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3 OS CARGOS EM LOJA SIMBÓLICA NO RITO ADONHIRAMIRA Índice Seção Página Índice 3 O Grupo Adonhiramita de Estudos 4 Agradecimentos 5 Apresentação 6 Advertência 7 O Mestre de Cerimônias – Sergio Emilião 8 O Orador – Sergio Emilião 28 O Secretário – Sergio Emilião 41 O Tesoureiro – Sergio Emilião 53 O Chanceler – Sergio Emilião 67 O Hospitaleiro – Sergio Emilião 77 O Irmão Experto – Sergio Emilião 92 O Arquiteto – Sergio Emilião 105 O Mestre de Harmonia – Swami Caetano 121 O Mestre de Banquetes – Sergio Emilião 132 O Bibliotecário – Sergio Emilião 145 O Porta-Bandeira & o Porta-Estandarte – Sergio Emilião 155 O Cobridor – Sergio Emilião 167 Os Vigilantes – Sergio Emilião 170 O Venerável Mestre – Sergio Emilião 200 Os Palestrantes 224 Créditos 226 4 OS CARGOS EM LOJA SIMBÓLICA NO RITO ADONHIRAMIRA O Grupo Adonhiramita de Estudos O ano de 2020 foi marcado pelo isolamento social causado pela pandemia do vírus SARS-COVID 19. Assim como toda sociedade brasileira a Maçonaria foi profundamente afetada. Em função dos riscos de contágio, as Lojas Simbólicas paralisaram suas atividades presenciais e iniciou-se uma nova era de relacionamento maçônico à distância através das plataformas digitais. Grupos de debate, pesquisas, estudo ou simples conversação se proliferaram nas redes sociais, proporcionando um intercâmbio e difusão de conhecimentos jamais imaginados. Palestras virtuais nas plataformas de videoconferência tomaram vulto e parecem ter ingressado de forma definitiva no meio maçônico. Em meio às incertezas causadas pela pandemia, a tecnologia do século XXI tomou de assalto os maçons, arrebatando Amados Irmãos de todas as faixas etárias. A tela dos computadores, notebooks e smartfones aproximava os maçons e os inseria quase que forçadamente no universo digital. Sem dúvida uma nova era foi inaugurada na Maçonaria, e que parece não permitir retrocesso. Em meio a este cenário, dois Mestres Instalados, Swami Caetano e Sergio Emilião, fundaram no dia 19 de outubro de 2020 na plataforma WhatsApp um Grupo de Estudos dedicado exclusivamente ao Rito Adonhiramita. O objetivo era fomentar o debate, a pesquisa, o estudo e principalmente a troca de informações e experiências entre os maçons praticantes do Rito Adonhiramita diante da literatura escassa, permitindo, entretanto, a participação de maçons praticantes de todos os Ritos interessados em conhecer e debater sobre as peculiaridades do nosso Rito. Os assuntos abordados são restritos ao Grau de Aprendiz Maçom, não apenas para possibilitar a participação de todos os maçons, mas igualmente para minimizar a ausência de instruções em Loja para os Aprendizes e Companheiros, certamente os mais prejudicados pela interrupção das sessões presenciais. Em acréscimo às atividades cotidianas do Grupo, às segundas-feiras são realizadas palestras sobre assuntos referentes ao Rito Adonhiramita em plataforma de videoconferência, abordando temas que versam sobre a história, ritualística, liturgia, etc. A adesão foi surpreendente. O Grupo Adonhiramita de Estudos reuniu num período relativamente curto um grande número de membros provenientes de todas as Potências Simbólicas Regulares do Brasil, abrangendo praticamente todos os estados do território nacional e ainda Amados Irmãos de outros países como os EUA, Portugal e Inglaterra. Rapidamente as vagas para a plataforma WhatsApp se esgotaram, e foi necessário a criação de uma expansão na plataforma Telegram. Na data da edição deste volume o Grupo Adonhiramita de Estudos reunia cerca de 500 maçons, o que deixa a nós, seus administradores, extremamente recompensados e esperançosos num futuro promissor para o Rito Adonhiramita, que tem um papel histórico bastante relevante no cenário da Maçonaria brasileira. VIVAT! VIVAT! VIVAT! 5 OS CARGOS EM LOJA SIMBÓLICA NO RITO ADONHIRAMIRA Agradecimentos O Grupo Adonhiramita de Estudos, através de seus administradores, vem externar seus sinceros agradecimentos a todos os Amados Irmãos participantes nas plataformas WhatsApp, Telegram e palestras online. Além do enriquecimento de nossos conhecimentos sobre o Rito Adonhiramita, o estreitamento dos laços de amizade entre Amados Irmãos que jamais se encontraram pessoalmente deixa claro que a Maçonaria é uma Fraternidade de homens livres e de bons costumes. Todos os membros do Grupo Adonhiramita têm demonstrado comportamento exemplar e fraterno convívio, com decoro e respeito mútuo e acima de tudo, com efetiva participação. Não é apenas o Grupo Adonhiramita de Estudos que cresce, mas o próprio Rito Adonhiramita, rompendo barreiras entre Potências Simbólicas e Filosóficas, pois afinal, o Rito é maior que nós, e chamado de “Rito do Amor” Antes de ingressar nos assuntos desse volume, nós, administradores do Grupo Adonhiramita de Estudos, queremos registrar nossos sinceros agradecimentos a todos vocês, Amados Irmãos, pois sem as suas participações e entusiasmo nada disso seria possível, e em especial a nosso Amado Irmão Juan Carlos, da Flórida, EUA, que gentilmente hospeda nossa sala virtual para realização das nossas palestras às segundas- feiras. “Que a PAZ, a HARMONIA e a CONCÓRDIA, sejam a tríplice argamassa com que se liguem nossas obras”! Fraternalmente, Swami Caetano & Sergio Emilião Administradores do Grupo Adonhiramita de Estudos 6 OS CARGOS EM LOJA SIMBÓLICA NO RITO ADONHIRAMIRA Apresentação Este volume, que tem como tema a análise dos cargos em Loja no Rito Adonhiramita, é uma compilação das palestras apresentadas no Grupo Adonhiramita de Estudos no período de fevereiro a julho de 2021. Não se trata de um curso, ou de um manual para o desempenho das funções, mas apenas a exposição da opinião e entendimento dos palestrantes a respeito de cada um dos cargos estabelecidos nos Rituais Adonhiramitas. Os textos não são uma transcrição das palestras, mas uma transformação dos slides apresentados em formato de livro ou apostila com a inserção de imagens ilustrativas. A iniciativa para confecção neste formato foi sugestão de alguns membros do Grupo, e entendemos não apenas ser pertinente, mas igualmente útil tanto para consulta quanto para o debate. Portanto, o Amado Irmão não deve tomar este material como um manual oficial para a prática do Rito Adonhiramita, mas sim como uma fonte de pesquisa que pode e deve ser aperfeiçoada para o progresso do Rito e à Glória do Grande Arquiteto do Universo. O conteúdo pode ser compartilhado livremente entre maçons regulares, e não há aqui nenhum interesse comercial, apenas a intenção de promover o estudo sobre o Rito Adonhiramita. Desejamos a todos os Amados Irmãos uma boa leitura! Que o Grande Arquiteto do Universo permaneça nos guiando e iluminando! Fraternalmente, Swami Caetano & Sergio Emilião Administradores do Grupo Adonhiramita de Estudos 7 OS CARGOS EM LOJA SIMBÓLICA NO RITO ADONHIRAMIRA Advertência Os textos apresentados basearam-se no Ritual de Aprendiz Maçom, Rito Adonhiramita, publicado pelo Grande Oriente do Brasil, edição 2009, e referem-se à prática das sessões ordinárias. Este esclarecimento se faz necessário por questão de ética, por serem os autores membros regulares desta Potência Simbólica, por motivo de conhecimento, já que é a prática de seu domínio, e por haver pequenas diferenças entre a prática e a legislação nas demais Potências Simbólicas. Faz-se mister esclarecer que os textos refletem apenas a opinião e o entendimento dos autores, sendo, portanto, de sua inteira responsabilidade. O conteúdo deste volume não deve ser compreendido como a posição oficial doGrande Oriente do Brasil, nem de nenhuma Potência Maçônica, Simbólica ou Filosófica, na qual o Rito Adonhiramita seja praticado. Ressaltamos, para os membros do Grande Oriente do Brasil, que as dúvidas decorrentes da leitura dos textos podem e devem ser dirimidas de forma oficial junto à Secretaria Geral de Orientação Ritualística do Grande Oriente do Brasil, ou nos departamentos correspondentes nas demais Potências Simbólicas. 8 OS CARGOS EM LOJA SIMBÓLICA NO RITO ADONHIRAMIRA O MESTRE DE CERIMÔNIAS INSPIRAÇÃO O cargo de Mestre de Cerimônias nas Lojas Simbólicas certamente foi inspirado nas cortes medievais, onde um oficial fazia as honras da casa, recebendo os visitantes e introduzindo-os nas câmaras reais e dos nobres para as audiências. Cabia também a este oficial organizar os eventos, festas e comemorações nas cortes. Antes de inspirar os ritualistas maçônicos, o Mestre de Cerimônias medieval influenciou um funcionário com as mesmas atribuições no Parlamento Britânico, onde introduzia os parlamentares, os conduzia ao parlatório e distribuía documentos durante as assembleias. Embora este último tenha certamente se colocado cronologicamente em data mais próxima da regulamentação da Maçonaria Operativa ocorrida em 1717, com a fundação da Grande Loja de Londres e Westminster, creio que ambos oficiais se relacionam com as funções modernas dos Mestres de Cerimônias das Lojas Modernas. Para o Rito Adonhiramita em particular, enxergo uma inspiração adicional, fruto da influência do mazdeísmo ou zoroastrismo, a religião dos magos persas, cujos fieis eram chamados de “adoradores da luz”. O Mestre de Cerimônias no Rito Adonhiramita também é chamado de “Mago do Templo”, pois é ele quem faz circular as energias sutis durante as sessões. Na Maçonaria britânica o cargo é denominado Master of Ceremonies, exatamente Mestre de Cerimônias, Marshal, chefe de protocolo, ou Conductor, condutor. Todas as denominações certamente estão corretas. Na França o cargo foi traduzido para Maitre des Céremonies, mantendo a ideia principal do verbete, que desta forma foi versado para o português. Nesse caso a tradução para o nosso idioma não trouxe qualquer prejuízo para a correta compreensão de suas funções e atribuições. ASSOCIAÇÕES MÍTICAS Não creio que os ritualistas maçônicos tenham se inspirado em qualquer herói mítico ou divindade mitológica para a instituição do cargo de Mestre de Cerimônias nas Lojas Simbólicas, mas penso que na verdade não foram os deuses que criaram o homem à sua imagem, mas justamente o contrário. Nesse sentido, é fácil observar que estes heróis e deuses da antiguidade representassem aspectos da personalidade humana e de seus 9 OS CARGOS EM LOJA SIMBÓLICA NO RITO ADONHIRAMIRA TOTH atributos, uma espécie de arquétipo por assim dizer. Assim, julgo razoável imaginar que certas personagens míticas simbolizem alguma função ou atividade profissional humana, evidentemente em termos de alegorias, portanto, entendo que seja possível associar alguns dos cargos de uma Loja Simbólica a esses arquétipos. No caso do Mestre de Cerimônias vislumbro a possibilidade de sua associação com os seguintes heróis ou divindades mitológicas: o deus Toth, Hermes Trismegistus, dos egípcios, sincretizado com a divindade Hermes dos gregos e Mercúrio dos romanos; o deus Apolo dos gregos e Febo para os romanos; os sacerdotes levitas da tradição judaico-cristã e as emanações da Árvore da Vida do Sepher Yetzirah, o Livro da Criação, que comumente chamamos de Cabala. Vou abordar resumidamente cada um deles, procurando não causar prejuízo ao entendimento das funções do Mestre de Cerimônias e apresentar as razões de meu entendimento sobre essas possíveis associações. Toth era uma das divindades mais importantes do Egito politeísta. Era considerado o deus da ciência, das artes, da matemática, da arquitetura e da astronomia. A invenção da escrita era atribuída a ele, que teria ensinado aos homens. Possuía como símbolo um caduceu, que era uma haste circundada por uma serpente de cada lado e encimado por um par de asas. Essa representação vai ser sincretizada pelos gregos posteriormente, e é associada à dualidade da manifestação física do Universo: positivo e negativo; macho e fêmea; corpo e alma; Kah e Bah para os egípcios, os três pilares da Árvore da Vida cabalística, Ida e Pingala para o hinduísmo, e também, de certa forma, a circulação do Mestre de Cerimônias nos Templos Adonhiramitas, além de nossas três Colunas de sustentação das Lojas Maçônicas, Sabedoria, Força e Beleza. Ou seja, é um símbolo do equilíbrio cósmico. No meio profano se tornou símbolo da medicina, que teria sido ensinada por ele aos homens, mas também há sua representação em outras carreiras profissionais. Deus do conhecimento, sua sabedoria lhe conferia poderes mágicos, foi ele quem auxiliou Ísis a ressuscitar Osíris. Foi chamado pelos gregos de Hermes Trismegistus, o “Três Vezes Grande”, ou “Três Vezes Poderoso”, pois possuía a capacidade de transitar pelos três Planos da Existência, material, astral e espiritual. Portanto, é associado ao número TRÊS. No Tribunal de Osíris, que julgava as almas dos homens pesando seus corações na Balança de Maat, deusa da justiça, Toth atuava como advogado ou defensor público dos seres humanos. 10 OS CARGOS EM LOJA SIMBÓLICA NO RITO ADONHIRAMIRA HERMES APOLO Numa das lendas a seu respeito, surge derrotando a serpente, uns chamam de dragão, Thyphon, que era o símbolo do mal, representando a vitória da luz da sabedoria sobre a ignorância das trevas. Sua associação com o cargo de Mestre de Cerimônias se dá justamente pela atuação deste Mestre Maçom em nossos Templos, alternando sua posição entre o Oriente e as duas Colunas do Ocidente, e fazendo circular as energias sutis existentes no ambiente. O deus Hermes dos gregos, que foi chamado de Mercúrio pelos romanos, nada mais é do que o sincretismo com a divindade egípcia Toth que vimos anteriormente. Os gregos o consideravam o mensageiro dos deuses, pois cabia a ele transmitir as decisões do Olimpo para os homens. Também era ele quem transportava as almas dos mortos para o reino dos mortos, o Hades, tarefa que posteriormente foi absorvida por outra divindade, Caronte, o “Barqueiro das Almas”. Na correspondência com as atribuições do Mestre de Cerimônias vemos o transporte das comunicações entre os obreiros durante as sessões, notadamente na circulação do Saco de Propostas e Informações, e no cumprimento das ordens do Venerável Mestre. O desdobramento da Chama Sagrada ou Fogo Eterno é executado pelo Mestre de Cerimônias, é ele que simbolicamente une os três Planos da Existência em nossas sessões. Hermes era considerado também deus da magia, dos transportes e das viagens, e mais tarde os romanos lhe atribuíram em acréscimo a proteção ao comércio e à comunicação. A exemplo de sua origem egípcia, Hermes também portava o caduceu, e foi essa interpretação dos romanos como protetor do comércio e das comunicações que levou algumas carreiras profissionais além da medicina adotarem esse símbolo em suas marcas. Estes conceitos são semelhantes aos de Toth e sua capacidade de transitar entre os Planos da Existência. Apolo era considerado o deus do Sol, das artes, da música e da beleza. Foi denominado Febo pelos romanos. Era o mais belo e perfeito dos deuses gregos. Em sua origem era o condutor da Carruagem de Helios, o Sol, e mais tarde passou a simbolizar o próprio astro rei. Essa sua característica o aproxima da circulação em Loja executada pelo Mestre de Cerimônias, no formato do símbolo matemático do infinito,a lemniscata de Bernouli, que na verdade representa o trânsito aparente do Sol no firmamento, num fenômeno astronômico denominado analema. 11 OS CARGOS EM LOJA SIMBÓLICA NO RITO ADONHIRAMIRA OS SACERDOTES LEVITAS Era geralmente representado com um Sol ao redor de sua cabeça, representação que parece ter inspirado a iconografia religiosa medieval que estabeleceu halos ao redor da cabeça dos santos. Possuía um arco mágico que atirava flechas de luz, e que segundo os gregos eram responsáveis por conceder conhecimento e sabedoria aos homens, bem como impeli-los a praticar a vontade dos deuses. Há uma lenda a seu respeito na qual ele mata uma serpente chamada Piton, denominação muito semelhante ao dragão ou serpente Phython derrotada por Toth, o que sugere haver a mesma inspiração no deus egípcio. “Por isso, o Senhor disse ainda o seguinte a Aarão: “Tu, teus filhos e tua família são responsáveis por qualquer profanação que se faça no santuário, assim como por toda a incorreção no exercício do vosso serviço sacerdotal”. (Números 18,1) Segundo a narrativa bíblica do Livro dos Números IAVEH teria determinado à Aarão e sua descendência a função sacerdotal e a guarda dos elementos sagrados do Tabernáculo do Deserto. Nasceu assim a tradição dos descendentes da Tribo de Levi serem os únicos responsáveis pelo sacerdócio entre o povo hebreu, condição que se estenderia até a construção do Templo de Jerusalém por Salomão. Eram os sacerdotes levitas os únicos que podiam transportar a Arca da Aliança, bem como acender os candelabros e incensar o Templo purificando-o para as orações e adoração ao Deus Único. E utilizavam um traje especial para estas funções. Os ritualistas Adonhiramitas parecem ter se inspirado diretamente nesta função dos levitas para estabelecer o Mestre de Cerimônias como o responsável nas Lojas pelo Cerimonial do Fogo, a Cerimônia da Incensação e o próprio manuseio e transporte da maioria dos objetos litúrgicos durante as sessões. 12 OS CARGOS EM LOJA SIMBÓLICA NO RITO ADONHIRAMIRA A CABALA HEBRAICA A posição dos cargos num Templo Adonhiramita possui uma incrível semelhança com o traçado da Árvore da Vida da Cabala. Eu diria que há tanta coincidência que é quase impossível ter sido fruto do mero acaso. Neste diagrama nós vemos representadas as dez sefirotes, acrescidas de DAAT, a sefirote invisível, tal qual a Coluna da Sabedoria dos Templos maçônicos. Cada um dos cargos está relacionado à emanação de uma destas sefirotes e identificado por sua Joia. A cada cargo demonstrarei a possibilidade de associação. No caso do Mestre de Cerimônias, como vemos na imagem, ele não está associado a nenhuma das sefirotes, e nem poderia, pois ele é móvel, se movimenta o tempo todo da sessão no interior do Templo, ao passo que as emanações são posições geográficas fixas que os ritualistas provavelmente associaram às sete Dignidades da Loja acrescidas do Cobridor Interno, que está na posição de MALKUTH. No entanto, a energia circula entre essas emanações formando 22 caminhos, que são simbolicamente percorridos pelo Mestre de Cerimônias, pois é ele quem as faz circular em nossas sessões, carregando-as de uma emanação à outra e aterrando as energias inservíveis em MALKUTH, através da espada do Cobridor Interno. Vem daí o conceito de que a espada do Mestre de Cerimônias atrai magneticamente essas energias transportando-as e distribuindo-as no interior do Templo. A Árvore da Vida é dividida em três eixos, pilares ou colunas, tal qual ocorre simbolicamente em nossos Templos, o Pilar da Severidade à esquerda, o da Sabedoria ao centro e o da Misericórdia à direita, lembrando que a escrita hebraica se dá da direita para a esquerda. No eixo central, o Pilar da Sabedoria ou Conhecimento, encontram-se três sefirotes que não estão associadas a nenhum dos cargos em Loja. Elas correspondem ao Painel de cada um dos três Graus Simbólicos numa escalada evolutiva passando por YESOD, a base, o fundamento, correspondendo ao Grau 1, Aprendiz Maçom, TIPHERET, a beleza, correspondendo ao Grau 2, Companheiro Maçom, e DAAT, a sefirote invisível, correspondendo ao Grau 3, Mestre Maçom. É justamente o Mestre de Cerimônias que exibe e oculta esses Painéis em conformidade com o Grau da sessão. 13 OS CARGOS EM LOJA SIMBÓLICA NO RITO ADONHIRAMIRA ATRIBUIÇÕES REQUISITOS O cargo de Mestre de Cerimônias é preenchido por indicação direta do Venerável Mestre, nos termos do que dispõe o artigo 127 do Regulamento Geral da Federação, portanto, trata-se de um Oficial e não uma Dignidade. O cargo não é regulamentado pelo RGF por possuir apenas funções ritualísticas e não administrativas. Cabe ao Mestre de Cerimônias conferir o material litúrgico necessário às sessões, distribuir os Mestres nos cargos quando os titulares não se encontrarem presentes na sessão e revesti-los das respectivas Joias. Deve cuidar para que as sessões ocorram sempre no horário previsto, além do aspecto disciplinar, esse ciclo repetitivo auxilia na formação da Egrégora. Deve orientar os Amados Irmãos visitantes, principalmente no caso de serem praticantes de Ritos diferentes, de modo a familiarizá-los com alguns aspectos da ritualística e liturgia Adonhiramita. É ele quem levar a identificação dos visitantes para verificação e exame do Orador. É conveniente que distribua os Mestres nas Colunas para equilibrar a Loja, tanto em relação à simetria visual quanto ao aspecto energético de suas emanações individuais. Conduz as autoridades de acordo com os protocolos regulamentares, e os Mestres Instalados ao Oriente, onde têm a prerrogativa de assento. Cumpre as determinações do Venerável Mestre e dos Irmãos Vigilantes, além de prestar auxílio a qualquer obreiro que o necessite durante as sessões. Ninguém se movimenta em Loja sem ser conduzido pelo Mestre de Cerimônias, ele deve acompanhar os obreiros na necessidade de circulação em Loja. É ele o responsável pelo transporte dos materiais litúrgicos e administrativos durante o decorrer das sessões. Executa as funções de Hospitaleiro e 2° Experto na ausência de um Mestre no cargo. Colhe a assinatura do Secretário, Venerável Mestre e Orador nos balaústres, do Chanceler e Venerável Mestre nos certificados de presença, e os distribui aos visitantes. O primeiro requisito para ser Mestre de Cerimônias numa Loja do Rito Adonhiramita evidentemente é ser decorado com o Grau de Mestre Maçom, mas em meu entendimento outros aspectos devem ser levados em consideração para a seleção e designação do ocupante do cargo. 14 OS CARGOS EM LOJA SIMBÓLICA NO RITO ADONHIRAMIRA A POSTURA Primeiramente deve gozar de boa condição física, pois seu trabalho é cansativo e exigirá movimentação constante em todas as sessões. Deve ter, como todo maçom, compromisso e dedicação, pois o desenvolvimento das sessões dependerá sempre da sua atuação. Assiduidade e pontualidade devem ser observadas com muito zelo, pois é o Mestre de Cerimônias quem organiza os obreiros para o início dos trabalhos. Deve chegar ao Templo com razoável antecedência para não ocasionar atropelos e atrasos. A disciplina deve ser uma das características do Mestre de Cerimônias, pois é ele quem executa a liturgia das sessões. Deve observar rigorosamente os Rituais, e para tanto é recomendável que os estude constantemente, o que lhe proporcionará o desembaraço e a segurança requeridos para o desempenho das funções. É importante que não seja tímido, pois os olhos dos obreiros do quadro e dos visitantes estará sobre ele a maior parte do tempo das sessões, a imagem da Loja está ligada diretamente a seu desempenho. Mas também não deve ser exageradamenteextrovertido, a seriedade na sua postura é essencial. Deve conhecer bem o tratamento dado a autoridades e faixas maçônicas para não haver constrangimentos na sua recepção, e da mesma forma ser capaz de identificar a qualidade e Grau dos visitantes pelo simples exame visual de suas alfaias. Deve permanecer sempre atento a todas as ocorrências no Templo durante o decurso das sessões, notadamente no que diz respeito à queima das velas nos candelabros e Chama Sagrada, assim estar familiarizado e desenvolver habilidade e destreza no manuseio dos instrumentos litúrgicos, isso lhe emprestará notável beleza à ritualística. E sobretudo, é essencial possuir afinidade com o Venerável Mestre, quando há sintonia entre os dois a fluência das sessões, e principalmente o equilíbrio energético são alcançados com maior facilidade e menor esforço. O Mestre de Cerimônias deve ser elegante. Não deve andar nem muito rápido nem muito devagar, deve fazê-lo de modo suave e solene. Deve possuir boa impostação de voz, pois suas falas devem ser ouvidas e entendidas em todo o Templo, mas não deve gritar, deve apenas chamar a atenção de todos pelo tom solene de sua voz. Deve demonstrar seriedade, gentileza e cordialidade com os Irmãos, principalmente com os visitantes praticantes de outros Ritos, a quem deve orientar sempre que necessário com relação à liturgia Adonhiramita. Não deve jamais descalçar as suas luvas, afinal, é ele quem adverte a todos os obreiros para calçá-las se suas mãos permaneceram limpas desde o encerramento dos trabalhos anteriores, não seria correto, portanto, recomendar algo e fazer de outra forma. 15 OS CARGOS EM LOJA SIMBÓLICA NO RITO ADONHIRAMIRA A JOIA O USO DA ESPADA Sua espada deve estar sempre consigo, mesmo que embainhada, se entendemos que o “Mago do Templo” é quem circula absorvendo, renovando e distribuindo as energias sutis no interior do Templo através da imantação de sua espada, não faz sentido deixar de porta-la. O Mestre de Cerimônias pode solicitar a palavra em qualquer local no Templo, e não apenas na sua posição de praxe. Essa permissão é devida justamente por conta de suas funções que o fazem circular constantemente durante as sessões. Mas não deve utilizar essa prerrogativa como argumento para se deslocar até o Oriente, por exemplo, e retrucar a fala de algum obreiro do Ocidente. Toda vez que romper sua marcha deve mentalizar HARMONIA, é isso que ele faz, promove o equilíbrio e a harmonia no interior do Templo através da condução da ritualística. No Rito Adonhiramita, a Joia do Mestre de Cerimônias é um triângulo vazado. Simboliza exatamente essa atuação ritualística e simbólica de transitar entre os Três Planos da Existência – Material, Astral e Espiritual, e está associada à Lei do Triângulo, bastante presente na Doutrina Maçônica. Esse triângulo é equilátero, pois representa o equilíbrio. O Mestre de Cerimônias distribui igualitariamente as energias no interior do Templo, todos somos iguais, ninguém é privilegiado nem negligenciado. Basta lembrar que ele repete o trânsito aparente do Sol no firmamento, e o Sol nasce para todos, sem distinção. O triângulo é a primeira das figuras geométricas planas, todas as demais podem ser reduzidas a ele, que é justamente a base dos conceitos geométricos de Pitágoras de Samos. Possui seu vértice voltado para cima, e neste sentido, simboliza o Plano Espiritual, representando nossa trajetória de evolução vertical rumo ao Criador, pois o espírito se sobrepõe à matéria. Como disse anteriormente, o Mestre de Cerimônias deve portar sempre a sua espada. Mas deve ter consciência de que ela é um instrumento litúrgico e não uma arma. Por isso jamais dever ser empunhada em riste, com o gume da sua lâmina apontado para qualquer obreiro. Ela é conduzida sempre em Sinal de Guarda, ou seja, segura pela mão direita com sua empunhadura na altura do coração sem tocar no corpo. Este procedimento ocorre sempre que não estiver transportando qualquer objeto que necessite do auxílio das duas mãos devido a seu tamanho ou peso, nesta oportunidade sua espada deve estar embainhada para ser novamente empunhada quando suas mãos estiverem novamente livres. 16 OS CARGOS EM LOJA SIMBÓLICA NO RITO ADONHIRAMIRA O MANUSEIO DO TURÍBULO Na ocasião da Saudação ao Pavilhão Nacional ela deve ser apontada para o chão formando um ângulo de 45 graus. Quando sentado em sua cadeira o Mestre de Cerimônias não “aterra” sua espada, esta postura é exclusiva do Cobridor Interno. Deve deixa-la no porta-espada se estiver disponível ou apenas próxima a ele, jamais no seu colo. O manuseio do turíbulo sem dúvida é uma das tarefas mais embaraçosas para o Mestre de Cerimônias, por isso deve ser objeto de constante treinamento para não causar constrangimentos ou prejuízo ao andamento das sessões. A Cerimônia da Incensação é uma das características do Rito Adonhiramita, e, portanto, deve ser realizada com todo rigor ritualístico. Além disso é a etapa de purificação do ambiente e dos obreiros. A correta postura e o desempenho do Mestre de Cerimônias emprestam notável beleza a esta etapa de nossos Rituais. O manuseio do turíbulo pelo Mestre de Cerimônias obedece à mesma liturgia empregada pela Igreja Católica. Os movimentos são denominados ductos e ictos, expressões derivadas do latim. Ducto significa tubo ou conduto, e icto golpe ou pulsação. Ducto é o movimento ascensional de levantar o turíbulo à altura dos olhos de quem está se incensando, e é esta mesma postura que o Mestre de Cerimônias deve observar quando executar a vênia transportando-o. Já o icto é o movimento pendular, de baixo para cima, executado na direção da pessoa que será incensada. Para executar o ducto segura-se a argola na extremidade da corrente de sustentação do turíbulo com os dedos polegar, indicador e médio da mão esquerda à altura do coração, e a metade da corrente com a mão direita e ergue-se o turíbulo. Para executar o icto segura-se o turíbulo da mesma maneira e apenas se dirige o rolo de fumaça do incenso na direção dos olhos de quem está sendo incensado. A incensação é executada sempre no eixo dos altares do Venerável Mestre e Vigilantes e nas mesas do Orador e Secretário, sempre de frente para quem está sendo incensado. Há ainda a incensação do Templo do Oriente para o Ocidente antes de descer os degraus e do Ocidente para o Oriente entre Colunas. A incensação do Átrio é executada pelo Cobridor Interno que é incensado pelo Mestre de Cerimônias e após isso o incensa também. Encerrada a Cerimônia de Incensação o turíbulo deve ser colocado no Altar dos Perfumes. O turíbulo carregado de brasas de carvão deve permanecer no interior do Templo para que o Mestre de Cerimônias possa manuseá-lo sem precisar sair. 17 OS CARGOS EM LOJA SIMBÓLICA NO RITO ADONHIRAMIRA O ACENDEDOR E O ABAFADOR O TRANSPORTE DE MATERIAIS FUNÇÕES RITUALÍSTICAS As velas dos candelabros jamais são apagadas com sopro, usa-se o abafador para tal tarefa, e da mesma forma são revigoradas com o acendedor. Ambos instrumentos devem ser conduzidos pelo Mestre de Cerimônias entre as duas mãos espalmadas e à frente do seu corpo. Devem repousar no Altar dos Perfumes quando não estiverem sendo utilizados. Por vezes os dois instrumentos encontram- se reunidos numa só peça. Os materiais e instrumentos litúrgicos devem ser transportados na maneira prescrita nos Rituais para cada caso em particular. De modo geral a regra a ser observada é transportá-los sempre que possível fazendo uma esquadria com os braços, mãos e corpo. Evidentementeobjetos de grandes dimensões e peso que necessitem do uso das duas mãos para seu transporte dispensam essa postura. Cabe ao Mestre de Cerimônias desempenhas as seguintes funções ritualísticas: Conduzir o Revigoramento da Chama Sagrada juntamente com os Irmãos 2° Experto e Arquiteto; • Organizar a Procissão e o cortejo de ingresso no Templo; • Executar a Cerimônia da Incensação; • Executar o Cerimonial do Fogo; • Formar o Pálio para a abertura e fechamento do Livro da Lei; • Exibir e ocultar o Painel do Grau após a declaração de abertura e fechamento da Loja; • Informar ao Venerável quem bate à porta do Templo após o início dos trabalhos e conduzi-los a seus lugares em Loja após a autorização de ingresso; • Levar parta o exame do Orador as credenciais maçônicas dos Irmãos visitantes; • Circular com o Saco de Propostas e Informações; • Contabilizar e informar ao Venerável Mestre o resultado das votações na aprovação dos balaústres e matérias comuns; 18 OS CARGOS EM LOJA SIMBÓLICA NO RITO ADONHIRAMIRA PROCISSÃO • Formar a Guarda de Honra para recepção de autoridades e saudação ao Pavilhão Nacional; • Acompanhar os obreiros quando necessário sua circulação em Loja; • Colher a assinatura do Secretário, Orador e Venerável Mestre após a aprovação dos balaústres; • Colher a assinatura do Chanceler e Venerável Mestre nos Certificados de Presença e entrega-los aos Irmãos visitantes; • Colher a assinatura dos obreiros presentes nas sessões que não tenham assinado o Livro de Presenças antes do início dos trabalhos; • Executar o Adormecimento do Fogo; • Organizar o cortejo de saída do Templo, e • Conduzir o Adormecimento da Chama Sagrada. É o Mestre de Cerimônias quem organiza a Procissão e o cortejo de ingresso no Templo. O Rito Adonhiramita procede ao ingresso dos obreiros no Templo de modo ordenado, compassado e silencioso, numa postura quase militar. O objetivo é exatamente evitar a entrada caótica dos maçons, posto que uma vez revigorada a Chama Sagrada o espaço físico do Templo também assume sacralidade. Nas etapas que se seguirão, a dramatização ou representação simbólica da criação do Universo através do Logo Divino terá lugar, portanto, o caos deve iniciar seu processo de ordenamento a partir deste momento, como se os átomos começassem a se agregar para se expandir posteriormente manifestando o Universo. O Átrio funciona exatamente como uma espécie de câmara de descompressão, onde nosso espírito e mente serão preparados para o trabalho maçônico libertando-se de todas as angústias, incertezas, inseguranças, medos e preocupações ligadas ao universo profano. É justamente o Mestre de Cerimônias que comanda essa alternância vibratória entre os obreiros, com voz firme, solene, e harmonizando-os mentalmente para os atos ritualísticos e litúrgicos da sessão que irá se iniciar. Deve estar com as luvas já calçadas, mesmo porque, acabou de proceder ao Revigoramento da Chama Sagrada juntamente com os Irmãos 2° Experto e Arquiteto, e assim convida os demais obreiros a imitá-lo. Coloca-se de costas para a porta do Templo, evidentemente quando o espaço físico assim o permitir, e mantendo o Sinal de Guarda. Nesta posição procede às falas ritualísticas de praxe. Na impossibilidade de realizar esta etapa nos termos do ritual por conta da exiguidade do espaço, o Mestre de Cerimônias deverá proceder da maneira mais próxima possível das descrições nele contidas. As Colunas do Templo serão simbolicamente organizadas à sua frente, a do Norte à sua direita, a do Sul à esquerda e o Oriente ao centro e após essas duas. Os visitantes praticantes de outros Ritos deverão ser orientados pelo Mestre de Cerimônias a proceder na forma do Rito Adonhiramita. Deve executar as pancadas na porta do Templo de forma audível, porém, sem violência. Ele está chamando a atenção do Cobridor Interno no interior do Templo e não tentando derrubá-la. Concedida a permissão pelo Cobridor Interno comandará o cortejo de ingresso, iniciando o convite pelos Aprendizes e encerrando com o Venerável Mestre, que deverá ser seguido por ele até o Altar da Sabedoria. 19 OS CARGOS EM LOJA SIMBÓLICA NO RITO ADONHIRAMIRA O LUGAR EM LOJA INGRESSO DE AUTORIDADES No interior do Templo verificará se todos os obreiros estão em seus respectivos lugares e os Oficiais devidamente postados, efetuando a ocupação do cargo por um Mestre ad hoc se necessário. É recomendável também que equilibre a quantidade de obreiros nas Colunas não apenas para a obtenção da simetria visual, mas principalmente para harmonizar as energias emanadas destes. Encerradas estas etapas deve dirigir-se a seu lugar no Templo e aguardar o comando do Venerável Mestre. O Mestre de Cerimônias ocupa uma cadeira no Ocidente, no topo da Coluna do Norte, ao lado da mesa do Chanceler. 20 OS CARGOS EM LOJA SIMBÓLICA NO RITO ADONHIRAMIRA A CERIMÔNIA DA INCENSAÇÃO O ingresso de autoridades maçônicas e visitantes ocorre após a Ordem do Dia. O Ritual dispõe desta maneira para que a Loja possa tratar de seus assuntos administrativos de forma particular, sem quaisquer constrangimentos. No entanto, quando essa circunstância se faz necessária, é de bom tom que o Venerável Mestre suprima esta etapa, além da leitura de balaústres e expediente, e da circulação do Saco de Propostas e Informações para evitar que as autoridades aguardem um tempo excessivo para ingressar no Templo. É comum, no entanto, estas autoridades optarem pelo ingresso sem formalidades, em família, e nesta hipótese integrarão o cortejo de acordo com suas qualidades e Grau. Nas sessões ordinárias não há formação de Guarda de Honra, caberá apenas ao Mestre de Cerimônias acompanhar e conduzir o ingresso das autoridades. Nesse caso ele deverá sair do Templo, identificar e organizar as autoridades em ordem crescente de faixa de tratamento, retornar ao Templo e informar nome, qualidade e Grau, sair do Templo e convidá-los ao ingresso acompanhando-os até seus respectivos lugares. Uma vez acomodados deverá levar o Livro de Presenças, colher suas assinaturas e retornar a seu lugar em Loja. Para proceder à Cerimônia da Incensação o Mestre de Cerimônias deve dirigir-se ao Altar dos Perfumes, tomar posse do turíbulo e alimentá-lo com brasas de carvão, passar por trás do retábulo e abrir o vaso do turíbulo para que o Venerável Mestre possa colocar as três pitadas de incenso. Feito isto posta-se à frente do Venerável Mestre e o incensa por três vezes, à sua esquerda, direita e centro exclamando ao final SABEDORIA! Dirige- se ao altar do 1° Vigilante e o incensa por três vezes exclamando FORÇA ao final, faz a vênia entre Colunas, dirige-se ao altar do 2° Vigilante, incensa-o igualmente por três vezes exclamando ao final BELEZA! Após incensar as Três Luzes da Loja dirige-se ao Oriente, fazendo a vênia antes de subir os degraus, incensa o Orador por uma vez mentalizando JUSTIÇA, passa por trás do retábulo e incensa por uma vez o Secretário mentalizando MEMORIA, faz a vênia ao Venerável Mestre na frente de seu altar e dirige-se ao Ocidente, antes de descer os degraus, incensando o Templo por três vezes, à esquerda, direita e centro mentalizando LIBERDADE, IGUALDADE e FRATERNIDADE. Desce os degraus, posta-se entre Colunas e incensa o Templo do Ocidente para o Oriente por três vezes, esquerda, direita e centro, exclamando ao final: que a paz reine em nossas Colunas! Feito isto, faz a vênia ao Venerável Mestre, volta-se na direção do Cobridor Interno e incensa-o por uma vez mentalizando DILIGÊNCIA. Troca de função com ele, que incensa o Mestre de Cerimônias mentalizando HARMONIA, e sem sair do Templo, com a porta entreaberta, incensa o Átrio e simbolicamente o 1° Experto e o Cobridor Externo, à direita e esquerda, mentalizando PAZ e AMOR. Trocanovamente de função com o Cobridor Interno, faz a vênia ao Venerável Mestre, dirige-se ao Oriente fazendo novamente a vênia antes de subir os degraus, coloca o turíbulo aberto no Altar dos Perfumes, passa por trás do retábulo, e retorna a seu lugar, fazendo a vênia ao Venerável Mestre antes de sair do Oriente e entre Colunas. 21 OS CARGOS EM LOJA SIMBÓLICA NO RITO ADONHIRAMIRA O CERIMONIAL DO FOGO O Cerimonial do Fogo é uma dramatização da expansão do Universo através da Verdadeira Luz, o FIAT LUX bíblico. Nos rituais Adonhiramitas o momento da manifestação do Universo é representado pelo desdobramento da Chama Sagrada em três atributos: SABEDORIA, FORÇA e BELEZA. O Mestre de Cerimônias dirige-se ao Altar dos Perfumes, toma posse do acendedor, passa por trás do retábulo, faz a vênia ao Venerável Mestre, eleva-o à altura 22 OS CARGOS EM LOJA SIMBÓLICA NO RITO ADONHIRAMIRA REVIGORAMENTO DAS CHAMAS dos seus olhos e mentaliza: COM A GRAÇA DO GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO, ACENDO! Faz novamente a vênia ao Venerável Mestre, sobre os três degraus do Altar da Sabedoria, entrega o acendedor a ele pelo lado esquerdo, passa por trás do retábulo, pega de volta o acendedor pelo lado direito, desce os degraus do Altar da Sabedoria, faz a vênia ao Venerável Mestre antes de descer os degraus para o Ocidente e dirige-se ao Altar da Força. Entrega o acendedor pelo lado esquerdo ao 1° Vigilante e recebe-o de volta pelo lado direito. Dirige-se ao Altar da Beleza, entrega o acendedor ao 2° Vigilante pelo lado esquerdo, recebe-o de volta pelo lado direito e apaga o acendedor com o abafador, retornando em seguida a seu lugar. É mais comum do que se imagina uma ou mais das chamas das velas se apagarem durante o decorrer de uma sessão. Se isto ocorrer o procedimento para reacende-las é o seguinte: Se a Chama Sagrada ou Fogo Eterno se apagar, o Mestre de Cerimônias passa o acendedor ao Venerável Mestre, e este o acende na Chama da Sabedoria, em seguida, o Mestre de Cerimônias revigora a Chama Sagrada. Se a Chama do Altar da Sabedoria se apagar, o Mestre de Cerimônias acende o acendedor na Chama Sagrada, e passa ao Venerável Mestre que revigora a Chama da Sabedoria. Se a Chama do Altar da Força apagar, o Mestre de Cerimônias leva o acendedor ao Venerável Mestre, que o acende na Chama da Sabedoria. Em seguida, o leva ao Primeiro Vigilante e este revigora a Chama da Força. 23 OS CARGOS EM LOJA SIMBÓLICA NO RITO ADONHIRAMIRA A TROCA DE FUNÇÕES COM O COBRIDOR NA FUNÇÃO DE SEGUNDO EXPERTO Se a Chama do Altar da Beleza se apagar, o Mestre de Cerimônias leva o acendedor ao Primeiro Vigilante que a revigora na Chama da Força. Em seguida, o Mestre de Cerimônias o leva ao Segundo Vigilante que revigora a Chama da Beleza. O acendedor é sempre apagado com o abafador após o revigoramento da respectiva Chama. O Mestre de Cerimônias volta sempre a seu lugar no Templo após o revigoramento de qualquer uma das Chamas sem a necessidade de comando. Na Cerimônia da Incensação e na circulação do Saco de Propostas e Informações o Mestre de Cerimônias troca momentaneamente de funções com o Cobridor Interno. O turíbulo e o Saco de Propostas e Informações são seguros pela mão esquerda, e a espada do Cobridor Interno é segura pela mão direita. O giro é sinistrogiro (sentido horário). Ou seja, o Mestre de Cerimônias se movimenta para o seu lado esquerdo. Não vislumbro qualquer sentido místico neste ato, julgo que é uma postura militar. A troca da Guarda Real no Palácio de Buckingham na Inglaterra ocorre num padrão muito semelhante. O que se pretende na verdade é que os 360 graus de visão do Templo estão cobertos, ou seja, um olha sempre sobre o ombro do outro durante o giro. Na hipótese de baixa frequência na sessão, se não houver Mestres suficientes para o preenchimento do cargo de Segundo Experto, é o Mestre de Cerimônias que deve executar suas funções. Para tanto recebe o comando do Primeiro Vigilante de seu lugar, se levanta em Sinal de Guarda, circula como de costume fazendo a vênia entre o Ocidente e o Oriente e entre Colunas, e sai do Templo. Retorna ao Templo, circula ritualisticamente até o Altar da Força fazendo as devidas vênias, coloca-se na posição do 2° Experto, voltado para o Venerável Mestre e faz a comunicação. Após isso retorna a seu lugar em Loja sem aguardar qualquer comando. 24 OS CARGOS EM LOJA SIMBÓLICA NO RITO ADONHIRAMIRA O RESULTADO DAS VOTAÇÕES NA FUNÇÃO DE HOSPITALEIRO A FORMAÇÃO DO PÁLIO É o Mestre de Cerimônias o Oficial encarregado de comunicar ao Venerável Mestre o resultado da votação das matérias apreciadas durante as sessões. Para tanto, logo após a manifestação dos obreiros, e sem aguardar nenhum comando, se levanta à Ordem e faz a contagem dos votos mentalmente. Bate uma palma e informa o resultado ao Venerável Mestre. Executa o Sinal de Saudação e senta-se. Na hipótese do titular do cargo de Hospitaleiro não estar presente na sessão, e não houver Mestres suficientes para preenchimento do cargo, caberá ao Mestre de Cerimônias desempenhar suas funções. Para isso receberá o comando do Venerável Mestre de seu lugar, se levantará, pegará o Tronco de Solidariedade, circulará como de costume, fazendo a vênia entre o Ocidente e o Oriente e entre Colunas, onde aguardará o comando do Venerável Mestre. Circulará da mesma maneira que o Hospitaleiro o faz, recolhendo as ofertas no Oriente e Ocidente, e trocando de função com o Cobridor Interno para efetuar sua doação. Ao término do giro auxiliará o Tesoureiro na conferência do óbolo coletado, e retornará a seu lugar em Loja sem aguardar qualquer comando. Cabe ao Mestre de Cerimônias organizar o Pálio para proteção do Orador na Abertura e Fechamento do Livro da Lei. Devem ser convidados um Mestre da Coluna do Sul e outro da Coluna do Norte, não sendo obrigatório que sejam o Arquiteto e o Segundo Experto. Dignidades que ocupam altares ou mesas não podem ser convidados, pois estes locais do Templo jamais devem estar desguarnecidos. Tampouco o Cobridor Interno poderá ser convidado, uma vez que a porta do Templo deve estar constantemente vigiada e protegida. 25 OS CARGOS EM LOJA SIMBÓLICA NO RITO ADONHIRAMIRA O SACO DE PROPOSTAS E INFORMAÇÕES No entanto, o Hospitaleiro, o Mestre de Banquete e o Bibliotecário podem ser convidados, não há nada que o impeça. Já o Mestre de Harmonia é recomendável que permaneça em seu cargo para a execução da música de fundo. Podem ser convidados Mestres visitantes, mesmo que praticantes de outros Ritos, oportunidade na qual o Mestre de Cerimônia deverá orienta-los quanto aos procedimentos ritualísticos. O convite deve ser executado de modo audível para toda Oficina. Na ocorrência de número de obreiros insuficiente para a formação do Pálio, este deve ser executado apenas pelo Mestre de Cerimônias, que, no entanto, fará o giro ritualístico completo como se estivesse convidando os Mestres das duas Colunas. A espada do Mestre de Cerimônias fica por baixo das demais na Abertura do Livro da Lei, e por cima no seu fechamento. Sua posição é frontal ao Livro da Lei, de frente para o Venerável Mestre. Após a Abertura ou Fechamento do Livro da Lei, o Orador deve ser conduzido pelo Mestre de Cerimônias a seu lugar, e só após isso o Pálio é desfeito. O Saco de Propostas e Informações é seguro pelas duas mãos, fechado, com a mão esquerda sobre o coração e a direita sobre a esquerda. A circulação obedece sempre à ordem hierárquica dos cargos e obreiros, conforme descrito no ritual. O recolhimento é sempre executado pelo lado direito dequem oferta. O Saco de Propostas e Informações deve ser ofertado pelo lado esquerdo do Mestre de Cerimônias à altura da cintura, com os braços esticados. O Mestre de Cerimônias deve sempre olhar para o lado oposto de quem está ofertando (voltando o rosto para o lado direito). Retorna o Saco de Propostas ao coração após coletar cada óbolo. Na troca de função com o Cobridor Interno deve passar o Saco de Propostas e Informações à mão esquerda deste, e com a direita segurar a espada. Após entregar o conteúdo ao Venerável Mestre deve exibir o Saco de Propostas e Informações vazio à Oficina. 26 OS CARGOS EM LOJA SIMBÓLICA NO RITO ADONHIRAMIRA O ADORMECIMENTO DO FOGO O CORTEJO DE SAÍDA O Mestre de Cerimônias dirige-se ao Altar dos Perfumes, toma posse do abafador, passa por trás do retábulo, faz a vênia ao Venerável Mestre, desce os degraus para o Ocidente e dirige-se ao Altar da Beleza. Entrega o abafador pelo lado esquerdo ao Segundo Vigilante e recebe-o de volta pelo lado direito. Dirige-se ao Altar da Força, entrega o abafador ao Primeiro Vigilante pelo lado esquerdo, recebe-o de volta pelo lado direito e dirige-se ao Altar da Sabedoria. Entrega o abafador ao Venerável Mestre pelo lado esquerdo, passa por trás do retábulo, recebe-o de volta pelo lado direito do Venerável Mestre, coloca-o no Altar dos Perfumes, completa o giro por trás do retábulo e retorna a seu lugar. O convite ao repouso se inicia pelo Venerável Mestre e eventuais ocupantes do Altar da Sabedoria. É executado do lado direito do Altar da Sabedoria, próximo ao Secretário. O Mestre de Cerimônias acompanha o Venerável Mestre, por trás dele, até a porta do Templo, e dali convida os demais obreiros ao repouso na ordem inversa do ingresso, começando pelo Oriente e encerrando pelos Aprendizes. Após todos saírem, permanece no Templo juntamente com o Segundo Experto, o Arquiteto, ou os mesmos Mestres que participaram do Revigoramento da Chama Sagrada e o Cobridor Interno. 27 OS CARGOS EM LOJA SIMBÓLICA NO RITO ADONHIRAMIRA ADORMECIMENTO DA CHAMA SAGRADA O Mestre de Cerimônias convida o Segundo Experto e Arquiteto, ou os mesmos Mestres que executaram o Revigoramento da Chama Sagrada para realizarem o Adormecimento do Fogo. Todos portam a espada no Sinal de Guarda, e as embainham no Altar dos Juramentos. O Mestre de Cerimônias se coloca no eixo do Altar dos Juramentos, de frente para o Altar da Sabedoria. Recebe o abafador do Segundo Experto e o repassa ao Arquiteto. Após adormecida a Chama Sagrada, recebe o abafador do Arquiteto e o repassa ao Segundo Experto, que o coloca sobre o Altar dos Perfumes. 28 OS CARGOS EM LOJA SIMBÓLICA NO RITO ADONHIRAMIRA OS SACERDOTES LEVITAS O ORADOR INSPIRAÇÃO Entendo como possíveis fontes de inspiração para os ritualistas, no que diz respeito à inserção do cargo de Orador nas Lojas Simbólicas os sacerdotes levitas, as legiões romanas, e as Ordens Militares de Cavalaria da Idade Média. Estas últimas colaboraram para o surgimento na França da capelania castrense, ou ordinariato, que originou a denominação Capelão, chamado de Chaplain no idioma inglês, e Orateur no francês. De acordo com a narrativa do Livro do Êxodo, IAVEH entregou a Moisés duas Tábuas da Lei, os chamados Dez Mandamentos da tradição judaico-cristã. A primeira tábua destas ordenações divinas continha quatro regras que estabeleciam a aliança entre o homem e a divindade, e a outra, seis regras da aliança entre os homens, ou seja, os padrões éticos e morais de comportamento da sociedade recém- criada. Este decálogo se tornou não apenas a base dos princípios morais, éticos e religiosos dos hebreus, resultando na Lei Mosaica, mas posteriormente o fundamento para os padrões de comportamento de toda civilização ocidental até nossos dias. No prosseguimento da narrativa, IAVEH elege os membros e descendentes da Tribo de Levi para o sacerdócio. Surgem os sacerdotes levitas. Havia ainda o Sumo Sacerdote, com autoridade sobre os demais, e que se tornou nestes primeiros tempos do povo hebreu uma espécie de juiz de inspiração divina. As Tábuas da Lei foram guardadas numa arca construída em madeira de acácia e forrada de ouro, que se tornaria a raiz do pensamento ocidental em relação à intervenção divina tanto no cotidiano, quanto nos combates. Conceito este transportado para a Idade Média. 29 OS CARGOS EM LOJA SIMBÓLICA NO RITO ADONHIRAMIRA AS LEGIÕES ROMANAS AS ORDENS DE CAVALARIA A Arca da Aliança acompanhava os hebreus nas batalhas, símbolo da presença de IAVEH SABAOTH, o “Senhor dos Exércitos” e lhes dava superioridade sobre os adversários. No cerco às muralhas de Jericó (Josué 6: 1-27) a ação da Arca da Aliança é decisiva. O Sumo Sacerdote era o responsável pelo aconselhamento espiritual nos combates e manutenção do moral do grupo, bem como no dia a dia. Foi das legiões romanas que surgiu a inspiração para as expressões latinas capelania castrense e ordinariato, empregadas na Idade Média para a função de aconselhamento espiritual dos soldados durante as campanhas militares. Castrum era a designação das fortificações construídas pelos romanos nos territórios conquistados, uma espécie de quartel, cuja execução estava à cargo do Collegia Fabrorum. Havia um oficial destacado para o aconselhamento espiritual das tropas romanas A partir de Constantino I, que se converteu ao cristianismo após a visão de uma cruz no céu, com a frase in hoc signo vinces, “com este símbolo vencerás”. A cruz, a partir daí foi adicionada aos estandartes romanos junto à famosa e temida Aquila Romana. O aconselhamento espiritual das tropas passa então a ser baseado na doutrina cristã, e esse conceito será absorvido pelos capelães medievais. As Ordens Militares de Cavalaria foram criadas para combater na Terra Santa durante as Cruzadas. Essa campanha se denominou assim justamente porque todas as Ordens utilizavam a cruz em seus brasões, os cavaleiros eram chamados de Cruzados. Eram uma espécie de monges guerreiros, que combatiam pela fé uma “Guerra Santa”, e a cruz lhes servia como estímulo numa clara herança de Constantino I, in hoc signo vinces. Tinham regras monásticas e eram ordenadas pelo Papa. As regras dos Templários, por exemplo, foram escritas por Bernardo de Claraval. 30 OS CARGOS EM LOJA SIMBÓLICA NO RITO ADONHIRAMIRA A CAPELANIA CASTRENSE O CAPELÃO NA MAÇONARIA A INSERÇÃO NOS RITUAIS Possuíam um oficial responsável pelo aconselhamento espiritual e moral das tropas, era o Capelão. As Ordens de Cavalaria exerceram influência direta na postura do Orador no Rito Adonhiramita. A Capelania Castrense e o ofício dos capelães junto aos exércitos surgiram na França por volta de 1700. Nessa época as tropas tinham entre seus oficiais um clérigo que transportava uma relíquia num recipiente chamado capela. Vem daí a designação de capelania. A capela nada mais era do que uma versão moderna da Arca da Aliança transportada pelos exércitos dos hebreus, ou seja, um símbolo da presença divina nos campos de batalha. As Tábuas da Lei foram substituídas por relíquias de santos, tais como pedaços de pano, madeira e até ossos. A Capelania e o Ordinariato Militar existem até nossos dias, evidentemente num sentido muito mais ecumênico, e cabe aos capelães militares o aconselhamento espiritual e estimular o moral das tropas. Não havia o cargo de Capelão no período operativo da Maçonaria, muito embora os construtores de templosfossem extremamente religiosos e em determinadas ocasiões fizessem orações. Da mesma forma não havia uma organização jurídica nestas guildas medievais, suas ordenações e estatutos eram estabelecidos e aplicados pelos próprios mestres das Lojas. Essa ordenação jurídica também não existia nos primórdios do período especulativo, e só vai ganhar corpo após a promulgação das Constituições de Anderson em 1723. Nos Rituais de língua inglesa o Mestre incumbido das tarefas de ordenação legal nas Lojas passa a ser chamado de Chaplain, Capelão, mas parece mais próprio da Maçonaria irlandesa e escocesa que da Inglesa, e tudo leva a crer que no princípio suas funções estavam mais ligadas à religiosidade que à normas estatutárias. Na França o cargo passa a se chamar Orateur, de onde derivou a denominação Orador em português, e juntamente com a versão uma certa confusão no que diz respeito às suas atribuições, pelo menos no meu entendimento. 31 OS CARGOS EM LOJA SIMBÓLICA NO RITO ADONHIRAMIRA MINERVA ASSOCIAÇÕES MÍTICO-FILOSÓFICAS No que diz respeito ao Rito Adonhiramita, o cargo de Orador não é mencionado na Compilação Preciosa da Maçonaria Adonhiramita, No entanto, não podemos afirmar que o cargo não existisse na época. Andrew Ramsay já ocupava o cargo de Grande Orador no Grande Oriente da França em1737, o que nos sugere a prática na Maçonaria francesa. O Orador consta da descrição dos cargos em Loja contida no primeiro ritual Adonhiramita publicado pelo GOB no Brasil, em 1836. Nessa época, os Oficiais totalizavam nove Mestres, segundo o próprio ritual este número não poderia ser alterado por conta do simbolismo de “três vezes três”. Ainda não há nessa época menção às atribuições do cargo, e tampouco funções ritualísticas, o que vai ocorrer gradativamente nos rituais posteriores Alguns autores associam o cargo de Orador à deusa romana Minerva, Palas Atenas para os gregos, que era a deusa da Sabedoria, das Artes e da Diplomacia. No meu entendimento esta associação não é aplicável no Rito Adonhiramita pela própria associação com o seu lugar no Templo, a Cabala e a Astronomia. O Altar da Sabedoria, na verdade, é ocupado pelo Venerável Mestre, é dele inclusive o voto de Minerva nas decisões empatadas. Entendo que o simbolismo do Orador esteja mais ligado aos conceitos de conhecimento e de justiça. Neste raciocínio teremos uma associação mais razoável com Maat e Thêmis, deusas da justiça para os egípcios e gregos, e Toth, o “Três Vezes Grande” do antigo Egito, deus do conhecimento. Observem que o Orador não é juiz, o Mestre que mais se aproxima dessa função é justamente o Venerável. 32 OS CARGOS EM LOJA SIMBÓLICA NO RITO ADONHIRAMIRA A CABALA A ABÓBADA CELESTE Pela sua posição geográfica no Templo, o cargo de Orador está associado à emanação da sefirote Chokmah, a sabedoria, o conhecimento, a prudência. É a segunda emanação ou sefirote, sendo associada à dualidade e ao número DOIS. Essa dualidade pode ser “medida” precisamente na balança da justiça. Chokmah está situada no eixo do Pilar da Misericórdia da Árvore da Vida, simboliza “O Pai” e o princípio masculino e ativo, além de estar associada à Letra hebraica IOD, primeira letra do inefável Nome de Deus. Conceitualmente, Chokmah está situada entre a vontade do Criador, emanada em Kether, ou o “Universo ideal”. O “Universo Real”, “o que virá a ser”, será manifestado através das emanações das demais sefirotes. Em relação à astronomia, representada na Abóbada Celeste de nossos Templos, o cargo de Orador está situado na projeção do planeta Júpiter, que emprestou seu nome da divindade romana correspondente a Zeus, rei do Olimpo para os gregos. O maior planeta do Sistema Solar. Tanto o planeta quanto a divindade estão associados à justiça. Astrologicamente é considerado um planeta retrógrado, voltado para a ancestralidade, para o conservadorismo e para a tradição. A associação parece aplicável ao cargo de Orador. 33 OS CARGOS EM LOJA SIMBÓLICA NO RITO ADONHIRAMIRA POSIÇÃO NA PROCISSÃO O LUGAR EM LOJA Na Procissão, o Orador coloca-se no eixo central, após as Colunas do Norte e do Sul, atrás do Secretário e antes do Deputado Estadual da Loja. O Orador ocupa uma mesa no Oriente, ao sudeste, do lado esquerdo do Venerável Mestre. 34 OS CARGOS EM LOJA SIMBÓLICA NO RITO ADONHIRAMIRA ATRIBUIÇÕES REQUISITOS O cargo de Orador é preenchido por votação direta, através da maioria simples de voto dos obreiros da Oficina. É uma dignidade, um dos cargos obrigatórios na Loja Simbólica e um dos sete Mestres necessários para abrir a Loja. Suas atribuições estão estabelecidas no artigo 122 do Regulamento Geral da Federação. Cabe ao Orador: Observar, promover e fiscalizar o rigoroso cumprimento das Leis Maçônicas e dos Rituais. Cumprir e fazer cumprir os deveres e obrigações a que se comprometeram os membros da Loja, à qual comunicará qualquer infração e promoverá a denúncia do infrator. Ler os textos de Leis e Decretos permanecendo todos sentados. Verificar a regularidade dos documentos maçônicos que lhe forem apresentados Apresentar suas conclusões no encerramento das discussões, sob o ponto de vista legal, qualquer que seja a matéria Opor-se, de ofício, a qualquer deliberação contrária à lei e, em caso de insistência na matéria, formalizar denúncia ao Poder competente. Manter arquivo atualizado de toda legislação maçônica. Assinar as atas das Lojas tão logo sejam aprovadas. Acatar ou rejeitar denúncias formuladas à Loja, representando aos Poderes constituídos. Em caso de rejeição, recorrer de ofício ao Tribunal competente. Nos Ritos que possuem o cargo de Orador, ele é considerado membro do Ministério Público Maçônico, muito embora não seja empossado pelo MP. O primeiro requisito para concorrer ao cargo de Orador, por óbvio, é ser Mestre Maçom. Embora não haja qualquer recomendação de interstício entre sua Exaltação e as eleições, creio ser recomendável que o postulante ao cargo possua certa vivência em Maçonaria. Deve possuir boa retórica, porém, não deve ser prolixo, falar muito. Deve ser claro em seus pronunciamentos de modo a todos compreenderem suas orientações. Não é necessário demonstrar erudição ou utilizar vocabulário requintado, mas deve evitar o uso de termos chulos, gírias, e, sobretudo, falar o idioma corretamente. 35 OS CARGOS EM LOJA SIMBÓLICA NO RITO ADONHIRAMIRA A LEGISLAÇÃO MAÇÔNICA Todo e qualquer maçom deve ter compromisso e dedicação, jurou isso voluntariamente sobre o Livro da Lei, mas as Dignidades e Oficiais devem demonstrar maior zelo com esse quesito, afinal, foram eleitos pela Oficina ou nomeados pelo Venerável Mestre para auxilia-lo na direção dos trabalhos. Deve ser assíduo e pontual, afinal, se ele pretende auditar todas as etapas das sessões além de estar presente em todas deverá participar desde o início dos trabalhos. Se pretende zelar pela disciplina e ordem dos trabalhos deve ele mesmo ser disciplinado e tornar-se um exemplo para os demais obreiros. Deve ser desembaraçado e ter iniciativa, jamais se omitir diante da necessidade de intervenção nas sessões a qualquer momento, no entanto, deve fazê-lo de modo a não causar constrangimentos, humilhações e consequentemente causar prejuízo à harmonia das sessões. Para desempenhar bem suas funções é imperativo estudar constantemente a legislação maçônica. Não é preciso decorar as normas, mesmo porque elas sofrem constante alteração, mas é necessário ao menos saber a que legislação recorrer de acordo com a circunstância. É recomendável que tenha sempre em seu poder cópia dalegislação maçônica atualizada para eventual consulta. Longe de demonstrar insegurança ou despreparo para o desempenho do cargo, essa simples medida pode render enormes benefícios à Oficina, sobretudo no que diz respeito à celeridade das decisões. Deve ser seguro, e principalmente transmitir essa segurança aos obreiros do quadro, um Orador hesitante é bastante prejudicial à Loja. Portanto, não pode ser tímido, e deve demonstrar seriedade no desempenho de suas atribuições, lembrando que seriedade não é sinônimo de mau humor ou autoritarismo. O Orador deve ser ponderado, equilibrado, e acima de tudo justo. É possível desempenhar o cargo com cordialidade e fraternidade, creiam nisso. Deve conhecer bem o tratamento de autoridades e suas respectivas faixas, pois cabe a ele saudá-las em nome da Oficina, e não é desejável a ocorrência de equívocos que possam gerar constrangimento. Deve ser extremamente atento, e principalmente não se distrair durante as sessões. O Orador é um eterno observador. Não é necessário ser profissional com formação na área de Direito para o desempenho do cargo, mas sem dúvida, o Mestre que possuir essa especialização terá chance de sucesso maior que outrem. No âmbito do Grande Oriente do Brasil, é a seguinte a legislação pertinente: A Constituição do Grande Oriente do Brasil e dos Grandes Orientes Estaduais ou Distrital ao qual a Oficina esteja jurisdicionada. O Regulamento Geral da Federação, RGF, Lei N°99 de 9 de dezembro de 2008 EV, que estabelece as normas comuns a todos os Ritos praticados no âmbito do Grande Oriente do Brasil. As particularidades estão contidas nos rituais de cada um dos Graus Simbólicos, que igualmente devem ser estudados e compreendidos pelo Orador. 36 OS CARGOS EM LOJA SIMBÓLICA NO RITO ADONHIRAMIRA A POSTURA O Código Disciplinar Maçônico, Lei N°165, de 7 de novembro de 2016 EV, que estabelece os padrões de comportamento inconformes com a Doutrina Maçônica. O Conselho de Família, Lei N°171, de 5 de abril de 2017 EV As Lojas são a primeira instância do Poder Judiciário, e o Conselho de Família é um foro conciliador, que busca a obtenção de soluções consensuais para as contendas entre os membros do quadro sem a necessidade de ajuizamento de ações. O Código Eleitoral Maçônico, Lei N°153, de 8 de setembro de 2015 EV, que estabelece os critérios para a ocorrência das eleições e candidaturas tanto nas Lojas quanto nos Grandes Orientes Geral, Estadual ou Distrital, incluindo a eleição dos representantes da Loja junto à Poderosa Assembleia Estadual Legislativa e à Soberana Assembleia Federal Legislativa. O Código de Processo Penal Maçônico, Lei N°2, de 16 de abril de 1979 EV, que estabelece as sanções e punições aos maçons, lembrando que a Loja é a primeira instância do Poder Judiciário no âmbito do Grande Oriente do Brasil. Portanto, as sentenças em primeira instância serão proferidas pelo Venerável Mestre, e ratificadas ou reformadas nas instâncias superiores, respeitando-se evidentemente o amplo direito ao contraditório. A Comissão Processante das Lojas, Lei N°132, de 25 de setembro de 2012 EV, que simbolicamente transforma as Lojas em tribunais maçônicos para julgamento de ações disciplinares, exercendo o Orador nesta oportunidade a função de promotor de justiça. O Regimento de Recompensas, Lei N°88, de 21 de setembro de 2006 EV, que estabelece os critérios para a concessão de títulos honoríficos às Lojas e aos maçons individualmente. O Estatuto da Loja e o Regimento Interno da Loja, que são obrigações constitucionais das Oficinas e que determinaram a forma de governo de cada uma delas. Os Rituais de todos os Graus Simbólicos, pois o Orador é guarda da ritualística também. Toda a legislação deve estar permanentemente atualizada. O Orador deve manter uma postura serena, isso lhe emprestará a imagem de imparcialidade e equilíbrio, atributos fundamentais para o desempenho de suas funções. Deve possuir boa impostação de voz e usar linguagem formal, evitando expressões vulgares, sem no entanto a necessidade de demonstrar erudição. Deve ser objetivo, claro, e não prolixo, é Orador porque faz oração, e não porque profere longos e cansativos discursos. Deve ser sério, mas o mesmo tempo gentil e cordial. Esse exercício contribuirá muito para sua evolução pessoal. Jamais deve descalçar suas luvas, se há um obreiro que deve demonstrar a todos que “suas mãos estão limpas” é o Orador, símbolo da justiça. 37 OS CARGOS EM LOJA SIMBÓLICA NO RITO ADONHIRAMIRA A JOIA Deve exercitar o poder de síntese, resumir seu pronunciamento apenas ao necessário. O domínio deste atributo lhe concederá um acréscimo considerável em sua capacidade de análise. É recomendável que tenha sempre às mãos cópia atualizada da legislação maçônica, e da List of Lodges, para eventuais consultas a visitantes oriundos de outras Potências. É fundamental ter à mão material para anotações, e procurar anotar tudo o que entender como relevante durante as sessões. O Orador usa do verbo quando a palavra está no Oriente, excetuando-se, obviamente, os momentos em que o ritual reclama sua manifestação. Deve separar a manifestação como obreiro, que envolve seu posicionamento pessoal em relação à alguma questão, do resumo da sessão. Portanto, tem a prerrogativa de falar em duas oportunidades na Palavra à Bem da Ordem em Geral e do Quadro em Particular, mas deve fazer uso dessa prerrogativa com parcimônia e sensatez. Fala sentado, é uma Dignidade, ocupa uma mesa, um lugar diferenciado em relação à planta do Templo. Não é examinado durante o Interrogatório, permanece sentado, e sua condição é atestada pelo Venerável Mestre, assim como a de todos os Mestres sentados no Oriente. No Rito Adonhiramita a Joia do Orador é no formato de um círculo vazado, e sua descrição consta desde o primeiro ritual publicado pelo Grande Oriente do Brasil em 1836. Diferentemente do entendimento de outros Ritos, não há associação de seu simbolismo com o Sol no Rito Adonhiramita. De acordo com a fala do Cobridor Interno em nossos rituais, a posição simbólica do Sol no Templo é ocupada pelo Venerável Mestre, portanto, não é o Orador quem o representa. Para o Rito Adonhiramita o Orador não simboliza a sabedoria, mas sim a justiça e o conhecimento. O atributo da sabedoria cabe simbolicamente ao Venerável Mestre, guardião da Coluna que leva seu nome. É o Venerável quem decide com base na decisão da maioria dos obreiros e nas orientações do Orador. É ele, o Venerável Mestre, que necessita de sabedoria para nortear suas decisões. O simbolismo do círculo no caso da Joia do Orador e outro. O círculo é uma figura geométrica na qual todas as outras podem ser inscritas, ou seja, abrange toda a manifestação. Não tem princípio nem fim, é um ciclo infinito. Representa a perenidade da ordenação e a tradição. Simboliza também a igualdade, pois não tem ângulos, lados, base, arestas ou vértices. A definição acadêmica o define como o lugar geométrico de todos os pontos equidistante. É traçado com um compasso, símbolo da expansão da consciência da divindade. É a figura geométrica mais perfeita. 38 OS CARGOS EM LOJA SIMBÓLICA NO RITO ADONHIRAMIRA MANUSEIO DO MATERIAL LITÚRGICO O LIVRO DA LEI O COMPASSO Cabe ao Orador da Loja manusear os principais instrumentos litúrgicos e símbolos da Maçonaria, o Livro da Lei, o Esquadro e o Compasso, chamados de Três Luzes da Maçonaria. Alguns autores lhes atribui a designação de Três Luzes Maiores, pois com o desenvolvimento dos rituais o Venerável Mestre e os Vigilantes foram batizados de Três Luzes da Loja, ou Três Luzes Menores. Devem estar presentes em todas as sessões. O Livro da Lei só pode ser aberto ou fechado após a formação do Pálio.Nesta ocasião o Orador deve estar descoberto e ajoelhado sobre o joelho direito. O Livro da Lei Deve ser seguro pelas duas mãos, o Orador irá manuseá-lo como se estivesse o lendo. Nos rituais Adonhiramitas do Grande Oriente do Brasil a prescrição é que seja utilizada a Bíblia como representação. O Livro da Lei deve ser aberto aleatoriamente, em qualquer página, sendo recomendável em sua metade, de modo a se constituir numa superfície plana e permitir a sobreposição do Esquadro e do Compasso sem risco de queda. Jamais é colocado no chão. Na ocasião, segundo os rituais do Grande Oriente do Brasil, é recitado o evangelho de João 1: 6 a 9. O Venerável Mestre só pode declarar a Loja aberta ou fechada após sua abertura ou fechamento, e só pode ser fechado após a Oração de encerramento. A exemplo do Livro da Lei o Compasso jamais deve ser colocado no chão. É o símbolo da divindade e do espírito. Deve ser colocado aberto em ângulo de 45° sobre o Livro da Lei, igualmente aberto. Seu vértice, ou ponta de manuseio, deve estar voltado para o Oriente, na direção do Fogo Eterno ou Chama Sagrada. O instrumento utilizado nas Lojas Simbólicas não é um compasso de desenho, tem as duas pontas secas, é uma ferramenta de obra, notadamente utilizada nas construções medievais não apenas para traçar círculos, mas igualmente para transferir medidas com maior precisão nos desenhos. 39 OS CARGOS EM LOJA SIMBÓLICA NO RITO ADONHIRAMIRA O ESQUADRO FUNÇÕES RITUALÍSTICAS Da mesma forma que os instrumentos anteriores, o Esquadro jamais deve ser colocado no chão. O Ritual determina o uso de um esquadro operativo, ou seja, do tipo utilizado na construção civil, com dois ramos desiguais, sendo um graduado e outro não. Deve ser colocado sobre o Livro da Lei aberto, com o vértice voltado para o Ocidente, na direção da porta do Templo, e seu ramo menor para o nordeste, lado do Secretário. Simboliza a retidão dos maçons e dos trabalhos realizados Cabe ao Orador desempenhar as seguintes funções ritualísticas: Abrir e fechar o Livro da Lei. Opinar pela votação após a leitura do Balaústre e eventuais correções. Assinar os Balaústres após aprovados juntamente com o Venerável Mestre. Ler o texto de decretos e leis durante o Expediente. Verificar de pé, juntamente com o Secretário, o conteúdo do Saco de Propostas e Informações. Opinar após a apreciação de matérias na Ordem do Dia sob seu aspecto legal. Opinar pelo prosseguimento do Escrutínio Secreto. Opinar após a apresentação do Quarto de Hora de Instrução. Saudar os Irmãos visitantes na Palavra à Bem da Ordem em Geral e do Quadro em Particular. Efetuar a síntese dos trabalhos e declará-los Justos e Perfeitos para que o Venerável Mestre possa fechar a Loja. 40 OS CARGOS EM LOJA SIMBÓLICA NO RITO ADONHIRAMIRA JUSTOS E PERFEITOS CONCLUSÃO Para que o Venerável Mestre possa dar início ao processo de encerramento dos trabalhos, é necessário que o Orador declare que eles tenham decorrido Justo e Perfeitos. Existe menção, como origem do termo, de uma lenda envolvendo sabotagens praticadas por lojas rivais nas guildas medievais de pedreiros. Sabotadores de outras lojas infiltrados nas obras desalinhariam propositalmente as pedras que formariam a base e paredes das construções em andamento para atrasar sua conclusão. Segundo a narrativa, justa seria a pedra rigorosamente encaixada na horizontal, representando a igualdade e o nivelamento entre os obreiros. Perfeita, seria a pedra rigorosamente encaixada na vertical, simbolizando a ascensão rumo à elevação espiritual. Assim, os Vigilantes percorreriam as obras antes e após os trabalhos para verificar a correção da colocação das pedras, e na hipótese afirmativa, diria um que os trabalhos estavam justos, e o outro que estavam perfeitos. Mas é apenas uma ficção, uma alegoria para ilustrar os conceitos da Doutrina, isso não ocorria nas guildas medievais. A real referência é bíblica, e diz respeito ao patriarca Noé, personagem da primeira versão da Lenda do Terceiro Grau. Noé, segundo a Bíblia, foi o único homem justo e perfeito aos olhos de IAVEH (Gênesis 6: 8-9). Os ritualistas se referiam à conduta desejável para os maçons. Nas Lojas Simbólicas, a declaração do Orador se refere aos trabalhos realizados, e não aos maçons. Justo é o trabalho que foi executado com justiça, e perfeito, é o que não carece de correção. Significa dizer que até aquele momento todas as etapas ritualísticas e litúrgicas foram cumpridas, bem como a legislação maçônica observada. Como vimos, o cargo de Orador é de muita responsabilidade, a regularidade da Loja também depende de sua atuação. Não é um cargo que se resume a discursos, requer amplo conhecimento da legislação maçônica e dos rituais, além de muito estudo, dedicação e compromisso. É comum o Orador ser visto com antipatia por alguns obreiros, por conta de sua atribuição de auditor das sessões, mas seu desempenho é fundamental para a regularidade da Loja. O Orador deve entender que não é juiz nem promotor de justiça, mas sim o assessor jurídico do Venerável Mestre. Sua atuação não deve ser corretiva apenas, mas principalmente preventiva. 41 OS CARGOS EM LOJA SIMBÓLICA NO RITO ADONHIRAMIRA ETIMOLOGIA A INSPIRAÇÃO O SECRETÁRIO O Secretário é um dos cargos mais importantes de uma Loja Simbólica, atua ritualística e administrativamente, é o “braço direito” do Venerável Mestre na administração das Lojas Simbólicas, e possui gigantesca responsabilidade. É um dos cargos menos concorridos pelos Mestres Maçons, mas quando bem desempenhado é alvo dos maiores elogios. Suas funções por vezes se confundem com as do Chanceler, de quem herdou várias atribuições ao longo do tempo. Possui um simbolismo muito interessante, pois está relacionado à história das Lojas e consequentemente da Maçonaria. É um dos 7 Mestres necessários para abrir a Loja Secretário vem do latim secretariu, e originalmente se referia a um local reservado, à sala de reunião dos juízes, ou a um tribunal secreto. Portanto, secretário tem a mesma raiz de segredo ou secreto. Na Idade Média o vocábulo passou a designar a pessoa a quem se podia confiar segredos. Nesta época foi associado à função o domínio da gramática e da ortografia, e por vezes o conhecimento de vários idiomas. O secretário medieval era com certeza erudito, e sua profissão se confundia com a de diplomatas e ministros dos reinos. Modernamente o secretário assumiu o conceito de assessor direto das chefias. Na Maçonaria Especulativa o Secretário desempenha ambas as funções, grava os balaústres e todos os documentos da Loja mantendo o devido sigilo, e assessora diretamente o Venerável Mestre. É uma das funções mais importantes da Oficina e um dos 7 cargos obrigatórios para a abertura de uma sessão. O cargo de Secretário evidentemente está associado à escrita, à gravação do conhecimento para transmissão às futuras gerações. Os primeiros registros do dia a dia da humanidade surgem nas pinturas rupestres das cavernas e datam de 40.000 anos. A partir daí o homem desenvolveu símbolos para facilitar a transmissão e perpetuação do conhecimento através das gerações. 42 OS CARGOS EM LOJA SIMBÓLICA NO RITO ADONHIRAMIRA O SECRETÁRIO E A ESCRITA OS ESCRIBAS EGÍPCIOS Os primeiros alfabetos eram desenhos, símbolos, ideogramas, a escrita cuneiforme surgiu na Mesopotâmia em 3500 a.C., na mesma época surgem os hieróglifos dos egípcios. As gravações dos símbolos eram feitas em argila, ossos, cascas de árvore, rochas e peles de animais. A linguagem escrita começa a se desenvolver, e o conhecimento passa a ser transmitido de forma mais eficiente.
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