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Legislação-previdenciária-teoria-dos-benefícios-APOSTILA

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NÚCLEO DE PÓS-
GRADUAÇÃO 
 
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO 
Coordenação Pedagógica – IBRA 
 
DISCIPLINA 
 
 
LEGISLAÇÃO 
PREVIDENCIÁRIA: 
TEORIA DOS 
BENEFÍCIOS 
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SUMÁRIO 
 
1 SALÁRIO DE BENEFÍCIO ............................................................................. 3 
2 FATOR PREVIDENCIÁRIO ........................................................................... 5 
2.1 CÁLCULO DA “RENDA MENSAL INICIAL” (RMI) ..................................... 6 
2.2 APOSENTADORIA POR IDADE ................................................................. 6 
2.3 APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO ............................ 6 
2.4 ROPORCIONAL ......................................................................................... 6 
2.5 INTEGRAL ................................................................................................... 6 
2.6 PROFESSOR.............................................................................................. 6 
2.7 APOSENTADORIA ESPECIAL ................................................................... 7 
3 SALÁRIO-FAMÍLIA E SALÁRIO MATERNIDADE ....................................... 7 
4 SUSPENSÃO E CANCELAMENTO DE BENEFÍCIO .................................... 9 
4.1 AUTOTUTELA EXERCIDA PELA ADMINISTRAÇÃO PREVIDENCIÁRIA
......................................................................................................................... 12 
5 PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA NOS BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS 13 
5.1 DECADÊNCIA DO DIREITO À REVISÃO DO CÁLCULO DE BENEFÍCIO 
PREVIDENCIÁRIO ......................................................................................... 16 
6 DIREITO ADQUIRIDO ................................................................................ 19 
7 BENEFÍCIOS, SERVIÇOS, PROGRAMAS E PROJETOS DE 
ASSISTÊNCIA SOCIAL .................................................................................. 20 
7.1 BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA (BPC) .............................. 20 
7.2 PRESSUPOSTOS LEGAIS ...................................................................... 23 
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................... 38 
 
 
3 
 
1. Salário de Benefício 
O cálculo do valor de aposentadorias é a forma como os sistemas do 
INSS estão programados para cumprir o que está previsto na legislação em 
vigor e definir o valor inicial que vai ser pago mensalmente ao cidadão em 
função da sua aposentadoria. 
É importante frisar que não há qualquer intervenção manual no cálculo do 
valor do benefício, uma vez que este valor é obtido a partir das informações 
constantes no cadastro de vínculos e remunerações de cada cidadão 
armazenados no banco de dados denominado CNIS – Cadastro Nacional de 
Informações Sociais. 
A forma de cálculo dos benefícios previdenciários está definida na seção 
III da Lei 8.213/91, que teve nova redação a partir de 29/11/1999, data da 
publicação da Lei 9.876/99. Desde então, existem duas regras em vigor: 
A primeira é a que ficou expressa na Lei 8.213/91 que se aplica a todos 
os cidadãos que se filiaram ao INSS (RGPS) a partir da alteração do texto da 
lei ocorrida em 29/11/1999; 
 
Art. 29 O salário de benefício consiste: 
I – para os benefícios de que tratam as alíneas b e c do inciso I do art. 18, 
na média aritmética simples dos maiores salários de 
contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período 
contributivo, multiplicada pelo fator previdenciário; 
II – para os benefícios de que tratam as alíneas a, d, e e h do inciso I do 
art. 18, na média aritmética simples dos maiores salários de 
contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período 
contributivo. 
A segunda é a chamada regra transitória, para todos aqueles que já eram 
filiados do INSS (RGPS) até 28/11/1999, prevista nos artigos 3º a 7º da Lei 
9.876/99; 
 
Art. 3º Para o segurado filiado à Previdência Social até o dia anterior à 
data de publicação desta Lei, que vier a cumprir as condições exigidas para a 
concessão dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, no cálculo 
4 
 
do salário de benefício, será considerada a média aritmética simples dos 
maiores salários de contribuição, correspondentes a, no mínimo, oitenta por 
cento de todo o período contributivo decorrido desde a competência julho de 
1994, observado o disposto nos incisos I e II do caput do art. 29 da Lei no 
8.213, de 1991, com a redação dada por esta Lei. 
§ 2o No caso das aposentadorias de que tratam as alíneas b, c e d do 
inciso I do art. 18, o divisor considerado no cálculo da média a que se refere o 
caput e o § 1o não poderá ser inferior a sessenta por cento do período 
decorrido da competência julho de 1994 até a data de início do benefício, 
limitado a cem por cento de todo o período contributivo. 
A diferença básica entre uma regra e outra é quanto ao período em que 
houve contribuições e que será levado em consideração no momento do 
cálculo, ou seja: 
 para o cidadão que já era filiado até 28/11/1999, o período considerado 
será a partir da competência julho/1994 em diante (prevista na Lei 9.876/99) 
 para o cidadão que se filiou ao INSS (RGPS) a partir de 29/11/1999, 
data da publicação da Lei 9.876/99, será considerado todo o período em que 
houve contribuições a partir daquela data. 
Percebe-se ainda, na regra transitória, que, nos casos das 
aposentadorias por Tempo de Contribuição, Por Idade e Especial (alíneas b, c 
e d do Art. 18), também existe um limite para o divisor no momento do cálculo 
da média, 60% do período decorrido, que será melhor exemplificado mais 
abaixo. 
O fato de a regra transitória ter estipulado que os recolhimentos a serem 
considerados seriam aqueles a partir da competência julho/1994 é justificado 
como sendo a alteração da moeda Cruzeiro Real (CR$) para Real (R$) a partir 
de 01/07/1994. 
Cabe esclarecer ainda que este cálculo é apenas o cálculo inicial, ou seja, 
após o sistema encontrar o valor do “salário de benefício“, ainda poderão ser 
efetuados outros cálculos conforme o benefício, os quais serão demonstrados 
nos exemplos abaixo. 
 
 
5 
 
2. Fator previdenciário 
Com a publicação da Lei 9.876/99, também foi criado o chamado “Fator 
Previdenciário”. A aplicação do fator previdenciário pode, conforme o caso, 
aumentar ou diminuir o valor do “salário de benefício”, sendo que, na 
aposentadoria por tempo de contribuição, inclusive a do professor, a sua 
aplicação é obrigatória e, nas aposentadorias por idade, por idade do deficiente 
físico e tempo de contribuição do deficiente físico, ela é opcional, ou seja, o 
fator previdenciário somente será aplicado se for mais vantajoso para o 
cidadão. 
Esta verificação e aplicação são feitas de forma automática. A obtenção 
do índice do fator previdenciário se dará a partir da seguinte fórmula 
matemática: 
 
Sendo que: 
 f = fator previdenciário; 
 Es = expectativa de sobrevida no momento da aposentadoria; 
 Tc = tempo de contribuição até o momento da aposentadoria; 
 Id = idade no momento da aposentadoria; 
 a = alíquota de contribuição correspondente a 0,31. 
Para facilitar a obtenção do índice de fator previdenciário conforme a 
idade e o tempo de contribuição, o Ministério da Previdência Social publica 
anualmente a tabela completa com todos os índices disponíveis, os quais 
poderão ser aplicados diretamente no salário de benefício encontrado no 
cálculo inicial. 
2.1 Cálculo da “Renda Mensal Inicial” (RMI) 
Após o cálculo inicial do “Salário de Benefício”, bem como da aplicação 
do “Fator Previdenciário”, de acordo com o tipo de aposentadoria, os sistemas 
do INSS executam o último cálculo para obter o valor final que será pago 
mensalmente ao cidadão. 
Nesse caso, cada tipo de aposentadoria também pode ser calculada de 
uma forma diferente da outra conforme o texto vigente na Lei 8.213/1991. 
6 
 
2.2 Aposentadoria
por idade 
Regra: 70% do valor do “Salário de Benefício” acrescido de 1% para cada 
grupo de 12 contribuições (cada ano completo de trabalho) até o limite de 
100% do “Salário de Benefício”. Esse cálculo está previsto no artigo 50 da Lei 
8.213/91 com um complemento através do artigo 7º da Lei 9.876/99 (opção da 
aplicação do fator previdenciário). Caso essa Aposentadoria seja requerida 
com base na Lei Complementar 142/2013 (na condição de deficiente físico), a 
aplicação do Fator Previdenciário será opcional. 
 
2.3 Aposentadoria por Tempo de Contribuição 
O cálculo da Aposentadoria por Tempo de Contribuição será feito de 
acordo com o tempo total apurado, ou seja, se o cidadão possui tempo de 
contribuição proporcional, integral, de professor ou na condição de deficiente 
físico. Caso essa Aposentadoria seja requerida com base na Lei Complementar 
142/2013 (na condição de deficiente físico), a aplicação do Fator Previdenciário 
será opcional. 
 
2.4 Proporcional 
Regra: 70% do valor do “Salário de Benefício” (multiplicado pelo Fator 
Previdenciário), acrescido de 5% por ano de contribuição que supere a soma 
do tempo mínimo previsto na legislação, até o limite de 100%. Esse cálculo 
está previsto no artigo 9º da Emenda Constitucional 20/1998, o qual também 
estipula a soma do tempo mínimo a ser considerado, tempo normal + adicional. 
Consulte o “Esclarecimento sobre a regra transitória” na página sobre 
Aposentadoria por Tempo de Contribuição para entender melhor. 
 
2.5 Integral 
Regra: 100% do valor do “Salário de Benefício” multiplicado pelo Fator 
Previdenciário. Esse cálculo está previsto no artigo 29 da Lei 8.213/91 
2.6 Professor 
Regra: 100% do valor do “Salário de Benefício” multiplicado pelo Fator 
Previdenciário. Esse cálculo está previsto no artigo 29 e no artigo 56 da Lei 
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8.213/91. O cálculo é idêntico à Aposentadoria por Tempo de Contribuição – 
integral, sendo que a única diferença é o tempo de contribuição reduzido em 
cinco anos e o acréscimo de 5 ou 10 anos de contribuição na escala da tabela 
do Fator Previdenciário (professor ou professora respectivamente). 
2.7 Aposentadoria Especial 
Regra: 100% do valor do “Salário de Benefício”. Esse cálculo está 
previsto no artigo 29 e no artigo 57 da Lei 8.213/91. 
 
3. Salário-família e salário-maternidade 
Salário Família é pago aos empregados (inclusive aos domésticos) e aos 
trabalhadores avulsos, de acordo com o número de filhos, tutelados ou 
enteados. Os filhos maiores de quatorze anos não têm direito ao benefício 
legal, exceto no caso dos inválidos (para os quais não há limite de idade). A 
Previdência Social fornece todos os detalhes de qualificação aos beneficiários, 
porém neste artigo vamos responder algumas questões pontuais. 
 
Fonte: PIS 2017 
O Salário Família é pago a todos os pais trabalhadores de acordo com os 
requisitos necessários e que estão na condição de empregados devidamente 
registrados, com carteira assinada, empregados domésticos e os trabalhadores 
avulsos que têm filhos menores de 14 anos de idade, incluindo tutelados e 
enteados que são considerados como filhos para os efeitos de salário família. 
Os trabalhadores para receber o Salário Família precisam efetuar um 
cadastro oficial. Os empregados e os domésticos devem solicitar diretamente 
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ao empregador, enquanto os avulsos devem solicitar no sindicato da categoria 
ou então no órgão gestor responsável pelo tipo de trabalho que executam. 
Aqueles trabalhadores que recebem outros benefícios como 
aposentadoria por invalidez permanente, por idade ou auxílio doença devem 
requerer diretamente nas agências do INSS. 
Para evitar qualquer confusão, vale esclarecer que o Salário Família não 
é o mesmo benefício que o governo nomeou como Bolsa Família, ou até 
mesmo o auxílio da Bolsa Maternidade. O Salário Família é pago aos 
trabalhadores, dependo do tamanho do grupo familiar e a idade dos filhos 
dependentes. 
Este benefício é concedido aos pais com filhos de até 14 anos de idade 
ou inválidos de qualquer idade e com remuneração mensal entre as faixas 
salariais 1 e 2 para o recebimento do benefício (que é entre R$806,80 e 
R$1.212,64). Todos os anos, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) 
divulga a tabela com as faixas de valores limites e suas respectivas cotas. 
O salário-maternidade é um benefício pago aos segurados no caso de 
nascimento de filho ou de adoção de criança. 
Para ter direito ao salário-maternidade, o cidadão deve atender aos 
seguintes requisitos na data do parto, aborto ou adoção: 
 10 meses de carência: para o trabalhador Contribuinte Individual, 
Facultativo e Segurado Especial; 
 Isento: para segurados Empregado, Empregado Doméstico e 
Trabalhador Avulso (que estejam em atividade na data do afastamento, parto, 
adoção ou guarda com a mesma finalidade); 
 Para as desempregados: é necessário comprovar a qualidade de 
segurado do INSS e, conforme o caso, cumprir carência de 10 meses 
trabalhados; 
 Caso tenha perdido a qualidade de segurado, deverá cumprir metade da 
carência de 10 meses antes do parto/evento gerador do benefício (Lei nº 
13.457/2017). 
A duração do salário-maternidade dependerá do tipo do evento que deu 
origem ao benefício: 
 120 dias no caso de parto; 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/L13457.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/L13457.htm
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 120 dias no caso de adoção ou guarda judicial para fins de adoção, 
independentemente da idade do adotado que deverá ter no máximo 12 anos de 
idade; 
 120 dias, no caso de natimorto; 
 14 dias, no caso de aborto espontâneo ou previstos em lei (estupro ou 
risco de vida para a mãe), a critério médico. 
 Em situação de adoção ou parto de mais de uma criança, o segurado 
terá direito somente ao pagamento de um salário-maternidade; 
 No caso de empregos concomitantes ou de atividade simultânea na 
condição de segurado empregado, como Contribuinte Individual ou Doméstico, 
o cidadão fará jus ao salário-maternidade relativo a cada emprego ou atividade; 
 O salário-maternidade não pode ser acumulado com Benefícios por 
Incapacidade: por exemplo, auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez; 
 O salário-maternidade será devido ao adotante do sexo masculino, para 
adoção ou guarda para fins de adoção, ocorrida a partir de 25/10/2013 (Lei nº 
12.873/2013); 
 A partir de 23/1/2013, é garantido, no caso de falecimento do segurado, 
que tinha direito ao recebimento de salário-maternidade, o pagamento do 
benefício ao cônjuge ou companheiro sobrevivente, desde que este também 
possua as condições necessárias à concessão do benefício em razão de suas 
próprias contribuições. Para o reconhecimento desse direito, é necessário que 
o sobrevivente solicite o benefício até o último dia do prazo previsto para o 
término do salário-maternidade originário (120 dias). Esse benefício, em 
qualquer hipótese, é pago pelo INSS (artigo 71-B da Lei nº 8.213/1991). 
 Caso não possa comparecer ao INSS, o cidadão tem a opção de 
nomear um procurador para fazer o requerimento em seu lugar; 
 
4. Suspensão e cancelamento de benefícios1 
A Constituição Federal expressamente estabelece em seu art. 5º, LIV, 
que ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido 
processo legal. Os princípios do contraditório e da ampla defesa estão ligados 
ao princípio do devido processo legal, por esse motivo, não deve o benefício do 
 
1 Texto adaptado de Aline Martins Rospa. 
https://www.inss.gov.br/beneficios/auxilio-doenca/
https://www.inss.gov.br/beneficios/aposentadoria-por-invalidez/
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12873.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12873.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8213cons.htm
https://www.inss.gov.br/orientacoes/procuracao/
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segurado sofrer nenhuma alteração maléfica antes do total exaurimento da via 
administrativa, principalmente por se tratar de verba alimentar. 
Os princípios constitucionais devem ser especialmente observados 
quando a atuação administrativa do INSS implicar na esfera patrimonial do 
beneficiário, neste caso, representada através da diminuição no valor do 
benefício previdenciário ou, até mesmo, no seu cancelamento. 
O cancelamento ou diminuição do valor do benefício previdenciário antes 
do exaurimento da via administrativa afronta violentamente o preceito 
constitucional acerca do devido processo legal, isso porque os atos praticados 
pelo INSS deveriam ser totalmente vinculados aos pressupostos estabelecidos 
por essa cláusula geral, assim como também deveriam ser observados os 
princípios da ampla defesa e do contraditório. 
Entende-se como princípio do devido processo legal a configuração da 
dupla proteção ao cidadão, atuando tanto no âmbito material de proteção ao 
direito de liberdade, quanto no âmbito formal, ao assegurar-lhe plenitude de 
defesa e paridade total de condições com o Estado (MORAES, 2001, p. 121). 
Nesse sentido José Antonio Savaris (2008, p. 144) afirma que: 
“As ideias de defesa, devido processo legal e efetiva participação do 
cidadão nas decisões da Administração que lhe afetem a esfera jurídico-
patrimonial se encontram como alicerces de qualquer ordem jurídica 
democrática. A noção de limite ao poder estatal, de não violação dos direitos 
atribuídos juridicamente e de segurança do direito fundamentaram as 
revoluções liberais, as quais, diga-se, levaram o indivíduo a meio caminho 
entre a opressão do monarca e a opressão do capital e do imperativo do gozo.” 
Já o processo administrativo previdenciário pode ser considerado como o 
conjunto de atos administrativos praticados através da autarquia previdenciária, 
iniciado em razão de requerimento formulado pelo segurado, de ofício pela 
Administração ou por terceiro legitimado, e concluído com a decisão definitiva 
no âmbito administrativo (LAZZARI et al, 2015, p. 193). 
A Carta Magna de 1988, em seu art. 5º, LIV, estabelece que ninguém 
será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal, 
todavia, é comum na seara previdenciária que o segurado tenha seu benefício 
cancelado ou diminuído antes do encerramento do processo administrativo. 
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A lei 9.784/1999 foi criada com a finalidade de estabelecer as normas 
básicas sobre o processo administrativo no âmbito da Administração Federal, 
visando à proteção dos direitos dos administrados e ao melhor cumprimento 
dos fins da Administração.Em seu art. 2º a lei determina que a Administração 
Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, 
motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, 
contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. 
Apesar de tantos direitos garantidos aos segurados,tanto na via legislativa 
quanto na própria legislação infralegal do INSS, é comum o desrespeito às 
etapas que devem ser observadas no processo administrativo, como por 
exemplo, cancelamento do benefício previdenciário antes mesmo que o prazo 
de defesa prévia do segurado transcorra. Note-se que esse é outro direito 
garantido expressamente pelo art. 2º, parágrafo único, X, da Lei 9784/99, que 
dispõe que devem ser observados: a garantia dos direitos à comunicação, à 
apresentação de alegações finais, à produção de provas e à interposição de 
recursos, nos processos de que possam resultar sanções e nas situações de 
litígio. 
Todavia, em inúmeros casos, cada vez mais frequentes, a autarquia 
previdenciária disponibiliza tais prazos de defesa apenas de forma inócua, já 
que antes mesmo do término desse período cancela ou diminui o benefício do 
segurado. Savaris (2008, p. 145) enumera diversas diretrizes inconstitucionais 
que parecem nortear a autarquia previdenciária, tais como: instauração de 
processo de revisão sem a ciência do segurado; produção de prova contra o 
interessado sem a sua participação; não esclarecimento de que o beneficiário 
pode se fazer assistir por advogado, dentre inúmeras outras. 
Interessante ainda observar que no entendimento de Savaris (2008, p. 
150) o momento em que o beneficiário da Previdência Social poderia invocar 
as garantias processuais em um processo de concessão de benefícios 
previdenciários seria no próprio requerimento administrativo feito à autarquia 
previdenciária, uma vez que nesse estágio já deveria ser assegurado ao 
beneficiário o direito de colaborar com o agente público na verificação de seu 
direito. 
Portanto, ao protocolar o requerimento administrativo no INSS o segurado 
teria que estar amparado pelas garantias legais e constitucionais concernentes 
12 
 
ao processo administrativo. Com o indeferimento administrativo surgiria o 
conflito de interesses, que abriria ao segurado duas alternativas: a interposição 
de recurso administrativo ou a invocação da tutela jurisdicional. 
 
4.1 Autotutela exercida pela Administração previdenciária 
Resta claro, que as fraudes ao sistema previdenciário aumentaram 
vertiginosamente nos últimos anos, por esse motivo o INSS tem a 
responsabilidade legal de investigar se a concessão do benefício ocorreu de 
forma ilegal ou irregular. Contudo, tal prerrogativa não lhe exime de exaurir 
plenamente a via administrativa antes da cessação ou diminuição do benefício, 
já que as prestações previdenciárias consistem em um direito constitucional 
fundamental. 
O exercício da autotutela administrativa previdenciária não pode legitimar 
arbitrariedades, dentre elas, a diminuição do valor do benefício antes do 
exaurimento da via administrativa. O cancelamento do benefício, alegado como 
irregular, pressupõe algumas etapas processuais, as quais devem ser 
rigorosamente cumpridas pela autarquia previdenciária, sempre tendo como 
parâmetro os limites impostos pela ordem processual constitucional (JUCÁ, 
2015, p. 5). 
O INSS tem o dever de investigar diante da suspeita de irregularidades na 
concessão dos benefícios, contudo o devido processo legal deve ser 
rigorosamente observado também em âmbito administrativo, até mesmo como 
forma de reconhecimento de um Estado Democrático de Direito, em que o 
poder público igualmente respeita as normas e valores estabelecidos no 
ordenamento jurídico. 
O princípio da autotutela administrativa é um dos princípios basilares do 
direito administrativo pátrio e pode ser entendido como o controle que a 
Administração Pública exerce sobre os seus próprios atos, com a possibilidade 
de anular os ilegais e revogar os inconvenientes ou inoportunos, 
independentemente de recurso ao Poder Judiciário (DI PIETRO, 2006, p. 87). 
Esse poder-dever da Administração Pública está previsto em duas 
súmulas do Supremo Tribunal Federal, enquanto a de nº 346 estabelece que a 
“administração pública pode declarar a nulidade de seus próprios atos”, a 
súmula nº 473 dispõe que “a administração pode anular seus próprios atos, 
13 
 
quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam 
direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, 
respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a 
apreciação judicial”. 
Ocorre que, o princípio da autotutela não deve ser interpretado 
isoladamente, ao contrário, seus limites devem ser observados para que não 
haja desrespeito às garantias do devido processo legal administrativo, as quais 
são instrumento de garantia dos administrados perante as prerrogativas 
públicas. 
 
5. Prescrição e decadência nos benefícios previdenciários 
A regra geral de prescritibilidade dos direitos patrimoniais existe em face 
da necessidade de se preservar a estabilidade das situações jurídicas. 
Entretanto, as prestações previdenciárias têm finalidades que lhes emprestam 
características de direitos indisponíveis,
atendendo a uma necessidade de 
índole eminentemente alimentar. Daí que o direito ao benefício previdenciário 
em si não prescreve, mas tão-somente as prestações não reclamadas dentro 
de certo tempo, que vão prescrevendo, uma a uma, em virtude da inércia do 
beneficiário. 
Sem prejuízo do direito ao benefício, prescreve em cinco anos, a contar 
da data em que deveriam ter sido pagas, o direito às prestações vencidas ou 
quaisquer restituições ou diferenças devidas pela Previdência Social, 
resguardados, na forma da lei civil, os direitos dos menores, dos incapazes ou 
dos ausentes (art. 103, parágrafo único, da Lei n. 8.213/1991), contra os quais 
não corre a prescrição, enquanto nesta situação. 
Dispondo acerca da matéria, o art. 79 da Lei n. 8.213/1991 determina que 
“Não se aplica o disposto no art. 103 desta Lei ao pensionista menor, incapaz 
ou ausente, na forma da lei.” 
Concretamente, então, temos que a prescrição não corre contra menor, 
incapaz ou ausente. 
O atual Código Civil — Lei n. 10.406/02 — em seu artigo 198, estabelece 
que não corre a prescrição “contra os incapazes de que trata o art. 3º.”, ou 
seja, os absolutamente incapazes; “contra os ausentes do País em serviço 
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público da União, dos Estados ou dos Municípios”; e “contra os que se 
acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra”. 
O STJ, contudo, no julgamento do REsp 1.405.909, datado de 
22/05/2014, decidiu acerca da questão, nos seguintes termos: “A expressão 
‘pensionista menor’, de que trata o art. 79 da Lei n 8.213, de 1990, identifica 
uma situação que só desaparece aos dezoitos anos de idade, nos termos do 
art. 5º do Código Civil”. 
Assim, interpretando o art. 79 da Lei n. 8.213/1991, o STJ entendeu que a 
menoridade a que se refere a norma não é aquela do relativamente capaz 
(maior de 16 anos), mas sim aquela que antecede à capacidade plena (menor 
de 18 anos). Dessa forma, conforme decidiu o STJ, tratando-se de benefício 
previdenciário, a expressão “pensionista menor” identifica uma situação que só 
desaparece com a maioridade, nos termos do art. 5º do Código Civil, a 
saber: “A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica 
habilitada à prática de todos os atos da vida civil”. De modo que, no 
entendimento do STJ, a proteção contra a fluência do prazo prescricional a que 
alude a Lei 8.213/91 refere-se não apenas aos indivíduos absolutamente 
incapazes, mas também àqueles relativamente incapazes. 
Não fluindo os prazos prescricionais contra o menor absolutamente 
incapaz, e não tendo se operado a prescrição quinquenal, a partir da data em 
que ele completou 18 anos de idade, assiste-lhe direito à retroação da data de 
início de sua pensão por morte, para a data do óbito do instituidor da pensão. 
Ressalte-se que, a não ocorrência da prescrição em relação a alguns dos 
dependentes não beneficiaria os demais, ou seja, consumada a prescrição em 
relação ao dependente capaz, ao incapaz deve ser assegurado somente o 
pagamento de sua quota-parte. 
Importante referir também que durante o período de tramitação de 
processo administrativo no qual se discute sobre o direito do dependente ou 
segurado, o prazo prescricional fica suspenso (art. 4º. do Decreto n. 
20.910/32). 
A TNU, na sessão do dia 17/04/2013, ao julgar o PEDILEF 0502234-
79.2008.4.05.8102 (Representativo de Controvérsia: Tema n. 103), apreciou a 
questão referente a “saber se há suspensão da prescrição entre a data do 
protocolo do requerimento administrativo e a comunicação da decisão ao 
15 
 
interessado”, e firmou a tese de que “não corre a prescrição entre a data do 
protocolo do requerimento administrativo e a comunicação da decisão ao 
interessado”. Assim, a princípio, não há óbice para a aplicação da Súmula TNU 
n. 74 (O prazo de prescrição fica suspenso pela formulação de requerimento 
administrativo e volta a correr pelo saldo remanescente após a ciência da 
decisão administrativa final) no âmbito previdenciário. 
As ações referentes à prestação por acidente do trabalho prescrevem em 
cinco anos, observado o disposto no art. 104 da Lei n. 8.213/91, contados da 
data: 
— do acidente, quando dele resultar a morte ou a incapacidade 
temporária, verificada esta em perícia médica a cargo da Previdência Social; ou 
— em que for reconhecida pela Previdência Social, a incapacidade 
permanente ou o agravamento das sequelas do acidente. 
Questionamento importante sobre a matéria diz respeito à possibilidade 
de o Juiz reconhecer de ofício a prescrição em favor do INSS. Acerca do 
assunto, decidiu favoravelmente a TNU, no sentido da possibilidade de 
decretação de ofício da prescrição em se tratando de direitos da Fazenda 
Pública, porquanto indisponíveis (PEDILEF 200381100283235). 
Entretanto, convém assinalar que o atual Código civil prevê em seu art. 
194 que “o juiz não pode suprir, de ofício, a alegação de prescrição, salvo se 
favorecer a absolutamente incapaz”. 
No caso de cessação do pagamento do benefício previdenciário, tendo o 
segurado interposto recurso contra tal decisão, a prescrição quinquenal 
somente começa a correr a partir da decisão definitiva do processo 
administrativo. 
Na aferição da prescrição quinquenal, o que está em causa é o 
pagamento dos créditos do segurado, de modo que a aferição deve se dar a 
partir dos vencimentos destes, e não a partir das competências a que tais 
créditos se referem. 
 
5.1 Decadência do direito à revisão do cálculo de benefício 
previdenciário 
 
16 
 
A instituição do prazo decadencial para revisão do cálculo dos benefícios 
previdenciários se deu pela Medida Provisória n. 1.523-9, de 27/06/1997, 
posteriormente convertida na Lei n. 9.528/1997, que deu nova redação ao art. 
103 da Lei n. 8.213/1991. 
A decadência atinge todo e qualquer direito ou ação do segurado ou 
beneficiário tendente à revisão do ato de concessão do benefício, 
especificamente o direito de modificar sua quantificação monetária inicial 
(cálculo da renda mensal inicial), e foi fixada inicialmente em dez anos, 
contados do dia primeiro do mês seguinte ao recebimento da primeira 
prestação, ou, quando for o caso, do dia em que o segurado tomar 
conhecimento da decisão indeferitória definitiva no âmbito administrativo. 
O prazo decadencial foi reduzido para cinco anos pela Medida Provisória 
n. 1.663-15, de 22.10.1998, convertida na Lei n. 9.711/1998. No entanto, a 
Medida Provisória n. 138, de 19 de novembro de 2003, convertida na Lei n. 
10.839/2004, voltou a fixar em dez anos o prazo de decadência. 
Isso significa que existe um prazo máximo (de 10 anos) para que o 
beneficiário peça administrativa ou judicialmente a revisão de seu benefício, 
sob pena de, não o fazendo, decair deste direito. 
Exemplo: Mário recebe o benefício de aposentadoria desde janeiro de 
2013, contudo ele não concorda com o valor da renda que foi fixado pelo INSS. 
Nesse caso, ele poderá pleitear a revisão de seu benefício até janeiro de 2023. 
A partir dessa data, haverá decadência do direito de revisar o benefício 
previdenciário e, consequentemente, Mário não mais poderá buscá-la. 
Até o advento da MP 1.523-9/1997 (convertida na Lei 9.528/97), não 
havia previsão normativa de prazo de decadência do direito ou da ação de 
revisão do ato concessivo de benefício previdenciário. Todavia, com a nova 
redação, dada pela referida Medida Provisória, ao art. 103 da Lei 8.213/91 (Lei 
de Benefícios da Previdência Social), ficou estabelecido que “é de dez anos o 
prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado ou 
beneficiário para a revisão do ato de concessão de benefício”. 
Entretanto, a determinação da mesma lei, de que o prazo seja contado a 
partir do “dia primeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira 
prestação ou, quando for o caso, do dia em que tomar conhecimento da 
17 
 
decisão indeferitória definitiva no âmbito administrativo”, não deve ser aplicada
aos benefícios anteriores, pois a lei não pode ter aplicação retroativa. 
Sendo assim, o prazo de decadência para os benefícios concedidos antes 
de 1997 somente deve ser contado a partir da publicação da MP 1.523-9/1997. 
Nesse sentido foi a decisão do STF, no julgamento do RE 626.489 
(Repercussão Geral: Tema n. 313), e também do STJ, no julgamento do Resp 
1.309.529 (Recurso Repetitivo: Tema n. 544), pelo que pode-se afirmar que é 
pacífico o entendimento no sentido de que o prazo de decadência do art. 103 
da Lei n. 8.213/1991, instituído pela Medida Provisória n. 1.523-9/1997, incide 
no direito de revisão dos benefícios concedidos anteriormente a esse preceito 
normativo, com termo a quo a contar da sua vigência. 
Desta forma, há um dies a quo para o prazo decadencial para os 
benefícios concedidos antes do advento da MP n. 1.523/97: 01 de agosto de 
1997. 
Isto porque a nova disposição normativa não pode ter eficácia retroativa 
para incidir sobre o tempo transcorrido antes de sua vigência. Assim, 
relativamente aos benefícios anteriormente concedidos, o termo inicial do prazo 
de decadência do direito ou da ação visando à sua revisão tem como termo 
inicial a data em que entrou em vigor a norma fixando o referido prazo decenal. 
Por outro lado, também não se pode dizer do fato de que, ao tempo da 
concessão (antes de 1997) não havia limite temporal para futuro pedido de 
revisão, daí decorra que o segurado tenha direito adquirido a que tal prazo 
nunca venha a ser estabelecido. 
Ademais, não há inconstitucionalidade na criação de prazo decadencial 
razoável para a revisão dos benefícios já reconhecidos. No caso, o prazo de 
dez anos é inequivocamente razoável. É tempo mais do que suficiente para a 
resolução de eventuais controvérsias interpretativas e para que o segurado 
busque as informações relevantes. Nesse sentido, cite-se novamente o RE 
626.489, no qual o STF fixou que “é legítima, todavia, a instituição de prazo 
decadencial de dez anos para a revisão de benefício já concedido, com 
fundamento no princípio da segurança jurídica, no interesse em evitar a 
eternização dos litígios e na busca de equilíbrio financeiro e atuarial para o 
sistema previdenciário”. 
18 
 
Nesse sentido, então, a TNU, na sessão do dia 20/07/2016, ao julgar o 
PEDILEF 5018558-45.2013.4.04.7108 (Representativo de Controvérsia: Tema 
n. 135), apreciou a questão referente a “saber se é devida a aplicação do prazo 
decadencial decenal, instituído pela MP n. 1.523/1997, aos benefícios 
concedidos antes de sua vigência”, e firmou a tese de que “é devida a 
incidência da decadência decenal, prevista na MP n. 1.523/1997, aos 
benefícios concedidos anteriormente à sua vigência”. 
Concretamente, então, temos que incide o prazo de decadência do art. 
103, da Lei 8.213/1991, instituído pela MP 1.523-9/1997, convertida na Lei 
9.528/1997, no direito de revisão dos benefícios concedidos ou indeferidos 
anteriormente a esse preceito normativo, com termo a quo a contar da sua 
vigência (01 de agosto de 1997). 
Contudo, tendo sido o benefício concedido após a aplicação da nova 
redação do art. 103, da Lei n. 8.213/1991, o referido prazo decadencial poderá 
ter dois marcos iniciais (STJ, Resp 1.440.868): 
1) o primeiro a contar do dia primeiro do mês seguinte ao do recebimento 
da primeira prestação; e 
2) o segundo, quando for o caso de requerimento administrativo, do dia 
em que tomar conhecimento da decisão indeferitória definitiva no âmbito 
administrativo. 
Exemplo: Renan, segurado do RGPS, requereu sua aposentadoria em 
janeiro de 2006. Teve o pedido deferido 6 meses depois, pois o INSS demorou 
certo tempo a analisar toda a documentação apresentada. Recebeu, portanto, 
o primeiro pagamento (logicamente retroativo à data do requerimento) em julho 
daquele ano. Nas festas de fim de ano de 2015 encontrou seu sobrinho, que 
vem estudando para o concurso do INSS, que o convenceu de que havia um 
erro no cálculo da renda mensal da aposentadoria e que ele deveria requerer 
de imediato a revisão. Em março de 2016 foi protocolado o requerimento de 
revisão. O pedido será analisado pelo INSS, pois apeasr de passados mais de 
10 anos do requerimento do benefício (janeiro/2006), ainda não tinha se 
passsado mais de 10 anos entre o mês seguinte ao recebimento da primeira 
prestação (julho/2006) e o requerimento de revisão (maio/2016). Contudo, 
ainda que o INSS reconheça o erro e modifique a RMI do benefício de Renan, 
ela apenas terá direito a receber as diferenças correspondentes aos cinco anos 
19 
 
anteriores ao requerimento da revisão (maio/2016 a maio/2011), pois as 
parcelas anteriores a esta data já estão prescritas. Obviamente, as parcelas 
posteriores ao requerimento serão pagas já com o valor da RMI revisado. 
 
6. Direito adquirido 
No julgamento do RE 630.501, o Supremo Tribunal Federal, por apertada 
maioria (6 x 4), modificou seu entendimento anterior e firmou a seguinte tese: 
“Para o cálculo da renda mensal inicial, cumpre observar o quadro mais 
favorável ao beneficiário, pouco importando o decesso remuneratório ocorrido 
em data posterior ao implemento das condições legais para a aposentadoria, 
respeitadas a decadência do direito à revisão e a prescrição quanto às 
prestações vencidas” ( Tema n. 334). 
É a chamada tese do “direito adquirido ao melhor benefício”. 
No julgamento do PEDILEF 0516851-74.2013.4.05.8100 a TNU decidiu 
que também incide o prazo decadencial do art. 103 da Lei 8.213/91 sobre as 
ações em que se busca o reconhecimento do direito ao melhor benefício. Em 
2016, o mesmo entendimento foi adotado pela TNU no julgamento do PEDILEF 
n. 5009697-58.2013.4.04.7112: “A ação de titular de benefício previdenciário 
em manutenção que busca a fixação de DIB e PBC mais vantajosos, fundada 
no direito adquirido ao melhor benefício verificado entre a data de 
implementação dos requisitos e a DER, é ação de revisão do benefício já 
concedido e não ação de concessão, aplicando-se o prazo decadencial”. 
Contudo, em dezembro de 2016 o STJ submeteu a seguinte questão ao 
rito dos recursos repetitivos: “Saber se o prazo decadencial de dez anos é ou 
não aplicável em caso de reconhecimento do direito adquirido ao benefício 
previdenciário mais vantajoso”. Assim, temos o Tema 966 do STJ, o qual 
discute “a incidência ou não do prazo decadencial previsto no caput do artigo 
103 da Lei 8.213/91 para reconhecimento de direito adquirido ao benefício 
previdenciário mais vantajoso” (Resp’s 1.612.818 e 1.631.021). 
Com fundamento na decisão do STF no RE 630.501 (Tema 334), parece 
natural a resposta no sentido da incidência da decadência (e também da 
prescrição). 
Ocorre que a questão julgada pelo STF no RE 630.501 não tinha como 
cerne a decadência, mas sim o reconhecimento de que há direito adquirido ao 
20 
 
melhor benefício, sendo essa a questão submetida a julgamento. Dessa forma, 
o julgamento do RE 630.501 não chega a discutir e aprofundar teses sobre a 
decadência, sendo que essa não é o objeto central do Tema 334 (“Direito a 
cálculo de benefício de aposentadoria de acordo com legislação vigente à 
época do preenchimento dos requisitos exigidos para sua concessão”). 
Por isso é que se defende que o trecho final da tese firmada pelo STF no 
Tema 334 (… respeitadas a decadência…) é apenas um obter dictum, de 
forma que não compõe a ratio decidendi. 
Além do mais, cabe ao STJ uniformizar a interpretação da legislação 
federal, sendo de sua competência a apreciação final sobre o tema, o que 
justificaria a afetação da matéria sob o rito dos repetitivos (Tema 966). 
Seguindo essa interpretação, não haveria conflito entre a decisão do STF 
e o Tema 966 do STJ, podendo a decisão final ser até mesmo contrária à parte 
final da tese firmada no Tema 334 do STF. 
 
7. Benefícios, Serviços, Programas e Projetos de Assistência Social 
7.1 Benefício de prestação continuada (BPC) 
O art. 203, V,
da CF/88, determina que a assistência social será prestada 
a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade 
social, e tem como um de seus objetivos a garantia de um salário mínimo de 
benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem 
não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua 
família, conforme dispuser a lei. 
No ponto, deve-se ressaltar que a dignidade da pessoa humana é o 
fundamento principal da democracia, sendo, em verdade, a sua meta ou 
objetivo. Está relacionada no art. 1° de nossa Constituição Federal como um 
dos fundamentos da República Federativa do Brasil, correspondendo a um 
conjunto de atributos pessoais que asseguram uma existência honrosa, 
respeitabilidade e autoestima ao cidadão. Apenas com a garantia do exercício 
de uma existência digna pode o Estado dar satisfatório resguardo aos direitos 
essenciais à vida, à igualdade, à integridade física e à moral daqueles que se 
encontram sob sua proteção. 
O benefício de prestação continuada denominado amparo social possui, 
pois, natureza assistencial, não se caracterizando como mera liberalidade do 
21 
 
legislador pátrio, tampouco como favor concedido pelo Estado. Foi previsto no 
ordenamento jurídico pátrio como instrumento necessário a trazer efetividade 
às normas constitucionais previstas no capítulo reservado à assistência social, 
que se pauta na dimensão ética de garantia de efetivação da inclusão social 
daqueles que não conseguem ter existência digna em função de sua extrema 
vulnerabilidade social. 
A regulamentação do preceito constitucional mencionado adveio com a 
Lei n. 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS), por meio de 
seus arts. 20, 21 e 21-A, e com o Decreto n. 6.214/2007. 
Temos, portanto, conforme dispõe o art. 20 da Lei n. 8.742/1993, que “o 
benefício de prestação continuada é a garantia de um salário-mínimo mensal à 
pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que 
comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la 
provida por sua família” (redação dada pela Lei n. 12.435/2011). 
Atenção: A garantia do BPC ao idoso também está prevista no art. 34 da 
Lei n. 10.741/2003 (Estatuto do Idoso). 
Assim, o Benefício de Prestação Continuada (também conhecido como 
“amparo social”) garante a transferência mensal de um salário mínimo à 
pessoa idosa e àquela com deficiência, de qualquer idade, que, por força das 
condições físicas inerentes a essas vicissitudes, encontre-se incapacitada para 
prover a própria subsistência ou de tê-la provida por sua família. É um direito 
de cidadania que garante a proteção social não contributiva da Seguridade 
Social. 
O Benefício de Prestação Continuada integra a proteção social básica no 
âmbito do Sistema Único de Assistência Social (Suas), instituído pelo Ministério 
do Desenvolvimento Social e Agrário, em consonância com o estabelecido pela 
Política Nacional de Assistência Social (PNAS). 
O Benefício de Prestação Continuada é constitutivo da PNAS e integrado 
às demais políticas setoriais, e visa ao enfrentamento da pobreza, à garantia 
da proteção social, ao provimento de condições para atender contingências 
sociais e à universalização dos direitos sociais, nos moldes definidos no 
parágrafo único do art. 2o. da Lei n. 8.742/1993 (LOAS). 
A plena atenção à pessoa com deficiência e ao idoso beneficiário do 
Benefício de Prestação Continuada exige que os gestores da assistência social 
22 
 
mantenham ação integrada às demais ações das políticas setoriais nacional, 
estaduais, municipais e do Distrito Federal, principalmente no campo da saúde, 
segurança alimentar, habitação e educação. 
Atenção: Compete ao Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário a 
implementação, a coordenação-geral, a regulação, financiamento, o 
monitoramento e a avaliação da prestação do beneficio, sem prejuízo das 
iniciativas compartilhadas com Estados, Distrito Federal e Municípios, em 
consonância com as diretrizes do SUAS e da descentralização político-
administrativa, prevista no art. 204, I, da CF/88 e no art. 5o., I, da Lei n. 
8.742/1993 (LOAS). 
Não obstante seja uma prestação oriunda da assistência social, a pessoa 
jurídica responsável por sua concessão, manutenção e fiscalização é o INSS, 
nos termos do art. 29, parágrafo único, da Lei n. 8.742/1993. Nesse sentido, os 
recursos de responsabilidade da União destinados ao financiamento dos 
benefícios de prestação continuada devem ser repassados pelo Ministério da 
Previdência diretamente ao INSS, órgão responsável pela sua execução e 
manutenção. 
Contudo, a competência da Autarquia não implica reconhecer a natureza 
previdenciária do benefício de prestação continuada. Trata-se, ressalte-se 
novamente, de um benefício assistencial. Logo, a sua concessão independe de 
contribuição para a seguridade social. Certamente, o dever do INSS decorre de 
questões logísticas: a Autarquia já dispõe de uma rede de agências espalhadas 
por todo o território nacional, sem falar dos sistemas previdenciários que 
possibilitam que a Administração verifique o implemento dos requisitos legais 
do benefício. 
Atenção: De acordo com o disposto no Decreto n. 7.788/2012, os 
recursos necessários para o pagamento, operacionalização, gestão, 
informatização, pesquisa, monitoramento e avaliação do benefício de prestação 
continuada são financiados pelo FNAS (Fundo Nacional de Assistência Social), 
cabendo ao Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário repassá-los 
diretamente ao INSS, por meio de celebração de termo de cooperação ou outro 
instrumento definido em ato conjunto do Ministério do Desenvolvimento Social 
e Agrário e do Presidente do INSS. 
23 
 
Cuidado: Com a implantação do BPC foram extintos os benefícios de 
“renda mensal vitalícia”, “auxílio-natalidade” e “auxílio-funeral” que antes 
existiam no âmbito da Previdência Social, conforme o então disposto na Lei n. 
8.213/1991 (arts. 139, 140 e 141). 
Do texto constitucional (art. 203, V, da CF/88) podemos extrair as 
seguintes características do benefício assistencial: 
1. É devido apenas a quem efetivamente dele necessitar (ou seja, apenas 
àqueles que estejam em situação de miserabilidade, assim entendido como 
aquele que não tem condições de prover a sua própria subsistência ou de tê-la 
provida por sua família); 
2. Independe de contribuição (por isso não é pago abono natalino – 13º. 
salário); 
3. É personalíssimo (e assim não gera direito a pensão por morte, por 
exemplo); e 
4. É temporário (somente é devido enquanto permanecer a situação de 
necessidade). 
 
7.2 Pressupostos legais 
O benefício assistencial é devido ao idoso e ao deficiente que comprovem 
não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua 
família, conforme dispuser a lei. Há, portanto, duas espécies de benefício 
assistencial (idoso e deficiente). Em ambas, é indispensável que o beneficiário 
seja hipossuficiente. 
Cuidado: Suponha-se que Charles, idoso com 65 anos de idade, laborou 
na informalidade, fazendo pequenos bicos, a maior parte de sua vida. Apenas 
recentemente conseguiu um emprego de porteiro em um prédio residencial, 
pelo que ganha um salário mínimo. Não tem contribuições suficientes para se 
aposentar. Vive com seus pais, sua esposa e 2 filhos, e todos sobrevivem com 
o salário mínimo que ele recebe, em situação de miserabilidade. Mesmo assim, 
Charles não tem direito ao Benefício de Prestação Continuada (BPC) da LOAS, 
mesmo sua renda familiar per capita sendo inferior a ¼ do salário mínimo. Isto 
porque a legislação garante o pagamento de um salário mínimo de benefício 
mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não 
24 
 
possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua 
família. Como ele (Charles) trabalha, recebendo salário, não pode receber o 
benefício.
Mas em sua família, os pais dele vão ter direito ao LOAS, pois são 
maiores de 65 anos e fazem parte de um grupo familiar que atende aos 
requisitos objetivos de baixa renda. E se algum dos filhos dele for deficiente, 
também pode ter direito ao benefício. Mas ele (Charles) tem emprego, então 
não pode receber LOAS. 
Atenção: Apesar de não existir expressa vedação legal, parece razoável 
concluir que o LOAS não deve ser pago à pessoa, idosa ou portadora de 
deficiência, que estiver presa por qualquer motivo, pois o BPC destina-se 
precipuamente àqueles que não conseguem prover o próprio sustento (ou tê-lo 
provido pela família) e no caso o sustento já está, ao menos tecnicamente, 
sendo provido pelo Estado. 
Pessoa idosa 
Para os fins do reconhecimento do direito ao benefício, conforme disposto 
no art. 20 da Lei n. 8.742/1993, considera-se pessoa idosa aquele com idade 
de sessenta e cinco anos ou mais. Vale dizer, não existe diferença de idade 
entre homens e mulheres para fins de percepção do benefício em comento. 
Atenção: O art. 1º. da Lei n. 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) define como 
idosa a pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. Daí poderia 
ser questionada a fixação da idade de 65 (sessenta e cinco) anos para fins de 
BPC⁄LOAS, contudo, no próprio art. 34 da Lei n. 10.741/2003, define-se que, 
para fins de concessão do BPC⁄LOAS, a idade a ser considerada é de 65 
(sessenta e cinco) anos. 
Pessoa com deficiência 
Pessoa com deficiência é aquela que tem impedimento de longo prazo, 
de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com 
uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na 
sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. 
Desse modo, a deficiência é um fenômeno multidimensional que abrange 
limitação do desempenho de atividade e restrição da participação, com redução 
efetiva e acentuada da capacidade de inclusão social, em correspondência à 
interação entre a pessoa com deficiência e seu ambiente físico e social. 
25 
 
Este conceito, em sua dimensão atual, foi estabelecido pela Lei n. 
13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência), e corresponde ao seu art. 
2o. 
A Lei n. 8.742/1993, por sua vez, determina que a concessão do benefício 
ficará sujeita à avaliação da deficiência e do grau de impedimento, composta 
por avaliação médica e avaliação social realizadas por médicos peritos e por 
assistentes sociais do Instituto Nacional de Seguro Social – INSS. 
Atualmente, contudo, essa avaliação deve ser feita segundo os 
parâmetros estabelecidos pelo parágrafo primeiro do art. 2o. da Lei n. 
13.146/2015, segundo o qual a avaliação da deficiência, quando necessária, 
será biopsicossocial, realizada por equipe multiprofissional e interdisciplinar e 
considerará: a) os impedimentos nas funções e nas estruturas do corpo; b) os 
fatores socioambientais, psicológicos e pessoais; c) a limitação no 
desempenho de atividades; e d) a restrição de participação. 
Ademais, na hipótese de não existirem serviços de avaliação suficientes 
no município de residência do beneficiário, fica assegurado o seu 
encaminhamento ao município mais próximo que contar com tal estrutura. 
Por fim, veja-se que o desenvolvimento das capacidades cognitivas, 
motoras ou educacionais e a realização de atividades não remuneradas de 
habilitação e reabilitação, entre outras, não constituem motivo de suspensão ou 
cessação do benefício da pessoa com deficiência. 
Atenção: Na redação originária da Lei n. 8.742⁄1993, a pessoa portadora 
de deficiência era aquela incapacitada para a vida independente e para o 
trabalho. 
O conceito era nitidamente falho, tanto assim que levou a TNU a editar a 
Súmula 29, segundo a qual a incapacidade para a vida independente não era 
apenas aquela que impede as atividades mais elementares da pessoa, mas 
também que a impossibilita de prover ao próprio sustento, e também a Súmula 
48, segundo a qual a incapacidade não precisava ser permanente para fins de 
concessão do benefício assistencial de prestação continuada. 
Contudo, ao longo do tempo a definição foi sendo sucessivamente 
aprimorada. Assim, com a Lei n. 12.435⁄2011 a pessoa com deficiência passou 
a ser aquela que tem impedimentos de natureza física, intelectual ou sensorial, 
26 
 
os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação 
plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas. 
Com a Lei n. 12.470⁄2011 passou-se a prever também a deficiência 
mental e a que o impedimento à participação na sociedade se desse em 
igualdade de condições com as demais pessoas. 
Essas alterações feitas em 2011 visaram adequar a legislação brasileira 
às disposições da Convenção de Nova York (Convenção Internacional sobre os 
Direitos das Pessoas com Deficiência), promulgada pelo Decreto n. 6.949⁄2009, 
e importaram em uma significativa ampliação do conceito legal de pessoa com 
deficiência. 
Por fim, com a Lei n. 13.146⁄2015 foi dada a atual dimensão ao conceito 
legal de pessoa com deficiência. 
O Decreto n. 6.214/2007 (art. 4o, § 1o.), dispõe que para fins de 
reconhecimento do direito ao Benefício de Prestação Continuada às crianças e 
adolescentes menores de dezesseis anos de idade, deve ser avaliada a 
existência da deficiência e o seu impacto na limitação do desempenho de 
atividade e restrição da participação social, compatível com a idade. 
O Decreto n. 6.214/2007 (art. 16) dispõe ainda que a concessão do 
benefício à pessoa com deficiência ficará sujeita à avaliação da deficiência e do 
grau de impedimento, com base nos princípios da Classificação Internacional 
de Funcionalidades, Incapacidade e Saúde – CIF, estabelecida pela Resolução 
da Organização Mundial da Saúde n. 54.21, aprovada pela 54a. Assembleia 
Mundial da Saúde, em 22 de maio de 2001. 
A avaliação da deficiência e do grau de impedimento deve ser realizada 
por meio de avaliação social e avaliação médica. 
A avaliação social deve considerar os fatores ambientais, sociais e 
pessoais, enquanto que a avaliação médica deve considera as deficiências nas 
funções e nas estruturas do corpo, e ambas considerarão a limitação do 
desempenho de atividades e a restrição da participação social, segundo suas 
especificidades. 
A avaliação da deficiência e do grau de impedimento tem por objetivo: 
1. Comprovar a existência de impedimentos de longo prazo de natureza 
física, mental, intelectual ou sensorial; e 
27 
 
2. Aferir o grau de restrição para a participação plena e efetiva da pessoa 
com deficiência na sociedade, decorrente da interação dos impedimentos a que 
se refere o inciso I com barreiras diversas. 
Na hipótese de não existirem serviços pertinentes para avaliação da 
deficiência e do grau de impedimento no município de residência do requerente 
ou beneficiário, fica assegurado o seu encaminhamento ao município mais 
próximo que contar com tal estrutura, devendo o INSS realizar o pagamento 
das despesas de transporte e diárias com recursos oriundos do Fundo 
Nacional de Assistência Social. Caso o requerente ou beneficiário esteja 
impossibilitado de se apresentar no local de realização da avaliação da 
deficiência e do grau de impedimento, os profissionais deverão deslocar-se até 
o interessado. 
Estas avaliações são realizadas, respectivamente, pelo serviço social e 
pela perícia médica do INSS, por meio de instrumentos desenvolvidos 
especificamente para este fim, instituídos pela Portaria Conjunta MDS⁄INSS n. 
2⁄2015. 
Esta Portaria, assim, estabelece os critérios, procedimentos e 
instrumentos para a avaliação social e médico-pericial da deficiência e do grau 
de incapacidade da pessoa com deficiência requerente do Benefício de 
Prestação Continuada da Assistência Social – BPC. 
A avaliação da deficiência e do grau de incapacidade, nos termos da 
Portaria Conjunta MDS⁄INSS n. 2⁄2015, é constituída pelos seguintes 
componentes, conforme
definido nos seus Anexos I, II e III: 
1. Fatores Ambientais; 
2. Atividades e Participação; e 
3. Funções e Estruturas do Corpo. 
Atenção: A TNU, na sessão do dia 29/02/2012, ao julgar o PEDILEF 
0013826-53.2008.4.01.3200 (Representativo de Controvérsia: Tema n. 34), 
apreciou a questão referente a “saber se há necessidade de exame das 
condições pessoais do requerente, para concessão de benefício assistencial, 
quando houver incapacidade parcial e temporária”, e firmou a tese de que “para 
a concessão do benefício previsto no art. 203, V, da Constituição Federal, nos 
casos de incapacidade parcial e temporária, deve-se examinar as condições 
pessoais do requerente”. 
28 
 
 
Conceito de grupo familiar para cálculo da renda “per capita” 
Para os efeitos da Lei n. 8.742/1993, família é o conjunto de pessoas 
composto pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência 
de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e 
enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto. 
Dessa forma, é requisito geral que as pessoas vivam sob o mesmo teto, 
para que possam ser consideradas como integrantes do mesmo grupo familiar. 
Note-se, contudo, que mesmo vivendo sob o mesmo teto, há pessoas que 
podem ficar excluídas do grupo, como por exemplo aqueles sem relação de 
parentesco, e até mesmo alguns parentes tais como filhos e enteados casados 
(ou divorciados, ou viúvos), netos, irmãos casados (ou divorciados, ou viúvos), 
sobrinhos e avós, entre outros. 
Mas deve-se ressaltar que esta conceituação de grupo familiar é dada 
pelo art. 20, § 1º., da Lei n. 8.742/1993, com redação dada pela Lei n. 
12.435/2011, com a única e exclusiva finalidade de se calcular a renda per 
capta. 
A Lei n. 8.742/1993, em sua redação original, dispunha que família era a 
unidade mononuclear, vivendo sob o mesmo teto, cuja economia é mantida 
pela contribuição de seus integrantes. A Lei n. 9.720/1998 mudou esse 
conceito, passando a se entender por família o conjunto de pessoas elencadas 
no art. 16 da Lei n. 8.213/1991 (o cônjuge, a companheira, o companheiro e o 
filho, de qualquer condição, menor de 21 anos ou inválido), desde que vivam 
sob o mesmo teto. A conceituação atual somente adveio com a Lei n. 
12.435/2011. 
Ainda no ponto, note-se que a TNU, na sessão do dia 16/08/2012, ao 
julgar o PEDILEF 2006.63.01.052381.5 (Representativo de Controvérsia: Tema 
n. 73), apreciou a questão referente a “saber qual a composição do grupo 
familiar para concessão do benefício assistencial, no período anterior à Lei n. 
12.453/2011”, e firmou a tese de que “o grupo familiar deve ser definido a partir 
da interpretação restrita do disposto no art. 16 da Lei n. 8.213/91 e no art. 20 
da Lei n. 8.742/93, esta última na sua redação original”. 
Nesse linha, no julgamento do PEDILEF 2007.70.95.01.0663-7, a TNU 
exclui do grupo familiar a sobrinha do idoso, que com ele residia, uniformizando 
29 
 
o entendimento de que o conceito de grupo familiar deve ser obtido mediante 
interpretação restrita das disposições contidas no § 1º. do art. 20 da Lei n. 
8.742/1993 e no art. 16 da Lei n. 8.213/1991. 
Apesar da modificação da redação do art. 20, §1º, da Lei 8.742/93 
(LOAS), agora determinada pela Lei 12.435/2011, a orientação restritiva ainda 
permanece no âmbito da TNU. 
Assim, por exemplo, no julgamento do PEDILEF 0054205-
83.2011.4.03.6301, a TNU decidiu que o curador da pessoa deficiente, sem 
vínculo de parentesco, não integra o grupo familiar, ainda que vivam sob o 
mesmo teto, fixando a tese se que, no momento da análise do grupo familiar, 
deve-se fazer uma interpretação restritiva do comando legal. 
Também exemplificativamente veja-se o julgamento do PEDILEF 
0500964-42.2012.4.05.8502, no qual a TNU excluiu do grupo familiar o filho 
casado, a nora e os netos menores, embora residissem sob o mesmo teto que 
o idoso, reafirmando que o conceito legal deve ser interpretado restritivamente. 
Ademais, note-se que a Lei n. 12.453/2011 incluiu no conceito de grupo 
familiar apenas irmãos solteiros, filhos solteiros e enteados solteiros. Contudo, 
ainda que formalmente solteiros, caso vivam maritalmente, devem eles ser 
excluídos do conceito de grupo familiar. 
Cuidado: O Benefício de Prestação Continuada será devido a mais de um 
membro da mesma família enquanto atendidos os requisitos legais exigidos. 
Por fim, veja-se que no julgamento do PEDILEF 2007.72.95.006472-6, em 
sessão de 27/03/2009, a TNU considerou, excepcionalmente, avó e neto como 
pertencentes ao mesmo núcleo familiar. A decisão não representa adoção de 
interpretação extensiva, mas apenas uma excepcionalidade em ante as 
circunstâncias do caso concreto daqueles autos, pois como consta do voto-
vista a avó somente foi considerada porquanto exercia a condição de guardiã 
do neto, na ausência de seus pais. A questão não constou do voto-ementa 
vencedor e nem em destaque no acórdão, pois está apenas no voto-vista, o 
que já causou alguma confusão, mas acabou esclarecido por ocasião do 
julgamento do PEDILEF 23.038-21.2010.4.01.3300. 
30 
 
 
Inscrição no CadÚnico 
O Decreto n. 6.214/2007 exigia a inscrição no CPF (Cadastro de Pessoas 
Físicas), mantido pelo Ministério da Fazenda, para a concessão do BPC/LOAS, 
ressalvando que a ausência de inscrição da pessoa neste cadastro não 
impedia a apresentação do requerimento e nem a análise do processo 
administrativo, mas tão somente a concessão do benefício (art. 12). 
Com o Decreto n. 8.805/2016 (que alterou o art. 12 do Decreto n. 
6.214/2007), contudo, passou-se a exigir como requisito para a concessão, a 
manutenção e a revisão do benefício, além da inscrição no CPF, também a 
inscrição no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal – 
CadÚnico, instituído pelo Decreto n. 6.135/2007. 
E mais: a inscrição no CadÚnico deve ter sido realizada ou atualizada nos 
últimos dois anos, tanto para a concessão como também para a manutenção 
do benefício. 
Dessa forma, até mesmo os beneficiários que já recebiam o BPC antes 
de 2016 tiveram que realizar sua inscrição ou atualização no CadÚnico, sob 
pena de terem seu beneficio suspenso. 
Atenção: O Decreto n. 8.805/16, acrescendo os parágrafos 3o. e 4o. ao 
art. 41 do Decreto n. 6.214/2007, trouxe a previsão de que o Ministério do 
Desenvolvimento Social e Agrário e o INSS deverão integrar suas bases de 
dados quanto às informações que compõem a base de dados do CadÚnico e 
compartilhá-las com o Cadastro-Inclusão, instituído pelo art. 92 da Lei n. 
13.146/2015, quando se tratar de informação referente a pessoa com 
deficiência. Até que esteja concluída esta integração das bases de dados, o 
Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário deverá fornecer ao INSS, 
mensalmente, as informações do CadÚnico necessárias à concessão e à 
manutenção do Benefício de Prestação Continuada, em especial aquelas 
relativas à composição do grupo familiar, à renda de todos os integrantes. 
O Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) é um instrumento 
de coleta de dados e informações com o objetivo de identificar todas as 
famílias de baixa renda existentes no País. Devem ser cadastradas as famílias 
com renda mensal de até meio salário mínimo por pessoa. Famílias com renda 
superior a esse critério poderão ser incluídas no CadÚnico, desde que sua 
31 
 
inclusão esteja vinculada à seleção ou ao acompanhamento de programas 
sociais implementados pela União, estados ou municípios. 
O CadÚnico é constituído por sua base de dados, instrumentos, 
procedimentos e sistemas eletrônicos, e sua base de informações pode ser 
usada pelos governos municipais, estaduais e federal para obter o diagnóstico 
socioeconômico das famílias cadastradas. Dessa forma, o CadÚnico possibilita 
a análise das principais necessidades das famílias cadastradas e auxilia o 
poder público na formulação e gestão de políticas voltadas a
esse segmento da 
população. 
A coleta dos dados das famílias deve ser realizada por meio do 
preenchimento do formulário do CadÚnico. Cada formulário deve identificar 
apenas uma família. Os cadastros são processados pelo Agente Operador do 
Cadastro Único (Caixa Econômica Federal – CEF), que é responsável por 
atribuir a cada pessoa da família cadastrada um número de identificação social 
(NIS) de caráter único, pessoal e intransferível. Por meio do NIS os operadores 
do Cadastro Único podem localizar as pessoas cadastradas, atualizar dados do 
cadastro, verificar a situação do benefício (caso exista) e realizar as ações de 
gestão de benefícios. 
As principais informações das famílias cadastradas são: 
1. Características do domicílio (número de cômodos, tipo de construção, 
tratamento da água, esgoto e lixo); 
2. Composição familiar (número de componentes, existência de pessoas 
com, deficiência); 
3. Identificação e documentação de cada componente da família; 
4. Qualificação escolar dos componentes da família; 
5. Qualificação profissional e situação no mercado de trabalho; 
6. Remuneração; e 
7. Despesas familiares (aluguel, transporte, alimentação e outros). 
 
Pagamento do BPC 
O BPC é devido após o cumprimento, pelo requerente, de todos os 
requisitos legais e regulamentares exigidos para a sua concessão, inclusive 
apresentação da documentação necessária, devendo o seu pagamento ser 
efetuado em até quarenta e cinco dias após cumpridas todas as exigências. 
32 
 
Atenção: Fica o INSS obrigado a emitir e enviar ao requerente o aviso de 
concessão ou de indeferimento do benefício, e, neste caso, com indicação do 
motivo. Do indeferimento do benefício caberá recurso à Junta de Recursos do 
Conselho de Recursos da Previdência Social, no prazo de trinta dias, a contar 
do recebimento da comunicação. 
O Benefício de Prestação Continuada não está sujeito a desconto de 
qualquer contribuição e não gera direito ao pagamento de abono anual. 
O Benefício de Prestação Continuada é intransferível, não gerando direito 
à pensão por morte aos herdeiros ou sucessores. 
Contudo, o valor do resíduo não recebido em vida pelo beneficiário será 
pago aos seus herdeiros ou sucessores, na forma da lei civil. 
No ponto, vale notar que a Portaria Conjunta SPS/INSS/SNAS n. 2, de 
19/09/2014, admitia expressamente, no âmbito administrativo, o pagamento de 
resíduo aos herdeiros de beneficiário do BPC: ” Art. 47. O BPC é intransferível, 
não gerando direito à pensão por morte aos herdeiros ou sucessores do titular. 
Parágrafo único. O valor do resíduo não recebido em vida pelo beneficiário 
será pago aos seus herdeiros ou sucessores, na forma da lei civil, mediante 
alvará judicial ou escritura pública, observada a legislação aplicável”. Essa 
portaria, contudo, foi revogada pela Portaria Conjunta MDSA/INSS n. 1, de 
03/01/2017. 
No julgamento do PEDLEF 0176818-18.2005.4.03.6301, a TNU firmou 
entendimento de que o resíduo ou os atrasados do benefício de amparo social, 
mesmo em se tratando de vantagem de natureza personalíssima, pode ser 
pago aos herdeiros, em caso de falecimento do beneficiário. A TNU entendeu 
que a morte do requerente do benefício não deve impedir a verificação do 
mérito do pedido, sobretudo se comprovada a existência de requerimento 
administrativo que pode dar ensejo a pagamento retroativo do benefício, entre 
a Data da Entrada do Requerimento (DER) e a Data do Óbito. Assim, 
comprovados os requisitos legais, o benefício deve ser concedido mesmo em 
caso de óbito posterior ao requerimento, mas apenas para fins de pagamento 
das parcelas atrasados, ou seja, das parcelas devidas a partir do requerimento 
e até o óbito do beneficiário. Isto porque apesar do benefício ser 
personalíssimo e não contributivo, o direito às parcelas atrasadas (resíduos) é 
inquestionável. 
33 
 
A TNU, assim, confirmou o entendimento de que a impossibilidade de 
transferência do benefício assistencial recai tão somente no direito ao 
recebimento e fruição de tal benefício, mas não sobre o direito a eventual 
recebimento de resíduos e atrasados dele decorrentes. 
No mesmo sentido foi o julgamento do PEDILEF 0003238-
80.2011.4.03.6318. 
O benefício será pago pela rede bancária autorizada e, nas localidades 
onde não houver estabelecimento bancário, o pagamento será efetuado por 
órgãos autorizados pelo INSS. 
O pagamento do Benefício de Prestação Continuada poderá ser 
antecipado excepcionalmente, nos casos de estado de calamidade pública 
decorrente de desastres naturais, reconhecidos por ato do Governo Federal, 
aos beneficiários domiciliados nos respectivos municípios. 
O benefício será pago diretamente ao beneficiário ou ao procurador, tutor 
ou curador. 
O procurador, tutor ou curador do beneficiário deverá firmar, perante o 
INSS ou outros órgãos autorizados pelo Ministério do Desenvolvimento Social 
e Agrário termo de responsabilidade mediante o qual se comprometa a 
comunicar qualquer evento que possa anular a procuração, tutela ou curatela, 
principalmente o óbito do outorgante, sob pena de incorrer nas sanções 
criminais e civis cabíveis. 
Havendo indícios de inidoneidade acerca do instrumento de procuração 
apresentado para o recebimento do Benefício de Prestação Continuada ou do 
procurador, tanto o INSS como qualquer um dos órgãos autorizados pelo 
Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, poderão recusá-los, sem 
prejuízo das providências que se fizerem necessárias para a apuração da 
responsabilidade e aplicação das sanções criminais e civis cabíveis. 
O beneficio devido ao beneficiário incapaz será pago ao cônjuge, pai, 
mãe, tutor ou curador, admitindo-se, na sua falta, o pagamento a herdeiro 
necessário, mediante termo de compromisso firmado no ato do recebimento, 
por período não superior a seis meses, que poderá ser prorrogado por iguais 
períodos, desde que comprovado o andamento do processo legal de tutela ou 
curatela. 
34 
 
O beneficiário, ou seu representante legal, deve informar ao INSS 
alterações dos dados cadastrais correspondentes à mudança de nome, 
endereço e estado civil, a fruição de qualquer benefício no âmbito da 
Seguridade Social ou de outro regime, a sua admissão em emprego ou a 
percepção de renda de qualquer natureza elencada. 
 
Acumulação, revisão, cessação, cancelamento e suspensão do BPC 
O benefício assistencial de prestação continuada (BPC), ao idoso ou ao 
deficiente, não pode ser acumulado pelo beneficiário com qualquer outro 
benefício no âmbito da seguridade social ou de outro regime, inclusive o 
seguro-desemprego, ressalvados os de assistência médica e a pensão 
especial de natureza indenizatória. 
Atenção: A acumulação do benefício com a remuneração advinda do 
contrato de aprendizagem pela pessoa com deficiência é limitada ao prazo 
máximo de dois anos. 
A condição de acolhimento em instituições de longa permanência, como 
abrigo, hospital ou instituição congênere, não prejudica o direito do idoso ou da 
pessoa com deficiência ao benefício de prestação continuada. 
O benefício de prestação continuada deve ser revisto a cada 2 (dois) anos 
para avaliação da continuidade das condições que lhe deram origem 
(deficiência e hipossuficiência econômica). 
O Decreto n. 8.805/16, acrescendo os parágrafos 1o., 2o. e 3o. ao art. 42 
do Decreto n. 6.214/2007, trouxe a previsão de que a revisão bienal do 
BPC/LOAS será feita na forma estabelecida em ato conjunto dos Ministros de 
Estado do Desenvolvimento Social e Agrário, da Fazenda e do Planejamento, 
Desenvolvimento e Gestão, e incluirá: 
1. o cadastramento ou a atualização cadastral, a ser realizado Ministério do 
Desenvolvimento Social e Agrário, dos beneficiários inscritos no 
CadÚnico, a cada dois anos; 
2. a confrontação contínua pelo INSS de informações do CadÚnico com os 
cadastros de benefícios, emprego, renda ou outras bases de dados de 
órgãos da administração pública disponíveis,
referentes à renda da 
família do requerente; 
35 
 
3. o cruzamento de dados para fins de verificação de acúmulo do benefício 
com outra renda no âmbito da Seguridade Social ou de outro regime; e 
4. a reavaliação médica e social da condição de deficiência constatada 
anteriormente, desde que o impedimento não tenha sido considerado 
permanente e que o beneficiário não tenha superado os requisitos de 
renda familiar mensal per capita. 
Identificada a superação de condição para manutenção do benefício, 
após a atualização das informações junto ao CadÚnico, o INSS deverá 
suspender ou cessar o benefício, conforme o caso. 
Serão definidos critérios de prioridade e de dispensa da reavaliação da 
deficiência, considerados o tipo e a gravidade do impedimento, a idade do 
beneficiário e a duração do benefício. 
O pagamento do benefício cessa no momento em que forem superadas 
as condições legais, ou em caso de morte do beneficiário, hipótese na qual não 
gera pensão por morte aos seus dependentes. 
Atenção: O desenvolvimento das capacidades cognitivas, motoras ou 
educacionais e a realização de atividades não remuneradas de habilitação e 
reabilitação, entre outras, não constituem motivo de suspensão ou cessação do 
benefício da pessoa com deficiência. 
A cessação do benefício de prestação continuada concedido à pessoa 
com deficiência, inclusive em razão do seu ingresso no mercado de trabalho, 
não impede nova concessão do benefício, desde que atendidos os requisitos 
legais. 
O benefício será cancelado quando se constatar irregularidade na sua 
concessão ou manutenção, ou se verificada a não continuidade das condições 
que lhe deram origem. 
Cuidado: Antes do efetivo cancelamento deve haver oportunidade de 
defesa para o beneficiário, que é regulada pelo art. 47 do Decreto n. 
6.135/2007. 
O benefício de prestação continuada será suspenso em caráter especial 
quando a pessoa com deficiência exercer atividade remunerada, inclusive na 
condição de microempreendedor individual, mediante comprovação da relação 
trabalhista ou da atividade empreendedora. 
36 
 
Extinta a relação trabalhista ou a atividade empreendedora e, quando for 
o caso, encerrado o prazo de pagamento do seguro-desemprego e não tendo o 
beneficiário adquirido direito a qualquer benefício previdenciário, poderá ser 
requerida a continuidade do pagamento do benefício suspenso, sem 
necessidade de realização de perícia médica ou reavaliação da deficiência e do 
grau de incapacidade para esse fim, respeitado o período de revisão de 2 
(dois) anos. 
Cuidado: A contratação de pessoa com deficiência como aprendiz não 
acarreta a suspensão do benefício de prestação continuada, limitado a 2 (dois) 
anos o recebimento concomitante da remuneração e do benefício. 
Defesa dos direitos dos beneficiários 
O Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário tem a obrigação 
normativa de se articular com os Conselhos de Assistência Social, do Idoso, da 
Pessoa com Deficiência, da Criança e do Adolescente e da Saúde para que 
desenvolvam o controle e a defesa dos direitos dos beneficiários do Benefício 
de Prestação Continuada. 
Controle social 
Qualquer pessoa física ou jurídica de direito público ou privado, 
especialmente os Conselhos de Direitos, os Conselhos de Assistência Social e 
as organizações representativas de pessoas com deficiência e de idosos, é 
parte legítima para provocar a iniciativa das autoridades do Ministério do 
Desenvolvimento Social e Agrário, do INSS, do Ministério Público e dos órgãos 
de controle social, e para lhes fornecer informações sobre irregularidades na 
concessão e na manutenção do BPC/LOAS. 
Qualquer cidadão que observar irregularidade ou falha na prestação de 
serviço referente ao Benefício de Prestação Continuada poderá comunicá-la às 
Ouvidorias do Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, observadas as 
atribuições de cada órgão e em conformidade com as disposições específicas 
de cada Pasta. 
As informações referentes às despesas com Benefício de Prestação 
Continuado deverão ser incluídas, de forma individualizada, no Portal da 
Transparência do Poder Executivo Federal, de que trata o Decreto n. 
5.482/2005, observado o disposto no art. 31 da Lei n. 12.527/2011. 
37 
 
Programas de Assistência Social 
Os programas de assistência social compreendem ações integradas e 
complementares com objetivos, tempo e área de abrangência definidos para 
qualificar, incentivar e melhorar os benefícios e os serviços assistenciais. 
Estes programas são definidos pelos respectivos Conselhos de 
Assistência Social, obedecidos aos objetivos e princípios que regem a Lei n. 
8.742/1993, com prioridade para a inserção profissional e social. 
Os programas voltados para o idoso e a integração da pessoa com 
deficiência devem ser devidamente articulados com o BPC. 
 
Paif, Paef e Peti 
A Lei n. 12.435/2001 instituiu o Serviço de Proteção e Atendimento 
Integral à Família (Paif), o Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a 
Famílias e Indivíduos (Paefi) e o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil 
(Peti). 
O Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (Paif), que integra 
a proteção social básica, consiste na oferta de ações e serviços 
socioassistenciais de prestação continuada, nos Cras, por meio do trabalho 
social com famílias em situação de vulnerabilidade social, com o objetivo de 
prevenir o rompimento dos vínculos familiares e a violência no âmbito de suas 
relações, garantindo o direito à convivência familiar e comunitária. 
O Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e 
Indivíduos (Paefi), que integra a proteção social especial, consiste no apoio, 
orientação e acompanhamento a famílias e indivíduos em situação de ameaça 
ou violação de direitos, articulando os serviços socioassistenciais com as 
diversas políticas públicas e com órgãos do sistema de garantia de direitos. 
Por fim, o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti), de caráter 
intersetorial, integrante da Política Nacional de Assistência Social, compreende 
transferências de renda, trabalho social com famílias e oferta de serviços 
socioeducativos para crianças e adolescentes que se encontrem em situação 
de trabalho. O Peti tem abrangência nacional e é desenvolvido de forma 
articulada pelos entes federados, com a participação da sociedade civil, tendo 
como objetivo contribuir para a retirada de crianças e adolescentes com idade 
38 
 
inferior a 16 (dezesseis) anos em situação de trabalho, ressalvada a condição 
de aprendiz, a partir de 14 (quatorze) anos. 
 
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
AGUIAR, Leonardo. Direito previdenciário: curso completo/Leonardo 
Aguiar. Juiz de fora. il.M, 2017. ISBN 978-1-365-78851-2. 
 
ARAÚJO, Josenil Rodrigues. Salário maternidade para segurada 
desempregada. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XIX, n. 150, jul 2016. 
 
MILHOMEM, Caio; SOUZA, Dyana Helena; SANTOS, Rodrigo. 
Contrarreforma da previdência e os impactos no benefício de prestação 
continuada – bpc. II Seminário Nacional de Serviço Social, Trabalho e 
Políticas Sociais Universidade Federal de Santa Catarina Florianópolis – 23 a 
25 de outubro de 2017 
 
NERI, Marcelo. Uma próxima geração de programas de transferência 
de renda condicionada. Revista de Administração pública. Volume 51, nº 2. 
2017. 
 
ROSPA, Aline Martins. Cancelamento/diminuição do valor do 
benefício previdenciário antes do exaurimento da via administrativa. 
In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XIX, n. 147, abr 2016. 
 
SILVA, M. S. e ALVES, N. S. Previdência social uma história de 
contrarreformas e de reafirmação da lógica do seguro privado. Revista 
Direitos, trabalho e política social, CUIABÁ, V. 4, n. 6, p. 169-199, Jan./jun. 
2018 
 
VALENCIANO, Drielles et al. Aposentadoria por tempo de 
contribuição. Revista Jurídica Direito, sociedade e justiça 2017.

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