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PROCESSOS PSICOLÓGICOS BÁSICOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM > Identificar patologias relacionadas às sensações humanas. > Explicar a dor como um problema psicofísico. > Relacionar sensação humana e intervenções psicoterapêuticas pertinentes. Introdução A sensação é um dos processos fisiológicos fundamentais para a compreensão do mundo ao nosso entorno e do nosso próprio organismo. É por meio dos órgãos sensoriais que estímulos internos e externos ao nosso corpo são identificados. As informações coletadas pelos órgãos dos sentidos sobre esses estímulos são levadas ao córtex cerebral e, assim, o indivíduo percebe o ambiente e a si próprio. A experiência sensorial é um assunto bastante relevante para o estudo e a prática da psicologia, pois nos permite conhecer os elementos que nos cercam mediante esse primeiro contato, possibilitando a atribuição de sentido às nossas vivências. Nem sempre uma experiência sensorial é agradável ou de fácil identificação. O estímulo doloroso é um sinal de alerta para o nosso organismo, de modo que identificar a sua localidade e a sua intensidade é primordial para a nossa proteção e para a manutenção da vida. No entanto, a sensação dolorosa não é apenas fisiológica: são vários os fatores que influenciam a percepção da dor. A dor é multidimensional. Como qualquer processo humano, tanto a dor quanto outras Sensação e intervenção clínica Julianne H. G. Horita experiências sensoriais podem trazer sofrimento para o indivíduo e, muitas vezes, precisam de intervenção. Compreender como as pessoas se relacionam com essas experiências é uma ferramenta importante para a atuação profissional em diversas áreas do conhecimento, incluindo a psicologia. Neste capítulo, vamos descrever algumas patologias relacionadas às sensações humanas, incluindo a experiência da dor, como problemas psicofísicos. Além disso, vamos abordar possíveis intervenções psicoterapêuticas pertinentes às alterações das experiências sensoriais. Quando sentir se torna um problema Olhos, pele, ouvidos, nariz e língua são as principais portas de entrada dos estímulos sensoriais que nos levam a experimentar a vida. No dia a dia, não estamos atentos a todas essas experiências — nem seria possível vivermos com esse nível de consciência corporal em alerta por tanto tempo. No entanto, é preciso conhecê-las a fim de sermos capazes de perceber as suas alterações. A título de exemplo, vamos imaginar um cenário juntos. Você está caminhando por uma praça com a sua mochila nas costas. O dia está ensolarado, é quase meio-dia, você sente o calor do sol na sua pele e, após um tempo, essa sensação começa a incomodá-lo. Você então percebe que o sol está queimando o seu rosto. Logo após, você enxerga um banco de madeira (que está sob a sombra de uma árvore) a uma curta distância, caminha até ele e se senta. Depois de algum tempo, você sente uma pontada no seu estômago e percebe que está com fome. Você então tira a mochila das costas, abre o zíper, pega um pacote de bolachas que havia guardado, retira uma bolacha do pacote e a leva à boca. Enquanto você mastiga, recebe o cheiro e o sabor doce da bolacha com satisfação. Você termina de mastigá-la e a engole, sentindo-a descer e aliviar um pouco o seu desconforto no estômago. Quantas experiências sensoriais você consegue identificar na situação narrada? Poderíamos, entre outras, elencar a sensação de temperatura (calor) por meio da pele, a percepção das imagens por meio da visão e o sabor doce pelo paladar. Você já imaginou viver sem alguma dessas experiências? A cena parece bastante corriqueira, e é difícil pensar que qualquer alteração nos sentidos poderia transformá-la de forma drástica. Sensação e intervenção clínica2 Nem todas as informações captadas pelos órgãos sensoriais correspondem fielmente à realidade. Muitas vezes, essas informações sofrem a influên- cia do contexto do dado momento, entre outras variáveis, que nos tornam suscetíveis a falsas sensações. Para exemplificar, vamos retornar ao nosso cenário, alterando um pouco. Você enxerga um banco de madeira (que está sob a sombra de uma árvore) a uma curta distância, caminha até ele e se senta. Depois de algum tempo, você sente uma pontada no seu estômago e percebe que está com fome. Você então tira a mochila das costas, abre o zíper e, de repente, vê um pequeno inseto voando para dentro da sua mochila. Você se afasta num pulo, sente o coração bater mais rápido, as suas mãos frias e transpirando, a sua respiração ofegante. Você observa a sua mochila por um tempo e não percebe qualquer movimento. Você então respira fundo, aproxima-se da mochila e, lentamente, abre-a com as pontas dos dedos, tentando manter o rosto afastado, mas não muito. Você olha dentro dela e vê uma folha da árvore que está fazendo sombra no banco. De alguma forma você já deve ter passado por alguma situação parecida com a da nossa história. Aqui, não há com o que se preocupar. Por vezes, somos enganados pelos nossos sentidos. Porém, em outros casos, as alterações sensoriais trazem grandes prejuízos à pessoa que é acometida por elas. As ilusões e as alucinações são as alterações mais importantes relacionadas às sensações humanas. As ilusões podem ser definidas como percepções adulteradas de um objeto existente, enquanto as alucinações são caracterizadas por percepções bem definidas de objetos sem a presença deles. Apesar de a alucinação ter essa particularidade, de uma percepção diante da ausência do estímulo sensorial, é essencial compreendê-la aqui, uma vez que os indivíduos que apresentam esse sintoma descrevem as suas sensações de forma muito específica (DALGALARRONDO, 2019). As ilusões e alucinações mais comuns são as visuais e as auditivas. As ilusões costumam se manifestar em quadros de alterações do nível de cons- ciência, do humor e da afetividade. As alucinações, de modo geral, são mais presentes em pessoas com transtornos mentais graves. A pessoa pode relatar, com clareza, ter escutado uma voz, visto uma pessoa, sentido passar um inseto na sua pele, sentido o cheiro ou o gosto de algo estragado. Além das Sensação e intervenção clínica 3 alucinações auditivas, visuais, olfativas, gustativas e táteis, temos ainda as somáticas, relacionadas a sensações anormais em diferentes partes do corpo (como sentir o cérebro encolhendo), e as cinestésicas, sensações referentes ao movimento corporal, como sentir o braço se erguendo (DALGALARRONDO, 2019). Dalgalarrondo (2019) descreve detalhadamente cada um desses tipos de alucinações e as suas relações com os diferentes transtornos mentais e neurológicos, como a esquizofrenia e outros transtornos psicóticos. Segundo o autor, ainda há outras classificações, como a alucinose e a pseudoalucinação. Na alucinose, que frequentemente ocorre em quadros psico-orgânicos, o indivíduo reconhece a experiência alucinatória como patológica. Já a pseu- doalucinação é quando a experiência parece uma alucinação, mas não tem a mesma concretude, é menos vívida e mais imprecisa. Devido à sua falta de especificidade, tem menor valor diagnóstico. Por outro lado, temos as alterações que surgem, sobretudo, com mudan- ças nos limiares das sensações. Quando sentimos de forma mais intensa ou quando a sensação parece durar mais do que deveria, ou, ao contrário, quando sentimos com pouca intensidade e de modo breve, podemos entender que, em alguma parte do processamento dos estímulos, ocorreu uma falha. Essas falhas no processamento das informações modificam as sensações, podendo causar prejuízos na vida da pessoa. De modo geral, elas podem ser causadas por lesões, doenças ou pelo uso de medicamentos. Os sentidos da gustação e do olfato são os nossos principais sentidos químicos, responsáveis por detectar substâncias químicas do ambiente. As principais alterações gustativas são: � ageusia, a ausência do paladar; � hipogeusia, a diminuição do paladar; � hipergeusia, a sensibilidade gustativa aumentada; � disgeusia,a sensação gustativa distorcida (sentir um gosto diferente da substância experimentada); � fantogeusia, a sensação de sabores específicos ou desagradáveis sem a presença do estímulo. Já as principais alterações olfativas são: � anosmia, a incapacidade total ou parcial de sentir odores; � hiposmia, a sensibilidade a odores reduzida; � hiperosmia, a sensibilidade aumentada aos estímulos olfativos; � disosmia, a percepção distorcida dos cheiros; � fantosmia, a percepção do odor sem a presença do estímulo olfativo. Sensação e intervenção clínica4 As alterações sensoriais olfativas e gustativas podem ser decor- rentes de diversos fatores, como infecções virais ou bacterianas, lesões, uso de medicamentos ou drogas, neoplasias, transtornos mentais (por exemplo, esquizofrenia), etc. Embora apresentem estruturas diferentes, olfato e paladar estão intimamente ligados, pois alterações olfativas podem influenciar a experiência sensorial gustativa. É crucial a detecção precoce de qualquer alteração para que o tratamento seja mais efetivo (PALHETA NETO et al., 2011; SCHIFFMAN, 2005). A audição é um dos sentidos fundamentais para o aprendizado da fala, tanto no processo de ouvir a voz dos outros, para realizar a reprodução vocal, quanto no processo de ouvir a si próprio, para obter informações sobre o desempenho da articulação da fala. A perda auditiva e a surdez são as alte- rações mais comuns, juntamente ao zumbido, que consiste em uma sensação persistente de um ruído, um som geralmente agudo, em um ou em ambos os lados, sem estímulos. São muitas as causas possíveis, e esse sintoma ainda pode se tornar crônico. Já a perda da sensibilidade auditiva e a surdez podem trazer dificuldades sociais aos indivíduos devido à importância da audição para a comunicação humana (KANDEL et al., 2014; SCHIFFMAN, 2005). É importante ressaltar que a surdez não impossibilita o indivíduo de se comunicar, uma vez que a linguagem dos sinais existe para estabelecer essa comunicação com o outro. O órgão mais extenso do nosso corpo é a pele, cujas principais funções são a sensação e a proteção do nosso organismo. Por meio dela, obtemos informações básicas sobre temperatura, pressão e dor, que nos permitem perceber se algo próximo a nós é perigoso ou não e se há algo de errado com o nosso corpo. As alterações táteis, assim como as anteriores, podem sofrer alterações de sensibilidade aumentada ou reduzida, respectivamente, hiperestesia e hipoestesia, bem como a perda da sensibilidade tátil em parte ou em todo o corpo, a chamada anestesia. Outras alterações possíveis são a parestesia, descrita como uma sensação espontânea desagradável na forma de formigamentos, queimações, pontadas ou adormecimentos, e a disestesia, que consiste em sensações distorcidas dos estímulos, como sentir frio diante de um estímulo quente (DALGALARRONDO, 2019; SCHIFFMAN, 2005). Sensação e intervenção clínica 5 A nossa visão é um sistema bastante estudado e, portanto, há muitas informações sobre o seu mecanismo e as suas estruturas. A luz é o estímulo físico que percorre o sistema visual, sendo processada em toda a sua comple- xidade para a identificação de cores, formas, movimentos e profundidades. São várias as patologias possíveis decorrentes de complicações no processamento sensorial da visão, podendo estar relacionadas ao reconhecimento de cores ou de características específicas das imagens, a um prejuízo no campo ou na acuidade visual, acarretando até mesmo na perda completa do sentido da visão, etc. (KANDEL et al., 2014). Para a maioria das alterações citadas anteriormente, se não todas, po- deríamos incluir o processo de envelhecimento normal como uma possível causa. A degradação das estruturas neurais ocorre à medida que nós enve- lhecemos; consequentemente, o processamento das informações captadas pelos estímulos fica prejudicado. Para o idoso, isso significa uma série de limitações funcionais e a perda da autonomia, o que impacta diretamente a sua qualidade de vida e a sua saúde mental. Lamas e Paúl (2013) e Lima (2007) apontam que o declínio gradual das funções sensoriais no envelhecimento pode trazer consequências biopsicossociais, como isolamento social, depressão e ansiedade, além da inerente perda funcional. Ressaltam, assim, a importância de se conhecer o processo natural do envelhecimento biológico a fim de se preparar para viver essa fase da vida com dignidade. Alterações sensoriais no transtorno de pânico Segundo o DSM-5, o transtorno de pânico é caracterizado por ataques de pânico recorrentes e inesperados, relacionados a um medo intenso, que envolvem sintomas como taquicardia, sudorese, tremores, falta de ar ou sufocamento, dor ou desconforto torácico, tontura, calafrios ou ondas de calor, parestesias, desrealização ou despersonalização, medo de perder o controle e de morrer (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014). Esses sintomas ocorrem a partir de uma interpretação equivocada das sensações, nas quais o indivíduo acredita que algumas variações sensoriais podem representar uma ameaça à sua integridade física, como bem identificaram Montiel et al. (2014) no seu estudo sobre distorções cognitivas em pacientes com transtorno de pânico. De acordo com os autores, pensamentos como os Sensação e intervenção clínica6 de catastrofização (por exemplo, estou sentindo dor, deve ser uma doença grave) e generalização (por exemplo, se alguém passar mal, então eu também vou passar mal) tendem a desencadear ataques de pânico. É importante identificar quais sensações estão sendo percebidas de modo distorcido para que possamos naturalizar essas experiências. A partir disso, o paciente pode compreender que variações sensoriais nem sempre significam que algo ruim vai acontecer, o que diminui a sua angústia e a possibilidade de novos ataques de pânico. Alterações sensoriais no transtorno do espectro autista Para além do comprometimento na comunicação social, na interação social e no comportamento, uma das particularidades do transtorno do espectro autista (TEA) são as alterações sensoriais. Um dos critérios descritos pelo DSM-5 trata da reatividade a estímulos sensoriais, que pode estar aumentada ou reduzida, assim como pode haver aparente indiferença a sensações de dor ou temperatura e aversão a certos sons e texturas. Também é relatado interesse incomum por aspectos sensoriais do ambiente, como cheirar ou tocar objetos excessivamente, e atração por estímulos visuais, como luzes ou movimento (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014). Um dos comportamentos relacionados às alterações sensoriais nas pessoas com TEA que chamam a atenção é a seletividade alimentar. Esse comportamento também pode ser observado em crianças sem o transtorno, mas é bem mais recorrente em crianças dentro do espectro autista. Devido à sensibilidade referente a cheiro, textura, sabor e cor, o ato de comer fica restrito a certos alimentos, o que pode causar uma nutrição inadequada (POSAR; VISCONTI, 2018; SILVA et al., 2021). A relação entre comportamento alimentar e alterações sensoriais não tem sido muito explorada no campo científico, o que seria relevante para se pensar em estratégias de intervenção com o objetivo de facilitar o cui- dado com a alimentação das crianças dentro do espectro autista. Pela variedade de estímulos sensoriais existentes e pela amplitude de padrões comportamentais observados em pessoas com TEA, torna-se pertinente ampliar os estudos das disfunções sensoriais nessa população a fim de que seja possível aprimorar as intervenções e diminuir o sofrimento provocado por elas. Sensação e intervenção clínica 7 Até aqui, vimos diversas mudanças que podem acometer os nossos sis- temas sensoriais e como isso pode ser fonte de sofrimento para o indivíduo, principalmente quando essas mudanças estão associadas a algum transtorno. A seguir, vamos focar na experiência da dor, que, apesar de afligir aquele que a sente, tem uma importante funçãode proteção do organismo. A dor e as suas dimensões Falar em dor parece simples, mas não é. Quando nos machucamos, sen- timos dor e isso parece bastante óbvio, certo? Mas você já parou para pensar se duas pessoas com o mesmo tipo de ferimento sentem a mesma dor? A sensação dolorosa é atravessada por diversos fatores e pode ser modificada de acordo com as nossas experiências prévias de dor. Ela pode ser definida como uma sensação relacionada a uma lesão física ou a uma possível lesão, que é influenciada por fatores afetivos, cognitivos e ambientais. Ou seja, a percepção da dor não é só diferente em indivíduos que apresentam algum transtorno: ela é uma experiência única para cada ser humano (CARVALHO, 1999). De acordo com Carvalho (1999), a dor ainda pode ser classificada em aguda ou crônica. A dor aguda é mais breve, associada a lesões, quadros de infecção ou inflamação, e geralmente cessa quando a causa é solucionada. Já a dor crônica tem como característica a persistência, tanto no tempo, que pode durar anos, como no fato de que pode resistir à cura da lesão. A dor crônica pode ser intensificada e até mesmo gerada por questões ambientais ou outros estressores. Por consequência, pode ocasionar limitações funcionais, alterações emocionais e comportamentais e prejuízos nos âmbitos social e profissional. Apesar das diferenças, ambos os tipos de dor são experiências subjetivas e podem ser modulados pelas emoções. De acordo com Simurro (2014, p. 27), “[...] a subjetividade do fenômeno da dor deve -se ao fato de os aspectos sensoriais estarem intimamente relacio- nados com os aspectos afetivos e cognitivos dos indivíduos”. Essa explicação parte da psicofisiologia, que, ainda segundo a autora, busca relacionar a subjetividade humana aos processos fisiológicos do corpo. Dentro dessa abordagem, compreendemos que a percepção da dor está envolvida em um emaranhado de variáveis, como as emoções, o significado da dor para cada indivíduo, estilos de enfrentamento, experiências anteriores de dor, cultura e fatores ambientais estressantes. Sensação e intervenção clínica8 É realmente complexo avaliar e quantificar a dor tendo em vista o seu fator multidimensional, mas é primordial realizar uma boa avaliação para a definição do tratamento, seja ele medicamentoso ou terapêutico. Há escalas unidimensionais, que abordam a dor apenas em relação à sua intensidade, e escalas ou questionários multidimensionais, que avaliam múltiplas variáveis. Ainda que a maioria das escalas esbarre em alguma limitação na sua avaliação, é importante considerar os objetivos clínicos da sua aplicação. De qualquer modo, o indicador mais fiel para mensurar a dor continua sendo o relato do indivíduo, pois ele é o único que pode dizer sobre a sua dor. Esse relato deve ser acolhido, validado e respeitado, mesmo que o avaliador não compreenda a origem da dor ou já tenha tentado várias linhas de tratamento. Embora não haja qualquer marcador biológico da dor, a descrição individual e o autorregistro geralmente fornecem evidências acuradas, fidedignas e suficientes para detectar a presença e a intensidade da dor. De fato, não há qualquer marcador biológico disponível até o presente momento para indicar a presença ou o grau da dor, exceto os indicadores manifestados por aqueles vivenciando dor (SILVA; RIBEIRO-FILHO, 2011, p. 142). Algo que não podemos deixar de destacar em relação a esse autorregistro é o entrave da comunicação. A pessoa com dor só pode falar da sua sensação dolorosa se tiver a habilidade de se comunicar. Isso quer dizer que bebês, crianças pequenas, algumas pessoas com deficiências ou pacientes inter- nados em unidades hospitalares com alteração do nível de consciência não conseguiriam relatar a sua dor. Então, como avaliar a dor dessas pessoas? Silva e Ribeiro-Filho (2011) falam de três indicadores da sensação de dor: 1. os de autorregistro, obtidos pela autoavaliação, como já mencionado; 2. os observáveis, essencialmente comportamentais; 3. os fisiológicos, a partir de alterações biológicas. Comumente, a observação do comportamento é feita por um profissional ou familiar. Expressões faciais, choro, agitação e tensão muscular são alguns comportamentos observados em episódios de dor aguda, mesmo que não se- jam exclusivos desta. Embora não haja marcadores biológicos da dor, algumas alterações fisiológicas relacionadas ao estresse podem ser compreendidas como resposta à dor, como alterações na frequência cardíaca, na pressão arterial, na respiração, etc. Esses dois últimos indicadores também podem ser usados para complementar as informações adquiridas no autorrelato. Sensação e intervenção clínica 9 E por que entender o fenômeno da dor é importante para a psicologia? Não somente pelo simples fato de sermos seres humanos e estarmos sujeitos a sentir dor, mas também porque é uma queixa bastante comum nos consultórios e em outras áreas de atuação, sobretudo para o psicólogo hospitalar. Nos consultórios, as demandas, em geral, são para o tratamento da dor crônica; já nos hospitais, mais frequentemente são para o tratamento da dor aguda, apesar de não serem incomuns pacientes com dores crônicas. Além disso, como a abordagem da dor deve ser multidisciplinar, conside- rando os seus aspectos multidimensionais, é pertinente que os psicólogos busquem estudar a complexidade da dor e contribuam cientificamente com os estudos da dor do ponto de vista da avaliação psicológica. Em um estudo sobre a produção científica psicológica brasileira sobre dor e as principais variáveis analisadas, podemos verificar que a psicologia brasileira não tem se mostrado presente na área, e os poucos que se arriscaram não atenderam às demandas da literatura, pois houve um número reduzido de variáveis psicossociais de relevância para o estudo da dor (ALMEIDA et al., 2010). Dor fantasma A dor no membro fantasma desperta a curiosidade nos profissionais de saúde e o seu modo de funcionamento ainda não é bem definido. Ela se ca- racteriza por sensações dolorosas no membro amputado, como queimação, formigamento, etc. Costuma estar presente nos primeiros dias após a perda do membro, mas pode se tornar uma condição crônica. A interrupção do envio de informações sensoriais de uma parte do corpo para o sistema nervoso central causa uma desorganização desse fluxo, ati- vando as vias da dor. Nós criamos uma imagem corporal por meio das nossas percepções e ela está mapeada em nosso córtex cerebral. Assim, a expressão da dor fantasma parece estar relacionada à dificuldade de adaptação à ausência do membro amputado, em nível tanto fisiológico quanto psíquico (DEMIDOFF; PACHECO; SHOLL-FRANCO, 2007). As abordagens para o tratamento dessa dor envolvem não só medica- mentos específicos, mas também outras terapêuticas, como relaxamento, meditação, exercícios mentais virtuais e o uso de projeção de imagem espelho. Sensação e intervenção clínica10 A terapia do espelho consiste em estabelecer uma ilusão do membro fantasma com a imagem projetada do membro íntegro no espelho, criando a sensação virtual de ter o membro de volta, na intenção de que a pessoa consiga realizar movimentos e sentir a resposta do membro fantasma (Figura 1). O objetivo é ativar os córtex sensorial e motor para que os estímulos possam promover a reorganização do sistema nervoso central e, consequentemente, a redução da intensidade da dor (SOUZA; CARQUEJA; BAPTISTA, 2016). Figura 1. Técnica da terapia do espelho. Fonte: Therapeutic background (2021, documento on-line). Nesta seção, vimos que a abordagem da dor deve ser feita de modo mul- tidisciplinar, e isso não é diferente quando tratamos de outras patologias relacionadas às alterações sensoriais. Entretanto, precisamos focar no nosso papel de psicólogo e em como nós podemos intervir a fim de contribuir para a diminuição da angústia daqueles que são acometidos por transtornos e disfunções dos sentidos. Adiante, veremos algumas formas de se trabalharcom as patologias mencionadas. Técnicas psicoterápicas para alterações sensoriais Como vimos até aqui, há uma diversidade de experiências sensoriais e, por consequência, múltiplas formas de intervir quando estas estão alteradas. O processo psicoterapêutico deve sempre levar em consideração a individuali- Sensação e intervenção clínica 11 dade da vivência do paciente, então todas as técnicas discutidas aqui devem ser aplicadas conforme uma avaliação criteriosa das questões trazidas por ele. Uma boa anamnese (entrevista inicial) para identificar a queixa principal e obter o contexto em que se dão as alterações das sensações é o ponto de partida. Os indivíduos que sofrem com disfunções sensoriais podem ter dificul- dade para explicar o que sentem e para serem compreendidos pela família e pelos amigos. Esse aspecto traz prejuízos para a vida social da pessoa, que acaba por se sentir sozinha e sem o apoio das pessoas próximas. Frequen- temente, pode ser interessante, para o tratamento, incluir os familiares na abordagem. As famílias precisam ser informadas, assim como o paciente, sobre o modo de funcionamento desses sintomas para exercerem um papel colaborativo no tratamento. Elas precisam compreender as dificuldades que essas disfunções impõem à rotina desses pacientes a fim de auxiliá-los no que for preciso. Diante do impacto global que essas disfunções causam na vida do pa- ciente, a avaliação psicológica também deve incluir uma investigação sobre necessidades que não são da competência do psicólogo. Deve-se avaliar, por exemplo, se a dor também pode ser aliviada por uma abordagem de um fisioterapeuta, se o paciente que vem apresentando sintomas psicóticos já foi avaliado por um psiquiatra ou neurologista, se a criança com TEA está sendo acompanhada por uma equipe multiprofissional (lembrando da importância do trabalho do terapeuta ocupacional com os estímulos sensoriais), etc. É essencial que, na nossa abordagem psicoterapêutica, tenhamos uma visão de um cuidado multidisciplinar para orientar pacientes e familiares na busca de um cuidado integral. Na psicologia, temos várias maneiras de abordar as questões psicológicas segundo o aporte teórico escolhido pelo psicólogo. Aqui, vamos falar das possíveis intervenções para minimizar o sofrimento causado pelas alterações das sensações humanas a partir das contribuições da terapia cognitivo- -comportamental (TCC). No Quadro 1, são apresentadas algumas técnicas que serão citadas no decorrer do texto. Entretanto, não vamos entrar na discussão do modelo cognitivo em si. O importante é que você conheça algumas ferramentas que possam ser úteis na sua prática profissional. Sensação e intervenção clínica12 Quadro 1. Técnicas da terapia cognitivo-comportamental Psicoeducação Psicoeducar o paciente é ensiná-lo sobre as características da sua doença, do seu transtorno ou outra condição de saúde, como isso implica no seu sofrimento e de que forma algumas estratégias podem auxiliá-lo no curso do seu tra- tamento. A psicoeducação pode ser aplicada tanto no início quanto ao longo do tratamento, também surgindo com o objetivo de ensinar algo sobre o processo psicoterapêutico. Treinamento de habilida- des sociais Busca trabalhar as competências do indivíduo nas interações sociais, com a finalidade de melhorar a expressão dos senti- mentos e desejos, ao mesmo tempo que respeita os próprios direitos e os direitos dos outros. Técnicas de relaxamento e distração Consiste na mudança do foco da atenção. Orienta-se que a pessoa coloque intencionalmente a sua atenção em um objeto específico ou na respiração a fim de desfocar a atenção da sensação, do sentimento ou do pensamento que está causando sofrimento. No treinamento do relaxamento progressivo, a pessoa é orientada a tensionar e relaxar pro- gressivamente os músculos do corpo com o objetivo de sentir o relaxamento corporal pela diminuição da tensão muscular. É uma técnica que exige treino regular para alcançar o alívio desejado. Resolução de problemas Terapeuta e paciente elaboram juntos estratégias para problemas específicos que se apresentam, listando possíveis soluções com base na consideração dos prós e dos contras de cada uma delas, a fim de encontrarem uma solução viável. Fonte: Adaptado de Carvalho, Malagris e Rangé (2019). Alucinações A alucinações estão presentes em vários transtornos mentais, principal- mente nos transtornos psicóticos, como a esquizofrenia. Como já foi dito, é fundamental fazer uma avaliação do paciente para compreender como esse sintoma se apresenta, as suas origens ou causas, e a qual transtorno ele pode estar relacionado. No caso da esquizofrenia, por exemplo, o tratamento psicoterapêutico deve buscar ensinar o paciente a identificar e modificar os pensamentos relacionados aos sintomas psicóticos, desfazendo o estigma sobre eles (psicoeducação) e auxiliando na redução do estresse, na adesão ao tratamento e nas habilidades sociais (LOPES; MOTA; SILVA, 2018). Sensação e intervenção clínica 13 De modo geral, indivíduos com transtornos psicóticos têm grandes di- ficuldades no âmbito social, então é importante trabalhar com o treino de habilidades sociais e resolução de problemas para diminuir os fatores es- tressores que possam precipitar o surgimento das alucinações. Para a prática profissional, é necessário saber ouvir e respeitar o relato dessa vivência do paciente. Esse sintoma exerce uma função no funcionamento psíquico, mesmo que ele esteja provocando sofrimento, como ouvir uma voz dizer “você é uma pessoa fraca” pode estar relacionado a crenças de desamparo. Logo, é crucial compreender a função desse sintoma, acolher as emoções suscitadas por ele e psicoeducar o paciente de acordo com o que foi identificado para facilitar a adesão ao tratamento, tanto psicológico quanto medicamentoso. Transtorno de pânico De acordo com Carvalho, Malagris e Rangé (2019), ao interpretar as sensações corporais como perigosas, o corpo reage com a ansiedade como mecanismo de proteção. Logo, a preocupação com as sensações cresce de forma catas- trófica e acaba provocando o ataque de pânico. Essas interpretações sobre as sensações se tornam um fator de manutenção do problema. Aqui, a psi- coeducação é essencial para compreender esse ciclo e conseguir quebrá-lo. Uma das formas de lidar com o problema é aprender a conviver com ele. Criar estratégias para aceitar a ansiedade, utilizar as técnicas de relaxamento e respiração para manejar os sintomas e entender que a evitação só aumenta a ansiedade, pois é pelo enfrentamento que o medo se dissipa, são os pontos- -chave para lidar com esse transtorno (CARVALHO; MALAGRIS; RANGÉ, 2019). Transtorno do espectro autista De certo modo, a avaliação das experiências sensoriais em indivíduos com esse transtorno costuma ser difícil, uma vez que há um comprometimento na comunicação. Portanto, as informações, em geral, são colhidas por meio de observações de terceiros, o que pode não corresponder à experiência exata. Posar e Visconti (2018) apontam que os padrões comportamentais ca- racterísticos do TEA poderiam ser mais bem explicados pela compreensão da reatividade sensorial. Baseado nisso, os autores consideram que seria Sensação e intervenção clínica14 primordial compreender quais entradas sensoriais específicas causam des- conforto em determinada pessoa para que seja possível reduzi-lo a partir da reorganização do seu ambiente e da sua rotina, indicando, ainda, intervenções como dessensibilização e salas sensoriais. O tratamento para o paciente com TEA deve incluir o treinamento de habilidades sociais a fim de promover a autonomia e facilitar as interações sociais, principalmente se o paciente apresenta algum comprometimento cognitivo. Ser capaz de construir e manter uma rede de apoio social e afetiva é um grande ganho para o bem-estar do paciente. Como o TEA pode ser diag- nosticado nos primeiros anos de vida, a participação da família é essencialpara a evolução do tratamento. Dor crônica Na dor crônica, é importante explicar, ao paciente, sobre o funcionamento da dor e os fatores que podem influenciar a sua intensidade. O paciente precisa aprender a identificar os aspectos da sua vida que podem estar interferindo na autoavaliação da sua dor. Entender o modo como a dor se manifesta abre possibilidades para intervenções mais específicas e outras estratégias de controle da dor. A percepção da dor pode ser intensificada pela atenção que se dá a ela. Então, uma técnica básica é se distrair da dor. Você pode escolher objetos ou qualquer outra coisa no ambiente para focar a sua atenção. Procure descrever detalhadamente o objeto escolhido e perceba que o seu desconforto tende a diminuir com essa prática. Outro ponto para desviar o foco da dor é a própria respiração. Ao controlar a respiração, inspirando profundamente pelo nariz e expirando lentamente pela boca (ou da maneira que for mais confortável para você), o corpo relaxa. Desviar a atenção da dor para a respiração promove tanto a distração quanto o relaxamento. A pessoa que sofre com a dor crônica pode ter os relacionamentos interpes- soais prejudicados pelas constantes queixas sobre a sua dor. Eventualmente, as pessoas ao seu redor deixam de encarar com seriedade a sua queixa, podendo até ignorá-la e invalidá-la. Quando isso acontece, é importante trabalhar as habilidades comunicacionais para que a pessoa saiba pedir ajuda, por exemplo, de forma mais clara e objetiva. Aprender a se comunicar e a se expressar de maneira mais assertiva propicia que o outro compreenda melhor o seu problema, aumentando as chances de obter uma resposta positiva. Sensação e intervenção clínica 15 Outras disfunções sensoriais Devido às múltiplas formas de disfunções sensoriais, e retomando o ponto de vista da psicofisiologia, devido à subjetividade relacionada às vivências sensoriais, falar de intervenções nesses processos se torna bastante complexo. Somente a partir da queixa do paciente, diante do seu relato de sofrimento, podemos pensar as possíveis estratégias para que ele possa lidar com as suas angústias. Quando refletimos sobre a perda total ou parcial de determinado sentido, é necessário pensar no impacto causado por ela no ambiente e na rotina do indivíduo. Quem determina isso é o próprio paciente. Quando afirmamos que conhecemos o mundo por meio das sensações, é interessante pensar em como alguém que apresenta uma alteração dos sentidos conhece o mundo. Nesse contexto, Masini (2003) levanta esta importante reflexão, que en- fatiza a experiência do contato com o mundo a partir dos sentidos de que o indivíduo dispõe em constante interação, não apenas como espectador: Cada órgão dos sentidos interroga o objeto à sua maneira. A criança surda dirige e passeia o olhar para saber sobre as pessoas e objetos que a rodeiam de modo diferente da criança que dispõe da visão e também da audição. A visão nada seria para a criança surda, se não fosse um certo uso que ela faz do olhar. O seu estilo de fixar, contemplar, perscrutar, comparar vai revelando novos aspectos dos objetos e do seu próprio corpo, ao encontrar diferentes maneiras de explorá-los, compondo sua experiência perceptiva (MASINI, 2003, documento on-line). Do ponto de vista da nossa intervenção, compreender como o paciente interage a partir dos seus sentidos e como se comporta em relação ao mundo, aos outros e a si mesmo é o principal para se construir o plano terapêutico. Ao longo deste capítulo, vimos como as sensações podem ser experiencia- das de formas adulteradas, impactando as nossas vidas como um todo. Ainda, conhecemos alterações sensoriais que podem ser vividas por qualquer pessoa em algum grau, mas cujas formas mais graves e marcantes estão presentes em transtornos e doenças, demandando intervenções para aliviar o sofrimento de quem é acometido por elas. Por fim, vimos algumas técnicas psicoterapêuticas que podem ser aplicadas no tratamento de algumas condições clínicas que apresentam alterações sensoriais. Essas técnicas não devem ser usadas de forma rígida e inflexível, sendo necessário uma avaliação aprofundada de cada caso para adequar o uso delas às necessidades do paciente. Além disso, as estratégias expostas não devem limitar a prática, mas motivar a busca pela melhor forma de cuidado. Sensação e intervenção clínica16 Referências ALMEIDA, F. F. et al. Experiência de dor e variáveis psicossociais: o estado da arte no Brasil. 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No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Sensação e intervenção clínica18
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