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Curso Superior de Tecnologia em Segurança Pública Municipal Controle Social e Sistema Penal Eduardo Pazinato da Cunha 1ª Edição Coordenação de Educação a Distância Faculdade de Direito de Santa Maria - FADISMA Copyright © 2020 - FADISMA - Todos os direitos reservados Versão 1.0 - Atualizada em 13 de maio de 2020 1 ENTENDA OS ÍCONES Atenção: indica pontos de maior relevância no texto. Biografia: é um breve resumo biográfico acerca do autor. Interatividade: remete o tema para outras fontes: livros, filmes, músicas, sites, programas de tv, etc. Glossário: indica a definição de um termo, palavra ou expressão utilizada no texto. Nota explicativa: tem por objetivo explicar algo que foi mencionado no texto. Pense nisso: instiga para refletir sobre o assunto. Saiba mais: informações que enriquecem o assunto, podem ser curiosidades ou notícias relacionadas ao tema. Versão 1.0 - Atualizada em 13 de maio de 2020 2 CONTROLE SOCIAL E SISTEMA PENAL Para início de estudo Em um primeiro momento, é importante compreender que não existe apenas uma Criminologia, mas sim diversas Criminologias - o que significa uma "pluralidade de discursos sobre o crime, o criminoso, a vítima, a criminalidade, os processos de criminalização e as violências institucionais produzidas pelo sistema penal". (CARVALHO, 2015, p. 40-41). No entanto, para facilitar a compreensão lógica e geral da ideia da Criminologia, alguns autores buscam denominadores comuns para conceituá-la de forma simples, tal como fazem Luiz Regis Prado e Alfonso Maíllo, quando escrevem que a criminologia é a “ciência que se ocupa do delito e do delinquente como fenômeno individual e social”. (PRADO e MAÍLLO, 2019, p. 4). É por isso que há diferenças substanciais entre a Criminologia e o Direito Penal. Por exemplo, enquanto o Direito Penal se preocupa com a ideia do delito enquanto norma, com a definição do que é ou o que não é crime ou contravenção penal (legalidade). Já a Criminologia vislumbra um estudo mais amplo, interdisciplinar e complexo do delito, do criminoso, da vítima, dos fatores que contribuem para determinadas violências. Dentro desse contexto o debate sobre o controle social e o sistema penal acontece. Seria o sistema penal uma espécie de controle social repressivo? Com o objetivo de apresentar noções gerais sobre o Controle Social e o Sistema Penal, considerando as noções preliminares da Criminologia o conteúdo divide-se em três partes principais: 1. Noções preliminares de criminologia: a transição para uma abordagem crítica; 2. Características do Controle Social: desconstruindo a ideologia da defesa social e a cultura punitiva; GLOSSÁRIO Interdisciplinar: que estabelece relações entre duas ou mais disciplinas ou ramos de conhecimento. Versão 1.0 - Atualizada em 13 de maio de 2020 3 3. Punição, Pena e Castigo: desafios socioculturais e político-institucionais para a consolidação da democracia no Brasil. Vamos iniciar? 1. Noções preliminares de criminologia: a transição para uma abordagem crítica As teorias criminológicas são diversas e há um debate interdisciplinar (Sociologia, Antropologia, Psicologia, Psiquiatria, etc.) intenso que ronda as mais diversas percepções sobre o crime, o criminoso e a criminalidade como um todo. No entanto, é possível fazer uma distinção básica entre as criminologias tradicionais e as criminologias críticas. Os criminólogos tradicionais examinam problemas do tipo "quem é criminoso?", "com) se torna desviante?", "em quais condições um condenado se torna reincidente?", "com que meios se pode exercer controle sobre o criminoso?". Ao contrário, os interacionistas, em geral os autores que se inspiram no labeling approach, se perguntam: quem é definido como desviante?", "que efeito decorre desta definição sobre o indivíduo?", "em que condições este indivíduo pode se tornar objeto de uma definição?" e, enfim, "quem define quem?" (BARATTA, 2002, p. 88). Para realizar uma breve distinção entre as criminologias tradicionais e as críticas, veremos algumas mudanças que ocorreram ao longo do tempo nas bases da Criminologia e que podem ser compreendidas a partir de algumas referências históricas, que, ressalta-se, não são únicas, mas ajudam a compreender o todo. O fenômeno do crime desde sempre foi motivo de reflexão entre os mais diversos pensadores, entre eles, por exemplo, Aristóteles e Platão. No entanto, foi com o surgimento da Escola Clássica à época do Iluminismo, sobretudo com a contribuição de Cesare Beccaria (1738-1794), que os estudos sobre o crime passaram a ser considerados de certa forma autônomos. A Escola Clássica NOTA EXPLICATIVA A obra mais famosa de Cesare Beccaria foi "Dos Delitos e das Penas", de 1764. O debate girava em torno de direitos humanitários e da crítica a alguns métodos punitivos do Estado, como a tortura e a pena de morte. Versão 1.0 - Atualizada em 13 de maio de 2020 4 preocupava-se com o humano, com a ideia de que o crime deveria ser combatido com uma pena proporcional ao dano/mal causado pelo criminoso em sério combate ao período inquisitorial que havia passado de forma intensa pelas mais diversas sociedades. E essa foi justamente a principal crítica posterior feita à Escola Clássica, qual seja: preocupava-se com a legalidade, com o estudo da lei, mas não se dedicou intensamente a estudar os fatores que criam o crime e o criminoso. A partir desta crítica, surge a Escola Positivista, que preocupava-se em compreender os motivos pelos quais determinada pessoa era levada a delinquir. Aqui os estudos empíricos ganharam força, já que a ideia principal era justamente analisar as causas do fenômeno da criminalidade. Surge, nesta escola, Cesare Lombroso (1835-1909), que acreditava que certos fatores biológicos, tais como lábios grossos, mãos grandes, etc., deveriam ser considerados na configuração do crime e do criminoso. Ou seja, pessoas com determinadas características físicas e biológicas seriam pré-dispostas a cometerem crimes. Na Escola Positivista destaca-se também EnricoFerri (1856-1929), o qual acreditava que não só fatores biológicos determinavam o criminoso, como também fatores individuais, físicos e sociais. Para além dos fatores biológicos, compreendia o crime como um fenômeno social. Outro destaque do período da Escola Positivista foi Raffaelle Garófalo (1825-1934), que "buscou compreender o crime como algo natural, ou seja, possuidor de certas características nocivas que fazem com que surja o fenômeno criminoso". (GONZAGA, 2018, p. 49). Para ele, o criminoso não possuía necessariamente uma doença ou patologia, como afirmava Lombroso (1835-1909), mas sim poderia ter uma anomalia psíquica ou moral, que, inclusive, poderia ser transmitida hereditariamente. Com o passar do tempo, a ideia do pensamento da Escola Positivista foi caindo por terra, sobretudo após o surgimento e destaque dos crimes de "colarinho-branco", que veremos mais adiante. NOTA EXPLICATIVA Cesare Lombroso foi o criador do conceito de "criminoso nato". Referia-se a nato o delinquente que possuía determinadas características corporais - que se equiparavam, segundo ele, a selvagens - e que, portanto, deveria ser separado da sociedade. Versão 1.0 - Atualizada em 13 de maio de 2020 5 A próxima Escola a ter destaque nos estudos criminológicos seria a conhecida por Escola Eclética ou Intermediária. Visava unir as ideias das duas escolas anteriores, Clássica e Positivista, na busca de uma explicação para a criminalidade. Os principais estudiosos dessa Escola foram Manuel Carnevale, Bernardino Alimena e João Impallomeni. Misturando elementos das escolas anteriores, ele fixaram alguns aspectos para estudar a criminalidade, entre elas a distinção entre imputáveis e inimputáveis; responsabilidade moral baseada no determinismo (quem não tiver a capacidade de se levar pelos motivos deverá receber uma medida de segurança); crime como fenômeno social e individual; pena com caráter aflitivo, cuja finalidade é a defesa social. (GONZAGA, 2018, p. 53). A Escola Intermediária não é vista por alguns como uma Escola eminentemente da Criminologia, pois adotada elementos do Direito Penal para explicar a questão da criminalidade, o que acaba por simplificar questões complexas. Trata a pena como algo "de caráter aflitivo, pugnando apenas pela defesa social" (GONZAGA, 2018, p. 55), ignorando, por exemplo, o aspecto ressocializador ou reintegrador da pena. É possível compreender que as críticas mais contundentes nos estudos criminológicos começam a surgir a partir das perspectivas desvendadas por aquela que ficou conhecida como uma das mais completas teorias da criminalidade à época, o Labeling Approach (Teoria do Etiquetamento). Essa teoria surge após a Segunda Guerra Mundial, no início da década de 60, nos Estados Unidos e um dos principais autores dessa corrente interacionista foi Howard S. Becker. Em síntese, essa percepção parte da ideia de que não é possível compreender a criminalidade se não estudar a (...) ação do sistema penal, que a define e reage contra ela, começando pelas normas abstratas até a ação das instâncias oficiais (polícia, juízes, instituições penitenciárias que as aplicam), e que, por isso, o status social de delinquente pressupõe, necessariamente, o Versão 1.0 - Atualizada em 13 de maio de 2020 6 efeito da atividade das instâncias oficiais de controle social da delinquência. (BARATTA, 2002, p. 86. Grifo nosso). Em outras palavras, essa teoria busca mecanismos seletivos que guiam a criminalização e a estigmatização de determinados sujeitos. (BARATTA, 2002, p. 148). Haveria, assim, um desvio social por parte destes indivíduos que recebem um etiquetamento por suas condutas. Com influências marxistas, a criminologia crítica compreende que a criminalidade não é mais uma “qualidade ontológica de determinados comportamentos e de determinados indivíduos, mas se revela, principalmente, como um status atribuído a determinados indivíduos". (BARATTA, 2002, p. 161). Este status ocorre a partir de duas perspectivas. Primeiro, há a seleção dos bens protegidos penalmente (definição legal dos crime) e dos comportamentos ofensivos destes bens, descritos nos tipos penais. Segundo, há a seleção dos indivíduos estigmatizados entre todos os indivíduos que cometem os delitos, ou seja, há um etiquetamento e uma estigmatização de um autor como criminoso. O movimento de transição das teorias liberais tradicionais para uma criminologia crítica foi lenta e gradual. O próprio Labeling Approach pode ser considerado um momento de transição entre as criminologias tradicionais e as críticas, que, em simples palavras, deixam de se preocupar com as questões da criminalidade como uma verdade ontológica, pré-constituída a partir de critérios biológicos, genéticos, hereditários, etc., para estudar a criminalidade a partir da seletividade penal, das desigualdades sociais e dos mais diversos fatores que podem ou não tornar determinado sujeito criminoso. 2. Características do Controle Social: desconstruindo a ideologia da defesa social e a cultura punitiva Versão 1.0 - Atualizada em 13 de maio de 2020 7 A ideologia da defesa social é a base de discursos repressivos que envolvem o sistema penal. De acordo com Baratta (2002), tanto a Escola Clássica, como a Escola Positivista da Criminologia, sustentam, cada uma a seu modo, a ideologia do sistema penal baseado na defesa social. Tanto noções da Escola Clássica como da Positivista acabaram por fazer parte da "filosofia dominante na ciência jurídica e das opiniões comuns" (BARATTA, 2002, p. 42), o que se intensificou tanto nos discursos de agentes do sistema penal (como os do sistema penitenciário, por exemplo), como também nos discursos dos "homens de rua". Para explicar o conteúdo da ideologia da defesa social, Baratta elenca alguns princípios, são eles: 1. Princípio da Legitimidade: legitimidade do estado (reprovação/condenação/reafirmação). O Estado é legítimo para reprimir a criminalidade. 2. Princípio do Bem e do Mal: desvio/desviante (crime/criminoso=mal x sociedade=bem). O crime e o criminoso são dois males que acometem a sociedade de “bem”. 3. Princípio da finalidade deprevenção: cominação/retribuição/contramotivação e sanção/prevenção/ressocialização. A lei positivada busca não só uma sanção, mas sim uma prevenção geral. 4. Princípio da Igualdade: lei e reação penais iguais para todos. 5. Princípio do interesse social e do delito natural: desvio/crime violação de interesses fundamentais da sociedade. A sociedade quer proteger seus bens mais valiosos, por isso condutas que violam tais bens são reprováveis e tuteladas criminalmente. Para superar a ideologia da defesa social, Baratta (2002) sugere que se busque na sociologia da criminalidade respostas que a ciência jurídico-penal não consegue alcançar. Diversas são as teorias sociológicas que se preocuparam em desconstruir a ideologia de defesa social (funcionalistas, Versão 1.0 - Atualizada em 13 de maio de 2020 8 psicanalíticas, entres outras) e a cultura punitivista. Uma transição importante aconteceu justamente com a Labeling Approach, como visto anteriormente. Este pode ser considerado o momento de passagem das teorias da ideologia social para as teorias da reação social. Os crimes considerados de “colarinho branco” foram os grandes objetos de estudo para a compreensão do rompimento da ideologia da defesa social. Percebeu-se que pessoas de status elevado (com alto nível sócio-econômico), bem vistas na sociedade, cometiam desvios/crimes e conseguiam passar impunes pela repressão penal. Chegou-se a conclusão que: ➔ O Direito Penal não tutela os bens e interesse de todos os membros da sociedade, e quando defende os bens essenciais, o faz de forma fragmentária; ➔ A lei penal não trata a todos com igualdade, o estigma de criminoso é distribuído desigualmente entre os indivíduos na sociedade; ➔ O grau de tutela e a distribuição do estigma de criminoso não é proporcional ao dano causado à sociedade através da conduta criminosa, ou seja, não é a gravidade da ação que determina a intensidade da repressão penal. (NASPOLINI e CASTRO, 2016, p.175). O debate sobre a seletividade do sistema penal se intensificou a partir destas percepções sobre a criminalidade. No Brasil, em específico, a seletividade do sistema penal (polícias, judiciário, penitenciárias, etc) ganham espaço há muito tempo. A seletividade ocorre diante de um Estado de controle social penal que apresenta algumas características marcantes, tais como: polícia repressiva, judiciário penalizante, privatização do controle social. (SANTOS, 2004, p. 9). A questão da seletividade penal do Estado nos remete a pensar nos desafios socioculturais e políticos-institucionais para consolidação da democracia brasileira, em busca de uma segurança cidadã no sentido de pensar o controle social Versão 1.0 - Atualizada em 13 de maio de 2020 9 vinculado também à participação social e comunitária. 3. Punição, Pena e Castigo: desafios socioculturais e político-institucionais para a consolidação da democracia no Brasil A última seção deste conteúdo, preocupa-se em expor, em tópicos, alguns dos principais desafios existentes no sistema brasileiro, tendo em vista as percepções da criminologia, do controle social e da seletividade penal. Não é de hoje que sociólogos e todos os profissionais preocupados com o sistema penal, incluídos aqui os agentes de segurança pública, vêem-se frente a questão da criminalidade e apresentam a ideia de que "a violência como nova questão social global está provocando mudanças nos diferentes Estados, com a configuração de Estado de Controle Social repressivo". (SANTOS, 2004, p. 8). Os fenômenos da violência difusa adquirem novos contornos, passando a disseminar-se por toda a sociedade. Essa multiplicidade das formas de violência presentes nas sociedades contemporâneas – violência ecológica, exclusão social, violência entre os gêneros, racismos, violência na escola – configuram-se como um processo de dilaceramento da cidadania. (SANTOS, 2004, p. 5). A busca pela consolidação da democracia e do Estado Democrático de Direito no Brasil perpassam pela esfera do sistema penal e pela compreensão ampla e sistêmica de todos os setores que interferem e interagem com as questões da criminalidade e da violência. Vejamos alguns exemplos de situações que nos desafiam a pensar o controle social repressivo do sistema penal em busca de novas alternativas: 1. Aumento da letalidade das violências (em especial da letalidade juvenil – de jovens negros): o que fazer? - “Os homicídios são hoje a principal causa de morte de jovens de 15 a 29 anos no Brasil e atingem especialmente jovens negros do sexo masculino, INTERATIVIDADE Números atualizados sobre homicídio e mortes violentas, além de outras questões relacionadas à violência podem ser acessados aqui. Versão 1.0 - Atualizada em 13 de maio de 2020 10 http://www.forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2019/10/Anuario-2019-FINAL_21.10.19.pdf moradores das periferias e áreas metropolitanas dos centros urbanos. Dados do Ministério da Saúde mostram que mais da metade (52,7%) das 52.198 vítimas de homicídios em 2011 eram jovens, dos quais 71,5% negros* (pretos e pardos) e 93,04% do sexo masculino.” (Plano Juventude Viva, 2018, s/p ). 2. Interiorização da prática de violências: passagem da análise das violências dos grandes centros para os municípios e seus interiores; 3. Ampliação do sentimento de insegurança e medo social nas cidades: desconfiança no trabalho policial e no sistema de justiça criminal como um todo; 4. Pressão social e midiática: espetacularização das violências; 5. Falta de articulação institucional entre agências de segurança e justiça: União, Estados e Municípios; 6. Baixo nível de modernização do sistema de segurança e justiça: ausência de estratégia e inteligência; 7. Reduzida transparência (accountability) na gestão da informação: Diagnóstico, Monitoramento e Avaliação; 8. Baixa capacidade institucional do sistema de segurança e justiça no campo da prevenção e controle de crimes e violência: especialmente tráfico de drogas, homicídios, roubos em geral, roubos de veículos e roubos de estabelecimentos comerciais - Capitais, médias e grandes cidades e Regiões Metropolitanas; 9. Ausência de diagnósticos claros, articulação em planos de ação, permanentemente monitorados: gestão da informaçãoe novas tecnologias; 10.Ausência de uma política sobre drogas: a necessidade de se pensar uma política de drogas responsável e de acordo com o Estado Democrático de Direito. Nesse sentido, torna-se importante compreender e refletir sobre as complexas interações entre controle social SAIBA MAIS Para um estudo aprofundado sobre as questões das drogas no Brasil, ver: CARVALHO, Salo de. A política criminal de drogas no Brasil: estudo criminológico e dogmático da Lei 11.343/06. 8ª ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2016. Versão 1.0 - Atualizada em 13 de maio de 2020 11 https://www.gov.br/mdh/pt-br/navegue-por-temas/igualdade-racial/programas/juventude-viva formal (pelo Estado) e informal (pelos segmentos da comunidade), e as estruturas social, política e econômica mais amplas - que são produtoras de desigualdades e acabam por refletir no sistema de segurança e justiça. Conclusão O presente conteúdo buscou apresentar algumas das principais reflexões que englobam o tema do controle social e do sistema penal a partir do enfoque das noções básicas de Criminologia. A partir da compreensão da transformação da Criminologia ao longo do tempo, foi possível perceber como o sistema penal foi se moldando as mais diversas concepções da criminalidade e do criminoso. Além disso, identificou-se que, no Brasil, ainda há diversos desafios socioculturais e político-institucionais para a consolidação da democracia e do Estado Democrático de Direito, todos vinculados de alguma forma ao controle social e ao sistema penal. Para refletir Qual é o seu posicionamento sobre a seletividade do sistema penal brasileiro? Você já se perguntou que tipos de crimes cometeram o grande número de presos existentes no Brasil? Qual é a razão para o Brasil possuir uma das maiores populações carcerárias no mundo? Revisão de conceitos ➔ Criminologia, uma possível definição: “é a “ciência que se ocupa do delito e do delinquente como fenômeno individual e social”. (PRADO e MAÍLLO, p. 4). Versão 1.0 - Atualizada em 13 de maio de 2020 12 ➔ Teoria do Labeling Approach (Etiquetamento Social): é uma teoria criminológica que apresentar a ideia central de que as noções de crime e criminoso são construídas socialmente a partir da definição legal (normas/legalidade) e das ações de instâncias oficiais de controle social (sistema penal) a respeito do comportamento de determinados sujeitos. Para complementar os estudos ➔ Sistema prisional em números: https://www.cnmp.mp.br/portal/relatoriosbi/sistema-p risional-em-numeros ➔ Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2019: http://www.forumseguranca.org.br/wp-content/upload s/2019/10/Anuario-2019-FINAL_21.10.19.pdf Versão 1.0 - Atualizada em 13 de maio de 2020 13 https://www.cnmp.mp.br/portal/relatoriosbi/sistema-prisional-em-numeros https://www.cnmp.mp.br/portal/relatoriosbi/sistema-prisional-em-numeros http://www.forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2019/10/Anuario-2019-FINAL_21.10.19.pdf http://www.forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2019/10/Anuario-2019-FINAL_21.10.19.pdf Referências bibliográficas BARATTA, Alessandro. Criminologia Crítica e Crítica do Direito Penal: Introdução à Sociologia do Direito Penal. Rio de Janeiro: Renavan, 2002. CARVALHO, Salo de. A política criminal de drogas no Brasil: estudo criminológico e dogmático da Lei 11.343/06. 8ª ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2016. GONZAGA, Christiano. Manual de criminologia. São Paulo: Saraiva, 2018. MAÍLLO, Alfonso Serrano; PRADO, Luiz Regis. Criminologia. 4ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019. NASPOLINI, Samyra H.D. F.; CASTRO, Matheus Felipe. O Direito Fundamental de Igualdade, a Ideologia da Defesa Social e a Seletividade do Sistema Penal Brasileiro. In: CONPEDI Law Review, Uruguai, v. 2, n. 4, pp. 164 - 179, jul-dez, 2016. SANTOS, José Vicente Tavares dos. Violências e dilemas do controle social nas sociedades da "modernidade tardia". In: São Paulo em Perspectiva, n 18., v.1, pp. 3-12, 2004. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102 -88392004000100002. Versão 1.0 - Atualizada em 13 de maio de 2020 14 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-88392004000100002 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-88392004000100002
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