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Indaial – 2020 GeoGrafia Política Prof.a Márcia da Silva Prof.a Tatiellen Cristina Prudentes 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2020 Elaboração: Prof.a Márcia da Silva Prof.a Tatiellen Cristina Prudentes Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: S586g Silva, Márcia da Geografia política. / Márcia da Silva; Tatiellen Cristina Prudentes. – Indaial: UNIASSELVI, 2020. 268 p.; il. ISBN 978-65-5663-081-6 1. Geografia política. - Brasil. I. Prudentes, Tatiellen Cristina. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 320.12 III aPresentação Olá, caro estudante! Seja bem-vindo! Este material foi planejado com a finalidade de colaborar para a sua formação acadêmica. Pensando nisso, discutiremos nesta disciplina sobre a Geografia Política, apresentando os fundamentos e conceitos que lhe ajudarão no seu processo de ensino e aprendizagem. Nesta disciplina, abordaremos diversos assuntos de grande importância para sociedade atual, pois queremos que você perceba as dinâmicas dos processos políticos que se desenvolvem no espaço geográfico. Então, vamos discutir os fundamentos básicos de uma área de conhecimento fascinante que é a Geografia Política. Entendemos que os conhecimentos que serão compartilhados, são de extrema importância para os acadêmicos do curso de Geografia, pois eles serão os responsáveis por compreender os conceitos como espaço geográfico, território, política, poder, globalização, conflitos, e outros que são fundamentais para o entendimento mais aprofundado sobre a realidade e as implicações da sociedade contemporânea. Assim sendo, a disciplina tem como objetivo apresentar as origens e a evolução da Geografia Política, seus temas e conceitos principais, compreendendo as mudanças ocorridas no espaço geográfico, interpretando as relações de poder com vários atores, que participam como agentes de criação, transformação e a elaboração dos espaços geográficos. As discussões sobre os temas que trataremos na disciplina serão, por muitas vezes, atuais. Tratamos também de esquematizar a disciplina em três unidades que se apresentam em uma ordem de tópicos e subtópicos. Na unidade 1, discutiremos sobre os conceitos básicos da Geografia Política, com uma abordagem evolutiva da Geografia Política através dos seus teóricos e clássicos. Passaremos, primeiramente, pelos fundamentos da Geografia Política e Geopolítica e, por fim, analisaremos a Geografia Política Brasileira. Já na Unidade 2, intitulada “Geografia Política no mundo contemporâneo”, serão apresentadas as análises sobre a configuração do mundo nestes últimos anos, advindos da Globalização e suas consequências na forma de organização mundial. Passando pelos conceitos básicos e exemplificando a nova conjuntura mundial. IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Na Unidade 3, denominada “Temas e Problemas da Geografia Política Contemporânea”, discutimos os temas e problemas da geografia política contemporânea, a exemplo de conflitos que tenham dimensão territorial, deslocamentos populacionais, processos migratórios e situações de refúgio. Acreditamos que este material será útil para acompanhar a disciplina de Geografia Política, possibilitando, assim, conhecer e compreender o desenvolvimento da geografia. Portanto, o texto está estruturado a partir do desenvolvimento das unidades e tópicos. Em cada unidade, aparecem alguns ícones interativos UNI, como, por exemplo, dicas de estudo, glossário etc. Contamos com sua participação e empenho para extrair o máximo de proveito deste momento. Sucesso e mãos à obra! Prof.a Márcia da Silva Prof.a Tatiellen Cristina Prudentes V VI Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! LEMBRETE VII UNIDADE 1 – FUNDAMENTOS DA GEOGRAFIA POLÍTICA E O CONTEXTO BRASILEIRO ...................................................................................................................1 TÓPICO 1 – GEOGRAFIA POLÍTICA E GEOPOLÍTICA .................................................................3 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................3 2 CONCEITOS, ORIGENS, LIMITES E NOVAS ABORDAGENS .................................................3 3 TEORIAS DA GEOGRAFIA POLÍTICA E DA GEOPOLÍTICA.................................................12 4 A GEOGRAFIA POLÍTICA CLÁSSICA E O DISCURSO GEOPOLÍTICO .............................19 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................29 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................30 TÓPICO 2 – GEOGRAFIA POLÍTICA, ESPAÇOS, PODER E TERRITÓRIOS ..........................31 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................31 2 GEOGRAFIA POLÍTICA: ESPAÇO E PODER ..............................................................................31 3 OS DIFERENTES CAMPOS DO PODER ........................................................................................36 4 O PODER E O TERRITÓRIO .............................................................................................................40 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................45 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................46 TÓPICO 3 – GEOPOLÍTICA BRASILEIRA .......................................................................................49 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................492 O PROJETO GEOPOLÍTICO DA MODERNIDADE NO BRASIL ...........................................49 3 A GESTÃO DO ESTADO CENTRALIZADOR ..............................................................................60 4 A CRISE E OS DESAFIOS DO PAÍS COMO POTÊNCIA REGIONAL ....................................62 5 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E A TENDÊNCIA À GESTÃO PRIVADA DO TERRITÓRIO ........................................................................................................................................68 LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................................78 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................79 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................80 UNIDADE 2 – GEOGRAFIA POLÍTICA NO MUNDO CONTEMPORÂNEO ..........................83 TÓPICO 1 – GEOGRAFIA POLÍTICA E GLOBALIZAÇÃO ..........................................................85 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................85 2 TEORIAS DA GEOGRAFIA POLÍTICA E DA GLOBALIZAÇÃO ............................................85 3 ORIGENS, LIMITES E NOVAS ABORDAGENS ..........................................................................93 4 ESTADO, FRONTEIRAS E SEGREGAÇÃO DO TERRITÓRIO ................................................97 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................112 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................113 sumário VIII TÓPICO 2 – A NOVA GEOPOLÍTICA DAS NAÇÕES E A CONSTRUÇÃO DE NOVOS DISCURSOS E SUAS PRÁTICAS GEOPOLÍTICAS ..............................................115 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................115 2 O SISTEMA MUNDIAL, HEGEMONIAS E CONTRA HEGEMONIAS................................115 3 O PODER GLOBAL DOS ESTADOS UNIDOS E OS NOVOS ATORES MUNDIAIS .......119 4 UMA NOVA CONJUNTURA MUNDIAL? A GEOPOLÍTICA DAS NAÇÕES NA ATUALIDADE DO SÉCULO XXI ...................................................................................................126 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................134 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................135 TÓPICO 3 – A CONSTITUIÇÃO DA BIOPOLÍTICA E DO BIOPODER..................................137 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................137 2 CONSTITUIÇÃO TEÓRICA DA BIOPOLÍTICA E DO BIOPODER SOCIAL .....................137 3 BIOPOLÍTICA E DESLOCAMENTO DE MULTIDÕES: SEGURANÇA JURÍDICA E POLÍTICA .............................................................................................................................................141 4 BIOPODER: RAÇA, POPULAÇÃO E REPRODUÇÃO NO MUNDO GLOBAL ..................142 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................144 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................147 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................148 UNIDADE 3 – TEMAS E PROBLEMAS DA GEOGRAFIA POLÍTICA CONTEMPORÂNEA ....149 TÓPICO 1 – CONFLITOS, DESLOCAMENTOS E MIGRAÇÕES ..............................................151 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................151 2 CONFLITOS QUE PERSISTEM: AS GUERRAS DO SÉCULO XXI ........................................152 3 AS MIGRAÇÕES INTERNACIONAIS E O DRAMA DOS REFUGIADOS ..........................161 4 SOCIEDADES, MOBILIDADES, DESLOCAMENTOS: OS TERRITÓRIOS DA ESPERA .....173 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................181 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................182 TÓPICO 2 – GEOGRAFIA POLÍTICA: ÁFRICA E AMÉRICA LATINA ...................................185 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................185 2 A ÁFRICA É O MUNDO E O MUNDO NÃO É A ÁFRICA ......................................................185 3 CAMINHOS E DESCAMINHOS DA POLÍTICA NA AMÉRICA LATINA ..........................201 4 FORMAÇÕES NACIONAIS E DIFERENTES FORMAS DE INSERÇÃO REGIONAL .....212 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................217 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................218 TÓPICO 3 – GEOGRAFIA POLÍTICA E O MEIO AMBIENTE, GESTÃO DOS RECURSOS E SUSTENTABILIDADE .......................................................................221 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................221 2 GEOGRAFIA POLÍTICA E MEIO AMBIENTE............................................................................222 3 GEOGRAFIA POLÍTICA E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ....................................229 4 GEOGRAFIA POLÍTICA E GESTÃO INTERNACIONAL DE RECURSOS NATURAIS ...241 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................246 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................250 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................251 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................253 1 UNIDADE 1 FUNDAMENTOS DA GEOGRAFIA POLÍTICA E O CONTEXTO BRASILEIRO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • compreender as origens e a evolução da Geografia Política, seus conceitos principais, teorias, temas e pensadores; • perceber as relações entre a Geografia Política e a Geopolítica, examinando a Geografia Política clássica e o discurso geopolítico; • analisar as abordagens recentes sobre espaços, poder e território, com espaço na perspectiva do poder, que significa entender o espaço na sua complexidade e em diferentes escalas de relações, em sua dinâmica histórica e geográfica; • identificar o projeto e o contexto da Geografia Política Brasileira, verificando as relações entre espaço e poder nas escalas nacional, regional e local. Entendendo a relação à questão do componente político sobre o território e da importância do Estado no processo de organização territorial e da força para dominar e gerir territórios. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – GEOGRAFIA POLÍTICA E GEOPOLÍTICA TÓPICO 2 – GEOGRAFIA POLÍTICA, ESPAÇOS, PODER E TERRITÓRIOS TÓPICO 3 – GEOPOLÍTICA BRASILEIRA Preparado para ampliar seus conhecimentos?Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 GEOGRAFIA POLÍTICA E GEOPOLÍTICA 1 INTRODUÇÃO Nesta unidade, por meio de uma abordagem histórica, estudaremos a evolução do pensamento em Geografia Política, seus elementos e a sua finalidade. Para iniciarmos o estudo relacionado à produção da Geografia Política é necessário ter clareza acerca dos conceitos básicos que dão suporte à disciplina. Para tanto, discutiremos, neste primeiro tópico, alguns aspectos conceituais que permitem entender e inteirar como a Geografia Política é importante como disciplina no curso de graduação em Geografia. Portanto, dividiremos o tópico em três partes. Na primeira serão abordados os fundamentos dos conceitos e origens da Geografia Política, a ciência que analisa as relações de poder no espaço geográfico. Diante disso, estudaremos também as relações de poder e a sua correlação com o espaço. Na segunda parte, abordaremos as teorias da Geografia Política e da Geopolítica, com uma grandeza de conceitos, termos e seus primeiros pensadores que corroboraram para a construção do conhecimento e foram fundamentais para a Geografia Política. Por fim, a terceira parte, com a discussão de dois geógrafos que produziram com todos os seus apontamentos conceituais, reflexões críticas, estudos pioneiros da historicidade e a contextualização dos temas sobre a Geografia Política. 2 CONCEITOS, ORIGENS, LIMITES E NOVAS ABORDAGENS Para começar, precisamos deixar claro sobre o que estamos falando. O que é Geografia Política? Para compreensão do significado de Geografia Política é importante definir o que é Geografia Política e Geopolítica, pois os dois termos terão em conjunto sua conceituação. Dessa forma, estes campos teóricos da Geografia apresentam importância ímpar para o entendimento do desenrolar dos fatos históricos no espaço geográfico, ajudando termos uma análise crítica em relação a ordem internacional vigente. UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA GEOGRAFIA POLÍTICA E O CONTEXTO BRASILEIRO 4 A geografia política pode então ser compreendida como um conjunto de ideias políticas e acadêmicas sobre as relações da geografia com a política e vice-versa. O conhecimento por ela produzido resulta da interpretação dos fatos políticos, em diferentes momentos e em diferentes escalas, com suporte em uma reflexão teórico-conceitual desenvolvida na própria geografia ou em outros campos como a ciência política, sociologia, antropologia, relações internacionais etc. A dupla necessidade de dar uma resposta acadêmica sobre os fundamentos geográficos para eventos políticos e a preocupação de legitimar a sua análise a partir de um enquadramento intelectual em modelos teóricos reconhecidos resultaram em uma forte contextualização da disciplina, tanto em termos dos temas centrais como das opções metodológicas, além das práticas, de muitos dos seus formuladores. Desse modo, da mesma forma que em outras áreas do conhecimento, também na geografia política não é possível defender um total desinteresse ou imparcialidade dos pesquisadores e analistas. Pois, como bem lembra John Agnew, “em um mundo da ação humana não é possível falar em uma visão singular, de lugar nenhum, para justificar esta ou aquela perspectiva como melhor que outra” (AGNEW, 2002, p. 8), apesar do esforço da disciplina em oferecer coerência entre fundamento teórico e evidência empírica para discussão de situações particulares (CASTRO, 2005, p. 17). A Geografia Política é, portanto, a interpretação dos fatos políticos e relações políticas, nas suas diferentes escalas, ou seja, relações de poder de atores e agentes, que exercem autoridade e poder, e que geram por vezes conflitos e jogos de interesses. Pela natureza da Geografia, os pesquisadores e analistas não conseguem se desvincular de sua perspectiva, não conseguindo ter o desinteresse e a imparcialidade do estudo proposto. Neste contexto, vemos que a geografia política leva em consideração o território de um determinado país e região. Na geografia humana é percebida como a ciência que analisa as relações de poder no espaço geográfico, estudando as relações de poder e a sua correlação com o espaço. Temos a perspectiva do espaço geográfico conexo a uma Geografia Política com o território, da arena privilegiada da ação política e do poder (SUERTEGARAY, 2001). Portanto, o objeto desta, é nas relações entre o território, poder e política, investigando as relações do poder, tanto dentro quanto entre os Estados-nação, em todo o processo intrínseco da apropriação do espaço geográfico. A identificação da geografia com a geografia política surge “através das análises dos conjuntos de estudos sistematizados mais afetos a geografia e restritos as relações entre o espaço e o Estado, como as questões relacionadas à posição, situação, características das fronteiras” (COSTA, 2010, p. 18). A Geografia Política, em sua origem, teve como compromisso de compreender o modo pelo qual a política era influenciada pela geografia (CASTRO, 2005). Portanto, o objeto de estudo da Geografia Política são as relações entre o TÓPICO 1 | GEOGRAFIA POLÍTICA E GEOPOLÍTICA 5 espaço e o poder ou o estudo geográfico da política. Os estudos iniciam na obra de Ratzel, publicada em 1987, intitulada Politische Geographie. Ratzel era o principal agente que exercia poder sobre o território era o Estado, no início destes estudos. Você conhece Ratzel? Friedrich Ratzel (1844-1904) foi um teórico pensador da institucionalização da Geografia, enquanto ramo autônomo do saber científico. Percursor dos “clássicos” da ciência geográfica, além de também ser um dos pensadores e teóricos da Geografia Política. DICAS Verifica-se, que na atualidade, em Geografia Política, teremos também as análises de questões ambientais como é o caso da Amazônia, que assume uma importância política muito grande, tanto nacional como internacional, visto que é uma fonte imensurável de riqueza naturais. Considerando o texto, observe as figuras, a seguir: FIGURA 1 – CHARGE SOBRE A DESTRUIÇÃO DA FLORESTA NA AMAZÔNIA, POR CHICO MARINHO FONTE: <https://jornalggn.com.br/sites/default/files/2019/08/uma-charge-sobre-a-destruicao- da-floresta-na-amazonia-por-chico-marinho-amazonia-chico-marinho-696x529.jpeg>. Acesso em: 5 set. 2019. UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA GEOGRAFIA POLÍTICA E O CONTEXTO BRASILEIRO 6 FIGURA 2 – MANCHETE SOBRE A DISCUSSÃO DA AMAZÔNIA NA ONU EM 2019 FONTE: <https://cdn.domtotal.com/img/noticias/2019-09/1390166_419833.jpg>. Acesso em: 24 set. 2019. Conforme figuras acima, Costa (2010, p. 25) esclarece que “são de suma importância as análises das formas de distribuição do poder no espaço nacional, regional, e internacional etc., e os modos de repartição desse poder no interior da sociedade, cada vez mais territorializada em suas práticas sociais cotidianas”. Bem como, vemos a importância do conceito de escala nos estudos da geografia, compreendida como “níveis em que o espaço é subdividido” para melhor ser compreendido e analisado. As diferentes escalas são interligadas, uma vez que todas são maneiras de compreender o espaço geográfico” (LISBOA, 2007, p. 30-31). TÓPICO 1 | GEOGRAFIA POLÍTICA E GEOPOLÍTICA 7 Lisboa (2007) exemplifica os níveis de escalas, bem como, cada fenômeno pode ser analisado em uma escala primária e se relacionar a outras análises escalares, quando se adquire a habilidade de reflexão transescalar. A influência dos EUA pode ser pensada internacionalmente e chegar a identificação de elementos dessa atuação nas pequenas cidades brasileiras; da mesma forma, um fenômeno que a princípio pareça apenas de nível local pode ganhar proporções mundiais como o gás carbônico liberado localmente, que pode contribuir para o fenômeno do aquecimento global. IMPORTANT E Surge, assim, o campo de atuação da Geografia Política, “Geografia e a relação entre a políticae o território, expressão e modo de controle dos conflitos sociais e a base material e simbólica da sociedade” (CASTRO, 2005, p. 15-16). As bases materiais e Simbólicas são consideradas por HAESBAERT (2004), como: Base Material: relacionada com a dominação (jurídico-política) da terra e com a inspiração do terror, do medo – especialmente para aqueles que, com esta dominação, ficam alijados da terra, ou no territorium são impedidos de entrar. Base Simbólica: relacionada com a apropriação. Podemos dizer que, para aqueles que têm o privilégio de usufrui-lo, o território inspira a identificação (positiva) e a efetiva “apropriação”. Território, assim, em qualquer acepção, tem a ver com poder, mas não apenas ao tradicional “poder político”. Ele diz respeito tanto ao poder no sentido mais concreto e de dominação quanto ao poder no sentido mais simbólico de apropriação. Lefebvre distingue apropriação de dominação (“possessão”, “propriedade”), o primeiro sendo um processo muito mais simbólico, carregado das marcas do “vivido”, do valor de uso, o segundo mais concreto, funcional e vinculado ao valor de troca. Segundo o autor: o uso reaparece em acentuado conflito com a troca no espaço, pois ele implica “apropriação” e não “propriedade”. Ora, a própria apropriação implica tempo e tempos, um ritmo ou ritmos, símbolos e uma prática. Quanto mais o espaço é funcionalizado, mais ele é dominado pelos “agentes” que o manipulam tornando-o unifuncional e, menos ele se presta à apropriação. Por quê? Porque ele se coloca fora do tempo vivido, aquele dos usuários, tempo diverso e complexo (LEFEBVRE, 1986 p. 411-412). Como decorrência deste raciocínio, é interessante observar que, enquanto “espaço-tempo vivido”, o território é sempre múltiplo, “diverso e complexo”, ao contrário do território “unifuncional” proposto pela lógica capitalista hegemônica. FONTE: HAESBAERT, R. Dos múltiplos territórios a multiterritorialidade. In: HEIDRICH, A.; COSTA, B.; PIRES, C.; UEDA, V. (Org.). A emergência da multiterritorialidade: a ressignificação da relação do humano com o espaço. Canoas/Porto Alegre: Editora ULBRA/ Editora UFRGS, 2008. DICAS UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA GEOGRAFIA POLÍTICA E O CONTEXTO BRASILEIRO 8 Você saberia citar alguns exemplos de temas de estudo da Geografia Política? Para ilustrar os estudos da geografia política, observe este resumo de uma tese de doutorado de Daniel Cirilo Augusto (2017, p. 13), com o título “Comportamento geográfico do voto: a identificação pessoal e a identificação partidária em Portugal e no Brasil”. Resumo: esta pesquisa tem como objetivo analisar a identificação pessoal e a identificação partidária na decisão do voto de eleitores portugueses e brasileiros no período entre as eleições de 2011 e 2013 (Portugal) e 2012 e 2014 (Brasil). Procurou-se, ainda, identificar a importância dos partidos políticos para a decisão do voto, bem como, os diferentes elementos que contribuem para o voto. As escalas de pleitos eleitorais são utilizadas aqui para averiguar os diferentes níveis de identificação pessoal e de identificação partidária no eleitorado. Metodologicamente, este trabalho foi desenvolvido através de três eixos: leituras para a construção do referencial teórico, entrevistas com políticos brasileiros e aplicação de questionários aos eleitores portugueses e brasileiros. Para estes, foram traçados critérios para as amostras que levaram a escolha de Braga, Évora e Lisboa (Portugal) e Curitiba, Laranjeiras do Sul e Maringá (Brasil). A pesquisa foi conduzida pelo comportamento geográfico do voto, através de vinculações (aproximações e distanciamentos) entre a realidade portuguesa e a brasileira. Os resultados apresentados revelam a decisão do voto fundamentada principalmente na identificação pessoal, com exceção às eleições de nível nacional em Portugal, que obtiveram uma considerável parte dos eleitores a votar por meio da identificação partidária. Ademais, concluiu-se que o voto é híbrido, em especial entre o eleitorado brasileiro. As mudanças ocorridas entre a decisão do voto do eleitor brasileiro permitem-nos identificar que este eleitor possui um caráter mudancista em suas decisões eleitorais, tornando-o sensível às variações ocasionadas no contexto territorial (sistema eleitoral, partidos políticos, meios de comunicação, efeito vizinhança etc.). Diante disso, considera-se que os elementos intrínsecos ao território contribuem para a formação dos cenários político partidários, condicionando o comportamento geográfico do voto. DICAS Como procuramos apontar, todas essas mudanças quanto aos novos temas são de suma importância, e quando em foco verificarem as relações de poder e o território, teremos espaços que são campos de grande importância de pesquisa da Geografia Política. Segundo as concepções de Castro (2005, p. 67), a contribuição do pensamento de Ratzel, que era um intelectual do seu tempo e, que ele, “foi quem melhor compreendeu e explicitou a importância do território como um suporte duradouro para o poder das instituições políticas”. Para Castro (2005, p. 19), “Ratzel procurou elaborar uma verdadeira teoria das relações entre a política e o espaço. A Geografia Política de Ratzel tinha, portanto, como tarefa demonstrar que o Estado é fundamentalmente uma realidade humana que só se completa sobre o solo do país”. TÓPICO 1 | GEOGRAFIA POLÍTICA E GEOPOLÍTICA 9 Castro (2005, p. 71) valoriza o trabalho de Ratzel e dá-nos uma nova dimensão da importância do seu trabalho em Geografia Política. Segundo o autor: “sua preocupação era compreender este poder que faz mover o mundo, que abre as rotas e desenvolve o comércio, joga as nações uma contra as outras, empurra as armas para frente e finalmente engendra desequilíbrios de todos os tipos, verificado em cada escala das relações.” Outro autor de destaque na Geografia política foi La Blache, ao qual se atribui a ideia do possibilismo, teoria segundo a qual o homem tem a possibilidade de intervir no meio. Para La Blache (1982) a geografia política constitui, em sentido estrito, um desenvolvimento especial da geografia humana. Nas aplicações da geografia ao homem, trata-se sempre do homem por sociedades ou por grupos, de modo que se pode crer autorizado a dar ao nome de geografia política um sentido mais amplo, e estendê-lo ao conjunto da geografia humana. Indicamos, para a leitura mais aprofundada do tema, o livro: RATZEL, de Antônio Carlos Robert. Coleção de um dos grandes cientistas sociais. nº 59, São Paulo, Ed. Ática S/A. 1990. Por meio do Link a seguir, você consegue acessar e baixar o livro: https://sites.google. com/site/flamariongeografia/historia-do-pensamento. Acesso em: 20 jan. 2020. DICAS Por meio da análise de escalas dentro da Geografia Política, como a análise nacional e global, diante dos pressupostos constituídos por esta disciplina, surge como uma linha direta a geopolítica, a qual, segundo Costa (2010, p. 55), pode ser considerada: “[…] antes de tudo um subproduto e um reducionismo técnico e pragmático da geografia política, na medida em quem se apropria de parte de seus postulados gerais para aplicá-los na análise de situações concretas interessando ao jogo de forças estatais projetado no espaço”. Para Costa (2010) a Geopolítica caberia a formulação das teorias e projetos de ação voltadas às relações de poder entre os Estados e às estratégias de caráter geral para os territórios nacionais e estrangeiros, como exemplo a União Europeia ou as conquistas marítimas, de modo que estaria mais próxima das ciências políticas aplicadas, sendo assim mais interdisciplinar e utilitarista que a Geografia Política. O surgimento da Geografia Política e, sobretudo, da Geopolítica, “são um produto do contexto europeu na virada do século XIX para XX, marcados pela emergência das potências mundiais e o imperialismo como forma histórica de relacionamento internacional” (COSTA, 2010, p. 58). UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA GEOGRAFIA POLÍTICAE O CONTEXTO BRASILEIRO 10 O pioneiro da Geopolítica foi Rudolf Kjellen, a quem se atribui o termo geopolítica “para expressar as suas concepções sobre as relações entre o Estado e o território”. Seus princípios tiveram muita discussão junto aos círculos de poder de diversos países. “Kjellen não escondia sua admiração pelo Estado Maior alemão e nem o desejo de que a Europa viesse a ser unificada sob um imenso império germânico” (COSTA, 2010, p. 57). Vários autores vão demostrar que a Geopolítica é uma ciência da ação e um campo de um saber estratégico. A geoestratégia (situações de conflito e emprego de meios de coerção) é apropriada pela Geopolítica, em seus mecanismos, pois tem como preocupação básica a correlação de forças entre os estados ou os agentes atuantes em determinado conflito. Considerado por um estudo das constantes e das variáveis do espaço. A Geoestratégia é o estudo das constantes e das variáveis do espaço que, ao objetivar-se na construção de modelos de avaliação e emprego de formas de coação, projeta o conhecimento geográfico na atividade estratégica (CORREIA, 2012). Coação: coação consiste na ação de coagir, ou seja, forçar alguém a fazer algo contra a sua vontade. Do ponto de vista jurídico, o crime de coação é caracterizado como o ato de agir com pressão ou violência (física ou verbal) perante outra pessoa, com o propósito de obter algo contra a sua vontade. IMPORTANT E Para mais detalhes sobre os conceitos de Geopolítica e Geoestratégia, leia os textos: Campello (2018). Atores, interesses e diferentes concepções sobre as reservas do pré-sal brasileiro: comparando os marcos regulatórios de 2010 e 2016. 24 p. Revista Oikos. Volume 17, n. 3. FONTE: http://www.revistaoikos.org/seer/index.php/oikos/article/viewFile/515/287. Acesso em: 11 fev. 2020.; MELLO, L. I. A. Quem tem medo da geopolítica? 1999. Disponível em: http:// www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-44782000000100011. Acesso em: 20 jan. 2020. ATENCAO TÓPICO 1 | GEOGRAFIA POLÍTICA E GEOPOLÍTICA 11 Vemos aqui, por meio das afirmações, o início uma reflexão: a Geopolítica não é uma abreviação de Geografia Política? De forma mais simplificada, a Geopolítica se diferencia da Geografia Política, pois a primeira é mais específica focada na atuação territorial estatal direta, e por outro lado, a Geografia Política é mais ampla e tem como foco outros atores além do Estado, como movimentos sociais, grupos de poderes, entre outros. A Geopolítica de forma clássica preocupa-se em compreender os diferentes conflitos que existem na posse e dominação territorial, é um instrumento analítico focado nas divergências territoriais. Trata-se de uma ciência do conflito. Por fim, ressaltamos que a Geografia política estuda as relações políticas, sendo assim, relações em que existem atores exercendo poder, o que muitas vezes gera conflitos, interesses e intervenções políticas. A partir dos pressupostos estabelecidos por este ramo da ciência geográfica, abordam-se conflitos entre atores e agentes (movimentos sociais, as multinacionais, shopping centers, associações de bairro, sindicatos, traficantes ou milícias nos morros e favelas das grandes cidades, grupos terroristas, as empresas transnacionais, os governos de países) em que há um caráter espacial. No conjunto desses conflitos, podemos incluir conflitos entre nações e povos, conflitos urbanos, conflitos de natureza ambiental. Conforme as explanações de Costa (2010, p. 58): É sem sombra de dúvida que o surgimento da Geografia Política e, sobretudo, da Geopolítica são um produto de contexto europeu na virada do século XIX para o XX, com F. Ratzel e R. Kjéllen, respectivamente. Num plano mais geral, entretanto, não se pode esquecer que o interesse pelos fatores referentes à relação entre espaço e poder também manifesta um momento histórico que envolvia o mundo em escala global, caracterizado pela emergência das potências mundiais e, com elas, o imperialismo como forma histórica de relacionamento internacional. Em outros termos, as estratégias dessas potências tornaram-se antes de tudo globais, isto é, projetos nacionais tenderam a assumir cada vez mais um conteúdo necessariamente internacional. Realizamos, até o momento, uma breve reflexão da origem e a sistematização da Geografia Política e Geopolítica como conceito. Assim, para conhecer e entender o processo e contexto de toda a sua formalização, é preciso aprender sobre seus conceitos e seus desdobramentos direcionados pelas pesquisas e produções clássicas. Estes conceitos ajudarão você, acadêmico, a iniciar um importante percurso acerca da geografia política clássica. UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA GEOGRAFIA POLÍTICA E O CONTEXTO BRASILEIRO 12 3 TEORIAS DA GEOGRAFIA POLÍTICA E DA GEOPOLÍTICA As teorias da Geografia Política e da Geopolítica tem uma grandeza de conceitos e termos. A Geografia Política se desenvolve na relação entre a política, o poder e o território, nomeadamente no que diz respeito a sua gestão (CASTRO, 2005). Com a evolução da Geografia Política, durante o século XIX, com características marcadas de um cenário de sistematização da Geografia na ciência, seguindo paradigmas como o Determinismo e o Possibilismo, origina-se como uma subárea, com autores e obras derivadas de teóricos renomados e respeitados da Geografia (COSTA, 2010). Você sabe o que é determinismo e possibilismo? Para compreender melhor esses conceitos, indicamos que assista ao vídeo: “Determinismo e Possibilismo Geográfico na Compreensão da Sociedade”, com o professor Thiago Hernandes, graduado em Geografia pela Unesp, mestre em Geografia pela UEM e doutorando em História pela Unesp. O vídeo tem cerca de cinco minutos. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=ZjkO1tlS1-E. Outro material que pode acrescentar na temática sobre os conceitos da geografa é o vídeo do professor José Willian Vesentini, professor da USP e autor, em que explica de forma objetiva alguns conceitos básicos da Geografia que são espaço, escala, território, região, paisagem e lugar. Com duração de cerca de seis minutos, o professor explana sobre o cotidiano do fazer geográfico. Disponível em: https://www.youtube.com/ watch?v=kWeDhaNelyk. DICAS Seguindo orientações do Determinismo Ambiental, ou seja, uma visão naturalista aplicada ao estudo da sociedade, de Friedrich Ratzel, a Geografia Política conduz e inicia suas bases, com o pensamento sobre o poder e as estratégias de controle e de dominação do território, concebendo o Estado por meio desse território (COSTA, 2010). Por meio dessa problematização e contextualização, as diretrizes em torno da Geografia Política Clássica de Ratzel, uma “Geografia estatal”, foi defendida por Raffestin, com questões a uma categoria que constituía o Estado como um ator excepcional. Para o autor, a Geografia Política tem a particularidade de múltiplas relações de poder, determinados pelas mais diferentes ações antrópicas, adjacente há uma escala de atores e agentes sociais, onde atuam em articular ações, conflitos e intervenções a seus interesses (RAFFESTIN, 1993). TÓPICO 1 | GEOGRAFIA POLÍTICA E GEOPOLÍTICA 13 Nessa perspectiva, devemos reconhecer que os estudos e trabalhos de Ratzel contribuíram para a construção de um conhecimento fundamental para a Geografia Política, com todos os seus apontamentos conceituais, reflexões críticas, historicidade e a contextualização dos temas. Neste processo, durante as décadas de 1970 e 1980, entram as estratégias de temas e escalas que são agregados a esta, com a adoção de um conjunto de questões marcadas pelo contexto mundial. Com a direção a novas interpretações na análise espacial, conforme Castro (2005), o poder do Estado recebe novas organizações administrativas, a gestão administrativa em espaços nacionais, entre outros elementos, acrescentando- se assim abordagens com grande amplitude e uma renovação a disciplina, estabelecendo novos interesses por açõespolíticas. Castro (2005, p. 78) esclarece em um capítulo do seu livro, que o tema Estado: É um recorte explicativo importante para a geografia política porque constitui a escala dos fenômenos oriundos do universo decisório institucional da política territorialmente centralizada. É inegável que as decisões desse universo afetam a organização do espaço e o cotidiano dos seus habitantes, mesmo a partir do final do século XX o poder regulatório das instituições políticas localizadas no aparato estatal tenha que incorporar os interesses a outras instituições supranacionais, como o FMI, a OMC, o Banco Mundial e o mercado financeiro. Da mesma forma que nos séculos XIX os Estados incorporaram os interesses da burguesia industrial e, no século XX, incorporaram os interesses dos trabalhadores na constituição do Estado de Bem-Estar. Castro (2005) vai trazer a ideia de reencontrar a política na geografia, tentando relacionar como a política, no seu sentido institucional e operacional, invadiu as mais diferentes dimensões do mundo contemporâneo, recorrendo a um pluralismo teórico-conceitual, relevantes a compreender o espaço como arena de conflitos. Que foram definidos por temas e questões clássicos e outros que vem se impondo pela própria realidade do mundo contemporâneo: • A geografia política do século XXI. • A Renovação do debate temático e teórico na geografia política. • As relações entre o território e conflito: o campo da geografia política. Por outro lado, Costa (2010) trabalha sobre as tendências e perspectivas atuais da Geografia Política, disposta a interdisciplinaridade cada vez maior entre Geografia Política, Ciência Política e Economia, pois “não há política e poder dissociados da economia” (COSTA, 2005, p. 317). Para ele, existe um vasto campo de pesquisa para a Geografia Política, por exemplo, temas como: • O Estado Moderno e o seu significado atual. • As fronteiras, seus velhos e novos significados. • O debate recorrente sobre a questão das nações e as nacionalidades. UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA GEOGRAFIA POLÍTICA E O CONTEXTO BRASILEIRO 14 Para Castro (2005), a geografia política do século XXI é mais abrangente, sendo composta por agentes/atores que não se deixam aprisionar pelos limites institucionais do Estado. Foram muitas as transformações a partir do capitalismo, acompanhada de guerras e conquistas de mercados, territórios, povos e nações (COSTA, 2010). Essas transformações alteram tanto a relação entre os Estados quanto dentro dos Estados. Na atualidade, Costa (2010) concorda que o Estado perdeu força e o princípio da soberania nacional e as fronteiras como conteúdo militar não possui grande sentido, dada a facilidade de arrebentação dos limites pelas armas estratégicas. De acordo com Costa (2010, p. 282) restam apenas os conteúdos: • Legal: o conjunto das leis de um país. • Fiscal: cada vez mais relativizado pelos acordos tarifários. • Controle: especialmente o controle de migrações. Desse modo, o autor relata o estudo sobre a Geografia Política “Universal”, que entenderá examinar os fenômenos fronteiriços contemporâneos na Europa, América, África e Ásia, e particularmente antigos e novos significados das fronteiras em cada macrorregião do globo. Veja a reportagem a seguir, do site História online, do dia 24 de novembro de 2018: • Fronteiras fortificadas e muros no mundo. Da fronteira entre o México e os EUA à questão da Cisjordânia e das Coreias, passando pelos muros que visam impedir a entrada de imigrantes e refugiados na Europa, atualmente, há diversas crises para as quais os governos envolvidos optaram por um fechamento físico das fronteiras. O mundo de hoje tem mais muros do que o período da Guerra Fria, justamente às vésperas de entrarmos em 2019: ano que marca o trigésimo aniversário da queda do Muro de Berlim, o grande símbolo da era bipolar. A seguir, você poderá analisar um mapa com as principais fronteiras fortificadas, muros e um resumo bem pontual das questões. TÓPICO 1 | GEOGRAFIA POLÍTICA E GEOPOLÍTICA 15 FIGURA 3 – PRINCIPAIS FRONTEIRAS NO MUNDO FONTE: <https://historiaonline.com.br/fronteiras-fortificadas-no-mundo-atual/>. A cesso em: 21 set. 2019. FIGURA 4 – SOLDADOS NA FRONTEIRA ENTRE COREIA DO NORTE E COREIA DO SUL FONTE: <https://jornalggn.com.br/sites/default/files/imagens/coreia_norte_sul.jpg>. Acesso em: 20 out. 2019 FONTE: <https://jornalggn.com.br/sites/default/files/imagens/coreia_norte_sul.jpg>. Acesso em: 20 out. 2019. UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA GEOGRAFIA POLÍTICA E O CONTEXTO BRASILEIRO 16 Como se viu, Costa (2010) nos instiga a ver que as clássicas definições de conteúdo sobre a fronteira tem sido pouso úteis quando se tenta aplicá-las as situações geopolíticas encontradas na nossa realidade atual, sendo assim, é de grande importância verificar, mesmo que empiricamente, cada processo em si, pois cada fronteira é uma singularidade. O conceito de Fronteira é definido como limite ou linhas que dividem territórios político, sociais e jurídicos distintos. Um limite físico é uma barreira que ocorre naturalmente entre duas áreas. Rios, cadeias de montanhas, oceanos e desertos podem servir como limites físicos. Muitas vezes, fronteiras políticas entre países ou estados se formam ao longo de fronteiras físicas. Por exemplo, a fronteira entre a França e a Espanha segue os picos das montanhas dos Pirenéus, enquanto os Alpes separam a França da Itália. O Estreito de Gibraltar é a fronteira entre o sudoeste da Europa e o noroeste da África. Esta via navegável estreita entre o Oceano Atlântico e o Mar Mediterrâneo é uma importante fronteira política, econômica e social entre os continentes. FONTE: https://www.nationalgeographic.org/encyclopedia/boundary/. Acesso em: 20 out. 2019. IMPORTANT E Portanto, trazemos uma periodização realizada por um grande pensador e pesquisador sobre a Geografia Política, o Geógrafo José Willian Vesentini (1986, p. 24-27). Ele apresenta a Geografia Política em três fases/períodos: • 1a fase: “Inaugurada por Ratzel”, estende-se do final do século XIX até o final da segunda Guerra Mundial em 1945. • 2a fase: entre 1945 e o início dos anos 1970, quando ocorre um “rompimento com a geopolítica”. • 3a fase: a partir de meados da década de 1970 aos dias atuais. Por outro lado, trazemos a contribuição de Becker (2012, p. 117): Embora o projeto político da Geografia remonte a sua origem, associado à sua prática estratégica, não foi ele desenvolvido no plano teórico. Nem a Geografia Política nem a Geopolítica conseguiram satisfatoriamente explicitar a dimensão política do espaço, o que certamente imobilizou a reflexão da própria Geografia. Hoje, a questão das relações entre a Geografia e a Geopolítica se insere no contexto de velocidade espantosa de transformação do planeta no segundo pós-guerra e da crise de ciência social, que não consegue dar conta do movimento da sociedade e das novas estruturas de poder nem propor soluções para o futuro. Novas problemáticas têm que ser incorporadas à explicação da crescente globalização e complexidade do mundo na era tecnológica. A busca de novos paradigmas da ciência e o rompimento das barreiras entre as disciplinas – a transdisciplinaridade – parecem hoje tornar- se uma exigência, e o rompimento de barreira entre a Geografia e a TÓPICO 1 | GEOGRAFIA POLÍTICA E GEOPOLÍTICA 17 Geopolítica numa perspectiva crítica, integrado à natureza holística e estratégica do espaço, pode representar um passo importante nesse caminho, pois que o poder e o espaço e suas relações são, sem dúvida, problemáticas contemporâneas significativas. Nesse item, a autora considerava necessário “superar as concepções naturalizadas que têm imobilizado a contribuição maior a essa análise: os determinismos geográfico e econômico.” Como apresenta a seguir, em uma parte integral de seu texto original: A Geografia Política, de Ratzel (1897), representou, sem dúvida, um avanço na teorização geográficado Estado. Ratzel foi dos poucos geógrafos a assumir explicitamente o valor estratégico do espaço e da Geografia. Sua obra pode ser considerada como o primeiro momento epistemológico da Geografia (RAFFESTIN, 1980), ainda que, sob influência do contexto histórico marcado pela consolidação e expansão dos Estados-Nação europeus, só, tenha proposto uma concepção unidimensional e naturalizada do político, encarado exclusivamente pelo Estado como um fato dado e fortemente condicionado pelo solo de seu território. A herança de Ratzel, embora por alguns exacerbada, foi, em geral, negada pelos geógrafos, que, ao recusarem sua concepção determinista, negaram também toda a sua riqueza teórica. Sua herança foi por outro apropriada. A legitimidade científica para a prática estratégica estatal, que crescente e sistematicamente instrumentalizada o espaço (e o tempo) visando objetivos econômicos e de controle social, passou a ser dada por uma nova disciplina, a Geopolítica, criada em 1917 a partir da apropriação justamente do organicismo contido na obra de Ratzel e também das informações descritivas e “apolíticas” produzidas pelos geógrafos. As deformações da Geopolítica nazista afastaram os geógrafos dessa reflexão teórica ainda mais. Embora muitos, em sua prática, não deixassem de colaborar com o aparelho do Estado no planejamento da guerra e/ou do território. Assim, a Geografia permaneceu à margem de todo um conjunto de técnicas e de um saber que instrumentalizam e pesam o espaço a partir da ótica do Estado (e também da grande empresa) – embora com ele colaborando direta ou indiretamente –, o que certamente a esvaziou de seu conteúdo. Negar, portanto, a prática estratégica, seja das origens da disciplina ou da teoria dada por Ratzel, seja da Geopolítica explícita do Estado Maior, ou da implícita na prática dos geógrafos, é negar a própria Geografia, que foi, assim, prejudicada no seu desenvolvimento teórico e na sua função social. UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA GEOGRAFIA POLÍTICA E O CONTEXTO BRASILEIRO 18 Repensar a Geografia envolve, necessariamente, o desvendar da Geopolítica, sua avaliação crítica e seu resgate, e trazer esse conhecimento para debate na sociedade. Em outras palavras, nesse campo de preocupações, à Geografia caberia a teorização sobre a prática estratégica desenvolvida pela Geopolítica. Embora essa conscientização se faça sentir na retomada dos estudos de Geografia Política e Geopolítica na década de 1970, inclusive pela criação de um grupo de trabalho sobre “O Mapa Político do Mundo” na União Geográfica Internacional, em 1984, a questão teórica está longe de ser resolvida. Dentre esses estudos, desenvolvidos com as mais várias abordagens e temáticas, destacam-se duas contribuições. A de Lacoste, que privilegia a Geopolítica e o potencial político do espaço; sua proposta, contudo, é mais metodológica do que teórica. A de geógrafos neomarquixistas, que, por sua vez, privilegiam a teorização da Geografia Política à luz do materialismo histórico, mas reduzem o Estado e o espaço a meras derivações do econômico; é o determinismo econômico e, mais uma vez, uma concepção naturalizada e unidimensional do poder. A naturalização do Estado e do espaço pelo determinismo geográfico e a reação extrema a essa postura criam, assim, um impasse para a análise das relações entre o espaço, o político e a sociedade em geral. Ora se considera o espaço como determinante da ação humana e o Estado como única fonte de poder, ora se nega essa determinação substituindo-a pela econômica, mas sem precisar o papel do espaço e do Estado nessas relações (BECKER, 1983). E mais: tal impasse é simplificador do real, na medida em que não abre espaço para a identificação de novas fontes de poder e para a imprevisibilidade dos processos sociais. FONTE: BECKER, B. K.; SILVA J. X. Espaço aberto. 2012. Disponível em: https://revistas.ufrj.br/ index.php/EspacoAberto/issue/viewFile/217/52. Acesso em: 21 jan. 2020. Por fim, podemos compreender que a tentativa desse resgate aqui apresentado por questões constituem e definem as Teorias Geopolíticas Clássicas e Contemporâneas, que surgem, em geral, “para as explicações da importância estratégica de determinados territórios e da necessidade de expansão territorial e/ou controle de espaços, bem como as rotas marítimas ou aéreas estratégicas, como forma de fortalecimento do Estado e de adquirir hegemonia” (VESENTINI, 1986, p. 16). TÓPICO 1 | GEOGRAFIA POLÍTICA E GEOPOLÍTICA 19 4 A GEOGRAFIA POLÍTICA CLÁSSICA E O DISCURSO GEOPOLÍTICO Vamos agora examinar as ideias acerca da Geografia Política Clássica, que trará em destaque dois geógrafos: o alemão Friedrich Ratzel e o geógrafo francês Camille Vallaux, que produziram, através de seus estudos e reflexões que formularam pioneiramente, conceitos e teorias fundamentais que marcaram profundamente o desdobramento posterior desse ramo do conhecimento. Observa-se nos conceitos e teorias fundamentais da Geografia Política, que há um consenso a importância que essa disciplina teria sido “fundada ou pelo menos redefinida por Friedrich Ratzel, que viveu entre os anos de 1844 e 1904, período em que importantes acontecimentos marcavam a relação entre os grandes impérios da época” (COSTA, 2010, p. 31). Segundo o autor, Ratzel faz parte da Geografia Política Clássica. FIGURA 5 – FRIEDRICH RATZEL (1844-1904) FONTE: <https://s1.static.brasilescola.uol.com.br/be/conteudo/images/friedrich-ratzel-um-dos- fundadores-geografia-moderna-519b866539cfc.jpg>. Acesso em: 24 set. 2019. A Geografia Política Clássica, o estudo geográfico da política e das relações entre o espaço e poder surge com Ratzel, que redefine o seu conteúdo em seu contexto histórico, político e geográfico de sua época. Com a sua principal obra: antropogeografia – fundamentos da Aplicação da Geografia à História, Ratzel tornou-se um dos fundadores da Geografia Humana, bem como posteriormente um dos fundadores da Geografia Política. UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA GEOGRAFIA POLÍTICA E O CONTEXTO BRASILEIRO 20 Trazendo em foco o objeto da Geografia: o estudo da influência que as condições naturais exercem sobre a humanidade. Para ele, o meio natural teria influência tanto na psicologia (caráter) dos indivíduos na sociedade quanto na constituição da sociedade como um todo em função dos recursos naturais disponíveis. Todo o estudo de Ratzel foi largamente utilizada para embasar conceitos, bem como: o determinismo, o colonialismo e o imperialismo. Faça uma pesquisa sobre como isso aconteceu. DICAS Para Ratzel, o senso geográfico ou o Estado territorial foi entendido pela ideia de organismo (biogeografia), que para ele o solo condicionava as formas elementares e complexas da vida, portanto “o Estado, como forma de vida, tenderia a comportar-se segundo as leis que regem os seres vivos da terra, isto é, nascer, avançar, recuar, estabelecer relações, declinar etc.” (COSTA, 2010, p. 35). Nesse sentido, é inegável a importância do alemão Friedrich Ratzel e do conjunto de suas contribuições, especialmente a obra Geografia Política, de 1897, cuja segunda edição (1902) apareceu com o subtítulo de Uma Geografia dos Estados, do Comércio e da Guerra. “A geografia de Ratzel foi um instrumento poderoso de legitimação dos desígnios expansionistas do Estado Alemão recém- constituído” (COSTA, 2010, p. 31). Assim, para compreendermos a geografia de Ratzel, principalmente, em seus principais conceitos, retomaremos as suas bases no fragmento a seguir: Ratzel entra mais precisamente em uma geografia política pragmática, tentando dar cobertura científica ao comportamento territorial do Estado. Na obra Geografia Política (1897) entendem-se melhor estas explicações: sobre o Estado e o mar, a localização e a expansão dos Estados, a fronteira, a demografia e o potencial dos Estados, as imigrações – um tema que ele havia estudado durante a sua estadia nos Estados Unidos e que considerava fundamental. De acordocom Lescano apud Miyamoto (1995), em 1901, ao publicar a obra Sobre as Leis da Expansão Territorial do Estado. Baseando-se em sete princípios elementares, Ratzel consegue evidenciar a importância e a ligação existente entre o Estado e o espaço, princípios estes que ficariam conhecidos como Teoria do Espaço Vital (Lebensraum): TÓPICO 1 | GEOGRAFIA POLÍTICA E GEOPOLÍTICA 21 1- O espaço dos Estados aumenta com o crescimento da cultura. 2- O crescimento dos Estados apresenta sintomas de desenvolvimento cultural, ideias, produção comercial e industrial etc., os quais necessariamente precedem a expansão efetiva do Estado. 3- O crescimento dos Estados verifica-se pela gradual integração e coerência de pequenas unidades, mediante a amalgamação e a absorção de elementos menores. 4- A fronteira é o órgão periférico do Estado e, como tal, a prova de crescimento estatal; é a força e as mudanças desse organismo. 5- Em seu crescimento o Estado tende a incluir seções politicamente valiosas, como os rios, as linhas de costa, as planícies e outras regiões ricas em recursos. 6- O primeiro impulso para o crescimento territorial chega ao Estado primitivo vindo de fora, de uma civilização superior. 7- A orientação geral para a conexão territorial transmite a tendência de crescimento territorial de espaço em espaço, incrementando sua identidade. Cabe ainda destacar que, segundo esta concepção, o Estado deveria assumir uma política de poder, de expansão territorial. É essa política de poder que deve orientar as diretrizes governamentais na realização de seus objetivos. Trata-se de uma teoria ratzeliana em grande medida eclipsada devido a sua implicação com os destinos da Alemanha. Isso porque, Ratzel intervém na Weltpolitik de Guilherme II (de quem será partidário), a qual possuía ideias opostas às ideias de um Bismarck que saía de cena. Aposta na consolidação de uma grande frota capaz de competir com a britânica, na Alemanha imperial, no fomento das migrações alemãs como estratégia colonial, em uma Mitteleuropa unida sob o comando do Kaiser, expressando novamente o sonho do pangermanismo, defendido anteriormente por Von Büllow, List, Herder e Fichte. Por fim, cabe salientar que Ratzel foi um dos teóricos capazes de “fazer escola” no campo da ciência geográfica, pois influenciou uma vasta gama de estudiosos por meio de suas obras. Sua influência é particularmente perceptível na França, onde Paul Vidal de La Blache (1845-1918) seguiu atentamente as publicações do geógrafo alemão. Já nos países anglo-saxônicos os temas ratzelianos foram divulgados por seus discípulos, que segundo Moraes (2003) foram os responsáveis pela radicalização de suas colocações, constituindo o que se denomina “escola determinista” de Geografia, ou a doutrina do “determinismo geográfico”. Os autores dessa corrente partiram da definição ratzeliana do objeto da reflexão geográfica e simplificaram-na. Orientaram seus estudos por máximas como “as condições naturais determinam a História” ou “o homem é um produto do meio” empobrecendo bastante as formulações de Ratzel, que falava de influências. Na verdade, todo o trabalho desses autores se constituía na busca de evidências empíricas para teorias formuladas a priori. Seus mais eminentes representantes foram: Ellen Churchill Semple (1863-1932) e Ellsworth Huntington (1876-1947). A primeira, geógrafa americana, aluna de UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA GEOGRAFIA POLÍTICA E O CONTEXTO BRASILEIRO 22 Ratzel, foi a responsável pela divulgação de suas teses nos Estados Unidos. Já as teorias do geógrafo inglês Huntington eram um pouco mais elaboradas. Este autor concebia um determinismo invertido, isto é, para ele, as condições naturais mais hostis seriam as que propiciariam o maior desenvolvimento. Outro desdobramento apontado por Moraes (2003) refere-se à proposta de Ratzel que se manifestou na constituição da Geopolítica. Esta corrente, dedicada ao estudo da dominação dos territórios, partiu das colocações ratzelianas referentes à ação do Estado sobre o espaço. Esses autores desenvolveram teorias e técnicas que operacionalizaram e legitimaram o imperialismo, isto é, discorreram sobre as formas de defender, manter e conquistar os territórios. Os autores mais conhecidos dessa corrente foram: Rudolf Kjellén (1864-1922), Halford John Mackinder (1861-1946) e Karl Ernst Haushofer (1869-1946). O primeiro, um sueco, criador do termo Geopolítica. O segundo, um almirante inglês, trouxe a discussão para o nível dos estados maiores, tratando temas como o domínio das rotas marítimas, as áreas de influência de um país e as relações internacionais. Mackinder, cuja principal obra intitula-se O Pivô Geográfico da História (1904), desenvolveu uma importante teoria sobre as “áreas pivôs”, as quais seriam o coração de um dado território: para ele, quem as dominasse, dominaria todo o território. O general alemão Haushofer conferiu a Geopolítica um caráter diretamente bélico, definindo-a como parte da estratégia militar. Este autor, que desenvolveu teorias referentes à ação do clima sobre os soldados, criou uma escola e influenciou diretamente os planos de expansão nazista. Até hoje, a Geopolítica persiste, sendo debatida nos departamentos de estado e nas academias militares. Uma última perspectiva levantada por Moraes (2003) demonstra que a partir das formulações de Ratzel, originou-se a chamada “escola ambientalista”. Isso porque, o geógrafo alemão foi, sem dúvida, o formulador de suas bases. Esta corrente propõe o estudo do homem em relação aos elementos do meio em que ele se insere. O conjunto dos elementos naturais é abordado como o ambiente vivenciado pelo homem. O ambientalismo representa um determinismo atenuado, sem visão fatalista e absoluta. A natureza não é vista mais como determinação, mas como suporte da vida humana. Mantém-se a concepção naturalista, porém sem a causalidade mecanicista. Modernamente, o ambientalismo se desenvolveu bastante, apoiado na Ecologia. A ideia de estudar as inter-relações dos organismos, que coabitam em determinado meio, já estava presente em Ratzel, pela influência que ele sofreu de Haeckel, o primeiro formulador da Ecologia, de quem havia sido aluno. Entretanto, é mais ao determinismo que ao ambientalismo que o nome de Ratzel acabou identificado. FONTE: ARCASSA, W. S. Friedrich Ratzel: a importância de um clássico. 2017. Disponível em: http://www.uel.br/seer/index.php/Geographia/article/viewFile/31840/22924. Acesso em: 21 jan. 2020. TÓPICO 1 | GEOGRAFIA POLÍTICA E GEOPOLÍTICA 23 Portanto, demonstra a grande importância da compreensão do espaço e sua relação com a política, se apresentado como uma ferramenta de grande apoio para expansão territorial de um determinado país. Ratzel enfatizou que a existência de uma sociedade está representada em território, ou seja, a perda de território aponta a decadência de uma sociedade, e para a sociedade progredir, avançar, ela precisaria conquistar novas terras (MORAES, 1990). Outro desdobramento da proposta de Ratzel manifestou-se na constituição da Geopolítica. Esta corrente, dedicada ao estudo da dominação dos territórios, partiu das colocações ratzelianas, referentes à ação do Estado sobre o espaço. Estes autores desenvolveram teorias e técnicas, que operacionalizavam e legitimavam o imperialismo. Isto é, discorriam sobre as formas de defender, manter e conquistar os territórios. Os autores mais conhecidos dessa corrente foram: Kjellen, Mackinder e Haushofen. O primeiro, um sueco, foi o criador do rótulo Geopolítica. O segundo, um almirante inglês, trouxe a discussão para o nível dos estados-maiores, tratando temas como o domínio das rotas marítimas, as áreas de influência de um país, e as relações internacionais. Halford Mackinder, cuja principal obra intitula-se O pivô geográfico da História, desenvolveu uma curiosa teoria sobre as “áreas pivôs”, que seriam o coração de um dado território; para ele, quem o dominasse, dominariatodo o território. O general alemão Karl Haushofer, amigo de Hitler e presidente da Academia Germânica no seu governo, foi outro teórico da Geopolítica. Deu a esta um caráter diretamente bélico, definindo-a como parte da estratégia militar. Este autor, que desenvolveu teorias referentes à ação do clima sobre os soldados, criou uma escola e influenciou diretamente os planos de expansão nazistas. Até hoje, a Geopolítica persiste, sendo debatida nos Departamentos de Estado e nas Academias militares (MORAES, 2002, p. 20). No que se refere a contribuição do pensamento de Ratzel, Castro (2005, p. 67) ressalta que “Ratzel era um intelectual do seu tempo e, para ele, o nacionalismo como estratégia de consolidação do império alemão, era bem mais importante do que a adesão à ética política de defesa dos povos e dos Estados mais fracos”. Castro (2005, p. 67) enfatiza também: “O geógrafo alemão Ratzel foi quem melhor compreendeu e explicitou a importância do território como um suporte duradouro para o poder das instituições políticas”. “A Geografia Política de Ratzel tinha, portanto, como tarefa demonstrar que o Estado é fundamentalmente uma realidade humana que só se completa sobre o solo do país”. ATENCAO UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA GEOGRAFIA POLÍTICA E O CONTEXTO BRASILEIRO 24 Castro (2005) faz pensar que o legado de Ratzel é muito maior, valorizando o trabalho com uma nova dimensão da importância do seu trabalho em Geografia Política. Por outro lado, surge Camille Vallaux, que desde Ratzel, tem o mérito de apresentar o primeiro estudo completo e sistemático em geografia política. O título de seu trabalho, O solo e o Estado, é proposital, já que ao longo de toda exposição ele praticamente estabelece com o famoso geógrafo alemão um diálogo exaustivo, aceitando, contrapondo e superando cada conceito e teoria ali expostos. Abordando a relação do Estado com o solo, que se inicia com uma crítica as teorias sociológicas racionalistas e românticas sobre este, para ele o Estado deve ser considerado como uma forma essencialmente geográfica da vida social (COSTA, 2010). Vallaux coloca que o objeto da geografia política é o estudo das sociedades políticas e dos Estados como entidades particulares, sugerindo que o método da geografia política vai se desenvolver em duas metodologias: A Analogia e a Determinação do tipo (COSTA, 2010), que procedem de uma da outra. Analogia e a determinação Analogia é uma relação de semelhança estabelecida entre duas ou mais entidades distintas. O termo tem origem na palavra grega “analogía” que significa “proporção”. Pode ser feita uma analogia, por exemplo, entre cabeça e corpo e entre capitão e soldados. Cabeça (cérebro) e capitão são duas entidades análogas. Ao se expressar, desse modo, a sua concepção do problema metodológico em geografia, Vallaux se aproxima bastante das posições de Vidal de La Blache, que também vê na busca das analogias um recurso metodológico capaz de permitir ao geógrafo o estabelecimento de generalizações projetadas acima das descrições dos casos específicos (COSTA, 2010, p. 46). Portanto, a analogia é o princípio geográfico responsável por buscar semelhanças ou diferenças entre regiões geográficas. Junto com o princípio da extensão é fundamental nos estudos de geografia regional. IMPORTANT E TÓPICO 1 | GEOGRAFIA POLÍTICA E GEOPOLÍTICA 25 Para ele, o Estado deve ser considerado como uma forma essencialmente geográfica da vida social. Definindo em dois tipos de Estados em Costa (2010): Os Estados Simples: caracteriza-se pelo fato de que seu nível de coesão interna é baixo, de modo que mesmo na hipótese de um desmembramento de partes de seu território, isso não alteraria em muito o curso da história dessa sociedade. Nesse aspecto, concorda com Ratzel em sua análise de alguns Estados- Chefias africanos. Os Estados Complexos: apresentariam tendências a uma forte coesão interna, de modo que o domínio político sobre o território se faria de modo completo, havendo, assim, uma maior interdependência entre as suas partes. Essa distinção nada tem a ver com a dimensão dos territórios controlados pelos Estados, importando aí, antes de tudo, o grau do domínio político e de articulação interna dos estados em cada território, concordando também com Ratzel. Nas suas abordagens realizadas dentro da Geografia Política, Vallaux se destaca em três temas de análises: problemas da circulação, problemas das cidades e problemas das fronteiras. Segundo ele, dever-se-ia pensar na circulação sob outro prisma, uma dimensão essencialmente política. Com uma concepção mais estreita, porque o fenômeno da circulação não se restringe às “coisas”, e a “rede de circulação” esses fenômenos no geral desenvolvem-se sob a “sombra dos Estados”. Nas análises das cidades, considera sua expressão política do fenômeno urbano. Para ele, o Estado interfere nesse processo ao estabelecer uma hierarquia político-administrativa entre as cidades, como exemplo, distinguindo as capitais das demais. E em terceira análise, a interpretação das fronteiras, que deve ser concebida muito mais como zonas que como linhas formais. A zona-fronteira constituiria antes de tudo, uma área que se destinaria simultaneamente às interpenetrações e às separações entre os Estados sendo um campo de forças em muitos casos de disputa. Pela sua natureza complexa, as fronteiras constituiriam antes de tudo uma zona viva, sejam elas: • Naturais: tem identificação com elementos naturais. • Artificiais: linhas formais. UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA GEOGRAFIA POLÍTICA E O CONTEXTO BRASILEIRO 26 Formação de blocos econômicos A formação de blocos econômicos estreita as relações econômicas, financeiras e comerciais entre os países membros. Com o fenômeno da globalização, o mercado internacional tornou-se bastante competitivo, diante disso, somente os mais fortes prevalecem. O que acontece é uma disputa por mercados em âmbito global. Muitos países, com o intuito de se fortalecer economicamente, unem-se para alcançar mercados e verticalizar a sua participação e influência comercial no mundo. A criação de blocos econômicos estreitou as relações econômicas, financeiras e comerciais entre os países que compõem um determinado bloco econômico. Atualmente existem muitos blocos econômicos, formados há décadas. O MERCOSUL (Mercado Comum do Sul) foi fundado em 1991, constituído por Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina, países da América do Sul que buscam a integração e o fortalecimento econômicos dos países-membros. A União Europeia (UE) foi instituída no final dos anos 50, embora tenha sido oficializada somente em 1992, os países que fazem parte são: Alemanha, França, Reino Unido, Irlanda, Holanda, Bélgica, Dinamarca, Itália, Espanha, Portugal, Luxemburgo, Grécia, Áustria, Finlândia e Suécia, nesses países corre uma moeda única, o euro, com exceção da Dinamarca (coroa dinamarquesa), Suécia (coroa sueca) e Reino Unido (libra esterlina). Exemplos como a UE e o MERCOSUL ocorrem a partir de acordos comerciais estabelecidos entre os países membros. Nesse caso, implantam medidas que eliminam total ou parcialmente as barreiras alfandegárias, como eliminação de tributos, além da circulação de mercadorias, capitais, serviços, pessoas e outros pontos que o bloco julgar necessário. O que se espera com a formação de blocos econômicos é a intensificação econômica e a flexibilização comercial entre os integrantes. Existem outros órgãos comerciais, como por exemplo, a OMC (Organização Mundial do Comércio), que integram todos os países que participam do comércio internacional, essas instituições têm como objetivo fiscalizar e mediar as relações comerciais para que não haja partes favorecidas. Os principais blocos econômicos do mundo são União Europeia (UE), MERCOSUL (Mercado Comum do Sul), Apec (Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico) e o NAFTA (Tratado Norte-Americano de Livre Comércio). Para complementar seus estudos,assista ao vídeo sobre A Nova Ordem Mundial – com o Professor Vesentini. Disponível em: <https://www.youtube.com/ watch?v=iC9mTkfDHn0 >. Acesso em: 21 out. 2019. FONTE: <https://brasilescola.uol.com.br/geografia/formacao-blocos-economicos.htm>. Acesso em: 20 out. 2019. IMPORTANT E TÓPICO 1 | GEOGRAFIA POLÍTICA E GEOPOLÍTICA 27 Segundo Vallaux (apud COSTA, 2010, p. 54), toda “fronteira é uma demarcação política, portanto longe de poder ser considerada como Natural, mesmo que referenciada a um traço físico dos territórios em questão. Considerando como um campo de força e, em muitos casos, de disputa, o estabelecimento sempre envolvera negociações ou conflitos entre os Estados envolvidos”. Para compreender melhor conceitualmente e terminologicamente a definição da geopolítica, iremos estudar através de Costa (2010), o discurso político, sendo que o autor direciona um capítulo de seu livro para embasar toda a discussão. Divide-a em três partes, sendo elas: • O Imperialismo, as grandes potencias e as estratégias globais como contextos da geopolítica. • T. Mahan, o poder marítimo e os Estados Unidos como potência mundial. • H. J. Mackinder, o coração continental e o realismo geográfico. O discurso geopolítico Assim, entendemos que a geopolítica é antes de tudo um subproduto e um reducionismo técnico e pragmático da geografia política. O pioneiro da geopolítica foi Rudolf Kjéllen, sua fama deve-se praticamente ao fato de ter cunhado o termo geopolítico para expressar as suas concepções sobre relações entre Estado e o Território, direcionado sua “nova ciência” aos “estados maiores” dos impérios centrais da Europa, em especial a Alemanha. Com isso, inaugura a mais controvertida de suas vertentes, a geografia política da guerra ou a geopolítica. A relação entre espaço e poder manifestava um momento histórico que envolvia o mundo em escala global, caracterizado pela emergência das potências mundiais e, com elas, o imperialismo como forma histórica específica de relacionamento internacional. O caráter imperialista da economia e das políticas territoriais das grandes potências assentavam-se em dois processos, envolvendo estratégias de dominação em escala global: disputas hegemônicas de vizinhanças e competição de domínio dos territórios de expansão colonial. Durante a segunda metade do século XIX essa política expansionista, além de intensificar-se, assume novos rumos que caracterizarão os EUA como uma nova potência mundial de fato, mesmo que situado à margem do jogo comandado pelas antigas potências europeias. O mundo agora estava divido por áreas de influência de cada uma delas. As fronteiras formais serão apenas uma das linhas de eventuais tensões, somadas às “zonas de Vallaux parte de uma ideia de espaço concreto, isto é, uma, “extensão fricções” em escala global. Dentro desse contexto surge A. T. Mahan com uma “ótica norte americana” é reconhecido como o precursor das teorias geopolíticas sobre o poder marítimo na época contemporânea. A sua argumentação baseia-se na premissa de que um governo só terá sucesso em sua política voltada para a construção de um poder marítimo. Ainda dentro dessa abordagem, surge o geografo inglês H. Mackinder que ocupara lugar de destaque na discussão da UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA GEOGRAFIA POLÍTICA E O CONTEXTO BRASILEIRO 28 geopolítica. O pragmatismo dele caracteriza-se por uma tentativa permanente de aliar a análise política do equilíbrio de poder do quadro internacional e os elementos empíricos (para ele concretos) fornecidos pelos estudos correntes produzidos pela geografia, ele defende a ideia de que a disputa pela hegemonia em escala global dependia da importância cada vez maior do que chamou “poder terrestre”, destacando assim pelo autor dois fatores recentes (na época) que produziram resultados diversos: primeiro o Canal de Suez e segundo as Ferrovias. FONTE: COSTA, W. M. Geografia política e geopolítica: discurso sobre o território e o poder. 2017. Disponível em: http://www.geoamazonia.net/index.php/revista/article/view/155/ pdf_104. Acesso em: 21 jan. 2020. Após essa pequena abordagem sobre o discurso Geopolítico, acesse a obra base citada anteriormente e realize uma resenha crítica. Utilize de referência também a resenha de Araújo (2017). DICAS 29 Neste tópico, você aprendeu que: • A Geografia Política é um dos ramos da Geografia, que busca compreender as relações de poder no espaço geográfico. A Geografia Política visualiza o Estado através da organização do espaço. • A Geopolítica é uma ciência da ação e um campo de um saber estratégico, tem uma preocupação fundamental com a correlação de forças, antes militar, hoje econômico e tecnológica, cultural e social a nível territorial e com ênfase no espaço mundial. • As teorias da Geografia Política e da Geopolítica têm uma grandeza de conceitos e termos. • Os estudos e trabalhos de Ratzel contribuíram para a construção do conhecimento e foi fundamental para a Geografia Política, com todos os seus apontamentos conceituais, reflexões críticas, historicidade e a contextualização dos temas. • Cada fronteira é uma singularidade. • O conceito de fronteira é definido como limite ou linhas que dividem territórios político, sociais e jurídicos distintos. Um limite físico é uma barreira que ocorre naturalmente entre duas áreas. • A Geografia Política Clássica foi sistematizada inicialmente através de dois geógrafos, o alemão Friedrich Ratzel e o geógrafo francês Camille Vallaux. RESUMO DO TÓPICO 1 30 1 Quais são os conceitos fundamentais da Geografia Política? a) ( ) Espaço, paisagem e lugar. b) ( ) Espaço, rede e território. c) ( ) Território, poder e política. d) ( ) Território, Estado e região. e) ( ) Política, espaço e lugar. 2 Quem foi o pioneiro da Geopolítica, a quem se atribui o termo geopolítica “para expressar as suas concepções sobre as relações entre o Estado e o território”? a) ( ) Ratzel. b) ( ) La Blache. c) ( ) Camille Vallaux. d) ( ) Humboldt. e) ( ) Rudolf Kjellen. 3 Os conceitos da geopolítica começaram a ser desenvolvidos a partir da segunda metade do século XIX, em decorrência da redefinição de fronteiras na Europa e do expansionismo das nações europeias. Sobre a temática da geopolítica, julgue os itens a seguir: I- Em 2004 fez um século que o geógrafo inglês Halford John Mackinder formulou, na Real Sociedade Geográfica de Londres, em uma conferência que leva por nome The Geografic Pivot of History, sua teoria geopolítica e estratégica do poder terrestre. II- O surgimento da Geografia Política e sobretudo da Geopolítica são um produto de contexto europeu na virada do século XIX para o XX, com F. Ratzel e R. Kjéllen, respectivamente. III- Vidal de La Blache criou uma doutrina, o Possibilismo, e fundou a escola francesa de Geografia. Além disso, trouxe para a França o eixo da discussão geográfica, situação que se manteve durante todo o primeiro quartel do século XX. Estão CORRETOS: a) ( ) Somente o item I. b) ( ) Os itens I e III. c) ( ) Todos os itens. d) ( ) Os itens II e III. 4 Faça uma síntese do que você compreendeu sobre como cada fronteira é uma singularidade. Justifique e exemplifique. AUTOATIVIDADE 31 TÓPICO 2 GEOGRAFIA POLÍTICA, ESPAÇOS, PODER E TERRITÓRIOS UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Vislumbramos, de maneira breve, a evolução do pensamento em Geografia Política desde a sua conceitualização até a discussão da Geografia Política clássica, que tinha Estado como tema central. Neste tópico, discutiremos e nomearemos os conceitos fundamentais para a Geografia Política, bem como, o espaço, o poder, a política e o território. O tópico que segue, procura apresentar as relações entre espaço e poder que se materializam no território e suas implicações. O estudo sobre tais processos é complexo e, aqui, pretendemos demonstrar uma apresentação síntese das principais ideias e autores dessa temática, buscando sempre a participação do personagem mais
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