforçamos, já constem do título executivo. 
Caso se esteja diante de responsabilidade subsidiária, o benefício de 
ordem de que goza esse tipo de devedor já provocou controvérsia na 
jurisprudência trabalhista quanto à necessidade ou não de se aguardar o 
encerramento da recuperação judicial para se redirecionar a execução 
trabalhista contra ele. 
Todavia, essa questão já se encontra pacificada, com muitos Tribunais 
Regionais tendo emitido entendimentos uniformes sobre a possibilidade de 
prosseguimento imediato e simultâneo da execução trabalhista contra o 
subsidiariamente coobrigado, seja na recuperação judicial, seja na quebra, 
como podemos ver na Súmula nº 20 do TRT da 1ª Região, na Súmula nº 54, 
inciso I, do TRT da 3ª Região, na Orientação Jurisprudencial nº 07 da Seção 
Especializada em Execução do TRT da 4ª Região, na Orientação 
Jurisprudencial nº 28, inciso VII, da Seção Especializada do TRT da 9ª Região 
e na Súmula nº 28 do TRT da 12ª Região. 
Súmula nº 20 do TRT da 1ª Região. Responsabilidade subsidiária. Falência 
do devedor principal. Continuação da execução trabalhista em face dos 
devedores subsidiários. Possibilidade. A falência do devedor principal não 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm
http://brs02.tst.jus.br/cgi-bin/nph-brs?d=BLNK&s1=191&s2=bddi.base.&pg1=NUMS&u=http://www.tst.gov.br/jurisprudencia/brs/nspit/nspitgen_un_pix.html&p=1&r=1&f=G&l=0
https://consultaprocessual.tst.jus.br/consultaProcessual/consultaTstNumUnica.do?consulta=Consultar&conscsjt=&numeroTst=000190&digitoTst=53&anoTst=2015&orgaoTst=5&tribunalTst=03&varaTst=0090&submit=Consultar
100 
 
impede o prosseguimento da execução trabalhista contra os devedores 
subsidiários. 
Súmula nº 54 do TRT da 3ª Região. I – Deferido o processamento da 
recuperação judicial ao devedor principal, cabe redirecionar, de imediato, a 
execução trabalhista em face do devedor subsidiário, ainda que ente público. 
Inteligência do § 1º do art. 49 da Lei n. 11.101/2005. 
Orientação Jurisprudencial nº 07 da Seção Especializada em Execução do 
TRT da 4ª Região. Redirecionamento da execução contra devedor 
subsidiário. Falência do devedor principal. A decretação da falência do 
devedor principal induz presunção de insolvência e autoriza o 
redirecionamento imediato da execução contra o devedor subsidiário. 
Orientação Jurisprudencial nº 28 da Seção Especializada do TRT da 9ª 
Região. (...) VII - Falência. Recuperação Judicial. Sócios responsabilizáveis e 
responsáveis subsidiários. Execução imediata na Justiça do Trabalho. 
Decretada a falência ou iniciado o processo de recuperação judicial, e 
havendo sócios responsabilizáveis ou responsáveis subsidiários, a execução 
pode ser imediatamente direcionada a estes, independentemente do 
desfecho do processo falimentar. Eventual direito de regresso ou 
ressarcimento destes responsabilizados deve ser discutido no Juízo 
Falimentar ou da Recuperação Judicial. 
Súmula nº 28 do TRT da 12ª Região. Falência ou recuperação judicial. 
Responsabilidade subsidiária. Dado o caráter alimentar das verbas 
trabalhistas, decretada a falência ou a recuperação judicial do devedor 
principal, a execução pode voltar-se imediatamente contra devedor 
subsidiário.” 
Mais recentemente, por ocasião da tramitação do projeto de lei da 
reforma recuperacional e falimentar, o legislador buscou retomar a tese de que 
o benefício de ordem justificaria a suspensão das execuções singulares até, 
pelo menos, a homologação do plano de recuperação judicial ou sua 
convolação em falência, inserindo um §10 com esse texto no art. 6º da LRF. 
Entretanto, o dispositivo foi vetado. 
No contexto de responsabilidade subsidiária tradicionalmente estão, 
por conta da Súmula nº 331, inciso IV, do TST e do art. 5º-A, §5º, da Lei nº 
6.019/74, os tomadores de serviço em terceirizações, em face do art. 448-A 
da CLT, os sucessores trabalhistas e, em razão do art. 50 do Código Civil ou 
do art. 28, §5º, do Código de Defesa do Consumidor, os sócios e 
administradores de empresas, desde que já constem do título executivo 
quando do ajuizamento da recuperação judicial. 
 
11.2. Responsabilidade do devedor não constante no 
título executivo 
 
https://www3.tst.jus.br/jurisprudencia/Sumulas_com_indice/Sumulas_Ind_301_350.html#SUM-331
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6019compilado.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078compilado.htm
101 
 
A segunda possibilidade de redirecionamento da execução trabalhista 
contra terceiros quando a devedora é recuperanda ocorre nas situações em 
que esses terceiros ainda não constam no título executivo por ocasião da 
decisão de suspensão das execuções pelo Juízo da Vara Empresarial. 
Primeiro é necessário uma decisão da Justiça do Trabalho que, 
baseada em um juízo provisório de verossimilhança, permita o contraditório e 
determine a inclusão do terceiro no polo passivo da reclamatória trabalhista na 
qualidade de corresponsável. Cabe a Justiça do Trabalho, em procedimento 
não previsto em lei, mas jurisprudencialmente consagrado, determinar a 
reautuação do processo e a citação do terceiro que passará a responder pelo 
débito trabalhista, para que pague ou garanta a execução, sob pena de 
penhora. 
Segundo jurisprudência do TST, não há necessidade de instauração de 
incidente de desconsideração da personalidade jurídica nessa modalidade de 
chamamento ao processo (AgAIRR nº 856-80.2015.5.03.0146, julgado em 
06/11/2019), como também não há impedimento para que o trabalhador, ao 
mesmo tempo habilite seu crédito na recuperação judicial e persiga na 
reclamatória trabalhista a responsabilização de terceiro. 
Com o cancelamento da Súmula nº 205 do TST, há muito tempo se 
incluem nessa conjectura as empresas integrantes de grupo econômico, não 
obstante a decisão do STF no ARE nº 1.160.361/SP, julgado em 
14/09/2021, mas sem efeito vinculante, que determinou à 4ª Turma do TST 
revisão de julgado que havia admitido a inclusão de empresa integrante de 
grupo econômico em fase de execução sem análise de constitucionalidade do 
art. 513, §5º, do CPC, e com violação da Súmula Vinculante nº 10 do 
STF. A 4ª Turma do TST realizou tal revisão e, no RR nº 68600-
43.2008.5.02.0089, julgado em 13/05/2022, afastou a admissão de terceiros 
em fase de execução. 
Será necessário acompanhar a jurisprudência do Supremo para 
verificar o deslinde dessa delicada questão, que afeta não só as situações de 
recuperação judicial, como as de execução trabalhista contra devedor solvente, 
e pode resvalar em casos como o dos sucessores trabalhistas do art. 448-A 
da CLT, dado que o encaixe jurídico é o mesmo. 
De qualquer modo, ultrapassada essa questão, o próprio STJ, na sua 
Súmula nº 480, surgida a partir do julgamento de diversos conflitos com os 
Juízos de Varas Empresariais, reconhece a competência material da Justiça do 
Trabalho para decidir sobre a execução de patrimônio de terceiros previamente 
incluídos ou não no título executivo, pois estabelece que o Juízo da 
recuperação judicial não é competente para decidir sobre a constrição de bens 
https://consultaprocessual.tst.jus.br/consultaProcessual/consultaTstNumUnica.do?consulta=Consultar&conscsjt=&numeroTst=856&digitoTst=80&anoTst=2015&orgaoTst=5&tribunalTst=03&varaTst=0146&submit=Consultarhttps://www3.tst.jus.br/jurisprudencia/Sumulas_com_indice/Sumulas_Ind_201_250.html#SUM-205
https://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5544613
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm
https://jurisprudencia.stf.jus.br/pages/search/seq-sumula746/false
https://consultaprocessual.tst.jus.br/consultaProcessual/consultaTstNumUnica.do?consulta=Consultar&conscsjt=&numeroTst=68600&digitoTst=43&anoTst=2008&orgaoTst=5&tribunalTst=02&varaTst=0089&submit=Consultar
https://consultaprocessual.tst.jus.br/consultaProcessual/consultaTstNumUnica.do?consulta=Consultar&conscsjt=&numeroTst=68600&digitoTst=43&anoTst=2008&orgaoTst=5&tribunalTst=02&varaTst=0089&submit=Consultar
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm
102 
 
que não estiverem abrangidos pelo plano de recuperação, que é o caso dos 
bens dos devedores coobrigados. 
Súmula nº 480 do STJ. O Juízo da recuperação judicial não é competente 
para decidir sobre a constrição de bens não abrangidos pelo plano de 
recuperação da empresa. 
 
 
11.2.1. Responsabilidade do sócio ou administrador da 
recuperanda 
 
Deixamos para análise em separado da responsabilidade do sócio da 
recuperanda ainda não incluído no título executivo por ocasião da decisão de 
suspensão das execuções dada pelo Juízo da Vara Empresarial primeiro 
porque, em face da previsão no incidente de desconsideração da 
personalidade jurídica de regras próprias conforme o art. 855-A da CLT, ele 
não é afetado pela lógica jurídica do STF no ARE nº 1.160.361/SP e, 
segundo porque o art. 82-A, parágrafo único, da LRF aparentemente levanta 
outra barreira a esse tipo de responsabilização. 
O art. 82-A da LRF está geograficamente situado em capítulo legal que 
se dedica à falência e, mais do que isso, faz referência expressa à quebra, e 
não à recuperação judicial, quando trata da proibição de extensão dos seus 
efeitos aos sócios e administradores da falida, admitida a desconsideração da 
personalidade jurídica com base no art. 50 do Código Civil. 
Art. 82-A. É vedada a extensão da falência ou de seus efeitos, no todo ou em 
parte, aos sócios de responsabilidade limitada, aos controladores e aos 
administradores da sociedade falida, admitida, contudo, a desconsideração 
da personalidade jurídica. 
Parágrafo único. A desconsideração da personalidade jurídica da sociedade 
falida, para fins de responsabilização de terceiros, grupo, sócio ou 
administrador por obrigação desta, somente pode ser decretada pelo Juízo 
falimentar com a observância do art. 50 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 
2002 (Código Civil) e dos arts. 133, 134, 135, 136 e 137 da Lei nº 13.105, de 
A confirmar essa tese especificamente no caso de grupo 
econômico, temos o AgInt nos EDcl no CC nº 150.661/SP, 
julgado em 28/02/2018, em que o STJ afirmou não caracterizar 
conflito de competência a ordem de Juiz do Trabalho que 
determina a constrição de bens pertencentes à empresa 
componente do mesmo grupo econômico da recuperanda, 
porém não abrangida pelo processo de recuperação. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm
https://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5544613
https://processo.stj.jus.br/processo/pesquisa/?tipoPesquisa=tipoPesquisaNumeroRegistro&termo=201700110028&totalRegistrosPorPagina=40&aplicacao=processos.ea
103 
 
16 de março de 2015 (Código de Processo Civil), não aplicada a suspensão 
de que trata o § 3º do art. 134 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 
(Código de Processo Civil). 
Por conseguinte, a forma mais simples de ultrapassar esse obstáculo 
na recuperação judicial é afastar a sua hipótese de incidência para este 
procedimento. Todavia, também não se exige qualquer malabarismo jurídico 
para obstar sua aplicação na própria falência. 
Com efeito, a construção jurídica é a mesma exposta anteriormente, no 
sentido de que art. 82-A da LRF e seu parágrafo único estão endereçados 
apenas ao Juiz da Vara Empresarial e não impedem que a Justiça do Trabalho 
conheça e julgue procedente o incidente de desconsideração da personalidade 
jurídica nos autos da própria reclamatória trabalhista e a ela, querendo, 
aplique-se as regras próprias de microssistema especial de normas de 
responsabilidade dos quotistas de sociedades de responsabilidade limitada, 
leia-se o art. 28, §5º, do Código de Defesa do Consumidor. 
 
E aqui essa hermenêutica fica ainda mais clara quando o artigo de lei 
afirma textualmente que a desconsideração da personalidade jurídica só pode 
ser decretada pelo Juízo falimentar se estiverem presentes os elementos do 
art. 50 do Código Civil: é um comando dirigido ao Juiz da Vara Empresarial, 
que não embaraça, por si só, a atuação da Justiça do Trabalho nas 
reclamatórias trabalhistas singulares. 
Portanto, o artigo introduzido pela lei da reforma recuperacional e 
falimentar, até por representar apenas uma melhora de redação de dispositivo 
cuja inclusão se tentou fazer na Medida Provisória nº 881/19, não altera a 
jurisprudência laboral que autoriza a desconsideração da personalidade 
jurídica nos próprios autos da reclamatória trabalhista quando a devedora 
principal é recuperanda ou falida. 
Para os administradores de sociedades anônimas, por força do 
artigo 158 da Lei nº 6.404/76, a jurisprudência trabalhista 
normalmente adota a teoria maior ou subjetiva do art. 50 do 
Código Civil. Nesse sentido, a Orientação Jurisprudencial nº 31 
da Seção Especializada do TRT da 4ª Região consolidou 
entendimento de que “é viável o redirecionamento da execução 
contra sócios-controladores, administradores ou gestores de 
sociedade anônima quando caracterizado abuso de poder, 
gestão temerária ou encerramento irregular das atividades 
empresariais”. 
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404compilada.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm
104 
 
Essa compreensão podemos ver na Súmula nº 54, inciso II, do TRT da 
3ª Região e na Orientação Jurisprudencial nº 28, inciso VII, da Seção 
Especializada do TRT da 9ª Região, bem como no entendimento atual de 
várias Turmas do TST, a exemplo da 3ª Turma, no acórdão do AIRR nº 3-
47.2017.5.02.0011, julgado em 16.10.2019, e da 7ª Turma, no acórdão do 
RR nº 550-76.2014.5.02.0081, julgado em 16/2/2022. 
Súmula nº 54 do TRT da 3ª Região. (...) II - O deferimento da recuperação 
judicial ao devedor principal não exclui a competência da Justiça do Trabalho 
para o prosseguimento da execução em relação aos sócios, sucessores 
(excetuadas as hipóteses do art. 60 da Lei n. 11.101/2005) e integrantes do 
mesmo grupo econômico, no que respeita, entretanto, a bens não abrangidos 
pelo plano de recuperação da empresa. 
Orientação Jurisprudencial nº 28 da Seção Especializada do TRT da 9ª 
Região. (...) VII - Falência. Recuperação Judicial. Sócios responsabilizáveis e 
responsáveis subsidiários. Execução imediata na Justiça do Trabalho. 
Decretada a falência ou iniciado o processo de recuperação judicial, e 
havendo sócios responsabilizáveis ou responsáveis subsidiários, a execução 
pode ser imediatamente direcionada a estes, independentemente do 
desfecho do processo falimentar. Eventual direito de regresso ou 
ressarcimento destes responsabilizados deve ser discutido no Juízo 
Falimentar ou da Recuperação Judicial. 
De maneira muito semelhante, a jurisprudência do STJ, aqui 
representada tanto pelo AgInt nos EDcl no CC nº 155.003/RS, julgado em 
22/02/2018, quanto pelo CC nº 185.612/SP, julgado em 07/02/2022, na esteira 
da antes citada Súmula nº 480 do mesmo Tribunal, maciçamente não 
reconhece conflito de competência quando a recuperanda pretende obstar a 
instauração de incidente de desconsideração da personalidade jurídica contra 
os seus sócios em reclamatória trabalhista movida contra ela. 
 
https://consultaprocessual.tst.jus.br/consultaProcessual/consultaTstNumUnica.do?consulta=Consultar&conscsjt=&numeroTst=000003&digitoTst=47&anoTst=2017&orgaoTst=5&tribunalTst=02&varaTst=0011&submit=Consultarhttps://consultaprocessual.tst.jus.br/consultaProcessual/consultaTstNumUnica.do?consulta=Consultar&conscsjt=&numeroTst=000003&digitoTst=47&anoTst=2017&orgaoTst=5&tribunalTst=02&varaTst=0011&submit=Consultar
https://consultaprocessual.tst.jus.br/consultaProcessual/consultaTstNumUnica.do?consulta=Consultar&conscsjt=&numeroTst=550&digitoTst=76&anoTst=2014&orgaoTst=5&tribunalTst=02&varaTst=0081&submit=Consultar
https://processo.stj.jus.br/processo/pesquisa/?tipoPesquisa=tipoPesquisaNumeroRegistro&termo=201603107133&totalRegistrosPorPagina=40&aplicacao=processos.ea
https://processo.stj.jus.br/processo/pesquisa/?tipoPesquisa=tipoPesquisaNumeroRegistro&termo=202200170694&totalRegistrosPorPagina=40&aplicacao=processos.ea
105 
 
 
12. Efeitos da recuperação judicial sobre os 
contratos de trabalho ativos 
 
A regra da legislação recuperacional é a de que a recuperação judicial 
não ocasiona efeitos resilitórios automáticos em relação aos contratos 
bilaterais e onerosos da recuperanda, pois existe a continuidade dos seus 
negócios. Por dita razão, e ainda, por incidência do art. 449 da CLT, os 
contratos de trabalho seguem ativos e inalterados. 
Art. 449. Os direitos oriundos da existência do contrato de trabalho subsistirão 
em caso de falência, concordata ou dissolução da empresa. 
Nada obstante, eventualmente, em certos planos de recuperação 
judicial existem propostas de alterações contratuais trabalhistas envolvendo 
redução salarial, compensação de horários e redução da jornada, dado que o 
art. 50, inciso VIII, da LRF, sugere esse meio como um dos que se pode lançar 
mão para a saída da crise econômico-financeira. Só não há problemas nesse 
modelo de gestão se, além da aprovação do plano e da concessão da 
recuperação judicial, também haja negociação coletiva com o sindicato da 
categoria. 
Art. 50. Constituem meios de recuperação judicial, observada a legislação 
pertinente a cada caso, dentre outros: (...) 
VIII – redução salarial, compensação de horários e redução da jornada, 
mediante acordo ou convenção coletiva; 
https://youtu.be/lNy0QH-7QQY?t=4672
106 
 
Na hipótese de haver resilição contratual motivada pela vontade da 
recuperanda ou do trabalhador, todos os direitos decorrentes da modalidade de 
extinção são devidos, incluindo a multa do art. 477, §8º, da CLT, em caso de 
atraso no pagamento. Ao contrário da quebra, em que essa multa não é devida 
por conta de a massa falida não poder dispor de nenhuma parte do seu 
patrimônio, na recuperação judicial há a incidência de tal penalidade, conforme 
podemos notar na Súmula nº 33 do TRT da 1ª Região e na Súmula nº 26 do 
TRT da 17ª Região. 
Súmula nº 33 do TRT da 1ª Região. Empresa em recuperação judicial. Art. 
477, §8º, da CLT. O deferimento da recuperação judicial não desonera a 
empresa do pagamento das verbas trabalhistas dentro do prazo legal. O 
atraso na quitação das parcelas da rescisão sujeita o empregador à 
cominação estabelecida no art. 477, §8º, da CLT. 
Súmula nº 26 do TRT da 17ª Região. Empresa em recuperação judicial. Art. 
477, §8º, da CLT. O deferimento da recuperação judicial não desonera a 
empresa do pagamento das verbas trabalhistas dentro do prazo legal. O 
atraso na quitação das parcelas da rescisão sujeita o empregador à 
cominação estabelecida no art. 477, §8º, da CLT. 
 
Lembre-se de que as parcelas rescisórias decorrentes de resilição 
contratual ocorrida depois do pedido de recuperação judicial são consideradas 
extraconcursais e executadas normalmente perante a Justiça do Trabalho, 
dado que os créditos constituídos depois da distribuição da ação 
recuperacional não se submetem ao stay period e aos outros efeitos da LRF. 
Por conta disso, não é incomum vermos empresas em situação pré-
recuperacional promoverem a despedida de má-fé de vários dos seus 
empregados, sem pagamento de parcelas rescisórias, dias antes de 
ingressarem com pedido de recuperação judicial. 
 
Resumo da aula 3 
Seguindo lógica idêntica, o TRT da 1ª Região também tem 
entendimento uniforme consubstanciado na sua Súmula nº 40, 
no sentido de que é aplicável a multa processual do art. 467 da 
CLT à empresa que, em processo de recuperação judicial, não 
quitar as parcelas incontroversas na audiência inaugural. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm
107 
 
 
Nesta aula, estudou-se algumas características do plano de 
recuperação judicial, principalmente os prazos para pagamento dos 
trabalhadores e o deságio que ele pode prever para esses créditos, caso a 
proposta para o seu adimplemento ocorra em até um ano da data da decisão 
que conceder a recuperação. 
Estudou-se também que, para ser homologado pelo Juiz da Vara 
Empresarial e posto em execução, o plano precisa ser aprovado pelas quatro 
classes de credores reunidas na assembleia geral, sendo que os trabalhistas e 
decorrentes de acidente do trabalho pertencem à classe I e votam per capita, e 
não pelo valor do seu crédito. 
Averiguou-se ainda que a rejeição do plano sem a apresentação de 
alternativas pelos credores, ou rejeitadas estas pelo devedor, leva à 
convolação da recuperação judicial em falência. 
Também estudou-se que a concessão da recuperação mantém as 
execuções trabalhistas singulares suspensas e que todos os créditos 
submetidos ao procedimento são novados, novação esta que se torna definitiva 
e imutável, se o plano for cumprido até o término da fiscalização judicial, o que 
normalmente ocorre em dois anos. 
Depois de restar evidenciada que a alienação judicial de bens no 
processo recuperacional não acarreta em sucessão trabalhista do adquirente, 
salvo as hipóteses de fraude, passou-se para o exame das possibilidades de 
responsabilidade secundária na recuperação judicial. 
Aqui descobriu-se que, embora a Lei nº 14.112/20 tenha incluído na 
LRF artigos como o 6º-C e o 82-A, destinados a blindar esses terceiros, eles 
em nada modificam a jurisprudência anterior, inclusive do STJ, que entendia 
pela possibilidade da sua eventual responsabilização nos autos da própria 
reclamatória trabalhista, estejam eles ou não no título executivo, sejam eles 
sócios, administradores, sucessores ou integrantes de um mesmo grupo 
econômico da recuperanda. 
Para fechar, apurou-se que a recuperação judicial em absolutamente 
nada afeta os contratos de trabalho e que eventuais resilições serão 
consideradas despedidas sem justa causa, gerando o pagamento de todas as 
parcelas rescisórias inerentes a esta modalidade de extinção contratual, 
inclusive a multa decorrente do seu atraso. 
108 
 
Até a próxima aula! 
 
 
109 
 
AULA 4 
Falência - Parte I (Conceitos, Sujeitos, 
Competência e Classificações dos Créditos) 
 
13. Disposições gerais 
 
13.1. Conceito e objetivo da falência 
 
Há crises econômico-financeiras que simplesmente não conseguem 
ser superadas pelas empresas, ou porque elas são tecnologicamente 
atrasadas, porque estão completamente descapitalizadas ou porque possuem 
organização administrativa precária. Nessas atividades econômicas 
inviabilizadas, a exclusão empresarial do mercado por meio da falência não é 
um mal, mas sim uma proteção do sistema econômico-produtivo como um 
todo, incluindo trabalhadores e demais credores. 
Considerando que a recuperação judicial não deve ser perseguida a 
qualquer custo e de que atividades econômicas inviabilizadas devem mesmo 
quebrar para não prejudicar as demais, o art. 75 da LRF estabelece o conceito 
da falência como o encerramento judicial dessas empresas, com a liquidação 
forçada dos ativos do devedor para assegurar o pagamento aos credores, 
conforme a ordem hierárquica estabelecida por lei e a par conditio creditorum. 
Os objetivos da falência estão estampados nos incisos e parágrafos 
deste artigo de lei e vão desde a liquidação célere acima mencionada até o 
fomento do empreendedorismo, passando pela preservação e otimização dos 
bens e recursos produtivos da empresa falida, com a suarealocação para 
outros agentes econômicos. 
Art. 75. A falência, ao promover o afastamento do devedor de suas 
atividades, visa a: 
I - preservar e a otimizar a utilização produtiva dos bens, dos ativos e dos 
recursos produtivos, inclusive os intangíveis, da empresa; 
II - permitir a liquidação célere das empresas inviáveis, com vistas à 
realocação eficiente de recursos na economia; e 
III - fomentar o empreendedorismo, inclusive por meio da viabilização do 
retorno célere do empreendedor falido à atividade econômica. 
110 
 
§ 1º O processo de falência atenderá aos princípios da celeridade e da 
economia processual, sem prejuízo do contraditório, da ampla defesa e dos 
demais princípios previstos na Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 
(Código de Processo Civil). 
§ 2º A falência é mecanismo de preservação de benefícios econômicos e 
sociais decorrentes da atividade empresarial, por meio da liquidação imediata 
do devedor e da rápida realocação útil de ativos na economia. 
 
13.2. Pessoas sujeitas à falência 
 
De acordo com o art. 1º da LRF, as disposições falimentares aplicam-
se a todas as pessoas naturais e jurídicas que exerçam atividade econômica 
organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços, conforme 
os conceitos de empresário e sociedade empresária já estudados quando do 
exame da recuperação judicial. 
Assim, a primeira conclusão é a de que todas as pessoas que são 
beneficiárias da recuperação judicial também podem falir, incluindo o 
microempreendedor individual, o empresário individual, a sociedade limitada 
unipessoal, a sociedade por quotas de responsabilidade limitada, a sociedade 
por ações, os produtores rurais e as associações futebolísticas com registro 
nas Juntas Comerciais. 
Mas não são só estas formas jurídicas empresariais que estão sujeitas 
à quebra. 
Diferentemente da recuperação judicial, que é um benefício legal ao 
empresário e às sociedades empresárias, a quebra é um mecanismo de 
exclusão jurídica de empresas inviabilizadas, de maneira que certas formas 
empresariais privadas da recuperação estão sujeitas à falência. 
Portanto, aqui encontramos as sociedades empresárias irregulares, 
também conhecidas como em comum ou de fato que, a despeito de não 
possuírem personalidade, estão submetidas ao regime falimentar por força de 
interpretação do art. 105, inciso IV, da LRF, na parte em que este dispositivo 
autoriza o pedido de autofalência mesmo diante da ausência de contrato social 
ou estatuto em vigor. 
Art. 105. O devedor em crise econômico-financeira que julgue não atender 
aos requisitos para pleitear sua recuperação judicial deverá requerer ao Juízo 
sua falência, expondo as razões da impossibilidade de prosseguimento da 
atividade empresarial, acompanhadas dos seguintes documentos: (...) 
IV – prova da condição de empresário, contrato social ou estatuto em vigor 
ou, se não houver, a indicação de todos os sócios, seus endereços e a 
relação de seus bens pessoais; 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
111 
 
 
13.3. Pessoas excluídas da falência 
 
Do mesmo modo que da recuperação judicial, estão excluídas do 
regime falimentar as sociedades elencadas no art. 2º da LRF e em alguns 
dispositivos da legislação esparsa, o qual contempla primeiro as empresas 
públicas e sociedades de economia mista e depois as instituições financeiras, 
as cooperativas de crédito, as operadoras de consórcios, as entidades de 
previdência complementar, as sociedades operadoras de planos de assistência 
à saúde, as sociedades seguradoras e as sociedades de capitalização. 
Excepcionalmente, as instituições financeiras e as cooperativas de 
crédito podem ter sua falência declarada. Mas isso somente ocorre quando 
falharem as tentativas de administração especial temporária e intervenção do 
seu órgão regulador, o Banco Central do Brasil, e este entender pela 
inconveniência da liquidação extrajudicial. Além disso, o art. 12 e o art. 21, 
alínea “b”, da Lei nº 6.024/74 também permitem ao Banco Central do Brasil 
autorizar o pedido de quebra das instituições financeiras e das cooperativas de 
crédito quando seu ativo não for suficiente para cobrir sequer metade do valor 
dos créditos quirografários ou quando houver indícios de crimes falimentares. 
No mesmo regime de liquidação extrajudicial seguido de excepcional 
falência entram as operadoras de consórcio, dado que o art. 39 da Lei nº 
11.795/08 estipula que a administração especial e a liquidação extrajudicial a 
serem decretadas pelo seu órgão regulador, o Banco Central do Brasil, são 
regidas pela mesma legislação aplicável às instituições financeiras. 
As entidades de previdência complementar que são reguladas pela Lei 
Complementar nº 109/01 estão sujeitas à intervenção do seu órgão regulador, 
a Superintendência de Seguros Privados para as companhias abertas ou o 
Conselho Nacional de Previdência Complementar para as fechadas, que na 
hipótese de inviabilidade econômica ou ausência de condições de 
funcionamento, poderá decretar a sua liquidação extrajudicial e, se constatada 
a insuficiência de ativos para cobrir sequer metade do valor dos créditos 
quirografários, ou indícios de crimes falimentares, poderá requerer a sua 
quebra, na forma do art. 73 da Lei Complementar nº 109/01. 
As sociedades seguradoras regidas pelo Decreto-lei nº 73/66, as 
sociedades de capitalização regulamentadas pelo Decreto-lei nº 261/67 e 
as sociedades operadoras de planos de assistência à saúde seguem idênticas 
regras relativas às entidades de previdência complementar quanto às situações 
de intervenção, liquidação extrajudicial e excepcional falência, com a única 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6024.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6024.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp109.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del0073compilado.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/1965-1988/Del0261.htm
112 
 
exceção que órgão regulador destas últimas é a Agência Nacional de Saúde 
Suplementar. 
Dos agentes econômicos não empresários, temos que as sociedades 
cooperativas em geral estão submetidas apenas ao regime da liquidação 
extrajudicial e os demais agentes, como as organizações religiosas, os partidos 
políticos, as sociedades simples, os produtores rurais sem registro na Junta 
Comercial e os chamados profissionais intelectuais do art. 966 do Código 
Civil, ficam subordinados exclusivamente às regras de insolvência civil. 
 
13.4. Competência indivisível e universal do Juízo 
falimentar 
 
De acordo com o art. 76 da LRF, após a decretação da falência, o 
Juízo da Vara Empresarial adquire a denominada competência universal para 
processar e julgar todas as ações contra o falido, o que significa dizer primeiro 
que todos os titulares de pretensões em face do devedor deverão dirigir suas 
ações para este Juízo, salvo as demandas que postularem quantias ilíquidas, 
até que haja a sua liquidação, incluídas nelas as reclamatórias trabalhistas, 
tudo em conformidade com o art. 99, inciso V, da LRF, além das execuções 
fiscais. 
Art. 76. O Juízo da falência é indivisível e competente para conhecer todas as 
ações sobre bens, interesses e negócios do falido, ressalvadas as causas 
trabalhistas, fiscais e aquelas não reguladas nesta Lei em que o falido figurar 
como autor ou litisconsorte ativo. 
Parágrafo único. Todas as ações, inclusive as excetuadas no caput deste 
artigo, terão prosseguimento com o administrador judicial, que deverá ser 
intimado para representar a massa falida, sob pena de nulidade do processo. 
Art. 99. A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras 
determinações: (...) 
V – ordenará a suspensão de todas as ações ou execuções contra o falido, 
ressalvadas as hipóteses previstas nos §§ 1º e 2º do art. 6º desta Lei; 
Ademais,por universalidade, deve-se entender que o Juízo da Vara 
Empresarial passa a ser o único competente para arrecadar todos os bens e 
apreciar todas as questões voltadas à liquidação do patrimônio da massa 
falida, bem como será o único competente para realizar o pagamento da 
coletividade de credores. Finalmente, a universalidade ainda significa que os 
ativos da massa falida não poderão ser atingidos por decisões proferidas por 
Juízo diverso do Juízo falimentar, na forma da jurisprudência do STJ (CC nº 
130.994/SP, julgado em 13/08/2014). 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm
https://processo.stj.jus.br/processo/pesquisa/?tipoPesquisa=tipoPesquisaNumeroRegistro&termo=201303661860&totalRegistrosPorPagina=40&aplicacao=processos.ea
https://processo.stj.jus.br/processo/pesquisa/?tipoPesquisa=tipoPesquisaNumeroRegistro&termo=201303661860&totalRegistrosPorPagina=40&aplicacao=processos.ea
113 
 
Quanto à indivisibilidade, apenas um alerta. As ações promovidas pelo 
falido, isto é, aquelas demandas em que ele figure no polo ativo processual, 
seguirão tramitando sem qualquer suspensão ou modificação de competência 
nos respectivos Juízos de origem, salvo se forem disciplinadas pela lei 
falimentar. As novas ações movidas pela massa falida contra terceiros também 
seguem a mesma regra de distribuição processual, o que significa dizer apenas 
as ações promovidas por terceiros em face da massa falida é que são atraídas 
para o Juízo da Vara Empresarial. 
 
13.5. Representação processual da massa falida 
 
Enquanto na recuperação judicial o próprio devedor segue com 
legitimidade processual para defender seus interesses, na falência há o seu 
afastamento das atividades e a sua substituição pelo administrador judicial da 
massa falida, que passa a representá-la perante terceiros, inclusive em Juízo, 
tudo de acordo com o art. 22, inciso III, e com o antes transcrito art. 76, 
parágrafo único, ambos da LRF. 
Art. 22. Ao administrador judicial compete, sob a fiscalização do juiz e do 
Comitê, além de outros deveres que esta Lei lhe impõe: (...) 
III – na falência: (...) 
c) relacionar os processos e assumir a representação judicial e extrajudicial, 
incluídos os processos arbitrais, da massa falida; (...) 
n) representar a massa falida em Juízo, contratando, se necessário, 
advogado, cujos honorários serão previamente ajustados e aprovados pelo 
Comitê de Credores; 
 
Destarte, é preciso ter cuidado especial para evitar nulidades nas 
reclamatórias trabalhistas em que há notícia de decretação de quebra da 
empresa reclamada, dado que a procuração anteriormente outorgada pelo 
agora falido ao seu advogado deixa imediatamente de ter valor. 
 
Embora o falido perca o direito de representar a empresa e de 
dispor dos bens dela, o art. 103 da LRF autoriza que ele fiscalize 
a administração da falência, requeira as providências 
necessárias para a conservação de seus direitos ou dos bens 
arrecadados e intervenha nos processos em que a massa falida 
seja parte ou interessada. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htmhttps:/www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/stf/311628775/inteiro-teor-311628783
114 
 
14. Créditos sujeitos à falência 
 
A falência é um procedimento mais amplo e universal que o da 
recuperação judicial. Por isso, como regra, temos a de que não apenas os 
créditos que se subordinam ao processo recuperacional, mas todos os créditos 
existentes contra o devedor estão submetidos à falência, salvo uma ou outra 
exceção legal. 
Outra diferença é que, enquanto na recuperação judicial a ordem 
cronológica de pagamento dos créditos a ela sujeitos é definida pelo próprio 
plano de recuperação, com algumas limitações no art. 54 da LRF quanto aos 
créditos trabalhistas e decorrentes de acidentes de trabalho, no regime 
falimentar essa ordem é fixa e definida pela lei, a qual estabelece uma 
conformação hierárquica para todos eles, a ser objeto de estudo a seguir. 
 
14.1. Classificação dos créditos na falência 
 
Embora comumente responda-se que os créditos trabalhistas, limitados 
a cento e cinquenta salários-mínimos, e os créditos decorrentes de acidentes 
de trabalho, sem qualquer limite, estão no topo da pirâmide hierárquica dos 
créditos a serem pagos na falência, não é bem verdade que isso ocorra. Eles 
se situam em primeiro lugar na ordem de pagamento dos chamados créditos 
concursais, mas antes deles estão os créditos extraconcursais e, em 
primeiríssimo lugar, os pedidos de restituição. 
 
14.1.1. Pedidos de restituição 
 
O art. 108 da LRF ordena que uma das primeiras tarefas do 
administrador judicial após a decretação da falência é proceder na arrecadação 
de todos os bens que estejam na posse do falido, para evitar que desapareçam 
ou sejam deteriorados. Evidentemente, dentro de todo esse patrimônio, poderá 
haver móveis e imóveis que estavam na posse do falido, mas que não eram da 
sua propriedade, como bens dos quais ele era apenas locatário, depositário, 
comodatário, devedor fiduciário, etc. 
Para evitar que esses bens sejam liquidados e que seu produto seja 
utilizado para satisfazer os credores da massa, os seus terceiros proprietários 
estão autorizados pelo caput do art. 85 da LRF a apresentarem pedido de 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
115 
 
restituição perante o Juízo da Vara Empresarial, para discutir a titularidade dos 
ativos e retomar-lhes a posse. 
Art. 85. O proprietário de bem arrecadado no processo de falência ou que se 
encontre em poder do devedor na data da decretação da falência poderá 
pedir sua restituição. 
Parágrafo único. Também pode ser pedida a restituição de coisa vendida a 
crédito e entregue ao devedor nos 15 (quinze) dias anteriores ao 
requerimento de sua falência, se ainda não alienada. 
Tecnicamente, saliente-se que os proprietários de bens arrecadados 
pelo administrador judicial sequer poderiam ser chamados de credores da 
massa falida, ao menos quanto aos referidos bens, posto que eles estão 
somente a retomar a posse de coisas que já lhes pertenciam, através do 
exercício do direito de sequela decorrente da propriedade. Por isso, aliás, é 
que eles não se sujeitam à habilitação no procedimento de verificação de 
créditos e têm um procedimento próprio de restituição. 
Todavia, prefere-se incluí-los por aqui, uma vez que, dentre eles, há 
sim uma série de verdadeiros credores do falido, com a única diferença de que 
os seus créditos estão garantidos pela propriedade resolúvel de certos bens, 
como já foi tratado no tópico dos créditos excluídos da recuperação judicial. 
Assim é que são restituídos com prioridade em relação ao pagamento 
de quaisquer outros credores, inclusive os extraconcursais, os bens do 
proprietário fiduciário de móveis ou imóveis, os do arrendante mercantil e os do 
proprietário de imóvel vendido para o falido, esteja ele na condição de 
promitente vendedor ou de vendedor com reserva de domínio, inclusive em 
incorporações imobiliárias. 
Na mesma situação, não propriamente pelo exercício de um direito de 
propriedade, mas por uma equiparação legal a ele que protege o sistema 
financeiro, estão os valores entregues ao falido em decorrência de 
adiantamento do contrato de câmbio para exportação previsto no art. 75, §3º, 
da Lei nº 4.728/65. Esse credor financeiro, que está arrolado inciso II do art. 
86 da LRF, por motivos óbvios terá seu direito à restituição exercido sobre o 
dinheiro da massa falida antes de qualquer crédito, como consta há muito na 
Súmula nº 307 do STJ. 
Súmula nº 307 do STJ. A restituição de adiantamento de contrato de câmbio, 
na falência, deve ser atendida antes de qualquer crédito. 
O art. 86 da LRF também elenca outras situações em que a restituição 
deve serprocedida em numerário, como quando o bem de terceiro foi alienado 
ou perdido antes do pedido de restituição, quando um contrato celebrado antes 
da decretação de quebra é considerado ineficaz por estarem presentes 
quaisquer situações do art. 129 da LRF, mas o terceiro contratante estava de 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4728compilado.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
116 
 
boa-fé, e quando estivermos diante de tributos passíveis de retenção na fonte, 
como é o caso do imposto de renda e da contribuição previdenciária incidente 
sobre salários pagos aos trabalhadores e retidos pelo devedor, sem repasse à 
Fazenda Pública. 
Art. 86. Proceder-se-á à restituição em dinheiro: 
I – se a coisa não mais existir ao tempo do pedido de restituição, hipótese em 
que o requerente receberá o valor da avaliação do bem, ou, no caso de ter 
ocorrido sua venda, o respectivo preço, em ambos os casos no valor 
atualizado; 
II – da importância entregue ao devedor, em moeda corrente nacional, 
decorrente de adiantamento a contrato de câmbio para exportação, na forma 
do art. 75, §§ 3º e 4º, da Lei nº 4.728, de 14 de julho de 1965, desde que o 
prazo total da operação, inclusive eventuais prorrogações, não exceda o 
previsto nas normas específicas da autoridade competente; 
III – dos valores entregues ao devedor pelo contratante de boa-fé na hipótese 
de revogação ou ineficácia do contrato, conforme disposto no art. 136 desta 
Lei. 
IV - às Fazendas Públicas, relativamente a tributos passíveis de retenção na 
fonte, de descontos de terceiros ou de sub-rogação e a valores recebidos 
pelos agentes arrecadadores e não recolhidos aos cofres públicos. 
 
Há, entretanto, um importante detalhe quanto à restituição em dinheiro, 
trazido pela lei da reforma recuperacional e falimentar. Ainda que se trate de 
pedido de restituição, o art. 86, inciso I-C, da LRF, que será examinado, 
determinou que o dinheiro seja restituído somente depois do pagamento das 
despesas indispensáveis à administração da falência e dos créditos 
trabalhistas de natureza salarial vencidos nos últimos três meses, bem como 
dos financiadores da recuperação judicial. 
O último beneficiário de pedido de restituição encontra-se no parágrafo 
único do art. 85 da LRF, antes transcrito. É o titular de coisas vendidas a 
crédito e entregues ao devedor nos quinze dias anteriores à decretação da sua 
quebra. Aqui a lei procura proteger o vendedor da má-fé do adquirente, que 
presumidamente já tinha ciência da crise econômico-financeira que motivaria a 
iminente decretação da sua falência. 
Quando o empresário é obrigado a fazer a retenção na fonte de 
tributos devidos por terceiros, como seus empregados e 
prestadores de serviço, ele se torna possuidor de recursos 
pecuniários que não lhe pertencem e sobre os quais ele não tem 
disponibilidade. Por isso, na forma da Súmula nº 417 do STF, 
esses valores podem ser objeto de restituição na falência. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
https://jurisprudencia.stf.jus.br/pages/search/seq-sumula417/false
117 
 
14.1.2. Créditos extraconcursais 
 
Esses créditos são também conhecidos como os pertencentes não aos 
credores do falido, mas aos credores da massa falida. Em outras palavras, são 
as dívidas que a massa contrai durante a falência tanto para remunerar os 
próprios agentes necessários para o desenvolvimento do processo, quanto em 
face de obrigações assumidas perante terceiros após a decretação da quebra. 
Outrossim, o art. 84 da LRF, alterado pela lei da reforma recuperacional e 
falimentar, também cataloga nesta categoria os créditos constituídos frente ao 
devedor durante o procedimento de recuperação judicial que veio a se convolar 
em falência. 
Art. 84. Serão considerados créditos extraconcursais e serão pagos com 
precedência sobre os mencionados no art. 83 desta Lei, na ordem a seguir, 
aqueles relativos: 
I – (revogado); 
I-A - às quantias referidas nos arts. 150 e 151 desta Lei; 
I-B - ao valor efetivamente entregue ao devedor em recuperação judicial pelo 
financiador, em conformidade com o disposto na Seção IV-A do Capítulo III 
desta Lei; 
I-C - aos créditos em dinheiro objeto de restituição, conforme previsto no art. 
86 desta Lei; 
I-D - às remunerações devidas ao administrador judicial e aos seus auxiliares, 
aos reembolsos devidos a membros do Comitê de Credores, e aos créditos 
derivados da legislação trabalhista ou decorrentes de acidentes de trabalho 
relativos a serviços prestados após a decretação da falência; 
I-E - às obrigações resultantes de atos jurídicos válidos praticados durante a 
recuperação judicial, nos termos do art. 67 desta Lei, ou após a decretação 
da falência; 
II - às quantias fornecidas à massa falida pelos credores; 
III - às despesas com arrecadação, administração, realização do ativo, 
distribuição do seu produto e custas do processo de falência; 
IV - às custas judiciais relativas às ações e às execuções em que a massa 
falida tenha sido vencida; 
V - aos tributos relativos a fatos geradores ocorridos após a decretação da 
falência, respeitada a ordem estabelecida no art. 83 desta Lei. 
§1º As despesas referidas no inciso I-A do caput deste artigo serão pagas 
pelo administrador judicial com os recursos disponíveis em caixa. 
§2º O disposto neste artigo não afasta a hipótese prevista no art. 122 desta 
Lei. 
118 
 
Como é fácil perceber, os incisos do art. 84 da LRF estão distribuídos 
em ordem de precedência, o que significa que os créditos previstos no inciso I-
A devem ser pagos antes dos positivados no I-B, que são pagos com 
preferência sobre os do I-C e assim por diante. 
Falando no inciso I-A do art. 84 da LRF, ele trata de uma hipótese 
muito cara aos trabalhadores que prestaram serviços à empresa nos três 
meses anteriores à decretação de falência. Conforme este dispositivo, que faz 
referência ao art. 151 da LRF, os créditos de natureza estritamente salarial 
desses trabalhadores, até o limite de cinco salários mínimos per capita, serão 
pagos com o dinheiro que estiver em caixa, logo após a restituição de bens de 
terceiros. 
Art. 151. Os créditos trabalhistas de natureza estritamente salarial vencidos 
nos 3 (três) meses anteriores à decretação da falência, até o limite de 5 
(cinco) salários-mínimos por trabalhador, serão pagos tão logo haja 
disponibilidade em caixa. 
Em concurso dentro da mesma ordem de precedência do inciso I-A do 
art. 84 da LRF estão as despesas previstas no art. 150 da LRF, quais sejam 
aquelas urgentes, cujo pagamento é indispensável à administração da falência. 
Dentre elas se incluem os gastos necessários a uma eventual continuação 
provisória da atividade empresarial pela massa falida, como, por exemplo, as 
despesas com insumos, energia elétrica, água, condomínio e eventual locação. 
Não estão dentro dessa classe, todavia, os gastos com o pagamento de 
salários aos trabalhadores que seguirem prestando suas atividades. Esses 
créditos estão situados alguns incisos abaixo. 
Art. 150. As despesas cujo pagamento antecipado seja indispensável à 
administração da falência, inclusive na hipótese de continuação provisória 
das atividades previstas no inciso XI do caput do art. 99 desta Lei, serão 
pagas pelo administrador judicial com os recursos disponíveis em caixa. 
Após a satisfação integral dos créditos prioritários e dos trabalhistas 
devidos nos últimos três meses, o segundo bloco de credores a ser atendido é 
o dos chamados financiadores da recuperação judicial, ou seja, daqueles 
créditos decorrentes de contratos de mútuo celebrados depois da concessão 
da recuperação, conquanto efetivamente liberados ao agora falido. 
Normalmente esses financiamentos serão garantidos por propriedade 
fiduciária, o quelhes coloca, pelo menos até o limite do valor do bem, na 
categoria dos pedidos de restituição. Nada obstante, se houver saldo devedor 
que ultrapasse o valor da garantia, seu pagamento ocorrerá na classe dos 
extraconcursais do inciso I-B do art. 84 da LRF. 
Em terceiro lugar estão os pedidos de restituição em dinheiro acima 
tratados (14.1.1.) e, em quarto, os créditos trabalhistas e decorrentes de 
acidentes de trabalho constituídos após a declaração da quebra, em 
119 
 
tratamento paritário com a remuneração do administrador judicial e auxiliares e 
os reembolsos aos membros do comitê de credores. 
Isso quer dizer que nessa classe estão os salários e indenizações 
relativos a serviços prestados pelos empregados da massa falida após a 
declaração da falência, o que ocorre naquelas situações em que o 
administrador judicial opta pela continuação provisória da atividade empresarial 
pela massa falida, com o objetivo de minimizar os prejuízos da coletividade de 
credores. 
 
No quinto posto estão os créditos previstos no art. 67 da LRF, quais 
sejam, os resultantes de obrigações validamente contraídas durante a 
recuperação judicial. Aqui se inserem os créditos trabalhistas e os decorrentes 
de acidente de trabalho constituídos posteriormente ao ajuizamento da 
recuperação judicial, vale lembrar, que a ela não se sujeitaram. Além deles e, 
em concurso, situam-se neste mesmo posto outras obrigações contraídas pela 
massa falida que não detiverem o caráter de indispensabilidade à 
administração da falência previsto no inciso I-A do art. 84 da LRF. 
Na sequência, a sexta colocação é das quantias emprestadas pelos 
credores à massa falida para que o procedimento falimentar possa se 
desenvolver regularmente, o que pode ocorrer quando a massa não possui 
liquidez para arcar com despesas imprescindíveis para a arrecadação ou a 
liquidação de bens. Logo depois, em sétimo, as quantias emprestadas pelo 
próprio administrador judicial à massa, nessas mesmas circunstâncias. 
O oitavo lugar pertence às custas judiciais dos processos que a massa 
falida for sucumbente, compreendendo as custas das reclamatórias 
trabalhistas ajuizadas após a decretação da quebra, e o nono posto, aos 
tributos federais, estaduais e municipais, nessa ordem, cujo fato gerador tiver 
ocorrido após a decretação da falência. 
 
 
 
Os créditos relativos a serviços prestados pelos empregados da 
massa falida após a declaração da falência restaram 
significativamente prejudicados pela lei da reforma 
recuperacional e falimentar, pois caíram do primeiro para o 
quarto lugar nos créditos extraconcursais. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
120 
 
14.1.3. Créditos concursais 
 
Quitada a totalidade dos chamados credores da massa, o art. 149 da 
LRF determina que o administrador judicial passe então ao adimplemento dos 
credores do falido, que são os detentores dos créditos concursais previstos no 
art. 83 da LRF, recentemente modificado pela lei da reforma recuperacional e 
falimentar, a qual basicamente agrupou com os quirografários os credores com 
privilégios especiais ou gerais, permitiu a cessão de créditos sem a alteração 
da sua natureza e trouxe algumas melhoras de redação. A saber: 
Art. 83. A classificação dos créditos na falência obedece à seguinte ordem: 
I - os créditos derivados da legislação trabalhista, limitados a 150 (cento e 
cinquenta) salários-mínimos por credor, e aqueles decorrentes de acidentes 
de trabalho; 
II - os créditos gravados com direito real de garantia até o limite do valor do 
bem gravado; 
III - os créditos tributários, independentemente da sua natureza e do tempo 
de constituição, exceto os créditos extraconcursais e as multas tributárias; 
IV - (revogado); 
V - (revogado); 
VI - os créditos quirografários, a saber: 
a) aqueles não previstos nos demais incisos deste artigo; 
b) os saldos dos créditos não cobertos pelo produto da alienação dos bens 
vinculados ao seu pagamento; e 
c) os saldos dos créditos derivados da legislação trabalhista que excederem o 
limite estabelecido no inciso I do caput deste artigo; 
VII - as multas contratuais e as penas pecuniárias por infração das leis penais 
ou administrativas, incluídas as multas tributárias; 
VIII - os créditos subordinados, a saber: 
a) os previstos em lei ou em contrato; e 
b) os créditos dos sócios e dos administradores sem vínculo empregatício 
cuja contratação não tenha observado as condições estritamente comutativas 
e as práticas de mercado; 
IX - os juros vencidos após a decretação da falência, conforme previsto no 
art. 124 desta Lei. 
A ordem de pagamentos dos credores concursais começa com os 
créditos trabalhistas e com os créditos decorrentes de acidentes de trabalho 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
121 
 
constituídos antes da decretação de quebra ou antes da distribuição do pedido 
da recuperação judicial, se esta tiver sido convolada em falência, concorrendo 
em paridade entre si e também com outros créditos equiparados aos 
trabalhistas por força de entendimentos jurisprudenciais e legislações 
especiais. 
Os créditos decorrentes de acidentes de trabalho e doenças 
ocupacionais concorrem na primeira classe por sua integralidade, 
independentemente do valor. Já os trabalhistas e equiparados concorrem nesta 
classe prioritária apenas até o limite de cento e cinquenta salários-mínimos, 
sendo que eventual remanescente é reclassificado como quirografário. 
 
Quanto às parcelas integrantes do gênero créditos trabalhistas, devem 
ser entendidas no sentido mais amplo possível, abarcando não apenas as 
verbas de natureza estritamente salarial, como o salário básico, o adicional de 
insalubridade, as horas extras e 13º salários, mas também parcelas não 
remuneratórias em geral, o que inclui indenizações, FGTS e multas 
trabalhistas. 
A propósito do FGTS, até algum tempo atrás controverteu-se a Justiça 
Comum a respeito da sua natureza para fins de classificação na quebra, se 
tributária ou trabalhista. A tese vencedora no julgamento do ARE nº 
709.212/DF pelo STF, ocorrido em 13/11/2014, foi a de que a titularidade dos 
depósitos de FGTS é do próprio empregado, de modo que o crédito tem sim 
natureza trabalhista. 
 
Fechando a primeira classe, estão equiparados aos créditos 
trabalhistas os honorários advocatícios, os honorários periciais decorrentes de 
processos judiciais e, mais recentemente, as remunerações devidas ao 
representante comercial. 
O STF declarou constitucional a limitação de prioridade de 
pagamento dos créditos trabalhistas a cento e cinquenta 
salários mínimos na ADI nº 3.934/DF, julgada em 27/05/2009. 
Situação jurisprudencial semelhante ocorreu com a 
classificação da multa do art. 467 da CLT e da multa do art. 477, 
§8º, da CLT, tendo a 3ª Turma do STJ definido por sua inclusão 
na mesma classe dos demais créditos trabalhistas no REsp nº 
1.395.298/SP, julgado em 11/03/2014. 
https://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2544041
https://processo.stj.jus.br/processo/pesquisa/?tipoPesquisa=tipoPesquisaNumeroRegistro&termo=201301630809&totalRegistrosPorPagina=40&aplicacao=processos.ea
https://processo.stj.jus.br/processo/pesquisa/?tipoPesquisa=tipoPesquisaNumeroRegistro&termo=201301630809&totalRegistrosPorPagina=40&aplicacao=processos.ea
122 
 
A natureza alimentar dos honorários de advogado foi consagrada pelo 
STF na sua Súmula Vinculante nº 47 e, posteriormente, pelo CPC, no seu 
art. 85, §14. À luz desse entendimento do Supremo, o STJ pacificou a matéria 
quanto à classificação dos honorários advocatícios na falência, estabelecendo 
no REsp Repetitivo nº 1.152.218/RS, julgado em 07/05/2014, que eles 
devem ser ranqueados no inciso I do art. 83 da LRF. Por conseguinte, 
compreende-se que esses créditos estão igualmente sujeitos à limitação de 
cento e cinquenta salários mínimos, posição esta que foi avalizadapela 3ª 
Turma do STJ no REsp nº 1.649.774/SP, julgado em 12/02/2019. 
Art. 85. (...) 
§14 Os honorários constituem direito do advogado e têm natureza alimentar, 
com os mesmos privilégios dos créditos oriundos da legislação do trabalho, 
sendo vedada a compensação em caso de sucumbência parcial. 
Os honorários periciais estipulados em ações judiciais seguem essa 
mesma lógica de crédito alimentar em face do art. 833, §2º, do CPC e, por 
consequência, também estão equiparados aos créditos trabalhistas para 
efeitos de habilitação no processo de falência. No sentido de reconhecê-los 
como alimentares, temos decisão da 3ª Turma do STJ no REsp nº 
1.722.673/SP, julgado em 13/03/2018. Essa mesma Turma, mais 
recentemente, também os classificou no inciso I do art. 83 da LRF no REsp 
1.851.770/SC, julgado em 18/02/2020. 
 
 
https://jurisprudencia.stf.jus.br/pages/search/seq-sumula806/false
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm
https://processo.stj.jus.br/processo/pesquisa/?tipoPesquisa=tipoPesquisaNumeroRegistro&termo=200901563744&totalRegistrosPorPagina=40&aplicacao=processos.ea
https://processo.stj.jus.br/processo/pesquisa/?tipoPesquisa=tipoPesquisaNumeroRegistro&termo=201700158503&totalRegistrosPorPagina=40&aplicacao=processos.ea
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm
https://processo.stj.jus.br/processo/pesquisa/?tipoPesquisa=tipoPesquisaNumeroRegistro&termo=201702192136&totalRegistrosPorPagina=40&aplicacao=processos.ea
https://processo.stj.jus.br/processo/pesquisa/?tipoPesquisa=tipoPesquisaNumeroRegistro&termo=201702192136&totalRegistrosPorPagina=40&aplicacao=processos.ea
https://processo.stj.jus.br/processo/pesquisa/?tipoPesquisa=tipoPesquisaNumeroRegistro&termo=201903626740&totalRegistrosPorPagina=40&aplicacao=processos.ea
https://processo.stj.jus.br/processo/pesquisa/?tipoPesquisa=tipoPesquisaNumeroRegistro&termo=201903626740&totalRegistrosPorPagina=40&aplicacao=processos.ea
https://youtu.be/HsXWTXH04ds?t=6780
123 
 
Concorrem em condições de igualdade com os trabalhadores, os 
representantes comerciais, por força de alteração na redação do art. 44 da Lei 
nº 4.886/65, pela Lei nº 14.195/21. 
Art. 44. No caso de falência ou de recuperação judicial do representado, as 
importâncias por ele devidas ao representante comercial, relacionadas com a 
representação, inclusive comissões vencidas e vincendas, indenização e 
aviso prévio, e qualquer outra verba devida ao representante oriunda da 
relação estabelecida com base nesta Lei, serão consideradas créditos da 
mesma natureza dos créditos trabalhistas para fins de inclusão no pedido de 
falência ou plano de recuperação judicial. 
No segundo grupo dos concursais estão os créditos garantidos por 
penhor, hipoteca ou anticrese, até o valor do móvel ou imóvel gravado, 
considerado como tal a importância efetivamente arrecadada pela massa falida 
com a sua venda judicial ou o valor de avaliação na venda em bloco, de acordo 
com o art. 83, §1º, da LRF. O saldo remanescente, se houver, é reclassificado 
como crédito quirografário. 
Art. 83. (...) 
§ 1º Para os fins do inciso II do caput deste artigo, será considerado como 
valor do bem objeto de garantia real a importância efetivamente arrecadada 
com sua venda, ou, no caso de alienação em bloco, o valor de avaliação do 
bem individualmente considerado. 
Os créditos fiscais de natureza tributária e não tributária, salvo as 
multas tributárias e os créditos tributários previamente catalogados como 
extraconcursais pelo art. 84, inciso V, da LRF, com o reforço do art. 186, 
parágrafo único, inciso I, do CTN, estão no terceiro lugar dos créditos 
concursais. 
Art. 186. O crédito tributário prefere a qualquer outro, seja qual for sua 
natureza ou o tempo de sua constituição, ressalvados os créditos decorrentes 
da legislação do trabalho ou do acidente de trabalho. 
Parágrafo único. Na falência: 
I – o crédito tributário não prefere aos créditos extraconcursais ou às 
importâncias passíveis de restituição, nos termos da lei falimentar, nem aos 
créditos com garantia real, no limite do valor do bem gravado; 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5172compilado.htm
124 
 
 
A maior dúvida quanto aos créditos fiscais, incluídos aqui a 
contribuição previdenciária e o imposto de renda a incidir sobre as 
condenações trabalhistas, é saber se estão ou não sujeitos à quebra. Há uma 
certa antinomia entre os dispositivos da LRF e o art. 187 do CTN que, junto 
com o art. 5º da Lei nº 6.830/80, prevê que a cobrança judicial do crédito 
tributário não se sujeita à habilitação em falência. 
Art. 187. A cobrança judicial do crédito tributário não é sujeita a concurso de 
credores ou habilitação em falência, recuperação judicial, concordata, 
inventário ou arrolamento. 
No capítulo em que foi tratado do status dos créditos tributários na 
recuperação judicial, viu-se que a solução dada foi pela sua exclusão do 
procedimento recuperacional e a possibilidade de prosseguimento das ações 
de execução fiscal, tal como o art. 187 do CTN prevê. 
Naquela ocasião, observou-se também que, em que pese a exclusão 
dos créditos tributários da recuperação e a possibilidade de prosseguimento da 
sua execução nos Juízos de origem, incluindo o trabalhista, se for o caso, o art. 
6º, §7º-B, da LRF condicionou a prática de atos de constrição a uma certa 
supervisão do Juiz da Vara Empresarial, que pode determinar a sua 
substituição, quando recaírem sobre bens de capital essenciais à manutenção 
da atividade empresarial. 
Na falência, contudo, as soluções para os créditos fiscais sempre 
foram um pouco diferentes, ao menos na prática forense. Embora não se 
sujeitem ao processo falimentar, eles têm seu adimplemento subordinado à 
quitação de outros créditos que lhe preferem, como os trabalhistas e 
decorrentes de acidentes de trabalho. Além disso, quem autoriza esse 
pagamento é o Juiz da Vara Empresarial, e não o da Fazenda Pública ou 
mesmo o Juiz do Trabalho, se estivermos tratando da contribuição 
previdenciária do art. 114, inciso VIII, da Constituição Federal, posto que o 
art. 6º, §7º-B, da LRF não se aplica à falência. 
Art. 6º. (...) 
Dentro da classe dos créditos tributários, os incisos do art. 187 
do CTN e os incisos do parágrafo único do art. 29 da Lei nº 
6.830/80 ordenavam que se pagasse primeiro os créditos da 
União, depois e em concurso os créditos dos Estados e Distrito 
Federal e, finalmente e pro rata, os créditos dos municípios. 
Todavia no julgamento da ADPF nº 357, ocorrido em 
24/06/2021, o STF julgou inconstitucionais esses dispositivos. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6830.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5172compilado.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6830.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6830.htm
https://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4814964
125 
 
O disposto nos incisos I, II e III do caput deste artigo não se aplica às 
execuções fiscais, admitida, todavia, a competência do Juízo da recuperação 
judicial para determinar a substituição dos atos de constrição que recaiam 
sobre bens de capital essenciais à manutenção da atividade empresarial até 
o encerramento da recuperação judicial, a qual será implementada mediante 
a cooperação jurisdicional, na forma do art. 69 da Lei nº 13.105, de 16 de 
março de 2015 (Código de Processo Civil), observado o disposto no art. 805 
do referido Código. 
Tudo isso sempre causou embaraços de ordem prática à execução dos 
créditos tributários fora do Juízo da quebra, tanto que, para obedecer ao art. 
187 do CTN, o padrão de comportamento dos Juízos em que os créditos 
tributários são executados foi o de simplesmente realizar a penhora no rosto 
dos autos da ação falimentar, cabendo ao Juízo da Vara Empresarial efetuaro 
cumprimento dessa ordem de penhora e disponibilizar valores para o 
pagamento dos créditos tributários quando os ativos da massa falida 
alcançassem as classes do art. 84, inciso V, ou do art. 83, inciso III, da LRF, 
tudo conforme a antiquíssima Súmula nº 44 do extinto TFR. 
Súmula nº 44 do TFR. Ajuizada a execução fiscal anteriormente à falência, 
com penhora realizada antes desta, não ficam os bens penhorados sujeitos à 
arrecadação no Juízo falimentar; proposta a execução fiscal contra a massa 
falida, a penhora far-se-á no rosto dos autos do processo da quebra, citando-
se o síndico. 
A penhora de créditos tributários no rosto dos autos da ação falimentar 
sempre foi endossada pelo STJ (AgRg no CC nº 108.465/RJ, julgado em 
26/05/2010) e já há algum tempo a própria Procuradoria-Geral da Fazenda 
Nacional passou a orientar seus Procuradores a adotarem esse mesmo 
procedimento nas reclamatórias trabalhistas com créditos previdenciários e 
multas administrativas a executar, como podemos observar no Parecer 
Conjunto PGFN/CDA/CRJ nº 08/2016. 
Por outro lado, o que muitos observaram é que o efeito prático-
finalístico dessa penhora no rosto dos autos era exatamente o mesmo de uma 
habilitação do crédito fiscal no processo falimentar, não havendo vantagem 
alguma em não o sujeitar à falência. Ao contrário, neste modo de ver as coisas, 
a obediência cega à regra do art. 187 do CTN só levava a atos processuais 
adicionais. 
Por isso, alguns Procuradores da Fazenda Nacional passaram a 
experimentar diretamente a habilitação dos créditos fiscais no procedimento 
falimentar, procedimento que, depois de algum debate jurisprudencial, foi 
avalizado primeiro pelo STJ no REsp nº 1.872.759/SP, julgado em 18/11/2021 
(Tema nº 1.092 da tabela de recursos repetitivos do STJ), e depois pela lei da 
reforma recuperacional e falimentar, que inseriu o art. 7º-A na LRF. 
Tema repetitivo nº 1092 do STJ. É possível a Fazenda Pública habilitar em 
processo de falência crédito objeto de execução fiscal em curso, mesmo 
https://processo.stj.jus.br/processo/pesquisa/?tipoPesquisa=tipoPesquisaNumeroRegistro&termo=200902067942&totalRegistrosPorPagina=40&aplicacao=processos.ea
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5172compilado.htm
https://processo.stj.jus.br/processo/pesquisa/?tipoPesquisa=tipoPesquisaNumeroRegistro&termo=202001039212&totalRegistrosPorPagina=40&aplicacao=processos.ea
126 
 
antes da vigência da Lei n. 14.112/2020, e desde que não haja pedido de 
constrição no Juízo executivo. 
O novo dispositivo da LRF cria o denominado incidente de 
classificação do crédito público, que podemos entender como uma espécie de 
habilitação do crédito fiscal na falência, pois prevê sua inserção no quadro 
geral de credores e suspende as execuções fiscais. Registre-se que essa nova 
sistemática nos é de especial importância porque, como prevê o art. 7º-A, §6º, 
da LRF, afeta diretamente o modo de se tratar as reclamatórias trabalhistas 
com créditos previdenciários a executar na quebra. O exame do tema será 
realizado mais adiante. 
Art. 7º-A. Na falência, após realizadas as intimações e publicado o edital, 
conforme previsto, respectivamente, no inciso XIII do caput e no § 1º do art. 
99 desta Lei, o juiz instaurará, de ofício, para cada Fazenda Pública credora, 
incidente de classificação de crédito público e determinará a sua intimação 
eletrônica para que, no prazo de 30 (trinta) dias, apresente diretamente ao 
administrador judicial ou em Juízo, a depender do momento processual, a 
relação completa de seus créditos inscritos em dívida ativa, acompanhada 
dos cálculos, da classificação e das informações sobre a situação atual. 
(...) 
§ 4º Com relação à aplicação do disposto neste artigo, serão observadas as 
seguintes disposições: 
I - a decisão sobre os cálculos e a classificação dos créditos para os fins do 
disposto nesta Lei, bem como sobre a arrecadação dos bens, a realização do 
ativo e o pagamento aos credores, competirá ao Juízo falimentar; 
(...) 
V - as execuções fiscais permanecerão suspensas até o encerramento da 
falência, sem preJuízo da possibilidade de prosseguimento contra os 
corresponsáveis; 
(...) 
§ 6º As disposições deste artigo aplicam-se, no que couber, às execuções 
fiscais e às execuções de ofício que se enquadrem no disposto nos incisos 
VII e VIII do caput do art. 114 da Constituição Federal. 
A quarta posição na ordem de pagamento dos créditos concursais está 
reservada aos quirografários, créditos tradicionalmente conhecidos por não 
serem detentores de privilégios ou preferências e para onde acabam sendo 
desclassificados os saldos dos créditos trabalhistas excedentes de cento e 
cinquenta salários-mínimos e os saldos dos créditos não cobertos pelo produto 
da alienação dos bens vinculados ao seu pagamento. 
Depois da lei da reforma recuperacional e falimentar, por força da 
inclusão do §6º no art. 83 da LRF, na classe dos quirografários também se 
encontram os créditos com privilégio especial e privilégio geral, os quais 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
127 
 
passam a disputar, em concurso e pro rata com os créditos que elencamos no 
parágrafo anterior, o produto da venda dos ativos da massa falida. 
Multas decorrentes do descumprimento de obrigações e penas 
pecuniárias impostas em razão de infrações penais, administrativas ou 
tributárias posicionam-se no quinto posto de adimplemento dos créditos 
concursais. Aqui, como pode-se notar, é o lugar em que ficam classificadas as 
multas administrativas impostas pela fiscalização do trabalho aos 
empregadores. 
O sexto grupo é o dos créditos subordinados, onde estão valores a 
serem recebidos pelos sócios e administradores sem vínculo empregatício do 
falido, cuja contratação não tenha observado os parâmetros do mercado, e os 
créditos definidos por lei ou contrato como tais, caso de debêntures sem 
garantia e com cláusula de subordinação, na forma do art. 58, §4º, da Lei nº 
6.404/76. 
Difícil é precisar o que são os corretos parâmetros de mercado para 
fins de contratação de administradores. De qualquer modo, caso a contratação 
tenha obedecido a esses padrões, os créditos dos administradores saltam para 
a classe dos quirografários. 
Em sétimo lugar, fechando a lista, estão os juros vencidos após a 
decretação da falência, regra que vale para quase todos os créditos antes 
arrolados, incluindo os trabalhistas e decorrentes de acidentes de trabalho. Os 
únicos excluídos, nos termos do parágrafo único do art. 124 da LRF são os 
juros das debêntures e os dos créditos com garantia real, limitados estes ao 
produto do bem que constitui sua garantia. 
Para finalizar, importa ressaltar que, não representando a correção 
monetária nenhum acréscimo real ao montante dos créditos, vez que ela 
apenas atualiza a expressão do valor em moeda, a ela não se aplica a regra 
dos juros. Em outras palavras, a correção monetária será sempre integral, 
devendo ser adimplida junto com o principal, o que pode trazer problemas à 
satisfação dos créditos trabalhistas e decorrentes de acidentes de trabalho, por 
força do decidido pelo STF na ADC nº 58 e correlatas. 
Com efeito, na medida em que a SELIC é um índice indissociável que 
contempla juros e correção monetária, é possível prever complicações para a 
atualização monetária dos créditos trabalhistas na quebra. A solução do Juízo 
da Vara Empresarial pode ser, como alguns Tribunais Regionais do Trabalho já 
têm feito, entender pela natureza preponderante de juros da SELIC e, não sem 
algum malabarismo jurídico, impor outro índice de atualização a esses créditos, 
como o IGP-M ou o IPCA-E. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
128 
 
14.1.3.1. Cessão de crédito 
 
A regra geral prevista no art. 287 e no art. 349 do Código Civil é a de 
que a cessão de crédito resulta natransferência ao cessionário de todas as 
preferências do crédito cedido. Não obstante, o art. 83, §4º, da LRF vedava 
esse efeito na falência para os créditos trabalhistas cedidos, determinando que 
a sua transferência a terceiros os transformaria em quirografários. 
A lei da reforma recuperacional e falimentar revogou esse dispositivo e 
inseriu um §5º ao art. 83 da LRF, fixando agora que não só os créditos 
trabalhistas, mas todos os que forem cedidos a terceiros a qualquer título, 
manterão a sua natureza e classificação dentro da falência. 
 
15. Créditos excluídos da falência 
 
O art. 5º da LRF prevê que estão excluídos da falência os créditos 
decorrentes de obrigações a título gratuito, vale dizer, os decorrentes de 
negócios jurídicos unilaterais, como eventual fiança, aval, hipoteca ou penhor 
prestados gratuitamente a terceiro pelo falido. Esse mesmo dispositivo legal, já 
analisado no tópico da recuperação judicial, veta a inclusão na quebra de 
eventuais despesas que os credores fizerem para tomar parte nela, salvo as 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
https://youtu.be/Pm6f-svr9gI?t=3180
129 
 
judiciais decorrentes de litígio com o devedor necessário para reconhecer seu 
crédito. 
Além desses dois, como adiantou-se em item anterior, os créditos 
fiscais também estavam excluídos da falência, por disposição do art. 187 do 
CTN e do art. 5º da Lei nº 6.830/80. Nada obstante, por força do art. 7º-A da 
LRF, essa afirmação não é mais verdadeira, a não ser que tal dispositivo seja 
futuramente tido por inconstitucional. 
 
 
Resumo da aula 4 
 
Nesta aula, iniciou-se o estudo da falência com o apontamento do seu 
objetivo, beneficiários e, o mais importante de tudo, com a identificação dos 
créditos sujeitos a esse procedimento. 
Aqui viu-se que é uma falácia dizer que os créditos trabalhistas e 
decorrentes de acidentes de trabalho são os primeiros a serem pagos nos 
procedimentos falimentares, pois ficam atrás de todos os pedidos de restituição 
de bens em espécie, os quais normalmente são realizados pelas instituições 
financeiras, e de vários créditos extraconcursais, muitos deles também ligados 
ao mercado financeiro. 
Aliás, averiguou-se que também não é correto estabelecer uma única 
classificação para os créditos dos trabalhadores na falência, pois eles se 
encontram distribuídos em várias posições na hierarquia dos créditos 
concursais e extraconcursais, conforme a sua data de constituição e o seu 
valor. 
Por exemplo, apontou-se que, no grupo dos extraconcursais, entram 
primeiro os de natureza salarial vencidos nos três meses anteriores à 
Boa parte da doutrina acusa esse artigo de 
inconstitucionalidade formal, por violar o art. 187 do CTN, lei 
recepcionada pela atual Constituição Federal com calibre 
complementar. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5172compilado.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6830.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
130 
 
decretação de falência, limitados a cinco salários-mínimos por trabalhador. 
Mais abaixo, depois dos financiadores de eventual recuperação judicial 
antecedente e dos pedidos de restituição em dinheiro, estão os créditos dos 
trabalhadores constituídos depois da decretação da falência. 
Logo depois, mas ainda dentro dos extraconcursais, evidenciou-se 
que estão os créditos dos trabalhadores constituídos depois do ajuizamento da 
recuperação judicial, mas antes da decretação da falência. 
Já dentre os concursais, apurou-se que estão em primeiro lugar os 
créditos decorrentes de acidentes de trabalho e os trabalhistas, estes limitados 
a cento e cinquenta salários mínimos, sendo que o excesso a esse limite cai lá 
para a classe dos quirografários, que são pagos somente depois dos credores 
com garantia real e dos tributários. 
Também foi trazida uma palavrinha sobre a cessão de crédito 
trabalhista e também acerca da difícil compreensão a respeito da sujeição ou 
não dos créditos tributários à falência. 
Até a próxima aula! 
 
131 
 
AULA 5 
Falência – Parte II (Procedimento da Falência e 
Responsabilidades na Falência) 
 
16. O procedimento para a decretação de 
falência 
 
16.1. Requisitos para requerer a falência 
 
O art. 94 da LRF autoriza os credores do empresário ou da sociedade 
empresária requererem judicialmente a sua falência quando ele pratica ou 
deixa de praticar certos atos que juridicamente conduzem à presunção da sua 
insolvência. São eles, resumidamente, o não pagamento de obrigações 
líquidas e vencidas, a falta de pagamento, depósito ou nomeação de bens à 
penhora em execução judicial de título líquido e a prática de atos falimentares. 
Art. 94. Será decretada a falência do devedor que: 
I – sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação 
líquida materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma 
ultrapasse o equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na data do pedido 
de falência; 
II – executado por qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e não 
nomeia à penhora bens suficientes dentro do prazo legal; 
III – pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de 
recuperação judicial: 
a) procede à liquidação precipitada de seus ativos ou lança mão de meio 
ruinoso ou fraudulento para realizar pagamentos; 
b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo de retardar 
pagamentos ou fraudar credores, negócio simulado ou alienação de parte ou 
da totalidade de seu ativo a terceiro, credor ou não; 
c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consentimento 
de todos os credores e sem ficar com bens suficientes para solver seu 
passivo; 
d) simula a transferência de seu principal estabelecimento com o objetivo de 
burlar a legislação ou a fiscalização ou para prejudicar credor; 
132 
 
e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída anteriormente sem 
ficar com bens livres e desembaraçados suficientes para saldar seu passivo; 
f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes 
para pagar os credores, abandona estabelecimento ou tenta ocultar-se de 
seu domicílio, do local de sua sede ou de seu principal estabelecimento; 
g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no plano de 
recuperação judicial. 
O art. 94, inciso I, da LRF identifica a primeira modalidade de 
presunção de insolvência: a impontualidade injustificada. O empresário ou 
sociedade empresária que não paga, de modo injustificado, obrigação líquida e 
vencida, materializada em título executivo protestado e de valor superior a 
quarenta salários mínimos, deverá ter sua quebra decretada. 
O protesto extrajudicial do título é exigência do §3º do art. 94 da LRF, 
que tem como objetivo demonstrar a impontualidade do devedor, não sendo 
demandado o chamado protesto especial para requerer falência. Segundo a 
Súmula nº 41 do TJSP, o protesto comum dispensa o especial para a 
instrução da petição inicial no Juízo falimentar. 
A exigência de, pelo menos, quarenta salários-mínimos para que o 
título se preste ao pedido de falência vem no sentido de evitar que dívidas 
menores convertam-se em potenciais instrumentos falimentares, ainda que o 
§1º do art. 94 da LRF autorize que pequenos credores possam reunir-se em 
litisconsórcio para alcançar esse limite mínimo. 
A segunda variante de presunção de insolvência está no art. 94, inciso 
II, da LRF e se trata da execução frustrada. Se, depois de citado em processo 
judicial em fase de execução para a cobrança de título líquido e exigível, o 
devedor não paga, não efetua depósito ou nomeia bens à penhora, seu credor 
poderá solicitar certidão à Secretariaou Cartório do Juízo onde se processa a 
execução e, com ela, instruir o pedido de quebra. 
Nesta modalidade de pedido de falência com base em execução 
frustrada, a Súmula nº 39 do TJSP entende irrelevante o valor da obrigação 
não satisfeita, se inferior ou superior a quarenta salário mínimos, e a Súmula nº 
50 deste mesmo Tribunal de Justiça dispensa o protesto extrajudicial do título. 
Não é demais destacar que aqui se situam os trabalhadores titulares 
de créditos em reclamatórias trabalhistas, os quais, embora não seja comum, 
estão plenamente autorizados a requerer a falência do seu empregador ou ex-
empregador inadimplente. 
Finalmente, a terceira categoria de presunção de insolvência é a 
prática de algum dos atos falimentares elencados pelo art. 94, inciso III, da 
LRF, dentre os quais podemos destacar o descumprimento de obrigações 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
https://www.tjsp.jus.br/Download/Portal/Biblioteca/Biblioteca/Legislacao/SumulasTJSP.pdf
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
133 
 
previstas no plano de recuperação judicial durante o período de fiscalização 
que, como vimos anteriormente, pode durar até dois anos contados da 
concessão da recuperação, na forma do art. 61 da LRF. Passados esses dois 
anos, o descumprimento do plano não motivará a convolação da recuperação 
judicial em falência, mas permitirá que o credor, já com o crédito novado, 
apresente pedido falimentar autônomo. 
 
16.2. Defesa do devedor 
 
Uma vez citado, o parágrafo único do art. 98 da LRF autoriza que o 
devedor que teve sua quebra requerida com base na impontualidade 
injustificada ou na execução judicial frustrada faça, no prazo de dez dias que 
lhe é deferido para apresentar a sua contestação, um depósito elisivo no valor 
do título, acrescido de juros, correção monetária e honorários advocatícios de 
sucumbência. Nessa hipótese, a falência não será decretada e, caso o pedido 
seja julgado procedente, o Juízo da Vara Empresarial autorizará o 
levantamento do depósito elisivo pelo credor. 
Art. 98. Citado, o devedor poderá apresentar contestação no prazo de 10 
(dez) dias. 
Parágrafo único. Nos pedidos baseados nos incisos I e II do caput do art. 94 
desta Lei, o devedor poderá, no prazo da contestação, depositar o valor 
correspondente ao total do crédito, acrescido de correção monetária, juros e 
honorários advocatícios, hipótese em que a falência não será decretada e, 
caso julgado procedente o pedido de falência, o juiz ordenará o levantamento 
do valor pelo autor. 
Outra variante de defesa é a do art. 95 da LRF, que permite que o 
devedor, no prazo de contestação, requeira a sua recuperação judicial em um 
processo autônomo. Neste caso, atendidos os requisitos da petição inicial do 
art. 51 da LRF, o Juiz da Vara Empresarial proferirá decisão autorizando o 
processamento da recuperação judicial, cujos efeitos por nós conhecidos 
envolvem a imediata suspensão das execuções singulares. Por conseguinte, o 
processo falimentar ficará suspenso até, ao menos, a decisão de concessão da 
recuperação. 
Art. 95. Dentro do prazo de contestação, o devedor poderá pleitear sua 
recuperação judicial. 
Por fim, a terceira possibilidade para o devedor é a defesa de 
mérito. 
 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
134 
 
16.3. Efeitos da decretação de falência 
 
Apresentada a contestação e concluída a instrução com eventual 
dilação probatória, o Juiz da Vara Empresarial então proferirá a sentença. Se 
for de procedência do pedido, ela decretará a falência do devedor e virá 
acompanhada de uma série de efeitos jurídicos e determinações obrigatórias 
arroladas no art. 99 da LRF. Destes, os mais relevantes para nós são a 
suspensão das execuções, incluindo suas medidas constritivas, promovidas 
por esses mesmos credores e a suspensão da fluência do prazo prescricional 
em face dos credores impactados pela quebra. 
Os dois supra mencionados efeitos serão analisados a seguir. 
 
16.3.1. Suspensão das execuções e medidas constritivas 
 
De modo até mais intenso ao que ocorre quando do deferimento do 
processamento da recuperação judicial, a decretação de falência também 
implica na suspensão das execuções que tramitam contra o devedor, bem 
como a proibição de qualquer forma de arresto, penhora, sequestro, busca e 
apreensão e constrição sobre os seus bens, tal como previsto no art. 6º, 
incisos II e III, da LRF. A comunicação de tal suspensão a nós e aos demais 
Juízos em que ditas demandas se encontram é encargo do administrador 
judicial deduzido da leitura do anteriormente transcrito art. 22, inciso III, 
alíneas “c” e “n”, da LRF. 
Art. 6º. A decretação da falência ou o deferimento do processamento da 
recuperação judicial implica: (...) 
II - suspensão das execuções ajuizadas contra o devedor, inclusive daquelas 
dos credores particulares do sócio solidário, relativas a créditos ou obrigações 
sujeitos à recuperação judicial ou à falência; 
III - proibição de qualquer forma de retenção, arresto, penhora, sequestro, 
busca e apreensão e constrição judicial ou extrajudicial sobre os bens do 
devedor, oriunda de demandas judiciais ou extrajudiciais cujos créditos ou 
obrigações sujeitem-se à recuperação judicial ou à falência. 
Excepcionalmente e como medida de economia processual, o Juiz da 
Vara Empresarial pode determinar na sentença que não se suspendam as 
execuções singulares com alienação judicial já designada e permitir que elas 
sejam realizadas nos Juízos de origem. Nessas situações, contudo, a própria 
sentença de decretação de quebra determinará que o produto de eventual 
venda não vai ser levantado pelo exequente, mas entregue à massa falida. O 
credor que move a execução singular deverá habilitar o seu crédito na falência, 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
135 
 
tudo de acordo com jurisprudência do STF (AgRr no CC nº 95.001/BA, 
julgado em 29/04/2009). 
Ainda, em conformidade com a jurisprudência do STJ (CC nº 
146.657/SP, julgado em 26/10/2016), idêntico destino deve ter o produto de 
alienação judicial já realizada na data da decretação da falência. Neste ponto, 
todavia, discorda-se do Tribunal Superior mencionado. É que estas execuções 
singulares não são afetadas pela suspensão porque o tecnicamente o bem do 
falido já foi liquidado e o processo singular já atingiu seu objetivo antes da 
decretação da quebra. Aqui, depois de pagas todas as rubricas da execução 
individual, entende-se que apenas o saldo da venda, se existente, deveria ser 
remetido à massa, tal como o era no regime do art. 24, §1º do revogado 
Decreto-lei nº 7.661/45. 
Dito isso, ainda é importante ressaltarmos dois pontos. 
O primeiro é que existem duas diferenças de intensidade entre as 
ordens de suspensão processual e das medidas constritivas dadas na 
recuperação judicial e na falência. Aqui não temos o chamado stay period do 
art. 6º, §4º, da LRF, sendo a suspensão das execuções singulares definitiva, 
até o encerramento do processo. 
Além disso, com todas as ressalvas que foram feitas quando se tratou 
da classificação dos créditos na falência, aqui também acabam sendo afetadas 
as execuções de contribuição previdenciária decorrente de condenação 
trabalhista, de custas processuais e de multas administrativas impostas pela 
fiscalização do trabalho. Esses créditos fiscais e outros de mesma natureza, 
por ordem do art. 7º-A da LRF, estarão sujeitos ao incidente de classificação 
do crédito público, o qual também provoca o efeito da suspensão. 
O segundo é que, forte o disposto nos §§1º e 2º do art. 6º e no art. 99, 
inciso V, da LRF, continuam sem qualquer pausa as ações que demandem 
quantia ilíquida contra a massa falida, incluídas as reclamatórias trabalhistas e 
ações de indenização poracidente de trabalho que tramitam na Justiça do 
Trabalho em fase de conhecimento ou em fase de liquidação de sentença, até 
a estabilização da decisão que homologou os cálculos contendo o crédito do 
trabalhador. 
Art. 99. A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras 
determinações: (...) 
V – ordenará a suspensão de todas as ações ou execuções contra o falido, 
ressalvadas as hipóteses previstas nos §§ 1º e 2º do art. 6º desta Lei; 
Como já foi visto no tópico da recuperação judicial, essa estabilização 
ocorrerá pela não oposição de embargos à execução ou impugnação à decisão 
de liquidação de sentença, ou pelo trânsito em julgado da sentença que julga 
https://processo.stj.jus.br/processo/pesquisa/?tipoPesquisa=tipoPesquisaNumeroRegistro&termo=200800731751&totalRegistrosPorPagina=40&aplicacao=processos.ea
https://processo.stj.jus.br/processo/pesquisa/?tipoPesquisa=tipoPesquisaNumeroRegistro&termo=201601293749&totalRegistrosPorPagina=40&aplicacao=processos.ea
https://processo.stj.jus.br/processo/pesquisa/?tipoPesquisa=tipoPesquisaNumeroRegistro&termo=201601293749&totalRegistrosPorPagina=40&aplicacao=processos.ea
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del7661.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
136 
 
esses incidentes. Para chegar a essa etapa processual, nunca é demais 
lembrar, a massa falida está dispensada pela Súmula nº 86 do TST do 
recolhimento de custas e do depósito recursal, bem como da garantia do juízo 
demandada pelo art. 884 da CLT, esta por força de jurisprudência unânime 
em todos os Tribunais trabalhistas. 
Súmula nº 86 do TST. Deserção. Massa falida. Empresa em liquidação 
extrajudicial. Não ocorre deserção de recurso da massa falida por falta de 
pagamento de custas ou de depósito do valor da condenação. Esse privilégio, 
todavia, não se aplica à empresa em liquidação extrajudicial. 
 
16.3.2. Suspensão da prescrição 
 
Outro efeito decorrente da decisão de decretação de quebra é a 
suspensão dos prazos prescricionais que correm em favor do falido, tal como 
previsto no art. 6º, inciso I, da LRF. Como resultado, a prescrição trabalhista 
posta no art. 7º, inciso XXIX, da Constituição Federal é também suspensa a 
partir do marco acima, mas com um importante detalhe. 
De acordo com o art. 157 da LRF, esse prazo prescricional retomava 
o seu curso no dia em que transitasse em julgado a sentença de encerramento 
da falência, devendo o falido aguardar de cinco a dez anos para postular a 
declaração judicial de extinção de suas obrigações, a depender se ele 
houvesse sido condenado por crimes falimentares. 
Todavia, esse artigo foi revogado pela lei de reforma recuperacional e 
falimentar, a qual passou a prever no inciso VI do art. 158 da LRF que o 
trânsito em julgado da sentença de encerramento da falência acarreta na 
extinção das obrigações do falido, salvo, por força do art. 191 do CTN, as 
fiscais de natureza tributária. 
Art. 158. Extingue as obrigações do falido: (...) 
VI - o encerramento da falência nos termos dos arts. 114-A ou 156 desta Lei. 
Adentrar-se-á, oportunamente, nesses novos efeitos da sentença de 
encerramento da quebra. Por ora, é necessário que fique claro que nova 
legislação leva à conclusão de que os prazos prescricionais em favor do falido 
ficam suspensos da data da decretação da falência até a do trânsito em 
julgado, quando as obrigações trabalhistas se extinguem. Outrossim, também é 
necessária muita atenção ao prazo decadencial de três anos para habilitação 
dos créditos, prevista no art. 10, §10, da LRF, por nós antes transcrito. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5172compilado.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
137 
 
16.4. Verificação e habilitação dos créditos na falência 
 
Uma das determinações do Juiz da Vara Empresarial quando decreta a 
falência é dirigida ao falido. Segundo o art. 99, inciso III, da LRF, aquele 
ordenará que este apresente, em até cinco dias e sob pena de desobediência, 
a relação dos nomes e endereços dos seus credores e a classificação dos 
seus créditos. 
Art. 99. A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras 
determinações: (...) 
III – ordenará ao falido que apresente, no prazo máximo de 5 (cinco) dias, 
relação nominal dos credores, indicando endereço, importância, natureza e 
classificação dos respectivos créditos, se esta já não se encontrar nos autos, 
sob pena de desobediência; 
Essa listagem preliminar de credores torna-se objeto de edital com 
prazo de quinze dias, a ser publicado pela Vara Empresarial, nos termos do art. 
99, §1º, da LRF, bem como de conferência e revisão permanente por parte do 
administrador judicial, forte no art. 7º da LRF, o qual ainda assume o dever de 
enviar correspondência aos credores, comunicando a data da decretação da 
quebra, a natureza, o valor e a classificação dada ao crédito, tudo conforme o 
art. 22, inciso I, alínea “a”, da LRF. 
Como já examinado no capítulo da recuperação judicial, não é raro 
haver ausência de credores ou equívocos de valores na listagem preliminar 
elaborada pelo devedor, razão pela qual o edital de quinze dias publicado pela 
Vara Empresarial e as correspondências enviadas pelo administrador judicial 
aos credores têm como objetivo fazer com que eles, discordando da sua 
ausência ou de quaisquer elementos lançados, possam promover sua 
habilitação e lançar as suas divergências, com o fito de se chegar a uma 
segunda lista apresentada pelo administrador e ao quadro geral de credores, 
no prazo do art. 7º, §2º, da LRF, isto é, quarenta e cinco dias, contados do 
término do edital de quinze. 
É por isso que, nas reclamatórias trabalhistas, um dos efeitos da 
ciência da decretação da quebra é a expedição de certidão de crédito ao 
trabalhador e a todos os demais credores, como advogados, pelos seus 
honorários sucumbenciais, auxiliares do Juízo, pelos seus honorários periciais, 
emolumentos despesas, etc. e União, pelos seus créditos previdenciários e 
custas processuais. 
De acordo com o art. 9º da LRF, a certidão deve conter, além dos 
dados identificadores do processo e das partes, preferencialmente com 
endereço físico e eletrônico, também a natureza e o valor atualizado do crédito, 
com discriminação dos valores bruto e líquido devidos para o trabalhador, para 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
138 
 
fins de apuração e futuro recolhimento de imposto de renda, tudo isso 
acrescido de correção monetária e juros, estes somente até a data da 
decretação da falência. De forma muito semelhante, a Consolidação de 
Provimentos de Provimentos da Corregedoria Geral da Justiça do Trabalho 
reprisa tais elementos obrigatórios no seu art. 112, §2º. 
 
As certidões não precisam ser encaminhadas pela Justiça do Trabalho 
ao Juízo da Vara Empresarial por meio de ofício ou assemelhados, visto que a 
incumbência cabe aos próprios credores. Entrementes, por conta dos 
princípios que norteiam a cooperação judicial e também em razão de eventuais 
objeções da União ao novo procedimento do art. 7º-A da LRF, não deixa de 
ser pragmático o encaminhamento da certidão diretamente àquele Juízo, com 
intimação dos credores na reclamatória trabalhista. 
Aliás, em relação à contribuição previdenciária incidente sobre 
condenações trabalhistas, o art. 165 da Consolidação dos Provimentos da 
Corregedoria Geral da Justiça do Trabalho de 2019 estabelece justamente 
esse procedimento, de remessa da certidãopor ofício, com ciência à 
Procuradoria da Fazenda Nacional. 
Art. 165. A certidão de habilitação de crédito previdenciário e os documentos 
que a instruem serão enviados, por ofício, ao administrador judicial do 
processo de falência, dando-se ciência do ato ao representante judicial da 
União. 
A Consolidação dos Provimentos da Corregedoria Geral da Justiça do 
Trabalho ainda estabelece em seus arts. 163 164 os elementos que deve 
conter a certidão de crédito previdenciário, bem como os documentos que 
devem ser anexados, tudo em consonância com o anteriormente transcrito art. 
9º da LRF. 
Como dissemos quando da classificação dos créditos na 
falência, o decidido pelo STF na ADC nº 58 e correlatas vai levar 
a certos malabarismos jurídicos, em face de a SELIC ser um 
índice indissociável que contempla juros e correção monetária. 
A sugestão que damos é realizar a aplicação da SELIC apenas 
até a decretação da quebra e informar expressamente na 
certidão que os créditos se encontram atualizados 
monetariamente somente até essa data, deixando para o Juízo 
da Vara Empresarial eventualmente adotar outro índice de 
atualização a esses créditos, como o IGP-M ou o IPCA-E. 
 
https://juslaboris.tst.jus.br/handle/20.500.12178/166690
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
139 
 
Art. 163. Nas reclamações trabalhistas ajuizadas contra massa falida, 
apurados os valores devidos a título de contribuições sociais, será expedida 
certidão de habilitação de crédito previdenciário, que deverá conter: 
 I - indicação da vara do trabalho; 
II - número do processo; 
III - identificação das partes, com a informação dos números do CPF e CNPJ; 
IV - valores devidos a título de contribuições sociais, discriminandose os 
relativos à cota do empregado e do empregador; 
V - data de atualização dos cálculos; 
VI - indicação da vara em que tramita o processo alimentar; 
VII - número do processo falimentar; 
VIII - identificação e endereço do síndico ou administrador judicial. 
Art. 164. À certidão de que trata o artigo anterior será anexada cópia dos 
seguintes documentos: 
I - petição inicial; 
II - acordo ou sentença e decisão proferida pelo Tribunal Regional do 
Trabalho ou pelo Tribunal Superior do Trabalho; 
III - certidão de trânsito em julgado ou do decurso do prazo para recurso; 
IV - cálculos de liquidação da sentença homologados pelo juiz do trabalho; 
V - decisão homologatória dos cálculos de liquidação da sentença; 
VI - outros que o juiz do trabalho considerar necessários. Parágrafo único. As 
cópias serão autenticadas pelas secretarias das varas do trabalho, sem 
prejuízo do que autoriza o artigo 830 da CLT. 
 
 
Por fim, é necessário registrar que a lei da reforma recuperacional e 
falimentar acrescentou o §10 ao art. 10 da LRF, o qual passou a prever um 
Atenção especial às reclamatórias trabalhistas ajuizadas depois 
da distribuição de pedido de recuperação judicial que foi 
convolado em falência, pois podem conter créditos trabalhistas 
híbridos, ou seja, créditos que estão em classes diferentes, 
conforme a sua data de constituição. Nesse caso, é interessante 
deixar essas situações claras na certidão. 
140 
 
prazo decadencial de três anos para a habilitação do crédito na falência, 
bastante relevante aos credores trabalhistas. 
Art. 10. (...) 
§10. O credor deverá apresentar pedido de habilitação ou de reserva de 
crédito em, no máximo, 3 (três) anos, contados da data de publicação da 
sentença que decretar a falência, sob pena de decadência. 
 
16.4.1. Liberação dos depósitos judiciais 
 
Assim como vimos na recuperação judicial, aqui também nos 
deparamos com o problema da liberação ou não ao trabalhador de depósitos 
judiciais realizados na reclamatória trabalhista pelo falido antes da decretação 
da quebra, em especial do depósito recursal. Dado que os argumentos são 
exatamente os mesmos aos empregados naquela ocasião, apenas reforçados 
aqui pela universalidade do Juízo falimentar, remetemos à leitura daquele 
capítulo, ressaltando a conclusão pela necessária liberação dos depósitos 
apenas ao Juízo falimentar. 
 
 
16.4.2. Arquivamento provisório da reclamatória trabalhista 
 
Expedidas as certidões aos credores, o art. 114 da Consolidação de 
Provimentos da Corregedoria Geral da Justiça do Trabalho estipula que 
devemos suspender e arquivar provisoriamente a reclamatória trabalhista ou 
ação de indenização por acidente de trabalho até o encerramento da falência. 
Art. 114. Os juízes do trabalho manterão os processos em arquivo provisório 
até o encerramento da Recuperação Judicial ou da falência que ela 
eventualmente tenha sido convolada (artigo 156 e seguintes da Lei n.º 
11.101/2005). 
Parágrafo único. Os processos suspensos por Recuperação Judicial ou 
Falência deverão ser sinalizados com marcador correspondente no Sistema 
PJe. 
Questão importante a tratar aqui é a de que, até a lei da reforma 
recuperacional e falimentar, o encerramento da quebra por sentença não 
extinguia as obrigações do falido, tanto que o revogado art. 157 da LRF 
previa que o prazo prescricional relativo a essas obrigações recomeçava a 
correr tão logo houvesse o trânsito em julgado de tal decisão. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
141 
 
Tratava-se de sentença de caráter meramente terminativo, que não 
impedia que o credor não atendido na falência retornasse para a sua execução 
singular originária para prosseguir com atos expropriatórios contra o falido ou 
eventuais terceiros responsáveis. 
Contudo, essa realidade quanto ao tratamento conferido às obrigações 
do falido restou alterada. A partir da inclusão do inciso VI ao art. 158 da LRF, é 
consequência direta da sentença de encerramento de falência a extinção das 
obrigações demandadas ou não no processo falimentar. 
Art. 158. Extingue as obrigações do falido: (...) 
VI - o encerramento da falência nos termos dos arts. 114-A ou 156 desta Lei. 
 
A ressalva ao efeito de extinção automática das obrigações diz respeito 
aos créditos fiscais de natureza tributária que, por conta de disposição 
expressa do art. 191 do CTN, lei com força complementar, precisam ser 
necessariamente quitados para serem extintos, não sendo atingidos pelo art. 
158 da LRF, lei de caráter ordinário. 
Art. 191. A extinção das obrigações do falido requer prova de quitação de 
todos os tributos. 
Adentrar-se-á em outros aspectos do art. 158 da LRF por ocasião do 
tópico Encerramento da falência. Por ora, fique-se com a ideia de que a 
sentença que extingue o processo falimentar passou a ter o efeito de abolir 
todas as obrigações contra o falido, salvo as de caráter fiscal tributário. 
Nas reclamatórias trabalhistas, isso significa para nós que estarão 
extintas todas as dívidas do empresário ou sociedade empresária, seja pelo 
efetivo pagamento no processo falimentar, seja pela hipótese do art. 924, 
inciso III, do CPC, situação que, finalmente, leva-nos ao arquivamento 
definitivo da ação, na forma do art. 119 da Consolidação de Provimentos da 
Corregedoria Geral da Justiça do Trabalho de 2019. 
Art. 924. Extingue-se a execução quando: (...) 
III - o executado obtiver, por qualquer outro meio, a extinção total da dívida; 
Art. 119. O arquivamento definitivo do processo de execução, no âmbito da 
Justiça do Trabalho, decorre da declaração, por sentença, da extinção da 
Acrescente-se com tranquilidade que estão excepcionadas 
também as situações em que o credor buscou, no seu processo 
de origem, a responsabilidade secundária de terceiro, solidária 
ou subsidiária. 
142 
 
execução, pela verificação de uma das hipóteses contempladas nos incisos II, 
III, IV e V do artigo 924 do CPC, por se achar exaurida a prestação 
jurisdicional. 
Parágrafo único. É vedado o arquivamento com baixa definitiva do processo 
de execução em qualquer situação não prevista no caput, inclusive em 
processosreunidos em razão de centralização de execuções, processos 
sobrestados ou arquivados provisoriamente. 
A bem da verdade, o único crédito que poderia impedir esse 
arquivamento definitivo é a contribuição previdenciária incidente sobre 
condenações trabalhistas que eventualmente não tenha sido satisfeita no 
procedimento falimentar pela falta de ativos da massa. Porém, esse crédito se 
encontra em uma posição delicada quanto à sua satisfação, dado que não há 
mais patrimônio do devedor para solvê-lo. 
Assim, entende-se que o melhor caminho seja verificar a incidência ou 
não da aplicação da prescrição intercorrente em relação a esse crédito, 
intimando a União para impulsionar o processo, tal como previsto no art. 11-
A, §1º, da CLT, e, no silêncio, suspender o curso da execução por ano, no 
modo do art. 40 da Lei nº 6.830/80, antes de iniciar a contagem do prazo 
prescricional de dois anos. 
De qualquer modo, como é absolutamente impossível prever a priori 
quando se dará o encerramento da falência, sugere-se a inserção de marcador 
de controle de prazo no GIGS do PJE para que, decorrido um período de cerca 
de cinco anos a contar da expedição da certidão de crédito, surja um alerta de 
prazo vencido no sistema. A partir daí, pode-se notificar os credores para que 
nos informem se seus créditos já foram ou não satisfeitos ou se já houve o 
encerramento falência. 
Outra medida interessante de cooperação judicial que pode ser 
realizada nesse caso são os Tribunais Regionais do Trabalho firmarem 
convênios com os Tribunais de Justiça para que a Justiça do Trabalho seja 
informada sempre que houver o trânsito em julgado de sentenças de 
encerramento de quebra. 
 
16.4.3. Reserva de crédito 
 
Se, na recuperação judicial, vimos que a reserva de créditos vale 
basicamente para garantir o direito a voto nas deliberações da assembleia 
geral de credores, no procedimento falimentar esse instituto adquire 
importância muito maior, posto que, além desse efeito, ele serve para prevenir 
que o credor retardatário, ou seja, aquele que ainda não tem título executivo 
quando da decretação da falência, fique de fora de rateios realizados antes da 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6830.htm
143 
 
sua habilitação e ainda tenha que pagar custas, de acordo com o art. 10, §§3º 
e 4º, da LRF. 
Art. 10. Não observado o prazo estipulado no art. 7º, §1º, desta Lei, as 
habilitações de crédito serão recebidas como retardatárias. (...) 
§3º Na falência, os créditos retardatários perderão o direito a rateios 
eventualmente realizados e ficarão sujeitos ao pagamento de custas, não se 
computando os acessórios compreendidos entre o término do prazo e a data 
do pedido de habilitação. 
§4º Na hipótese prevista no §3º deste artigo, o credor poderá requerer a 
reserva de valor para satisfação de seu crédito. 
Nesse sentido, é importante que o trabalhador e os demais credores de 
reclamatórias trabalhistas em fase de conhecimento ou liquidação de sentença 
dirijam à Justiça do Trabalho os seus pedidos de reserva, para que, na maneira 
do art. 6º, §3º, da LRF, possam ser encaminhados por meio de ofício ao Juízo 
da Vara Empresarial ou, em não tendo sido feito, o habilitem como crédito 
retardatário o mais rápido possível naquele juízo, em razão do prazo 
decadencial de três anos inserido no art. 10, §10, da LRF. 
 
 
Entretanto, em especial na fase de conhecimento, há que se ter certa 
contenção nas ordens de reserva de créditos que ainda são meramente 
estimados. De acordo com o art. 149, §1º, da LRF, os valores ficarão 
bloqueados e a classe dos trabalhadores é prioritária dentro dos credores 
concursais. Assim sendo, reservas de quantias elevadas que não se confirmem 
em liquidação de sentença poderão impedir o pagamento de credores das 
classes subsequentes, além de distorcer as deliberações da assembleia geral. 
Art. 149. (...) 
§1º Havendo reserva de importâncias, os valores a ela relativos ficarão 
depositados até o julgamento definitivo do crédito e, no caso de não ser este 
finalmente reconhecido, no todo ou em parte, os recursos depositados serão 
objeto de rateio suplementar entre os credores remanescentes. 
Essa parcimônia, aliás, é a recomendação inserta na Orientação 
Jurisprudencial nº 28, inciso III, da Seção Especializada em Execução do TRT 
da 9ª Região. 
A partir da lei da reforma recuperacional e falimentar, a 
habilitação de crédito retardatário gera automaticamente a 
reserva do valor para a sua satisfação, conforme o §8º do art. 
da LRF. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
144 
 
Orientação Jurisprudencial nº 28 da Seção Especializada em Execução do 
TRT da 9ª Região. (...) III - Falência e Recuperação Judicial. Reserva de 
crédito. Valor estimado. A reserva de crédito na recuperação judicial ou na 
falência (artigo 6º, § 3º, da Lei 11.101/2005) exige a presença de requisitos 
que justifiquem o exercício do poder de cautela do juiz, sendo prescindível 
decisão com trânsito em julgado. 
 
17. Arrecadação e realização dos ativos da 
massa falida 
 
17.1. Arrecadação dos bens 
 
Após assinar o termo de compromisso, o art. 108 da LRF fixa que a 
primeira tarefa do administrador judicial é efetuar a arrecadação dos 
documentos e de todos os bens que estejam na posse do falido, sejam ou não 
de sua propriedade, e fazer a sua avaliação em até trinta dias, autorizando, 
ainda, o art. 109 da LRF que ele solicite ao Juízo da Vara Empresarial o lacre 
do estabelecimento quando houver, por exemplo, receio acerca da 
preservação dos bens. 
Art. 108. Ato contínuo à assinatura do termo de compromisso, o administrador 
judicial efetuará a arrecadação dos bens e documentos e a avaliação dos 
bens, separadamente ou em bloco, no local em que se encontrem, 
requerendo ao juiz, para esses fins, as medidas necessárias. 
§ 1º Os bens arrecadados ficarão sob a guarda do administrador judicial ou 
de pessoa por ele escolhida, sob responsabilidade daquele, podendo o falido 
ou qualquer de seus representantes ser nomeado depositário dos bens. 
§ 2º O falido poderá acompanhar a arrecadação e a avaliação. (...) 
Art. 109. O estabelecimento será lacrado sempre que houver risco para a 
execução da etapa de arrecadação ou para a preservação dos bens da 
massa falida ou dos interesses dos credores. 
 
17.2. Realização dos ativos 
 
Uma vez arrecadados os bens e independentemente da formação do 
quadro geral de credores, o art. 139 da LRF autoriza que o administrador 
judicial comece a alienação dos ativos da massa falida, dando sempre 
preferência para a venda da integralidade da empresa ou de suas filiais ou 
unidades produtivas isoladas. Caso tal não seja possível, o art. 140 da LRF 
145 
 
recomenda a alienação em bloco dos móveis e imóveis e, só em último caso, a 
venda de cada um deles individualmente. 
Art. 139. Logo após a arrecadação dos bens, com a juntada do respectivo 
auto ao processo de falência, será iniciada a realização do ativo. 
Art. 140. A alienação dos bens será realizada de uma das seguintes formas, 
observada a seguinte ordem de preferência: 
I – alienação da empresa, com a venda de seus estabelecimentos em bloco; 
II – alienação da empresa, com a venda de suas filiais ou unidades produtivas 
isoladamente; 
III – alienação em bloco dos bens que integram cada um dos 
estabelecimentos do devedor; 
IV – alienação dos bens individualmente considerados. 
§ 1º Se convier à realização do ativo, ou em razão de oportunidade, podem 
ser adotadas mais de uma forma de alienação. 
§ 2º A realização do ativo terá início independentemente da formação do 
quadro-geral de credores. (...) 
Durante o procedimento de arrecadação dos bens, não é incomum o 
administrador judicial encontrar bensperecíveis, deterioráveis, sujeitos à 
depreciação rápida ou de conservação arriscada ou dispendiosa. Para essas 
situações, não é necessário aguardar o término do processo de arrecadação, 
pois o art. 113 da LRF autoriza a venda antecipada desses bens. 
Art. 113. Os bens perecíveis, deterioráveis, sujeitos à considerável 
desvalorização ou que sejam de conservação arriscada ou dispendiosa, 
poderão ser vendidos antecipadamente, após a arrecadação e a avaliação, 
mediante autorização judicial, ouvidos o Comitê e o falido no prazo de 48 
(quarenta e oito) horas. 
Outra situação comum durante esta fase do processo falimentar é 
surgirem interessados não na aquisição da empresa ou de unidades produtivas 
isoladas, mas na sua locação. Para esses casos, o art. 114 da LRF autoriza 
que o administrador judicial, autorizado pelo comitê de credores e com o 
objetivo de produzir renda para a massa falida, celebre contratos de locação ou 
arrendamento com terceiros. 
Art. 114. O administrador judicial poderá alugar ou celebrar outro contrato 
referente aos bens da massa falida, com o objetivo de produzir renda para a 
massa falida, mediante autorização do Comitê. 
Nesses casos, especialmente quando a locação é do bloco empresarial 
como um todo ou de alguma de suas filiais ou unidades produtivas isoladas, é 
preciso alguma atenção à ocorrência de sucessão trabalhista. 
146 
 
Assim como mencionamos no capítulo da recuperação judicial, o art. 
141, inciso II, da LRF protege expressamente apenas quem arremata sem 
fraude os ativos da massa falida, inclusive afirmando o seu §2º que os 
empregados do falido que forem por ele contratados o serão mediante novos 
contratos de trabalho, sem o advento da sucessão trabalhista. Porém, em 
nenhuma passagem da LRF há previsão semelhante para o locatário ou 
arrendatário. 
Art. 141. Na alienação conjunta ou separada de ativos, inclusive da empresa 
ou de suas filiais, promovida sob qualquer das modalidades de que trata o art. 
142: 
I – todos os credores, observada a ordem de preferência definida no art. 83 
desta Lei, sub-rogam-se no produto da realização do ativo; 
II – o objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não haverá 
sucessão do arrematante nas obrigações do devedor, inclusive as de 
natureza tributária, as derivadas da legislação do trabalho e as decorrentes 
de acidentes de trabalho. 
§1º O disposto no inciso II do caput deste artigo não se aplica quando o 
arrematante for: 
I – sócio da sociedade falida, ou sociedade controlada pelo falido; 
II – parente, em linha reta ou colateral até o 4º (quarto) grau, consanguíneo 
ou afim, do falido ou de sócio da sociedade falida; ou 
III – identificado como agente do falido com o objetivo de fraudar a sucessão. 
§2º Empregados do devedor contratados pelo arrematante serão admitidos 
mediante novos contratos de trabalho e o arrematante não responde por 
obrigações decorrentes do contrato anterior. 
Essa ausência de blindagem legal sujeita o locatário ou arrendatário à 
jurisprudência trabalhista, que majoritariamente vincula os contratos de 
trabalho à unidade econômica e entende caracterizada a sucessão de 
empregadores na empresa, ainda que esta seja transferida apenas 
provisoriamente, como são os casos de locação e arrendamento. Nesse 
sentido é o acórdão da 2ª Turma do TST, no AIRR nº 1024-
30.2015.5.09.0562, julgado em 02/08/2017. 
Para finalizar, questão interessante que foi introduzida no art. 142, §2º-
A, da LRF pela lei da reforma recuperacional e falimentar é a de que a 
alienação dos ativos da massa falida deve ser feita independentemente de a 
conjuntura do mercado no momento da venda ser favorável ou desfavorável, 
dado o caráter forçado da venda, e não estará sujeita à aplicação do conceito 
de preço vil. 
 
https://jurisprudencia-backend.tst.jus.br/rest/documentos/8c9e55b6b26a39a63b903baa2177e979
https://jurisprudencia-backend.tst.jus.br/rest/documentos/8c9e55b6b26a39a63b903baa2177e979
147 
 
18. Pagamento aos credores 
 
Preconiza o art. 149 da LRF, tal como antecipamos quando do exame 
da classificação dos créditos na falência, que os pedidos de restituições serão 
os primeiros a serem atendidos pelo administrador judicial, salvo a situação 
especial das restituições em dinheiro, seguidos dos créditos extraconcursais, 
na ordem do art. 84 da LRF, e dos concursais, segundo a hierarquia do art. 
83 da LRF, sempre respeitados os pedidos de reserva de cada um desses 
créditos. 
Os credores devem fazer o levantamento dos seus valores no prazo de 
até sessenta dias da sua intimação para tanto, sob pena de o montante ser 
destinado para rateio dos credores remanescentes. 
Art. 149. Realizadas as restituições, pagos os créditos extraconcursais, na 
forma do art. 84 desta Lei, e consolidado o quadro-geral de credores, as 
importâncias recebidas com a realização do ativo serão destinadas ao 
pagamento dos credores, atendendo à classificação prevista no art. 83 desta 
Lei, respeitados os demais dispositivos desta Lei e as decisões judiciais que 
determinam reserva de importâncias. 
§ 1º Havendo reserva de importâncias, os valores a ela relativos ficarão 
depositados até o julgamento definitivo do crédito e, no caso de não ser este 
finalmente reconhecido, no todo ou em parte, os recursos depositados serão 
objeto de rateio suplementar entre os credores remanescentes. 
§ 2º Os credores que não procederem, no prazo fixado pelo juiz, ao 
levantamento dos valores que lhes couberam em rateio serão intimados a 
fazê-lo no prazo de 60 (sessenta) dias, após o qual os recursos serão objeto 
de rateio suplementar entre os credores remanescentes. 
Especificamente em relação à ordem de pagamento dos credores 
trabalhistas, é possível elaborar o seguinte resumo, conforme a natureza e a 
data da constituição do crédito, além do seu valor máximo. 
Logo depois dos pedidos de restituição, são pagos imediatamente, com 
o dinheiro disponível em caixa os trabalhadores que prestaram serviços ao 
falido nos três meses anteriores à decretação de quebra, isso nos seus 
créditos de natureza estritamente salarial, até o limite de cinco salários 
mínimos per capita. São os créditos de natureza extraconcursal do inciso I-A 
do art. 84 da LRF. 
Logo adiante, na quarta posição dos extraconcursais, estão os créditos 
trabalhistas e decorrentes de acidentes de trabalho que tiverem sido 
constituídos após a declaração da falência, vale dizer, dos trabalhadores que 
seguiram trabalhando após esse marco, nas situações de continuação 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
148 
 
provisória das atividades do falido. Eles estão elencados no inciso I-D do art. 
84 da LRF. 
Em seguida, no quinto posto e fechando as classes trabalhistas dentro 
do grupo dos extraconcursais, situam-se os créditos dos trabalhadores e os 
decorrentes de acidente de trabalho que tiverem sido constituídos 
posteriormente ao ajuizamento de eventual recuperação judicial que precedeu 
à falência e que, consequentemente, a ela não se sujeitaram. Eles estão 
arrolados no art. 84, inciso I-D, da LRF. 
Já no grupo dos concursais, a ordem de pagamentos começa no inciso 
I do art. 83 da LRF com os créditos trabalhistas, limitados a cento e cinquenta 
salários-mínimos, e com os créditos decorrentes de acidentes de trabalho 
constituídos antes da decretação de quebra, ou antes da distribuição do pedido 
da recuperação judicial, se esta tiver sido convolada em quebra. 
O que ultrapassar cento e cinquenta salários-mínimos cai para a quarta 
classe dos créditos concursais, sendo pago junto com os demais créditos 
quirografários, conforme o art. 83, inciso IV, da LRF, logo depois dos créditos 
fiscais. 
 
Finalmente, se ainda houver algum produto de ativos na massa falida, 
os juros pós quebra de todos essescréditos acima, bem como de os demais 
credores, são os últimos a serem pagos pelo administrador judicial, na forma 
do inciso IX do art. 83 da LRF. 
 
19. Encerramento da falência 
 
Depois de esgotados os ativos da massa falida, tenham sido ou não 
atendidos os credores de todas as classes, o administrador apresentará suas 
contas que, após julgadas e aprovadas, gerarão um relatório final com o 
montante dos ativos e o do produto de sua realização, o valor do passivo e o 
Em recente acórdão envolvendo a liquidação extrajudicial de 
instituição financeira, a 3ª Turma do STJ entendeu no REsp nº 
1.981.314/CE, julgado em 15/03/2022, que, para o cálculo do 
teto de cento e cinquenta salários mínimos, deveriam ser 
acrescidos os créditos recebidos previamente pelo empregado 
no procedimento de liquidação extrajudicial. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
https://processo.stj.jus.br/processo/pesquisa/?tipoPesquisa=tipoPesquisaNumeroRegistro&termo=202200099509&totalRegistrosPorPagina=40&aplicacao=processos.ea
https://processo.stj.jus.br/processo/pesquisa/?tipoPesquisa=tipoPesquisaNumeroRegistro&termo=202200099509&totalRegistrosPorPagina=40&aplicacao=processos.ea
149 
 
dos pagamentos feitos aos credores, e as responsabilidades com que 
continuará o falido, tudo no modo do art. 155 da LRF. 
Art. 155. Julgadas as contas do administrador judicial, ele apresentará o 
relatório final da falência no prazo de 10 (dez) dias, indicando o valor do ativo 
e o do produto de sua realização, o valor do passivo e o dos pagamentos 
feitos aos credores, e especificará justificadamente as responsabilidades com 
que continuará o falido. 
De posse desse relatório, o art. 156 da LRF prevê que o Juiz da Vara 
Empresarial então proferirá a sentença de encerramento da falência, com 
publicação de edital e intimação das Fazendas Públicas, além de determinação 
de baixa do CNPJ do falido junto à Receita Federal do Brasil. 
Art. 156. Apresentado o relatório final, o juiz encerrará a falência por sentença 
e ordenará a intimação eletrônica às Fazendas Públicas federal e de todos os 
Estados, Distrito Federal e Municípios em que o devedor tiver 
estabelecimento e determinará a baixa da falida no Cadastro Nacional da 
Pessoa Jurídica (CNPJ), expedido pela Secretaria Especial da Receita 
Federal do Brasil. 
Questão importante a tratar aqui é a de que, até a lei da reforma 
recuperacional e falimentar, o encerramento da quebra por sentença não 
extinguia as obrigações do falido, tanto que o revogado art. 157 da LRF 
previa que o prazo prescricional relativo a essas obrigações recomeçava a 
correr tão logo houvesse o trânsito em julgado de tal decisão. 
Tratava-se de sentença de caráter meramente terminativo. 
Contudo, essa realidade quanto ao tratamento conferido às obrigações 
do falido restou alterada. A partir da inclusão do inciso VI ao art. 158 da LRF, é 
consequência direta da sentença de encerramento de falência a extinção 
dessas obrigações, isso se esta for proferida em prazo inferior a três anos da 
decretação da quebra, porque, sim, o também recém-incluído inciso V do art. 
158 da LRF prevê que essa mesma extinção ocorre decorrido o prazo de três 
anos da data de decretação da falência, ressalvada a apuração de ativos e o 
pagamento aos credores habilitados ou com pedido de reserva no processo 
falimentar em andamento. 
Art. 158. Extingue as obrigações do falido: 
I – o pagamento de todos os créditos; 
II - o pagamento, após realizado todo o ativo, de mais de 25% (vinte e cinco 
por cento) dos créditos quirografários, facultado ao falido o depósito da 
quantia necessária para atingir a referida porcentagem se para isso não tiver 
sido suficiente a integral liquidação do ativo; 
III - (revogado); 
IV - (revogado); 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
150 
 
V - o decurso do prazo de 3 (três) anos, contado da decretação da falência, 
ressalvada a utilização dos bens arrecadados anteriormente, que serão 
destinados à liquidação para a satisfação dos credores habilitados ou com 
pedido de reserva realizado; 
VI - o encerramento da falência nos termos dos arts. 114-A ou 156 desta Lei. 
Esse preceito também traz outras duas modalidades de extinção das 
obrigações do falido, quais sejam o pagamento de todos os créditos e o 
pagamento de mais de vinte e cinco por cento da classe dos quirografários. A 
primeira hipótese normativa já existia antes da lei da reforma recuperacional e 
falimentar e a segunda foi reduzida de cinquenta para vinte e cinco por cento 
dos quirografários. 
Tudo isso quer dizer que, se durante o curso do processo falimentar, 
ocorrer o pagamento de todos os créditos ou de mais de vinte e cinco por cento 
dos quirografários, dá-se o efeito inerente de extinção das obrigações do falido, 
ressalvadas, é claro, aquelas habilitadas ou com pedido de reserva nesse 
processo, cujos ativos da massa falida sejam suficientes para cobrir. 
Ademais, se passarem três anos da data da decretação da falência, 
independentemente das classes de credores já pagos, também ocorre o efeito 
automático de extinção das obrigações do falido, ressalvadas aquelas 
habilitadas ou com pedido de reserva no processo falimentar, cujos ativos da 
massa falida sejam suficientes para cobrir. Esse período é comumente 
apelidado de fresh start. 
Finalmente, se esse processo tramitar muito rapidamente e a sentença 
de encerramento de falência transitar em julgado antes de três anos, a extinção 
das obrigações será consequência direta dessa decisão, impedindo que 
credores eventualmente não atendidos na quebra retornem aos seus 
processos de origem para buscar algum tipo de responsabilização residual em 
face do falido. 
 
A única ressalva ao efeito de extinção automática das obrigações diz 
respeito aos créditos fiscais de natureza tributária que, por conta de disposição 
A extinção das obrigações do falido em decorrência da sentença 
de encerramento da falência aplica-se imediatamente aos 
processos falimentares em andamento, pois o art. 5º, §5º, da lei 
da reforma recuperacional e falimentar positiva que “o disposto 
no inciso VI do caput do art. 158 terá aplicação imediata, 
inclusive às falências regidas pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21 
de junho de 1945”. 
151 
 
expressa do art. 191 do CTN, lei com força complementar, precisam ser 
necessariamente quitados para serem extintos, não sendo atingidos pelo art. 
158 da LRF, lei de caráter ordinário. 
Art. 191. A extinção das obrigações do falido requer prova de quitação de 
todos os tributos. 
 
20. Responsabilidade secundária na falência 
 
Muito do que foi estudado no capítulo da recuperação judicial acerca 
da responsabilidade secundária também guarda idêntica aplicação no processo 
falimentar, de modo que, para uma visão geral do tema, remete-se à leitura do 
tópico supra mencionado. Aqui serão tratados os pontos mais importantes e as 
situações particulares da falência, destacadas. 
 
 
20.1. Responsabilidade do devedor constante no título 
executivo 
 
A primeira modalidade de responsabilidade secundária objeto de 
debate nas reclamatórias trabalhistas em que o devedor principal é empresa 
falida é a do devedor que já consta no título executivo, ou por ter participado do 
processo desde a fase de conhecimento, ou pela ordem de suspensão das 
execuções singulares ter sido dada pelo Juízo da Vara Empresarial depois do 
trânsito em julgado da nossa decisão que o chamou ao processo em fase de 
execução. 
Se ao devedor tiver sido imputada a responsabilidade solidária,como 
nos casos de grupo econômico constante do título, não há nenhuma 
controvérsia quanto à possibilidade de habilitação do crédito no processo 
falimentar e o prosseguimento imediato e simultâneo da execução trabalhista 
Atenção especial aqui ao prazo de três anos, contados da data 
de decretação da falência (art. 158 da LRF), que extingue as 
obrigações do falido e, caso ainda não tenha havido o 
redirecionamento da execução, da responsabilidade secundária 
de terceiro solidária ou subsidiariamente responsável. 
152 
 
contra o solidariamente coobrigado, até por força de interpretação analógica do 
art. 127 da LRF. 
Art. 127. O credor de coobrigados solidários cujas falências sejam decretadas 
tem o direito de concorrer, em cada uma delas, pela totalidade do seu crédito, 
até recebê-lo por inteiro, quando então comunicará ao juízo. 
Cenário idêntico encontra-se nos casos de responsabilidade 
subsidiária, como a terceirização de serviços, pois se entende na 
jurisprudência trabalhista que o benefício de ordem a ele entregue se esvai 
simplesmente com o inadimplemento do devedor principal, tal como consta na 
Súmula nº 331, inciso IV, do TST. 
Como pôde ser inferido previamente no capítulo da recuperação 
judicial, adotam esse entendimento pelo menos cinco súmulas ou orientações 
jurisprudenciais de Tribunais Regionais, cabendo aqui apenas adicionar o 
interessante e compreendido como correto entendimento da Orientação 
Jurisprudencial nº 28, inciso VI, da Seção Especializada do TRT da 9ª Região, 
acerca da possibilidade de incidência de juros moratórios em face do devedor 
subsidiário, após a decretação da falência do principal. 
Orientação Jurisprudencial nº 28 da Seção Especializada do TRT da 9ª 
Região. (...) VI - Falência. Juros de mora. Responsabilidade subsidiária. Se a 
execução for dirigida diretamente contra o responsável subsidiário (empresa 
não falida), incidem juros de mora nos termos do artigo 883 da CLT e 39 da 
Lei 8.177/91. Os juros são exigíveis do devedor subsidiário ainda que a 
massa falida satisfaça o principal, parte deste ou parte dos juros. 
 
20.2. Responsabilidade do devedor não constante no 
título executivo 
 
A segunda possibilidade de redirecionamento da execução trabalhista 
contra terceiros quando o devedor é falido se dá nas situações em que esses 
terceiros ainda não constam no título executivo por ocasião da decisão de 
decretação de quebra e suspensão das execuções dada pelo Juiz da Vara 
Empresarial. 
Aqui será necessário primeiro uma decisão da Justiça do Trabalho que 
permita o contraditório e determine a inclusão do terceiro no polo passivo da 
reclamatória trabalhista na qualidade de corresponsável. Depois do trânsito em 
julgado dessa decisão, pode-se prosseguir tal como no item anterior, conforme 
jurisprudência amplamente majoritária do TST, aqui representada por acórdão 
da sua 3ª Turma no AgAIRR nº 550-76.2014.5.02.0081, julgado em 
25/02/2022. 
https://www3.tst.jus.br/jurisprudencia/Sumulas_com_indice/Sumulas_Ind_301_350.html#SUM-331
https://consultaprocessual.tst.jus.br/consultaProcessual/consultaTstNumUnica.do?consulta=Consultar&conscsjt=&numeroTst=550&digitoTst=76&anoTst=2014&orgaoTst=5&tribunalTst=02&varaTst=0081&submit=Consultar
153 
 
 
 
 
20.2.1. Responsabilidade do sócio ou administrador da falida 
 
Concluiu-se, quando da responsabilidade do sócio da recuperanda, 
que o novo art. 82-A da LRF, que trata da proibição de extensão dos efeitos da 
falência aos sócios e administradores da falida, salvo na desconsideração da 
personalidade jurídica com base no art. 50 do Código Civil, não é direcionado à 
Justiça do Trabalho. 
Com efeito, seu endereço é apenas ao Juiz da Vara Empresarial, de 
maneira que ele não impede que façamos a desconsideração da personalidade 
jurídica nos autos da própria reclamatória trabalhista e a ela, querendo, 
apliquemos regras próprias de microssistema especial de normas de 
A legitimidade da execução na Justiça do Trabalho de bens que, 
a despeito de não integrarem a massa falida, pertencem a 
pessoa jurídica do mesmo grupo econômico de sociedade 
submetida a procedimento falimentar era objeto do Tema de 
Repercussão Geral nº 878 do STF. Entretanto, em 18/03/2016 o 
Supremo entendeu ser de natureza infraconstitucional a 
controvérsia e desafetou a repercussão geral dessa temática. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm
https://youtu.be/lNy0QH-7QQY?t=2355
154 
 
responsabilidade dos sócios, leia-se o art. 28, §5º do Código de Defesa do 
Consumidor. 
 
Portanto, o artigo introduzido pela lei da reforma recuperacional e 
falimentar não altera em nada a jurisprudência trabalhista que autoriza a 
desconsideração da personalidade jurídica nos próprios autos da reclamatória 
trabalhista quando a devedora principal é falida, como já pudemos ver em ao 
menos duas orientações jurisprudenciais de Tribunais Regionais, em várias 
Turmas do TST e nas duas Turmas que compõem a Seção de Direito Privado 
do STJ. 
 
21. Efeitos da falência sobre os contratos de 
trabalho ativos 
 
A regra constante no art. 117 da LRF é a de que os contratos 
bilaterais do falido não se extinguem com a decretação da falência, podendo 
haver a sua continuação ou resilição, conforme decidir o Juiz da Vara 
Empresarial. Com efeito, é possível que a continuação provisória autorizada 
pelo art. 99, inciso XI, da LRF seja a melhor alternativa para maximizar o valor 
dos ativos da massa e pagar o maior número possível de credores. 
Nessa continuação provisória da atividade empresarial, a gestão do 
negócio será realizada pelo administrador judicial, a quem cabe decidir sobre o 
futuro dos contratos de trabalho ativos por ocasião da decretação da quebra. 
Ele pode manter os trabalhadores existentes, reduzir o quadro de empregados 
ou até fazer novas contratações, sempre lembrando que os direitos oriundos 
Para os administradores de sociedades anônimas, por força do 
art. 158 da Lei nº 6.404/76, a jurisprudência trabalhista 
normalmente adota a teoria maior ou subjetiva do art. 50 do 
Código Civil. Nesse sentido, a Orientação Jurisprudencial nº 31 
da Seção Especializada do TRT da 4ª Região consolidou 
entendimento de que “é viável o redirecionamento da execução 
contra sócios-controladores, administradores ou gestores de 
sociedade anônima quando caracterizado abuso de poder, 
gestão temerária ou encerramento irregular das atividades 
empresariais”. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078compilado.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404compilada.htm
155 
 
dos contratos de trabalho subsistem sem qualquer alteração mesmo no caso 
de falência, na forma do art. 449 da CLT. 
Portanto, eventuais reduções do quadro serão entendidas como 
resilição unilateral sem justa causa (dispensa sem justa causa), gerando aos 
trabalhadores dispensados todos os direitos resilitórios que dela normalmente 
decorrem, exceto a multa do art. 477, §8º, da CLT em eventual atraso no 
pagamento das parcelas rescisórias, como será analisado abaixo. 
No cenário de continuidade das atividades empresariais, pode-se 
enxergar, igualmente, o seu prosseguimento não pelo administrador judicial, 
mas por terceiros locatários, arrendatários e adquirentes do bloco empresarial 
ou de unidades produtivas isoladas, com a manutenção dos empregados do 
falido. 
Nestas situações, aos adquirentes em alienação judicial é assegurada 
a blindagem contra a sucessão trabalhista, extinguindo-se os contratos de 
trabalho anteriores e formando-se novos, por força do art. 141, inciso II e §2º, 
da LRF. Já aos locatários e arrendatários não existe tal privilégio na lei, ficando 
sujeitos à jurisprudência trabalhista, que muitas vezes entende pela ocorrência 
de unicidade contratual e de sucessãotrabalhista. 
A outra face da moeda é a determinação de cessação imediata das 
atividades do falido pelo Juízo da Vara Empresarial. Essa decisão, tal como as 
reduções de quadro vistas no parágrafo acima, provocará o rompimento 
imotivado dos contratos de trabalho ativos na data da decretação da falência, 
gerando aos trabalhadores dispensados todos os direitos resilitórios 
decorrentes da dispensa sem justa causa, exceto a multa do art. 477, §8º, da 
CLT. 
Essa multa e também a do art. 467 da CLT não são devidas pela 
massa falida, por força da conhecida Súmula nº 388 do TST. 
Súmula nº 388 do TST. Massa falida. Arts. 467 e 477 da CLT. 
Inaplicabilidade. A Massa Falida não se sujeita à penalidade do art. 467 e 
nem à multa do § 8º do art. 477, ambos da CLT. 
Entretanto, para que tal entendimento jurisprudencial tenha campo de 
aplicação, é preciso que a data do pagamento das rescisórias ou a da 
audiência em que se deveriam pagar as parcelas rescisórias incontroversas 
estejam situadas após a data de decretação da quebra, pois é só após a 
quebra que o falido perde a disponibilidade sobre seus bens. Nesse sentido, a 
Súmula nº 21 do TRT da 15ª Região. 
Súmula nº 21 do TRT da 15ª Região. Falência. Cabimento da dobra prevista 
no art. 467, da CLT. É cabível a aplicação da dobra prevista no art. 467, da 
CLT, quando a decretação da falência é posterior à realização da primeira 
audiência. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm
156 
 
Resumo da aula 5 
 
Nesta última aula do curso, seguiu-se no estudo da falência, 
detalhando o seu procedimento e observando que a massa falida será 
representada extra e judicialmente por seu administrador judicial, passando a 
contar com alguns privilégios nas reclamatórias trabalhistas, como dispensa de 
custas, depósitos recursais e de garantia do juízo para embargar a execução. 
Aprendeu-se também que a quebra, tal como a recuperação judicial, 
gera o efeito suspensivo das execuções e medidas constritivas singulares a 
partir da decisão que a decreta, com possibilidade de prosseguimento apenas 
das reclamatórias trabalhistas ilíquidas, que vão até a estabilização da decisão 
de liquidação de sentença e com possibilidade de pedido de reserva, para não 
se perderem os rateios. 
Também concluiu-se, tal como na recuperação judicial, que a falência 
não paralisa eventual pretensão do credor trabalhista de imputar 
responsabilidade secundária a terceiro responsável solidária ou 
subsidiariamente, e que as regras aplicáveis lá aqui também valem. 
Descobriu-se, além disso, que os créditos serão habilitados na quebra 
por meio de certidões emitidas pela Justiça do Trabalho, contemplando juros e 
correção monetária até a data do pedido de falência e lembrou-se que os juros 
posteriores a essa data dificilmente serão pagos no procedimento falimentar, 
por estarem em último lugar dentre os créditos concursais. 
Viu-se que, depois da expedição de certidões, o processo deve ser 
arquivado, apenas provisoriamente, até a extinção da falência, quando então, 
não obstante possa ainda haver a inadimplência de contribuição previdenciária, 
poderá ser arquivado em definitivo. 
Para fechar, apurou-se que a falência em absolutamente nada afeta os 
contratos de trabalho e que eventuais resilições serão consideradas dispensas 
sem justa causa, gerando o pagamento de todas as parcelas rescisórias 
inerentes a esta modalidade de extinção contratual, exceto a multa decorrente 
do seu atraso. 
Espera-se que o curso tenha sido proveitoso e que ele seja um auxílio 
na prática jurisdicional diária. 
157 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
COELHO, Fabio Ulhoa. Comentários à Lei de Falências e de 
Recuperação de Empresas. 15ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 
2021. 
COSTA, Daniel Carnio. MELO, Alexandre Nasser de. Comentários à 
Lei de Recuperação de Empresas e Falência. 3ª ed. Editora Juruá: Curitiba, 
2022. 
GRALHA, Carolina. Drops de Execução: temas tormentosos da 
efetividade. Youtube, 17 set. 2020. Disponível em 
www.youtube.com/watch?v=6xlfPhmDdm8&t=5528s, acesso em 26 fev. 2023. 
LASPRO, Oreste Nestor de Souza. Ciclo de Estudos de Direito 
Processual. Youtube, 06 ago. 2021. Disponível em 
www.youtube.com/watch?v=Pm6f-svr9gI acesso em 26 fev. 2023. 
MONTEIRO, Roberta Corrêa de Araújo. Nova Lei de Falências e 
Recuperação Judicial. Youtube, 02 set. 2021. Disponível em 
www.youtube.com/watch?v=lNy0QH-7QQY, acesso em 26 fev. 2023. 
NEGRÃO, Ricardo. Falência e Recuperação de Empresas. 7ª ed. São 
Paulo: Editora Saraiva, 2022. 
SACRAMONE, Marcelo Barbosa. Comentários à Lei de Recuperação 
de Empresas e Falência. 3ª ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2022. 
SALOMÃO, Luis Felipe. SANTOS, Paulo Penalva. Recuperação 
Judicial, Extrajudicial e Falência: Teoria e Prática. 6ª ed. Rio de Janeiro: 
Editora Forense, 2021. 
SOUZA, Marcelo Papaléo de. A Lei de Recuperação e Falência e as 
suas consequências no Direito e no Processo do Trabalho. 3ª ed. São Paulo: 
Editora LTr, 2009. 
______. A Recuperação Judicial e os Direitos Fundamentais 
Trabalhistas. São Paulo: Editora Atlas, 2015. 
______. Nova Lei de Falências e Recuperação Judicial. Youtube, 02 
set. 2021. Disponível em www.youtube.com/watch?v=lNy0QH-7QQY, acesso 
em 26 fev. 2023. 
TAVEIRA, Ulisses de Miranda. TAVEIRA, Vinicius de Miranda. Manual 
Estratégico de Recuperação Judicial: impactos no direito e no processo do 
trabalho. Cuiabá: Editora Versoreverso, 2021. 
http://www.youtube.com/watch?v=6xlfPhmDdm8&t=5528s
http://www.youtube.com/watch?v=Pm6f-svr9gI
http://www.youtube.com/watch?v=lNy0QH-7QQY
http://www.youtube.com/watch?v=lNy0QH-7QQY
158 
 
______. Reforma da lei de recuperação judicial e impactos na 
execução trabalhista. Youtube, 25 mar. 2021. Disponível em 
www.youtube.com/watch?v=YeOPneYod40, acesso em 26 fev. 2023. 
 
 
http://www.youtube.com/watch?v=YeOPneYod40

Mais conteúdos dessa disciplina