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Aposentadoria e Previdência
Regime Geral de 
Previdência Social.
Enap, 2023
Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Diretoria de Desenvolvimento Profissional
SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF
Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Diretoria de Desenvolvimento Profissional
Conteudista/s
Rogério Nagamine Costanzi (Conteudista, 2023).
Curso desenvolvido no âmbito da Diretoria de Desenvolvimento Profissional – DDPRO
3Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Sumário
Introdução - Apresentação e boas-vindas ..................................................................... 5
Módulo 1 – Conceitos, Funções e Organização dos Sistemas de 
Seguridade e Previdência Social
Unidade 1 – Entendendo o funcionamento dos sistemas de Seguridade e 
Previdência Social .................................................................................................... 6
Tópico 1: Conceitos, Funções e Organização dos Sistemas de Seguridade e 
Previdência Social ............................................................................................................. 6
Tópico 1.2: Princípios e fundamentos do Regime Geral de Previdência Social ...... 12
Referências ...................................................................................................................... 16
Módulo 2 – Características do Regime Geral de Previdência Social
Unidade 1 – Conhecendo as principais características do Regime Geral de 
Previdência Social .................................................................................................. 18
Tópico 2.1 Principais características do Regime Geral de Previdência Social ......... 18
Tópico 2.2 Evolução e Importância do RGPS ............................................................... 22
Referências ...................................................................................................................... 31
Módulo 3 – Mudanças com a Reforma de 2019 e EC 103/2019
Unidade 1 – Conhecendo a Reforma de 2019 e a EC 103/2019 ..........................32
Tópico 3.1 Principais mudanças nas regras de aposentadoria ................................ 32
Tópico 3.2 Demais alterações nas regras previdenciárias ........................................ 44
Referências ..................................................................................................................... 50
Módulo 4 – Desafios Futuros do Regime Geral de Previdência Social 
Unidade 1 – O que esperar do futuro do Regime Geral de Previdência Social 52
Tópico 4.1 Desafios do RGPS – a questão da cobertura previdenciária e 
transformações do mercado de trabalho.................................................................... 53
4Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Tópico 4.2 Envelhecimento Populacional e Outros Desafios .................................... 60
Considerações Finais ............................................................................................ 63
Referências ............................................................................................................ 64
Glossário ................................................................................................................. 66
5Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Introdução - Apresentação e boas-vindas
Seja bem-vindo(a) ao curso Regime Geral de Previdência Social!
Antes de iniciar, assista ao vídeo de apresentação do curso:
Apresentação do curso
Este curso está estruturado em quatro módulos, no primeiro, trataremos dos 
conceitos, das funções e da organização dos Sistemas de Seguridade e Previdência 
Social, além de compreender como organizada a Previdência Social no Brasil; no 
segundo módulo, analisaremos a evolução do Regime Geral de Previdência Social 
e suas principais características; no módulo três apresentaremos as principais 
mudanças introduzidas com a Reforma da Previdência de 2019, via Emenda 
Constitucional (EC) n. 103; e, no quarto módulo, serão debatidos eventuais desafios 
que ainda restam ao Regime Geral como a ampliação da cobertura previdenciária, em 
especial, para grupos como trabalhadores domésticos ou que trabalham por conta 
própria, além da questão contemporânea de proteção social dos trabalhadores de 
plataformas digitais – importante para análise do envelhecimento populacional e 
seus impactos na Seguridade e Previdência Social.
https://youtu.be/3gwuYczmYrM
6Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
 Módulo
1 Conceitos, Funções e Organização dos Sistemas de Seguridade e 
Previdência Social
Unidade 1 – Entendendo o funcionamento dos 
sistemas de Seguridade e Previdência Social
Reconhecer os conceitos básicos e funções do Regime Geral 
de Previdência Social e a legislação básica que rege o sistema 
previdenciário brasileiro. 
Tópico 1: Conceitos, Funções e Organização dos 
Sistemas de Seguridade e Previdência Social
Existe uma infinidade de definições que apresentam conceitos sobre Seguridade 
e Previdência Social. Tão importante quanto a definição conceitual é ter clareza 
de quais são as funções ou os objetivos que, do ponto de vista ideal, devem atuar 
em tais Sistemas, para entender como podem ser ou como são organizados nas 
sociedades atuais. Para pensar políticas públicas previdenciárias, é necessário 
conhecer as alternativas de modelos previdenciários e como são organizados no 
cenário internacional.
No art. 194 da Constituição Federal (CF) de 1988, a Seguridade Social foi definida 
como um “conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da 
sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à 
assistência social” (BRASIL, 1988).
Com base na definição constitucional em questão é possível entender como um 
sistema de proteção social pode garantir seguridade a toda sociedade frente a 
vários riscos sociais. Também fica claro que a Previdência é diferente da Seguridade, 
mas que está integrada à Seguridade. Mais especificamente, a Previdência é o 
subsistema contributivo da Seguridade Social Brasileira, enquanto a Saúde e a 
Assistência Social correspondem ao subsistema não contributivo, conforme 
exposto no Infográfico a seguir.
7Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Fonte: Produção autoral (2023). 
Segundo, Ibrahim (2014, p. 1):
Seguridade Social pode ser conceituada como a rede 
protetiva formada pelo Estado e particulares e não 
particulares, com contribuições de todos, incluindo 
parte dos beneficiários dos direitos, no sentido de 
estabelecer ações positivas no sustento de pessoas 
carentes, trabalhadores em geral e seus dependentes, 
providenciando a manutenção de um padrão mínimo 
de vida.
Já Amado (2012, p. 31) observa que:
É preciso que o Estado proteja o seu povo contra 
eventos previsíveis, ou não, aptos a causar a sua 
miséria e intranquilidade social, providenciando 
recursos para manter, ao menos, o seu mínimo 
existencial e, por conseguinte, a dignidade humana, 
8Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
instituindo um eficaz sistema de proteção social. 
Eventos como desemprego, a velhice, a infância, a 
doença, a maternidade e a invalidez poderão impedir 
temporária ou definitivamente que as pessoas 
laborem para angariar recursos financeiros visando 
atender às suas necessidades básicas e de seus 
dependentes, sendo dever do Estado Social de Direito 
intervir quando se fizer necessário.
Castro e Lazzari (2013, p. 3-27) atentam que:
O Estado Contemporâneo possui, entre suas funções, 
a proteção social dos indivíduos em relação a eventos 
que lhes possam causar a dificuldade ou mesmo a 
impossibilidade de subsistência por conta própria, 
pela atividade laborativa. Tal proteção, que tem 
formação embrionária do Estado Moderno, encontra-
se consolidada nas políticas de Seguridade Social, 
dentre as quais se destaca, a Previdência Social. A 
Previdência Social é, portanto, o ramo da atuação 
estatal que visa à proteção de todoindivíduo ocupado 
numa atividade laborativa remunerada, para 
proteção dos riscos decorrentes da perda ou redução, 
permanente ou temporária, das condições de obter 
seu próprio sustento. Eis a razão pela qual se dá o 
nome de seguro social ao vínculo estabelecido entre 
o segurado da Previdência e o ente segurador estatal.
Portanto, com base nas variações das definições conceituais, tem-se que uma 
das funções, tanto da Seguridade Social, quanto da Previdência, é garantir 
seguridade de renda frente a riscos sociais que impeçam, de forma temporária 
ou definitiva, que os trabalhadores ou cidadãos tenham recursos suficientes 
para garantir o mínimo necessário para sua sobrevivência e de sua família. Ter 
clareza dessa função essencial é fundamental para a gestão da política pública.
A Previdência pode ser entendida como uma poupança necessária para enfrentar 
situações como, por exemplo, a idade avançada, que compromete a capacidade de 
gerar renda e exige poupança para garantir a seguridade de renda e a sobrevivência 
digna. Diante disso, a Previdência é fundamental para evitar situações de pobreza, 
em especial, entre a população idosa.
9Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
A função de garantir renda em situações de incapacidade temporária ou 
permanente para o trabalho está relacionada, tradicionalmente, à idade avançada 
(as aposentadorias por idade, por exemplo); mas tem-se ainda benefícios devido à 
doença ou invalidez que geram incapacidade.
Em geral, a literatura enfatiza que, entre as funções da Previdência, estão a suavização 
do consumo ao longo do ciclo de vida e a prevenção da pobreza - dois objetivos 
fundamentais dos Sistemas Previdenciários (Nistico, 2019). E ainda, os Sistemas 
de Previdência envolvem volume relevante de recursos e transferências de renda 
pública, sendo elementos importantes na distribuição de renda de uma sociedade 
ou mesmo entre diferentes gerações. 
Por essas características, o debate sobre os Sistemas Previdenciários deve considerar 
suas repercussões fiscais e distributivas.
Os planos de previdência obrigatórios 
representam uma resposta eficiente ao 
risco de comportamento míope que 
poderia levar os indivíduos a pouparem 
pouco ou de forma insuficiente para a 
velhice ou para se prevenir de riscos 
sociais. Além disso, mesmo os indivíduos 
que olham para o futuro podem 
enfrentar dificuldades em desenhar um 
plano de poupança eficiente para a 
aposentadoria, até mesmo pela incerteza 
em relação ao futuro ou sobre a 
expectativa de sobrevida. 
Os trabalhadores ou as famílias de baixa renda também podem ter dificuldade 
de poupar para a velhice, para a incapacidade ou o desemprego, em um contexto 
onde as famílias estão se tornando menores. Tais pontos exigem a necessidade de 
atuação do Estado no campo previdenciário.
Outro ponto também a ser destacado é que os Sistemas de Seguridade e Previdência 
Social são fundamentais para garantir a coesão social, a redução das desigualdades 
e a luta contra a pobreza. Por exemplo, na crise gerada pela pandemia do novo 
Coronavírus, em especial, no período 2020-2021, os graves efeitos sociais e econômicos 
teriam sido ainda piores sem as políticas de Seguridade e Previdência Social.
Uma importante lição da pandemia foi justamente demonstrar a importância 
de contar com esses sistemas sólidos e robustos, que pudessem mitigar 
10Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
significativamente impactos de crises como aquela gerada pelo novo Coronavírus. 
A ausência de sistemas de proteção social sólidos acaba por tornar os países mais 
vulneráveis a crises como a gerada pela pandemia, bem como possibilitam maior 
resiliência e recuperação mais rápida frente aos riscos sociais.
Embora a Previdência seja tradicionalmente considerada o pilar contributivo da 
Seguridade Social, na prática, é comum, na experiência internacional, a combinação 
de sistemas de proteção social contributivos e não contributivos, inclusive, porque 
uma parcela da população tem pouca ou limitada capacidade contributiva, além 
da questão da elevada informalidade que caracteriza o mercado de trabalho 
e a região da América Latina e do Caribe. Em 2020, em 67 países, o sistema de 
proteção social da população idosa se dava exclusivamente pela lógica de Seguro 
Social (contributivo), mas 72 países combinavam essa estratégia com esquemas 
de proteção não contributivos (ILO, 2021). Do ponto de vista do financiamento 
distributivo, é fundamental que as contribuições sejam estimadas para garantir 
o financiamento, sendo distribuídas de acordo com a capacidade contributiva 
individual ou das famílias.
Sobre a forma de organização dos Sistemas Previdenciários também é possível 
analisar duas dimensões fundamentais, quais sejam:
1) Financiamento via sistemas de repartição/pay-as-you-go ou por 
sistemas de capitalização; 
2) Pela fórmula de cálculo do benefício, os sistemas podem ser de 
benefício definido ou contribuição definida.
No quadro a seguir, tem-se uma amostra de como se dá a forma de pagamento em 
cada um dos cenários:
Repartição PAY-AS-YOU-GO Sistema de Capitalização
Os benefícios são pagos com as 
contribuições dos trabalhadores 
da ativa ou da sociedade em 
geral, sem acumulação prévia. 
O financiamento ocorre por meio 
de uma poupança prévia, que 
pode ser coletiva ou individual, 
e o valor dos benefícios é 
baseado no saldo acumulado ao 
longo da vida profissional.
Fonte: Produção autoral (2023).
Dentro desses sistemas, têm-se dois tipos de planos, a saber: 1) Benefício Definido, 
em que o valor do benefício é estabelecido na contratação do plano e segue uma 
fórmula predefinida; e, 2) Contribuição Definida, em que o valor do benefício 
depende do saldo das contribuições acumuladas ao longo do tempo, considerando 
a rentabilidade.
11Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
O Regime Geral de Previdência Social (RGPS) é um exemplo de sistema de repartição 
com benefício definido. Além disso, têm-se os sistemas de contas nocionais, que 
funcionam como repartição, mas possuem contas individuais “capitalizadas” de 
forma escritural.
Ao projetar um Sistema Previdenciário, é essencial considerar vários aspectos, tais 
como: sustentabilidade fiscal a longo prazo; ampla cobertura previdenciária; e, 
garantia de prestações adequadas, a fim de proporcionar qualidade de vida àqueles 
que perdem a capacidade de gerar renda e sustento para si e suas famílias.
Os Sistemas Previdenciários estão relacionados às diversas dimensões sociais, 
econômicas, demográficas, de mercado de trabalho, finanças públicas e políticas. É 
fundamental que a Previdência se adapte a esses fatores em constante mudança. 
Os Regimes de Previdência fazem parte de um pacto social, onde os cidadãos 
concordam com o tipo de contribuição e o Estado se compromete a garantir as 
promessas, assegurando a sustentabilidade do sistema para as futuras gerações.
A Previdência Social, no Brasil, está organizada em três Regimes, quais sejam: 1) 
RGPS; 2) Regimes Próprios de Previdência dos Servidores Públicos (RPPS); e, 
3) Regime de Previdência Complementar. Os dois primeiros são públicos e 
compulsórios, enquanto o de Previdência Complementar é facultativo e privado. O 
RGPS é voltado para trabalhadores do setor privado e servidores públicos em entes 
que não possuem RPPS. Já os demais servidores são vinculados ao RPPS.
No quadro a seguir, tem-se a organização da Previdência em seus respectivos 
Regimes. 
RGPS RPS RPC
Segurados
Trabalhadores do 
setor privado e 
servidores públicos 
vinculados
Servidores públicos Todos os trabalhadores
Filiação Compulsório Compulsório Facultativo
Natureza Sistema público Sistema público Sistema privado
Gestão INSS (benefícios) e RFB (arrecadação)
Entes federativos 
(União, Estados, 
Distrito Federal 
e Municípios)
Entidades privadas 
de Previdência 
Complementar 
(fechadas ou 
abertas)
12Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
RGPS RPS RPC
Proteção Benefícioslimitados ao teto
Benefícios podem 
ou não ser 
limitados ao teto
Benefícios 
complementares
Fundamento 
constitucional Art. 201 da CF Art. 40 da CF Art. 202 da CF
Fundamento 
legal
Leis n°s 8.212 
e 8.213/1991
Lei n° 9.717/1998 e 
leis de cada ente
Leis 
Complementares 
n° 108 e 109/2001
Fonte: Produção autoral (2023). 
Tópico 1.2: Princípios e fundamentos do Regime 
Geral de Previdência Social
O art. 201 da CF de 1988 estabeleceu as diretrizes e riscos sociais para os quais o 
RGPS deve garantir proteção. Conforme ali estabelecido, a Previdência Social deveria 
ser organizada sob a forma do Regime Geral, de caráter contributivo e de filiação 
obrigatória, observados os critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial. 
Portanto, fica estabelecido que a proteção é condicionada à contribuição. Assim, o 
Regime Geral deve garantir cobertura ou proteção de:
Cobertura dos eventos de incapacidade temporária ou 
permanente para o trabalho e idade avançada;
Proteção à maternidade, especialmente à gestante;
Proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário;
Salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos 
segurados de baixa renda;
Pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou 
companheiro e dependentes.
Portanto, deveria ficar claro que, por determinação constitucional, o RGPS deve 
garantir proteção social contra incapacidade temporária ou permanente para o 
trabalho, inclusive, por idade avançada, maternidade, desemprego e dependentes do 
trabalhador segurado. Essas são as principais funções de um Sistema Previdenciário: 
garantir um seguro social para os trabalhadores frente aos riscos que os impeçam 
de trabalhar e gerar renda.
13Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Em relação à evolução do Sistema de Proteção Previdenciária no Brasil, vale destacar 
importantes momentos desde a década de 1960, quando do processo de unificação 
dos Institutos de Aposentadoria e Pensão e o surgimento da Lei Orgânica da 
Previdência Social. Na década de 1970, houve a necessária expansão da Previdência 
para trabalhadores rurais, autônomos e domésticos. Entre as principais mudanças 
legislativas do Sistema Previdenciário brasileiro, cabe citar a promulgação da Carta 
Magna de 1988, bem como as principais Reformas nos anos de 1998, 2003 e 2019. 
Em especial, a Reforma de 2019 será vista em detalhes em relação às mudanças 
implementadas pela EC n. 103/2019, no módulo 3. Foi a mais ampla Reforma desde 
a CF de 1988.
Fonte: Banco Mundial, 2022
Na história do Sistema Previdenciário brasileiro, o Decreto n. 4.682, de 24 de 
janeiro de 1923, conhecido como Lei Elói Chaves, foi o ponto de partida. Tal ditame 
criou as Caixas de Aposentadorias e Pensões para os funcionários das empresas 
ferroviárias, oferecendo benefícios como aposentadoria por invalidez, pensão por 
morte e assistência médica, financiados por contribuições do Estado, empregadores 
e trabalhadores.
Em 1956, o Projeto de Lei (PL) n. 2.119 foi criado para dar estrutura administrativa à 
Previdência Social. Por conseguinte, sofreu modificações quando de sua aprovação 
14Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
no Congresso Nacional (CN), resultando na Lei n. 3.807, de 26 de agosto de 1960, 
também denominada Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS), que unificou os 
Regimes de Aposentadoria e Institutos Previdenciários, que até então possuíam 
regras próprias.
A CF de 1988 introduziu o conceito de Seguridade Social, que abrange a Previdência, 
a Assistência Social e a Saúde. Ela definiu que os poderes públicos têm a 
responsabilidade de organizar a Seguridade Social, garantindo a universalização da 
cobertura e assistência, a irredutibilidade dos benefícios, a diversidade da base de 
financiamento e a participação da comunidade.
Em relação às mudanças ao longo do tempo, a EC n. 20, de 15 de dezembro de 
1998, introduziu uma idade mínima para a aposentadoria dos servidores públicos, 
enquanto a EC n. 41, de 19 de dezembro de 2003, trouxe algumas alterações ao 
RGPS, como, por exemplo, a inclusão previdenciária para trabalhadores de baixa 
renda e algumas mudanças na pensão por morte.
Outras mudanças significativas se deram na Lei n. 13.135, de 17 de junho de 2015, 
que alterou regras de pensão por morte, e na Lei n. 13.183, de 4 de novembro de 
2015, que flexibilizou a aplicação do fator previdenciário através da regra 85/95 
progressiva.
Por fim, a EC n. 103/2019 trouxe importantes alterações nas regras de acesso e 
cálculo dos benefícios do RGPS, incluindo o fim gradual da aposentadoria por tempo 
de contribuição.
A regulamentação da EC n. 103/2019, no âmbito do RGPS, se deu pelo Decreto n. 
10.410, de 30 de junho de 2020.
Para melhorar seu entendimento, na tabela a seguir, têm-se os principais marcos 
legislativos do RGPS.
15Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Tabela – Principais marcos legislativos do Regime Geral de Previdência Social
Marco Legislativo Pontos de Destaque
1923 - Decreto n. 4.682, de 24 
de janeiro (Lei Elói Chaves).
Tradicionalmente definido como início 
da Previdência Social no Brasil.
1960 – Lei n. 3.807, de 
26 de agosto. Lei Orgânica da Previdência Social.
1973 – Lei n. 5.889, de 8 de junho. Norma reguladora do trabalho rural, inclusive, de questões previdenciárias.
1988 - Constituição da República 
Federativa do Brasil.
Originalmente, o regramento do 
RGPS se deu nos arts. 201 e 202. 
Atualmente está nos arts. 201 e 202, 
que trata do RPC. Ampliação dos 
direitos dos trabalhadores rurais.
1991 – Leis n.s 8.212 e 
8.213, de 24 de julho.
Plano de Custeio e de Benefícios do RGPS 
– regulamentação do RGPS posterior 
à Constituição Federal de 1988
1998 – Emenda Constitucional 
n. 20, de 15 de dezembro.
Desconstitucionalização da regra de 
cálculo da aposentadoria do RGPS. 
1999 – Decreto n. 3.408, 
de 6 de maio. Regulamento da Previdência Social. 
1999 – Lei n. 9.876, de 
26 de novembro.
Introdução do fator previdenciário, que 
buscava o equilíbrio atuarial fluxo esperado 
de pagamentos das aposentadorias 
com o valor das contribuições. 
2003 – Emenda Constitucional 
n. 41, de 19 de dezembro.
Alterou as regras dos RPPS – elevou teto 
do RGPS e gerou previsão, por Lei, de 
sistema especial de inclusão previdenciária 
para trabalhadores de baixa renda com 
benefício vinculado ao salário-mínimo. 
2005 – Emenda Constitucional 
n. 47, de 5 de julho.
Alterou os arts. 37, 40, 195 e 201 
da Constituição Federal de 1988. 
Estabeleceu o direito à aposentadoria 
especial para pessoas com deficiência.
2008 – Lei n. 11.718, 
de 20 de junho. Alterações na previdência rural do RGPS.
2015 – Lei n. 13.135, de 17 
de junho; conversão da 
Medida Provisória n. 664, de 
30 dezembro de 2014.
Alterações em regras infraconstitucionais 
do RGPS, em especial, nas regras 
da pensão por morte.
16Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Marco Legislativo Pontos de Destaque
2015 – Lei n. 13.183, de 
4 de novembro.
Flexibilização da aplicação do fator 
previdenciário, pela chamada 
regra 85/95 progressiva.
2019 – Emenda Constitucional 
n. 103, de 12 novembro.
Importantes alterações nas regras 
de acesso e cálculo dos benefícios do 
RGPS. Fim, com regras de transição, da 
aposentadoria por tempo de contribuição 
sem idade mínima, existente desde 1962.
2020 – Decreto n. 10.410, 
de 30 de junho.
Regulamentação/atualização de 
vários atos legais, em especial, 
da Emenda Constitucional n. 103, 
de 12 de novembro de 2019.
Referências
AMADO, Frederico. Direito e Processo Previdenciário Sistematizado. 2012. 3ª Edição. 
Editora Juspodium.
Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento / Banco Mundial 2022. 
Proteção Social para o Brasil do Futuro – Enfrentar Mudanças com Inclusão e 
Resiliência. 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm - acesso em 
30/04/2023.
BRASIL. Decreto 3.048,de 6 de maio de 1999. Disponível em http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/decreto/D3048.htm - acesso em 30/04/2023.
BRASIL. Decreto 10.410, de 30 de junho de 2020. Disponível em http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/decreto/d10410.htm - acesso em 30/04/2023.
BRASIL. Emenda Constitucional n. 41, de 19 de dezembro de 2003. Disponível em 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc20.htm - 
acesso em 30/04/2023. 
BRASIL. Emenda Constitucional n. 47, de 5 de julho de 2005. Disponível em: https://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc47.htm - acesso em 
30/04/2023. - acesso em 14/05/2023. 
BRASIL. Emenda Constitucional n. 103, de 12 novembro de 2019. Disponível em 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D3048.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D3048.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/decreto/d10410.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/decreto/d10410.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc20.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc47.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc47.htm
17Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
BRASIL. Lei 3.807, de 26 de agosto de 1960. Disponível em https://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/leis/1950-1969/L3807.htm - acesso em 30/04/2023.
BRASIL. Lei 5.889, de 8 de junho de 1973. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
l5889.htm - acesso em 30/04/2023. 
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18Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Características do Regime Geral 
de Previdência Social
Unidade 1 – Conhecendo as principais 
características do Regime Geral de Previdência 
Social
Listar as características e importância do Regime Geral de 
Previdência Social.
O Regime Geral de Previdência Social (RGPS) é aquele que atende a maior parte 
dos segurados e beneficiários da Previdência no Brasil. Como citado, anteriormente, 
o RGPS garante a cobertura contra eventos de incapacidade temporária ou 
permanente para o trabalho e idade avançada, proteção à maternidade e ao 
trabalhador em situação de desemprego involuntário, salário-família e auxílio-
reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda e pensão por morte 
ao cônjuge ou companheiro e dependentes.
Tópico 2.1 Principais características do Regime 
Geral de Previdência Social
Vídeo 1 – Conhecendo o Regime Geral de Previdência Social
O RGPS, conforme previsto no art. 201 da Constituição Federal (CF) de 1988, é 
obrigatório e contributivo, organizado de forma pública. Suas contribuições visam 
garantir o equilíbrio financeiro e atuarial, sendo necessário contribuir para ter direito 
aos benefícios previdenciários. A relação entre as contribuições e os benefícios leva 
em conta aspectos financeiros e atuariais.
Basicamente, o valor dos benefícios no RGPS reflete as contribuições realizadas. 
No entanto, existem planos de custeio/benefícios com subsídios para grupos 
 Módulo
2
https://youtu.be/QVLjA6LXwAc
19Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
específicos, justificados por questões sociais, como será visto no módulo 4. Trata-se 
de um Regime complexo, com grande impacto social e fiscal.
O RGPS é um Regime de repartição, onde as contribuições dos trabalhadores ativos 
são usadas para pagar os benefícios dos aposentados e pensionistas. É como se 
houvesse uma “poupança forçada” dos trabalhadores para sustentar os inativos, 
tornando a Previdência um contrato social entre gerações, permitindo a distribuição 
de renda tanto dentro de uma mesma geração quanto entre gerações diferentes.
Os segurados do RGPS são divididos em várias categorias, tais como: empregados, 
avulsos, trabalhadores domésticos, contribuintes individuais, segurados especiais 
(rurais) e facultativos. Cada tipo de segurado tem regras distintas de contribuição 
e de elegibilidade para aposentadoria. Por exemplo, após a Emenda Constitucional 
(EC) n. 103, de 12 de novembro de 2019, a idade mínima para aposentadoria dos 
segurados urbanos passou a ser de 65 anos para homens e 62 anos para mulheres, 
enquanto para os trabalhadores rurais não houve alteração, permanecendo em 60 
anos para homens e 55 anos para mulheres. Os segurados facultativos não são 
obrigados a contribuir e incluem donas de casa, desempregados e estudantes que 
desejam contribuir para a Previdência.
Categoria de Segurados
Obrigatórios:
• Empregados: Urbanos e Rurais;
• Trabalhadores Avulsos (Ex. Portuários);
• Contribuintes Individuais (urbanos/rurais):
- Conta-própria
- Empresário
• Empregados domésticos;
• Segurados Especiais (pequenos produtores rurais).
Facultativos:
• São segurados facultativos da Previdência Social, as pessoas, com 16 
anos ou mais de idade, que voluntariamente se filiarem ao RGPS. 
Exemplo: donas de casa; estudantes; desempregados; presidiários não 
remunerados.
Fonte: Produção autoral (2023).20Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
A definição legal dos segurados do (RGPS) é regulamentada principalmente pelas 
Leis nº 8.212, de 24 de julho de 1991 e nº 8.213, de 24 de julho de 1991. A regra geral 
para acesso à aposentadoria é de 65 anos para homens e 62 anos para mulheres, 
compulsória ou obrigatória para os filiados após a EC n. 103/2019. No entanto, 
existem exceções para aqueles filiados antes da reforma, com regras de transição 
explicadas no módulo 3. 
Além disso, a CF de 1988 garante aposentadoria aos trabalhadores rurais e àqueles 
que exercem atividades em economia familiar aos 60 anos (homens) e 55 anos 
(mulheres), incluindo produtores rurais, garimpeiros e pescadores artesanais.
Professores que comprovem tempo de efetivo exercício na Educação Infantil e Ensinos 
Fundamental e Médio têm uma redução de 5 anos na idade de aposentadoria. Neste 
caso, a aposentadoria se dá aos 60 anos para homens e 57 anos para mulheres.
Em geral, a legislação proíbe a adoção de requisitos ou critérios diferentes para 
benefícios, mas há exceções para segurados com deficiência ou que exercem 
atividades com exposição a agentes prejudiciais à saúde. As exceções mencionadas 
anteriormente para trabalhadores rurais e professores também se aplicam.
Os segurados empregados são aqueles que prestam serviços urbanos ou rurais 
às empresas, sob subordinação e com remuneração. Empregados domésticos são 
aqueles que trabalham continuamente em atividades sem fins lucrativos para uma 
pessoa ou família, em ambiente residencial.
Os contribuintes individuais englobam empresários e prestadores de serviços 
urbanos ou rurais, sem vínculo de emprego, e pessoas físicas que exercem atividade 
econômica urbana, lucrativa ou não. Já os segurados especiais são aqueles que 
residem em imóvel rural ou aglomerado urbano ou rural próximo, individualmente 
ou em economia familiar, que exerçam atividades agropecuárias em até quatro 
módulos fiscais, sejam seringueiros, extrativistas vegetais ou pescadores artesanais. 
Membros do grupo familiar que trabalham com o grupo também são considerados 
segurados especiais.
O RGPS também possui uma ampla gama de benefícios. Antes da EC n. 103/2019, 
dez benefícios poderiam ser identificados no âmbito de tal Regime, quais sejam: 
• Aposentadoria por idade;
• Aposentadoria por invalidez; 
• Aposentadoria por tempo de contribuição;
• Auxílio-doença;
• Auxílio-acidente;
21Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
• Salário-maternidade;
• Salário-família;
• Pensão por morte; e 
• Auxílio-reclusão. 
A EC n. 103/2019 acabou, de forma compulsória, com a aposentadoria por tempo de 
contribuição, para os novos filiados. Já para aqueles filiados antes da Reforma, foram 
criadas regras de transição que serão mais bem analisadas o próximo módulo.
No quadro a seguir, têm-se os Benefícios do –RGPS.
BENEFÍCIOS DO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL
APOSENTADORIA POR IDADE AUXÍLIO-ACIDENTE
APOSENTADORIA POR INVALIDEZ SALÁRIO-MATERNIDADE
APOSENTADORIA POR TEMPO 
DE CONTRIBUIÇÃO SALÁRIO-FAMÍLIA
APOSENTADORIA ESPECIAL AUXÍLIO-RECLUSÃO
AUXÍLIO-DOENÇA PENSÃO POR MORTE
Fonte: Produção autoral (2023).
De modo geral, têm-se critérios de elegibilidade para a concessão de tais benefícios. 
No caso das aposentadorias programadas, têm-se critérios de idade mínima, que 
não existem para benefícios que não são programados ou chamados de risco, como, 
por exemplo, aposentadoria por invalidez ou incapacidade permanente, auxílio-
doença ou por incapacidade temporária e pensão por morte.
Além de critérios de idade, têm-se ainda condições em termos de tempo de 
contribuição e qualidade de segurado. Normalmente, existe o que é chamado de 
carência, que é o período mínimo de contribuições pagas ao Instituto Nacional do 
Seguro Social (INSS) para que o segurado ou seus dependentes tenham direito a 
receber um benefício do RGPS.
A carência tem base na Lei n. 8.213/1991, que estabelece que a concessão das 
prestações pecuniárias do RGPS depende dos períodos de carência concernentes. 
A título de exemplo, há exigência de 12 contribuições mensais para os benefícios 
de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez e 24 contribuições mensais para o 
22Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
auxílio-reclusão. Contudo, existem alguns casos onde não há exigência de carência, 
mesmo em meio à demanda que se tenha a qualidade de segurado, como no caso do 
auxílio-doença e da aposentadoria por invalidez nos casos de acidente de qualquer 
natureza ou causa e de doença profissional ou do trabalho, bem como nos casos 
do segurado que, após filiar-se ao RGPS, for acometido de alguma das doenças e 
afecções especificadas em lista elaborada pelas pastas da Saúde e da Previdência 
Social e salário-maternidade para as seguradas empregadas, trabalhadoras avulsas 
e empregadas domésticas.
Tópico 2.2 Evolução e Importância do RGPS
Podcast 1 – Mudanças nas Regras Previdenciárias do Brasil
O RGPS é aquele regime com maior volume de contribuintes e beneficiários dos 
três Regimes previdenciários brasileiros. Em dezembro de 2022, contabilizava um 
estoque de 32,4 milhões de benefícios – aposentadorias (22,4 milhões) e pensões 
por morte (8,3 milhões).
Entre dezembro de 2002 e dezembro de 2022, o estoque de benefícios do RGPS 
cresceu de 18,9 milhões para 32,4 milhões (alta de 2,7% a.a.). No ano de 2021, 
considerando aqueles trabalhadores com pelo menos uma contribuição no ano, 
o RGPS contabilizou 69,3 milhões de indivíduos. Tais cifras evidenciam a grande 
importância social do RGPS.
Com o processo de envelhecimento populacional, cujo indicador mais tradicional 
é a participação dos idosos na população total, além da razão de dependência 
demográfica, a tendência é o contínuo incremento do estoque benefícios do RGPS, 
como aposentadorias, não apenas em termos absolutos, mas também em termos 
relativos ou como percentual da população brasileira – processo que vem ocorrendo 
e deve continuar. Tal aspecto demanda, sem dúvida, planejamento de médio e longo 
prazo das políticas públicas de Seguridade e Previdência Social.
Para melhor compreensão do crescimento do estoque de benefícios do RGPS nos 
últimos anos, no quadro a seguir tem-se um comparativo desse estoque entre os 
meses de dezembro de 2002 e dezembro de 2022.
https://podcasters.spotify.com/pod/show/enap/episodes/EV-G-Previdncia-Regime-Geral---Mudanas-nas-Regras-Previdencirias-do-Brasil-e2d5pi9
23Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Estoque de Benefícios do Regime Geral de Previdência Social – período dezembro 
de 2002 e dezembro de 2022.
Grupo de 
Benefícios
Estoque em 
Dezembro 
de 2002
Estoque em 
Dezembro 
de 2022
Variação 
Acumulada 
em % e 
Média 
Anual em 
%a.a.
Variação 
Acumulada 
do Estoque e 
Média Anual
Total RGPS 18.872.666 32.412.927 + 71,7%(+2,7%a.a.)
13.540.261
(média anual 
de 677 mil)
1. Aposentadorias 11.910.556 22.416.708 + 88,2%(+3,2%a.a.)
10.506.152
(média anual 
de 525 mil)
1.1. Idade 5.940.291 12.087.902 + 103,5%(+3,6%a.a.)
6.147.611
(média anual 
de 307 mil)
1.2 Invalidez 2.470.674 3.467.676 + 40,4%(+1,7%a.a.)
997.002
(média anual 
de 49,8 mil)
1.3 Tempo de 
Contribuição 3.499.591 6.861.130
+ 96,1%
(+3,4%a.a.)
3.361.539
(média anual 
de 168 mil)
2 Pensão 
por Morte 5.485.800 8.291.626
+ 51,1%
(+2,1%a.a.)
2.805.826
(média anual 
de 140 mil)
3 Auxílio- Doença 849.074 1.082.136 +27,4%(+1,2%a.a.)
233.062
(média anual de 
cerca 12 mil)
4 Outros 627.236 622.457 - 0,8 %(0,0%a.a.)
- 4.779
(média anual 
de - 239)
Fonte: Elaboração do autor a partir do Anuário da Previdência – Suplemento 
Histórico e Boletim Estatístico da Previdência Social de dezembro de 2022.
O fato de o RGPS englobar um volume muito significativo de contribuintes e 
beneficiários, inclusive, de parcela relevante da sociedade brasileira, acaba 
implicando que o referido Regime também é muito relevante tanto para a política 
social como para a fiscal.
A despesa do RGPS,em % do Produto Interno Bruto (PIB), no período 2016-2022, 
tem permanecido no patamar de 8% do PIB.
24Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Ao tomar como base o ano de 2022, a despesa do RGPS alcançou a cifra de R$ 797 
bilhões, considerando o pagamento dos benefícios previdenciários via INSS, bem 
como gastos com sentenças judiciais (precatórios e requisições de pequeno valor) e 
com a compensação do RGPS com Regimes Próprios de Previdência de Servidores 
Públicos, chamado de COMPREV. Trata-se de um importante componente da 
despesa primária do Governo Central, tendo representado 44,2% de todo dispêndio 
primário da União.
Um modo de compreender essa crescente de Despesas do RGPS em % do PIB, é 
através do Gráfico 1, a seguir.
Despesa do Regime Geral de Previdência Social em % do Produto Interno Bruto 
– período 1997-2022.
 
Fonte: Elaboração a partir de dados do Tesouro Nacional e do Ministério da Previdência
A despesa do RGPS também representa uma parcela relevante do gasto primário 
ou não financeiro da União. Desde 2016 ou no período 2016-2022, exceto o ano 
de 2020, em função do pagamento do auxílio emergencial durante a pandemia do 
novo Coronavírus, a participação do Regime em questão na despesa primária ou 
não financeira do governo central tem se situado acima do patamar de 40% do total. 
Nos anos de 2021 e 2022, por exemplo, tal participação ficou no patamar de 44%, 
conforme evidenciado no Gráfico 2, a seguir.
25Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Participação do Regime Geral da Previdência Social na Despesa Primária do 
Governo Central em % do total – período 1997-2022.
 
Fonte: elaboração a partir de dados do Ministério da Fazenda
As normas relativas ao valor dos benefícios no RGPS são fundamentais e refletem as 
contribuições realizadas pelos segurados. Vale destacar que, por questões de justiça 
atuarial, os benefícios devem corresponder às contribuições feitas, embora existam 
subsídios para grupos específicos. Em relação ao valor mínimo dos benefícios, a CF 
de 1988 garante que nenhum deles poderá ser inferior ao salário-mínimo, tanto para 
os benefícios contributivos como para os não contributivos. E ainda, o valor máximo 
dos benefícios também é regulado pelo RGPS, sendo denominado “teto”. Em 2023, o 
teto foi estabelecido em R$7.507,49 (sete mil e quinhentos e sete reais e quarenta e 
nove centavos) – o que significa que a maioria dos benefícios não pode ultrapassar 
esse valor, que é utilizado como referência para a contribuição do segurado.
Para preservar o poder de compra dos benefícios ao longo do tempo, a Carta 
Magna assegura o reajuste anual dos valores. A Lei nº 8.213/1991 determina que 
o reajuste se dará na mesma data do reajuste do salário-mínimo, tendo por base o 
Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) apurado pelo Instituto Brasileiro 
de Geografia e Estatística (IBGE). Tal reajuste garante que o valor real dos benefícios 
seja mantido, especialmente considerando que alguns benefícios podem ser pagos 
por longos períodos.
Outro ponto relevante é a estrutura de financiamento do RGPS, definida no art. 195 
da CF de 1988 – fundamental para a sustentabilidade da Seguridade e Previdência 
Social, garantindo recursos para o pagamento dos benefícios aos segurados.
Conforme estabelecido no artigo supracitado, a Seguridade Social deve ser 
financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da Lei, 
mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios. Nesse viés, a Carta Magna estabeleceu a vinculação das 
26Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
seguintes contribuições sociais para o Sistema de Seguridade Social, inclusive, para 
a Previdência:
I - Do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da Lei, 
incidentes sobre: a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos 
ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo 
sem vínculo empregatício; b) a receita ou o faturamento; e, c) o lucro. 
II - Do trabalhador e dos demais segurados da Previdência Social, podendo ser 
adotadas alíquotas progressivas de acordo com o valor do salário de contribuição, 
não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo RGPS.
III – Sobre a receita de concursos de prognósticos.
IV - Do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a Lei a ele 
equiparar.
A Seguridade e a Previdência Social possuem diversas fontes de financiamento, que 
abrangem recursos provenientes de folha de salários, faturamento, lucros, rendimento 
do trabalho, entre outros. Parte das regras dessas fontes de financiamento está na 
Lei n. 8.212/1991, que trata do plano de custeio da Previdência Social. Além disso, a 
CF de 1988 estabelece que a pessoa jurídica em débito com a Seguridade Social não 
poderá contratar com o Poder Público, tampouco receber benefícios ou incentivos 
fiscais ou creditícios.
Um princípio importante na Carta Magna é que nenhum benefício ou serviço da 
Seguridade Social pode ser criado, ampliado ou estendido sem uma fonte de 
custeio correspondente. Outra particularidade é a contribuição diferenciada para 
os trabalhadores rurais. O art. 195 da CF de 1988 estabelece que produtores 
rurais, parceiros, meeiro, arrendatário rurais e pescadores artesanais, bem como 
seus cônjuges, que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, 
contribuirão para a Seguridade Social com uma alíquota aplicada sobre o resultado 
da comercialização da produção. Tem-se ainda a possibilidade de alíquotas de 
contribuição diferentes conforme a atividade econômica, o uso de mão de obra, o 
porte da empresa ou a condição do mercado de trabalho.
A Reforma de 2019, via EC n. 103/2019, alterou as alíquotas de contribuição para 
segurados empregados, incluindo trabalhadores domésticos e trabalhadores 
avulsos, estabelecendo alíquotas progressivas de 7,5%, 9%, 12% e 14%. A alíquota 
27Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
de 7,5% é aplicada para salários até um salário-mínimo. As faixas de contribuição 
são reajustadas na mesma data e índice do reajuste dos benefícios do RGPS. Por 
exemplo, em janeiro de 2023, as alíquotas de contribuição ficaram estabelecidas 
da seguinte forma para segurados empregados, empregados domésticos e 
trabalhadores avulsos:
Salário de contribuição Alíquota
até R$ 1.302,00 7,50%
R$ 1.302,00 até R$ 2.571,29 9%
R$ 2.571,29 até R$ 3.856,94 12%
R$ 3.856,94 até R$ 7.507,49 14%
Contudo, as regras de contribuição são bastante variadas entre os diferentes tipos de 
segurados e mesmo entre distintas empresas e empregados. De modo geral ou até 
mesmo tradicional, a contribuição a cargo da empresa foi estabelecida em 20% sobre 
o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título, durante o 
mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos que lhe prestem serviços.
Apesar dessa regra geral, têm-se várias exceções, como as micro e pequenas 
empresas que pertencem ao SIMPLES Nacional, que pagam uma alíquota de 
contribuição sobre o faturamento, e mesmo outras empresas que não pertencem 
ao SIMPLES, mas podem pagar pelo faturamento em função da chamada política 
de desoneração da folha de salários. A justificativa tradicional dessas iniciativas é 
alterar a base tributária da folha de salários para o faturamento com o tradicional 
argumento de estimular a geração de empregos formais. Tais iniciativas também 
afetam a contribuição previdenciária daqueles setores com faturamento elevado e 
baixa folha de salários.
O debate sobre a melhor forma de financiamento da Previdência Social é muito 
importante, pois acarreta impactos econômicos relevantes. O início da chamada 
desoneração da folha de salários se deu legalmente em 2011, e ainda continua 
vigente em 2023, em que pese grande debate sobre seus custos e benefícios. De 
qualquer forma, o debate sobre o financiamento também precisa levar emconta 
a magnitude da despesa obrigatória que será objeto do custeio, além de desenhar 
as regras levando em consideração as características e a capacidade contributiva 
de cada segurado. Por essa razão, as alíquotas são progressivas, aumentando à 
medida que cresce o nível de renda, bem como há adaptações, como, por exemplo, 
a incidência sobre a comercialização da produção para os produtores rurais.
Sobre os empregadores, não vinculados ao SIMPLES, também há contribuição para 
o financiamento da aposentadoria especial e dos benefícios concedidos em razão 
28Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais 
do trabalho, sobre o total das remunerações pagas ou creditadas, aos segurados 
empregados e trabalhadores avulsos que varia de 1% a 3% sobre a folha de salários, 
dependendo do grau de risco da atividade preponderante da empresa. Entretanto, 
a regra é ainda mais complexa, tendo em vista que a alíquota de 1% a 3% pode ser 
reduzida pela metade ou majorada para o dobro devido ao Fator Acidentário de 
Prevenção (FAP), cuja aplicação se dá a nível de estabelecimento. O objetivo do FAP 
é estimular a prevenção de acidentes de trabalho, na medida em que as empresas 
que registrarem maior número de acidentes ou doenças ocupacionais pagam 
mais. Por outro lado, o FAP aumenta a bonificação das empresas que registram 
acidentalidade menor.
O FAP foi instituído legalmente pela Lei n. 10.666, de 8 de maio de 2003, que 
estabeleceu que a alíquota de contribuição de 1 a 3%, destinada ao financiamento 
do benefício de aposentadoria especial ou daqueles concedidos em razão do grau 
de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do 
trabalho, podendo ser reduzida em até 50% ou aumentada em até 100%, em razão 
do desempenho da empresa em relação à respectiva atividade econômica, apurado 
a partir dos índices de frequência, gravidade e custo.
As alíquotas de contribuição também são diferenciadas para os contribuintes 
individuais e segurados facultativos. A regra mais geral ou tradicional que prevaleceu 
até 2006, era de uma alíquota de contribuição dos segurados contribuinte individual 
e facultativo de 20% sobre o respectivo salário-de-contribuição. Contudo, desde 
2006, foram sendo criadas figuras com regras diferenciadas, de tal sorte que 
atualmente existe a possibilidade de uma alíquota de 11% do salário-mínimo, para o 
plano simplificado, bem como de 5% do salário-mínimo para o Microempreendedor 
Individual (MEI) e para o segurado facultativo de baixa renda. Esses novos planos, 
diferentemente do plano completo, possuem planos de benefícios diferenciados, 
com valor do benefício de salário-mínimo e sem direito a aposentadoria por tempo 
de contribuição. O objetivo desses planos seria ampliar a inclusão previdenciária 
dos segurados de baixa renda com a redução dos valores de contribuição. Tais 
iniciativas de inclusão previdenciária serão discutidas detalhadamente no módulo 4.
A Lei Complementar (LC) n. 101, de 4 de maio de 2000, também conhecida como 
Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), estabelece que o anexo de Projeto de Lei de 
Diretrizes Orçamentárias (PLDOs) deverá conter a avaliação da situação financeira 
e atuarial dos RGPS e próprio dos servidores públicos e do Fundo de Amparo ao 
Trabalhador (FAT), bem como dos demais fundos públicos e programas estatais de 
natureza atuarial. 
No anexo do PLDO apresentando em abril de 2022 tem-se a projeção de despesa e 
receita do RGPS até o ano de 2060. Com o modelo de projeção fiscal desenvolvido 
para o RGPS, no ano de 2022, está disponível, com detalhes da metodologia, projeção 
29Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
da despesa do RGPS até o ano de 2100, que permite perceber a tendência de longo 
prazo (Informe de Previdência Social de Outubro de 2022). A referida tendência de 
longo prazo é influenciada por diversos fatores (demográficos, econômicos e de 
mercado de trabalho, por exemplo).
Do ponto de vista institucional, vale destacar que a competência pelo 
acompanhamento e formulação das políticas públicas vinculadas ao RGPS, aos 
Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS) e à Previdência Complementar é de 
competência, atualmente, do Ministério da Previdência. A concessão e manutenção 
dos benefícios do RGPS é executada pelo INSS, que também é responsável por 
alguns serviços como, por exemplo, a reabilitação profissional.
A Lei n. 8.213/1991 também instituiu o Conselho Nacional de Previdência 
Social (CNPS), órgão superior de deliberação colegiada, que conta atualmente 
com 15 representantes, sendo seis representantes do Governo Federal e nove 
representantes da sociedade civil – estes últimos divididos em três representantes 
dos aposentados e pensionistas, três representantes dos trabalhadores em atividade 
e três representantes dos empregadores, sendo, portanto, quadripartite.
30Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Entre as atribuições legais do CNPS, podem ser citadas:
• Estabelecer diretrizes gerais e apreciar as decisões de 
políticas aplicáveis à Previdência Social;
• Participar, acompanhar e avaliar sistematicamente a 
gestão previdenciária;
• Apreciar e aprovar os planos e programas da Previdência 
Social; 
• Apreciar e aprovar as propostas orçamentárias da 
Previdência Social, antes de sua consolidação na proposta 
orçamentária da Seguridade Social;
• Acompanhar e apreciar, através de relatórios gerenciais 
por ele definidos, a execução dos planos, programas e 
orçamentos no âmbito da Previdência Social; e
• Acompanhar a aplicação da legislação pertinente à 
Previdência Social e apreciar a prestação de contas anual 
a ser remetida ao Tribunal de Contas da União (TCU), 
podendo, se necessário, contratar auditoria externa.
Outra importante instituição no âmbito do RGPS é o Conselho de Recursos da 
Previdência Social (CRPS), cuja competência é julgar recursos das decisões do INSS 
nos processos de interesse dos beneficiários, bem como contestações e recursos 
relativos à atribuição do FAP aos estabelecimentos das empresas, recursos das 
decisões do INSS relacionados à comprovação de atividade rural de segurado 
especial e aqueles relacionados à compensação financeira entre regimes. Esse papel 
acaba sendo importante tendo em vista que visa permitir a solução de recursos no 
âmbito administrativo sem a judicialização das questões do RGPS. Como será visto 
no módulo 4, um importante desafio no âmbito do RGPS é a crescente judicialização.
31Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Referências
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm - acesso em 
30/04/2023.
BRASIL. Decreto 3.048, de 6 de maio de 1999. Disponível em http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/decreto/D3048.htm - acesso em 30/04/2023.
BRASIL. Decreto 10.410, de 30 de junho de 2020. Disponível em http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/decreto/d10410.htm - acesso em 30/04/2023.
BRASIL. Lei 8.212, de 24 de julho de 1991. Disponível em https://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/leis/l8212cons.htm - acesso em 30/04/2023. 
BRASIL. Lei 8.213, de 24 de julho de 1991. Disponível em https://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm - acesso em 30/04/2023. 
BRASIL. Lei Complementar 101, de 4 de maio de 2000. Disponível em https://www.
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BRASIL. Informe de Previdência Social de Outubro de 2022. Modelo de Projeção 
Fiscaldo Regime Geral de Previdência Social. Disponível em https://www.gov.
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social/2022/informe-de-previdencia-outubro-2022.pdf - acesso em 07/05/2023.
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32Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Mudanças com a Reforma de 2019 
e EC 103/2019
Unidade 1 – Conhecendo a Reforma de 2019 e a 
EC 103/2019
Reconhecer as mudanças promovidas pela Reforma de 2019 e EC 
103/2019 e seus impactos no Regime Geral de Previdência Social.
As regras de acesso e o cálculo do valor dos benefícios, entre outros, foram alteradas 
de forma significativa no ano de 2019, devido a ampla reforma da previdência que 
ocorreu, em especial, com as mudanças decorrentes da Emenda Constitucional – EC 
n.103, de 12 de novembro de 2019. Essa EC foi extremamente ampla e, certamente, 
representa a maior alteração da previdência brasileira desde a Constituição de 
1.988, tendo como repercussões profundas nas próximas décadas e no futuro do 
país como um todo. Ela certamente foi mais ampla que as reformas anteriores, 
como a de 1998 (Emenda Constitucional 20/1998), a de 2003 (Emenda Constitucional 
41/2003) ou mesmo mudanças infraconstitucionais como a Lei n. 13.135/2015, que 
alterou de forma relevante as regras de pensão por morte no âmbito do RGPS. 
A EC 103/2019 também trouxe mudanças nos RPPS e na Previdência Complementar. 
Dada a abrangência das medidas da EC 103/2019, não será possível, neste módulo, 
analisar de forma profunda todas as alterações realizadas pela referida Emenda e seus 
impactos. No entanto, será realizada uma análise focada nas principais mudanças 
introduzidas no âmbito do RGPS, em especial, nas regras de aposentadoria. 
Tópico 3.1 Principais mudanças nas regras de 
aposentadoria 
Vídeo 2 – Funções de Proteção Social e Seguridade de Renda 
 Módulo
3
https://youtu.be/guGok6amQoQ
33Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Um dos pontos mais polêmicos no âmbito do RGPS sempre foi a existência da 
chamada aposentadoria por tempo de contribuição sem idade mínima. Dentro da 
lógica de proteção contra riscos sociais, havia aqueles que defendiam a eliminação 
dessa modalidade de aposentadoria programada, que não exigia uma idade 
mínima. Isso se devia entendimento de que o tempo de contribuição não é, em si, 
um risco social. Além disso, essa modalidade permitia a concessão de aposentadoria 
a pessoas com plena capacidade laboral que, em muitos casos, acumulavam alta 
renda formal de trabalho com a aposentadoria. 
Além disso, alcançar 35/30 anos de contribuição, em geral, era mais comum para 
trabalhadores de maior nível de escolaridade e renda. Tendo em vista que aqueles 
com menor escolaridade e renda, em geral, tendem a passar a maior parte do tempo 
na informalidade. Como resultado, aqueles com menor tempo de contribuição 
costumavam conseguir no máximo 15 anos de contribuição. Portanto, enfrentavam 
a necessidade de atingir uma idade mínima de 65 anos para homens ou 60 anos 
para mulheres, antes da reforma de 2019. Como alternativa, podiam ter acesso ao 
benefício não contributivo do BPC/LOAS (BPC - Benefício de Prestação Continuada, 
previsto na LOAS - Lei Orgânica da Assistência Social) aos 65 anos de idade (Costanzi 
e Ansiliero, 2017). 
A aposentadoria por tempo de contribuição sem idade é um benefício quase raro 
ou inexistente no cenário internacional, sendo poucos os países que possuíam ou 
possuem alguma espécie similar.
Em decorrência desse debate, uma das principais propostas e mudanças provenientes 
da EC 103/2019 foi, justamente, o fim gradual da chamada aposentadoria por tempo 
de contribuição sem idade mínima. Contudo, esse processo ocorre por meio de 
quatro regras de transição que serão apresentadas neste módulo. 
Dado que as regras de transição são abrangentes e que foram garantidas para 
todos que estavam filiados antes da promulgação da reforma, sua vigência valerá 
por muito tempo. A origem da aposentadoria por tempo de contribuição remonta a 
Lei 3.807, de 26 de agosto de 1.960, conhecida como Lei Orgânica da Previdência 
Social (LOPS), que continha a aposentadoria por tempo de serviço ao segurado 
com 35 ou 30 anos de contribuição, com valor do benefício de 100% do salário de 
benefício no primeiro caso e 80% no segundo, ou seja, aposentadoria integral com 
35 anos de serviço e proporcional com 30 anos de serviço. 
Essa Lei também exigia que o segurado tivesse completado 55 anos de idade, ou 
seja, exigia uma idade mínima. Contudo, em 1962, por meio da Lei n. 4.130, de 28 de 
agosto de 1962, a exigência de uma idade mínima de 55 anos foi revogada. Desde 
então, até a reforma de 2019, manteve-se no ordenamento jurídico previdenciário 
brasileiro a possibilidade de aposentadoria por tempo de contribuição sem 
34Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
idade mínima. A Constituição de 1988 manteve a possibilidade de assegurar a 
aposentadoria, nos termos da lei, após 35 anos de trabalho para homem, e após 
30 anos para mulher, calculando o benefício sobre a média dos 36 últimos salários 
de contribuição. Essa fórmula, conhecida como “média curta”, não era adequada do 
ponto de vista atuarial. 
A Emenda Constitucional nº 20, de 15 de dezembro de 1998, fez 
importantes mudanças na previdência do Brasil e assegurou 
aposentadoria no regime geral de previdência social, nos 
termos da lei, com 35 anos de contribuição, se homem, e 30 de 
contribuição, se mulher. 
A EC 20/1998, no entanto, desconstitucionalizou o cálculo do valor da aposentadoria, 
pela chamada “média curta”, e permitiu a introdução do fator previdenciário por 
lei no final de 1999. Portanto, de qualquer forma, a aposentadoria por tempo de 
contribuição sem idade mínima, que teve início em 1962, só foi excluída do RGPS com 
a EC 103 no ano de 2019. Ademais, como a referida Emenda garantiu quatro regras 
de transição para aqueles que já estavam filiados antes da reforma, na prática, a 
convivência com a aposentadoria por tempo de contribuição sem idade mínima ainda 
deve prevalecer por vários anos devidoa essa transição. Apenas aqueles filiados 
após a reforma, efetivamente, não terão mais direito a essa espécie de benefício. Se 
forem segurados urbanos e não tiverem direito a alguma aposentadoria especial, 
precisarão se aposentar aos 65 anos de idade, no caso dos homens, e 62 anos de 
idade, no caso das mulheres.
A reforma da previdência de 2019 consiste em um amplo conjunto de medidas legais. 
A alteração mais importante foi, sem dúvida nenhuma, a Emenda Constitucional 
103, de 12 de novembro de 2019. Contudo, também há outras medidas importantes 
que devem ser citadas. Para começar, pode-se destacar a Medida Provisória n. 871, 
de 18 de janeiro de 2019, posteriormente convertida na Lei n. 13.846, de 18 de 
junho de 2019. 
Essa reforma da Lei, entre outras ações, trouxe algumas características. Clique a 
seguir para conferir: 
 + Ampliar os objetivos da Lei
A reforma veio para aperfeiçoar o combate às fraudes do RGPS instituindo 
programas de incentivo à análise e redução dessas fraudes. 
35Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
 + Instituir medidas
Para combater as fraudes, foram criados os seguintes programas: Programa 
Especial para Análise de Benefícios com Indícios de Irregularidade; e 
Programa de Revisão de Benefícios por Incapacidade.
 + Alterações nos benefícios
Realizou as seguintes alterações nos benefícios: 
• inclusão da carência de 24 meses para auxílio-reclusão;
• comprovação da condição e do exercício da atividade rural do 
segurado especial via Cadastro Nacional de Informações Sociais 
(CNIS) a partir de 01/01/2023. 
Posteriormente, a entrada em vigor deste dispositivo ganhou mais uma 
condicionalidade no âmbito da EC 103/2019, que será apresentada ao longo deste 
módulo. Ainda no âmbito da previdência rural, a Lei 13.846 revogou a possibilidade de 
comprovação do exercício de atividade rural por meio de declaração fundamentada 
de sindicato que represente o trabalhador rural ou, quando for o caso, de sindicato 
ou colônia de pescadores, desde que homologada pelo Instituto Nacional do Seguro 
Social (INSS). Contudo, a referida Lei permitiu a comprovação por meio de Declaração 
de Aptidão ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar. 
A proposta inicial do poder executivo, que se tornaria a EC 103/2019, foi enviada 
ao Congresso Nacional em fevereiro de 2019, por meio da Proposta de Emenda 
Constitucional n. 6, de 20 de fevereiro de 2019. Embora a EC 103/2019 tenha 
sido baseada na PEC 6/2019, houve importantes alterações que foram realizadas 
durante a tramitação da proposta no âmbito do Congresso Nacional. Uma alteração 
fundamental da EC 103/2019 foi realizada no corpo permanente do artigo 201 da 
Constituição Federal, em especial no parágrafo 7. Para sua melhor compreensão, no 
quadro a seguir, preparamos um comparativo das mudanças propostas na Redação 
da EC 103/2019 com Redação anterior da Constituição. Confira: 
Redação dada pela Emenda 
Constitucional 103/2019 Redação Anterior da Constituição
Art. 201. A previdência social será 
organizada sob a forma do Regime 
Geral de Previdência Social, de caráter 
contributivo e de filiação obrigatória, 
observados critérios que preservem 
o equilíbrio financeiro e atuarial, 
e atenderá, na forma da lei, a: 
Art. 201. A previdência social será 
organizada sob a forma de regime 
geral, de caráter contributivo e de 
filiação obrigatória, observados 
critérios que preservem o 
equilíbrio financeiro e atuarial, e 
atenderá, nos termos da lei, a: 
36Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
§ 7º É assegurada aposentadoria 
no regime geral de previdência 
social, nos termos da lei, obedecidas 
as seguintes condições:
I - 65 (sessenta e cinco) anos de idade, 
se homem, e 62 (sessenta e dois) 
anos de idade, se mulher, observado 
tempo mínimo de contribuição;
§ 7º É assegurada aposentadoria 
no regime geral de previdência 
social, nos termos da lei, obedecidas 
as seguintes condições:
I - Trinta e cinco anos de 
contribuição, se homem, e trinta 
anos de contribuição, se mulher;
Fonte: Produção autoral (2023). 
Portanto, uma mudança fundamental foi a exclusão da Constituição a possibilidade 
de uma regra permanente de acesso à aposentadoria no âmbito do RGPS, que 
antes permitia 35 anos de contribuição para homens e 30 anos de contribuição 
para mulheres, independentemente da idade ou sem idade mínima. Essa regra 
permanente foi alterada para uma condicionalidade de uma idade mínima de 65 anos 
para homens e 62 anos para mulheres, observado o tempo mínimo de contribuição. 
Contudo, é importante salientar que essa alteração da regra permanente para 
aposentadoria vale de forma obrigatória apenas para aqueles que se filiaram ou vão 
se filiar ao RGPS depois da EC 103/2019. Para todos aqueles que já estavam filiados 
antes da EC 103/2019 existe ainda a possibilidade de aposentadoria por meio de 
regras de transição. Falaremos detalhadamente sobre elas mais à frente. 
Na imagem a seguir, podemos observar as mudanças ocorridas por meio da Nova 
Regra Geral do RGPS por intermédio da EC 103/2019 em detrimento das regras 
aplicadas anteriormente. 
37Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Fonte: Secretária de Previdência - Ministério da Economia (2019)
A existência de regras de transição é uma necessidade para evitar alterações muito 
bruscas nas idades de aposentadoria. Cabe enfatizar que, ao garantir a opção para 
todos aquele que já estavam filiados, mesmo uma pessoa de 18 anos, do ponto de 
vista legal, as regras de transição ainda devem permanecer, legalmente falando, por 
várias décadas. 
Portanto, o aumento da idade média de aposentadoria para as idades de 65 anos 
para homens e 62 anos para mulheres, na prática, deve acontecer de maneira 
gradual. Como exemplo, a idade média da aposentadoria por tempo de contribuição 
no RGPS se elevou de 55,27 anos em 2019 para 55,81 e 56,56 anos, respectivamente, 
nos anos de 2020 e 2021 considerando ambos os sexos e a data de início de benefício 
(Costanzi; Santos, 2022). 
A idade média de aposentadoria, no caso das aposentadorias por tempo de 
contribuição para mulheres, aumentou de 53,44 anos em 2019 para 54,01 anos 
38Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
e 54,85 anos, respectivamente, nos anos de 2020 e 2021. No caso dos homens, 
nesta mesma comparação, tiveram aumento da idade média de aposentadoria 
por tempo de contribuição, de 56,52 anos, em 2019, para 57,16 anos e 57,93 anos, 
respectivamente, nos anos de 2020 e 2021 (Costanzi; Santos, 2022).
Esse processo gradual e não imediato de convergência para as novas idades de 
65/62 anos só foi possível graças à existência de quatro regras de transição para 
aposentadoria por tempo de contribuição no âmbito do RGPS. Portanto, a idade de 
aposentadoria permanece fixada na Constituição. Em muitos países, os critérios de 
elegibilidade não são definidos na Constituição, mas sim no âmbito infraconstitucional 
ou legal. Por essa razão, as reformas de previdência no Brasil, em especial, se forem 
mais amplas ou profundas, tendem a exigir Emendas Constitucionais. 
Também cabe destacar que ainda haverá trabalhadores que se aposentarão antes 
dos 65/62 anos devido à existência de aposentadorias especiais ou pelo tratamento 
diferenciado para determinados grupos, como trabalhadores rurais, professores e 
pessoas com deficiência. 
As regras de acesso à aposentadoria para os trabalhadores rurais, por exemplo, 
não foram alteradas. Permaneceu o acesso aos 60 anos de idade para homens e 
55 anos de idade para mulheres que se enquadram como trabalhadores rurais ou 
que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, incluindo o produtor 
rural, o garimpeiro e o pescador artesanal. 
A Constituição também manteve o tratamento diferenciado para professores, 
reduzindo o requisito de idade de 65/62 em 5 anos para o profissional que comprove 
tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no 
ensino fundamental e médio.Portanto, para os professores, prevalece uma idade 
de aposentadoria de 60 anos para homens e 57 anos para mulheres. Antes da EC 
102/2019, os professores podiam se aposentar com 30 anos de contribuição para 
homens e 25 anos para mulheres, também sem uma idade mínima. Contudo, essa 
regra só é obrigatória para aqueles filiados após a EC 103/2019, havendo regras de 
transição para aqueles que já estavam filiados antes da reforma de 2019. 
Em relação à aposentadoria por tempo de contribuição, a EC 103/2019 estabeleceu 
quatro regras de transição. Conheça cada uma delas: 
A primeira regra de transição do artigo 15 da Emenda 
Constitucional 103 estabeleceu um sistema de pontuação, que 
é dado pela soma de idade + tempo de contribuição. Portanto, a 
condicionalidade para aposentadoria deixa de ser exclusiva aos 
35/30 anos de contribuição e passa a exigir, de forma adicional, 
uma pontuação crescente ao longo do tempo. Por essa regra, o 
segurado do RGPS, que era filiado antes da promulgação da EC 
103/2019, pode se aposentar desde que atenda cumulativamente 
aos seguintes requisitos:
39Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
I - 30 anos de contribuição, se mulher, e 35 (trinta e cinco) anos de 
contribuição, se do sexo masculino; 
II - Soma de idade e tempo de contribuição, equivalente a 86 
pontos, se feminino, e 96 pontos em 2019, mas aumentando a 
partir de 1º de janeiro de 2020, 1 ponto a cada ano até atingir o 
limite de 100 pontos, se for mulher, e 105 pontos, se for homem. 
No ano de 2023, por exemplo, um homem, para poder se aposentar por essa regra 
de transição, teria que ser filiado ao RGPS antes da EC 103/2019, ter pelo menos 
35 anos de contribuição e um somatório e idade de tempo de contribuição de 100 
pontos. Esse limite de pontos aumenta progressivamente até atingir 105 pontos em 
2028, estabilizando-se nesse patamar. Para atingir os 105 pontos, um homem com 
40 anos de contribuição, por exemplo, deveria ter 65 anos de idade.
No caso das mulheres, em 2023, além da condicionalidade de 30 anos de 
contribuição, seria necessário um somatório de 90 pontos. Uma mulher com 35 
anos de contribuição, por exemplo, poderia se aposentar com 55 anos de idade por 
essa regra de transição, sem precisar aguardar até a idade 62 anos. A pontuação 
exigida atingirá o patamar máximo de 100 pontos no ano de 2033. Confira a Regra de 
transição RGPS da Aposentadoria por Tempo de Contribuição na imagem a seguir: 
Fonte: Secretária de Previdência - Ministério da Economia (2019)
40Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
No caso dos professores, seriam exigidos, além dos parâmetros anteriores à reforma, 
25 anos de contribuição para mulheres e 30 anos de contribuição para homens no 
efetivo exercício de funções docentes na educação infantil, fundamental e ensino 
médio. Além da exigência adicional de uma soma de idade e tempo de contribuição 
equivalente a 81 pontos para mulheres e 91 pontos para homens no ano de 2019. 
Analisando de forma similar aos demais segurados, esse patamar inicial de 81/91 
também passou a crescer a partir de 1º janeiro de 2020, seguindo o ritmo de 1 
ponto a cada ano tanto para homens quanto para mulheres, até atingir o limite de 
92 pontos para as mulheres e 100 pontos para os homens. No ano de 2023, por 
exemplo, a pontuação exigida foi de 85 para mulheres e 95 para homens. O limite 
máximo de pontuação, 10 para homens, será atingido em 2028, e o das mulheres, 
92 pontos, será alcançado em 2030.
A segunda regra de transição, estabelecida no artigo 16 da 
EC 103/2019, previa que um segurado filiado ao RGPS até a 
data de entrada em vigor da EC 103 teria assegurado o direito 
à aposentadoria quando atendesse, cumulativamente, aos 
seguintes requisitos de uma idade mínima crescente e o tempo 
de contribuição anterior a reforma:
I - 30 anos de contribuição, se mulher, e 35 anos de contribuição, 
se homem; 
II - Idade de 56 anos, se mulher, e 61 anos, se homem, mas 
crescendo, a partir de 1º de janeiro de 2020, ao ritmo de 6 meses 
a cada ano, até atingir 62 anos de idade, se mulher, e 65 anos de 
idade, se homem. 
No caso dos/as professores/as, com tempo de efetivo exercício das funções de 
magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio, o tempo de 
contribuição e a idade foram reduzidos em 5 anos, sendo que, a partir de 1º de 
janeiro de 2020, também foram acrescidos 6 meses às idades a cada ano, até atingir 
57 anos, se mulher, e 60 anos, se homem. Portanto, para os professores, até o ano 
de 2019, se exigia, além do tempo de contribuição de 30/25 anos, uma idade mínima 
de 51 anos para mulheres e 56 anos para homens. 
Confira essas mudanças na imagem a seguir: 
41Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Fonte: Secretária de Previdência - Ministério da Economia (2019)
Como exemplo, a segunda regra de transição estabelece a exigência de uma idade 
mínima de 63 anos para homens com 35 anos de contribuição. Para as mulheres, 
essa regra requer 58 anos de idade e 30 anos de contribuição. Para os homens, a 
exigência de uma idade mínima de 65 anos será alcançada em 2027, enquanto para 
as mulheres, o novo requisito de idade será atingido apenas em 2031. 
Nesse sentido, para atingir a idade de 65 anos, será necessário um período de 8 anos 
para os homens, enquanto para alcançar os 62 anos, as mulheres precisarão de 12 
anos. No caso de professores, em 2023, os homens terão a exigência de 30 anos de 
contribuição e uma idade mínima de 58 anos. Já para as mulheres, a condição para 
aposentadoria é de 25 anos de contribuição e 53 anos de idade. As idades mínimas 
de 62 e 57 anos, respectivamente, para professores e professoras, serão alcançadas 
em 2027 e 2031.
A terceira regra de transição ficou regulamentada no artigo 
17 da EC 103/2019 e aplica-se exclusivamente aos segurados do 
RGPS que, até a data de entrada em vigor da EC 103, já possuíam 
mais de 28 anos de contribuição, no caso das mulheres, e 33 anos 
de contribuição, no caso dos homens. Portanto, essa regra se 
aplica exclusivamente a segurados que estavam a dois anos de 
completar os requisitos anteriores de 35/30 anos de contribuição 
e, dessa forma, estavam muito próximos da aposentadoria antes 
da reforma de 2019. Por meio dessa regra de transição, garante-
se o direito à aposentadoria ao cumprir cumulativamente os 
seguintes requisitos:
42Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
I - 30 (trinta) anos de contribuição, se for mulher, e 35 (trinta e 
cinco) anos de contribuição, se for homem; 
II - Cumprimento de prazo adicional correspondente a 50% 
do tempo que, na data de entrada em vigor da EC 103, faltava 
para atingir 30 anos de contribuição, se mulher, e 35 anos de 
contribuição, se do sexo masculino.
Portanto, naturalmente, essa regra possui uma duração de aplicação mais curta 
na prática e foi destinada a um grupo próximo da aposentadoria com 35/30 anos 
de contribuição. Esse período adicional de 50% é conhecido como “pedágio”. Por 
exemplo, um homem com 33 anos de contribuição teria que cumprir 3 anos de 
contribuição após a reforma, em vez de 2 anos na regra anterior à reforma, 
totalizando 36 anos de contribuição.
Outra particularidade dessa regra de transição é que o cálculo do valor do benefício 
está sujeito à aplicação do chamado fator previdenciário. Essa é a única regra 
transitória na qual o fator previdenciário continua a ser aplicado, não sendo utilizado 
nas outras regras de transição.
Fonte: Secretária de Previdência - Ministério da Economia (2019)
Por fim, a quarta e última regra de transição para a aposentadoria 
por tempo de contribuição foi estabelecida no artigo 20 da EC 
103/2019 e garante o direito à aposentadoria quando o segurado 
atender, cumulativamente, os seguintes requisitos:
I - 57 (cinquenta e sete) anos de idade, se mulher, e 60 (sessenta) 
anos de idade, se homem; 
43Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
II - 30 (trinta) anos de contribuição, se mulher, e35 (trinta e cinco) 
anos de contribuição, se homem;
III - período adicional de contribuição correspondente ao tempo 
que, na data de entrada em vigor da EC 103, faltaria para atingir 
o tempo mínimo de contribuição de 35/30 anos (“pedágio” de 
100%).
É importante ressaltar o processo de transição para a aposentadoria por tempo de 
contribuição não é tão simples. Isso se deve às existências de regras de transição 
que são aplicáveis a todos os segurados que já estavam filiados ao RGPS antes da 
reforma. A necessidade de tais regras de transição é compreensível, visando evitar 
o incremento brusco de uma idade de aposentadoria. Em 2019, a idade mínima era 
de 55 anos, para homens, e 53 anos, para mulheres. Essa idade foi alterada para 
os novos patamares permanentes de 65/62 anos. Há um incremento gradual das 
idades médias de aposentadoria por tempo de contribuição, mas a convergência 
para os novos parâmetros permanentes ocorrerá de forma gradual. De qualquer 
forma, é importante ressaltar que será uma longa transição. 
Como exemplo, uma mulher de 18 anos, em 2019, que já estava filiada ao RGPS, 
poderia, daqui a 41 anos, ou seja, em 2060, com idade de 59 anos e 41 anos de 
contribuição, aposentar-se com o sistema de pontuação 3 anos antes de completar 62 
anos. No entanto, é importante ressaltar que, nesse exemplo, haveria a necessidade 
de uma densidade de contribuição de 100% de todo o período, algo que não é tão 
fácil de alcançar. De qualquer modo, esse exemplo ilustra que ainda haverá um 
longo tempo com a convivência de possibilidades de aposentadoria com idades 
abaixo de 65/62 anos em função das várias regras de transição. 
Confira a Regra de Transição 4 ilustrada na imagem a seguir: 
44Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Fonte: Secretaria de Previdência - Ministério da Economia (2019)
Tópico 3.2 Demais alterações nas regras 
previdenciárias
Podcast 2 – Mudanças Recorrentes da Ementa Constitucional 103
Um aspecto fundamental da EC 103/2019 foi a eliminação gradual da aposentadoria 
por tempo de contribuição sem idade mínima, uma disposição que existia no 
ordenamento jurídico previdenciário brasileiro desde 1962, sendo uma regra 
pouco comum no mundo como um todo. Contudo, as mudanças realizadas pela EC 
103/2019 foram muito mais amplas e profundas, tanto no RGPS, como também nos 
regimes de previdência dos servidores públicos e na previdência complementar. 
Não será possível analisar todas as mudanças e o foco, como citado anteriormente, 
será nas principais alterações (não abrangendo todas) no âmbito do RGPS. A nova 
regra permanente de 65 anos de aposentadoria para homens e 62 anos para mulheres 
representou alteração tanto em relação ao regramento anterior da aposentadoria 
por tempo de contribuição, como também da aposentadoria por idade urbana. 
A chamada aposentadoria por idade urbana permitia o acesso ao benefício com a 
idade mínima de 65 anos para homens e 60 anos para mulheres, com pelo menos 
https://podcasters.spotify.com/pod/show/enap/episodes/EV-G-Previdncia-Regime-Geral---Mudanas-Recorrentes-da-Ementa-Constitucional-103-e2d5ple
45Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
15 anos de contribuição. Exatamente para evitar um incremento brusco da idade 
de aposentadoria das mulheres urbanas, também foi estabelecida uma regra 
de transição para essa espécie. O artigo 18 estabelece que o segurado filiado ao 
RGPS, até a data de entrada em vigor da EC 103/2019, poderá aposentar-se quando 
preencher, cumulativamente, os seguintes requisitos: 
I - 60 anos de idade, se mulher, e 65 anos de idade, se homem, mas com a idade 
da mulher, a partir de 1º de janeiro de 2020, subindo 6 meses a cada ano, até 
atingir 62 anos de idade; e 
II - 15 (quinze) anos de contribuição, para ambos os sexos. Não foi necessário 
alterar a idade dos homens, que já era de 65 anos, mas foi necessário criar essa 
regra de transição no caso da aposentadoria por idade urbana para as mulheres. 
A idade de 62 anos, para as mulheres, foi atingida em janeiro de 2023, encerrando 
a transição necessária para os novos parâmetros no caso da aposentadoria por 
idade. 
Para aqueles com direito de escolher a regra de transição, ou seja, já aqueles que já 
estavam filiados ao RGPS antes da reforma, preservou-se o direito à aposentadoria 
com tempo mínimo de contribuição de 15 anos. Contudo, houve uma importante 
alteração estabelecida no artigo 19 da EC 103/2019, que determina que até que lei 
disponha sobre o tempo mínimo de contribuição, o segurado filiado ao RGPS após 
a data de entrada em vigor da reforma será aposentado aos 62 anos de idade, se 
mulher, 65 anos de idade, se homem, com 15 anos de tempo de contribuição, se 
mulher, e 20 anos de tempo de contribuição, se homem.
Portanto, para os homens filiados ao RGPS depois da EC 103/2019 houve incremento 
do tempo mínimo de contribuição de 15 para 20 anos. Já para os professores ficou 
estabelecido, como nova regra permanente, um tempo mínimo de contribuição de 
25 anos, com as já citadas idades mínimas de 60/57 anos. 
Cabe lembrar, também, que não houve alteração na previdência rural, de tal sorte 
que ainda se garante a aposentadoria aos 60 anos de idade, se homem, e 55 anos 
de idade, se mulher, para os trabalhadores rurais e para os que exerçam suas 
atividades em regime de economia familiar. Nesses estão incluídos o produtor rural, 
o garimpeiro e o pescador artesanal. Também não houve alteração no benefício não 
contributivo do BPC/LOAS.
46Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
As mudanças, contudo, não foram apenas na aposentadoria por tempo de 
contribuição e por idade urbana, mas também ocorreram importantes alterações 
na aposentadoria especial. De modo geral, a Constituição busca limitar a adoção de 
critérios diferenciados para concessão da aposentadoria, exceto para determinadas 
situações ou casos. Como estabelecido na Constituição, é vedada a adoção de 
requisitos ou critérios diferenciados para concessão de benefícios, ressalvada, nos 
termos de lei complementar, em que é permitida a possibilidade de previsão de idade 
e tempo de contribuição distintos da regra geral para concessão de aposentadoria 
exclusivamente em favor dos segurados:
I - Com deficiência, previamente submetidos a avaliação biopsicossocial realizada 
por equipe multiprofissional e interdisciplinar; 
II - Cujas atividades sejam exercidas com efetiva exposição a agentes químicos, 
físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes, vedada 
a caracterização por categoria profissional ou ocupação. Portanto, uma 
possibilidade de aposentadoria especial é justamente aquela que decorre devido 
à exposição de agentes nocivos prejudiciais à saúde, ou seja, por questões de 
insalubridade e de forma a preservar a saúde dos trabalhadores. 
O artigo 19 da EC 103/2019 estabeleceu que aos segurados que comprovem o 
exercício de atividades com efetiva exposição a agentes químicos, físicos e biológicos 
prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes, por um período mínimo de 15, 
20 ou 25 anos, independentemente da categoria profissional ou ocupação, terão o 
direito de se aposentar sob as seguintes idades mínimas e períodos de exposição
a) 55 anos de idade, quando se tratar de atividade especial de 15 anos de 
contribuição; 
b) 58 anos de idade, quando se tratar de atividade especial de 20 anos de 
contribuição; ou 
c) 60 anos de idade, quando se tratar de atividade especial de 25 anos de 
contribuição. 
47Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Portanto, a aposentadoria especial, que anteriormente não tinha idade mínima, mas 
sim a exigência de 15, 20 ou 25 anos de contribuição, passou a ter idades mínimas 
de 55, 58 ou 60 anos. De forma similar aos outros casos, também foi criada uma 
regra de transição para aposentadoria especial, conforme estabelecido no artigo 21 
da EC 103/2019. Esse dispositivo, determinou que o segurado que se tenha filiado ao 
RGPS até a data de entradaem vigor da EC 103/2019, cujas atividades tenham sido 
exercidas com efetiva exposição a agentes químicos, físicos e biológicos prejudiciais 
à saúde, ou associação desses agentes, vedada a caracterização por categoria 
profissional ou ocupação, poderão aposentar-se quando o total da soma resultante 
da sua idade e do tempo de contribuição e o tempo de efetiva exposição forem, 
respectivamente, de: 
I - 66 pontos e 15 anos de efetiva exposição; 
II - 76 pontos e 20 (vinte) anos de efetiva exposição; e 
III - 86 pontos e 25 anos de efetiva exposição.
As mudanças da EC 103/2019 não foram exclusivas às regras de acesso aos benefícios 
previdenciários do RGPS e dos RPPS dos servidores públicos federais, mas também 
alteraram regras de cálculo e de acumulação de benefícios. Um exemplo inicial de 
alteração no valor dos benefícios é observado ao auxílio-reclusão. Historicamente, 
o auxílio-reclusão era calculado de forma similar a pensão por morte, com limitação 
do valor pelo teto do RGPS, embora fosse um benefício limitado para segurados de 
baixa renda. 
O artigo 27 da EC 103/2019 estabeleceu que, até que a lei discipline o acesso ao 
salário-família e ao auxílio-reclusão, esses benefícios serão concedidos apenas 
àqueles que tenham renda bruta mensal igual ou inferior a R$ 1.364,43 (mil, trezentos 
e sessenta e quatro reais e quarenta e três centavos), que serão corrigidos pelos 
mesmos índices aplicados aos benefícios do Regime Geral de Previdência Social. 
Ademais, o valor do auxílio-reclusão, embora tenha seu cálculo na forma daquele 
aplicável à pensão por morte, não pode exceder o valor de um salário-mínimo. 
Também houve importantes alterações no cálculo do valor de benefícios do RGPS. 
De forma mais geral, conforme regulamentado no artigo 26 da EC 103/2019, ficou 
estabelecido que, até que lei discipline o cálculo dos benefícios do RGPS, será 
utilizada a média aritmética simples dos salários de contribuição, atualizados 
48Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
monetariamente, correspondentes a 100% do período contributivo desde a 
competência de julho de 1994 ou desde o início da contribuição, se posterior 
àquela competência. Anteriormente, a regra geral, estabelecida na Lei 8.213/1991 
era a utilização de 80% dos maiores salários-de-contribuição e não todo o período 
contributivo. 
De modo mais geral, o valor do benefício de aposentadoria corresponde a 60% 
da média aritmética com acréscimo de dois pontos percentuais para cada ano de 
contribuição que exceder o tempo de 20 anos de contribuição no caso dos segurados 
do sexo masculino do RGPS. Entretanto, há várias exceções e detalhes em relação 
a essa regra geral. Como exemplo, tem-se o valor do benefício de aposentadoria 
que corresponderá a 100% da média aritmética no caso de aposentadoria por 
incapacidade permanente, quando decorrer de acidente de trabalho, doença 
profissional e doença do trabalho. 
No caso das mulheres filiadas ao RGPS, o acréscimo de 2% por ano adicional de 
contribuição será aplicado para cada ano que exceder 15 anos de tempo de 
contribuição. Ademais, durante a tramitação no Congresso Nacional, foi incluído 
um dispositivo que tradicionalmente possibilita o descarte das contribuições como 
forma de elevar o valor dos benefícios. No § 6º, do artigo 26 da EC 103/2019, ficou 
estabelecido que podem ser excluídas da média as contribuições que resultem 
em redução do valor do benefício, desde que seja mantido o tempo mínimo de 
contribuição exigido, vedada a utilização do tempo excluído para qualquer finalidade.
Para melhor compreensão e fixação do seu aprendizado, organizamos essas 
alterações na imagem a seguir: 
49Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Fonte: Secretaria de Previdência - Ministério da Economia (2019)
Com a reforma da previdência de 2019, ocorreram mudanças significativas nas 
regras de pensão por morte. Antes, o valor da pensão por morte correspondia ao 
valor integral ou 100% da aposentadoria e existia a chamada reversão de cotas, 
ou seja, quando a cota de um dependente cessasse, o valor era revertido para os 
demais dependentes. 
A EC 13/2019 alterou esses dois pontos. O artigo 23 da EC 103/2019 estabeleceu 
que a pensão por morte concedida a dependente de segurado do RGPS consiste 
em uma cota familiar de 50% do valor da aposentadoria recebida pelo segurado ou 
daquela a que ele teria direito caso fosse aposentado por incapacidade permanente 
na data do óbito. Adicionalmente, são acrescidas cotas de 10 pontos percentuais por 
dependente, com um limite máximo de 100% do valor da pensão. Portanto, as cotas 
por dependente cessarão com a perda dessa qualidade e não serão reversíveis aos 
demais dependentes.
Entretanto, novamente há exceções a essa regra geral. Na hipótese de existir 
dependente inválido ou com deficiência intelectual, mental ou grave, o valor da 
pensão por morte será equivalente a 100% da aposentadoria recebida pelo segurado 
ou daquela a que teria direito se fosse aposentado por incapacidade permanente 
na data do óbito. 
50Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Também cabe destacar que, para a aposentadoria das pessoas com deficiência, foi 
mantido os critérios que já valiam anteriormente pela Lei Complementar 142, de 
8 de maio de 2013, que regulamentou esse importante dispositivo constitucional. 
Conforme estabelecido no artigo 22 da EC 103/2019, a aposentadoria da pessoa 
com deficiência segurada do RGPS será concedida na forma da Lei Complementar 
n.142, inclusive quanto aos critérios de cálculo dos benefícios.
Referências 
BRASIL. Emenda Constitucional n. 20, de 15 de dezembro de 1998. Disponível 
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc20.htm. 
Acesso em 14 de maio de 2023.
BRASIL. Emenda Constitucional n.41, de 19 de dezembro de 2003. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc41.htm. 
Acesso em 14 de maio de 2023.
BRASIL. Emenda Constitucional n. 47, de 05 de julho de 2005. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc47.htm. Acesso em 
1º ago. 2021. BRASIL. Emenda Constitucionaln.70, de 29 de março de 2012. Disponível 
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc70.htm. 
Acesso em 14 de maio de 2023.
BRASIL. Medida Provisória 871, de 18 de janeiro de 2019. Disponível em: https://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/Mpv/mpv871.htm . Acesso em 
14 de maio de 2023.
BRASIL. Proposta de Emenda Constitucional n.6, de 20 de fevereiro de 
2019. Disponível em: https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_
mostrarintegra?codteor=1712459&filename=PEC%206/2019. Acesso em 14 de maio 
de 2023.
BRASIL. Lei n.13.846, de 18 de junho de 2019. Disponível em: https://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/Lei/L13846.htm. Acesso em 14 de maio de 2023.
BRASIL. Emenda Constitucional n.103, de 12 de novembro de 2019. Disponível 
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COSTANZI, Rogério Nagamine. ANSILIERO, Graziela. O Impacto Fiscal da Demografia 
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http://planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Emendas/Emc/emc103.htm
https://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/7730/1/td_2291.pdf
51Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
COSTANZI, Rogério Nagamine e SANTOS, Carolina Fernandes dos. Análise dos 
Impactos da reforma de 2019 sobre as idades de aposentadoria no regime geral 
de previdência social. Informe de Previdência Social de Agosto de 2022. Disponível 
em https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/assuntos/previdencia/
publicacoes-previdencia/publicacoes-sobre-previdencia-social/informes/
arquivos/2022/informe-de-previdencia-agosto-2022.pdf. Acesso em 14 de maio de 
2023.
https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/assuntos/previdencia/publicacoes-previdencia/publicacoes-sobre-previdencia-social/informes/arquivos/2022/informe-de-previdencia-agosto-2022.pdf
https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/assuntos/previdencia/publicacoes-previdencia/publicacoes-sobre-previdencia-social/informes/arquivos/2022/informe-de-previdencia-agosto-2022.pdf
https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/assuntos/previdencia/publicacoes-previdencia/publicacoes-sobre-previdencia-social/informes/arquivos/2022/informe-de-previdencia-agosto-2022.pdf
52Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Desafios Futuros do Regime Geral 
de Previdência Social 
Unidade 1 – O que esperar do futuro do Regime 
Geral de Previdência Social
Identificar os desafios futuros do Regime Geral de Previdência 
Social.
Apesar das alterações das regras e do funcionamento do RGPS na reforma de 2019 e 
pela EC 103/2019, ainda permanecem desafios importantes no âmbito previdenciário 
e no RGPS. Entre os desafios, certamente, cabe destacar a necessidade de buscar a 
ampliação da cobertura previdenciária no Brasil, que ainda é caracterizada, assim 
como a Região da América Latina e Caribe, por elevada informalidade e por uma 
parcela relevante da população ocupada sem contribuição para a Previdência, 
em especial entre determinados grupos como trabalhadores por conta própria e 
domésticos. 
Além deste problema estrutural e histórico, ainda permanece o desafio do 
envelhecimento populacional, que tem amplo impactos sobre todo sistema de 
seguridade social, não apenas na previdência, mas também na saúde e assistência 
social e, ainda, sobre o crescimento econômico. O Brasil e toda região da América 
Latina e Caribe estão envelhecendo de forma intensa e rápida. A pandemia de 
Covid-19 representou, infelizmente, uma inflexão, porém não deveria alterar a 
tendência estrutural de médio e longo prazo de envelhecimento populacional rápido 
e intenso. 
Além de tudo isso, também estão surgindo novos desafios, como a necessidade de 
redesenhar a proteção social frente às transformações do mundo do trabalho, em 
especial, o incremento da importância relativa dos trabalhadores de plataformas 
digitais. Um aspecto que também parece muito relevante no cenário atual brasileiro 
é a crescente e alta judicialização no âmbito do RGPS e do INSS. Neste módulo, 
iremos examinar esses e outros desafios futuros do RGPS. 
 Módulo
4
53Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Tópico 4.1 Desafios do RGPS – a questão da 
cobertura previdenciária e transformações do 
mercado de trabalho
É um fato amplamente conhecido que boa parte da não contribuição previdenciária 
dos trabalhadores ocupados está concentrada em determinados grupos, em 
especial, os trabalhadores por conta própria e domésticos. Os empregados, por 
sua vez, têm um padrão de contribuição muito superior a esses grupos, mas o 
contingente de empregados sem carteira de trabalho assinada também é bastante 
elevado. Veja um exemplo, no último trimestre de 2022 havia um total de 34,8 milhões 
de trabalhadores ocupados com 16 anos ou mais de idade sem contribuição para 
previdência; com percentuais de contribuição em torno de 1/3 para os trabalhadores 
por conta própria e para os trabalhadores domésticos, ou seja, apenas um em cada 
três trabalhadores desses referidos grupos contribuía para a previdência, sendo 
que quase metade dos 34,8 milhões eram trabalhadores por conta própria (16,8 
milhões ou 48,4% do total). 
Esses baixos percentuais de contribuição entre os trabalhadores por conta própria, 
também conhecidos por autônomos, e os trabalhadores domésticos explicam o 
motivo de boa parte das iniciativas serem voltadas para a inclusão previdenciária 
desses grupos, que desde 2006 têm sido alvo de direcionamento. Contudo, 
apesar de várias iniciativas como o plano simplificado de previdência social e o 
Microempreendedor Individual (MEI), a inclusão desses grupos ainda é um problema 
que está longe de ser superado. Deveria ficar claro, também, que a ampliação da 
cobertura previdenciária passa necessariamente pelo combate à informalidade 
no mercado de trabalho. Há profunda inter-relação entre mercado de trabalho e 
previdência social. Uma vez que, um melhor sistema de previdência demanda um 
mercado de trabalho de melhor qualidade (BID, 2013). 
Na tabela a seguir, foi organizado os índices de contribuições para a Previdência 
por parte da população ocupada a partir de 16 anos no quatro trimestre de 2022, 
conforme a PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios). Confira:
54Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Tabela - Contribuição para Previdência em Qualquer Trabalho da População 
Ocupada – Brasil – PNAD Contínua – quarto trimestre de 2022 – trabalhadores 
com 16 anos ou mais de idade
Posição na 
Ocupação Ocupados
com 
contribuição
 sem 
contribuição
% de 
contribuintes
Empregados 54.303.472 42.650.145 11.653.327 78,5
Trabalhadores 
domésticos 5.815.341 2.117.750 3.697.591 36,4
Militar e 
Estatutário 7.747.117 7.747.117 0 100,0
Empregador 4.248.351 3.113.850 1.134.501 73,3
Conta Própria 25.434.767 8.611.090 16.823.677 33,9
Trabalhador 
Familiar 
Auxiliar
1.488.553 3.725 1.484.828 0,3
TOTAL 99.037.601 64.243.677 34.793.924 64,9
Fonte: Elaboração do autor a partir dos microdados da PNAD Contínua do quarto trimestre de 2022
A Previdência tem relações muito estreitas com o mercado de 
trabalho. Um mundo de trabalho marcado por precariedade 
e elevada informalidade tende a gerar ampla desproteção 
previdenciária. Trabalhadores desempregados ou com baixas 
remunerações na informalidade, obviamente, não possuem 
capacidade para contribuírem regularmente para a previdência. 
Uma análise realizada em 2019, anterior à pandemia, mostrou que no Brasil havia 
uma população total de 119,2 milhões de pessoas de 20 a 59 anos. Dentro desse 
total, 54,6 milhões eram contribuintes para previdência, enquanto 64,6 milhões não 
eram. Entre esses não contribuintes, 44% podiam ser associados à informalidade, 
40,8% poderiam ser atribuídos a estarem fora da força de trabalho ou inativos e 
15,2% estavam relacionados à questão do desemprego (Costanzi; Santos, 2021). Ou 
seja, a não contribuição para previdência poderia, em termos gerais, ser atribuída 
a 24,8 milhões de trabalhadores na informalidade; 26,3 milhões de pessoas fora da 
força de trabalho; e 9,8 milhões de pessoas desempregadas.
Nesse sentido, o incremento do total de contribuintes exige políticas públicas de 
combate à informalidade e ao desemprego, que estimulem e viabilizem maior 
participação no mercado de trabalho, em especial, entre as mulheres e os chamados 
desalentados. A contribuição para a previdência depende da evolução do mercado 
formal que, por sua vez, é fortemente afetado pelo crescimento econômico 
sustentado. 
55Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Também é possível avaliar a questão da cobertura por meio de indicadores 
construídos por metodologia a partir dos microdados da PNAD Contínua. Em que 
pese diferentes possibilidades de medir, em especial, incluindo a questão dos 
segurados especiais. A estimativa para o ano de 2019, anterior à pandemia, era 
de que a cobertura previdenciáriados trabalhadores ocupados de 16 a 59 anos 
seria de 72%, ou seja, em termos gerais, 7 em cada 10 trabalhadores brasileiros 
ocupados contavam com proteção previdenciária no Brasil. Contudo, esses 28% de 
trabalhadores ocupados sem proteção correspondiam a cerca de 24,6 milhões de 
pessoas, muitos dos quais com renda abaixo do salário-mínimo (Ansiliero; Costanzi; 
Cifuentes, 2021). 
Outro ponto possível de medir é a cobertura da população idosa, com 60 anos ou 
mais de idade, em relação ao recebimento de benefícios de aposentadoria e/ou 
pensão por morte. Em caso de não recebimento do benefício, a análise pode se 
concentrar naqueles que estão contribuindo para a previdência. Com base nessa 
metodologia, para o ano de 2019, a cobertura era de 85%, ou seja, 85 em cada 
100 idosos no Brasil estavam protegidos socialmente (Ansiliero; Costanzi; Cifuentes, 
2021). 
Contudo, ainda restavam cerca de 5 milhões de idosos sem proteção social, que não 
recebiam nem aposentadoria, nem pensão, nem BPC/LOAS, nem contribuíam para 
a previdência. 
Também cabe destacar que há profundas diferenças regionais na contribuição 
previdenciária, com patamares mais elevados nas Unidades da Federação mais 
ricas, como Sul e Sudeste, e níveis mais baixos em regiões como Norte e Nordeste. 
Em geral, há relevante correlação entre o percentual de trabalhadores ocupados 
e o PIB per capita da Unidade da Federação, ou seja, aqueles estados com maior 
PIB per capita tendem a ter maiores níveis de cobertura previdenciária entre os 
trabalhadores ocupados. Portanto, todos esses dados deixam claro que ainda 
permanecem desafios muito importantes no âmbito da necessidade de ampliação 
da cobertura previdenciária no Brasil e no RGPS, conforme podemos observar no 
gráfico a seguir: 
56Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Gráfico - Percentual de Contribuição para Previdência entre trabalhadores 
ocupados por UF do Brasil em 2020 x PIB per capita da UF em 2020
Fonte: elaboração a partir de dados do IBGE
O Brasil possui um nível de cobertura previdenciária acima da média da América 
Latina e Caribe (47%), mas abaixo dos padrões de países desenvolvidos ou de renda 
alta, como a Europa e a América do Norte. De forma similar, nota-se que os países 
ou regiões mais ricas possuem maior nível de cobertura previdenciária, enquanto as 
regiões mais pobres têm patamares muito elevados de proteção. 
Além disso, o Brasil tem uma cobertura previdenciária acima da média mundial 
(53,7%), mas abaixo, por exemplo, da América do Norte (95%), Europa e Ásia Central 
(84,3%) e dos países de renda alta (89,8%). Também chama atenção o elevado nível 
de desproteção previdenciária nos países ou regiões mais pobres como a África 
(13,4%) ou países de renda baixa (6,6%). Na realidade, quase metade da força de 
trabalho mundial não tem proteção previdenciária, mostrando que, na realidade, 
esse é um desafio que pode ser considerado global. 
Confira no quadro a seguir a Cobertura da Previdência a âmbito mundial por Região 
ou Nível de Renda: 
57Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Tabela – Cobertura da Previdência a nível mundial por Região ou Nível de 
Renda - 2020 ou último ano disponível 
Região
Força de Trabalho coberta por 
regime ou esquema de previdência 
(contribuintes ativos em % do total)
1. África 13,4%
2. Américas 64,9%
2.1 América Latina e Caribe 47,0%
2.2. América do Norte 95,0%
3. Estados Árabes 29,2%
4. Ásia e Pacífico 54,7%
5. Europa e Ásia Central 84,3%
Nível de Renda
Força de Trabalho coberta por 
regime ou esquema de previdência 
(contribuintes ativos em % do total)
Países de baixa renda 6,6%
Países de renda média baixa 27,1%
Países de renda média alta 70,9%
Países de alta renda 89,8%
Média mundial 53,7%
Fonte: OIT, 2023
No Brasil, tendo em vista o quadro exposto, o Governo Federal implantou diversas 
medidas voltadas à inclusão previdenciária de grupos que tradicionalmente 
possuem elevada desproteção previdenciária como os chamados trabalhadores por 
conta própria ou autônomos e trabalhadores domésticos no ano 2000. Entre elas, 
podem ser citadas:
 + (a) instituição, em 2003 (Lei n. 10.666/2003), da Retenção Obrigatória: 
Obrigatoriedade de retenção de 11% do valor dos contratos de Contribuintes 
Individuais (CI - Pessoas Físicas) equiparados a empregados, quando 
prestam serviços a empresas, a título de contribuição do trabalhador; 
 + (b) a instituição do Plano Simplificado de Inclusão Previdenciária (PSPS), em 
2006.
Vigente desde 2007, à medida que reduziu (de 20% para 11%) a alíquota 
de Contribuinte Individual recolhendo sobre salário-mínimo, mas com um 
58Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
plano de benefícios diferenciado sem direito a aposentadoria por tempo 
de contribuição, mas com direito a aposentadoria por idade ou invalidez e 
valor do benefício de 1 salário-mínimo;
 + (c) possibilidade de dedução da contribuição patronal para o empregador 
doméstico no IR.
Possibilidade de dedução da contribuição do profissional doméstico na 
declaração de Imposto de Renda pessoa física do referido empregador, 
visando estimular a formalização dos trabalhadores domésticos. 
 + (d) A criação da figura do Microempreendedor Individual (MEI), com vigência 
iniciada em 2009 por meio da Lei Complementar 128, de 19 de dezembro de 
2008. 
O MEI iniciou, assim como o Plano Simplificado, com alíquota de 11% do 
salário-mínimo, mas com um plano de benefícios diferenciado sem direito à 
aposentadoria por tempo de contribuição, mas com direito a aposentadoria 
por idade ou invalidez e valor do benefício de 1 salário-mínimo. Em 2011, 
por meio da Medida Provisória 529, de 7 de abril de 2011, posteriormente 
convertida na Lei 12.470, de 31 de agosto de 2011, a alíquota de contribuição 
do MEI foi reduzida de 11% para 5% do salário-mínimo sem alterações no 
plano de custeio. Essa mesma Lei estendeu o 5% do salário-mínimo para 
a figura criada do segurado facultativo de baixa renda, entendido como 
aquele sem renda própria que se dedique exclusivamente ao trabalho 
doméstico no âmbito de sua residência, desde que pertencente à família de 
baixa renda. Para se enquadrar como baixa renda, a Lei estabeleceu como 
condição que o segurado facultativo fosse membro de família inscrita no 
Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal - CadÚnico com 
renda mensal de até 2 (dois) salários-mínimos.
Há grande debate na literatura sobre os impactos ou a efetividade dessas políticas de 
inclusão previdenciária. No entanto, as polêmicas envolvem questões importantes, 
como o risco que essas formas subsidiadas, como o MEI, possam vir a substituir o 
emprego com carteira de trabalho assinada por meio de (pseudo) pejotização. Além 
disso, são discutidos os desequilíbrios atuariais dessas políticas, por exatamente 
serem muito subsidiadas (segurados irão receber benefícios em valor muito superior 
ao valor das contribuições), tais políticas deveriam ser focalizadas nos mais pobres 
ou naqueles de menor capacidade contributiva.
Todavia, não é possível aprofundar o debate neste curso introdutório, mas nas 
referências bibliográficas deste módulo, disponibilizamos literatura adequada para 
aqueles que queiram se aprofundar sobre o tema. 
59Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Um desafio atual que está surgindo no âmbito da cobertura previdenciária é, 
justamente, a crescente importância dos chamados trabalhadores de plataformas 
digitais, como aqueles que são alocados na entrega a domicílio de refeições ou outros 
produtos, além daqueles dedicados ao transporte de passageiros. As plataformas 
digitais trazem novos desafios à regulamentação trabalhista e previdenciária, como 
forma de garantir adequadas condições de trabalho e cobertura previdenciária. 
Essas mudanças tecnológicas têm tido forte impacto na organização do trabalho e 
nas relações laborais, resultando, em geral, em um processo de desregulamentação 
do mundo do trabalho em nível global.Nesse contexto, é fundamental tentar avaliar as implicações no mercado de trabalho 
e na Seguridade Social, bem como avaliar qual deve ser a melhor reação dos 
formuladores de políticas públicas em termos de uma regulamentação adequada e 
eficiente que garanta condições de trabalho decente e proteção social sustentável 
para os trabalhadores das plataformas digitais. 
Em vários países, o crescimento do trabalho em plataformas digitais é visto como 
uma ameaça que pode aumentar a precariedade no trabalho e enfraquecer os 
níveis existentes de cobertura da seguridade social, bem como levar a uma maior 
fragmentação dos sistemas de proteção social. Por outro lado, há argumentos de 
que o trabalho nas plataformas poderia ajudar alguns grupos de pessoas a terem 
acesso ao mercado de trabalho, como jovens, trabalhadores com responsabilidades 
familiares ou outros grupos de pessoas que possuem dificuldade para obter um 
modo de trabalho mais convencional. Além disso, o trabalho na plataforma também 
poderia trazer vantagens para os trabalhadores que precisam de flexibilidade 
de tempo, podendo escolher quantas horas e quantos dias desejam trabalhar. 
Entretanto, como citado, tal argumentação não deveria obscurecer a necessidade 
urgente de estabelecer uma regulamentação que garanta proteção social sustentável 
para esses trabalhadores que, algumas vezes, estão enfrentando precárias condições 
de trabalho e desproteção social.
Alguns estudos relacionados aos trabalhadores de plataformas digitais têm 
apontado baixa cobertura previdenciária, mesmo em setores com alto grau de 
acidentalidade. Alguns estudos estimaram que apenas 1 em cada 4 trabalhadores 
de plataformas digitais estavam contribuindo para o RGPS (Costanzi; Santos, 2023; 
Rangel, 2023). Alguns países, como Espanha e Chile, na América Latina, já avançaram 
na regulamentação do trabalho em plataformas digitais (Costanzi; Santos, 2023). No 
Brasil, atualmente, há uma ampla discussão sobre a regulamentação dessa forma 
de organização de produção, sendo um debate realmente importante, visando a 
necessidade urgente de regulamentação desse setor. 
60Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Tópico 4.2 Envelhecimento Populacional e Outros 
Desafios
Vídeo 3 – Desafios nas Transformações da Previdência Social 
Um grande desafio dos sistemas de Seguridade e Previdência 
Social é o rápido e intenso processo de envelhecimento 
populacional. Embora esse processo seja global, tem sido muito 
rápido e intenso na região da América Latina e Caribe e no Brasil. 
O processo de envelhecimento populacional pode ser entendido como a crescente 
participação dos idosos ou de pessoas com 60 anos ou mais na população total. Esse 
referido processo decorre da combinação de redução nas taxas de fecundidade e 
fertilidade e incremento da expectativa de vida. O incremento da expectativa de 
vida é algo extremamente positivo e deve ser comemorado, pois reflete as melhores 
condições de vida da população, avanços da medicina e outros fatores positivos. 
Contudo, o processo de envelhecimento exige um maior planejamento das políticas 
públicas de seguridade social, uma vez que desempenha diversos impactos sobre a 
previdência, saúde, assistência social e mesmo efeitos econômicos e sociais bastante 
amplos e diversificados. Nesse contexto, há a necessidade de planejamento das 
políticas públicas a médio e longo prazo. 
Como exemplo, tem-se a expectativa de vida ao nascer que, no Brasil, era de 45,5 
anos em 1940. No ano de 2019, essa expectativa de vida ao nascer havia crescido 
para 76,6 anos (IBGE, 2020). O aumento da expectativa de vida se deu para todas 
as idades, de tal sorte que a expectativa de sobrevida na idade de 65 anos cresceu 
de 10,6 anos, em 1940, para 17,2 anos, em 2019. Isso quer dizer que uma pessoa, 
que chegasse à idade de 65 anos, teria expectativa de viver até 75 anos, em 1940, 
e até 82 anos em 2019. Tal fato implica em uma expectativa de maior duração dos 
benefícios previdenciários de aposentadoria e pensão por morte. Essa importante 
alteração demográfica tem importantes impactos sobre a previdência social, bem 
como sobre as chamadas razões de dependência de idosos ou previdenciária 
(Costanzi; Fernandes; Santos; Sidone, 2018; Costanzi; Ansiliero, 2017).
Tanto o IBGE quanto a ONU realizam projeções demográficas sobre a evolução 
da população brasileira. Ambas convergem no diagnóstico do envelhecimento. As 
projeções demográficas da divisão de população da ONU mostram estimativas de 
trajetória de envelhecimento populacional bastante similares às do IBGE. 
Do ponto de vista de aumento da participação dos idosos, no total da população 
brasileira, o grupo de 60 anos ou mais de idade, que representava apenas 4,9% da 
https://youtu.be/3Rc0AEhHSIY
61Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
população total, em 1950, teria crescido sua participação para 11,9% em 2015. A 
tendência esperada é que continue crescendo de forma quase contínua até o final 
deste século, atingindo, 34,1% e 39,4%, respectivamente, nos anos de 2060 e 2100. 
Portanto, a projeção da ONU para 2060 (34,1%) é próxima daquela feita pelo IBGE 
(32,2%), sendo que ambas ficam muito próximas de uma participação em torno de 
um terço da população total. 
Nesse cenário, não apenas há um incremento da importância relativa dos idosos, 
mas também os grupos com idades muito mais avançadas, como 80 anos ou mais 
e 90 anos ou mais de idade, estão crescendo em ritmo ainda mais acelerado e com 
grande aumento de participação na população total. A projeção do IBGE, realizada 
antes da pandemia, era que a população de 65 anos ou mais, que deveria representar 
1 em cada 10 brasileiros no ano de 2023, chegará em 1 a cada 4 no ano de 2060, 
enquanto as pessoas de 60 anos ou mais irão responder por 1 a cada 3 no referido 
ano. 
Contudo, essas projeções foram feitas antes da pandemia de Covid-19, que 
representou uma inflexão no processo de envelhecimento. Felizmente, com o avanço 
do processo de vacinação, a tendência esperada é que seja retomado o processo de 
envelhecimento populacional a médio e longo prazo. 
No gráfico a seguir, você pode ter um panorama da projeção da participação dos 
idosos na população total do Brasil dos anos de 1950 a 2100. Confira: 
Fonte: Elaboração a partir da projeção da população das Nações Unidas
62Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
A crise gerada pela pandemia de Covid-19 foi, sem dúvida, uma tragédia humana que 
gerou perdas irreparáveis e um grande volume de mortes. Contudo, é necessário 
extrair lições da crise gerada pela pandemia. Um aspecto importante é que a 
pandemia mostrou a grande importância de ter sistemas sólidos de seguridade 
social para enfrentar crises que, infelizmente, continuarão a ocorrer de tempos 
em tempos. A pandemia foi, também, um desafio sem precedentes que mostrou 
a importância da seguridade social para reforçar a resiliência em tempos de crise. 
De um modo geral, os sistemas de seguridade social atenuaram os efeitos da crise 
socioeconômica para os cidadãos e na sociedade, contribuindo para amenizar a 
desaceleração econômica (AISS, 2022). A crise gerada pela pandemia de Covid-19 
mostrou a necessidade de estender a cobertura aos grupos de população vulneráveis, 
como os trabalhadores por conta própria e domésticos, os trabalhadores migrantes 
e os jovens, visando construir uma sociedade mais inclusiva por meio de novas 
políticas e programas destinados a sanar as deficiências de cobertura e impulsionar 
a inclusão social. Além disso, mostrou a importância de sistemas de saúde universais 
como o SUS no caso brasileiro. 
Há necessidade também de adequar as políticas públicas às necessidades urgentes 
e crescentes das pessoas de idade avançada, como os cuidados de longa duração e 
a necessidade de promover o envelhecimento saudável. 
A previdência social é essencial para proteger as pessoas ante 
as contingências que surgem ao longo da vida. A Associação 
Internacionalde Seguridade Social (2022) estabeleceu, entre 
outras, as principais tendências e desafios da seguridade social: 
evolução das práticas de gestão, ampliação e manutenção da 
cobertura, atendimento das necessidades de uma população que 
envelhece e fomentar o crescimento inclusivo e a coesão social.
No cenário brasileiro, um aspecto importante, que representa um desafio a ser 
estudado de forma profunda e superado, é a elevada e crescente judicialização 
dos benefícios do INSS. As concessões judiciais de benefícios no âmbito do INSS, 
mostraram uma tendência crescente no período de 2001 a 2020: a participação 
dos despachos judiciais passou de 1%, em 2001, para 13% em 2020. Enquanto a 
concessão total cresceu ao ritmo médio anual de 2,85%, entre 2001 e 2020, a judicial 
teve incremento médio anual de 17,5%. No período de 2001 a 2020, a concessão 
total de benefícios foi de 90,2 milhões, sendo que o total concedido judicialmente 
foi de 6,7 milhões (7,4% do total - ver Informe de Previdência Social, junho de 2021). 
Contudo, trata-se de uma questão bastante complexa que não é passível de ser 
abordada de forma aprofundada neste curso introdutório sobre o RGPS. No 
entanto, é essencial ressaltar que se trata de um problema que precisa ser estudado 
e superado. A melhora na qualidade de prestação dos serviços e do atendimento no 
âmbito do INSS também deve ser um tema importante no âmbito do RGPS. 
63Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Outro aspecto estrutural importante em relação ao RGPS é analisar a estrutura 
de financiamento do próprio regime, em especial, frente às transformações do 
mundo do trabalho. Um exemplo é o crescimento da importância relativa de novas 
formas de organização da produção como as plataformas digitais, para as quais 
não existe regulamentação a respeito trabalhista e previdenciário, conforme citado 
anteriormente. A estruturação dessa regulamentação em conjunto com uma análise 
e eventual reestruturação do financiamento do RGPS é, sem dúvida nenhuma, um 
importante desafio para os próximos anos. 
Essa discussão é importante, especialmente à luz dos debates em torno da reforma 
tributária e das contínuas análises sobre a possibilidade de alterar a base de 
financiamento do RGPS, substituindo a contribuição sobre a folha de salários pela 
incidência sobre o faturamento. Tal mudança é considerada um mecanismo que 
seria capaz de estimular a geração de empregos formais e/ou proporcionar uma 
taxa mais efetiva nos setores que possuem alto nível de faturamento com pouca 
utilização de mão-de-obra. 
É válido ressaltar que a maioria das micro e pequenas empresas enquadradas no 
Simples Nacional já contribuem com base no faturamento, e não na folha de salários. 
Entretanto, essa abordagem acarreta uma considerável renúncia previdenciária. 
Mais uma vez, é necessário salientar que esse assunto é complexo e deve estar em 
sintonia e harmonia com as propostas de reforma tributária, uma vez que pode 
causar grandes impactos indiretos na economia e no mercado de trabalho formal.
Em meio a esse debate, é fundamental considerar que a melhor forma de financiar 
os relevantes gastos do RGPS é garantir o volume de recursos necessário para o 
pagamento dos benefícios. Trata-se de uma discussão complexa, porém crucial 
para os próximos anos, especialmente diante das propostas de reforma tributária 
em pauta e das transformações em curso no mundo do trabalho. Diante disso, 
convidamos você a aprofundar-se no tema e buscar um maior conhecimento sobre 
o Regime Geral de Previdência Social, sua estrutura de financiamento e os desafios 
e impactos envolvidos.
Considerações Finais 
Durante este curso, aprendemos que a Previdência Social é muito importante para 
proteger as pessoas no Brasil. Ela ajuda aqueles que não podem mais trabalhar por 
causa da idade, doenças, acidentes ou desemprego, garantindo uma renda para eles 
e suas famílias. A previdência é essencial para combater a pobreza, especialmente 
entre os idosos. Vimos várias maneiras de organizar o sistema previdenciário, mas 
é importante lembrar que ele precisa ser sustentável, atender a todos e oferecer 
benefícios adequados.
64Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
A política de previdência é complexa, envolvendo muitos aspectos como população, 
economia, sociedade, finanças e estatísticas. Os gastos previdenciários são 
significativos para muitas pessoas e representam uma parte importante do dinheiro 
público. O Regime Geral de Previdência Social é o maior programa de ajuda financeira 
do país. A Previdência trata de como guardar dinheiro para lidar com problemas 
sociais.
A reforma de 2019 foi a maior mudança no sistema previdenciário desde a 
Constituição de 1988. Conhecemos, ainda, as principais alterações nas regras do 
Regime Geral de Previdência Social. Contudo, mesmo com todas essas mudanças, 
ainda há desafios para melhorar o sistema previdenciário. Por exemplo, precisamos 
ampliar a cobertura para grupos específicos, como trabalhadores autônomos, 
domésticos e aqueles sem carteira assinada. 
Reduzir a informalidade é um desafio tanto para o trabalho quanto para a previdência. 
Para ter um bom sistema previdenciário, também precisamos ter um bom mercado 
de trabalho. E isso é ainda mais importante agora, com as mudanças no mundo do 
trabalho, como o aumento dos trabalhadores em plataformas digitais.
Além disso, o envelhecimento rápido da população é um grande desafio para o 
sistema de previdência e seguridade social. Precisamos planejar políticas públicas a 
longo prazo para lidar com isso. 
Este curso nos incentivou a pensar em diferentes políticas e nos desafios que os 
governos enfrentam para planejar o futuro. A previdência é pensar no futuro. 
Para termos um futuro melhor, o planejamento das políticas previdenciárias é 
fundamental. 
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simplificado de previdência social e o microempreendedor individual. Texto para 
Discussão n. 2546. Rio de Janeiro: IPEA. Março, 2020.
https://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/11548/1/td_2689_web.pdf
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Para não esquecer: políticas públicas que empobrecem o Brasil. Rio de Janeiro: 
Editora Autografia, 444 páginas.
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66Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
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Glossário
Desalentado: de forma mais geral se diz de quem se mostra sem ânimo, sem vontade 
de agir ou desanimado. Na literatura econômica de mercado de trabalho é uma 
referência a pessoas desempregados que deixam de procurar trabalho ou emprego 
não porque não queiram, mas sim porque estão desanimadas ou acreditam que 
não irão conseguir ou será difícil conseguir.
https://downloads.fipe.org.br/publicacoes/bif/bif509-28-46.pdf
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https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/3097/tcmb_2019.pdf
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https://www.gov.br/previdencia/pt-br/assuntos/previdencia-social/informes-de-previdencia-social/2021/informe-de-previdencia-junho-2021.pdf
https://www.gov.br/previdencia/pt-br/assuntos/previdencia-social/informes-de-previdencia-social/2021/informe-de-previdencia-junho-2021.pdf
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	Introdução - Apresentação e boas-vindas
	Conceitos, Funções e Organização dos Sistemas de Seguridade e Previdência Social
	Unidade 1 – Entendendo o funcionamento dos sistemas de Seguridade e Previdência Social
	Tópico 1: Conceitos, Funções e Organização dos Sistemas de Seguridade e Previdência Social
	Tópico 1.2: Princípios e fundamentos do Regime Geral de Previdência Social
	Referências
	Características do Regime Geral de Previdência Social
	Unidade 1 – Conhecendo as principais características do Regime Geral de Previdência Social
	Tópico 2.1 Principais características do Regime Geral de Previdência Social
	Tópico 2.2 Evolução e Importância do RGPS
	Referências
	Mudanças com a Reforma de 2019 e EC 103/2019
	Unidade 1 – Conhecendo a Reforma de 2019 e a EC 103/2019
	Tópico 3.1 Principais mudanças nas regras de aposentadoria 
	Tópico 3.2 Demais alterações nas regras previdenciárias
	Referências 
	Desafios Futuros do Regime Geral de Previdência Social 
	Unidade 1 – O que esperar do futuro do Regime Geral de Previdência Social
	Tópico 4.1 Desafios do RGPS – a questão da cobertura previdenciária e transformações do mercado de trabalho
	Tópico 4.2 Envelhecimento Populacional e Outros Desafios
	Considerações Finais 
	Referências 
	Glossário

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