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1
FACULDADE ÚNICA
DE IPATINGA
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
1ª edição 
Ipatinga – MG 
2022 
Suelen Martins
Doutora em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal de Minas Gerais. Mestre em
Estudos de Linguagem pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais,
Especialista em Língua Portuguesa pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e
graduada em Letras Português/Inglês e suas respectivas literaturas pelo Centro Universitário
de Belo Horizonte. Dedica-se ao estudo da divulgação científica em matérias jornalísticas
brasileiras e norte-americanas a partir dos aspectos que constituem essa prática textual,
principalmente, no que tange à perspectiva das metáforas cognitivas utilizadas para
esclarecer conhecimentos.
Natasha Ribeiro de Oliveira
Mestre e doutoranda em Linguística e Língua Portuguesa pela Faculdade de Ciências e
Letras de Araraquara. Possui graduação em Letras, com habilitação em Português e
Francês pela Faculdade de Ciências e Letras de Assis. Desenvolve, atualmente, estudo
com referencial teórico-metodológico do Círculo de Bakhtin, com o apoio da CAPES,
intitulado "Arte, mídia e política: uma análise bakhtiniana de "bolsominions" e "petralhas".
Desenvolveu, em nível de mestrado e iniciação científica, pesquisas na mesma área da
análise do discurso, com ênfase na verbivocovisualidade da linguagem. Membro-
pesquisadora e secretariado GED - Grupo de Estudos Discursivos.
PRÁTICA PEDAGÓGICA INTERDISCIPLINAR:
LINGUÍSTICA GERAL
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
FACULDADE ÚNICA EDITORIAL 
 
Diretor Geral: Valdir Henrique Valério 
Diretor Executivo: William José Ferreira 
Ger. do Núcleo de Educação a Distância: Cristiane Lelis dos Santos 
Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: Gilvânia Barcelos Dias Teixeira 
Revisão Gramatical e Ortográfica: Izabel Cristina da Costa 
Revisão/Diagramação/Estruturação: Bárbara Carla Amorim O. Silva 
 Bruna Luiza Mendes Leite 
 Carla Jordânia G. de Souza 
 Guilherme Prado Salles 
 Fernanda Cristine Barbosa 
Design: Brayan Lazarino Santos 
 Élen Cristina Teixeira Oliveira 
 Maria Eliza Perboyre Campos 
 Taisser Gustavo de Soares Duarte 
 
 
 
 
 
© 2021, Faculdade Única. 
 
Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autorização 
escrita do Editor. 
 
 
 
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920. 
 
 
 
 
 
NEaD – Núcleo de Educação a Distância FACULDADE ÚNICA 
Rua Salermo, 299 
Anexo 03 – Bairro Bethânia – CEP: 35164-779 – Ipatinga/MG 
Tel (31) 2109 -2300 – 0800 724 2300 
www.faculdadeunica.com.br
http://www.faculdadeunica.com.br/
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
Menu de Ícones 
Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do conteúdo 
aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones ao lado dos textos. Eles 
são para chamar a sua atenção para determinado trecho do conteúdo, cada um 
com uma função específica, mostradas a seguir: 
 
 
 
São sugestões de links para vídeos, documentos 
científicos (artigos, monografias, dissertações e teses), 
sites ou links das Bibliotecas Virtuais (Minha Biblioteca e 
Biblioteca Pearson) relacionados com o conteúdo 
abordado. 
 
Trata-se dos conceitos, definições ou afirmações 
importantes nas quais você deve ter um maior grau de 
atenção! 
 
São exercícios de fixação do conteúdo abordado em 
cada unidade do livro. 
 
São para o esclarecimento do significado de 
determinados termos/palavras mostradas ao longo do 
livro. 
 
Este espaço é destinado para a reflexão sobre 
questões citadas em cada unidade, associando-o a 
suas ações, seja no ambiente profissional ou em seu 
cotidiano. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
 
INTRODUÇÃO À LINGUÍSTICA 
APLICADA 
 
 
 
 
Neste capítulo, conceitua-se a linguística aplicada (LA) como uma área que 
se ocupa de investigar a linguagem como prática social contextualizada. A seguir, 
é mostrado o percurso histórico da linguística aplicada desde o seu primeiro curso 
em 1946 até a contemporaneidade. Por fim, são apresentadas as noções de 
linguagem e de gramática à luz da linguística aplicada. 
 
1.1 LINGUÍSTICA APLICADA: DEFINIÇÕES 
De acordo com Battisti e Silva (2017), a linguística aplicada se destina à 
investigação da linguagem em uso, ou melhor, trata-se do estudo da linguagem em 
diferentes contextos sócio-históricos e com diferentes objetivos comunicativos. Sendo 
assim, pensar nessa linguística é conceber o apagamento das fronteiras entre teoria 
e prática, perspectiva presente na linguística tradicional. A ideia de língua enquanto 
sistema, cunhado por Sausurre (1916), por exemplo, cai por terra para dar espaço à 
língua em sua manifestação discursiva. 
 
 
 
As pesquisas realizadas pela linguística aplicada, de maneira geral, são 
voltadas à compreensão dos mecanismos de ensino e de aprendizagem da língua 
(materna ou estrangeira). O linguista aplicado, como é chamado o pesquisador 
dessa área, pode se interessar, por exemplo, pelo estudo da interferência da 
UNIDADE 
01 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
 
oralidade na produção de textos escritos em situações mais formais da língua (como, 
por exemplo, crônicas, relatos científicos, editoriais) por alunos do 9.º ano do Ensino 
Fundamental II. Ao analisar os textos escritos por esses alunos, esse pesquisador pode 
encontrar algumas marcas de oralidade, tais como gírias, abreviaturas, expressões 
de menos prestígio e desvios de norma em um gênero de texto escrito, como uma 
carta do leitor. As pesquisas em linguística aplicada, de praxe, tentam propor 
sugestões para “solucionar” as problemáticas envolvendo o uso social da língua. 
 
Figura 1: Produção textual com interferência de oralidade 
 
Fonte: Ferreira e Moreira (2014) 
 
O texto acima consta no artigo A influência do texto oral nas produções 
escritas dos alunos, de Ferreira e Moreira (2014), sobre as dificuldades enfrentadas por 
alunos, advindos das séries iniciais, em identificar o que é relativo à modalidade 
escrita da língua e o que é relativo à modalidade oral. O trabalho foi desenvolvido 
com os alunos do 6.º ano do Ensino Fundamental II, do Colégio Estadual Padre José 
de Anchieta de Apucarana (Paraná), em duas etapas: 32 horas/aula para 
planejamento, organização e apresentação do projeto para a equipe pedagógica 
e 32 horas/aula para a implementação das atividades pedagógicas. As aulas foram 
divididas em unidades: 1) gênero textual “música”; 2) gênero textual “bilhete”; 3) 
gênero “mensagem de texto por celular”; 4) gênero “causos”, 5) gênero “publicação 
na internet (blog)”. As atividades foram desenvolvidas com 30 alunos. 
Como é possível verificar, o autor do texto apresentado na figura 1, um aluno 
do 6.º ano do Ensino Fundamental II, apresenta desvios de norma (fala, disgraça, 
mudo, goisa, vouto e busca) que encontram respaldo na modalidade oral. É 
importante ressaltar que o gênero textual “causo” é um bom mote para se trabalhar 
retextualização da modalidade oral para a escrita. A análise dos textos e dos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
 
fenômenos relativos à dificuldade de transposição de uma modalidade a outra assim 
como a proposta de um projeto de intervenção para auxiliar os alunos com 
dificuldades perfila o trabalho desenvolvido pela linguística aplicada. 
Apesar de a grande concentração dos trabalhos realizados em linguística 
aplicada ser voltada para as questões de ensino e de aprendizagem, 
contemporaneamente, essa área tem se mostrado cada vez mais interdisciplinar. 
Segundo Moita Lopes (2009, p.18), a linguística aplicada “ao espraiar para outros 
contextos, aumenta consideravelmente seus tópicos de investigação, assim como o 
apelo de natureza interdisciplinar para teorizá-los”. Dessa forma, a linguagem tem 
sido analisada a partir do prisma da filosofia, da sociologia e da psicologia, a saber. 
Ao longo do livro, essa vertente interdisciplinarda LA é delimitada com afinco e com 
detalhes. 
 
 
 
1.2 PERCURSO HISTÓRICO DA LINGUÍSTICA APLICADA 
Dentro de uma perspectiva histórica, os estudos envolvendo a linguística 
aplicada podem ser considerados recentes. Esse campo de estudo tem a sua origem 
nos estudos mirados no ensino e na aprendizagem de língua estrangeira. O primeiro 
curso de LA data da década de 1940 (precisamente em 1946) e aconteceu na 
Universidade de Michigan onde lecionavam Charles Fries e Robert Lado. A 
motivação para o início do curso veio com a publicação, consoante Battisti e Silva 
(2017), da revista Language Learning: a Journal of Applied Linguistics pela 
Universidade de Michigan. 
 
https://bit.ly/3KFImfM
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
 
Figura 2: Charles Fries 
 
Fonte: https://bit.ly/3qcq6CN. Acesso em: 20 jan. 2022. 
 
Figura 3: Robert Lado 
 
Fonte: https://bit.ly/3q9DM1B. Acesso em: 20 jan. 2022. 
 
Segundo Menezes, Silva e Gomes (2009, p. 28), “nos anos 50, a LA se 
institucionaliza com a fundação, em 1956, da University of Edinburgh School of 
Applied Linguistics, uma iniciativa do Conselho Britânico, e do Center of Applied 
Linguistics, em 1957, com o apoio da Fundação Ford, em Washington”. O foco de 
estudos do Centro de Linguística Aplicada é o letramento enquanto a Universidade 
de Edinburgh concentra seus interesses no uso da linguagem na conversa cotidiana, 
em contextos médicos, em variação linguística e diversidade social. Apesar dessas 
iniciativas, na década de 1950, o estudo da LA ainda era fortemente influenciado 
pela linguística funcional e estrutural. 
Na década de 1960, a inauguração da Associação Internacional de 
Linguística Aplicada, na França, representou um marco importante para a área, uma 
vez que essa associação abriu possibilidades de estudos sobre multilinguismo, 
bilinguismo, políticas linguísticas, sociolinguística e letramento. Segundo Battisti e Silva 
https://bit.ly/3qcq6CN
https://bit.ly/3q9DM1B
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
 
(2017), foi nessa época que os primeiros congressos em linguística aplicada surgiram. 
Em 1965, no Rio de Janeiro, entre os dias 12 e 23 de julho, houve o 1º Seminário 
Brasileiro de Linguística, uma iniciativa do Instituto de Idiomas Yázigi. Um dos 
destaques desse seminário foi o curso ministrado por Francisco Gomes de Mattos e 
intitulado Orientação de Linguística Aplicada. 
A linguística aplicada ganhou destaque no mundo a partir da segunda 
metade do século passado. Na década de 1970, os linguistas dessa área 
questionaram, a título de ilustração, a aplicação das teorias linguísticas sem a devida 
preocupação com os sujeitos aprendizes de uma língua estrangeira. Nesse caso, o 
indivíduo, usuário da língua ou aquele que a fazia funcionar no mundo real, deveria 
ser também objeto de estudo. Há, para Menezes, Silva e Gomes (2009), alguns 
marcos da expansão da LA a partir da década de 1970. O primeiro deles foi a 
abertura, em 1970, do Programa de Linguística Aplicada ao Ensino de Línguas da 
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). O segundo é a criação do 
Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem (LAEL) 
em 1980 e do Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada na Universidade 
Estadual de Campinas (UNICAMP). 
A partir da década de 1980, a linguística aplicada que, até então era 
associada às discussões sobre o ensino e a aprendizagem de línguas, amplia o seu 
escopo de debate e começa a ter contornos interdisciplinares. Emergem, assim, 
pesquisas focando nas temáticas do bilinguismo, da análise do discurso, da 
tradução, dentre outras, como mostra os artigos publicados no periódico Applied 
Linguistics de 1980. Essa revista tinha o propósito de incentivar o diálogo entre 
diferentes campos e diversas teorias que envolvem a linguagem, problematizar a 
linguagem em seu uso no mundo real além de mostrar diversos métodos de pesquisa. 
A autonomia da linguística aplicada no Brasil veio na década de 1990 com a 
fundação da Associação de linguística aplicada no Brasil (ALAB) que se deteve a 
compreender as questões sociais relacionadas à linguagem. Com a LA ganhando 
força no cenário brasileiro, muitos congressos, revistas e programas de pós-
graduação surgiram. 
De acordo com Menezes, Silva e Gomes (2009), se os programas de pós-
graduação se destacaram entre os anos 80 e 90, somente em 2004 houve o 
reconhecimento sobre a necessidade de contratação do profissional da LA para um 
curso de graduação. A Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
 
(UFMG) foi a pioneira na abertura de concurso público para esse fim. Em 2007, essa 
mesma instituição propôs duas áreas para a linguística aplicada: 1) LA e ensino de 
línguas estrangeiras e 2) LA e tradução. 
Atualmente, a pesquisa em linguística aplicada apresenta estudos em 
potencial, voltados para diferentes áreas como análise do discurso, aquisição de 
segunda língua, letramento, fluência e precisão, psicologia educacional e 
educação linguística. A tendência é que a linguística aplicada se diversifique em 
temáticas. Uma área que vem crescendo, em LA, é a relacionada à observação da 
aprendizagem de línguas mediada pelo computador. Nesse tipo de pesquisa, o 
computador é uma ferramenta, um médium, para que a aprendizagem ocorra; isso 
significa que ele seja apontado como mais importante (ou menos importante) do que 
as figuras do professor e do aluno. Leffa (2006) afirma que essa pesquisa é, 
certamente, a mais interdisciplinar daquelas que compõem o hall de estudos em LA. 
Do ponto de vista metodológico, adota-se o estudo de caso (estratégia ampla de 
pesquisa científica sobre um fenômeno atual em seu contexto real, no caso, o 
impacto do uso de computadores na aprendizagem de língua). Para tanto, o 
pesquisador se utiliza de questionários, entrevistas, testes de proficiência, dentre 
outros. 
 
 
 
1.3 CONCEPÇÕES DE LINGUÍSTICA APLICADA: LINGUAGEM E GRAMÁTICA 
A linguística aplicada pode ser definida, de acordo com Menezes, Silva e 
Gomes (2009), como a área que pesquisa o ensino e a aprendizagem, que estuda a 
aplicação da linguagem e que a analisa como prática social. Para compreender 
como os estudos em LA se processam, há de se considerar quais são as concepções 
https://bit.ly/3ienCPT
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
 
de linguagem e de gramática pertinentes a esse campo de investigação. 
A linguagem pode ser compreendida sob três ópticas: a) linguagem como 
espelho do pensamento, b) linguagem como instrumento de interação, c) linguagem 
como processo de interação. A primeira concepção prevê que a linguagem tem 
caráter monológico e é a materialização do pensamento em forma de palavras. A 
concepção de gramática adotada é a normativa ou tradicional. A segunda diz 
respeito à preocupação com os elementos de comunicação. A terceira diz respeito 
à linguagem como importante instrumento para o processo de interação em uma 
situação comunicativa. 
Sob o viés da linguística aplicada, a linguagem é definida pelo contexto e 
pelos sujeitos envolvidos na interação. Para Mulik (2019), a discussão sobre língua e 
linguagem é central para a linguística aplicada, já que a forma como o professor lida 
com esses conceitos pode determinar o direcionamento pedagógico adotado por 
ele. 
 
 
 
A noção de linguagem, para os linguistas aplicados, procede de um olhar pós-
estruturalista. Conforme essa vertente, a linguagem, que não é neutra, está 
construída junto à realidade. Para a LA, não se comunicam ideias e valores por meio 
da linguagem, mas “criam-se ideias e valores por meio dela” (MULIK, 2019, p.51). A 
linguagem, na visão pós-estruturalista, é estruturada, no entanto, não é fixa ou 
estável, pois é dinâmica a depender do contexto. 
A gramática é comumente associada a uma concepção relativa ao conjunto 
de regras que regem o uso de uma língua. Esse conceitoé considerado tradicional 
ou normativo, quer dizer, tem caráter prescritivo, visto vez que prevê um compilado 
de normas que precisam ser seguidas pelos usuários da língua, de modo que eles 
escrevam e falem bem. 
Há, no entanto, outras duas concepções de gramática que precisam ser 
consideradas nos estudos linguísticos como a internalizada e a descritiva. A 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
 
gramática internalizada diz respeito ao conjunto de regras dominadas pelos falantes, 
os quais são dotados de uma gramática internalizada. Já a gramática descritiva visa 
descrever como a língua ocorre sem, entretanto, como conduz a gramática 
normativa, prescrever regras a serem seguidas. 
 
 
 
Das gramáticas acima referendadas, a que mais é interessante para a 
linguística aplicada é a gramática descritiva, já que esta não dita regras, mas 
descreve a língua em uso. A partir da década de 1980, com o avanço da LA, que 
prioriza, dentre várias abordagens, a observação das condições de ensino e de 
aprendizagem da língua em uso, houve uma mudança de paradigma na produção 
das gramáticas que tiveram um caráter escolar/pedagógico. Estes manuais 
abordam temas voltados ao uso da língua, tais como variação linguística, linguagem 
verbal, não verbal, funções da linguagem, dentre outras. 
 
 
 
O professor Ataliba de Castilho, do Departamento de Letras Clássicas e 
Vernáculas da FFLCH da Universidade de São Paulo (USP), idealizou, em 1988, o 
Projeto Gramática do Português Falado (PGPF), uma iniciativa responsável pela 
escrita de uma coletânea de gramáticas de uso. Essas gramáticas descreviam a 
estrutura e o funcionamento da língua e, segundo Battisti e Silva (2017), 
 
Diferentemente da gramática tradicional, não há noção de certo e 
de errado, é considerado gramatical tudo o que está em 
consonância com as regras de funcionamento da língua em qualquer 
uma de suas variantes – a noção de certo e de errado é substituída 
pela noção da diferença. (BATTISTI e SILVA, 2017, p.22) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
 
As gramáticas descritivas não são doutrinárias, como as gramáticas normativo-
tradicionais. Pelo contrário, esses manuais se ocupam da descrição e da análise do 
português em uso. Se por um lado as gramáticas normativas são excludentes, as 
gramáticas descritivas são includentes por abarcarem as diversas manifestações da 
língua em uso. Afirma-se, então, que a perspectiva de gramática descritiva rompe 
com a tradição das regras impostas pela gramática normativa. 
 A gramática, para os linguistas aplicados, deve ser trabalhada em uma 
perspectiva contextualizada e precisa estar a favor da linguagem em uso e das 
necessidades reais dos estudantes. A seguir, são apresentadas algumas gramáticas 
descritivas mais conhecidas no mercado editorial brasileiro. 
 
Figura 4: Gramáticas descritivas 
 
Fontes: Perini (1995), Neves (1999) e Castilho e Elias (2010) 
 
 
 
 
https://bit.ly/3thKm8g
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
 
FIXANDO O CONTEÚDO 
1. A respeito da consolidação da LA, avalie as afirmativas a seguir. 
 
I. O objeto de estudo da LA é a linguagem em uso. 
II. A LA está preocupada com questões reais do uso da língua. 
III. A concepção de linguagem que predomina na LA é a estruturalista. 
IV. Desenvolver novos métodos de ensino é o único objetivo da LA. 
V. A LA é a aplicação da Linguística. 
 
Assinale a alternativa correta. 
 
a) Todas as afirmações são verdadeiras. 
b) II e III são verdadeiras. 
c) I e II são verdadeiras. 
d) I, IV e V são verdadeiras. 
e) I, III, IV e V são verdadeiras. 
 
2. (ENADE) Tomando por base o trecho escrito que representa a fala de Nhinhinha: 
“Mas, não pode, ué...”, assinale a opção correta a respeito dos processos de 
transposição da linguagem oral para a linguagem escrita. 
 
a) As letras do alfabeto do português representam palavras da língua portuguesa. 
b) Em língua portuguesa, a relação entre a letra e o som, como [e] no exemplo, é 
regular: mantém-se a mesma em qualquer palavra. 
c) Por serem usadas em início de frases ou nomes próprios, as letras maiúsculas 
correspondem, na fala, a maior impacto e força sonora. 
d) Os sinais de pontuação marcam, na escrita, a organização dos fragmentos 
linguísticos, que são marcados, na linguagem oral, pela entonação. 
e) Os signos do código escrito são mais complexos que os signos do código falado; 
por isso, as interjeições, como “ué”, são características de oralidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
 
3. Leia a placa a seguir atentamente. 
 
Fonte: Disponível em: https://bit.ly/3MTY8FM. Acesso em: 23 jan. 2021. 
 
Analise as proposições a seguir e assinale (V) para as alternativas verdadeiras e (F) 
para as alternativas falsas. 
 
( ) O autor do texto, devido aos erros ortográficos na placa, parece entender a 
escrita como um registro da fala, o que é um equívoco. 
( ) O autor, ao confundir fala com escrita, acaba por comprometer o sentido do 
texto, obrigatoriamente, produzido pela norma gramatical. 
( ) O autor da placa parece ter frequentado a escola durante poucos anos. Além 
disso, parece ser falante de uma variedade estigmatizada do português. 
( ) O autor, além de apresentar problemas com a produção escrita, também 
desconhece as determinações do gênero proposto e não procura organizar as 
informações textuais como de costume em um anúncio. 
 
A seguir, marque a alternativa que contém a sequência correta. 
 
a) F-F-F-V. 
b) V-V-V-F. 
c) F-V-V-F. 
d) V-V-V-V. 
e) V-F-V-F. 
 
 
 
https://bit.ly/3MTY8FM
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
 
 
4. (FUMARC) Leia o texto a seguir. 
 
NÃO E NÃO 
Antônio Prata 
 
Assistindo a "Nemo" pela quinquagésima nona vez, meu filho enfia o dedo no nariz. "Não, 
filhote, dedo no nariz não pode", digo - e sou tomado por um desconforto. Alguns nãos eu 
falo com convicção: não pode mamar às três da manhã, não pode regar o aparelho da 
Net, não pode comer bola de gude, por mais que elas insistam em imitar lindas uvas ou 
jabuticabas. Essas não são proibições vazias: se meus filhos não tivessem só dois e três anos, 
eu lhes explicaria direitinho as razões. 
"Não pode mamar às três da manhã, porque se tiver tudo que quiser a hora que bem 
entender você vai crescer achando que a vida é um Club Med 'allinclusive' e quando o 
mundo começar a te negar todas as mamadeiras que inevitavelmente te negará você vai 
ficar deprimidíssima e desorientada e vai terminar viciada em crack, em Negresco com 
Nutella ou coisa pior, tipo bingo – então abraça esse coelhinho e vamos dormir bem 
gostoso até amanhã, tá?" 
"Não pode regar o aparelho da Net, porque ele é elétrico e vai causar um curto circuito e 
talvez pegue fogo no prédio e embora eu entenda que você queira regar todos os objetos 
à sua volta com o regador da vovó Tuni pra ver se eles crescem ou florescem, melhor se 
restringir ao vaso de girassol. (Além do mais, te garanto por experiência própria que os 
botões do aparelho da Net não são do tipo que se abrem em flores)." "Não pode comer 
bola de gude porque, embora o Homo sapiens seja onívoro, na ampla lista que inclui 
alface, boi, ouriço, ovo, alga, cogumelo e gafanhoto, não se encontra o vidro." 
Com relação a enfiar o dedo no nariz, contudo... Convenhamos: eu, você, o papa 
Francisco e o Wesley Safadão enfiamos, só não saímos por aí, tipo, admitindo aos quatro 
ventos num grande jornal de circulação nacional. Para ser coerente eu deveria dizer: "Filho: 
dedo no nariz é uma coisa que todo mundo acha nojento nos outros, mas não em si 
próprio, de modo que só se faz escondido. Esse é um pacto silencioso da nossa espécie. 
Um segredo guardado pelos 7 bilhões de habitantes do planeta." 
O problema de tal confissão é que ela me obrigaria a dar um segundo passo. "É o que 
chamamos de hipocrisia. Muito do que ensinamos a vocês é isso: hipocrisia. Quando a 
gente fala que tem que emprestar as coisas pros outros, por exemplo.Os adultos não agem 
assim. Veja: 1 bilhão de adultos têm um monte de coisas e 6 bilhões de adultos não têm 
porcaria nenhuma, mas esse 1 bilhão não empresta as coisas pros descoisados nem a pau. 
Quando a gente diz que só ganha sobremesa se comer brócolis, por exemplo, é outra 
tremenda hipocrisia. Ontem o papai e a mamãe saíram pra jantar e racharam um 
cheesecake do tamanho de um jabuti depois de comerem x-salada e batata frita, 
bebendo cerveja. Quando a gente diz que tem que falar sempre a verdade, então, é a 
maior hipocrisia de todas. A gente mente a torto e a direito. Se todos falassem a verdade 
teríamos que admitir, por exemplo, que 1 bilhão de pessoas têm todos os brinquedos e não 
deixam os outros 6 bilhões brincarem, que a Gisele Bündchen põe o dedo no nariz ou que 
a mamãe do Nemo não está no trabalho, como sempre te digo, ela é devorada por um 
tubarão na primeira cena do filme, por isso toda vez nós começamos pelo minuto sete. Um 
mundo assim seria impraticável, não?" 
"Ei, Dani. Tira esse dedo do nariz. Isso." 
Fonte: Disponível em: https://bit.ly/3qb59rY. Acesso em: 23 jan. 2022. 
 
Há marcas de oralidade, exceto em: 
 
a) "Ei, Dani. Tira esse dedo do nariz. Isso." 
b) “[...] então abraça esse coelhinho e vamos dormir bem gostoso até amanhã, tá?" 
https://bit.ly/3qb59rY
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
 
c) “Quando a gente fala que tem que emprestar as coisas pros outros, por exemplo.” 
d) “Se todos falassem a verdade, teríamos que admitir, por exemplo, que 1 bilhão de 
pessoas têm todos os brinquedos [...]”. 
e) “esse 1 bilhão não empresta as coisas pros descoisados nem a pau”. 
 
5. Sobre o percurso histórico da linguística aplicada no mundo, assinale a alternativa 
correta. 
 
a) A primeira revista de LA foi Language Learning: a Journal of Applied Linguistics. 
b) Essa área teve sua origem nos estudos de língua materna. 
c) O primeiro curso de LA aconteceu na Universidade de Michigan em 1950. 
d) Os estudos em linguística aplicada são considerados antigos (década de 1940). 
e) Os pioneiros nos estudos em LA foram Charles Fries e Ferdinand de Saussure. 
 
6. (FEPESE) Considerando as diversas concepções de linguagem, assinale a 
alternativa correta. 
 
a) Na Concepção da Linguagem como Forma de Interação, a linguagem é lugar de 
convívio. Através dela o sujeito que fala pratica ações que não conseguiria 
praticar a não ser falando. Há um aprendizado mais ativo por parte dos alunos. 
b) Na Concepção da Linguagem como Instrumento de Comunicação, fica evidente 
uma ênfase ao ensino da gramática normativa, norteando o aprendizado dos 
alunos como “certo e errado”. Foco na exteriorização do pensamento. 
c) Na Concepção da Linguagem como Forma de Interação, a língua é vista como 
um código que transmite uma mensagem e toma forma fora do pensamento. 
d) Na Concepção da Linguagem como Forma de Expressão do Pensamento, a 
língua é compreendida como homogênea e estática. O professor deve trabalhar 
a leitura, interpretação e produção de textos variados, enfatizando as variedades 
da língua. 
e) Na Concepção da Linguagem com Instrumento de Comunicação, a língua é vista 
como um código que transmite uma mensagem e toma forma fora de nosso 
pensamento. As formas gramaticais pré-estabelecidas são enfatizadas, 
configurando o ensino como prescritivo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
 
7. Sobre o percurso histórico da linguística aplicada no Brasil, assinale a alternativa 
incorreta. 
 
a) Em 1970, foi inaugurado o Programa de Linguística Aplicada ao Ensino de Línguas 
da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. 
b) A partir da década de 1980, as pesquisas de linguística aplicada ampliaram o seu 
escopo de debate e passaram a ter contornos interdisciplinares. 
c) Atualmente, a pesquisa em linguística aplicada apresenta estudos voltados para 
a análise do discurso, a aquisição de segunda língua e letramento. 
d) A Faculdade de Letras da Universidade Federal Fluminense (UFF) foi a pioneira na 
abertura de concurso público para linguística aplicada. 
e) Em 2007, a UFMG propõe duas áreas para a linguística aplicada: LA e ensino de 
línguas estrangeiras e LA e tradução. 
 
8. (Prefeitura Municipal de Cachoeira dos Índios) Para estudiosos, o trabalho com a 
gramática na escola deve dar prioridade para a leitura, para a escrita, a narrativa 
oral, o debate e todas as formas de interpretação e, também precisa trabalhar as 
variedades linguísticas. 
 
No que diz respeito aos diferentes conceitos de gramática, analise os itens a seguir. 
 
I. Para a gramática ____________, as regras operaram como obrigações a serem 
seguidas a rigor e, por esse motivo, tudo aquilo que foge à norma de prestígio seria 
reprovado, taxado como um erro. Temos aí uma perspectiva de língua em que a 
modalidade culta deve servir de referência a todo custo, desconsiderando-se 
assim, as demais variedades. 
II. A gramática _______________, por sua vez, segundo o autor, formula regras 
mediante a observação da realidade da língua, sem atribuir valor a uma 
variedade linguística ou outra. Por levar em consideração o fator de variação na 
língua, são considerados erros apenas as construções que não integram nenhum 
dialeto, que sejam, portanto, agramaticais (inexistentes) na língua. 
III. Na gramática ______________, o conhecimento sistemático que o falante tem da 
língua expressa suas regras de uso, sem apresentar nenhuma preocupação de 
cunho valorativo. Portanto, nesse caso, erros aconteceriam somente quando o 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
 
falante acionasse hipóteses que foram interiorizadas de maneira equivocada. 
 
Assinale a opção correta que completa as lacunas dos itens respectivamente. 
 
a) Normativa, descritiva e internalizada. 
b) Descritiva, internalizada e normativa. 
c) Internalizada, normativa e descritiva. 
d) Normativa, internalizada e descritiva. 
e) Descritiva, normativa e internalizada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
 
LINGUÍSTICA APLICADA NA 
CONTEMPORANEIDADE 
 
 
 
 
Neste capítulo, discute-se como a linguística aplicada tem sido compreendida 
atualmente. A LA é hoje tida como uma área interdisciplinar e dinâmica que porta 
diferentes concepções em si. Em seguida, é debatida a relação entre linguística 
aplicada e formação docente. Por último, é mostrado como a linguística aplicada 
se comporta socialmente em uma dinâmica de mundo globalizado. 
 
2.1 LINGUÍSTICA APLICADA E INTERDISCIPLINARIDADE 
A linguística aplicada é, hoje, considerada uma área multifacetada, já que 
considera questões de linguagem pertinentes a diversos campos de observação da 
realidade, quer dizer, a LA é uma ciência de caráter adaptativo. Segundo Tílio e 
Mulico (2016, p. 63), “a adaptação é um processo pelo qual um organismo encaixa-
se no ambiente por meio da experiência, responsável por guiar mudanças na 
estrutura do organismo ao longo do tempo”. Respaldando essa citação, a linguística 
aplicada está a serviço de pesquisas relacionadas à Psicolinguística, por exemplo. 
Essa característica respalda a interdisciplinaridade típica da LA atualmente. 
Sá et al. (2021), no artigo “Um teste de verificação lexical de português brasileiro 
(TVLPB) como língua adicional: criação e validação”, da área de Psicolinguística, 
mostram a criação e a validação de um Teste de Verificação Lexical do Português 
Brasileiro. O teste, uma ferramenta padronizada para medir proficiência na língua 
portuguesa, foi aplicado em 115 participantes falantes nativos do português 
brasileiro e em 23 falantes de herança do português brasileiro (língua herdada por 
filhos de brasileiros imigrantes). 
 
 
UNIDADE 
02 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 
 
 
O caráter dinâmico da LA diz respeito à superação da ideia de ela ser uma 
subárea da linguística ou um campo que se dedicava a estudar basicamente a 
aplicação dos conhecimentos linguísticos. Essa afirmação se justifica pelofato de a 
linguística aplicada ter passado por inúmeras mudanças que incluem pesquisas que 
se debruçam sobre questões de linguagem cada vez mais contemporâneas. 
A linguística aplicada é considerada imprevisível, uma vez que, além de 
refletir sobre a linguagem, também pondera o papel dos sujeitos que produzem essa 
linguagem. Uma pesquisa que investiga o processo de aprendizagem de uma língua 
deve levar em consideração o perfil dos usuários da língua, o contexto em que eles 
estão inseridos, as ferramentas e a metodologia usadas no processo de ensino e de 
aprendizagem. Por mais que se prevejam hipóteses e resultados, esses fatores que 
impactam no ensino e na aprendizagem podem trazer diferentes conclusões 
daquelas tiradas a priori. Esse fato ocorre, pois a pesquisa em LA não é linear e, no 
seu decurso, vários instrumentos, por exemplo, podem influenciar os resultados 
obtidos. 
Como foi possível verificar no capítulo 1, desde a década de 1980, a linguística 
aplicada tem se preocupado com pesquisas para além do estudo da aquisição de 
língua materna e estrangeira. A partir das características básicas da LA 
apresentadas nesta seção e do marco histórico de 1980, nota-se que a área recorre 
a outros quadros teóricos, o que a confere perfil interdisciplinar. Para Moita Lopes 
(2006), a linguística aplicada ganhou status “de disciplina mestiça ou nômade” que 
articulou múltiplos domínios do conhecimento (educação, antropologia, sociologia, 
filosofia) sob um viés integrador. 
 
 
 
Para ilustrar a linguística aplicada como interdisciplinar, segue o esquema 1 
com algumas das áreas de interesse da LA na atualidade. Evidentemente, que a 
reflexão sobre o campo de investigação dessa ciência não se esgota na figura 
seguinte, mas é uma amostra da multiplicidade de campos científicos que 
estabelecem diálogo com a LA. 
https://bit.ly/34L28qK
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
 
Esquema 1: Áreas de interesse da LA 
 
Fonte: Elaborado pela autora (2022) 
 
Mesmo com todo o esforço de integrar diferentes campos, os linguistas 
aplicados viram que o conceito de interdisciplinaridade precisava ser revisto, pois 
não estava funcionando adequadamente dado aos limites impostos pela teoria de 
cada área do conhecimento. Na tentativa de propor uma articulação mais genuína, 
em meados de 2000, surgiu a noção de transdisciplinaridade que poderia, realmente, 
efetivar a justaposição entre os domínios. Segundo Moita Lopes (2004), a LA 
transdisciplinar dá ênfase à resolução de problemas da prática social e à geração 
de conhecimento útil para os sujeitos, quer dizer, investiga o que tem relevância 
social. Nas pesquisas transdisciplinares, em linguística aplicada, os resultados são 
contextualizados. 
 
2.2 LINGUÍSTICA APLICADA E FORMAÇÃO DOCENTE 
Mesmo que os domínios da linguística aplicada tenham se expandido para 
abarcar pesquisas transdisciplinares, é inegável a associação entre a LA e a área da 
educação. No campo educacional, essa área presta serviço à elaboração e análise 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
 
de materiais didáticos, à reflexão sobre metodologias de ensino e de aprendizagem 
e à discussão sobre formação de professores. Conforme Mulik (2019), 
 
(...) a LA cumpre seu papel quando ajuda a fomentar as discussões a 
respeito da formação de professores; quando nos auxilia a pensar 
sobre as tendências educacionais e o modo pelo qual elas afetam 
nossas práticas pedagógicas; quando nos auxilia a desenhar políticas 
de ensino e de planejamento linguístico (...). (MULIK, 2019, p. 292) 
 
A formação de professores é, atualmente, um grande desafio devido às 
inúmeras mudanças sociais, políticas e culturais que acabam impactando no ensino 
de língua estrangeira e materna. A LA, enquanto área versátil e dinâmica, pode 
apresentar algumas respostas para o ensino crítico de línguas. 
 
 
 
A formação docente é dividida em reflexiva e colaborativa. Para Mulik (2019), 
a primeira diz respeito às práticas de empoderamento, considerando as teorias 
cognitivistas, já a segunda tem relação ao cumprimento de propósitos anti-
hegemônicos. No quadro 1, são ressaltadas as características da vertente da 
formação reflexiva e colaborativa. 
 
Quadro 1: Formação reflexiva e colaborativa 
Tipo de formação Características 
Reflexiva O professor é visto como o agente responsável pela preparação 
do indivíduo que atuariam na sociedade. Sendo assim, o 
professor deve organizar situações de aprendizagem, envolver 
os alunos em suas aprendizagens e no trabalho, trabalhar em 
equipe, envolver os pais e utilizar as novas tecnologias. 
Colaborativa O professor é formado com respeito às perspectivas 
socioculturais e a partir de processos dialógicos e parcerias. A 
formação de profissionais é compreendida como processo 
dinâmico de transformação. 
Fonte: Elaborado pela autora com base em Mulik (2019) 
 
https://bit.ly/37uGLLn
https://bit.ly/3u1P9tA
 
 
 
 
 
 
 
 
 
26 
 
 
No que concerne à linguística aplicada, a formação reflexiva está 
contemplada em pesquisas sobre crenças dos professores sobre ensino-
aprendizagem, estudo sobre conhecimento prático e profissional, além de cultura do 
ensinar a aprender. Exemplo de pesquisa em LA com base na perspectiva reflexiva é 
a dissertação “Crenças de professores de espanhol sobre a avaliação no ensino-
aprendizagem de LE”, de autoria de Mariana Rabelo Rocha, defendida em 2019, na 
Universidade Federal do Amazonas (UFAM). No trabalho, a autora investiga quais são 
as crenças dos professores egressos do curso de Letras – Língua e Literatura Espanhola 
sobre a avaliação no ensino-aprendizagem de língua estrangeira. Rocha (2019) 
chegou à conclusão de que as avaliações são pautadas em práticas tradicionais 
como a avaliação somativa. Essas pesquisas, em resumo, focavam em reflexão sobre 
a práxis do professor na escola. 
 
 
 
Sob o viés da formação colaborativa, a LA considera pesquisas que integram 
formação integral e continuada, tendo a escola como um espaço para isso. A 
linguística aplicada se destaca, assim, por mirar seus interesses na formação de 
professores que possuem seus saberes legitimados. Além disso, para essa visão 
formativa, as práticas pedagógicas devem incluir as questões sociais. A dissertação 
“Letramento acadêmico: uma proposta para formação continuada dos professores 
de língua materna”, de Aurilene Ferreira de Oliveira, defendida em 2019, na 
Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), é um exemplo de pesquisa 
realizada sobre formação de professores. A autora faz uma ponderação sobre a 
importância do letramento científico para a constituição da identidade do professor 
de língua materna. O trabalho apresenta, como conclusão, que a formação 
continuada, com o aporte da universidade, pode representar um ganho para as 
práticas dos professores de Língua Portuguesa assim como para os alunos desses 
docentes. 
Os desafios enfrentados pelos professores no processo de formação são 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
 
constantes e cabe ao docente o movimento de buscar sempre alternativas que 
possam agregar. Para Gimenez (2005), há, no campo da LA, sete desafios como 
mostra o esquema 2 a seguir. 
 
Esquema 2: Desafios para a formação docente 
 
Fonte: Elaborado pela autora com base em Gimenez (2005) 
 
 De maneira sintética, é necessário tratar cada um dos desafios acima 
apontados. O primeiro diz respeito à dificuldade de se uniformizar os cursos de Letras 
e, simultaneamente, respeitar as necessidades locais em um país com dimensões 
continentais. Como a LA trabalha com a língua e a linguagem dentro de uma 
perspectiva social, logo, essa área pode contribuir para a resolução deste desafio. O 
segundo e o terceiro desafios podem ser debatidos em conjunto, visto que apontam 
para a necessidade de articulação entre teoria e prática nas pesquisas. A linguística 
aplicada contempla pesquisas que trabalhama observação da prática, 
considerando uma perspectiva teórica. O quarto e o quinto aspectos possuem uma 
relação estreita com o segundo e o terceiro desafio, já que se relacionam com a 
continuidade da pesquisa para além do término do projeto. Por último, o sexto e o 
sétimo aspectos dizem respeito à identificação do perfil docente por parte do próprio 
professor e à percepção de que é preciso estar sempre se atualizando, que dizer, há 
uma formação docente constante. 
 
2.3 LINGUÍSTICA APLICADA E SOCIEDADE GLOBALIZADA 
A globalização é conceituada, de maneira mais ampla, como um 
fenômeno político, social, cultural e econômico o qual faz com que as 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
 
pessoas e as nações estejam cada vez mais interconectadas. O mundo 
globalizado é caracterizado pela diminuição espacial, isto é, as pessoas são 
afetadas tanto por eventos locais quanto por eventos mundiais. As fronteiras 
geográficas, então, apresentam-se como fluídas cada vez mais. Além disso, 
no mundo globalizado, há uma redução temporal em razão da tecnologia 
que torna tudo mais ágil. 
 
Figura 5: Globalização 
 
Fonte: Disponível em: https://bit.ly/3qa3t1X. Acesso em: 20 jan. 2022. 
 
Esse processo tem impacto na vida cotidiana e, consequentemente, 
na educação. Para Mulik (2019, p. 295), “pensar na LA e na sua relação com 
a globalização é algo essencial”, talvez, porque a linguística aplicada analisa 
os processos envolvendo a linguagem e investiga os indivíduos e o mundo em 
que essa linguagem se manifesta. Dessa maneira, refletir sobre a LA e a 
sociedade é pensar em globalização, pois vivemos em uma sociedade 
globalizada. 
 
 
 
Um mundo globalizado exige o uso de uma língua que seja comum, a fim de 
facilitar a comunicação entre os sujeitos de diferentes comunidades de fala como 
é o caso do inglês. Essa área contribui também para a problematização sobre o 
https://bit.ly/3qa3t1X
https://bit.ly/3MYehdp
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
 
papel da língua inglesa em uma dinâmica de sociedade em rede. Muitas pesquisas 
surgem para discutir o processo de aquisição do inglês por parte de não falantes e 
por parte de pessoas que estão aprendendo a língua para fins empresariais. Por fim, 
a LA coopera para o debate sobre a sobreposição do inglês em se tratando de 
outras línguas e como o domínio da língua inglesa pode colocar o falante em uma 
posição de prestígio no mercado de trabalho. 
A LA se preocupa com os estudos culturais, o que se relaciona com o conceito 
de globalização. Na aprendizagem de uma língua, os aspectos linguísticos são 
importantes para o processo de aquisição, mas é preciso considerar outros como os 
pontos de vista cultural, social e discursivo. As pesquisas sobre a indissociabilidade 
entre a língua e a cultura são características da linguística aplicada e vem 
ganhando força no âmbito acadêmico. As pesquisas interculturais também são 
representativas da linguística aplicada. Neste tipo de investigação, o linguista 
aplicado estuda as relações e as trocas que se dão entre culturas diferentes. A sala 
de aula, laboratório para esse linguista, vira, então, um espaço intercultural para a 
observação de vários aspectos: o papel da língua e as escolhas dos falantes 
envolvidos na comunicação, a valorização da língua por parte dos usuários da 
língua, a abertura desses participantes da comunicação aos aspectos da cultura do 
outro e a construção de identidades. 
 
 
 
https://bit.ly/3MTHeHb
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
 
 
FIXANDO O CONTEÚDO 
1. (ENADE) 
 
 
Muitas vezes, os próprios educadores, por incrível que pareça, também vítimas de uma 
formação alienante, não sabem o porquê daquilo que dão, não sabem o significado 
daquilo que ensinam e quando interrogados dão respostas evasivas: “é pré-requisito para 
as séries seguintes”, “cai no vestibular”, “hoje você não entende, mas daqui a dez anos 
vai entender”. Muitos alunos acabam acreditando que aquilo que se aprende na escola 
não é para entender mesmo, que só entenderão quando forem adultos, ou seja, acabam 
se conformando com o ensino desprovido de sentido. 
 
(VASCONCELLOS, C. S. Construção do conhecimento em sala de aula. 13ª ed. São Paulo: Libertad, 2002, p. 27-8.) 
 
Correlacionando a tirinha de Mafalda e o texto de Vasconcellos, avalie as 
afirmações a seguir. 
 
I. O processo de conhecimento deve ser refletido e encaminhado a partir da 
perspectiva de uma prática social. 
II. Saber qual conhecimento deve ser ensinado nas escolas continua sendo uma 
questão nuclear para o processo pedagógico. 
III. O processo de conhecimento deve possibilitar compreender, usufruir e transformar 
a realidade. 
IV. A escola deve ensinar os conteúdos previstos na matriz curricular, mesmo que 
sejam desprovidos de significado e sentido para professores e alunos. 
V. Os projetos curriculares devem desconsiderar a influência do currículo oculto que 
ocorre na escola com caráter informal e sem planejamento. 
 
É correto apenas o que se afirma em 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31 
 
 
a) I e III. 
b) I e IV. 
c) II e IV. 
d) I, II e III. 
e) II, III e IV. 
 
2. (UNB- CESPE) 
 
A questão da formação docente, ao lado da reflexão sobre a prática educativo-
progressista em favor da autonomia do ser dos educadores, é a temática central em torno 
da qual gira este texto. É também temática a que se incorpora a análise de saberes 
fundamentais àquela prática e aos quais espero que o leitor crítico acrescente alguns que 
me tenham escapado ou cuja importância não tenha percebido. 
 
(Paulo Freire. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996, p. 13. Adaptado) 
 
De acordo com o pensamento predominante no texto, o ato de ensinar exige 
 
I. Rigorosidade metódica, pesquisa e criticidade. 
II. Respeito aos saberes dos educandos, estética e ética. 
III. Corporificação das palavras pelo exemplo. 
IV. Risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de discriminação. 
 
A quantidade de itens certos é igual a 
 
a) 0. 
b) 1. 
c) 2. 
d) 3. 
e) 4. 
 
3. (Prefeitura Municipal de Tijucas do Sul) O saber docente não é formado apenas 
da prática, sendo também nutrido pelas teorias da educação. Considerando 
essa informação, julgue os itens que se seguem. 
 
I. A teoria não dita a prática; em vez disso, ela serve para manter a prática ao 
alcance de todos, de forma a se mediar e a se compreender, de maneira crítica, 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
32 
 
 
o tipo de práxis necessário em um ambiente específico e em um momento 
particular. 
II. O exercício da docência, enquanto ação transformadora que se renova tanto 
na teoria quanto na prática, requer necessariamente o desenvolvimento de uma 
consciência crítica. 
III. Dentro do processo pedagógico, teoria e prática precisam dialogar 
permanentemente, fugindo da ideia tradicional de que o saber está somente na 
teoria, construído em um local distante ou separado da ação/prática. 
 
Assinale a alternativa correta. 
 
a) Nenhum item está certo. 
b) Apenas os itens I e II estão certos. 
c) Apenas os itens I e III estão certos. 
d) Apenas os itens II e III estão certos. 
e) Todos os itens estão certos. 
 
4. Leia o texto a seguir para responder à questão. 
 
"(...) pode-se caracterizar a psicolinguística como um ramo do conhecimento 
científico que consiste em uma 'área de transvariação que requer conhecimentos 
linguísticos e psicológicos' para a exploração profícua e eficiente dos fatos que estuda.” 
 
(PAIS, C. T. Manual de linguística. Petrópolis: Vozes, 1979. p. 180.) 
 
Assinale a alternativa correta sobre a psicolinguística. 
 
a) A psicolinguística é uma área de estudo específica e restrita. 
b) Uma noção de psicolinguística deve apontar que ela exclui de sua investigação 
o sujeito falante. 
c) A psicolinguística investiga os processos mentais pertinentesà aquisição, à 
produção e à compreensão da linguagem. 
d) A psicolinguística deve ser definida como uma extensão da psicologia aplicada. 
e) A psicolinguística emergiu e evoluiu dentro das fronteiras da linguística aplicada. 
 
5. (INSTITUTO EXCELÊNCIA) No quadro das atuais concepções psicológicas, 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 
 
 
linguísticas e psicolinguísticas de leitura e escrita, a entrada da criança (e também 
do adulto analfabeto) no mundo da escrita ocorre simultaneamente por esses 
dois processos: pela aquisição do sistema convencional de escrita 
__________________ e pelo desenvolvimento de habilidades de uso desse sistema 
em atividades de leitura e escrita, nas práticas sociais que envolvem a língua 
escrita ________________. 
 
Assinale a alternativa que completa correta as lacunas do texto. 
 
a) o letramento / a alfabetização. 
b) a alfabetização / o letramento. 
c) o letramento / a codificação. 
d) Nenhuma das alternativas. 
e) Todas as alternativas. 
 
6. (FCC) Analise as proposições: 
 
I. A Análise do Discurso estabelece uma tipologia das diferentes formações 
discursivas, de modo a destacar constantes de articulação entre o linguístico e o 
social. 
II. O termo sociolinguística recobre trabalhos diversos, tais como: etnografia da 
comunicação, variação linguística, variação fonética e mantém interface até 
mesmo com a Análise de Discurso. 
III. Segundo Benveniste, a "linguagem está de tal forma organizada que permite a 
cada locutor apropriar-se da língua toda designando-se como eu". 
 
É correto o que consta em 
 
a) I e II, apenas. 
b) II e III, apenas. 
c) I e III, apenas. 
d) I, apenas. 
e) I, II e III. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
34 
 
 
7. (CETREDE - ADAPTADA) A formação de professores no contexto contemporâneo 
está permeada de muitos desafios, face às exigências de um mundo globalizado 
que exige, cada vez mais, profissionais capacitados e multifuncionais. Nesse 
sentido, analise as afirmativas a seguir. 
 
I. A formação de professores está situada num contexto de complexidade, 
diversidade e imprevisibilidade. 
II. Para lidar com a diversidade na sala de aula, é necessário que o professor tenha 
a capacidade de definir as melhores estratégias que favoreçam a aprendizagem 
de todos os alunos. 
III. O problema da formação docente concentra-se na necessidade de atualização, 
pois a formação continuada tem a função de preencher as lacunas da formação 
inicial. 
IV. O fracasso escolar é determinado pela fragilidade na aprendizagem dos alunos, 
independente do trabalho desenvolvido pelo professor. 
V. A educação contemporânea exige um profissional comprometido com 
aprendizagem dos alunos, que promova a transformação por meio do diálogo, 
encantamento e conhecimento. 
 
Marque a opção que apresenta as afirmativas corretas. 
 
a) I – II – V. 
b) I – III – IV. 
c) II – III – V. 
d) I – II – III. 
e) I – II – III – V. 
 
8. Sobre o caráter interdisciplinar da linguística aplicada, assinale a alternativa 
correta. 
 
a) A linguística aplicada é multifacetada, mas não considera as questões de 
linguagem de diversos campos da realidade. 
b) Pelo seu caráter pouco dinâmico, a LA se dedica a estudar basicamente a 
aplicação dos conhecimentos linguísticos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
35 
 
 
c) São áreas de interesse da LA a análise do discurso, a análise da conversa, a história 
e a ergonomia. 
d) Nas pesquisas transdisciplinares, em linguística aplicada, quase sempre os 
resultados são contextualizados. 
e) A pesquisa em LA é linear e só alguns instrumentos podem influenciar os resultados 
obtidos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 
 
 
GÊNEROS TEXTUAIS 
 
 
 
 
 
A linguística aplicada volta-se, contemporaneamente, dentre outras 
possibilidades, para o trabalho com o texto; dessa forma, se torna necessário abordar 
a noção de gênero textual. As concepções circulantes mais evidentes sobre o 
gênero são a sócio-histórica e a discursiva. Neste capítulo, conceitua-se, em primeiro 
lugar, o gênero como uma prática sócio-histórica. Logo em seguida, são mostradas 
as características do gênero discursivo. Por fim, reflete-se sobre os gêneros híbridos e 
como a teoria sobre os gêneros textuais-discursivos serve à linguística aplicada. 
 
3.1 A CONCEPÇÃO DE GÊNERO COMO PRÁTICA SÓCIO-HISTÓRICA 
Os gêneros são, para Marcuschi (2007), uma manifestação textual com 
relevância na vida diária do ser humano e uma forma pela qual as atividades 
comunicativas cotidianas ocorrem. Nesta concepção, o gênero textual é definido 
pelas funcionalidades comunicativas, cognitivas e institucionais, e, não, por seus 
aspectos formais, estruturais ou linguísticos. Sendo assim, ao perder a sua 
aplicabilidade cotidiana, um gênero tende a desaparecer como é o caso do 
telegrama. 
Para ilustrar o gênero como prática sócio-histórica, tomam-se como exemplo 
o “artigo científico” e o “artigo de divulgação científica”. Apesar de esses dois 
gêneros terem a ciência como domínio discursivo, eles possuem funções e aspectos 
sócio-comunicativos distintos. O “artigo científico” tem a função de divulgar 
informações científicas dentro de uma comunidade de especialistas; sendo, 
portanto, uma comunicação entre pares. Já o artigo de divulgação científica trata-
se da iniciativa de trazer, para a esfera pública, os conhecimentos que circulam 
dentro da comunidade científica. Enquanto o artigo científico é publicado em 
revistas especializadas, o artigo de divulgação científica circula em jornais diários. 
Marcuschi (2007) propõe uma distinção entre tipo textual e gênero textual. 
Enquanto a noção de tipo textual está relacionada à natureza linguística do texto 
(aspectos sintáticos, lexicais, escolhas de tempos verbais etc.), o gênero é a própria 
UNIDADE 
03 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
37 
 
 
materialização de um texto, que, de modo geral, apresenta “conteúdos, 
propriedades funcionais, estilo e composição característica” (MARCUSCHI, 2007, p. 
23). Cabe destacar que os tipos textuais são em número limitado, enquanto que os 
gêneros são incontáveis. O quadro 2, a seguir, delimita as características do tipo e do 
gênero textual: 
Quadro 2: Tipo e gênero textual 
Tipo textual Gênero textual 
Definido por propriedades linguísticas Realizações linguísticas concretas 
Sequências linguísticas Textos que cumprem determinadas funções 
comunicativas 
Conjunto limitado de categorias teóricas 
determinadas por tempos verbais, 
aspectos sintáticos, lexicais, expressões 
Conjunto aberto e ilimitado de manifestações 
concretas marcadas por estilo, composição, 
função 
Divididos em: narrativo, descritivo, 
dissertativo, argumentativo, expositivo e 
injuntivo 
Divididos em: carta, artigo, e-mail, post, prova, 
piada, fábula, edital, bilhete, monografia, 
crônica, etc 
Fonte: Elaborado pela autora (2022) com base em Marcuschi (2007) 
 
Para exemplificar essas noções, toma-se como referência o gênero fábula. De 
modo geral, ele é um texto ficcional que acaba personificando animais, plantas e 
objetos inanimados; dando-lhes falas, atitudes, sentimentos e emoções humanas; 
com o objetivo de dar conselhos, fazer críticas e transmitir ensinamentos. O tipo 
textual predominante nesse gênero é o narrativo, uma vez que ele ajunta os cinco 
elementos a seguir: o enredo, personagens, tempo, espaço e o foco narrativo. No 
esquema 3, a seguir, é explica-se os elementos da narrativa: 
 
Esquema 3: Elementos da narrativa 
 
Fonte: Elaborado pela autora (2022) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
38 
 
 
De modo a explicar o esquema 3, toma-se como exemplo a clássica fábula 
“A cigarra e a formiga”, de Esopo, famoso escritor da Grécia Antiga. O enredo conta 
a história de uma cigarra que, durante o verão, vivia a cantar, sem se preocupar em 
guardar alimentos para o inverno; diferentementeda formiga, que era muito 
trabalhadora e esforçada. A cigarra sempre criticava a formiga por ela não se divertir 
durante o verão. Com a chegada do inverno, a cigarra passa por necessidades (frio 
e fome), enquanto a formiga, providente, aproveita os frutos de seu trabalho 
(alimento). 
No que concerne aos elementos da narrativa, nesta fábula, as personagens 
são a cigarra e a formiga; o tempo da narrativa é o verão e o inverno; a história se 
passa no bosque e o foco narrativo é de 3ª pessoa (aquele que observa tudo sem, 
entretanto, participar da história). 
 
 
 
Por fim, um conceito relevante para o ponto de vista do gênero como sócio-
histórico é o de domínio discursivo. Os domínios são as esferas da atividade humana. 
Eles não são textos nem discursos; todavia, são a matéria-prima para a constituição 
de discursos bem específicos tais como o discurso publicitário (propaganda, folder, 
classificado, post), o discurso jurídico (procuração, lei, ofício, sentença), o discurso 
religioso (oração, ladainha, mantra), o discurso literário (poema, fábula, romance, 
mito), discurso acadêmico (projeto, monografia, apostila, artigo científico). Os 
gêneros textuais reportagem, notícia, editorial, entrevista, título, crônica, por exemplo, 
pertencem ao domínio discursivo jornalístico, que é definido por privilegiar a 
exposição de fatos de maneira imparcial e objetiva. 
 
3.2 A CONCEPÇÃO DE GÊNERO TEXTUAL COMO PRÁTICA DISCURSIVA 
O gênero discursivo, a partir das reflexões de Bakhtin (2010), é avaliado como 
uma forma relativamente estável produzida pelos usuários da língua em situações de 
https://bit.ly/3IiLooG
 
 
 
 
 
 
 
 
 
39 
 
 
interação. Por outras palavras, os gêneros podem ser compreendidos como 
enunciados relativamente estáveis de cada uma das esferas da atividade humana 
(cotidiana, científica, ideológica, escolar, jornalística, publicitária, religiosa, escolar 
etc.). Em relação a essas esferas, de acordo com Wachowicz (2012, p. 24), “cada 
época, cada cultura, cada comunidade e, no fim, cada esfera do comportamento 
social têm suas opções de comunicação”. 
 
 
 
Sendo assim, os gêneros textuais não são fixos, dado que, para cada situação 
comunicativa e segundo cada uma das esferas da comunicação, há diferentes 
enunciados (unidades efetivas de comunicação verbal). De acordo com Bakhtin 
(2010), 
 
A riqueza e a diversidade dos gêneros do discurso são infinitas porque 
são inesgotáveis as possibilidades da multiforme atividade humana e 
porque em cada campo dessa atividade é integral o repertório de 
gêneros do discurso, que cresce e se diferencia à medida que se 
desenvolve e se complexifica um determinado grupo. (BAKHTIN, 2010, 
p. 262) 
 
A riqueza e a variedade dos gêneros são infinitas, e Bakthin (2010) não 
pretendeu com a sua reflexão instaurar um catálogo de gêneros. A fim de respaldar 
a citação acima, pode-se pensar na escola. Neste espaço, por exemplo, há 
diferentes gêneros com características distintas os quais se encaixam na esfera 
humana escolar: o currículo, o bilhete, o cronograma, a prova, a circular, dentre 
outros. Interessa comentar que não há entre esses gêneros uma hierarquização, pois 
cada um deles serve a um propósito comunicativo bem específico, a uma posição 
social assumida na comunidade acadêmica e a um relacionamento estabelecido 
entre os parceiros da comunicação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
40 
 
 
 
 
Fora do âmbito escolar, há vários gêneros discursivos. O esquema 4, a seguir, 
mostra algumas dessas formas relativamente estáveis de organização da 
materialidade textual. Evidentemente que a lista de gêneros é incontável e não se 
esgota no esquema seguinte; sendo, pois apenas uma referência sumária de alguns 
textos que possuem uma satisfatória aderência social. 
 
Esquema 4: Gêneros 
 
Fonte: Elaborado pela autora (2022) 
 
A reportagem é um texto de caráter jornalístico, escrito ou falado, cuja função 
é informar por meio de uma linguagem objetiva e impessoal. A crônica é uma 
narrativa curta, efêmera e desenvolvida a partir da visão subjetiva (particular) do 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
41 
 
 
cronista sobre um fato cotidiano. A sinopse é uma descrição sintética de um produto 
cultural com a intenção de antecipar informações sobre esse produto. O resumo é 
um texto que apresenta de maneira abreviada o conteúdo de um acontecimento. 
A resenha é um gênero que mescla resumo e crítica com o objetivo de estimular ou 
desestimular o leitor a consumir um bem cultural (livro, filme, música, peça de teatro, 
exposição de arte, etc). A história em quadrinhos é uma narrativa organizada em 
quadros que associam linguagem verbal e não verbal. Os fatos, nas histórias em 
quadrinho, são sequenciados e organizados sob uma relação de causa e 
consequência. O manual de instruções é um texto cuja intenção é instruir o usuário a 
montar, a usar e a conservar um produto. 
Os gêneros são um modo de organização das experiências com a linguagem 
e com as relações dialógicas estabelecidas entre os usuários da língua que 
interagem. Aqueles são considerados instrumentos de interação social os quais 
revelam agentes desta comunicação dotados de vozes diversas (polifonia). É 
interessante lembrar que esse conceito de gênero tem estreita conexão com o de 
linguagem a qual também supõe essa polifonia e a existência de cosmovisões (visões 
de mundo). 
 
 
 
Os gêneros são constituídos por um conteúdo temático, uma construção 
composicional e um estilo. O tema ou unidade temática é um domínio de sentido 
típico do gênero. Fiorin (2006, p. 62), sobre o conteúdo temático (tema na 
concepção bakhtiniana), afirma, por exemplo, que “as cartas de amor apresentam 
o conteúdo temático das relações amorosas”. A forma composicional é a 
organização do texto, a estrutura dele. Por exemplo, é de se esperar que uma carta 
tenha local, data, vocativo, corpo do texto, despedida e referência de quem a 
escreveu. Já o estilo é constituído pelas estruturas linguísticas como (aspectos lexicais, 
fraseológicos e gramaticais) e é associado a determinadas unidades temáticas. O 
estilo também está atrelado à forma composicional. Por exemplo, no gênero textual 
receita ou manual, os verbos no modo imperativo (indicativo de ordem, pedido, 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
42 
 
 
solicitação) fazem parte da composição desses textos. As unidades fraseológicas 
“este trabalho tem como propósito”, “procedimentos metodológicos” e “nosso 
embasamento teórico” sinalizam uma construção composicional típicas do gênero 
artigo científico 
Por fim, cabe afirmar que os gêneros discursivos alteram-se constantemente, 
segundo Fiorin (2006, p. 65), “à medida que as esferas de atividade se desenvolvem 
e ficam mais complexas”. Esses gêneros então aparecem, desaparecem, se 
transformam, ganham novo sentido por estarem inseridos em um processo dinâmico. 
Para exemplificar isso, é preciso refletir sobre os gêneros surgidos com o advento da 
internet, como é o caso do post, do chat, do blog e do e-mail. Se antes a 
comunicação se processava por meio de uma carta, um bilhete ou diário, hoje, ela 
acontece por meio virtual por intermédio de e-mail ou de blog. 
 
 
 
3.3 GÊNEROS HÍBRIDOS: CARACTERIZAÇÃO 
Como abordado nas seções anteriores, os gêneros textuais são entidades 
flexíveis e mudam de acordo com a dinâmica social e a função que ocupam. Os 
estudos discursivos vêm apresentando interesses nos textos com características de 
mais um gênero do discurso. Os gêneros também podem se mesclar para formar 
outros como é o caso do e-mail, que, por permitir uma comunicação assíncrona, 
acaba sendo uma mescla dos gêneros carta, telefonema e telegrama. Para Costa 
Filho (2012, p. 82), sobre o processo de hibridização dos gêneros, “a esfera 
publicitária, ainda hoje, tem sido palco privilegiado para este tipo de estudo, pelo 
fato de ser o local mais evidente do fenômenode mescla de gêneros do discurso”. 
Esse fato ocorre, uma vez que, para atender às necessidades comunicativas 
contemporâneas, a área da publicidade precisa mesclar estratégias linguísticas 
variadas e criativas para cumprir o objetivo de convencer o interlocutor a adquirir o 
produto vendido. 
https://bit.ly/36odVM4
 
 
 
 
 
 
 
 
 
43 
 
 
 Essa transformação de um gênero a outro é o que se denomina hibridização 
e, segundo Pagano (2001, p. 88), “o hibridismo parece surgir, assim, da práxis ou da 
produção textual, que, se bem participa de um gênero específico ou se vincula a 
ele, está sempre ativando outros gêneros”. A língua e a linguagem mudam o tempo 
todo; conforme arranjos sociais, marcos ideológicos, históricos e culturais; e isso 
justifica o fenômeno da hibridização dos gêneros, que ocorre na materialização da 
linguagem em uso. 
Os gêneros híbridos colocam em questionamento a clássica dicotomia entre 
os gêneros orais e os escritos, dando espaço para a ideia de um contínuo existente 
nessas duas modalidades da língua. Com a inserção de novas tecnologias e com a 
ocorrência contextos multidisciplinares, por exemplo, os gêneros passaram a 
observar novas linguagens (verbal, não-verbal, som, formas, dentre outras) e se 
tornaram híbridos. 
 
 
 
O hibridismo, para alguns estudiosos, tais como Koch e Elias (2008) e Marcuschi 
(2008), pode ser denominado intergenericidade (apropriação de um gênero por 
outro). Marcuschi (2008) vaticina que a intergenericidade é um fenômeno muito 
mais natural e normal do que se possa imaginar. Os estudos da língua, nas instituições 
escolares, vêm abordando a mescla de gêneros assim como as provas de larga 
escala como a do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem). A habilidade de se 
identificar a mescla de gênero tem sido cada vez mais incentivada e cobrada na 
prática cotidiana de leitura e de escrita textual. O texto da figura 6, a seguir, fez 
parte da prova do Enem de 2020, aplicada no início de 2021, e destaca como o 
hibridismo ou a intergenericidade se processa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
44 
 
 
Figura 6: Gênero híbrido 
 
Fonte: Disponível em: https://bit.ly/3ibplp4. Acesso em: 01 jan. 2022. 
 
Em primeira instância, vê-se um texto em forma de um típico cartaz, 
denominado lambe-lambe, que é, mormente, colado em postes ou em muros com 
o propósito de anunciar produtos. Em segunda instância, a partir da leitura textual, 
observa-se que se trata de arte poética difundida em forma de cartaz e vinculada 
ao projeto #UmLambePorDia de autoria de Leonardo Beltrão, natural de Varginha e 
morador de Belo Horizonte. O texto apresenta lirismo e subjetividade típicos de uma 
poesia, porém, bem distantes da linguagem objetiva utilizada no cartaz. Apesar de 
o texto ter a forma de um cartaz, ele apresenta a função de uma poesia. Se antes o 
cartaz estava alocado na esfera publicitária, ao ganhar contornos de poesia, passa 
a figurar na esfera literária sem dúvidas. O efeito pretendido com essa hibridização 
é o de levar, para os moradores e para as cenas urbanas, um pouco mais de alegria 
e de poesia. 
 
 
 
 
https://bit.ly/3ibplp4
https://bit.ly/3KSMlp9
 
 
 
 
 
 
 
 
 
45 
 
 
FIXANDO O CONTEÚDO 
1. (ENADE) 
Uma playlist comentada conta com texto de apresentação, que descreve ou relata algo 
envolvendo as produções em questão, e trechos apreciativos, que podem envolver 
argumentação, contemplando assim diferentes sequências textuais. Além disso, supõe a 
produção de um roteiro e sua leitura oral/falada, o que requer observar a adequação da 
linguagem oral, tendo em vista as condições de produção dadas. Em termos de ações, 
práticas e procedimentos próprios da web, a produção de uma playlist comentada 
permite vivenciar o papel do curador: alguém que seleciona exemplares entre muitos, no 
caso músicas ou canções, a partir de algum critério, organiza-os de determinada forma e 
destaca, a respeito das canções escolhidas ou de seus autores ou executores, algo para 
comentar. Além disso, supõe a escrita de um roteiro e o manuseio de um editor de áudio. 
Pode também supor a disponibilização desse arquivo na internet, o que poderia ensejar 
ações de curtir e/ou redistribuir. 
 
ROJO, R.; BARBOSA, J. P. Hipermodalidade, multiletramento e gêneros discursivos. São Paulo: Parábola editorial, 2015 (adaptado). 
 
No texto apresentado, mencionam-se algumas ações, práticas e procedimentos 
comuns em um ambiente digital. Considerando que tais informações permitem 
que o trabalho do produtor de textos favoreça a reflexão sobre o gênero 
discursivo e ambiente digital, avalie as afirmações a seguir, acerca do uso de 
playlist nas aulas de língua portuguesa. 
 
I. Atividades de reescritura de sequências textuais semelhantes ou diferentes 
voltadas para o uso podem enriquecer a compreensão do gênero playlist 
comentada. 
II. A análise da estrutura de uma playlist comentada favorece a abordagem de 
características que revelam as aproximações e os distanciamentos entre textos 
orais e escritos. 
III. A playlist comentada, enquanto recurso didático, permite a análise de diferentes 
tipos de argumentação utilizados em ambiente digital. 
 
É correto o que se afirma em 
 
a) II, apenas. 
b) III, apenas. 
c) I e II, apenas. 
d) I e III, apenas. 
e) I, II e III. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
46 
 
 
2. (ENEM - ADAPTADA) 
A trajetória de Liesel Meminger é contada por uma narradora mórbida, 
surpreendentemente simpática. Ao perceber que a pequena ladra de livros lhe escapa, 
a Morte afeiçoa-se à menina e rastreia suas pegadas de 1939 a 1943. Traços de uma 
sobrevivente: a mãe comunista, perseguida pelo nazismo, envia Liesel e o irmão para o 
subúrbio pobre de uma cidade alemã, onde um casal se dispõe a adotá-los por dinheiro. 
O garoto morre no trajeto e é enterrado por um coveiro que deixa cair um livro na neve. 
É o primeiro de uma série que a menina vai surrupiar ao longo dos anos. O único vínculo 
com a família é esta obra, que ela ainda não sabe ler. A vida ao redor é a 
pseudorrealidade criada em torno do culto a Hitler na Segunda Guerra. Ela assiste à 
eufórica celebração do aniversário do Führer pela vizinhança. A Morte, perplexa diante 
da violência humana, dá um tom leve e divertido à narrativa deste duro confronto entre 
a infância perdida e a crueldade do mundo adulto, um sucesso absoluto – e raro – de 
crítica e público. 
(Disponível em: www.odevoradordelivros.com. Acesso em: 21 nov. 2021.) 
 
Os gêneros textuais podem ser caracterizados, dentre outros fatores, por seus 
objetivos. Esse fragmento é um(a) 
 
a) Instrução, pois ensina algo por meio de explicações sobre uma obra específica. 
b) Reportagem, pois busca convencer o interlocutor da tese defendida ao longo do 
texto. 
c) Resenha, pois apresenta uma produção intelectual de forma crítica. 
d) Resumo, pois promove o contato rápido do leitor com uma informação 
desconhecida. 
e) Sinopse, pois sintetiza as informações relevantes de uma obra de modo impessoal. 
 
3. (ENEM) 
Isaac Newton nasceu em 4 de janeiro de 1643, no condado de Lincolnshire, Inglaterra. 
Filho de fazendeiros, o cientista, físico e matemático nunca conheceu seu pai, morto três 
meses antes de o filho nascer. 
Estudou na escola King’s School, onde era um aluno mediano. Entretanto, depois de uma 
briga com um colega de classe, começou a se esforçar mais nos estudos. Passou então a 
ser um dos melhores alunos da escola. O sucesso nos estudos levou Newton a entrar na 
Faculdade Trinity, em Cambridge, onde auxiliava outros alunos em troca de uma bolsa de 
estudos paga pela faculdade. 
Newton se interessava pelos pioneiros da ciência, como o filósofo Descartes e os 
astrônomos Copérnico, Galileu e Kepler. Depois de formado, fez estudos em matemática 
e foi eleito professor da matéria em 1669. Em 1670, começou a dar aulas de ótica. Nessa 
época, demonstrou como, através de um prisma,é possível separar a luz branca nas cores 
do arco-íris. 
Em 1679, o cientista inglês voltou-se para mecânica e os efeitos da gravitação sobre as 
órbitas dos planetas. Em 1687, publicou o livro Principia mathematica, em que demonstrou 
as três leis universais do movimento. Com esse livro, Newton ganhou reconhecimento 
mundial. 
(Disponível em: www.invivo.fiocruz.br. Acesso em: 21 nov. 2021. Adaptado). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
47 
 
 
A análise dos elementos constitutivos desse texto, como forma de composição, 
tema e estilo de linguagem, permite identificá-lo como 
 
a) Didático, já que explica a importância das contribuições de Isaac Newton. 
b) Jornalístico, pois dá a conhecer fatos relacionados a Isaac Newton. 
c) Científico, pois investiga informações sobre Isaac Newton. 
d) Ensaístico, já que discute fatos da vida de Isaac Newton. 
e) Biográfico, pois narra a trajetória de vida de Isaac Newton. 
 
4. (ENADE - ADAPTADA) 
Texto I 
Em nosso dia a dia, no contato com outras pessoas e com as diversas informações que 
recebemos, estamos expostos a várias situações comunicativas, cada uma situada em 
seu devido contexto. Na escrita e na fala, existem algumas estruturas padronizadas que 
recebem o nome de gêneros textuais. 
No simples ato de abrir um jornal ou uma revista, já estamos expostos aos diversos gêneros 
textuais: nesses dois meios de comunicação é possível encontrar artigos, cartas de leitor, 
artigos de opinião, notícias, reportagens, charges, tirinhas, ensaios, e-mails e tantos outros 
textos que se adéquam às necessidades de que os escreve, apresentando finalidades 
distintas e definidas. Assim são os gêneros, eles existem em grande quantidade justamente 
porque as práticas comunicativas são dinâmicas e variáveis. 
 
(Disponível em: <HTTPS://brasilescola.uol.com.br>. Acesso em: 7 jul. 2017. Adaptado) 
 
Texto II 
As reflexões teóricas sobre a noção de gênero do discurso (ou de texto, conforme a 
perspectiva) têm sido ampliadas em vários campos de estudo e assumem especial 
importância para a metodologia do ensino e da aprendizagem de língua portuguesa, 
considerando os objetivos atualizados nas propostas curriculares contemporâneas. 
 
(FURLANETTO, M.M. Gênero do discurso como componente do arquivo em Dominique Maingueneau. In: MEREU, A.B; BONINI, A; MOTTA-
ROTH, D. Gênero: teorias, métodos debates. São Paulo: Parábola, 2005. Adaptado). 
 
Considerando os textos apresentados, avalie as afirmações a seguir. 
 
I. Os gêneros textuais são formas relativamente estáveis de um enunciado, 
determinadas sócio-historicamente. 
II. Os gêneros textuais possuem características específicas, que dependem dos 
usuários da linguagem e das necessidades em sua comunicação. 
III. O leitor/produtor de textos é um usuário proficiente da linguagem à medida que 
recorre aos gêneros textuais para, em diferentes situações comunicativas, 
externalizar os sentidos dos textos que lê ou produz. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
48 
 
 
É correto o que se afirma em 
 
a) I, II e III. 
b) I, apenas. 
c) II, apenas. 
d) I e III, apenas. 
e) II e III, apenas. 
 
5. (ENADE) 
 
Tanto a fala como a escrita se dão num contínuo de variações, surgindo daí 
semelhanças e diferenças ao longo de dois contínuos sobrepostos, tal como ilustra 
a figura a seguir. 
 
 
 
Considerando o exposto, avalie as afirmações a seguir. 
 
I. Ao comparar o texto de uma exposição acadêmica com o de uma conversação 
espontânea, percebe-se que, embora os dois sejam representantes da linguagem 
oral, o primeiro apresenta características muito próximas da linguagem escrita. 
II. A proposta de perceber a fala e a escrita por meio de um contínuo reafirma a 
necessidade de que sejam referendadas algumas dicotomias entre essas duas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
49 
 
 
modalidades, tais como: descontextualização (na fala) x contextualização (na 
escrita), não planejamento (na fala) x planejamento (na escrita). 
III. De acordo com o contínuo apresentado, está equivocada a perspectiva teórica 
que considera a fala como dialogada e a escrita como monologada, já que o 
diálogo e o monólogo correspondem a formas de textualização presentes nas 
duas modalidades de língua. 
 
É correto o que se afirma em 
 
a) I, apenas. 
b) II, apenas. 
c) I e III, apenas. 
d) II e III, apenas. 
e) I, II e III. 
 
6. (ENEM) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
50 
 
 
Os quadrinhos exemplificam que as Histórias em Quadrinhos constituem um gênero 
textual: 
 
a) Em que a imagem pouco contribui para facilitar a interpretação da mensagem 
contida no texto, como pode ser constatado no primeiro quadrinho. 
b) Cuja linguagem se caracteriza por ser rápida e clara, que facilita a compreensão, 
como se percebe na fala do segundo quadrinho: “</DIV> </SPAN> <BR CLEAR = 
ALL> < BR> <BR> <SCRIPT>”. 
c) Em que o uso de letras com espessuras diversas está ligado a sentimentos 
expressos pelos personagens, como pode ser percebido no último quadrinho. 
d) Que possui em seu texto escrito características próximas a uma conversação face 
a face, como pode ser percebido no segundo quadrinho. 
e) Em que a localização casual dos balões nos quadrinhos expressa com clareza a 
sucessão cronológica da história, como pode ser percebido no segundo 
quadrinho. 
 
7. (ENEM) 
A DIVA 
 
Vamos ao teatro, Maria José? 
Quem me dera, 
desmanchei em rosca quinze kilos de farinha, 
tou podre. Outro dia a gente vamos. 
Falou meio triste, culpada, 
e um pouco alegre por recusar com orgulho. 
TEATRO! Disse no espelho. 
TEATRO! Mais alto, desgrenhada. 
TEATRO! E os cacos voaram 
sem nenhum aplauso. 
Perfeita. 
 
(PRADO, A. Oráculos de maio. São Paulo: Siciliano, 1999.) 
 
Os diferentes gêneros textuais desempenham funções sociais diversas, 
reconhecidas pelo leitor com base em suas características específicas, bem 
como na situação comunicativa em que ele é produzido. Assim, o texto A diva 
 
a) Narra um fato real vivido por Maria José. 
b) Surpreende o leitor pelo seu efeito poético. 
c) Relata uma experiência teatral profissional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
51 
 
 
d) Descreve uma ação típica de uma mulher sonhadora. 
e) Defende um ponto de vista relativo ao exercício teatral. 
 
8. (FADESP - ADAPTADA) Leia o trecho seguinte. 
“Os gêneros textuais surgem a partir da função específica de cada forma de 
comunicação. Já os tipos textuais (tipologia) são as classificações dadas à estrutura 
linguística padrão segundo a qual o texto é produzido.” 
 
(Disponível em: https://bit.ly/34NQXOf. Acesso em: 07 jan. 2022) 
 
A partir do texto e dos seus conhecimentos, é possível afirmar que Luiz Antônio 
Marcuschi diferencia gêneros e tipos textuais, respectivamente, por critérios 
 
a) Semânticos e sintáticos. 
b) Linguísticos e estilísticos. 
c) Estilísticos e sócio-comunicativos. 
d) Sócio-comunicativos e linguísticos. 
e) Estilísticos e semânticos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://bit.ly/34NQXOf
 
 
 
 
 
 
 
 
 
52 
 
 
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO 
 
 
 
 
 
No campo da linguística aplicada, muitas pesquisas vêm se preocupando 
com os processos de aquisição e de uso social da leitura e da escrita. Vários 
estudiosos exploram como se processa a alfabetização e o letramento tanto na 
língua materna quanto na língua estrangeira. Neste capítulo, conceitua-se, em 
primeiro lugar, o que é alfabetização como uma prática de decodificar letras sem o 
compromisso com as práticas sociais de leitura e de escrita. Em segundo lugar, é 
apresentado o conceito de letramento como a apropriação das práticas de leitura 
e de escrita para interpretar o mundo e ser um sujeito crítico atuante na sociedade. 
Por último, são apontados alguns caminhos da prática de letramento na escola. 
 
4.1 ALFABETIZAÇÃO 
A alfabetização trata-se de um processo de aquisição da leitura e da língua 
escrita. Para Hein (2016, p.4), “a alfabetização

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