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SS e Processo de Trabalho (Tópico 10 até 18)compr

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PROCESSO DE 
TRABALHO DO 
ASSISTENTE 
SOCIAL EM 
ORGANIZAÇÕES
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 > Identificar os espaços institucionais e os espaços profissionais de atuação 
do serviço social.
 > Reconhecer os instrumentos reguladores e balizadores do serviço social.
 > Avaliar as novas formas de atuação do assistente social na esfera do 
exercício liberal da profissão.
Introdução
Analisar os espaços de atuação do serviço social na atualidade implica refletir 
sobre as mudanças e reestruturações sociopolíticas ocorridas nos últimos anos 
na sociedade brasileira e mundial. Tais mudanças vêm tensionado o projeto 
ético-político profissional e impondo novas dinâmicas, requisições e formas 
de atuação aos assistentes sociais.
Nesse sentido, refletir sobre os espaços ocupacionais dos assistentes sociais 
(não somente os espaços públicos estatais, mas também as empresas priva-
das, o terceiro setor e as organizações da sociedade civil) implica considerar as 
dimensões contraditórias do fazer profissional, bem como os valores e proje-
tos societários em disputa na sociedade e no espaço institucional. Além disso, 
é importante reconhecer os instrumentos que norteiam o serviço social, como o 
projeto ético-político da profissão.
Neste capítulo, você vai conhecer os espaços institucionais e os espaços 
profissionais de atuação do serviço social. Você também vai ver quais são os 
instrumentos reguladores e balizadores do serviço social. Além disso, vai ler 
O serviço social 
nas organizações
Patricia Ramos Novaes
sobre as novas formas de atuação do assistente social na esfera do exercício 
liberal da profissão.
Espaços de atuação do serviço social
Para estudar os espaços de atuação do serviço social, você precisa conhecer 
o significado social da profissão, apreendendo as implicações políticas do 
exercício profissional, que se desenvolve no contexto de polarização entre 
os interesses das classes sociais. Logo, é preciso ultrapassar a análise do 
serviço social em si mesmo e situá-lo no contexto das relações sociais mais 
amplas que constituem a sociedade capitalista.
Com o desenvolvimento de instituições assistenciais estatais, a partir da 
década de 1940, o Estado passou a intervir nas expressões da Questão Social. 
Ele assumiu o papel de regulador do conflito de interesses entre as classes 
sociais, tanto na viabilização do processo de acumulação capitalista como no 
atendimento das necessidades sociais dos trabalhadores empobrecidos. É no 
âmbito da inserção nessas instituições que o serviço social se institucionaliza 
como profissão.
Nos anos 1950, com a expansão industrial, o assistente social passou a 
ser mais requisitado para atuar junto aos trabalhadores da indústria e seus 
familiares, desenvolvendo atividades de caráter educativo e de prestação 
de serviços sociais. Por meio de sua ação educativa, o assistente social era 
demandado a responder às necessidades vinculadas à reprodução material 
da força de trabalho. Além disso, ele era demandado a responder ao controle 
das formas de convivência entre empregado e empresa, contribuindo para o 
aumento da produtividade no trabalho.
É nesse sentido que Iamamoto e Carvalho (1995) apontam que a institu-
cionalização e a legitimação do serviço social como profissão no Brasil têm 
como fundamento processos de reprodução das relações sociais na sociedade 
capitalista. Isso engloba não apenas a reprodução da vida material, mas 
também a reprodução das formas de consciência social, de determinado 
modo de vida, do cotidiano, de valores e de práticas culturais e políticas que 
permeiam as relações da sociedade.
Iamamoto e Carvalho (1995) afirmam que o serviço social como profis-
são insere-se, desde seu surgimento, nas organizações socioassistenciais. 
Ele participa tanto do processo de reprodução dos interesses do capital 
quanto das respostas às necessidades da classe trabalhadora. Assim, pode 
contribuir para o acesso da população a políticas sociais, programas, proje-
tos e serviços diversos, bem como para a ampliação de direitos, produzindo 
O serviço social nas organizações2
resultados concretos nas condições materiais, sociais, políticas e culturais 
dos sujeitos. Outra possibilidade é que o serviço social assuma um caráter 
de enquadramento disciplinador destinado a moldar os usuários em sua 
inserção institucional e na vida social, não contribuindo para sua autonomia 
e sua emancipação.
Ao longo dos anos, o campo de trabalho se ampliou, em organizações 
públicas e privadas, em função das novas formas de enfrentamento da Ques-
tão Social. Além disso, a profissão precisou lidar com novas funções, como 
a gestão de políticas sociais.
De acordo com Iamamoto (1999), o setor público tem sido o maior empre-
gador de assistentes sociais. A área da saúde vem absorvendo grande parte 
desses profissionais, especialmente após a implantação do Sistema Único de 
Saúde (SUS). A assistência social também se tornou um espaço privilegiado 
da profissão a partir da criação do Sistema Único de Assistência Social (Suas). 
Além disso, os assistentes sociais atuam em diversas organizações públicas 
e privadas no âmbito de políticas de infância, adolescência e juventude, 
educação, habitação, etc.
A partir dos anos 1980, o serviço social passou a ser requisitado a atuar 
nas empresas públicas e privadas e no terceiro setor, especificamente nas 
Organizações Não Governamentais (ONGs). No caso das empresas, os assis-
tentes sociais passaram a ser requisitados em geral para áreas de recursos 
humanos, para a integração dos trabalhadores aos objetivos empresariais. 
De acordo com Amaral e Cesar (2009), essa requisição impõe limites, mas 
também possibilidades de intervenção dos assistentes sociais nos proces-
sos sociais. Eles atuam compreendendo a realidade, propondo alternativas 
e negociando com a direção empresarial o atendimento às necessidades 
fundamentais dos trabalhadores.
No entanto, a partir dos anos 1990, a estratégia do Estado de responder à 
Questão Social por meio de políticas sociais foi sendo tensionada por projetos 
de mercantilização e refilantropização do atendimento às necessidades so-
ciais. As contrarreformas feitas pelo Estado neoliberal resultaram em cortes 
de investimentos nas políticas sociais, levando à sua focalização em grupos 
mais vulneráveis. Além disso, o Estado passou a responsabilidade relativa à 
Questão Social para setores da sociedade civil, que atendem às necessidades 
sociais por meio da solidariedade ou da mercantilização (BEHRING, 2000).
Nos anos 2000, houve profundas mudanças na organização dos processos 
de produção de mercadorias e gestão do trabalho nas empresas. Tais mudan-
ças se caracterizaram pelo que Harvey (1994) denominou “acumulação flexível”. 
Nesse cenário, surgiram programas de privatização e enxugamento de postos 
O serviço social nas organizações 3
de trabalho, novas formas de controle do trabalhador, entre outras. Essas 
transformações afetaram a intervenção do serviço social nos seus aspectos 
técnico‐operativos e também na esfera dos conhecimentos acumulados pela 
categoria profissional.
A racionalização dos gastos com as políticas sociais trouxe implicações para 
as condições e relações de trabalho do assistente social nas organizações. 
O profissional se depara com contratos por tempo determinado e relações 
de trabalho terceirizadas, sendo contratado para produzir pareceres, laudos 
e relatórios, podendo, até mesmo, subcontratar outros assistentes sociais 
para auxiliá-lo nas atividades. Raichelis (2013, documento on-line) chama esse 
processo de “[...] subcontratação de quarteirização dos vínculos trabalhistas”; 
ele gera cada vez mais fragilidade dos vínculos e condições de trabalho.
Em relação à atuação profissional no terceiro setor, no qual são incluídas 
entidades de naturezas distintas (ONGs, fundações empresariais, instituições 
filantrópicas, atividades de voluntariado, entre outras), destaca-se o traba-
lho do serviço social nas ONGs. Esse espaço de trabalho cresceu apartir da 
década de 1990, no marco da redefinição do papel do Estado no Brasil, o que 
englobou suas relações com as políticas sociais.
No que se refere às atribuições profissionais, Alencar (2009) destaca a 
atuação na gestão de programas sociais, o que implica o desenvolvimento 
de competências de planejamento, formulação e avaliação de políticas so-
ciais. Em geral, a inserção dos assistentes sociais nessas organizações tende 
a ser motivada por projetos de tempo determinado. De acordo com Serra 
(2000), as relações de trabalho nessas organizações são caracterizadas pela 
precariedade das inserções empregatícias, com predomínio da rotatividade 
do emprego, da flexibilização das relações contratuais e de níveis salariais 
reduzidos.
Nesse cenário, novas requisições são feitas ao profissional, e é cada vez 
mais necessário afirmar os instrumentos balizadores da profissão, como o 
projeto ético-político, materializado no Código de Ética do Assistente Social 
e na lei de regulamentação da profissão. A seguir, você vai conhecer melhor 
esses instrumentos.
Instrumentos reguladores e balizadores 
do serviço social
Como você viu, o serviço social é uma profissão inserida na divisão sociotéc-
nica do trabalho, que tem como característica socio-histórica a reprodução 
O serviço social nas organizações4
das relações sociais. Por meio da atuação nas expressões da Questão Social, 
mediada pelas políticas sociais e pela ação socioeducativa, a profissão incide 
sobre o comportamento e a ação dos homens. Essa ação socioeducativa pode 
ter um viés conservador ou emancipador.
O viés conservador imperou até meados dos anos 1970, quando a profissão 
passou por um período de reconceituação (entre 1965 e 1985), revendo seu 
código de ética e reconstruindo um projeto profissional vinculado a princípios 
emancipadores da condição humana. Assim, o projeto ético-político do serviço 
social brasileiro está vinculado a um projeto societário que visa à construção 
de uma nova ordem social sem discriminação, exploração e opressão.
O movimento de reconceituação do serviço social foi um processo 
de renovação profissional que ocorreu (não apenas no Brasil, mas 
em outros países da América Latina) entre 1960 e 1980. Ele foi fundamental 
para a formação da consciência crítica e de uma nova cultura da profissão. 
Esse movimento foi caracterizado pela contestação ao tradicionalismo no seio 
profissional e pelo questionamento dos fundamentos ideoteóricos do serviço 
social, de suas raízes sociopolíticas e de sua direção social.
Netto (2005) aponta que, ao longo do processo de renovação, diferentes 
perspectivas embasaram as matrizes teóricas e a prática profissional. Três 
perspectivas são apresentadas pelo autor: a perspectiva modernizadora, 
a perspectiva de reatualização do conservadorismo e a intenção de ruptura. 
Esta última de fato almejava romper totalmente com o serviço social tradicional. 
Ela propunha uma ruptura com os procedimentos metodológicos, ideológicos 
e teóricos anteriores, recorrendo principalmente ao pensamento marxista.
Para saber mais sobre a reconceituação da profissão, leia o artigo “50 anos do 
movimento de reconceituação do serviço social na América Latina: a construção 
da alternativa crítica e a resistência contra o atual avanço do conservadorismo”, 
de Josefa Batista Lopes. Esse artigo está disponível on-line; para acessá-lo, 
utilize o seu site de buscas preferido.
Tal projeto é materializado no Código de Ética profissional, na lei de regula-
mentação da profissão, nas diretrizes curriculares, entre outros instrumentos 
normativos. Esses documentos foram formulados coletivamente pela categoria 
profissional a partir da década de 1980.
Além disso, o projeto profissional tem em seu núcleo o reconhecimento 
da liberdade como valor ético central, sendo a liberdade concebida historica-
mente como possibilidade de escolher entre alternativas concretas. De acordo 
O serviço social nas organizações 5
com Netto (2006), é nesse sentido que a profissão busca um compromisso 
com a autonomia, a emancipação e a plena expansão dos indivíduos sociais.
Além de valorizar a liberdade como valor ético central, o projeto profis-
sional é pautado por princípios democráticos, de autonomia e emancipa-
ção dos sujeitos sociais. A profissão posiciona-se a favor da diversidade, 
do pluralismo, do compromisso com a qualidade dos serviços prestados e 
da luta pela construção de uma nova ordem societária sem dominação e/ou 
exploração de classe, etnia e gênero (CFESS, 2003).
Veja o que afirma Netto (2006, p. 144):
Os projetos profissionais apresentam a autoimagem de uma profissão, elegem os 
valores que a legitimam socialmente, delimitam e priorizam seus objetivos e funções, 
formulam os requisitos (teóricos, práticos e institucionais) para o seu exercício, 
prescrevem normas para o comportamento dos profissionais e estabelecem as 
bases das suas relações com os usuários de seus serviços, com as outras profis‑
sões e com as organizações e instituições privadas e públicas (inclusive o Estado, 
a quem cabe o reconhecimento jurídico dos estatutos profissionais.
Cabe apontar que o projeto ético-político profissional ganhou força nos 
anos 1990, tornando-se hegemônico. Contudo, ele não é homogêneo dentro 
da categoria; há outros projetos em disputa, bem como profissionais que de-
fendem a manutenção do conservadorismo na profissão. Também é relevante 
destacar, ainda de acordo com Netto (2006), que os projetos profissionais, 
como é o caso do projeto ético-político, apresentam-se como estruturas di-
nâmicas. Assim, eles se renovam e se transformam ao responder às alterações 
nas necessidades e demandas sociais, às transformações socio-históricas e 
às mudanças no corpo profissional.
A lei de regulamentação profissional (BRASIL, 1993) é considerada 
a principal legislação que regulamenta, disciplina e legitima a pro-
fissão do assistente social. A partir das atribuições privativas e competências 
profissionais, essa lei descreve o que deve ser o exercício profissional dos 
assistentes sociais no Brasil. Consolidada após o movimento de reconceituação 
do serviço social, a regulamentação possibilitou que o papel do profissional 
fosse melhor compreendido do ponto de vista técnico e político. Ela reafirma 
a direção social dos compromissos da profissão com o processo de redemo-
cratização da sociedade brasileira.
Já o Código de Ética do Assistente Social, instituído pela Resolução do Conse-
lho Federal de Serviço Social (CFESS) nº. 273, de 13 de março de 1993, contempla 
11 princípios fundamentais para o exercício da atividade profissional. Além disso, 
afirma os direitos, responsabilidades e deveres do assistente social, regula as 
O serviço social nas organizações6
relações com as instituições empregadoras e dispõe sobre as condições éticas e 
técnicas do exercício profissional. O código busca garantir condições de trabalho 
e atendimento condignas e preservar o sigilo profissional e a qualidade dos 
serviços prestados aos usuários (CFESS, 1993).
Tendo em vista a exigência de que o trabalho do assistente social seja execu-
tado de forma qualificada, o código institui condições e parâmetros normativos 
claros e objetivos. Ele estabelece, por exemplo, que a existência de espaço 
físico suficiente e adequado para abordagens individuais e coletivas é uma 
condição obrigatória para a realização de qualquer atendimento ao usuário 
do serviço social.
No entanto, no mesmo período em que um novo projeto profissional 
se consolidou, a reestruturação capitalista e as contrarreformas de cunho 
neoliberal do Estado se impuseram. Assim, surgiram inúmeros desafios à 
materialização do projeto ético-político do serviço social. Isso deu novos 
contornos às condições do trabalho profissional, às necessidades sociais 
dos usuários e às demandas e requisições profissionais.
O assistente social, embora exerça uma profissão regulamentada como 
liberal, tem seu exercício profissional mediatizado pela condição de traba-lhador assalariado. Ou seja, ele precisa vender sua força de trabalho a uma 
instituição, seja ela pública, privada ou ligada ao terceiro setor. Isso tem 
implicações para a autonomia do projeto ético-político profissional. Afinal, 
existem normas próprias orientando as relações de trabalho nos espaços 
onde o assistente social se insere. Nesse sentido, ainda que exista uma au-
tonomia relativa, a instituição estabelece funções e atribuições profissionais, 
prioridades e demandas a serem atendidas, bem como recursos e condições 
gerais de realização.
Atualmente, o assistente social encara a intensa demanda de reafir-
mar o compromisso ético-político da sua categoria profissional. Para tanto, 
é necessário consolidar as dimensões teórico-metodológica e técnico-ope-
rativa da profissão. Isso envolve a capacidade de compreender o movimento 
de classes, a relação entre o Estado e a sociedade e a forma como esses 
processos incidem sobre o cotidiano profissional. Envolve também as capa-
cidades de sistematização, profunda investigação e reflexão sobre a prática. 
Isso é essencial para a construção de estratégias combativas e coletivas que 
possam reforçar direitos nas diferentes áreas de atuação (saúde, previdência, 
assistência social, habitação, âmbito sociojurídico, organizações empresariais, 
ONGs, etc.).
O serviço social nas organizações 7
Novas formas de atuação do 
assistente social
De acordo com Guerra et al. (2016), a palavra “requisição” é sinônimo de 
“pedido”. Essa palavra também é utilizada para designar uma exigência legal. 
Na linguagem jurídica, requisitar é requerer com autoridade ou exigir. Nesse 
sentido, para a autora, a requisição “[...] é a exigência legal, emanada de 
autoridade competente, para que se cumpra, se preste ou se faça o que está 
sendo ordenado” (GUERRA et al., 2016, documento on-line).
Veja as requisições e competências do assistente social nos diferentes 
espaços socio-ocupacionais, expressas no Código de Ética e na lei de regu-
lamentação da profissão: a formulação, a gestão e a avaliação de políticas, 
programas e projetos; a mobilização social; os estudos socioeconômicos; 
e a orientação a indivíduos, grupos e famílias. Além disso, destacam-se as 
assessorias e consultorias, a produção de relatórios, laudos e pareceres, bem 
como a pesquisa como produção de conhecimento.
No entanto, diante da nova dinâmica do mundo do trabalho — gerada pelo 
processo de reestruturação produtiva — e da adoção de medidas neoliberais 
pelo Estado, novas requisições são impostas aos assistentes sociais nas di-
versas organizações em que atuam. Trata-se de uma dinâmica societária que 
atinge as diferentes profissões, mas que tem nas políticas sociais um campo 
de intervenção privilegiado. Isso ocorre porque as funções de elaboração, 
execução e gestão das políticas sociais, que buscam a garantia dos direitos 
das classes trabalhadoras, estão sendo fragilizadas.
Além disso, esses processos macrossocietários repercutem no mercado 
de trabalho dos assistentes sociais, que, como o conjunto dos trabalhadores, 
sofrem o impacto das metamorfoses que afetam o trabalho assalariado na 
contemporaneidade. De acordo com Antunes (1999), as condições do capi-
talismo contemporâneo resultam em uma "nova morfologia do trabalho", 
com amplos contingentes de trabalhadores flexibilizados, informalizados, 
precarizados, pauperizados, desprotegidos de direitos e desprovidos de 
organização coletiva. Cresce, assim, o trabalho temporário, terceirizado, 
em tempo parcial ou por projeto. Isso fragiliza a qualidade do trabalho, dos 
salários e das condições em que ele é exercido.
De acordo com Raichelis (2013), os processos de reestruturação produtiva, 
típicos das empresas capitalistas, também estão presentes na organização 
social do trabalho na esfera estatal, reestruturando e moldando a ação 
O serviço social nas organizações8
pública no campo das políticas sociais. Além disso, nota-se a alteração dos 
perfis profissionais e dos espaços de trabalho, com subcontratação de ser-
viços individuais dos assistentes sociais por parte de empresas de serviços 
ou de assessoria, prestação de serviços aos governos e organizações não 
governamentais e trabalhos contratados por projeto ou tarefa (em função das 
novas formas de gestão das políticas sociais). Isso traz consequências para o 
trabalho realizado pelos assistentes sociais, pois as ações desenvolvidas pelo 
profissional se subordinam a prazos contratuais, implicando descontinuidades 
e rompimento de vínculos com usuários.
Um exemplo é o campo de atuação da habitação social, em que a terceiri-
zação parece se consolidar como modelo. Os assistentes sociais passam a ser 
contratados por meio de processos licitatórios de que participam escritórios 
e empresas gerenciadoras, sem a regulação da administração pública.
Na política de saúde, as contratações pelas fundações e Organizações 
Sociais (OSs) vêm se generalizando. No campo sociojurídico, assistentes 
sociais terceirizados como prestadores de serviços são contratados para 
realizar laudos e produzir relatórios. Na política de assistência social, sob o 
discurso de falta de recursos para a criação de cargos, os estados e municípios 
se utilizam de modalidades de terceirização, por meio de entidades privadas, 
ONGs ou cooperativas de trabalhadores, para a contratação de profissionais 
prestadores de serviços socioassistenciais.
De acordo com Raichelis (2013), as Tecnologias de Informação e Comuni-
cação (TICs) intensificam os processos de trabalho e produzem um efeito de 
fiscalização, controle e enquadramento do desempenho dos trabalhadores nas 
dinâmicas e metas institucionais de qualidade e produtividade. Os assistentes 
sociais têm sido requisitados a atuar em projetos de controle e fiscalização 
do trabalho, retrocedendo às origens da profissão, quando participavam 
dos processos de disciplinarização das famílias operárias no contexto de 
desenvolvimento do capitalismo urbano-industrial.
Nessa nova dinâmica, outra demanda apresentada aos assistentes sociais, 
especialmente no âmbito da saúde e da assistência social, envolve o excessivo 
preenchimento de formulários e planilhas em tela de computador, o aumento 
das visitas domiciliares para fins de controle institucional das prestações 
sociais e a realização de cadastramentos da população. Essas atividades são 
burocráticas e repetitivas, não agregando conhecimento e reflexão crítica 
sobre a realidade dos usuários e seus territórios de vivência.
O serviço social nas organizações 9
Veja:
Trata‑se de uma dinâmica institucional que vai transformando insidiosamente 
a própria natureza da profissão de Serviço Social, sua episteme de profissão de 
caráter interventivo e relacional, que trabalha com as expressões mais dramáticas 
da questão social que incidem na vida dos indivíduos e grupos das classes subal‑
ternas, fragilizando a ação direta com segmentos populares e o desenvolvimento 
de trabalho socioeducativo numa perspectiva emancipatória (RAICHELIS, 2013, 
documento on-line).
Desse modo, é necessário revisitar os direcionamentos políticos, jurídicos, 
éticos e teóricos do serviço social, que exige um sujeito profissional qualifi-
cado. Isso pressupõe, segundo Raichelis (2013), mais do que a realização de 
rotinas institucionais, o cumprimento de tarefas burocráticas e a reiteração 
de normas instituídas. É preciso:
[...] competência para propor, negociar com os empregadores privados ou públi‑
cos, defender projetos que ampliem direitos das classes subalternas, seu campo 
de trabalho e sua autonomia relativa, atribuições e prerrogativas profissionais 
(RAICHELIS, 2013, documento on-line). 
É necessário, portanto, um conhecimento sobre as novas requisições 
relativas ao trabalho profissional e aos processos de trabalho mais amplos, 
bem como sobre os meios de que o profissional dispõe para realizar suas 
atividades.
Para conhecer melhor os desafios e as novas formas de atuação 
do assistente social, leia o artigo “Proteção sociale trabalho do 
assistente social: tendências e disputas na conjuntura de crise mundial”, de 
Raquel Raichelis. Esse artigo está disponível on-line; para encontrá-lo, utilize 
o seu site de buscas preferido.
Referências
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tivas. In: CFESS (org.). Serviço social: direitos e competências profissionais. Brasília: 
CFESS, 2009.
O serviço social nas organizações10
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fissional. São Paulo: Cortez, 2000.
Leituras recomendadas
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LOPES, J. B. 50 anos do movimento de reconceituação do serviço social na América 
Latina: a construção da alternativa crítica e a resistência contra o atual avanço do 
conservadorismo. Políticas Públicas, v. 20, n. 1, 2016. Disponível em: http://www.periodi-
coseletronicos.ufma.br/index.php/rppublica/article/view/5054. Acesso em: 2 dez. 2020.
O serviço social nas organizações 11
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O serviço social nas organizações12
Análise 
Institucional e 
Serviço Social
Laís Vila Verde Teixeira
A dimensão institucional 
da prática: mecanismos 
de disciplina e controle
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Definir a dimensão institucional do exercício profissional do assis-
tente social.
  Identificar os principais mecanismos de disciplina e controle existentes 
nas instituições.
  Relacionar os meios possíveis de o assistente social enfrentar as 
estruturas de disciplina e controle institucional.
Introdução
Neste capítulo, você vai refletir acerca da dimensão institucional da prá-
tica do assistente social, bem como sobre os mecanismos de disciplina 
e controle. Como você já sabe, o surgimento do capitalismo produziu 
demandas sobre as quais o assistente social é chamado a atuar. Tais 
demandas refletem os efeitos desse sistema econômico e demonstram 
a sua soberania.
O Estado continua sendo o maior empregador de assistentes sociais, 
e as instituições são os espaços socio-ocupacionais que recebem as 
demandas sociais. Nesse contexto, a dimensão institucional do trabalho 
se divide entre executar os interesses da instituição e colocar em prática 
o projeto profissional. Nas instituições, existem mecanismos de disciplina 
e controle que servem para manter a ordem social harmônica e os usu-
ários alienados. Contudo, há meios de o assistente social enfrentar tais 
mecanismos. Neste capítulo, você vai ver que tal enfrentamento pode 
envolver a dimensão educativa do trabalho profissional e estratégias de 
organização e mobilização social.
Dimensão institucional da atuação 
do assistente social
O Serviço Social vem se constituindo como uma profi ssão reconhecida devido 
ao seu caráter analítico e interventivo. Portanto, por ser reconhecido social-
mente, ele está inserido no contexto das relações do mundo do trabalho, sendo 
historicamente determinado. Além disso, ele se inclui no campo do saber, que, 
em contato com a realidade social, possibilita construir respostas profi ssionais 
de acordo com as necessidades sociais dos sujeitos contemporâneos.
Ao pesquisar sobre o processo de profissionalização do Serviço Social 
brasileiro, Aguiar (1995) afirma que este foi resultado do esforço dos 
assistentes sociais em consolidar a profissão não como expressão de um 
cariz religioso, mas com base científica. O processo de legitimação e 
de institucionalização é produto das inovações instituídas no primeiro 
Governo Vargas (1930–1945) no campo das políticas sociais e da criação 
de grandes instituições responsáveis por sua operacionalização, a saber: 
SESI, SENAI, LBA, Fundação Leão XIII, entre outras (TORRES, 2014, 
documento on-line).
As expressões da Questão Social são inerentes à sociedade capitalista, 
envolvendo as desigualdades e a exclusão social vivenciadas pelas classes 
dominadas. Tais expressões são objeto de trabalho do assistente social. Se-
gundo Yazbek (1999 apud TORRES, 2009, p. 210), “[...] a subalternidade é 
aqui entendida como resultante direta das relações de poder na sociedade e 
se expressa em diferentes circunstâncias e condições da vida social, além da 
exploração do trabalho [...]”. Como exemplos, você pode considerar a condição 
do idoso, da mulher, do negro, etc.
Frente a esse contexto, as classes subalternas criam estratégias de enfren-
tamento. Com isso, buscam resistir à estrutura social, reivindicando os seus 
direitos e a sua inserção nos serviços mantidos pela rede de proteção social. 
Portanto, é importante refletir sobre a Questão Social não apenas como o 
contexto em que o trabalho do assistente social se concretiza, mas como 
conjugação dos elementos constitutivos do exercício profissional.
O objeto de intervenção do trabalho do assistente social é historicamente 
determinado. A sua análise resulta da perspectiva política assumida pelo assis-
tente social a partir dos determinantes contidos no seu projeto ético-político. 
Assim, o exercícioprofissional pode resultar em assumir o objeto construído 
pela instituição na qual se atua, mas também pode ser construído a partir 
das determinações decorrentes da correlação de forças entre a conjuntura, o 
A dimensão institucional da prática: mecanismos de disciplina e controle2
contexto institucional, as demandas dos usuários, as demandas organizacionais 
e o projeto ético-político.
Ainda assim, é preciso reforçar que o exercício profissional não ocorre de 
maneira tão linear: configura-se aí um embate entre aqueles profissionais 
que entendem que, para o Serviço Social construir respostas profissionais, 
é preciso fortalecer as atribuições determinadas pela organização e outros 
profissionais que entendem serem os caminhos para a construção de respos-
tas profissionais indicados pelo projeto ético‐político, pelos usuários e pela 
realidade social (TORRES, 2009, p. 210).
Assim, é necessário saber como o assistente social atua e quais meios de 
trabalho ele coloca em prática. Nesse contexto, toma-se por base o arcabouço 
teórico-metodológico, já que, associado à questão da instrumentalidade e 
do conhecimento da realidade social, ele pode contribuir para direcionar o 
exercício do assistente social e a construção de respostas profissionais.
O assistente social atua nessa correlação de forças: a organização determina 
o seu fazer e o profissional entende que pode exercer suas ações tomando 
também como referência o projeto da profissão. Ao colocar em movimento 
seus saberes na realização do exercício profissional, o assistente social iden-
tifica o quanto é heterogêneo seu campo de trabalho, bem como as atividades 
que realiza. O campo da prestação de serviços requer do profissional que ele 
reconheça o lugar que ocupa no espaço socio-organizacional. Esse posicio-
namento requer dele uma competência política, na defesa de ideias e ações 
que de fato favoreçam a construção de um projeto societário democrático 
(TORRES, 2009, p. 216).
Conhecer a dimensão política da profissão implica compreender como o 
Serviço Social está entrelaçado às relações de poder da sociedade capitalista, 
compartilhando o caráter contraditório advindo das relações que se estabele-
cem nessa sociedade. O Serviço Social está inserido no campo dos interesses 
sociais antagônicos que resulta dos diferentes interesses na luta de classes. 
A dimensão política permite ao profissional neutralizar a alienação, mesmo 
que não consiga eliminá-la do processo que envolve o trabalho assalariado. 
Veja o que afirma Iamamoto (2000, p. 146):
O cotidiano do trabalho do assistente social apresenta-se como um campo 
de expressões concretas das desigualdades referidas, de manifestações de 
desrespeito aos direitos sociais e humanos, atingindo, inclusive, o direito à 
vida. Atribuir-lhes visibilidade é um meio de potenciar a dimensão política 
inerente a esse trabalho especializado.
3A dimensão institucional da prática: mecanismos de disciplina e controle
Embora esteja inserido nas condições de assalariado, o assistente social 
pode pensar e expressar as suas ideias, explicitando a sua relativa autonomia 
ao dar respostas profissionais às demandas apresentadas. A fim de construir 
tais respostas, o assistente social deve articular seus conhecimentos à realidade 
social e histórica, mobilizando ainda os conhecimentos resultantes do espaço 
ocupacional em que atua. Essas respostas devem estar em consonância com o 
projeto profissional hegemônico no Serviço Social, objetivando a construção 
de alternativas que não apenas justifiquem as ações desenvolvidas para a 
instituição, mas que evidenciem as reais demandas trazidas pelos usuários. 
O trabalho profissional tem um significado social na vida dos usuários e no 
espaço da instituição. Portanto, o profissional deve reconhecer que o seu 
exercício está para além da utilidade.
Um outro aspecto fundamental é que a organização não pode ser entendida 
apenas como um bloco monolítico, mas como um espaço contraditório onde 
se travam lutas pela operacionalização da prestação dos serviços socioas-
sistenciais. Assim, ao mesmo tempo em que a organização determina o 
que é a atribuição do assistente social, o profissional pode também propor 
alternativas interventivas com base na análise das condições objetivas de 
vida do usuário, no conhecimento da rede de proteção e de atendimento 
socioassistencial e no conhecimento da realidade social. Negar a análise e 
as contradições presentes no espaço institucional compromete o exercício 
profissional, pois dificulta a possibilidade do próprio reconhecimento da 
organização como espaço de superação, de construção de respostas profis-
sionais concretas (TORRES, 2009, p. 217).
Em um contexto institucional, são claros os desafios para a materialização 
do projeto profissional, no sentido de identificar nesse projeto as possiblidades 
de articulação com o exercício da profissão. Afinal, os assistentes sociais per-
cebem que no projeto institucional algumas de suas ações são contempladas, 
mas também verificam a adequação do seu trabalho às exigências estabelecidas 
pela instituição. Ou seja, nem sempre há abertura para mudanças.
A dimensão institucional do exercício do assistente social perpassa todo 
o contexto das relações de poder na sociedade capitalista. Ela envolve as de-
mandas emergentes das expressões da Questão Social, a condição de trabalho 
assalariado do assistente social e também a relativa autonomia que pode ser 
exercida perante o sistema de funcionamento da instituição que foge ao projeto 
profissional. Nesse sentido, o exercício profissional se divide entre desenvolver 
um trabalho social com vistas à superação das demandas cotidianas dos usuá-
rios para chegar à transformação social e atender aos interesses da instituição. 
A dimensão institucional do exercício profissional é permeada por desafios e 
A dimensão institucional da prática: mecanismos de disciplina e controle4
exige propostas de enfrentamento. Executar o projeto profissional no ambiente 
institucional requer um assistente social, além de capacitado, comprometido 
com o projeto ético-político e com os usuários.
Mesmo inserido na instituição, o assistente social deve seguir os princípios hegemônicos 
da profissão. A ideia é que construa coletivamente com seus usuários as estratégias de 
enfrentamento para as demandas que lhe forem apresentadas. Ele deve compreender 
que a sua profissão se insere no espaço contraditório das relações sociais e que o seu 
objeto de trabalho é fruto desse contexto e da dinâmica da sociedade capitalista. 
Mesmo esbarrando nos limites da dimensão institucional, o assistente social deve 
promover em suas ações a autonomia, a democracia, a cidadania, a equidade e a justiça 
social, garantindo aos usuários os seus direitos. Ainda que encontre muitos desafios, 
ele deve compreender que faz parte do processo da luta de classes.
Principais mecanismos de disciplina e controle 
nas instituições
Nos espaços permeados pelos mecanismos disciplinares, como as instituições, 
cada indivíduo ocupa um lugar e todos os lugares têm a sua destinação. Todo 
lugar deve ser identifi cado com seu ocupante, que, por sua vez, deve ser 
identifi cado com o lugar que ocupa. Ou seja, todos desempenham alguma 
função no lugar em que se inserem.
É importante refletir acerca dos lugares ou cargos que cada sujeito ocupa em 
uma instituição, pois, em sua maioria, eles respondem aos interesses de alguém 
que está no poder. Assim, as relações de poder estabelecidas na sociedade se 
refletem diretamente na organização das instituições. Um dos mecanismos 
utilizados pelas instituições para a manutenção do poder é a disciplina, que, 
segundo Foucault (1987, p. 244), é
[...] o processo técnico unitário pelo qual a força do corpo é com o mínimo 
ônus reduzida como força “política”, e maximalizada como força útil. O 
crescimento de uma economia capitalista fez apelo à modalidade específica 
do poder disciplinar, cujas fórmulas gerais, cujos processos de submissão 
das forçase dos corpos, cuja “anatomia política”, em uma palavra, podem 
ser postos em funcionamento através de regimes políticos, de aparelhos ou 
de instituições muito diversas.
5A dimensão institucional da prática: mecanismos de disciplina e controle
A disciplina deve ser interpretada em suas diversas facetas. Ao mesmo 
tempo em que pode ser utilizada como meio de organização e mobilização da 
classe trabalhadora para lutar por seus direitos, por exemplo, pode ser utilizada 
como mecanismo de coerção para a manutenção da ordem estabelecida e do 
poder da classe dominante. Embora todos sejam livres para requerer direitos 
sociais, a formalidade política empurra os sujeitos para a escravidão do ca-
pitalismo. A disciplina acaba sendo o mecanismo de dominação e opressão.
A disciplina que distribui no espaço decompõe e recompõe as atividades, e 
forma aparelhos para adicionar e capitalizar o tempo, completa suas principais 
funções com o desenvolvimento de um sistema de articulação combinada 
dos menores segmentos a fim de conseguir um máximo de rendimento. Ela 
realiza uma composição de forças para obter um aparelho com o máximo de 
eficiência. Por essa composição, a disciplina consegue extrair toda capacidade 
de cada indivíduo segmentarizado. A exigência sobre cada um reflete sobre 
todos. O não cumprimento da totalidade de uma exigência compromete todo 
o sistema (MENDES, 2015, p. 5).
A disciplina é um elemento que interliga as partes de um processo visando 
à otimização e à eficiência dele. Assim, cada indivíduo dedicaria todos os 
seus esforços para executar suas tarefas a fim de manter esse processo coeso. 
O fato de se compreender todo o processo de forma fragmentada torna a 
exigência da disciplina muito mais intensa, pois, uma vez descumprida, perde-
-se a organicidade do processo. A disciplina assim compreendida, dentro da 
instituição, oprime os indivíduos, que ficam submetidos aos mandos de quem 
está no poder e que também tem controle sobre o seu tempo.
Uma das principais funções disciplinares da sociedade é o controle do 
tempo e das pessoas. Sabe-se que o controle do tempo não é uma prática 
exercida apenas nas fábricas, nas prisões, nos orfanatos, nos hospitais e nas 
casas de recuperação. Ele também ocorre nas instituições escolares. Se você 
considerar como exemplo a educação, as formas de se gerir o tempo e torná-
-lo útil resultam em uma utilização exaustiva dele, visando à intensificação 
do seu uso nas atividades escolares cotidianas. Nesse contexto, a rapidez se 
apresenta como um ponto positivo, acompanhada da assertividade nos prazos 
para a entrega das atividades, bem como da finalidade e da assiduidade em 
relação ao cronograma de atividades propostas, entre outras solicitações. 
No geral, o que se busca é a eficiência.
Muito se tem discutido acerca do produtivismo da educação, que se 
manifesta no rigor dos programas de pós-graduação, que exigem cada vez 
mais disciplina dos alunos em realação à apresentação de trabalhos em 
A dimensão institucional da prática: mecanismos de disciplina e controle6
eventos, publicações em revistas nacionais e internacionais, publicação de 
livros, etc. Isso reflete a lógica mercadológica e competitiva advinda das 
relações capitalistas.
Como exemplo de disciplina e controle exercidos pelas relações de poder 
existentes nas instituições, Mendes (2015, p. 5–6) menciona o sistema de 
divisão em salas nas escolas. Veja:
Entre outras características, é possível observar que essas instituições separam 
convenientemente os estudantes que são distribuídos em classes, em grupos 
que variam de vinte a quarenta alunos, ou com algumas turmas maiores, como 
é o caso de até sessenta alunos nas instituições particulares, onde estão se 
preparando para os concursos e vestibulares. Com esse esquema de distribuição 
e divisão em classes, é possível garantir a visualização e o controle de tudo o 
que está acontecendo dentro das salas de aula, possibilitando, assim, verificar 
e observar se todas as turmas estão cumprindo o planejamento idealizado no 
início do ano durante a semana pedagógica.
É importante você notar que o poder não se localiza no governo ou no 
Estado, mas em uma rede complexa de relações. Ou seja, está em jogo o poder 
disciplinar, que tem controle sobre os indivíduos por meio da vigilância de 
seus comportamentos, manifestando-se implicitamente, não por ação violenta 
ou com cunho repressor. Muitas vezes, a manifestação tem viés punitivo-
-educativo, com efeito amplo e invisível, de forma sutil.
Esse poder disciplinar se materializa naqueles que conhecem técnicas 
disciplinares, como professores, juízes, policiais, entre outros. Ao se adotar 
essa arquitetura circular nas escolas, prisões, batalhões, hospitais e fábricas, 
que são instituições calcadas na disciplina, o poder torna-se invisível e in-
verificável. Para intensificar a opressão, é suficiente que os sujeitos saibam 
que estão sendo vigiados. Logo, o próprio sujeito termina por exercer uma 
ação disciplinadora sobre si mesmo, que acredita estar sendo vigiado o tempo 
todo. Os mecanismos de controle e disciplina não necessariamente se utilizam 
da coerção para atingir seus objetivos, traduzindo-se em alguns casos na 
naturalização de consensos.
O poder disciplinar condiciona o comportamento humano por meio de 
instituições sociais como a escola, o quartel e a prisão, garantindo seus serviços 
aos interesses dos detentores do poder. Dessa forma, o uso da coerção seria 
para reduzir desvios e padronizar as condutas com base na moral dominante.
Atualmente, há uma tendência a um uso maior do poder coercitivo — 
imposição de vontade por ameaças e punições — em detrimento do consenso. 
A coerção como direito do Estado de usar a força tem sido a forma de poder 
7A dimensão institucional da prática: mecanismos de disciplina e controle
mais recusada por parte da sociedade e a que mais promove a oposição 
da classe trabalhadora, já que expressa formas de violência e dominação. 
Contudo, como fruto da contradição, é nesse mesmo Estado que os espaços 
e instrumentos de participação e controle social são construídos, como 
estratégia de criar consensos contra-hegemônicos. Considere o seguinte:
O Estado, hoje menos que nunca, não é uma torre de marfim isolado das 
massas populares. As lutas atravessam o Estado permanentemente, mesmo 
quando se trata de aparelhos onde as massas não estão fisicamente presentes. 
A situação de duplo poder, a da luta frontal concentrada num momento preciso, 
não é a única que permite uma atuação das massas populares no Estado. A via 
democrática para o socialismo é um longo processo, no qual a luta das massas 
populares não visa à criação de um duplo poder efetivo, paralelo e exterior ao 
Estado, mas aplica-se às contradições internas do Estado (POULANTZAS, 
1985 apud ALMEIDA, 2015, documento on-line).
A coerção subjuga a classe trabalhadora aos interesses da classe domi-
nante, que possui recursos para manter a sua ideologia, a sua hegemonia 
e o seu status quo. Criar mecanismos que mantêm as pessoas alienadas é 
vantajoso pois evita um levante social, ou seja, mascara a realidade e impede 
qualquer forma de manifestação contra a ideologia dominante. Portanto, 
a classe dominante se utiliza de vários recursos para atingir a maioria da 
população. É o caso dos veículos de comunicação (televisão, rádio, internet), 
que veiculam a informação de acordo com os interesses da classe dominante. 
O poder coercitivo nas instituições se dá a partir do momento em que as 
ideias dominantes são colocadas em prática na oferta dos serviços sociais, 
“pregando” o que é de interesse de quem está no poder. Por isso, o assis-
tente social é chamado a construir junto à classe trabalhadora a formação 
de consensos contra-hegemônicos como mecanismo de enfrentamento da 
classe dominante.
O consenso se dá em uma via de mão de dupla. É possível determinar 
o direcionamento da sociedade por vias democráticas ou por vias autori-
tárias. O profissional deve resguardar o projetoético-político e viabilizar 
consensos democráticos, o que implica não seguir as ordens da instituição. 
Portanto, o assistente social é chamado a perceber os limites e possibilidades 
de sua atuação profissional e fazer uma leitura crítica da sociedade para 
não ceder a uma atuação messiânica, que não leva a classe trabalhadora à 
emancipação política.
A dimensão institucional da prática: mecanismos de disciplina e controle8
Na sociedade capitalista contemporânea, os mecanismos de controle e 
disciplina se atualizam conforme os avanços tecnológicos e da informação. 
As instituições passaram a utilizar dispositivos com maior alcance social, 
como a internet, para disseminação do poder. O controle ganhou grandes 
proporções, de modo que todos podem vigiar e ser vigiados por meio de 
câmeras e escutas telefônicas. “Em síntese, não importa mais onde está 
quem dá a ordem, pois o poder tornou-se líquido e dinâmico [...]” (SALLES; 
MATIELLO, 2015, documento on-line). Vive-se a liquidez dos tempos pós-
-modernos, em que a ideologia é disseminada por meio das mídias sociais, 
veiculando saberes que atingem as massas como forma de manutenção do 
poder da classe dominante.
Partilhando destes argumentos, ressaltamos que a mídia tem se utilizado do 
terror para induzir a coletividade na supressão das liberdades, especialmente a 
perda da privacidade (clamando por mais controle, polícia, prisão). O resultado 
é que para atender aos anseios de punição o Estado tem dado “um jeitinho 
para contornar os limites da legalidade”, investigando, prendendo e conde-
nando sem atentar às garantias individuais. Se não bastasse, a disseminação 
das câmeras de segurança nas vias públicas resultou numa “visibilidade” 
permanente dos indivíduos, de modo que se instituiu um controle eficiente 
e irrestrito das pessoas. Ademais, com a consolidação das redes sociais, o 
espaço privado passou a ser público, e as barreiras físicas, antes limitadas 
pelas fronteiras do panóptico, deixaram de existir (SALLES; MATIELLO, 
2015, documento on-line).
Os mecanismos de controle e disciplina organizados pelas instituições com 
o objetivo de assegurar os interesses da minoria induzem o comportamento dos 
indivíduos. Vigiam-se preferências políticas e fiscaliza-se o teor de conversas 
e correspondências eletrônicas por meio de espionagem ou escutas telefônicas, 
condicionando resultados nas redes sociais e sites de pesquisa com a finalidade 
de moldar a “opinião pública”.
Portanto, as instituições utilizam os mecanismos de disciplina e controle 
com o objetivo não apenas de disseminar ideologias, mas também de deixar 
os indivíduos mais distantes, para que não afrontem a ordem estabelecida 
ao saberem que estão a todo momento sendo vigiados. Como você viu, tais 
mecanismos se refletem na criação de consensos na sociedade, colocando a 
esfera da luta de classes e da luta pela efetivação de direitos e valores — como 
equidade, justiça social, autonomia, cidadania e emancipação — fora do alcance 
dos indivíduos, que terminam submersos na alienação social.
9A dimensão institucional da prática: mecanismos de disciplina e controle
Foucault (1987) utiliza o conceito de panóptico para descrever uma sociedade dis-
ciplinar, em que a todo momento o sujeito sente que está sendo vigiado. O controle 
se expressa em seu sentido coercitivo. Segundo Pombo (2019), o panóptico era um 
edifício em forma de anel no meio do qual havia um pátio com uma torre no centro. 
O anel dividia-se em pequenas celas que davam tanto para o interior quanto para o 
exterior. Em cada uma dessas pequenas celas, havia, segundo o objetivo da instituição, 
uma criança aprendendo a escrever, um operário a trabalhar, um prisioneiro a ser 
corrigido, um louco tentando livrar-se da sua loucura, etc.
Na torre, havia um vigilante. Como cada cela dava ao mesmo tempo para o interior 
e para o exterior, o olhar do vigilante podia atravessar toda a cela; não havia nenhum 
ponto de sombra e, por conseguinte, tudo o que o indivíduo fazia estava exposto ao 
olhar de um vigilante que observava através de persianas, de postigos semicerrados, 
de modo a ver tudo sem que ninguém pudesse vê-lo. O panoptismo corresponde à 
observação total; é a tomada integral por parte do poder disciplinador da vida de um 
indivíduo. Ele é vigiado durante todo o tempo, sem que veja o seu observador nem 
que saiba em que momento está sendo vigiado.
Enfrentamento das estruturas de disciplina 
e controle institucional
Como você sabe, o Serviço Social é uma profi ssão interventiva e atua com as 
expressões da Questão Social, resultado do embate entre capital e trabalho. 
O trabalho do assistente social tem por objetivo construir com os sujeitos 
estratégias para a superação das difi culdades cotidianas. Contudo, o Serviço 
Social vivenciou um processo de amadurecimento do seu viés de atuação, uma 
vez que, a princípio, tinha por objetivo amenizar as demandas do capitalismo 
com viés disciplinador, buscando o ajustamento do indivíduo à realidade bra-
sileira. Posteriormente ao movimento de reconceituação, a profi ssão encontra 
uma nova forma de analisar a realidade e dirige as suas ações no sentido de 
emancipar os indivíduos por meio da transformação cotidiana.
Essas mudanças no interior da profissão indicam os mecanismos de enfren-
tamento das estruturas de disciplina e controle institucional, principalmente 
após os anos 1990. Nessa fase, o Serviço Social adotou um projeto profissional 
que atua a favor da classe trabalhadora, da equidade e da justiça social, bem 
como da defesa intransigente dos direitos humanos e da promoção de autonomia 
e cidadania. Esse novo posicionamento induz ao embate direto com o projeto 
institucional que visa à manutenção da ordem estabelecida, do poder e do 
A dimensão institucional da prática: mecanismos de disciplina e controle10
status quo da classe dominante. O perfil pedagógico da profissão se torna um 
importante instrumento de atuação diante do contexto de controle e disciplina 
exercidos pela instituição, uma vez que tem por objetivo o fortalecimento, a 
organização e a mobilização da classe trabalhadora em busca de seus direitos.
O caráter educativo esteve presente na atuação profissional desde a sua 
gênese. O trabalho do assistente social interfere nas concepções, comporta-
mentos e representações das pessoas em relação ao Estado, à sociedade e a 
si mesmas. Mas nem sempre seu direcionamento foi voltado para práticas 
educativas condicionadas à emancipação do indivíduo, nem tampouco à cons-
trução de sujeitos de direitos. Ao contrário, buscava-se o “ajustamento” dos 
indivíduos à sociedade.
Em sua gênese, o Serviço Social se pautava em ações de cunho discipli-
nador, de higienização e de psicologização, sempre ligadas à moralidade da 
pessoa. Com relação a isso, Mioto (2009, p. 2) afirma que “[...] a profissão ‘se 
institucionaliza e se desenvolve na sociedade capitalista como ação de cunho 
socioeducativo, inscrita no campo político-ideológico, nos marcos institucionais 
das políticas públicas e privadas’ [...]”. Em sua história, o Serviço Social fun-
damentou a sua atuação nas propostas de desenvolvimento de comunidade, 
ou seja, propostas que visavam à integração e à promoção social. Elas eram 
uma forma de controle da população para que esta não fosse influenciada por 
ideais comunistas e também para que houvesse integração das comunidades 
na vida nacional, visando a contribuir com o progresso.
Porém, esse espaço não foi somente de reprodução e legitimação da classe 
dominante; ele também abriu caminhos para a construção do sujeito coletivo. 
Assim, “É descobrindo a incoerência em que caímos que, se realmente humildes 
e comprometidos com sermos coerentes, avançamos no sentido de diminuir a 
incoerência. Esse exercício de busca e de superação é, em si, já, um exercício 
ético [...]” (ELIAS; OLIVEIRA, 2008, p. 73).
Um dos primeiros contatos dos assistentes sociais do Brasil com a educação 
emancipadora foi pelas obras de Paulo Freire, ainda dentrodo desenvolvimento 
de comunidade. Tais obras traduziam muitas ideias de Antonio Gramsci, 
um dos grandes pensadores da educação. Do mesmo modo que as práticas 
interventivas, as práticas educativas também foram sendo criadas e recriadas 
na trajetória da profissão.
Paralelamente a essas mudanças, estava acontecendo o grande marco do 
Serviço Social, que foi o movimento de reconceituação. Ele foi caracterizado 
pela efervescência de discussões que deram início a uma autocrítica da pro-
fissão, quando a orientação marxista foi apropriada por muitos profissionais 
e houve a opção da luta pela classe trabalhadora. Desenvolveu-se assim uma 
11A dimensão institucional da prática: mecanismos de disciplina e controle
nova configuração do saber e do fazer dos profissionais de Serviço Social, 
que passaram a adotar perspectivas de transformação social, com ideais de 
emancipação do ser, de liberdade e igualdade que contrapunham a ordem 
vigente. Segundo Mioto (2009, p. 2), “[...] no momento em que a profissão se 
redefine a partir do paradigma crítico-dialético e constrói seu projeto ético-
-político, afirma-se um novo princípio educativo [...]”.
Durante essa fase de repensar a profissão, as perspectivas de transformação 
social e busca de autonomia dos indivíduos tomaram o lugar da lógica das 
atuações fragmentadas e individualizadas. Isso se refletiu significativamente 
no trabalho educativo realizado com os usuários. Foi a partir desses acon-
tecimentos que o Serviço Social aderiu a uma visão de homem e de mundo 
mais humanizada e a favor da classe trabalhadora. Nesse contexto, houve a 
construção de um novo projeto ético-político, resultado dessa grande luta da 
categoria. Portanto, a categoria dos assistentes sociais avançou, mas isso não 
significa que não existam profissionais que ainda utilizam práticas retrógradas 
e conservadoras.
As ações socioeducativas entram em cena de um jeito bem diferente após o 
movimento de reconceituação. A pedagogia libertadora ilumina os profissionais 
para atuarem de forma a despertar a consciência crítica dos sujeitos e a lutarem 
por seus direitos enquanto cidadãos e pela ampliação da democracia. Aliado 
a um projeto societário, o Serviço Social compreende que, se a emancipação 
humana dos sujeitos sociais não é possível em uma sociedade de classes, 
pode-se lutar pela emancipação política dos indivíduos, o que nada mais é do 
que a plena efetivação dos direitos sociais.
Portanto, nesse processo de luta e formação de uma nova identidade e 
autoimagem da profissão, está a nova cara do trabalho socioeducativo desen-
volvido pelo Serviço Social. Veja:
[...] a “ação de cunho socioeducativo” refere-se a uma ação ampla junto aos su-
jeitos e que está inscrita na “dimensão social da profissão, incidindo no campo 
do conhecimento, dos valores, dos comportamentos, da cultura e produzindo 
efeitos reais na (re)produção da vida” dos sujeitos apesar dos seus “resultados 
nem sempre se corporificarem como coisas materiais” (IAMAMOTO, 1999 
apud LIMA, 2004, documento on-line).
Pensar na ação socioeducativa do Serviço Social é pensar em um processo 
educativo que se faz presente na prática profissional e que se fundamenta 
na Questão Social. Ou seja, está em jogo uma prática social e educativa que 
emerge da contradição entre capital e o trabalho. “A educação é atemporal, 
contínua e ininterrupta e o seu processo de aprendizado envolve situações 
A dimensão institucional da prática: mecanismos de disciplina e controle12
pedagógicas interpessoais, familiares e comunitárias; é a troca com a natureza 
e com o próprio homem, dentro de um mundo social [...]” (ELIAS; OLIVEIRA, 
2008, p. 62).
Não é somente a ideia de continuidade do saber vivido que permeia a 
educação. Esta também pode ser instrumento de poder numa sociedade 
na qual o jogo de poderes é nítido entre as classes sociais. E no trabalho 
socioeducativo não é diferente, pois ele não se refere meramente a proces-
sos educacionais, mas a processos educativos que vão além dos muros das 
instituições. Nos marcos da institucionalização do Serviço Social, a prática 
educativa se pautou na ajuda psicossocial individualizada, base do desen-
volvimento profissional. A necessidade da racionalização da assistência 
em bases técnico-científicas como referência para o desenvolvimento de 
processos da “ajuda” é histórica e se deu pelo agravamento da Questão 
Social no País, exigindo, portanto, esse enfrentamento a fim de atender aos 
interesses do processo de acumulação de capital.
A pedagogia da ajuda psicossocial individualizada é centrada na dimen-
são individual, na perspectiva de reforma moral e reintegração social. Essa 
pedagogia se deu principalmente nos métodos de caso, grupo e comunidade 
que, na década de 1950, se desenvolveram na América Latina e no Brasil, 
modelos importados dos Estados Unidos. Apesar disso, a pedagogia da ajuda 
teve mais refrações no desenvolvimento de comunidade “[...] como técnica 
e como campo de intervenção profissional, mediante a implementação de 
distintas formas de intercâmbio e de capacitação dos assistentes socais e da 
definição de mecanismos e orientações técnicas e político-profissionais [...]” 
(ABREU, 2010, p. 85).
Essa perspectiva de psicologização das relações sociais se fundamenta no 
desenvolvimento da função pedagógica do assistente social nos marcos do 
capitalismo industrial regido pela organização fordista/keynesiana, tendo como 
mediação as políticas sociais para o enfrentamento da Questão Social. Nesse 
sentido, há o aperfeiçoamento de procedimentos e instrumentos pedagógicos 
como o inquérito, a observação, a entrevista e a visita domiciliar, a fim de 
elaborar o diagnóstico social do indivíduo para embasar a ação profissional. 
Tal ação consiste num “[...] tratamento prolongado e intensivo ‘que desenvolve 
a personalidade, reajustando consciente e individualmente o homem a seu meio 
social [...]” (RICHMOND, 1977 apud ABREU, 2010, p. 87).
Entretanto, mesmo com a Constituição Federal de 1988, não houve uma 
ruptura total com as práticas conservadoras. Sob a hegemonia do pensamento 
neoliberal, conformando um novo padrão econômico, social e político, observa-
-se uma reatualização dessas práticas, bem como uma refilantropização da 
13A dimensão institucional da prática: mecanismos de disciplina e controle
Questão Social. Isso se reflete num apelo à solidariedade entre as classes 
a ao trabalho voluntário, bem como em estratégias de descentralização e 
participação democráticas impostas pelo Estado a fim de transferir suas 
responsabilidades para a sociedade civil. Nessa óptica, surgem as instituições 
pertencentes ao terceiro setor, “[...] que representam, de fato, uma estratégia 
de transferência de atribuições do Estado para a sociedade e socialização 
dos custos dos serviços assistenciais com a própria população-alvo e outros 
segmentos sociais [...]” (ABREU, 2010, p. 98).
Acerca da pedagogia da ajuda, Abreu (2010, p. 101–102) afirma o seguinte:
[...] vem atualizando/reatualizando a perspectiva da subalternização e controle 
das massas trabalhadoras pauperizadas, envolvendo atitudes, mecanismos, 
instrumentos e rituais compatíveis com os interesses dominantes, em que se 
sobressaem a seletividade/elegibilidade e a qualificação/desqualificação dos 
sujeitos submetidos ao processo de “ajuda”.
A pedagogia da participação, inerente à pedagogia da ajuda, se desenvolve 
na profissão nos marcos de desenvolvimento de comunidade, sob a influência 
da ideologia desenvolvimentista modernizante vigente na década de 1950. É 
uma esfera de intervenção profissional em que se enfatiza a “[...] a participa-
ção popular nos programas de governos como eixo central de processos de 
‘integração’ e ‘promoção’ sociais [...]” (ABREU, 2010, p. 108).
O desenvolvimento do País nesse contexto histórico levou à criação de 
estratégias para que as classes subalternas “aceitassem” o modelo de sociedade 
que estava sendo construído. Para isso, foram necessárias estratégias de reformamoral, inserção e reintegração das pessoas nessa nova ordem societária. O 
Serviço Social atuava a favor do capital, já que tinha como matriz teórica o 
Positivismo, que foi se desdobrando no Funcionalismo e na Fenomenologia. 
Essas correntes dizem exatamente que, para que a ordem (sociedade) esteja 
em harmonia, é necessário que os indivíduos se adequem a ela. Isso leva à 
conclusão de que os problemas sociais não estão no modo de produção, mas 
nos indivíduos desajustados.
Tanto a participação quanto a ajuda fazem parte de um processo de reor-
ganização da cultura e de integração da sociedade à iniciativa do Estado a 
fim de dinamizar o desenvolvimento do capitalismo nos países mais pobres, 
já que o “[...] desenvolvimento apresenta-se, pois, como promessa efetiva de 
melhoria das condições de vida e de eliminação da pobreza [...]” (ABREU, 
2010, p. 109). Com o movimento de reconceituação iniciado na década de 
1960 no Brasil, a profissão foi buscando uma teoria que se adequasse à 
A dimensão institucional da prática: mecanismos de disciplina e controle14
realidade brasileira e, nesse movimento histórico contraditório, veio cons-
truindo a sua prática. Apesar das várias tendências libertadoras expressadas 
na América Latina com relação ao Serviço Social, que impulsionaram 
uma formação com um caráter de consciência nacional popular, no Brasil, 
no início do movimento, as mudanças ainda se vinculavam à perspectiva 
modernizadora, que, durante o processo de reconceituação, foi alterando 
a sua faceta.
A participação popular foi central diante da reorganização da cultura 
que se deu com a racionalização da produção e do trabalho. Abreu (2010, 
p. 116) explica que essa retórica participacionista pode ser sintetizada em 
dois pontos:
[...] um referente à noção de que as reformas estruturais devem ser acom-
panhadas de mecanismos de controle e de enquadramento da população à 
racionalidade da modernização das relações de trabalho no campo e na cidade; 
o outro corresponde à ideia de que as mudanças “participadas” dissimulam o 
cunho impositivo das mesmas. Esses pressupostos estão ocultos na aparente 
identidade de problemas, interesses e objetivos entre as diferentes forças so-
ciais existentes, unificadas no apelo em favor da busca coletiva da superação 
do subdesenvolvimento.
A construção de um perfil pedagógico emancipatório para o Serviço Social se deu a 
partir dos anos 1960 em um movimento que acontecia em toda a América Latina. No 
Brasil, tal movimento ficou conhecido como “movimento de reconceituação”.
Os processos de mobilização, capacitação e organização das classes se 
inscrevem em estratégias e mecanismos de politização das relações sociais. 
Veja o que afirma Abreu (2010, p. 135):
[...] a solidariedade e a colaboração intraclasses subalternas, bem como a 
mobilização, a capacitação e a organização das mesmas classes apresentam-
-se como elementos constitutivos de um novo princípio educativo — base de 
uma pedagogia emancipatória — na medida em que, em condições históricas 
determinadas, contribuem para subverter a maneira de pensar e agir, isto é, 
a ordem intelectual moral estabelecida pelo capital, e plasmam novas subje-
tividades e condutas coletivas indicativas de uma nova cultura.
15A dimensão institucional da prática: mecanismos de disciplina e controle
Esse princípio é a base para a construção de uma pedagogia emancipatória 
por meio das classes subalternas, o que se dá no conformismo entre os próprios 
trabalhadores. Esse conformismo “[...] integra a perspectiva de organização 
de uma nova cultura pelas classes subalternas como tarefa de um novo projeto 
societário verdadeiramente revolucionário [...]” (ABREU, 2010, p. 135). Nesse 
processo, a ideologia e a linguagem se tornam eixos centrais. A ideologia é 
o campo das elaborações filosóficas que constituem uma nova concepção de 
mundo. Por sua vez, a linguagem é o campo de expressão e socialização da 
nova concepção de mundo, sob outras diretrizes de sociabilidade. Pode-se 
dizer, portanto, que a ideologia
[...] é tanto elemento de dominação, uma vez que desde a entrada do homem 
no mundo consciente lhe é imposta uma concepção de mundo, mecanicamente 
[...] quanto pode ser elemento de libertação, quando ocorre a elaboração 
de uma concepção de mundo própria dos grupos subalternos, mediante a 
qual verifica-se o afastamento da influência ideológica da classe dominante 
(ABREU, 2010, p. 136, grifo nosso).
Nos marcos da refuncionalização da atuação do assistente social, sugiram 
novas práticas e estratégias. Por exemplo: a educação popular, a formação de 
alianças políticas e a inserção profissional nos espaços de luta. O primeiro 
eixo, a perspectiva da educação popular, revigora propostas metodológicas 
de investigação-ação e também é alternativa de produção de conhecimento 
ligada à prática:
Fortalece, então, a perspectiva de construção de uma postura profissional 
assentada em princípios democráticos, em que a troca de saberes entre o 
profissional e os segmentos das classes subalternas é a principal tônica. Essa 
perspectiva passa a representar uma alternativa real de redimensionamento da 
prática profissional nos espaços institucionais de implementação das políticas 
sociais, mediante revalorização e reconstrução da função pedagógica do 
assistente social em programas oficiais, assentada, principalmente, no debate 
político e desvendamento das contradições sociais presentes nas situações 
de vida e de trabalho dos grupos subalternizados e nas propostas e práticas 
institucionais (ABREU, 2010, p. 157).
O segundo eixo, a formação de alianças políticas, é entendido como 
constitutivo da luta pela mudança da correlação de forças. A aliança ocorre 
entre o assistente social, os usuários, outros profissionais, movimentos 
A dimensão institucional da prática: mecanismos de disciplina e controle16
sociais e organizações de trabalhadores. A prática profissional é mediatizada 
por três indicativos, que direcionam para a politização das relações sociais. 
De acordo com Abreu (2010), esses indicativos são: articulação política 
e fortalecimento das organizações e movimentos populares, análise das 
relações de força e mobilização e organização da categoria dos assistentes 
sociais.
O terceiro e último eixo da inserção profissional nos processos de luta é 
marcado pela busca e pela conquista dos direitos sociais, principalmente nos 
marcos dos anos 1980. Isso repercute fortemente na profissão, desembocando 
na construção de um projeto profissional comprometido com a classe traba-
lhadora. Abreu (2010, p. 161) afirma o seguinte:
Importa considerar, todavia, que a contribuição profissional no campo da luta 
pelo redimensionamento dos serviços assistenciais como direito traduziu-se 
em significativo reposicionamento dos usuários na dinâmica das práticas 
institucionais como sujeitos de direitos, bem como na instrumentalização 
das emendas populares no processo constituinte, no que se refere à demo-
cratização da gestão pública e universalização das políticas públicas. As 
conquistas incorporadas à Constituição Federal de 1988, na contramão da 
ofensiva neoliberal, seja na esfera da produção, seja na esfera estatal, na 
atualidade, não resta dúvida, norteiam a intervenção profissional a partir da 
referência da chamada cultura do “bem-estar”, recolocando novos dilemas 
e desafios, considerando-se, sobretudo, o agravamento da questão social, as 
condições objetivas dessa intervenção e seu significado histórico em relação 
à perspectiva emancipatória das classes subalternas.
A construção de uma nova cultura pelas classes subalternas só pode ser 
pensada num contexto de transformações estruturais e superestruturais. Nele, 
a questão da hegemonia se vincula às relações pedagógicas como “[...] relação 
inerente à elaboração e socialização de uma concepção de mundo superior de 
forma que esta se constitua base de ações vitais de uma nova racionalidade 
fundadora de uma nova sociabilidade [...]” (ABREU, 2010, p. 138).
O assistentesocial é chamado a organizar a classe trabalhadora e mobi-
lizá-la para constituir as bandeiras e lutas de seu interesse. A ideia é lutar 
contra a opressão e a exploração do capital, bem como pela defesa e pela 
ampliação dos direitos sociais, visando à emancipação das classes subal-
ternas, construindo uma consciência coletiva de classe social. A atuação 
profissional inserida nas instituições, de acordo com o projeto ético-político, 
tem como premissa fortalecer e potencializar a classe trabalhadora no sentido 
17A dimensão institucional da prática: mecanismos de disciplina e controle
de unificá-la frente às investidas do capital. Em contrapartida, o Estado se 
posiciona como líder para organizar as classes dominantes e desorganizar 
as classes dominadas.
Partindo da sua condição fragmentada e da inserção precária na produção 
capitalista, esses trabalhadores afirmam-se e começam a dar voz à suas rei-
vindicações. Os “excluídos” portanto, não estão fora do sistema, não estão 
fora da lógica de acumulação capitalista. Em sua maioria são uma fonte de 
reserva de força de trabalho para o capital. São responsáveis por suprir as 
necessidades eventuais de maior ingresso de trabalho vivo na produção, bem 
como por determinar a possibilidade de níveis salariais rebaixados garantidos 
pela pressão do desemprego em massa. Como resistência, os trabalhadores se 
organizam, a luta dos movimentos pela reforma agrária, dos desempregados, 
dos sem teto e tantos outros indica as mudanças em curso. Ao entrarem em 
cena, esses sujeitos trazem à tona aspectos do capitalismo, que desnudam o 
agravamento da questão social (MOURA, 2019, documento on-line).
Como pontua Moura (2019), as novas ferramentas de luta, apresentadas 
como parte do processo de reorganização dos trabalhadores, têm “a especi-
ficidade de articular a luta por uma contra-hegemonia no campo das ações 
políticas, de organização da classe e no campo da gestão econômica. Os novos 
movimentos de classe desenvolvem uma luta de novo tipo”. Entende-se que as 
bandeiras são direcionadas para a construção de um projeto não corporativo. 
Afinal, ao se integrarem, os vários segmentos da classe trabalhadora, que se 
unem na luta por condições mínimas de sobrevivência e veem na reivindicação 
uma forma de dar voz aos seus anseios, pretendem superar qualquer projeto de 
sociedade que não tenha em seus objetivos valores como liberdade, igualdade, 
justiça e garantia de direitos.
Ao se afirmarem, os novos movimentos de classe possibilitam a construção 
de outras ferramentas para a formação de uma referência coletiva transforma-
dora. Tais ferramentas são capazes de dotar as organizações dos trabalhadores 
na sociedade civil de uma política que englobe as dimensões socioeconômicas 
e culturais e resgate um projeto de sociedade sem exploradores e sem explo-
rados. É com esse objetivo que os assistentes sociais devem refletir em seu 
cotidiano de trabalho e criar estratégias junto aos sujeitos para que superem 
a sua condição alienada e alcancem a transformação social e a emancipação. 
Embora a instituição seja utilizada como mecanismo de controle das classes 
subalternas, é por meio dela que o profissional tem acesso às demandas sociais 
que necessitam ser superadas. Assim, pode-se construir coletivamente um 
novo projeto de sociedade.
A dimensão institucional da prática: mecanismos de disciplina e controle18
ABREU, M. M. Serviço social e a organização da cultura: perfis pedagógicos da prática 
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Leitura recomendada
SILVA, I. G. Classe trabalhadora e participação política: bases materiais e limites estrutu-
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-participacao-politica-bases-materiais-e-limites-estruturais.pdf. Acesso em: 20 out. 2019.
A dimensão institucional da prática: mecanismos de disciplina e controle20
PROCESSO DE 
TRABALHO EM 
SERVIÇO SOCIAL
Viviane Maria 
Rodrigues
A atuação profissional 
crítico-propositiva 
no Serviço Social
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Descrever o processo de trabalho do Serviço Social articuladamente 
ao seu projeto ético-político profissional.
  Reconhecer a importância das habilidades profissionais no processo 
de trabalho do assistente social.
  Avaliar as respostas da categoria profissional aos projetos societários 
e às expressões da Questão Social.
Introdução
Neste capítulo, você vai estudar o processo de trabalho do assistente 
social frente ao projeto ético-político da profissão. Você vai ver que o 
Serviço Social

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