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Projeto Ético-Político e as Dimensões

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FUNDAMENTOS 
HISTÓRICOS 
TEÓRICOS E 
METODOLÓGICOS DO 
SERVIÇO SOCIAL
Camila Muniz Assumpção
Projeto ético-político 
do Serviço Social e 
suas dimensões
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Descrever a dimensão ético-política do projeto profissional do Serviço 
Social atual e seus desafios na contemporaneidade.
  Analisar a dimensão teórico-metodológica da categoria e a perspectiva 
da pluralidade.
  Explicar a dimensão técnico-operativa e suas possíveis lacunas no 
Serviço Social.
Introdução
O projeto ético-político do Serviço Social é o grande norteador da prática 
profissional dos assistentes sociais, que o tomam como base para sua 
atuação. Esse projeto constitui-se de dimensões que, embora sejam 
diferentes entre si, são indissociáveis e se complementam, constituindo 
diferentes níveis de apreensão da realidade da profissão.
Neste capítulo, você vai entender a importância do projeto ético-
-político do Serviço Social e as suas dimensões teórico-metodológica, 
ético-política e técnico-operativa, analisando-as nas suas particularidades. 
Dimensão ético-política do projeto profissional 
do Serviço Social atual e seus desafios na 
contemporaneidade
De acordo com Paulo Netto (1999, p. 104), o projeto ético-político do Serviço 
Social “[...] se constrói com base na defesa da universalidade do acesso a bens 
e serviços, dos direitos sociais e humanos, das políticas sociais e da demo-
cracia”, em virtude da ampliação das funções democráticas do Estado e da 
pressão de elementos progressistas, emancipatórios. Esse projeto vai nortear 
os profi ssionais do Serviço Social, que vão se basear nas suas dimensões para 
atuar e se posicionar profi ssionalmente.
Guerra (2000) declara que as dimensões constituem níveis diferenciados de 
apreensão da realidade da profissão, mas são indissociáveis entre si, formando 
uma unidade, apesar de suas particularidades. 
A competência teórico-metodológica, técnico-operativa e ético-política são 
requisitos fundamentais que permitem ao profissional colocar-se diante das 
situações com as quais se defronta, vislumbrando com clareza os projetos 
societários, seus vínculos de classe, e seu próprio processo de trabalho. Os 
fundamentos históricos, teóricos e metodológicos são necessários para apre-
ender a formação cultural do trabalho profissional e, em particular, as formas 
de pensar dos assistentes sociais (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENSINO 
E PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL, 1996, p. 7). 
A dimensão ética se refere à reflexão crítica e expressa que os assistentes 
sociais não são profissionais neutros, mas que tomam partido e posicionam-se 
profissionalmente a favor da igualdade, da liberdade, da democracia, entre 
outros princípios.
A dimensão política diz respeito aos compromissos profissionais e expressa 
as intencionalidades das ações profissionais, implicando tomadas de posições 
com sustentação teórica.
A dimensão ético-política, portanto, revela o pensar a ação em função 
dos valores e finalidades do profissional, da instituição e da população. São 
as diferentes posições e os partidos que os profissionais assumem.
Pode-se pensar que o Serviço Social tem um projeto societário com 
dimensões políticas, ou seja, é uma profissão politizada e inserida no mundo 
sociotécnico do trabalho e comprometida atualmente com a defesa dos 
interesses da classe trabalhadora. Todavia, é necessário ressaltar que a 
dimensão política do trabalho profissional está posta na medida em que a 
profissão assenta-se na mediação capital/trabalho e, como Iamamoto (2010) 
afirma, pela mesma atividade, atende a interesses contraditórios, o que 
convida a categoria fazer o debate sobre a dimensão política da profissão. 
Assim considera-se que a profissão tem caráter eminentemente político na 
sua prática e no seu exercício profissional ao lidar de forma comprometida e 
organizada em luta e defesa dos interesses da classe trabalhadora, a partir do 
momento que se posiciona na realidade pela histórica inserção da profissão 
no contexto das relações sociais.
Projeto ético-político do Serviço Social e suas dimensões2
Nos últimos anos, vem surgindo uma extrema fragilidade nas relações de 
trabalho com o crescimento das privatizações, terceirizações e parcerias público-
-privadas. Assim, a flexibilização e a desregulamentação da legislação trabalhista, 
como o enfraquecimento das organizações representativas dos trabalhadores, 
foram estratégias importantes na consolidação da contrarreforma trabalhista. O 
trabalho dos assistentes sociais sofre inflexões decorrentes das novas configura-
ções do mercado de trabalho que se dão, também, nos espaços em que se inserem 
trabalhadores assalariados, que não escapam das determinações estruturais que 
movem os processos de intensificação e precarização do trabalho no contexto da 
crise mundial. Com essas mudanças na sociedade contemporânea, são colocados 
grandes desafios e tem-se o descenso na luta dos trabalhadores, a intensificação 
da repressão e a criminalização das formas de resistência (IAMAMOTO, 2017).
A prática profissional tem inúmeros limites e desafios para um agir com-
prometido com os princípios e dimensões da profissão. No entanto, também 
traz possibilidades de uma prática inovadora e diferenciada daquela instituída 
tradicionalmente no âmbito institucional. Ao analisar tal questão, percebe-se que:
Um dos maiores desafios que o Assistente Social vive no presente é desenvol-
ver sua capacidade de decifrar a realidade e construir propostas de trabalho 
criativas e capazes de preservar e efetivar direitos, a partir de demandas 
emergentes no cotidiano. Enfim, ser um profissional propositivo e não só 
executivo (IAMAMOTO, 2011, p. 20).
Os assistentes sociais precisam ter uma postura criativa e inovadora, com 
ações estratégicas que nos levem a avançar, rompendo com atividades buro-
cráticas e rotineiras.
O momento atual frisa a necessidade, como afirma Paulo Netto (1996, p. 
115), de referenciar ao Serviço Social sua possibilidade objetiva, capaz de 
transformar alternativas potenciais em respostas reais, lembrando que 
[...] se não for capaz de elaborar respostas qualificadas para as demandas — e 
essa qualificação, em grande medida, será aferida em função da racionalidade 
sociopolítica da hegemonia que se afirmar —, o Serviço Social pode muito 
bem definhar e tornar-se um exercício profissional residual.
Para compreender o Serviço Social na contemporaneidade, é necessário 
considerar seus pressupostos sócio-históricos. Um dos períodos importantes 
e que representou mudanças foi a década de 1960, que trouxe, por exemplo, 
a reformulação do Código de 1947 para o de 1965, aprovado um ano após o 
3Projeto ético-político do Serviço Social e suas dimensões
golpe militar e, portanto, sofrendo reflexos da ditadura. Perpassando o pe-
ríodo da ditadura, tem-se o Movimento de Reconceituação, que foi “[...] um 
fenômeno tipicamente latino-americano na década de 1965, dominado pela 
contradição ao tradicionalismo profissional, implicou um questionamento 
global da profissão” (IAMAMOTO, 2010, p. 205).
Com a aproximação da teoria de Marx e a vigência do currículo mínimo, 
tem-se, em 1980, as maiores transformações do Serviço Social, com a aprovação 
do Código de Ética de 1986 afirmando que a profissão é autônoma, inscrita na 
divisão sociotécnica do trabalho coletivo. Além disso, no ano de 1988, houve a 
promulgação da Constituição da Republica Federativa do Brasil, que fez com 
que a profissão caminhasse para a construção de uma identidade profissional 
voltada à classe trabalhadora, assumindo uma prática mais humanizada e com 
maior enfoque nos direitos dos cidadãos, tendo como valor central a liberdade 
em favor da equidade e da justiça social (BRASIL, 1988).
 Iamamoto (2010) situa o exercício profissional como resultado das relações 
sociais, fruto de um produto histórico que tem, em sua formação, uma sociedade 
capitalista construída na expropriação do trabalhoe legitimada pela obtenção 
dos meios de produção nas mãos de poucos. Assim, pela atual conjuntura, 
o assistente social volta o seu olhar para uma perspectiva de autonomia e 
emancipação da classe trabalhadora no que se refere à luta por seus direitos, 
que se faz mediante participação popular nas políticas inerentes aos mesmos 
como forma de chamá-los à cidadania.
Diante disso, de acordo com Martinelli (1995), é necessário que o profis-
sional ultrapasse práticas que reproduzam o principio de permanência e se 
revista de um olhar crítico, capaz de descobrir o movimento do real, a fim de 
colaborar em práticas sociais múltiplas, que resultem na produção do novo.
Deve-se, então, superar as limitações, sabendo que, assim como Iamamoto 
(2011) diz, o exercício profissional é uma ação de um profissional que tem 
competência para propor, negociar com a instituição seus projetos, assim como 
defender seu campo de trabalho e suas qualificações e funções profissionais. 
A realidade atual incita os profissionais a exercitar um nível de competência 
condizente com o que Rios (1999) descreve, com base em um “saber fazer 
bem”, justificado por:
[...] uma dimensão técnica, a do saber e a do saber fazer, isto é, do domínio dos 
conteúdos de que o sujeito necessita para desempenhar o seu papel, aquilo que se 
requer dele socialmente, articulado com o domínio das técnicas, das estratégias 
que permitam que ele, digamos, “dê conta de seu recado”, em que seu trabalho [...] 
quanto uma dimensão política [...] ao encontro daquilo que é desejável, que está 
estabelecido valorativamente com relação à minha atuação (RIOS, 1999, p. 47).
Projeto ético-político do Serviço Social e suas dimensões4
Sendo assim, deve-se considerar a ética profundamente vinculada à demo-
cracia — participação dos usuários — e entendê-la no “campo da filosofia e de 
um saber de caráter ontológico” (BARROCO, 2004, p. 29), pois “[…] a ética 
não se esgota na afirmação do compromisso ético-político. É de suma impor-
tância que o compromisso seja mediado por estratégias concretas, articulado 
à competência teórica, técnica e a capacidade de objetivá-las” (BARROCO, 
2004, p. 31).
A dimensão teórico-metodológica da categoria 
e a perspectiva da pluralidade
A dimensão teórico-metodológica diz respeito à capacidade de apreensão do 
método e das teorias e sua relação com a prática na ação profi ssional. Essa 
dimensão traz a ideia de que o profi ssional tem que estar por dentro da realidade 
e das demandas dos seus usuários, mas a partir de estudos mais abrangentes, 
segundo seu contexto histórico, com embasamentos teóricos, fugindo do senso 
comum e das aparências, criando formas efetivas de transformar a realidade 
desse usuário, embora sempre respeitando suas especifi cidades.
O Serviço Social atua nas diversas expressões da questão social que se 
materializam no atendimento aos usuários, que, junto a suas solicitações, 
trazem suas particularidades, suas histórias, sua singularidade e diversidade 
presente nas relações que estabelecem com as demais pessoas e com a so-
ciedade. Entender essa diversidade que o usuário traz exige compreendê-lo 
em seu universo, ofertando espaços de acolhimento, de escuta qualificada 
que permita a livre expressão dos indivíduos, respeitando seus valores, suas 
escolhas, entre outras coisas.
A dimensão teórico-metodológica se atenta ao rigor teórico para enxergar 
a realidade dinâmica para além dos fenômenos aparentes e pode ser expli-
cada a partir do olhar dos métodos, técnicas e instrumentos utilizados pelo 
profissional, no seu cotidiano, no qual, com um posicionamento direcionado 
ao projeto ético-político diante das manifestações e expressões da questão 
social e com abordagem crítico-dialética, o profissional deve decidir a melhor 
forma de aplicá-lo.
O pluralismo, quando entendido enquanto categoria que se aproxima da 
totalidade dialética, busca conciliar elementos objetivos e subjetivos, o indi-
víduo e a universalidade, elementos modernos e pós-modernos. Essa proposta 
pluralista pode ser verificada na estrutura básica do projeto ético-político 
profissional:
5Projeto ético-político do Serviço Social e suas dimensões
Esquematicamente, este projeto ético-político tem em seu núcleo o reconhe-
cimento da liberdade como valor central — a liberdade concedida histori-
camente, como possibilidade de escolher entre alternativas concretas; daí 
um compromisso com a autonomia, a emancipação e a plena expansão dos 
indivíduos sociais. Consequentemente, projeto profissional vincula-se a um 
projeto societário que propõe a construção de uma nova ordem social, sem 
dominação e/ou exploração de classe, etnia e gênero. A partir dessas escolhas 
que o fundam, tal projeto afirma defesa intransigente dos direitos humanos 
e a recusa do arbítrio e dos preconceitos, contemplando positivamente o 
pluralismo — tanto na sociedade como no exercício profissional (PAULO 
NETTO, 1999, p. 104).
O pluralismo é considerado por Coutinho (1991) uma dimensão básica e 
complexa, por envolver inúmeras implicações na construção do conhecimento. 
Para o autor, “[...] o pluralismo, no terreno da ciência natural ou social [...], é 
sinônimo de abertura para o diferente, de respeito pela posição alheia, con-
siderando que essa posição, ao nos advertir para nossos erros e limites, e ao 
fornecer sugestões, é necessária ao próprio desenvolvimento da nossa posição 
e, de modo geral, da ciência [...]” (COUTINHO, 1991, p. 14).
Um dos pontos que marcou o processo de renovação do Serviço Social 
é entendido por Paulo Netto (2009, p. 131) como “[...] a construção de um 
pluralismo profissional, radicado nos procedimentos diferentes que embasam 
a legitimação prática e a validação teórica, bem como nas matrizes teóricas 
a que elas se prendem”.
Sendo assim, no âmbito profissional, segundo Ramos (2009), a hegemonia 
com o pluralismo apresenta a predominância de uma direção política que se 
constrói por meio da vontade coletiva, que se dá por um processo não coer-
citivo e tem bases na não eliminação ou repressão de interesses particulares 
divergentes da direção dominante. Tendo o pluralismo como elemento factual 
da vida cotidiana, Paulo Netto (1999) analisa que o projeto ético-político do 
Serviço Social não é algo homogêneo, mas sim hegemônico, no cerne da 
categoria profissional.
Borba (2011, p. 1083) aponta pluralismo como sinônimo de “multiplicidade; 
variedade; diversidade”. Diante da multiplicidade, da variedade, da pluralidade, 
a teoria social de Marx subsidiará ou, de acordo com Baptista (2009), servirá 
de base para o diálogo e para a intervenção do profissional com a realidade. 
Com base na perspectiva da totalidade, abrangendo as determinações his-
tóricas, as conjunturas e as situações específicas, os conhecimentos sobre a 
questão a ser trabalhada serão construídos e, assim, o assistente social vai 
saber quais instrumentos e técnicas serão adequadas para operacionalizar 
suas ações no cotidiano.
Projeto ético-político do Serviço Social e suas dimensões6
Dimensão técnico-operativa e suas possíveis 
lacunas no Serviço Social
Para fazer uma analise da dimensão técnico-operativa do Serviço Social, 
deve-se reconhecer a sua complexidade, derivada dos diversos espaços sócio-
-ocupacionais nos quais os profi ssionais transitam e da própria natureza das 
suas ações nos diferentes âmbitos do exercício profi ssional, como, por exemplo, 
a proposição e a formulação de políticas sociais, o planejamento, a gestão e 
a articulação de serviços e programas sociais ou o atendimento direto aos 
usuários em diferentes instituições e programas sociais (MIOTO, 2000). 
Quanto às possíveis lacunas da dimensão técnico-operativa do Serviço 
Social, pode-se destacar que o debate em torno da operatividade tem-se carac-
terizado pela escassez, quando comparado às dimensões teórico-metodológicas 
e ético-políticas, sobre o próprio campo de incidência do Serviço Social (as 
políticas sociais e os direitos de forma geral) (IAMAMOTO, 1999).Além disso, deve-se reconhecer que a dimensão técnico-operativa ainda 
não articulou uma linguagem comum em relação ao “fazer profissional” capaz 
de materializar amplamente o projeto profissional e sua direção ético-política. 
Apesar de ter avançado de maneira grandiosa a partir do rompimento com 
a tradicional metodologia do Serviço Social (caso, grupo e comunidade), 
que permitiu uma nova compreensão da profissão no contexto da divisão 
sociotécnica do trabalho, ainda encontramos uma diversidade de discursos 
sobre o “fazer profissional”, definidos, prioritariamente, a partir de elementos 
“externos” à profissão. Particularmente, essa situação é altamente problemática 
quando os assistentes sociais trabalham em equipes multiprofissionais, nas 
quais o campo do social tem sido cada vez mais objeto de estudo e intervenção 
de outras profissões (WIESE, 2002). 
A operacionalização da ação implica articular os conhecimentos entre o 
universal, o particular e o singular, ou, segundo Iamamoto (2005, p. 95), deve-se 
estabelecer “a relação indivíduo/sociedade; as relações entre as macroanálises e 
microssituações enfrentadas no cotidiano profissional”. É a partir das demandas 
postas pelos sujeitos que o assistente social, a partir da finalidade assumida 
como horizonte para suas ações, define tanto o objetivo quanto o caráter da 
ação a ser empreendida, localizando-a dentro dos limites e possibilidades co-
locados pela natureza dos espaços sócio-ocupacionais. A definição é realizada 
por meio da investigação e do conhecimento das necessidades da população, 
expressas pelas suas demandas e pela realidade particular de suas condições 
de vida, e em diálogo com o corpo de conhecimentos já produzidos sobre as 
7Projeto ético-político do Serviço Social e suas dimensões
particularidades das situações e coerentes com a matriz teórico-metodológica 
que direciona determinado projeto profissional (MIOTO, 2000).
Sendo assim, para que o assistente “[...] possa atuar, ele necessita de bases 
para sua intervenção, traduzidas em fundamentos teórico-metodológicos, 
ético-políticos e técnico-operativos que irão contribuir para iluminar a leitura 
da realidade e imprimir rumos à sua ação” (PEREIRA, 2015, p. 8). Essas três 
dimensões representam níveis diferentes de apreensão da realidade em que o 
Serviço Social irá intervir e, portanto, não podem ser dissociadas, devendo 
haver sempre “[...] uma interlocução constante entre elas, de forma que uma 
dimensão não seja mais priorizada do que outra e elas conformem uma uni-
dade” (PEREIRA, 2015, p. 9). 
Assim, como conclui Pereira (2015, p. 1), “O fortalecimento da articulação 
entre essas dimensões se expressa na potencialidade das respostas profis-
sionais competentes, de forma que o trabalho dos assistentes sociais esteja 
comprometidos com a materialização do projeto ético-político da profissão”. 
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Projeto ético-político do Serviço Social e suas dimensões8
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social contemporâneo. In: MOTA, A. E. et al. Serviço social e saúde: formação e trabalho 
profissional. Rio de Janeiro: Cortez, 2006.
9Projeto ético-político do Serviço Social e suas dimensões

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