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Super Apostila - ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 07 – Governança, Governabilidade e Accountability Prof. Everton Ventrice Prof. Everton Ventrice www.nota11.com.br 2 Sumário 1. Introdução e objetivos desta apostila................................................................................................. 2 2. Governança ........................................................................................................................................ 2 3. Governabilidade ................................................................................................................................ 3 3.1. Intermediação de interesses ............................................................................................................. 5 3.2. Não governabilidade ......................................................................................................................... 8 4. A relação entre Governança e Governabilidade e a evolução dos conceitos ..................................... 10 5. Accountability .................................................................................................................................. 15 6. DICA DE OURO ................................................................................................................................. 27 7. Principais pontos a serem fixados .................................................................................................... 27 8. Lista de questões que resolvemos .................................................................................................... 29 9. Gabarito ........................................................................................................................................... 40 1. Introdução e objetivos desta apostila Nesta apostila trataremos dos conceitos de governança, governabilidade e accountability, e da forma como eles se relacionam. É um tema que exige atenção pelo fato de que não há, no caso da governança, uma definição única. É um conceito que tem evoluído, e às vezes é preciso analisar qual escopo se “encaixa” melhor em cada situação. E tudo é agravada pelo fato de que, quando a estudamos mais a fundo, a governança engloba também os conceitos de governabilidade e accountability. Mas não se preocupe! Com as dicas da apostila, e após resolver todos os exercícios, você verá que tudo ficou fácil, perdendo (ou melhor, diminuindo rs) aquela sensação de que “cada hora as bancas falam uma coisa”. Vamos em frente! 2. Governança Governança refere-se à capacidade que um governo tem de cumprir suas funções, bem como formular e colocar em prática suas políticas públicas. É, portanto, uma medida da capacidade de gestão. A governança envolve as capacidades financeira, gerencial e técnica, bem como a de prover um bom relacionamento entre os setores público e privado no processo de elaboração e implementação das políticas públicas. A principal fonte da governança são os agentes e servidores públicos, já que são eles os responsáveis pela formulação e implementação das políticas públicas. Prof. Everton Ventrice www.nota11.com.br 3 Vamos ver essa definição numa questão: 1. (FCC/Anal. Jud.: Administrativa – TRE/MS). Considere as afirmativas abaixo. I. É o conjunto de condições necessárias ao exercício do poder. II. É a capacidade do governo de implementar as decisões tomadas. III. Compreende a forma de governo, relações entre os poderes, sistema partidário e equilíbrio entre as forças políticas de oposição e situação. IV. Diz respeito à capacidade de decidir. V. Envolve arranjos institucionais pelos quais a autoridade é exercida de modo a viabilizar as condições financeiras e administrativas indispensáveis à execução das decisões que o governo toma. Correspondem ao conceito de governança APENAS: a) I e II. b) III e IV. c) II e III. d) II e V. e) IV e V. Comentários: Governança refere-se às capacidades gerenciais, técnicas e financeiras de um governo executar suas funções. Associe-a sempre a termos como execução e implementação. Gabarito: Letra D. 3. Governabilidade Governabilidade refere-se à capacidade política de governar, derivada da relação de legitimidade do Estado e de seu governo com a sociedade. Se uma sociedade não aceita seu governo, por não o considerar legítimo, não haverá condições para uma boa governabilidade. O mesmo se diz quando há falta de apoio parlamentar. Tal aceitação, porém, é dinâmica, e pode mudar no decorrer do tempo. A governabilidade é intimamente ligada à capacidade de tomar decisões, as quais serão depois implementadas de acordo com a capacidade de governança. Prof. Everton Ventrice www.nota11.com.br 4 Considera-se que a principal fonte da governabilidade são os cidadãos, juntamente com a cidadania organizada, composta por partidos políticos, entidades de classe, iniciativa privada, etc. São eles que elegem os governantes e lhes proporciona apoio para sua gestão. Vejamos como isso já apareceu: 2. (ESAF/AFC – CGU). Assinale como verdadeira (V) ou falsa (F) as definições sobre a Governabilidade, relacionadas a seguir: ( ) A governabilidade refere-se às próprias condições substantivas / materiais de exercício do poder e de legitimidade do Estado e do seu governo, derivadas da sua postura diante da sociedade civil e do mercado. ( ) A governabilidade é a autoridade política do Estado em si, entendida como a habilidade que este tem para agregar os múltiplos interesses dispersos pela sociedade e apresentar-lhes um objetivo comum. ( ) A fonte e a origem da governabilidade são as leis e o poder legislativo, pois é ele que garante a estabilidade política do Estado, por representar todas as unidades da Federação e os diversos segmentos da sociedade. ( ) A fonte da governabilidade são os agentes públicos ou servidores do Estado que possibilitam a formulação / implementação correta das políticas públicas. ( ) A governabilidade é o apoio obtido pelo Estado às suas políticas e à sua capacidade de articular alianças e coalizões para viabilizar o projeto de Estado e sociedade a ser implementado. Escolha a opção correta. a) V, F, V, V, F b) F, V, F, V, V c) V, V, F, F, V d) V, F, V, F, F e) F, F, V, F, V Comentários: A fonte da governabilidade são os cidadãos, juntamente com a cidadania organizada, pois são eles que, ao se sentirem legitimamente representados, dão seu apoio ao governo. Gabarito: Letra C. Prof. Everton Ventrice www.nota11.com.br 5 3.1 Intermediação de interesses A governabilidade provém da capacidade do governo em considerar os interesses dos diversos setores da sociedade, de modo que estes legitimem suas ações. São conhecidas, porém, algumas formas de o governo aumentar sua governabilidade através de acordos com indivíduos ou subgrupos da sociedade. Veremos aqui o clientelismo e o corporativismo. 1) Clientelismo: Trata-se de uma “compra de apoio”: Enquanto os políticos oferecem empregos públicos e outras formas de benefícios, os eleitores, em troca, oferecem seus votos. Logo, é uma prática associada à corrupção. É uma ação assimétrica e vertical, associada ao Patrimonialismo e aos tempos do Coronelismo, que tende a desaparecer à medida que o nível educacional e econômico das pessoas melhora. ATENÇÃO!!! O clientelismo não deve ser confundido com outros dois conceitos: • Fisiologismo: Relaciona-se à troca de favores no campo político, como por exemplo quando um parlamentar deixa de votar algum projeto porque assim atende aos interesses de um aliado. Pode ocorrer em quaisquer dos três Poderes. • Anéis burocráticos: Caracterizados quando partesda burocracia pública são capturadas pelo sistema de interesses privado, ao mesmo tempo que partes do setor privado se aliam a segmentos da burocracia pública, de modo que determinados interesses da sociedade civil passam a existir e a se realizar dentro do Estado. É um termo criado por Fernando Henrique Cardoso para se referir a algumas práticas ocorridas no regime militar (o que não quer dizer que elas não ocorram mais nos dias de hoje). 2) Corporativismo: Trata-se de uma forma de ação organizada de grupos da sociedade através de entidades representativas. O apoio desses grupos aumenta a legitimidade do governo, que passa, teoricamente, a contar com suporte de todos aqueles representados por tais categoriais. Há basicamente dois modos de corporativismo: a. Corporativismo estatal (ou simplesmente corporativismo): O Estado é o responsável por determinar quais são os grupos legítimos, e quais as causas que eles representam, sejam elas econômicas, sociais ou políticas. Este modelo teve origem nos regimes ditatoriais, tais como a Era Vargas, no Brasil, quando o Prof. Everton Ventrice www.nota11.com.br 6 governo criou sindicatos para representar algumas classes de trabalhadores. b. Neocorporativismo (ou corporativismo societal): O Estado apenas reconhece a legitimidade de grupos formados espontaneamente pela sociedade civil, ou seja, o governo não é o responsável por determinar o escopo de sua representação. ATENÇÃO!!! É errado afirmar que o corporativismo estatal é uma característica dos governos ditatoriais. Seu conceito nasceu em regimes autoritários, mas o modelo resiste até hoje, com mais ou menos regulação do Estado, mesmo nos regimes democráticos. ATENÇÃO!!! O clientelismo e o corporativismo são conhecidos como formas de o governo aumentar sua governabilidade, que por sua vez é associada à legitimidade do Estado e de seu governo junto à sociedade. Isso quer dizer que o clientelismo é uma prática que permite que os governos sejam (melhor) aceitos pelas pessoas que dele se beneficiam, mas não significa que isso seja “legítimo” no sentido de “estar dentro da lei”. Duas questões sobre esse tópico: 3. (FGV/Auditor – CGE/MA). O clientelismo, o corporativismo e o neocorporativismo são meios utilizados pelos governos para obtenção de apoio, com vistas a aumentar sua legitimidade. A esse respeito, analise as afirmativas a seguir. I. O corporativismo é utilizado para remover ou neutralizar conflitos econômicos relacionados à concorrência de mercados, conflitos sociais relacionados à luta de classes e conflitos políticos relacionados a divergências partidárias. II. No neocorporativismo ou corporativismo societal as entidades privadas conquistaram o direito de participar do processo decisório. III. O clientelismo consiste em uma ação entre desiguais em que um é o patrão e os demais, clientes. Neste tipo de relação, políticos asseguram os votos dos setores pobres da população em troca de empregos e serviços. Assinale: a) se somente a afirmativa I estiver correta. b) se somente a afirmativa III estiver correta. c) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas. Prof. Everton Ventrice www.nota11.com.br 7 d) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas. e) se todas as afirmativas estiverem corretas. Comentários: Todas estão corretas. Gabarito: Letra E. 4. (ESAF/AFCE – TCU). Na maior parte das sociedades ocidentais constatam-se arranjos diversos de intermediação política. • Frequentemente tais arranjos caracterizam-se pela existência de redes de lealdades pessoais; de relações de compromissos entre políticos profissionais que negociam vantagens entre si e com seus seguidores; de interações envolvendo a troca de bens públicos por bens privados; e de acentuada personalização no exercício do poder político. • Muitas vezes observa-se que partes da burocracia pública são capturadas pelo sistema de interesses privados, ao mesmo tempo em que partes do setor privado se aliam a segmentos dessa burocracia, de modo que determinados interesses privados passam a existir e a se realizar dentro do Estado. • Em alguns contextos os interesses privados são organizados em associações funcionais, não competitivas, que recebem do Estado o reconhecimento institucional e o monopólio da representação dos interesses do grupo. Frequentemente tais associações são envolvidas, direta ou indiretamente, no processo de formulação e gestão de decisões públicas. • Em outros contextos, a fim de influir nas decisões públicas, os interesses privados organizam-se em um número não- especificado de associações, grupos ou categorias múltiplas, voluntárias, competitivas e autodeterminadas, não ordenadas hierarquicamente. Tais entidades não são especificamente autorizadas, reconhecidas ou subvencionadas, criadas ou, de qualquer modo, controladas pelo Estado, nem exercem o monopólio da atividade representativa. Indique a sequência conceitual que expressa mais precisamente os conceitos acima: a) Clientelismo / corporativismo / pluralismo / neocorporativismo b) Clientelismo / patrimonialismo / corporativismo / pluralismo c) Clientelismo / anéis burocráticos / corporativismo / pluralismo Prof. Everton Ventrice www.nota11.com.br 8 d) Clientelismo / anéis burocráticos / patrimonialismo / corporativismo e) Clientelismo / anéis burocráticos / corporativismo / patrimonialismo Comentários: A última definição refere-se ao pluralismo político, um dos fundamentos da República Federativa do Brasil, e que significa a diversidade de opiniões que devem estar presentes numa sociedade democrática como a brasileira. O pluralismo político não deve ser confundido com o neocorporativismo, pois neste os grupos são reconhecidos pelo Estado e, conceitualmente, possuem um escopo determinado. Gabarito: Letra C. 3.2 Não Governabilidade A não governabilidade é um conceito criado por Norberto Bobbio, que a associou a três hipóteses: 1) A não governabilidade é um problema de natureza política: autonomia, complexidade, coesão e legitimidade das instituições. A governabilidade depende do relacionamento entre a autoridade e suas instituições de governo, e da força das suas instituições de oposição. 2) A não governabilidade é o produto de uma sobrecarga de problemas aos quais o Estado responde com a expansão de seus serviços e da sua intervenção, até o momento em que os recursos se esgotam e surge uma crise fiscal. A não governabilidade, portanto, é igual à crise fiscal do Estado. 3) A não governabilidade é o produto conjunto de ambos os anteriores. É a soma de uma crise de input (legitimidade) e de uma crise de output (saídas, produtos). ATENÇÃO!!! As bancas por vezes adotam o termo “crise de governabilidade” como sinônimo da não governabilidade, em todas as três hipóteses levantadas por Bobbio. Veja um exemplo disso numa questão da ESAF: 5. (ESAF/AFCE – TCU). Sobre os problemas da governabilidade e da governança nas sociedades contemporâneas, assinale a opção incorreta. Prof. Everton Ventrice www.nota11.com.br 9 a) A crise de governabilidade é uma resultante da crise fiscal do Estado: é a incapacidade dos governos de arcar com os compromissos de gastos assumidos em programas diversos destinados a satisfazer as demandas dos vários grupos sociais, associada à sua incapacidade de ampliar a base de extração da sociedade. b) A crise de governabilidade só ocorre quando, simultaneamente: o sistema econômico não cria a medida necessária de valores de consumo, o sistema administrativo não produz escolhas racionais, o sistema de legitimação não proporciona motivações suficientes e o sistema sociocultural não proporciona sentidosque motivem a ação. c) Para que uma ordem política tenha governabilidade, o crescimento da participação política deve ser acompanhado pela legitimação e aceitação dos processos e das organizações políticas, sob o risco de perda de confiança dos cidadãos nas instituições e nos governantes. d) Para um governo, os grandes desafios da governança são: dispor de condições financeiras para implementar seus projetos; e gerenciar os quadros públicos de modo a contar com condições administrativas para transformar em realidade as decisões que toma. e) A crise de governabilidade expressa uma dupla crise: de racionalidade, na forma dos controles exigidos pelo sistema econômico; e de legitimidade, na forma de perda das lealdades de parcelas da sociedade, o que torna os controles ainda mais necessários. Comentários: A alternativa A se relaciona à segunda hipótese de Bobbio, ligada à Crise Fiscal do Estado. A alternativa C trata da crise política, ou seja, falta de legitimidade (a primeira hipótese de Bobbio). Já as alternativas D e E relacionam-se à terceira hipótese, que trata da crise política em conjunto com a Crise Fiscal. Note que o termo utilizado pela ESAF na questão foi “crise de governabilidade” (e não “não governabilidade”). Gabarito: Letra B. ATENÇÃO!!! Alguns autores, principalmente quando focam na teoria escrita por Bobbio, consideram que não governabilidade é um conceito distinto da ingovernabilidade. Para eles, a primeira refere-se às três hipóteses levantadas por Bobbio. Já a ingovernabilidade seria caracterizada apenas pela falta de apoio ao governo, ou seja, a falta de legitimidade. Mas há várias questões que tratam os termos como sinônimos. Veja um exemplo: Prof. Everton Ventrice www.nota11.com.br 10 6. (CESPE/Téc. de Finanças – SEFAZ/AL). A noção de ingovernabilidade, central na discussão acerca da crise do Estado, está relacionada ao excesso de demandas e à relativa escassez fiscal para atendê-las. Comentários: Se fôssemos adotar a nomenclatura de Bobbio a questão estaria errada, pois para ele ingovernabilidade se refere apenas à falta de legitimidade política. O CESPE, entretanto, aqui e em outras questões já considerou ambos os termos como sinônimos. Gabarito: Certo. 4. A relação entre Governança e Governabilidade e a evolução dos conceitos Os conceitos de governança e governabilidade possuem uma forte relação. Enquanto a governança precisa de um governo forte e legítimo para ser eficaz, uma boa governança também fortalece a legitimidade do governo. Essa complementariedade tem provocado uma evolução no entendimento de ambos os conceitos, além de ter feito surgirem outros. Vamos ver alguns: Capacidade governativa: Trata-se de um novo termo que engloba tanto os aspectos políticos quanto os aspectos gerenciais do Estado, dessa forma unindo os conceitos de governabilidade e governança. É defendido por alguns autores em função da interdependência entre ambos. A capacidade governativa seria então definida como “a capacidade de um sistema político produzir políticas públicas que resolvam os problemas da sociedade, ou, dizendo de outra forma, de converter o potencial político de um dado conjunto de instituições e práticas políticas em capacidade de definir, implementar e sustentar políticas”. Outra evolução tem ocorrido no entendimento de que a legitimidade não seja mais associada apenas à governabilidade, mas também à governança. Nesse caso, a legitimidade se relaciona a uma efetiva participação dos cidadãos na formulação e na implementação das políticas públicas. Com isso o conceito de governança passa a ser mais amplo que o conceito de governabilidade, já que engloba, também, as características daquele. Veja um exemplo dessa nova visão sobre governança: 7. (ESAF/AFC – CGU). O surgimento de um conceito como o de governança supõe uma mudança na forma de atuar do poder público. Prof. Everton Ventrice www.nota11.com.br 11 Assinale abaixo com que tipo de ações esta mudança está relacionada. a) Ações que garantam, por parte do poder público, com amplo respaldo popular. b) A definição de políticas públicas universais. c) Modificar as relações entre o Estado e a Sociedade Civil para dividir as responsabilidades na execução das políticas públicas. d) Ações que permitam governar de forma cooperativa, com instituições públicas e não públicas, participando e cooperando na definição e execução das políticas públicas. e) Ações que garantam o controle dos processos políticos, por parte do poder público, com medidas periódicas de prestação de contas aos cidadãos. Comentários: Veja que, enquanto a alternativa C fala em ação conjunta na execução das políticas públicas, a alternativa D vai além, e considera a participação popular também na elaboração das políticas. Gabarito: Letra D. A partir também desse novo entendimento, outros conceitos têm surgido: (Nova) Governança Participativa (ou Pública): É aquela que envolve canais institucionalizados de participação da sociedade civil na elaboração e execução das políticas públicas. O Estado então assume uma posição de coordenação e controle das políticas públicas, sendo a execução feita em conjunto com entidades civis. Um exemplo é o chamado orçamento participativo. Pode subdividir-se em: a) Governança interna: Refere-se à gestão dos recursos. b) Governança externa: Refere-se à coordenação de todas as entidades governamentais e não governamentais que participam da implementação das políticas públicas. A Governança Pública apoia-se em quatro princípios: 1. Relações éticas. 2. Conformidade (com leis e regulamentos) em todas as suas dimensões. 3. Transparência (englobando todas as informações disponíveis). 4. Prestação de contas (accountability). Governança eletrônica (e-governance): É aquela que envolve o uso de meios eletrônicos para promover e facilitar a efetiva participação da Prof. Everton Ventrice www.nota11.com.br 12 sociedade. A governança eletrônica utiliza a forma de “redes” para promover essa interação Governança progressiva: É aquela que, apesar de procurar manter a disciplina econômica obtida com as reformas estruturais, busca também “democratizar a globalização”, aliando os benefícios do mercado a um estilo de governo mais focado nas questões sociais. Boa Governança: Trata-se de uma nomenclatura difundida pelo Banco Mundial para se referir modo como a autoridade é exercida no gerenciamento dos recursos do país em direção ao desenvolvimento. É utilizada também, por entidades privadas, como sinônimo de Governança Corporativa. Metagovernança: Trata-se da “governança da governança”, ou seja, a “coordenação de diferentes formas de governança, a garantia de uma coerência mínima entre elas, a organização das condições para a governança”. Esta ideia se popularizou principalmente entre os críticos das reformas gerenciais da década de 90, que alegam que houve uma descentralização excessiva de diversas ações públicas, resultando em uma falta de controle de resultados. Hora de praticar! 8. (CESPE/Analista: Infraestrutura e Logística – Banco Central). O governo que se orienta pelo consenso e que busca a efetividade dos resultados com ações que contemplam a igualdade e a inclusão adota um modelo de governança adequado, segundo os critérios clássicos de uma boa governança. Comentários: A questão traz um conceito mais recente de governança, que engloba a legitimidade (“consenso”), assim como a participação popular e a efetividade dos resultados. Uma vez que essa noção mais recente é com frequência chamada de “boa governança”, a questão está correta. O que a deixou um pouco confusa foi a referência a “critérios clássicos” de uma boa governança, o que remete a uma ideia de algo mais tradicionale menos atual. De qualquer forma, a questão foi considerada correta. Gabarito: Certo. 9. (CESPE/AFCE – TCU). A ideia de governança está associada à capacidade de o Estado exercer uma orquestração entre o Estado e os agentes econômicos e sociais. Comentários: Prof. Everton Ventrice www.nota11.com.br 13 É isso mesmo. Trata-se de uma visão ligada ao conceito de governança pública, onde o foco é a implementação das políticas junto com a participação de atores da sociedade civil. Gabarito: Certo. 10. (CESGRANRIO/Analista – Banco Central). Governança tem sido um conceito cada vez mais utilizado no âmbito da administração pública, tendo seu sentido associado, particularmente, à nova forma de atuação estatal, que substitui perspectivas gerencialistas e burocráticas que se mostram insuficientes para lidar com a realidade contemporânea. Destaca-se, como característica dessa governança, a) a retomada do poder do Estado em definir e implementar políticas públicas. b) o fortalecimento dos princípios de legalidade, impessoalidade e moralidade na administração pública. c) o uso de instrumentos com base na teoria da escolha pública e na teoria da agência para configuração do aparelho de Estado. d) um conjunto de práticas que segue a lógica da governança corporativa adotada pelas empresas privadas. e) um conjunto de reformas administrativas e de Estado que tem como objeto a ação conjunta, compartilhada pelo Estado, pelas empresas e pela sociedade civil. Comentários: Repare que o enunciado fala em “nova forma de atuação estatal”. Se pensarmos no entendimento mais recente da governança, na qual o governo compartilha com a sociedade civil a responsabilidade pela elaboração e a implementação das políticas públicas, vemos que a última alternativa é a correta. Gabarito: Letra E. 11. (CESPE/AFCE: Auditoria – TCU). Governança trata do aperfeiçoamento dos conflitos de interesses presentes em determinada sociedade quando se trata de defender interesses. Comentários: Numa visão mais recente, esse aspecto (representatividade) também está incluído no conceito de governança, porém de modo simultâneo à execução eficaz das políticas públicos. Visto isoladamente, como nessa questão, é Prof. Everton Ventrice www.nota11.com.br 14 melhor o considerarmos dentro da definição tradicional, que o coloca como um aspecto da governabilidade. Gabarito: Errado. 12. (FCC/Especialista – SEPLADR/SP). Governança e governabilidade são conceitos imbricados, porém não coincidentes, a respeito dos quais é correto afirmar que: a) correspondem, ambos, à forma de atuação do Estado e da administração para a consecução dos objetivos públicos, sendo governança, contudo, um conceito mais restrito, na medida em não diz respeito ao denominado aparelho administrativo. b) a crise de governabilidade está relacionada com a ideia de reforma do aparelho do Estado, enquanto a crise de governança com a ideia de reforma do próprio Estado. c) correspondem, ambos, às condições políticas para a atuação administrativa, porém governança é um conceito mais amplo, que engloba também o papel do Estado de regulação da atividade econômica. d) governança diz respeito aos pré-requisitos institucionais para a otimização do desempenho administrativo, enquanto governabilidade diz respeito às condições políticas em que se efetivam as ações administrativas, tais como legitimidade e credibilidade. e) governabilidade é a forma como o aparelho estatal implementa as políticas públicas definidas pelo Governo e governança, por seu turno, corresponde ao alinhamento dessa atuação com as condições políticas vigentes. Comentários: Aqui a FCC adotou os conceitos tradicionais de governança (desempenho na gestão) e governabilidade (condições políticas). Gabarito: Letra D. 13. (CESPE/Analista Judiciário: Administrativa – TRE/ES). No modelo gerencial, a governança constitui importante ação governamental, visto que propõe a ampliação do papel da sociedade civil organizada e a diminuição do tamanho do Estado. Comentários: O novo entendimento de governança prevê maior participação popular. Além disso, o aumento da governança era um dos objetivos da reforma gerencial no Brasil, na década de 90. Gabarito: Certo. Prof. Everton Ventrice www.nota11.com.br 15 5. Accountability Accountability é um termo que se refere a ser transparente, prestar contas e ser responsabilizado no contexto da administração pública. Relaciona-se não apenas à tomada de decisões (que devem estar em conformidade com as leis), mas também ao desempenho obtido após tais decisões, que deve ser justificado em função do interesse público. Portanto, a accountability é mais do que a simples prestação de contas de natureza contábil, já que envolve também a explicitação dos critérios pelos quais são tomadas as decisões, e a qualidade dos resultados obtidos com o uso dos recursos públicos. Logo, a accountability não é algo que possa ser verificado através de uma simples auditoria. O conceito de accountability não é exato. Por isso, é comum associar suas características - ser transparente, prestar contas e ser responsabilizado – a alguns elementos, também chamados de aspectos ou dimensões: 1) Transparência (answerability, informação): Refere-se a dar publicidade àquilo que se está fazendo, deixando claro como se está respondendo às demandas da população. 2) Responsividade (responsiveness, justificação): Relaciona-se à obrigação legal de responder a questionamentos e pedidos de informações, com responsabilização pelos próprios atos. 3) Coerção (enforcement, punição): Trata-se da aplicação de sanções ou penalidades àqueles que não prestarem contas ou que violarem as leis. A accountability é um conceito que deriva da teoria da agência, que focaliza os problemas que ocorrem pelo fato de o agente (no caso, o político ou servidor público), que é aquele que recebe do principal (no caso, o povo) a incumbência de fazer algo por ele, não possuir exatamente os mesmos interesses que o principal. Pausa para algumas questões: 14. (FCC/Analista: Administração – MP/SE). O conceito de accountability liga-se a a) mecanismos contemporâneos de elaboração das contas públicas. b) formas de elaboração do orçamento público pautadas pela responsabilidade fiscal. c) sistema gerencial de controle dos gastos públicos. Prof. Everton Ventrice www.nota11.com.br 16 d) metodologia gerencial norteamericana que inspirou a Reforma Administrativa implementada nos anos 90 pelo Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado (MARE). e) prestação de contas da Administração e dos funcionários públicos perante a sociedade. Comentários: Pense em accountability como um conjunto de três fatores principais: ser transparente, prestar contas à sociedade e ser responsabilizado, caso necessário. Portanto, embora um tanto incompleta, a alternativa relacionada ao conceito de accountability é a última. Gabarito: Letra E. 15. (CESPE/AFCE – TCU). A reforma do Estado é um tema prioritário nas agendas política e acadêmica da maioria das sociedades contemporâneas. Com efeito, dezenas de países, de diferentes inclinações culturais, contextos políticos e em diferentes graus de inserção internacional, têm realizado reformas institucionais em seus sistemas políticos, econômicos e administrativos, com uma marcante repercussão na forma de atuação do Estado. Relativamente a esse tema, julgue o item a seguir: O enfoque do agente-principal considera as relações entre cidadãos e políticos como contratuais. Comentários: Exatamente. O enfoque agente-principal trata da relação entre alguém (principal) que contrata outro (agente) para agir em seu nome.Isso é exatamente o que ocorre com os políticos e servidores públicos, eleitos ou selecionados para atuar em nome do povo, segundo os interesses do povo. A chamada “teoria da agência” estuda os pontos falhos desse contrato, principalmente porque os agentes nem sempre agem de acordo com os interesses do principal que os contratou. A accountability relaciona-se também com a teoria da agência, afinal se os agentes nunca desviassem sua conduta do interesse público, não seriam necessários mecanismos de transparência, prestação de contas e responsabilização. Gabarito: Certo. 16. (FGV/Analista Legislativo: Administração – Caruaru/PE). O termo accountability tem sido relacionado à prestação de contas de uma maneira geral e, às vezes, apenas contábil e financeira. No conceito formal de accountability, entretanto, o ato de um agente público prestar contas a outros atores, formal e legalmente, apresenta-se nas seguintes dimensões: Prof. Everton Ventrice www.nota11.com.br 17 a) informação, competência e poder. b) transparência, informação e explicação. c) transparência, responsividade e coerção. d) informação, transparência e coerção. e) explicação, coerção e imposição. Comentários: De certa forma, todos os conceitos trazidos pelas alternativas estão corretos. Entretanto, os elementos mais comuns, pois se ligam diretamente à noção de accountability são: a transparência, a responsividade e a coerção. Gabarito: Letra C. ATENÇÃO!!! A accountability é a governança são conceitos com grande inter- relação. Considerando que a accountability refere-se ao grau de transparência das ações tomadas pela administração pública, entende-se que quanto maior o nível de accountability, maior a possibilidade de participação social nas decisões do governo. Portanto, maior também será a capacidade de governança, que num conceito mais amplo e recente engloba não apenas a capacidade de gestão, mas também a legitimidade, obtida com a participação popular e a efetividade dos resultados. Desse modo, a noção de accountability configura-se como um dos pilares fundamentais da boa governança contemporânea, implicando diretamente em seus resultados. Nas questões de concursos, tenha cuidado com essa relação. De maneira geral, os conceitos de governança e accountability são cobrados a partir de suas características gerais, podendo então ser facilmente diferenciados. Veja essa diferenciação em duas questões: 17. (FCC/Auditor Fiscal de Controle Externo – TCE/PI). A capacidade técnica-operacional, a responsabilização e a prestação de contas; e a legitimidade, traduzida em apoio político e social, dizem respeito a a) Governança, Accountability e Governabilidade. b) Governança, Planejamento Estratégico e Controle Externo da administração pública. c) Governabilidade, Sistema Pós-Burocrático e Obrigação das Organizações Sociais. d) Accountability, Governo Eletrônico e Planejamento Público. e) Transparência no Setor Público, Accountability e Inclusão Digital. Prof. Everton Ventrice www.nota11.com.br 18 Comentários: Aqui, cada um dos três conceitos, Governança, Accountability e Governabilidade foi definido a partir de suas características gerais. Gabarito: Letra A. 18. (CESPE/Analista Técnico-Administrativo - SUFRAMA). A prestação de contas dos resultados das ações pela administração pública diz respeito ao conceito de governança. Comentários: Note que aqui, ao considerar errada a afirmativa, o CESPE não entendeu que a prestação de contas dos resultados das ações da administração pública está ligada ao conceito de governança. Provavelmente o entendimento foi que essa prestação se liga ao conceito de accountability, muito embora, como vimos, accountability é uma característica importante da governança. Gabarito: Errado. Outras vezes, porém, a governança é considerada em seu conceito mais amplo, que engloba também a accountability. Veja como a governança foi tratada nas questões seguintes: 19. (CESPE/Analista Administrativo - ANEEL). A prestação de contas deriva da obrigação social e pública de informar sobre algo de que se é responsável, base da transparência e do controle social que caracterizam a governança, conceito que ultrapassa o da prestação de contas tradicional. A governança, desse modo, é a capacidade do governo de responder às demandas da sociedade, à transparência das ações do poder público e à responsabilidade dos agentes políticos e administração pública pelos seus atos. Comentários: Veja que, embora as características citadas definam o conceito de accountability, elas foram consideradas dentro de um conceito maior, que é a governança, que engloba não apenas a capacidade de gestão, mas também a legitimidade, obtida com a participação popular e a efetividade dos resultados. Gabarito: Certo. 20. (FGV/Analista: Administrativa – MPE/RJ). O conceito de governança é bastante amplo e utilizado de diferentes formas, a depender da perspectiva e do foco de análise. Nesse sentido, há um Prof. Everton Ventrice www.nota11.com.br 19 conjunto de práticas de governança que está estruturado em torno de dimensões fundamentais. Considere, entre essas práticas, aquela na qual deve-se “garantir que sejam apurados, de ofício, indícios de irregularidades, promovendo a responsabilização em caso de comprovação”. Essa prática faz referência ao desenvolvimento da dimensão de governança associada: a) à accountability e transparência; b) ao alinhamento transorganizacional; c) à gestão de riscos e hazard control; d) à liderança organizacional; e) ao relacionamento com stakeholders. Comentários: Repare como aqui a FGV considerou a responsabilização, uma das características que definem a accountability, como uma das dimensões da governança. Gabarito: Letra A. A accountability pode ainda ser desmembrada em três dimensões: 1) A dimensão horizontal (accountability política – perspectiva dos governantes) corresponde ao tradicional equilíbrio entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário (checks and balances), assim como outras instituições que complementam o controle mútuo entre eles, como por exemplo os tribunais de contas. 2) A dimensão vertical (accountability democrática – perspectiva dos cidadãos) é aquela exercida diretamente pela população, principalmente através das eleições, onde os governantes são recompensados ou punidos por sua atuação. Inclui ainda outros mecanismos legais de participação popular direta, tais como a ação popular. 3) A accountability societal, mais recente, busca ampliar o conceito da vertical. Trata-se de novas formas de atuação da sociedade no controle dos políticos e agentes públicos, com o objetivo de expor seus erros e ativar o funcionamento da dimensão horizontal. São exemplos de atuação dessa dimensão as associações de cidadãos, movimentos sociais, ONGs e denúncias na mídia. Tal conceito de accountability possui forte afinidade com o novo conceito de governança (advindo da governança participativa). Algumas questões que abordaram essas dimensões: Prof. Everton Ventrice www.nota11.com.br 20 21. (CESPE/AFCE – TCU). A chamada accountability horizontal implica a existência de agências e instituições estatais com poder legal e efetivo para realizar ações de controle preventivo, concomitante e a posteriori. Entre os diversos tipos, os denominados controles externos - legislativos e judiciários - têm caráter eminentemente técnico, e os internos - administrativos - têm caráter eminentemente político. Comentários: A primeira parte da afirmativa, sobre a accountability horizontal, está correta. Entretanto, a doutrina entende que o controle legislativo tem caráter eminentemente político,enquanto os controles judiciário e administrativo possuem caráter eminentemente técnico. Gabarito: Errado. 22. (ESAF/AFC – CGU). No debate sobre a accountability, diversos autores reconhecem a existência, nas poliarquias contemporâneas, de mecanismos de controle externos aos poderes Executivo, Legislativo ou Judiciário. Examine os enunciados a seguir sobre a accountability societal e depois marque a resposta correta. 1- A accountability societal é um mecanismo de controle não eleitoral que emprega ferramentas institucionais e não institucionais. 2- A accountability societal se baseia na ação de múltiplas associações de cidadãos, movimentos sociais ou mídia. 3- O objetivo da accountability societal é expor erros e falhas dos governos, trazer novas questões para a agenda pública e influenciar decisões políticas a serem implementadas por órgãos públicos. 4- Os agentes da accountability societal têm o direito e o poder legal, além da capacidade institucional para aplicar sanções legais contra as transgressões dos agentes públicos. a) Todos os enunciados estão corretos. b) Todos os enunciados estão incorretos. c) Somente o enunciado de número 1 está incorreto. d) Somente o enunciado de número 4 está incorreto. e) Somente os enunciados 2 e 3 estão incorretos. Comentários: Prof. Everton Ventrice www.nota11.com.br 21 Uma poliarquia caracteriza-se pela atuação livre de diversos grupos políticos, que se organizam no poder através de eleições limpas e democráticas. O enunciado 1 é correto, pois a accountability societal é mesmo um mecanismo de controle não eleitoral (o mecanismo eleitoral refere-se à accountability vertical), que emprega tanto ferramentas institucionais (como uma associação de combate à corrupção, por exemplo), quanto não institucionais (como uma denúncia feita por uma pessoa comum, por exemplo). Por esse mesmo motivo, o enunciado 2 também está certo. O enunciado 3 também é correto, pois a accountability societal tem, além do caráter de “fiscalização e denúncia”, também essa intenção de participação social. Finalmente, o enunciado 4 é o único errado, pois os agentes da accountability societal não têm o direito e o poder legal de aplicar sanções. Seu poder é o de levar denúncias às instâncias competentes, que decidirão ou não pelas sanções, além, é claro, de influenciar a opinião pública para penalizar os infratores posteriormente, nas urnas. Gabarito: Letra D. 23. (CESGRANRIO/Analista: Área 4 - Banco Central do Brasil). Boa governança e accountability são conceitos interdependentes. Quando o Banco Central do Brasil divulga, em seu site, diversas informações sobre sua atuação, dentre elas, a remuneração de membros da diretoria em eventos externos, exemplifica a importância da accountability vertical das organizações públicas. Entretanto, o fortalecimento da accountability vertical não depende apenas das próprias organizações públicas, sendo também fatores de seu desenvolvimento: I - ocorrência de competição real entre elites pelo poder; II - instâncias institucionais de supervisão, controle e avaliação recíproca; III - existência de liberdade de expressão e mídia independente do Estado; IV - população com bom nível educacional, renda e bem-estar; V - divisão de poderes segundo a estrutura republicana. Estão corretos APENAS os fatores a) II e V. b) I, II e IV. c) I, III e IV. d) II, III e V. e) III, IV e V. Prof. Everton Ventrice www.nota11.com.br 22 Comentários: A accountability vertical, também chamada democrática, é aquela exercida diretamente pela população, principalmente através das eleições. Portanto, o fator I é correto, já que se não houver competição pelo poder, os cidadãos não têm como realizar uma escolha efetiva. O fato II, que fala sobre instâncias institucionais, refere-se à accountability horizontal, portanto está errado. O fator III é certo, pois mídia livre e liberdade de expressão são necessários para que o povo seja informado da atuação dos políticos e possa efetuar seu julgamento nas urnas. O fator IV também é certo, pois uma população educada e com alto bem-estar possui melhor capacidade de análise, além de ficar menos refém de programas assistenciais eleitoreiros. Já o fato V é errado porque a accountability vertical não se vincula necessariamente à estrutura republicana, já que nas monarquias constitucionais modernas ela também é perfeitamente possível, pois há eleições para a formação do governo. Gabarito: Letra C. A accountability é relacionada com a responsabilidade objetiva, que é aquela resultante da obrigação legal ou contratual de responder por algo, independentemente de qual tenha sido sua vontade ao realizá-lo. Opõe-se à mera responsabilidade subjetiva, que se refere apenas à motivação interna, e pela qual uma pessoa só é responsabilizada por algo caso tenha tido a intenção de fazê-lo. Linda DeLeon vai nessa linha ao definir accountability como os sistemas de controle externo, formais ou informais, sobre o comportamento individual. Para ela, accountability não deve ser confundido com responsabilidade, que diz respeito a controles internos sobre o comportamento das pessoas, que são demonstrados pelas crenças e sentimentos pessoais. Para essa autora, nenhuma organização, nem mesmo a mais coercitiva, pode funcionar bem se só consegue obediência com base em controles externos. De qualquer maneira, a accountability (ou seja, o controle externo) é necessária, e a forma como ela se dá nas organizações é definida do seguinte modo: O ambiente político de uma organização influencia no tipo de decisão mais comum, que afeta a estrutura organizacional, que define o sistema de accountability mais apropriado: 1) Ambiente político onde as metas são claras, e os meios para atingi- las também: a. Há apenas um grupo no poder, que determina as regras. b. As decisões são tomadas através de cálculos. c. A estrutura organizacional adotada é a hierárquica. Prof. Everton Ventrice www.nota11.com.br 23 d. O sistema de accountability é o burocrático, voltado tanto para a prestação de contas quanto às regras e procedimentos (meios), quanto com relação aos objetivos. 2) Ambiente político onde as metas são incertas, mas os meios para atingi-las são claros: a. Há a ocorrência de pluralismo competitivo, onde cada parte defende um objetivo diferente. b. As decisões são tomadas por negociação. c. A estrutura organizacional adotada é a representativa. d. O sistema de accountability é o legal, voltado para a vigilância das regras, mas é flexível quanto aos objetivos. Entende que tudo aquilo que não for proibido é permitido. 3) Ambiente político onde as metas são claras, mas os meios para atingi-las são incertos: a. Há a ocorrência de comunidades profissionais, que se baseiam em alguns princípios mas há liberdade para escolha dos métodos de trabalho. b. As decisões são tomadas por consenso. c. A estrutura organizacional adotada é a colegial. d. O sistema de accountability é o profissional, voltado para o respeito à diversidade de opinião e formações (meios), e preocupando-se apenas com as metas. É considerado o mais apropriado para as organizações públicas contemporâneas. 4) Ambiente político onde as metas são incertas, e os meios para atingi- las também: a. Há a ocorrência de anarquias, por isso não é possível responsabilizar ninguém pela não obtenção de resultados e nem pelo não seguimento de regras. b. As decisões são tomadas por inspiração. c. A estrutura organizacional adotada é a de rede. d. O sistema de accountability é o político, sem regras formais, baseando-se primariamente no autocontrole, com incentivos para que cada indivíduo ou grupo não prejudique os demais e gere uma retaliação futura.Veja como isso já foi cobrado pela ESAF: Prof. Everton Ventrice www.nota11.com.br 24 24. (ESAF/AFC - CGU). A expressão accountability é associada geralmente a prestação de contas, no entanto ela pode assumir outros significados, conforme Linda DeLeon. Indique qual dos significados abaixo é correto. a) No ambiente hierárquico a accountability está relacionada a regras e procedimentos e o trabalho dos supervisores é monitorar os comportamentos dos subordinados, recompensando o certo e corrigindo o que estiver errado. b) No pluralismo competitivo a accountability é ampla, contando com a integridade e a probidade do profissional encarregado de fazer o trabalho. c) No ambiente anárquico (não hierarquizados), a accountability está relacionada com a inexistência de incentivos para que cada parte se abstenha de prejudicar os demais por medo de retaliação. d) Nas comunidades a accountability refere-se às regras formais. É permitido e mesmo esperado que, a fim de ganhar, os participantes do jogo façam tudo, contando que não seja explicitamente proibido. e) No ambiente anárquico (não hierarquizados), não há accountability. Comentários: Na ocorrência de pluralismo competitivo, a accountability é a legal, voltada à vigilância às regras. A accountability que conta com a integridade e a probidade (autocontrole) é a accountability política (letra B errada). No ambiente anárquico, a accountability está relacionada com a existência de incentivos para que cada parte se abstenha de prejudicar os demais (letra C errada). É no pluralismo competitivo (e não nas comunidades) que a accountability é voltada para a vigilância das regras e entende que tudo aquilo que não for proibido é permitido (letra D errada). No ambiente anárquico, embora sem regras formais, a accountability existe, é chamada de política, e se baseia no autocontrole, com incentivos para que cada indivíduo ou grupo não prejudique os demais (letra E errada). Gabarito: Letra A. Democracia delegativa: É um conceito criado por Guillermo O’Donnell para se referir às democracias latino-americanas, onde, segundo ele, é valorizada a accountability vertical, em detrimento da horizontal. Nas democracias delegativas aquele que vence a eleição presidencial pode governar da forma “que mais lhe convém”, com pouco respeito às leis existentes, e justificando tal comportamento pelo fato de estar representando a “vontade popular”. Esse tipo de democracia é o oposto da democracia consolidada, comum nos países desenvolvidos, onde o peso da accountability horizontal é maior. Prof. Everton Ventrice www.nota11.com.br 25 Vamos ver esses conceitos em uma questão: 25. (FCC/Especialista em Políticas Públicas – SEPLADR/SP). Com relação aos problemas da accountability nas democracias da América Latina, segundo Guillermo O´Donnell ("Uma Outra Institucionalização: América Latina e Alhures". Lua Nova, no 37,1996), é correto afirmar: a) Nesse regime híbrido, as relações entre os poderes executivo e legislativo tornam-se estratégicas. Conflitos entre os dois poderes tendem a reforçar as arenas decisórias localizadas em burocracias insuladas com impactos negativos para os rumos da democracia. b) Nas novas poliarquias latinoamericanas, afirma O´Donnell, há ausência quase total de institucionalização, combinando-se eleições fraudulentas e instituições políticas não formalizadas, com destaque para o universalismo. c) Nas democracias delegativas, a ênfase na accountability horizontal (entre as agências públicas), em detrimento da prestação de contas vertical, burocratiza os processos de tomada de decisão das políticas governamentais. d) O termo democracia delegativa caracteriza um novo tipo de democracia, que se distingue das democracias representativas mais antigas pela obrigação dos governantes cumprirem mandatos imperativos, isto é, como uma delegação do eleitor que não pode ser questionada ou alterada. e) Uma democracia delegativa pressupõe um presidente eleito fortemente constrangido pelos grupos sociais que o elegeram e que responde aos controles horizontais. Comentários: Uma poliarquia caracteriza-se pela presença de eleições limpas e democráticas. Logo, é errado afirmar que nelas combina-se eleições fraudulentas e instituições políticas não formalizadas (letra B errada). Nas democracias delegativas, a ênfase é na accountability vertical (letras C e E erradas). Além disso, nas democracias delegativas não há a “obrigação” de os governos cumprirem mandatos imperativos, sem questionamento. Pelo contrário, existem as leis e as instituições de controle que devem ser respeitadas, como os tribunais de contas. Porém tais instrumentos são frequentemente ignorados por políticos que acham que, por terem sido “eleitos com X milhões de votos”, têm carta branca para fazer tudo o que quiserem, alegando uma suposta “vontade do povo” (letra D errada). Sobra então a letra A, que pode ser marcada com mais certeza se conhecermos um Prof. Everton Ventrice www.nota11.com.br 26 pouco mais sobre o “presidencialismo de coalizão” vigente no Brasil, no qual, em função da grande pulverização de partidos, o presidente quase sempre é eleito com minoria parlamentar, e por isso precisa entrar num jogo de barganha política para obter maioria e conseguir aprovar medidas importantes. Gabarito: Letra A. O Brasil, atualmente, conta com uma accountability considerada fraca. Apesar de os instrumentos de accountability terem sofrido uma sensível melhora nas duas últimas décadas, a sociedade brasileira não possui uma cultura de se organizar e fiscalizar os agentes públicos. Alguns traços do patrimonialismo ainda são bastante fortes, assim como há um certo insulamento burocrático em diversos setores da administração pública. Veja como esse ponto foi abordado pela FGV: 26. (FGV/Agente de Fiscalização: Administração - TCM/SP). Há autores que afirmam que o exercício do Accountability não é fácil e apontam um conjunto de desafios para o seu pleno desenvolvimento no Brasil. É INCORRETO afirmar que esse desafio envolve: a) ausência de princípios, regras e normas que balizem a ação responsável e a conduta transparente do agente público; b) mudanças quanto à celeridade dos processos, principalmente, envolvendo os casos de corrupção nas diferentes esferas; c) dificuldades na integração da ação de diferentes organizações em torno do controle e responsabilização; d) empecilhos nos processos democráticos de decisão quanto à implementação e avaliação das políticas públicas; e) limitações ao real fortalecimento institucional dos municípios visando a melhorias na prestação de contas. Comentários: A única alternativa errada é a primeira, que cita uma suposta ausência de princípios e normas que balizem a conduta do agente público. No Brasil considera-se que existe um número considerável de leis e normas para tratar dos aspectos ligados à accountability. As falhas maiores estão em sua aplicação, fatores esses, entre outros, descritos nas demais alternativas. Gabarito: Letra A. Prof. Everton Ventrice www.nota11.com.br 27 6. DICA DE OURO Agora que acabamos o conteúdo da apostila, é ESSENCIAL que você vá até este capítulo no sistema Nota11 de fichas interativas e pratique! As fichas são neurologicamente formuladas para que esses pontos nunca mais saiam da sua cabeça... Esse será o grande diferencial para que você consiga estar pronto para gabaritar a prova em um tempo até 10X mais rápido que nos materiais e métodos disponíveis no mercado. 7. Principais pontos a serem fixados GOVERNANÇA GOVERNABILIDADE Refere-se à capacidade de gestão. Refere-se à capacidade política de governar. Envolve as capacidades financeira,gerencial e técnica, no processo de elaboração e implementação das políticas públicas. Deriva da relação de legitimidade do Estado e de seu governo com a sociedade. É associada com a formulação e a colocação em prática das políticas públicas. É associada com a tomada de decisões. Sua principal fonte são os agentes e servidores públicos. Sua principal fonte são os cidadãos, juntamente com a cidadania organizada. INTERMEDIAÇÃO DE INTERESSES 1) Clientelismo: “compra de apoio”. 2) Corporativismo: Ação de grupos da sociedade através de entidades representativas.: a. Corporativismo estatal: O Estado é o responsável por determinar quais são os grupos legítimos, e quais as causas que eles representam. Prof. Everton Ventrice www.nota11.com.br 28 b. Neocorporativismo: O Estado apenas reconhece a legitimidade de grupos formados espontaneamente pela sociedade civil. Fisiologismo: “troca de favores”. Anéis burocráticos: Burocracia infiltrada por interesses privados. NÃO GOVERNABILIDADE Pode se referir a: 1) Um problema de natureza política. 2) A crise fiscal do Estado. 3) O produto conjunto de ambos os anteriores. A RELAÇÃO ENTRE GOVERNANÇA E GOVERNABILIDADE • Baseia-se na complementariedade entre os conceitos. • Tem como tendência mais recente a ideia de que a legitimidade não seja mais associada apenas à governabilidade, mas também à governança. Com isso o conceito de governança passa a ser mais amplo que o conceito de governabilidade, uma vez que engloba, também, as características daquele. Outros conceitos recentes são: • Capacidade governativa • (Nova) Governança Participativa (ou Pública) • Governança eletrônica (e-governance) • Governança progressiva • Boa Governança • Metagovernança ACCOUNTABILITY Compõe-se dos seguintes elementos: 1) Transparência (answerability, informação). 2) Responsividade (responsiveness, justificação). 3) Coerção (enforcement, punição). Configura-se como um dos pilares da governança. Prof. Everton Ventrice www.nota11.com.br 29 Pode ainda ser desmembrada em 3 dimensões: 1) A dimensão horizontal (accountability política – perspectiva dos governantes). 2) A dimensão vertical (accountability democrática – perspectiva dos cidadãos). 3) A accountability societal. 8. Lista das questões que resolvemos 1. (FCC/Anal. Jud.: Administrativa – TRE/MS). Considere as afirmativas abaixo. I. É o conjunto de condições necessárias ao exercício do poder. II. É a capacidade do governo de implementar as decisões tomadas. III. Compreende a forma de governo, relações entre os poderes, sistema partidário e equilíbrio entre as forças políticas de oposição e situação. IV. Diz respeito à capacidade de decidir. V. Envolve arranjos institucionais pelos quais a autoridade é exercida de modo a viabilizar as condições financeiras e administrativas indispensáveis à execução das decisões que o governo toma. Correspondem ao conceito de governança APENAS: a) I e II. b) III e IV. c) II e III. d) II e V. e) IV e V. 2. (ESAF/AFC – CGU). Assinale como verdadeira (V) ou falsa (F) as definições sobre a Governabilidade, relacionadas a seguir: ( ) A governabilidade refere-se às próprias condições substantivas / materiais de exercício do poder e de legitimidade do Estado e do seu governo, derivadas da sua postura diante da sociedade civil e do mercado. ( ) A governabilidade é a autoridade política do Estado em si, entendida como a habilidade que este tem para agregar os múltiplos Prof. Everton Ventrice www.nota11.com.br 30 interesses dispersos pela sociedade e apresentar-lhes um objetivo comum. ( ) A fonte e a origem da governabilidade são as leis e o poder legislativo, pois é ele que garante a estabilidade política do Estado, por representar todas as unidades da Federação e os diversos segmentos da sociedade. ( ) A fonte da governabilidade são os agentes públicos ou servidores do Estado que possibilitam a formulação / implementação correta das políticas públicas. ( ) A governabilidade é o apoio obtido pelo Estado às suas políticas e à sua capacidade de articular alianças e coalizões para viabilizar o projeto de Estado e sociedade a ser implementado. Escolha a opção correta. a) V, F, V, V, F b) F, V, F, V, V c) V, V, F, F, V d) V, F, V, F, F e) F, F, V, F, V 3. (FGV/Auditor – CGE/MA). O clientelismo, o corporativismo e o neocorporativismo são meios utilizados pelos governos para obtenção de apoio, com vistas a aumentar sua legitimidade. A esse respeito, analise as afirmativas a seguir. I. O corporativismo é utilizado para remover ou neutralizar conflitos econômicos relacionados à concorrência de mercados, conflitos sociais relacionados à luta de classes e conflitos políticos relacionados a divergências partidárias. II. No neocorporativismo ou corporativismo societal as entidades privadas conquistaram o direito de participar do processo decisório. III. O clientelismo consiste em uma ação entre desiguais em que um é o patrão e os demais, clientes. Neste tipo de relação, políticos asseguram os votos dos setores pobres da população em troca de empregos e serviços. Assinale: a) se somente a afirmativa I estiver correta. b) se somente a afirmativa III estiver correta. Prof. Everton Ventrice www.nota11.com.br 31 c) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas. d) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas. e) se todas as afirmativas estiverem corretas. 4. (ESAF/AFCE – TCU). Na maior parte das sociedades ocidentais constatam-se arranjos diversos de intermediação política. • Frequentemente tais arranjos caracterizam-se pela existência de redes de lealdades pessoais; de relações de compromissos entre políticos profissionais que negociam vantagens entre si e com seus seguidores; de interações envolvendo a troca de bens públicos por bens privados; e de acentuada personalização no exercício do poder político. • Muitas vezes observa-se que partes da burocracia pública são capturadas pelo sistema de interesses privados, ao mesmo tempo em que partes do setor privado se aliam a segmentos dessa burocracia, de modo que determinados interesses privados passam a existir e a se realizar dentro do Estado. • Em alguns contextos os interesses privados são organizados em associações funcionais, não competitivas, que recebem do Estado o reconhecimento institucional e o monopólio da representação dos interesses do grupo. Frequentemente tais associações são envolvidas, direta ou indiretamente, no processo de formulação e gestão de decisões públicas. • Em outros contextos, a fim de influir nas decisões públicas, os interesses privados organizam-se em um número não- especificado de associações, grupos ou categorias múltiplas, voluntárias, competitivas e autodeterminadas, não ordenadas hierarquicamente. Tais entidades não são especificamente autorizadas, reconhecidas ou subvencionadas, criadas ou, de qualquer modo, controladas pelo Estado, nem exercem o monopólio da atividade representativa. Indique a sequência conceitual que expressa mais precisamente os conceitos acima: a) Clientelismo / corporativismo / pluralismo / neocorporativismo b) Clientelismo / patrimonialismo / corporativismo / pluralismo c) Clientelismo / anéis burocráticos / corporativismo / pluralismo d) Clientelismo / anéis burocráticos / patrimonialismo / corporativismo Prof. Everton Ventrice www.nota11.com.br 32 e) Clientelismo / anéis burocráticos / corporativismo / patrimonialismo 5. (ESAF/AFCE – TCU). Sobre os problemas da governabilidade e da governança nas sociedadescontemporâneas, assinale a opção incorreta. a) A crise de governabilidade é uma resultante da crise fiscal do Estado: é a incapacidade dos governos de arcar com os compromissos de gastos assumidos em programas diversos destinados a satisfazer as demandas dos vários grupos sociais, associada à sua incapacidade de ampliar a base de extração da sociedade. b) A crise de governabilidade só ocorre quando, simultaneamente: o sistema econômico não cria a medida necessária de valores de consumo, o sistema administrativo não produz escolhas racionais, o sistema de legitimação não proporciona motivações suficientes e o sistema sociocultural não proporciona sentidos que motivem a ação. c) Para que uma ordem política tenha governabilidade, o crescimento da participação política deve ser acompanhado pela legitimação e aceitação dos processos e das organizações políticas, sob o risco de perda de confiança dos cidadãos nas instituições e nos governantes. d) Para um governo, os grandes desafios da governança são: dispor de condições financeiras para implementar seus projetos; e gerenciar os quadros públicos de modo a contar com condições administrativas para transformar em realidade as decisões que toma. e) A crise de governabilidade expressa uma dupla crise: de racionalidade, na forma dos controles exigidos pelo sistema econômico; e de legitimidade, na forma de perda das lealdades de parcelas da sociedade, o que torna os controles ainda mais necessários. 6. (CESPE/Téc. de Finanças – SEFAZ/AL). A noção de ingovernabilidade, central na discussão acerca da crise do Estado, está relacionada ao excesso de demandas e à relativa escassez fiscal para atendê-las. 7. (ESAF/AFC – CGU). O surgimento de um conceito como o de governança supõe uma mudança na forma de atuar do poder público. Assinale abaixo com que tipo de ações esta mudança está relacionada. Prof. Everton Ventrice www.nota11.com.br 33 a) Ações que garantam, por parte do poder público, com amplo respaldo popular. b) A definição de políticas públicas universais. c) Modificar as relações entre o Estado e a Sociedade Civil para dividir as responsabilidades na execução das políticas públicas. d) Ações que permitam governar de forma cooperativa, com instituições públicas e não públicas, participando e cooperando na definição e execução das políticas públicas. e) Ações que garantam o controle dos processos políticos, por parte do poder público, com medidas periódicas de prestação de contas aos cidadãos. 8. (CESPE/Analista: Infraestrutura e Logística – Banco Central). O governo que se orienta pelo consenso e que busca a efetividade dos resultados com ações que contemplam a igualdade e a inclusão adota um modelo de governança adequado, segundo os critérios clássicos de uma boa governança. 9. (CESPE/AFCE – TCU). A ideia de governança está associada à capacidade de o Estado exercer uma orquestração entre o Estado e os agentes econômicos e sociais. 10. (CESGRANRIO/Analista – Banco Central). Governança tem sido um conceito cada vez mais utilizado no âmbito da administração pública, tendo seu sentido associado, particularmente, à nova forma de atuação estatal, que substitui perspectivas gerencialistas e burocráticas que se mostram insuficientes para lidar com a realidade contemporânea. Destaca-se, como característica dessa governança, a) a retomada do poder do Estado em definir e implementar políticas públicas. b) o fortalecimento dos princípios de legalidade, impessoalidade e moralidade na administração pública. c) o uso de instrumentos com base na teoria da escolha pública e na teoria da agência para configuração do aparelho de Estado. d) um conjunto de práticas que segue a lógica da governança corporativa adotada pelas empresas privadas. Prof. Everton Ventrice www.nota11.com.br 34 e) um conjunto de reformas administrativas e de Estado que tem como objeto a ação conjunta, compartilhada pelo Estado, pelas empresas e pela sociedade civil. 11. (CESPE/AFCE: Auditoria – TCU). Governança trata do aperfeiçoamento dos conflitos de interesses presentes em determinada sociedade quando se trata de defender interesses. 12. (FCC/Especialista – SEPLADR/SP). Governança e governabilidade são conceitos imbricados, porém não coincidentes, a respeito dos quais é correto afirmar que: a) correspondem, ambos, à forma de atuação do Estado e da administração para a consecução dos objetivos públicos, sendo governança, contudo, um conceito mais restrito, na medida em não diz respeito ao denominado aparelho administrativo. b) a crise de governabilidade está relacionada com a ideia de reforma do aparelho do Estado, enquanto a crise de governança com a ideia de reforma do próprio Estado. c) correspondem, ambos, às condições políticas para a atuação administrativa, porém governança é um conceito mais amplo, que engloba também o papel do Estado de regulação da atividade econômica. d) governança diz respeito aos pré-requisitos institucionais para a otimização do desempenho administrativo, enquanto governabilidade diz respeito às condições políticas em que se efetivam as ações administrativas, tais como legitimidade e credibilidade. e) governabilidade é a forma como o aparelho estatal implementa as políticas públicas definidas pelo Governo e governança, por seu turno, corresponde ao alinhamento dessa atuação com as condições políticas vigentes. 13. (CESPE/Analista Judiciário: Administrativa – TRE/ES). No modelo gerencial, a governança constitui importante ação governamental, visto que propõe a ampliação do papel da sociedade civil organizada e a diminuição do tamanho do Estado. 14. (FCC/Analista: Administração – MP/SE). O conceito de accountability liga-se a a) mecanismos contemporâneos de elaboração das contas públicas. Prof. Everton Ventrice www.nota11.com.br 35 b) formas de elaboração do orçamento público pautadas pela responsabilidade fiscal. c) sistema gerencial de controle dos gastos públicos. d) metodologia gerencial norteamericana que inspirou a Reforma Administrativa implementada nos anos 90 pelo Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado (MARE). e) prestação de contas da Administração e dos funcionários públicos perante a sociedade. 15. (CESPE/AFCE – TCU). A reforma do Estado é um tema prioritário nas agendas política e acadêmica da maioria das sociedades contemporâneas. Com efeito, dezenas de países, de diferentes inclinações culturais, contextos políticos e em diferentes graus de inserção internacional, têm realizado reformas institucionais em seus sistemas políticos, econômicos e administrativos, com uma marcante repercussão na forma de atuação do Estado. Relativamente a esse tema, julgue o item a seguir: O enfoque do agente-principal considera as relações entre cidadãos e políticos como contratuais. 16. (FGV/Analista Legislativo: Administração – Caruaru/PE). O termo accountability tem sido relacionado à prestação de contas de uma maneira geral e, às vezes, apenas contábil e financeira. No conceito formal de accountability, entretanto, o ato de um agente público prestar contas a outros atores, formal e legalmente, apresenta-se nas seguintes dimensões: a) informação, competência e poder. b) transparência, informação e explicação. c) transparência, responsividade e coerção. d) informação, transparência e coerção. e) explicação, coerção e imposição. 17. (FCC/Auditor Fiscal de Controle Externo – TCE/PI). A capacidade técnica-operacional, a responsabilização e a prestação de contas; e a legitimidade, traduzida em apoio político e social, dizem respeito a a) Governança, Accountability e Governabilidade. b) Governança, Planejamento Estratégico e Controle Externo da administração pública. Prof.Everton Ventrice www.nota11.com.br 36 c) Governabilidade, Sistema Pós-Burocrático e Obrigação das Organizações Sociais. d) Accountability, Governo Eletrônico e Planejamento Público. e) Transparência no Setor Público, Accountability e Inclusão Digital. 18. (CESPE/Analista Técnico-Administrativo - SUFRAMA). A prestação de contas dos resultados das ações pela administração pública diz respeito ao conceito de governança. 19. (CESPE/Analista Administrativo - ANEEL). A prestação de contas deriva da obrigação social e pública de informar sobre algo de que se é responsável, base da transparência e do controle social que caracterizam a governança, conceito que ultrapassa o da prestação de contas tradicional. A governança, desse modo, é a capacidade do governo de responder às demandas da sociedade, à transparência das ações do poder público e à responsabilidade dos agentes políticos e administração pública pelos seus atos. 20. (FGV/Analista: Administrativa – MPE/RJ). O conceito de governança é bastante amplo e utilizado de diferentes formas, a depender da perspectiva e do foco de análise. Nesse sentido, há um conjunto de práticas de governança que está estruturado em torno de dimensões fundamentais. Considere, entre essas práticas, aquela na qual deve-se “garantir que sejam apurados, de ofício, indícios de irregularidades, promovendo a responsabilização em caso de comprovação”. Essa prática faz referência ao desenvolvimento da dimensão de governança associada: a) à accountability e transparência; b) ao alinhamento transorganizacional; c) à gestão de riscos e hazard control; d) à liderança organizacional; e) ao relacionamento com stakeholders. 21. (CESPE/AFCE – TCU). A chamada accountability horizontal implica a existência de agências e instituições estatais com poder legal e efetivo para realizar ações de controle preventivo, concomitante e a posteriori. Entre os diversos tipos, os denominados controles externos - legislativos e judiciários - têm caráter Prof. Everton Ventrice www.nota11.com.br 37 eminentemente técnico, e os internos - administrativos - têm caráter eminentemente político. 22. (ESAF/AFC – CGU). No debate sobre a accountability, diversos autores reconhecem a existência, nas poliarquias contemporâneas, de mecanismos de controle externos aos poderes Executivo, Legislativo ou Judiciário. Examine os enunciados a seguir sobre a accountability societal e depois marque a resposta correta. 1- A accountability societal é um mecanismo de controle não eleitoral que emprega ferramentas institucionais e não institucionais. 2- A accountability societal se baseia na ação de múltiplas associações de cidadãos, movimentos sociais ou mídia. 3- O objetivo da accountability societal é expor erros e falhas dos governos, trazer novas questões para a agenda pública e influenciar decisões políticas a serem implementadas por órgãos públicos. 4- Os agentes da accountability societal têm o direito e o poder legal, além da capacidade institucional para aplicar sanções legais contra as transgressões dos agentes públicos. a) Todos os enunciados estão corretos. b) Todos os enunciados estão incorretos. c) Somente o enunciado de número 1 está incorreto. d) Somente o enunciado de número 4 está incorreto. e) Somente os enunciados 2 e 3 estão incorretos. 23. (CESGRANRIO/Analista: Área 4 - Banco Central do Brasil). Boa governança e accountability são conceitos interdependentes. Quando o Banco Central do Brasil divulga, em seu site, diversas informações sobre sua atuação, dentre elas, a remuneração de membros da diretoria em eventos externos, exemplifica a importância da accountability vertical das organizações públicas. Entretanto, o fortalecimento da accountability vertical não depende apenas das próprias organizações públicas, sendo também fatores de seu desenvolvimento: I - ocorrência de competição real entre elites pelo poder; II - instâncias institucionais de supervisão, controle e avaliação recíproca; Prof. Everton Ventrice www.nota11.com.br 38 III - existência de liberdade de expressão e mídia independente do Estado; IV - população com bom nível educacional, renda e bem-estar; V - divisão de poderes segundo a estrutura republicana. Estão corretos APENAS os fatores a) II e V. b) I, II e IV. c) I, III e IV. d) II, III e V. e) III, IV e V. 24. (ESAF/AFC - CGU). A expressão accountability é associada geralmente a prestação de contas, no entanto ela pode assumir outros significados, conforme Linda DeLeon. Indique qual dos significados abaixo é correto. a) No ambiente hierárquico a accountability está relacionada a regras e procedimentos e o trabalho dos supervisores é monitorar os comportamentos dos subordinados, recompensando o certo e corrigindo o que estiver errado. b) No pluralismo competitivo a accountability é ampla, contando com a integridade e a probidade do profissional encarregado de fazer o trabalho. c) No ambiente anárquico (não hierarquizados), a accountability está relacionada com a inexistência de incentivos para que cada parte se abstenha de prejudicar os demais por medo de retaliação. d) Nas comunidades a accountability refere-se às regras formais. É permitido e mesmo esperado que, a fim de ganhar, os participantes do jogo façam tudo, contando que não seja explicitamente proibido. e) No ambiente anárquico (não hierarquizados), não há accountability. 25. (FCC/Especialista em Políticas Públicas – SEPLADR/SP). Com relação aos problemas da accountability nas democracias da América Latina, segundo Guillermo O´Donnell ("Uma Outra Institucionalização: América Latina e Alhures". Lua Nova, no 37,1996), é correto afirmar: Prof. Everton Ventrice www.nota11.com.br 39 a) Nesse regime híbrido, as relações entre os poderes executivo e legislativo tornam-se estratégicas. Conflitos entre os dois poderes tendem a reforçar as arenas decisórias localizadas em burocracias insuladas com impactos negativos para os rumos da democracia. b) Nas novas poliarquias latinoamericanas, afirma O´Donnell, há ausência quase total de institucionalização, combinando-se eleições fraudulentas e instituições políticas não formalizadas, com destaque para o universalismo. c) Nas democracias delegativas, a ênfase na accountability horizontal (entre as agências públicas), em detrimento da prestação de contas vertical, burocratiza os processos de tomada de decisão das políticas governamentais. d) O termo democracia delegativa caracteriza um novo tipo de democracia, que se distingue das democracias representativas mais antigas pela obrigação dos governantes cumprirem mandatos imperativos, isto é, como uma delegação do eleitor que não pode ser questionada ou alterada. e) Uma democracia delegativa pressupõe um presidente eleito fortemente constrangido pelos grupos sociais que o elegeram e que responde aos controles horizontais. 26. (FGV/Agente de Fiscalização: Administração - TCM/SP). Há autores que afirmam que o exercício do Accountability não é fácil e apontam um conjunto de desafios para o seu pleno desenvolvimento no Brasil. É INCORRETO afirmar que esse desafio envolve: a) ausência de princípios, regras e normas que balizem a ação responsável e a conduta transparente do agente público; b) mudanças quanto à celeridade dos processos, principalmente, envolvendo os casos de corrupção nas diferentes esferas; c) dificuldades na integração da ação de diferentes organizações em torno do controle e responsabilização; d) empecilhos nos processos democráticos de decisão quanto à implementação e avaliação das políticas públicas; e) limitações ao real fortalecimento institucional dos municípios visando
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