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APG - SOI IV Bianca Cardoso - Medicina 4 o Período IST’s - Úlceras Genitais Os agentes mais comuns são o vírus do herpes- simples (HSV) e Treponema pallidum (TP) e, mais raramente, Haemophilus ducreyi, Klebsiella granulomatis e Chlamydia trachomatis. Algumas características distintivas precisam se observadas nas úlceras, como margem, borda, fundo e base. SÍFILIS Manifestação primária da sífilis. Causada por Treponema pallidum. Doença crônica, multisistêmica e de curso variável, que pode levar à sequelas graves ou morte. Bactéria varia entre 5-15 micrômetros de comprimento e tem +/- 2 micrômetros de largura. Possui uma membrana externa, c i top lasmas e endoflage los l i gados a nanomotores nos polos que são responsáveis por sua motilidade. Sua invasividade, que ocorre através de microabrasões na pele ou de mucosas intactas, está associada à capacidade de adesão e à atividade proteolítica da proteína TP0751, e sua evasividade ao sistema imunológico deve-se ao pouco conteúdo proteico que sua membrana externa provê. A infecção se torna rapidamente sistêmica e é muito comum a invasão ao SNC. O Treponema pallidum não produz exotoxinas ou endotoxinas, sendo suas manifestações consequências da resposta imunológica, devido uma reação de hipersensibilidade tardia do tipo IV. O que produz um denso infiltrado inflamatório perilesional constituído de linfócitos, macrófagos e células plasmáticas. Epidemiologia A doença é transmitida majoritariamente por meio de relações sexuais, incluindo sexo oral e contato íntimo da pele com exsudado de lesões abertas. - pode ser transmitida via transplacentária , podendo causar sífilis congênita no feto. Se não tratada pode causar prematuridade, morte fetal, anomalias congênitas e infecção ática do feto/RN. Teste para sífilis é obrigatório em todas as gestantes. - forma parenteral (rara). OMS - incidência anual global de 6 milhões de casos de sífilis adquirida. Manifestações Clínicas Ocorre no ponto de inoculação do treponema. O período de incubação varia de 9-90 dias, porém é mais comum de 2-3 semanas. É dividida em 3 estágios: Sífilis Primária Aparecimento de cranco no local da exposição (pênis, vulva, ânus ou boca). O cranco se inicia com uma pápula endurecida, que sofre erosão, se tornando uma úlcera com base limpa e elevada. Os crancos são solitários, com bordas elevadas e bem demarcadas. Normalmente são lesões indolores. Geralmente possui fundo limpo, vermelho e brilhante. No homem, é comum se encontraria glande, no sulco coronal e no folheto interno do prepúcio. Nas mulheres, é encontrado nos grandes e pequenos lábios, na comissura posterior dos pequenos lábios, na fúrcula posterior, no períneo e na região perianal. A doença é altamente contagiosa nesse estágio, porém como os sintomas são brandos, pode não ser perceptível. Sífilis Secundária Possui duração mais variável do que a primeira, podendo ser de 1 semanas até 6 meses. Sinais como: erupções, febre, dor de garganta, estomatite, náuseas, perda de apetite e i n fl a m a ç ã o o c u l a r p o d e m a p a re c e r e desaparecer ao longo de 1 ano. Manifestações clínicas podem incluir queda de cabelos e condilomas planos (placas elevadas marrom-avermelhadas que podem ulcerar e liberar secreção fétida). Depois disso a sífilis pode entrar em um estágio de latência, que pode durar toda a vida ou progredir para a sífilis terciária. Sífilis Terciária Reação tardia à doença não tratada. Pode começar anos após a infecção inicial. Estágio sintomático: formação de lesões granulomatosas destrutivas localizadas (gomas), desenvolvimento de lesões cardiovasculares ou desenvolvimento de lesões no SNC. - Lesões aos SNC podem causar demência, cegueira ou acometimento da medula espinal com ataxia ou déficit sensorial. APG - SOI IV Bianca Cardoso - Medicina 4 o Período É possível, ainda, se apresentar como cancro gigante e cancro fagedênico. Mais comum em pacientes com imunodepressão, incluindo elevada faixa etária, desnutrição e alcoolismo. Diagnóstico • Não é corado pelo Gram, mas pode ser identificado pelas colorações de Giemsa, de Vago (violeta de metila) e pela prata, porém a microscopia de esfregaço utilizando as colorações é raramente usada. • Exame de amplificação de DNA, como o PCR: definitivo, detectam sequências específicas de T. pallidum. • Testes sorológicos treponêmicos e não treponêmicos. - Treponêmicos: detectam anticorpos contra componentes antigênicos do T. pallidum. Se tornam positivos mais rapidamente do que os NTP e têm melhor sensibilidade e especificidade. Não podem distinguir infecção ativa de passada. - Não treponêmicos: detectam anticorpos ant icard io l ip ín icos ( reagina, contra antígenos de cardiolipina) e podem ser titulados. Mais utilizados -> VDRL e RPR (mais fácil execução). Utilizados, também, para monitoramento pós-tratamento. Tratamento - Primeira escolha: penicilina benzatina 2,4 milhões UI, via IM, em dose única (1,2 milhões em cada glúteo). - Segunda escolha: doxiciclina 100mg, 1 cp VO, 12/12h por 15 dias. HERPES Há dois tipos de herpes vírus causadores de úlceras genitais, HSV-1 (associado herpes labial) e HSV-2. Fazem parte da família Herpesviridae e do gênero Simplexvirus. - São vírus encapsulados grandes com genoma bicatenar (hélice dupla). A infecção se dá por contato do vírus com a superfície cutânea, em especial com as mucosas oral e genital. - Por terem superfícies mucosas expostas mais amplas, as mulheres possuem mais risco de adquirir a infecção. O vírus -> infiltra na pele por microfissuras -> replica na epiderme -> penetra em terminações cutâneas dos nervos sensitivos -> passa pelos axônios neurais -> chega ao núcleo dos neurônios dos gânglios sensitivos da medula espinhal (pode permanecer em latência por anos). - se reativado: desce pelos nervos sensoriais até a superfície da pele -> se replica em células epidérmicas -> inflamação e lesão. - Se replicam na pele e nas mucosas infectadas (orofaringe ou genitália). O HSV-1 e o HSV-2 são vírus neurotrópicos, se proliferam nos neurônios e possuem capacidade de manter o potencial patogênico, mesmo sem sinais e sintomas clínicos (latência). Epidemiologia • 50-80% das UG/IST são causadas por HSV. • As recorrências são mais frequentes na infecção por HSV-2. Manifestações Clínicas Maioria é assintomática, porém quando sintomáticas, acontecem em uma mesma região, alternadas com períodos de latência variável. Episódios são associados a períodos de estresse físico ou emocional, processos febris, uso de medicamentos, radiação solar, menstruação ou atividade sexual. Sinais e sintomas iniciais: - Formigamento e dor na região genital; - Erupção de pequenas pústulas e vesículas (se rompem por volta do 5º dia, formando úlceras com bases úmidas, extremamente dolorosa ao toque, podendo causar disúria, dispareunia e retenção urinária). Depois dessas manifestações, há um intervalo de 10-12 dias, quando há a formação de crostas nas lesões e a cicatrização gradativa. APG - SOI IV Bianca Cardoso - Medicina 4 o Período Sinais e sintomas sistêmicos: - Febre, cefaleia, mal-estar, dores musculares e linfadenipatia. Normalmente, um quadro mais grave se dá na primo-infecção, apresentando úlceras dolorosas, numerosas, que acometem áreas maiores. - Duram mais tempo, 10-15 dias. - Em mulheres, é “comum” cursar com sintomas sugestivos de ITU, como disúria ou retenção urinária e dor lombar. - Pode cursar com febre e acometimento do estado geral. Em reativações,pode ocorrer prurido, dor ou parestesia. Em paralelo, surgem vesículas com conteúdo citrino ou amarelado sobre a base eritematosa. Sua ruptura leva ao surgimento de úlceras de borda bem definida, que se juntam, se apresentando policíclica. - em pacientes imunodeprimidos podem aparecer úlceras mais profundas. As lesões são dolorosas, acompanhadas de linfadenopatia regional (também dolorosa). Diagnóstico Sintomas referidos + aspecto das lesões + isolamento do vírus por esfregaço retirados das lesões e impontados não cultura. • PCR para DNA do HSV é mais sensível que a cultura. É possível realizar com pequenas quantidades do vírus; os resultados são mais rápidos e é possível diferenciar HAV-1 e HSV-2. • O raspado deve ser cobrado pelos métodos de Giemsa, Leishman ou Hematoxilina-eosina -> pos i t i vo quando cé lu l as g igan tes e multinucleadas. Tratamento - Primeiro episódio: aciclovir 200mg, 2cp VO, 8/8h por 7-10 dias ou 200mg, 1cp VO, 4/4h por 7-10 dias. - Recorrência: aciclovir 200mg, 2cp VO, 8/8h, por 5 dias ou 4cp VO, 12/12h por 5 dias, GRANULOMA INGUINAL (donovanose) Agente etiológico: Klebsiella granulomatis. - bactéria intracelular, gram-negativa e anaeróbia facultativa. Epidemiologia Possui infectividade baixa. Mais frequente na região genital e perigenital em adultos jovens sexualmente ativos e muito associada a outras ISTs. Manifestações Clínicas O período de incubação não é estabelecido, porém estima-se 40 dias. Se classificam em: lesões ulcerosas, ulcero- vegetantes (mais frequente), vegetantes e elefantiásicas. - Indolores. - Não apresentam linfoadenomegalia satélite. - Podem ocorrer pseudobubões (adensamentos granulomatosos subcutâneos). Nos homens, têm preferência pela região do sulco coronal, balanoprepucial, ânus e perianal. Nas mulheres, afetam mais os pequenos lábios e fúrcula vaginal. Inicialmente, se apresenta como pápula ou nódulo subcutâneo, que evolui para úlcera vegetante com borda elevada ou ligeiramente evertida, com fundo vermelho brilhante (cárnea). Possui crescimento linear, podendo atingir grandes dimensões. No estágio final, os tecidos se tornam dinos friáveis e sangram com facilidade. Pacientes queixam de edema, dor e prurido. A doença crônica pode causar destruição tecidual e elefantíase genital. Diagnóstico O diagnóstico é fechado por identificação dos corpúsculos de Donovan (células mononucleares grandes preenchidas por bastonetes Gram- negativos intracitoplasmáticos) nos esfregaços de tecidos, nas amostras de biopsia ou em cultura. • Microscopia direta em esfregaço colhidos diretamente da lesão (mais efetivo). • Exame citológico. • Exame histopatologico (impressão na lâmina do espécime retirado por biópsia) -> coloração Tratamento - Primeira escolha: doxiciclina 100mg, 1cp VO, 12/12h ou sulfametoxazol com trimetoprima (400/80mg), 2cp VO, 12/12h, ambos por pelo menos 3 semanas. - Segunda escolha: azitromicina 500mg, 2cp, VO, 7/7 dias pelo ou menos por 3 semanas ou até cicatrização das lesões. CANCROIDE Agente etiológico: Haemophilus ducreyi. - Bacilo com extremidades arredondadas. APG - SOI IV Bianca Cardoso - Medicina 4 o Período - Bactéria anaeróbia facultativa, gram-negativa, imóvel e não formadora de esporos. - A configura ̧cão estreptobacilar em duas cadeias paralelas é comparada a ‘‘trilhos de ferrovia’’ ou a agrupamentos em ‘‘cardumes de peixes’’. Manifestações Clínicas Pode ser assintomática em ambos os sexos, porém as lesões são extremamente dolorosas, impedindo a atividade sexual. As lesões começam com máculas que se transformam em pústulas e se rompem. Se caracteriza por úlcera dolorosa com base necrótica e bordas entrecortadas. Possui curto período de incubação, logo, 3-7 dias após a infecção, surgem pápulas eritematosas e dolorosas. - Muito frequente no interior do prepúcio ou frênulos (homens) e vulva, colo do útero ou área perianal (mulheres). - Podem causar corrimento ou sangramento vaginal ou anal. - Rapidamente evoluem para pústulas que, ao romperem, dão origem a úlceras de bordas irregulares, serpiginosas e solapadas ou subminadas. Possui fundo friável é recoberto por exsudato pionecrótico. - A autoinoculacão resulta em ‘‘úlceras de cerco’’ e úlceras nas áreas de dobras -> ‘‘em folhas de livro’’. Complicações: gangrena de extensas áreas ou peniana; linfadenite inguinal e lesões com flutuação que podem drenas espontaneamente. Diagnóstico Normalmente clínico, confirmado pela cultura. • A PCR, ainda que nem sempre disponível, é o método mais sensível e específico. • A cultura é muito específica, porém com menor sensibilidade (80%). Tratamento - Primeira escolha: azitromicina 500mg, 2cp VO em dose única. - Segunda escolha: ceftriaxona 250mg IM, dose única. Parece ser menos eficaz para homens não circuncidados e pacientes coinfectados com HIV. Parce i ros sexuais devem ser t ra tados independente dos sintomas, se tiveram contato sexual com o paciente nos 10 dias anteriores. Os pacientes tratados geralmente melhoram dos sintomas em 3 dias e objetivamente em 7 dias após a terapia. REFERÊNCIAS: •