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3 Intervenção psicopedagógica nas empresas

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Intervenção psicopedagógica nas empresas: A relevância da construção de métodos profiláticos que visem à erradicação do fenômeno assédio moral.
	A psicopedagogia, por sua vocação e atenção à diversidade de vozes, posiciona-se como a disciplina mais bem preparada para intervir nos conflitos socioculturais de caráter danoso, possíveis nas relações horizontais e verticais entre empregados e empregadores. Por meio da ação do psicopedagogo é possível coordenar o trabalho de investigação de diagnoses e, se necessário, solicitar redimensionamento do espaço psicológico do indivíduo, do grupo ou daquele universo, visando cultivo de hábitos sociais saudáveis para o todo.
Assédio moral nas empresas: o fenômeno e a questão
	Para intervir nas empresas demanda-se conhecer as origens, a prática, os atores e os enredos do assédio moral – expressão que se refere às humilhações que um funcionário sofre durante sua jornada de trabalho e que atingem, primeiramente, seu espectro moral. O assédio moral ocorre quando um indivíduo submete outro a situações de vexame e de constrangimentos de forma sistemática e contínua, usando normalmente palavras e gestos contundentes para reiterar a agressão.
	“Por vezes materializam-se outros problemas que podem ser diretamente associados à questão do alcoolismo, drogas e, em caso extremo, suicídio” (MORAES).
	É uma relação que pode se estabelecer em diversos modelos de relações interpessoais: entre mãe e filho, marido e esposa, etc., porém o ambiente de trabalho revela-se o ambiente mais fértil para esse tipo de conduta.
	Sob os efeitos provocados pela globalização e seu neoliberalismo, trabalhadores enfrentam jornadas exaustivas e descobrem-se em meio a exigências para o cumprimento de metas absurdas de vendas, visando a garantia de sua posição em algumas instituições.
	Alguns profissionais da saúde, ciências sociais e humanas que se manifestam sobre o tema, mostram-se unânimes ao relacionar a sistemática do assédio, e o emprego da tirania na busca do êxito, à cultura do vale tudo na rota da competitividade pessoal e negocial. Dessa forma, não se percebe a pessoa humana como indivíduo e, sim, coopta-se como um número, um objeto, uma coisa a mais que compõe a empresa.
	O número de denúncias, anônimas ou não, crescem a cada dia. O assédio começa, geralmente, com pequenas desavenças e maus tratos, dos quais a vítima prefere não reclamar. Até que os ataques vão se multiplicando ao ponto de deixar a vítima acuada. A ofensa, seguida de um pedido de desculpas, ou mesmo um comentário ferino, isolado, numa hora de irritação, não podem ser qualificados como assédio. O que qualifica o assédio é a repetição dos vexames, das humilhações, sem qualquer atitude para abrandá-lo, e que o torna algo extremamente destruidor.
	Grande parte das denúncias apontam que a maior incidência de assédio se dá nas relações verticais. Caso não haja intervenção o conflito pode ganhar proporções capazes de desviar todo o ambiente de seu fim: a ação produtiva e a saúde financeira da própria empresa.
	Psicopatologias das mais variadas, relacionadas aos transtornos de ansiedade, surgem decorrentes da prática do assédio moral nas empresas. Uma das mais frequentes é a síndrome de Burnout. Resultado de esgotamento, decepção e perda de interesse pela atividade de trabalho, é uma tentativa do organismo de se proteger de uma coação. Daí a surgirem: insônia, úlcera, dores de cabeça e fadiga crônica.
	Surgido o tema Responsabilidade Social, as empresas aderem à um modelo de marketing em torno do qual a empresa comprometida valores de respeito ao ser humano passa a ter maior aceitação de seus produtos. Nasce a tese: investimentos em cidadania e qualidade de vida representam ganhos incalculáveis para todos.
Práticas que comprometem as relações no ambiente de trabalho: situações de assédio moral registradas na literatura.
	Na empresa, o encontro do poder com a perversidade, geram a violência e a perseguição. As pequenas perversidades cotidianas que se banalizam e não se denunciam estão em maior número.
	[Caso da secretária e o café e caso da gerente que se suicidou].
Teorias que precedem a prática – Pichon-Rivière
	O sujeito não é só um sujeito relacionado, é um sujeito produzido. Não há nada nele que não resulte da interação entre indivíduos, grupos e classes.
	A Teoria do Vínculo, de Pichon-Rivière, enxerga o ser humano a partir de 3 dimensões: individual, grupal e institucional ou sociedade. O sujeito nasce com uma demanda instintiva de uma espécie de pacote (estímulo, afeto, situações) que o insira em seu meio. A construção da subjetividade se constitui na dependência do outro e se sustenta numa rede de vínculos.
	Focault surge com a teoria da caixa de ferramentas, que propõe que para além do campo específico da psicanálise está a psicologia social como âmbito de indagação dessas tramas vinculares que, transcendendo a subjetividade, criam condições para a sua própria produção.
	Rivière visualiza o ser humano em permanente dialética com o mundo. Quando esse diálogo se interrompe o sujeito perde referenciais e, com consequência, para o tempo e anula sua capacidade de transformar o meio – característica, segundo especialistas, muito comum no perfil do assediador moral. Sua Teoria do Vínculo apresenta 3 palcos onde o diálogo para a construção da identidade do indivíduo se desenvolve: o psicossocial que parte do indivíduo para fora, o campo da sócio dinâmica que analisa o grupo como estrutura e o institucional que percebe todo o ambiente como objeto de investigação. Seu Esquema Conceitual Referencial e Operativo alicerça-se sobre 3 grandes campos disciplinares: psicanálise, ciências sociais e psicologia social.
	Na psicanálise trabalha com o termo inconsciente como um conjunto de experiências, conhecimentos e afetos com os quais o indivíduo pensa e age e que lhe permite relacionar-se com o mundo ou cultura particular na qual está inserido. Baseia-se ainda na psicanálise para a compreensão das instabilidades subjetivas nos processos de mudança.
	Das ciências sociais agrega a concepção que permite pensar o sujeito situado e sitiado em uma relação estruturada no seu ambiente social e na cultura à que pertence.
	A Psicologia social coaduna com os aspectos teórico-técnicos da dinâmica grupal, que pressupõe o homem diante do desafio de transformar o mundo como condição para a realização de seus desejos. O que proporciona transformação no sujeito e considera pensar sua relação com o mundo como uma relação conflitiva e contraditória.
Identidade do assediador moral pelos olhos da psicanálise: uma abordagem específica, em resenha
	Para tipificar o assédio moral, deve-se estar atento aos detalhes do constrangimento. Deve-se observar se o constrangimento é decorrente de um desentendimento isolado entre funcionários ou se é algo persistente. Em caso de assédio moral é importante uma conversa franca com o superior imediato ou entre os que se desentenderam. Havendo entendimento entre ambos e não se repetindo mais o ocorrido a situação pode ser considerada encerrada. É importante que esse diálogo ocorra o mais rápido possível pois quanto mais cedo houver intervenção na situação desagradável, menos danos poderão ser causados à vítima.
	A personalidade de um assediador é definida por Hirigoyen como perversa e narcisista. “Uma fria racionalidade, combinada a uma incapacidade de considerar os outros como seres humanos.
	Sobre o comportamento dos assediadores, é comum que pelo menos um dos traços citados abaixo componham sua personalidade:
· Utiliza gestos, expressões ou palavras que possam ofender, humilhar ou constranger os subordinados.
· Apavora a equipe, constantemente, durante reuniões ou jornada de trabalho, com possibilidade de demissão, transferência ou perda de comissão.
· Exige ou induz que o subordinado trabalhe fora do seu horário, muitas vezes sem auferir ganhos extras.
· Manifesta indiferença quanto à saúde do subordinado, cuja debilidade pode relacionar-se à sobrecarga de trabalho.
· Repete a mesma ordem centenas de vezes atédesestabilizar emocionalmente o subordinado.
· Impede colegas de almoçarem juntos, ainda que a rotina de trabalho permita que o façam.
· Aproveita qualquer oportunidade para reiterar seu apreço por movimentos intimidadores, tais como: dar socos na mesa, bater portas, arremessar objetos, desligar o telefone com violência, entre outros.
· Discrimina por raça, sexo ou religião e ridiculariza as escolhas do assediado.
· Provoca ciúmes, elegendo preferências e reafirmando a predileção pelo funcionário que se sujeita aos seus desmandos.
· Busca privar o assediado de todos os mecanismos de defesa.
	Resumidamente, o assediador, segundo Hirigoyen, é fundamentalmente reconhecido pela necessidade de diminuir o outro para que possa se destacar. O assediador não questiona sua conduta em momento algum, só podem existir diminuindo alguém para adquirir uma boa autoestima e poder, pois são ávidos de admiração e aprovação. Não se envolvem em relacionamentos, por isso não costumam ter a menor compaixão pelo outro, não sabendo o respeitar enquanto ser humano ou reconhecer o sofrimento que lhe é infligido.
A educação no contexto dos conflitos
	Ainda está em construção a relação entre empresa e educação. Agia-se como se a empresa e a sociedade em geral não fossem atingidas diretamente pelo processo da educação. Ao sair da escola o sujeito deveria estar pronto para o mercado de trabalho e para devolver à sociedade o que ela investiu no mesmo.
	Na maioria das vezes são funcionários organizados ou sindicatos que tomam iniciativas para conter a curva ascendente de práticas danosas no ambiente de trabalho. A visão de funcionário X empresa, equivocada, reflexo da ausência de profissionais da educação, denuncia a precariedade do saber científico a respeito e compromete a qualidade das intervenções.
	As ações costumam aproximar-se dos aspectos legislativos, mas não apresentam sistemáticas ou sugestões que motivem a mudança de comportamento em sua essência e que incentivem propostas que contemplem ações de reflexão ou novas abordagens sócio dinâmicas.
	Uma cartilha realizada pela Sindipetro-RJ, que trata sobre os maus tratos denunciados por petroleiros, evidencia a necessidade da interferência de profissionais externos ao ambiente e comprometidos com políticas de educação para lidar com o assédio. Não se deve apenas criar leis para punir, é necessário o redimensionamento do espaço psicológico onde os fatos danosos ocorrem. Uma intervenção multidisciplinar, coordenada por profissionais da área da educação, se mostra capaz de evolucionar o ambiente de forma global.
	Para um trabalho eficiente, o profissional da Psicopedagogia Institucional deverá apresentar diagnósticos construídos sobre bases cristalinas, avaliações pautadas na ciência, nas suas convicções teóricas e nos escores da interação multidisciplinar, comprometendo-se com a construção de um ambiente saudável para o labor e exercício do respeito e da consolidação das premissas de responsabilidade socioambiental.

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