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Segurança Pública Municipal

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Prévia do material em texto

Curso Superior de Tecnologia em Segurança Pública Municipal 
 
 
 
 
 
Estigma, invisibilidade e seletividade 
penal 
 
 
 
 
 
Eduardo Pazinato da Cunha 
 
 
 
 
 
1ª Edição 
 
 
 
 
 
Coordenação de Educação a Distância 
Faculdade de Direito de Santa Maria - FADISMA 
 
 
 
 
 
Copyright ​© 2020 - FADISMA - Todos os direitos reservados 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Versão 1.0 - Atualizada em 15 de maio de 2020 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ENTENDA OS ÍCONES 
 
Atenção: indica pontos de maior relevância no             
texto. 
Biografia: ​é um ​breve resumo biográfico           
acerca do autor. 
Interatividade: remete o tema para outras           
fontes: livros, filmes, músicas, sites, programas           
de tv, etc. 
Glossário: indica a definição de um termo,             
palavra ou expressão utilizada no texto. 
Nota explicativa: tem por objetivo explicar algo             
que foi mencionado no texto. 
Pense nisso: ​instiga para refletir sobre o             
assunto. 
Saiba mais: informações que enriquecem o           
assunto, podem ser curiosidades ou notícias           
relacionadas ao tema. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Versão 1.0 - Atualizada em 15 de maio de 2020 2 
 
ESTIGMA, INVISIBILIDADE E SELETIVIDADE 
PENAL 
 
Para início de estudo 
 
O presente conteúdo abordará questões relacionadas           
às políticas públicas de segurança e justiça a partir da análise                     
sobre o estigma, a invisibilidade e a seletividade penal e o                     
impactos dessas questões no funcionamento dos órgãos,             
agências e instituições da segurança pública e justiça               
criminal.  
Especificamente, serão apresentadas algumas letras,         
músicas e testemunhos da potência do Hip Hop e do Slam                     
(Batalha de Poesias e Ocupação de Espaços Públicos), com o                   
objetivo de apresentar aos e às estudantes uma perspectiva                 
social que tem ganhado relevância nos estudos sociológicos               
e de segurança pública, de modo a contribuir para uma visão                     
crítica sobre o sistema penal brasileiro.   
Para tanto, o conteúdo desta apostila divide-se em dois                 
pontos principais:  
1. Noções gerais sobre estigma, invisibilidade e           
seletividade penal no sistema de justiça criminal             
brasileiro; 
2. Letra, música e testemunho: a contribuição do Hip Hop                 
e do Slam nas políticas públicas de segurança e                 
justiça. 
  
1. Noções gerais sobre estigma, invisibilidade e 
seletividade penal no sistema de justiça criminal 
brasileiro 
 
A ​seletividade penal diz respeito a quem o Estado                 
acusa e condena, e, ainda, por qual razão determinados                 
crimes são considerados mais graves e problemáticos que               
outros. O problema da seletividade penal, como afirma               
Jacqueline Sinhoretto (2014, p. 401), é "entender como e por                   
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Versão 1.0 - Atualizada em 15 de maio de 2020 3 
 
que o Estado privilegia a perseguição de certas condutas ou                   
de certos grupos criminosos ou é tolerante com outras                 
condutas e grupos sociais". A seletividade penal produz               
estigmas a determinados grupos sociais e indivíduos, que               
passam a ser considerados não integrantes legítimos de uma                 
sociedade, desviantes. 
 
Estigma é um sinal ou marca que alguém possui, que                   
recebe um significado depreciativo. No início era uma               
marca oficial gravada a fogo nas costas ou no rosto das                     
pessoas. Entretanto, não se trata somente de atributos               
físicos, mas também de imagem social que se faz de                   
alguém para inclusive poder-se controlá-lo e até mesmo               
de linguagem de relações, para empregar expressão de               
Erving Goffman, que compreende que o estigma gera               
profundo descrédito e pode também ser entendido como               
defeito, fraqueza e desvantagem. (BACILA, 2015, p. 30). 
 
Uma das formas de analisar a seletividade penal no                 
caso brasileiro é a partir do seu sistema carcerário. Quem são                     
as pessoas que ficam presas no Brasil? Quais delitos elas                   
cometeram? Se analisarmos os números do sistema             
carcerário veremos de forma clara os estigmas, a               
invisibilidade e a seletividade penal no sistema de justiça                 
criminal brasileiro.  
Há no Brasil atualmente, segundo dados do ​INFOPEN,               
sistema de informações estatísticas do sistema penitenciário             
brasileiro do Governo Federal​, aproximadamente ​750 mil             
presos e presas​. Os crimes contra a patrimônio (como o                   
roubo e furto, por exemplo) ocupam o primeiro lugar de maior                     
incidência, seguido dos delitos da Lei de Drogas.  
Além disso, segundo estatísticas divulgados pelo           
INFOPEN em junho de 2017​, a maior parte da população                   
carcerária é composta por ​jovens​. Entre estes, 29,9%               
possuem entre 18 a 24 anos, seguido de 24,1% entre 25 a 29                         
anos e 19,4% entre 35 a 45 anos. Somados o total de presos                         
até 29 anos de idade totalizam 54% da população carcerária. 
Além de jovens, as pesquisas demonstram que há uma                 
representação da ​população preta e parda no sistema               
prisional brasileiro. As estatísticas mostram que, 46,2% das               
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NOTA EXPLICATIVA 
 
O banco de dados 
Levantamento Nacional 
de Informações 
Penitenciárias – Infopen 
contém informações de 
todas as unidades 
prisionais brasileiras, 
incluindo dados de 
infraestrutura, seções 
internas, recursos 
humanos, capacidade, 
gestão, assistências, 
população prisional, 
perfil das pessoas 
presas, entre outros. 
 
 
 
   
 
 
 
 
Versão 1.0 - Atualizada em 15 de maio de 2020 4 
http://depen.gov.br/DEPEN/depen/sisdepen/infopen/relatorios-sinteticos/infopen-jun-2017-rev-12072019-0721.pdf
 
pessoas privadas de liberdade no Brasil são de cor/etnia                 
parda, seguido de 35,4% da população carcerária de cor/etnia                 
branca e 17,3% de cor/etnia preta. Somados, pessoas presas                 
de cor/etnia pretas e pardas totalizam 63,6% da população                 
carcerária nacional. Mais surpreendentes se tornam os             
números quando sabemos que somados, o total de pardos e                   
pretos representam 55,4% da população brasileira.  
 
 
Figura 1 -​ Etnia/Cor das pessoas privadas de liberdades e da população 
total. ​Fonte:​ Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias - 
Infopen, Junho de 2017 e PNAD Contínua 2017. 
 
Assim, é possível afirmar que majoritariamente estão             
presos e presas no país jovens, pretos ou pardos, que                   
cometeram crimes contra o patrimônio ou delitos             
relacionados à lei de drogas.  
Uma outra forma de analisar a seletividade penal é a                   
partir da ​seletividade da letalidade policial​. Trata-se de um                 
assunto que precisa ser discutido na sociedade brasileira e                 
pelos agentes de segurança pública com maior atenção.  
Um ​estudo realizado pelo Fórum Brasileiro de             
Segurança Pública​, ao analisar 7.952 registros de             
intervenções policiaisde todos os estados federados, com               
exceção da Bahia, identificou o perfil das vítimas dessas                 
mortes e, concluíram que, é possível evidenciar a seletividade                 
da letalidade policial em relação a determinados grupos. No                 
que diz respeito ao sexo, homens representam 99,26% das                 
vítimas da letalidade policial em relação às mulheres. Salta                 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GLOSSÁRIO 
 
Letalidade policial: 
mortes resultantes de 
ações policiais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Versão 1.0 - Atualizada em 15 de maio de 2020 5 
http://www.forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2019/09/Anuario-2019-FINAL-v3.pdf
http://www.forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2019/09/Anuario-2019-FINAL-v3.pdf
 
aos olhos também a seletividade racial, em que os negros são                     
75,4% dos mortos pela polícia. O perfil também evidencia que                   
pessoas jovens, pessoas com baixa escolaridade e que vivem                 
em território de baixa renda compreendem a grande parcela                 
das vítimas da letalidade policial.  
Dessa forma, é preciso que os profissionais da               
segurança pública, especialmente os da segurança pública             
municipal, possam estabelecer outros mecanismos para           
estabelecer um diálogo com a população, sobretudo jovens,               
com o objetivo de atraí-los para projetos de prevenção social                   
e inclusão social.  
 
2. Letra, música e testemunho: a contribuição do 
Hip Hop e do Slam nas políticas públicas de 
segurança e justiça 
 
Considerando a existência de um sistema de justiça               
criminal seletivo na sociedade brasileira, as políticas públicas               
de segurança e justiça precisam ser pensadas para auxiliar no                   
combate às discriminações e desigualdades sociais. Neste             
tópico, ressaltamos a contribuição do Hip Hop e do Slam nas                     
políticas públicas de segurança e justiça, as quais               
problematizam a seletividade penal, a estigmatização e a               
vitimização das juventudes pobres e negras das periferias do                 
Brasil e da América Latina.  
 
O ​hip-hop é um fenômeno cultural que engloba estéticas                 
artísticas, como o break ou street dance (dança de rua),                   
o grafite (pintura aerográfica), o DJ (como produção               
musical) e o rap (como a combinação de ritmo e poesia                     
cantada). De fato, cabe ressaltar que essas diferentes               
manifestações estéticas foram difundidas de modo           
heterogêneo, e o rap foi o mais difundido como cultura                   
popular de uma juventude globalizada. O hip-hop, desde               
sua origem, tem sido associado a uma arte voltada para                   
segmentos excluídos no espaço urbano, como jovens             
imigrantes, negros, mulheres, entre outros. (TAVARES,           
2010, p.310. Grifos nossos). 
 
Já o ​Slam ​surge na contemporaneidade como um novo                 
fenômeno de poesia oral e performática, a partir de batalhas                   
de poesias, especialmente em espaços públicos, que dão               
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Versão 1.0 - Atualizada em 15 de maio de 2020 6 
 
vozes a poetas das periferias, os quais relatam seu cotidiano                   
e temas de relevante valor social como a violência, por                   
exemplo. (NEVES, 2017). 
Tanto o Hip Hop, como o Slam, podem ser                 
considerados elementos culturais extremamente ricos para o             
enfrentamento da criminalidade. O espaço de reconhecimento             
social de jovens é muito importante para uma cultura de paz e                       
para a promoção de uma política de segurança cidadã.  
Um exemplo empírico de como o Hip Hop pode atuar                   
no combate às mais diversas violências e criminalidade é a                   
atuação da Associação da ​Cultura Hip Hop de Esteio (ACHE)​,                   
fundada em 2016 no município de Esteio, no Rio Grande do                     
Sul. A Associação, sem fins lucrativos, atua nos campos da                   
educação, da cultura e das juventudes a partir da perspectiva                   
dos Direitos Humanos, oferecendo gratuitamente oficinas de             
dança, teatro, cinema, grafite e DJ, além de outras atividades                   
e serviços.  
A partir desse processo de mobilização de jovens nas                 
periferias e favelas das mais diversas regiões do país,                 
alternativas são vislumbradas como respostas civis à             
violência. Os grupos discutem e debatem os sofrimentos e as                   
situações vivenciadas no cotidiano e buscam produzir: 
 
imagens alternativas aos estereótipos da criminalidade           
associados a esse segmento da sociedade e “disputam”               
os jovens dessas áreas com o tráfico de drogas,                 
exercendo uma sedução ligada ao glamour da arte, à                 
visibilidade e ao sucesso. (RAMOS, 2007, p. 77).  
 
Tratam-se de alternativas que, somadas aos demais             
esforços que devem surgir das políticas de segurança pública                 
(em âmbito nacional, estadual e municipal), podem contribuir               
de forma expressiva tanto no combate à criminalidade, como                 
no sentido de “dar voz” cada vez mais ao debate da                     
seletividade penal no Brasil.  
Vejamos, a seguir, alguns trechos de letras de músicas                 
de artistas que nos fazem refletir sobre as mais diversas                   
situações de violência, entre eles: Racionais MC, Criolo e                 
 
 
INTERATIVIDADE 
 
"Slam-Voz de Levante" ​é 
um documentário que, 
segundo a sinopse, 
“testemunha o 
crescimento da cena 
brasileira desde 2008, 
inaugurada pela poeta e 
MC Roberta Estrela 
D’Alva, que nos leva em 
viagem às origens, nos 
EUA, e acompanha a 
campeã brasileira de 
2016, Luz Ribeiro, até a 
Copa do Mundo de Slam 
em Paris, representando 
uma nova onda 
feminista e negra que 
tem se firmado pela 
virulência poética do 
verbo politizado”.  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Versão 1.0 - Atualizada em 15 de maio de 2020 7 
https://www.facebook.com/cchesteio/
 
Emicida. 
 
Diário de Um Detento 
Racionais MC's 
  
“São Paulo, dia 1º de Outubro de 1992, oito horas da manhã 
Aqui estou, mais um dia 
Sob o olhar sanguinário do vigia 
Você não sabe como é caminhar com a cabeça na mira de 
uma HK 
Metralhadora alemã ou de Israel 
Estraçalha ladrão que nem papel 
Na muralha, em pé, mais um cidadão José 
Servindo o Estado, um PM bom 
Passa fome, metido a Charles Bronson 
Ele sabe o que eu desejo 
Sabe o que eu penso 
O dia tá chuvoso, o clima tá tenso 
  
Vários tentaram fugir, eu também quero 
Mas de um a cem, a minha chance é zero 
Será que Deus ouviu minha oração? 
Será que o juiz aceitou a apelação? 
Mando um recado lá pro meu irmão 
Se tiver usando droga, tá ruim na minha mão 
Ele ainda tá com aquela mina 
Pode crer, moleque é gente fina 
Tirei um dia a menos ou um dia a mais, sei lá 
Tanto faz, os dias são iguais 
Acendo um cigarro, e vejo o dia passar 
  
Mato o tempo pra ele não me matar 
Homem é homem, mulher é mulher 
Estuprador é diferente, né? 
Toma soco toda hora, ajoelha e beija os pés 
E sangra até morrer na rua 10 
Cada detento uma mãe, uma crença 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Versão 1.0 - Atualizada em 15 de maio de 2020 8 
https://www.letras.mus.br/racionais-mcs/
 
Cada crime uma sentença 
Cada sentença um motivo, uma história delágrima 
Sangue, vidas e glórias, abandono, miséria, ódio 
Sofrimento, desprezo, desilusão, ação do tempo 
Misture bem essa química 
Pronto, eis um novo detento 
  
(...) 
  
Ratatatá, mais um metrô vai passar 
Com gente de bem, apressada, católica 
Lendo jornal, satisfeita, hipócrita 
Com raiva por dentro, a caminho do centro 
Olhando pra cá, curiosos, é lógico 
Não, não é não, não é o zoológico 
  
Minha vida não tem tanto valor 
Quanto seu celular, seu computador 
Hoje tá difícil, não saiu o Sol 
Hoje não tem visita, não tem futebol 
Alguns companheiros têm a mente mais fraca 
Não suportam o tédio, arruma quiaca 
Graças a Deus e à Virgem Maria 
Faltam só um ano, três meses e uns dias 
Tem uma cela lá em cima fechada 
Desde Terça-feira ninguém abre pra nada 
Só o cheiro de morte e Pinho Sol 
Um preso se enforcou com o lençol  
(...)” 
 
Cria de Favela 
Criolo 
  
“Oh laraie 
Tava escutando Fela 
Da boca da minha janela 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Versão 1.0 - Atualizada em 15 de maio de 2020 9 
https://www.letras.mus.br/criolo/
 
Suco de seriguela 
Azedo não vai ficar 
Moleque da biqueira 
Que tava no corre corre 
Quando escuta reggae e Bob 
Biqueira não vai voltar 
  
Oh laraie 
  
Menino você não pode voltar 
Porque a biqueira não é seu lugar 
Quem vai lucrar com essa patifaria 
É gente da alta na papelaria 
Delação premiada jogo de poder 
E se for pra rua tentam me deter 
Mozinho tá longe 
Eu vivo a sofrer 
Criado em favela é melhor não mexer 
  
Oh laraie 
  
Menino você não pode voltar 
Porque a biqueira não é seu lugar 
Quem vai lucrar com essa patifaria 
É gente da alta na papelaria 
Delação premiada jogo de poder 
E se for pra rua tentam me deter 
Mozinho tá longe 
Eu vivo a sofrer 
Me aposentar só depois de morrer 
Oh laraie” 
 
A Cada Vento 
Emicida 
  
“Hoje de manhã, atravessando o mar 
 
Versão 1.0 - Atualizada em 15 de maio de 2020 10 
https://www.letras.mus.br/emicida/
 
Vou me perder, vou me encontrar, a cada vento que soprar 
Cada dia é uma chance pra ser melhor que ontem 
O sol prova isso quando cruza o horizonte 
Vira fonte que aquece, ilumina 
Faz igualzinho o olhar da minha menina 
Outra vez, a esperança na mochila eu ponho 
Quanto tempo a gente ainda tem pra realizar o nosso 
sonho? 
  
Não posso me perder não 
Vários trocou sorriso por dim, hoje tão vagando nas 
multidão 
Sem rosto, na boca o gosto da frustração 
To disposto a trazer a cor dessa ilustração 
No meu posto, dedico o tempo por fração 
Pra no fim não levar comigo interrogação 
Ação sem câmera, só luz pra conduzir 
Sinceridade pra sentir a alma reluzir 
  
Os inimigo não vai me alcançar, não vai me pegar, não vai 
me tocar 
Nem me ofender, eles não podem me enxergar, quem dirá 
me entender 
Eu sei que cada orixá vai me proteger 
Pq minhas rima são, oração de coração 
Homenagem a quem volta cansado dentro dos busão 
  
Então, sucesso na missão parceiro 
É ter paz quando pôr a cabeça no travesseiro 
Conseguir manter quem te faz bem, perto 
Parabéns mamãe, seu projeto de homem feliz deu certo! 
(...)” 
 
Conclusão 
 
Refletir sobre a seletividade penal é pensar muito além                 
dos códigos, das leis, das normas e resoluções. É refletir                   
 
Versão 1.0 - Atualizada em 15 de maio de 2020 11 
 
sobre problemas sociais, econômicos e políticos que             
merecem destaque e atenção nos estudos de segurança               
pública. O presente conteúdo abordou questões relacionadas             
às políticas públicas de segurança e justiça a partir da análise                     
sobre o estigma, a invisibilidade e a seletividade penal.                 
Especificamente, trouxe o exemplo da arte da música e da                   
poesia, como a potência do Hip Hop e do Slam, com o                       
objetivo de demonstrar que existem diversas alternativas             
viáveis e importantes para auxiliar na promoção de direitos e                   
no combate à violência e criminalidade no país.  
Para refletir 
 
Qual é a importância de fenômenos culturais, como a música,                   
para a promoção de políticas de segurança pública no Brasil? 
  
    
Revisão de conceitos 
 
➔ Estigma: sinal ou marca que alguém possui, que               
recebe um significado depreciativo. No início era uma               
marca oficial gravada a fogo nas costas ou no rosto                   
das pessoas. Entretanto, não se trata somente de               
atributos físicos, mas também de imagem social que               
se faz de alguém para inclusive poder-se controlá-lo e                 
até mesmo de linguagem de relações, para empregar               
expressão de Erving Goffman, que compreende que o               
estigma gera profundo descrédito e pode também ser               
entendido como defeito, fraqueza e desvantagem.           
(BACILA, 2015). 
➔ Seletividade penal: ​diz respeito a quem o Estado acusa                 
e condena, e, ainda, por qual razão determinados               
crimes são considerados mais graves e problemáticos             
que outros. 
➔ Hip-Hop​: fenômeno cultural que engloba estéticas           
artísticas, como o break ou street dance (dança de                 
rua), o grafite (pintura aerográfica), o DJ (como               
 
 
 
 
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produção musical) e o rap (como a combinação de                 
ritmo e poesia cantada). (TAVARES, 2010). 
➔ Slam: ​novo fenômeno contemporâneo de poesia oral e               
performática, a partir de batalhas de poesias,             
especialmente em espaços públicos. (NEVES, 2017). 
    
Para complementar os estudos 
 
Dica de documentário: "Slam - Voz de Levante", de Tatiana                   
Lohmann e Roberta Estrela D'Alva. 
➔ Sinopse: ​“Platéia, poetas, poemas próprios e jogo de               
cintura: essa é a fórmula dos Poetry Slams,               
campeonatos performáticos de poesia falada que vem             
se espalhando pelo mundo. O filme testemunha o               
crescimento da cena brasileira desde 2008, inaugurada             
pela poeta e MC Roberta Estrela D’Alva, que nos leva                   
em viagem às origens, nos EUA, e acompanha a                 
campeã brasileira de 2016, Luz Ribeiro, até a Copa do                   
Mundo de Slam em Paris, representando uma nova               
onda feminista e negra que tem se firmado pela                 
virulência poética do verbo politizado”. 
Dica de filme: ​"A 13ª Emenda" (Netflix), de Ava DuVernay. 
➔ Descrição: ​Estudiosos, ativistas e políticos analisam a             
correlação entre a criminalização da população negra             
dos EUA e o boom do sistema prisional do país, a partir                       
da 13ª Emenda: “"Não haverá, nos Estados Unidos ou                 
em qualquer lugar sujeito à sua jurisdição, nem               
escravidão, nem trabalhos forçados, salvo como           
punição de um crime pelo qual o réu tenha sido                   
devidamente condenado". 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Referências bibliográficas 
BACILA, Carlos Roberto. ​Criminologia e estigmas​: um estudo 
sobre os preconceitos. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2015. 
 
FBSP - Fórum Brasileiro de Segurança Pública. ​Anuário 
Brasileiro de Segurança Pública 2019​. Disponível em: 
http://www.forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2019
/09/Anuario-2019-FINAL-v3.pdf​. 
 
NEVES, Cynthia Agra de Brito. Slams - Letramentos literários 
de reexistência ao/no mundo contemporâneo. In: ​Linha 
D'Água (Online)​, São Paulo, v. 30, n. 2, p. 92-112, out. 2017. 
Disponível em: 
http://www.revistas.usp.br/linhadagua/article/view/134615/1
35272​. 
 
RAMOS, Silvia. Direito à segurança, um desafio parao Brasil. 
In: ​Instituto de Estudos Socioeconomicos​ - Pensando uma 
agenda para o Brasil: desafios e perspectivas. Brasília: Inesc, 
2007, pp. 68-85. Disponível em: 
https://www.ucamcesec.com.br/textodownload/direito-a-seg
uranca-uma-agenda-para-o-brasil/​. 
 
SINHORETTO, Jacqueline. Seletividade penal e acesso à 
justiça. In: LIMA, Renato Sérgio de; RATTON, José Luiz; 
AZEVEDO, Rodrigo Ghiringhelli de (orgs). ​Crime, polícia e 
Justiça no Brasil​. São Paulo: Contexto, 2014.  
 
TAVARES, Breitner. Geração hip-hop e a construção do 
imaginário na periferia do Distrito Federal. In: ​Revista 
Sociedade e Estado​ - Volume 25 Número 2 Maio / Agosto, 
2010. Disponível em: 
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010
2-69922010000200008​. 
 
 
 
 
 
Versão 1.0 - Atualizada em 15 de maio de 2020 14 
http://www.forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2019/09/Anuario-2019-FINAL-v3.pdf
http://www.forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2019/09/Anuario-2019-FINAL-v3.pdf
http://www.revistas.usp.br/linhadagua/article/view/134615/135272
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https://www.ucamcesec.com.br/textodownload/direito-a-seguranca-uma-agenda-para-o-brasil/
https://www.ucamcesec.com.br/textodownload/direito-a-seguranca-uma-agenda-para-o-brasil/
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-69922010000200008
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-69922010000200008

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